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Medieval
Material Teórico
Santo Tomás de Aquino
Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Santo Tomás de Aquino
Atenção
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as
atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
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Unidade: Santo Tomás de Aquino
Contextualização
Assista aos vídeos a seguir. São as duas partes de uma entrevista do professor Mário Sérgio
Cortella, falando sobre Teologia e felicidade:
»» 01Parte: https://www.youtube.com/watch?v=zbijJcvceg4;
»» 02 Parte: https://www.youtube.com/watch?v=XhCicmXchY8.
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Santo Tomás de Aquino
Uma figura de grande destaque no contexto do pensamento medieval foi Tomás de Aquino.
Mais tarde, tal como aconteceu com Agostinho, o pensador por ser pensador e devoto passa a
ser reconhecido como santo.
Aquino nasceu no sul de Lácio, no ano de 1221, seu pai era italiano e sua mãe normanda.
Educado inicialmente em uma abadia, o então jovem italiano tomaria um gosto especial pelos
estudos, isso o levaria a buscar a ordem dos dominicanos acostumados a se ocuparem do
estudo e do ensino universitário. Apesar da forte oposição da própria família, as convicções do
jovem Aquino prevaleceram. Ele se tornou discípulo de Alberto Magno.
Alberto Magno foi um ilustre catedrático, inclusive lecionando teologia em Paris, francamente
admirador do pensamento aristotélico, produziu muitos comentários, explicando e parafraseando o
mestre estagirita. Essa inclinação pelo pensamento de Aristóteles deixaria uma forte impressão em
Aquino, que junto com o mestre consolidaria a tarefa de “cristianizar Aristóteles” (ver Sciacca, 1962).
É importante assinalar que se pelo lado da Alberto a cooptação do pensamento aristotélico
foi mais pela via do comentário e da explicação – contribuiu muito para reforçar a “latinização”
do mestre grego - Tomás de Aquino, vocacionado à especulação, por seu turno, iria mais além
articulando o pensamento filosófico do estagirita aos fundamentos do cristianismo com uma
profundidade e uma extensão poucas vezes vista.
Nessa empreitada, o pensamento tomista também se debruça
pelo já bastante debatido tema medieval: as relações entre a fé
e a filosofia. Para o tomismo não há controvérsia, à razão e a
filosofia são dadas para serem explicadas àquilo que lhes são
próprias, a saber, as coisas do mundo; já para a teologia aplica-
se o mesmo princípio e a esta fica a incumbência de se debruçar
sobre a verdade revelada, tudo aquilo que pertence ao domínio
do sobrenatural.
“...Os artigos de fé são conhecimentos de origem sobrenatural, contidos
em fórmulas cujo sentido não nos é inteiramente penetrável, mas que
devemos aceitar como tais, muito embora não possamos compreendê-
Fonte: Carlo Crivelli, 1476.
Cabe a filosofia, através da razão, buscar explicar a natureza, porém surgirão pontos que não
podem ser alcançados pela explicação racional do filósofo, onde este se detém começa a trilha
da teologia em direção a verdade revelada que é sobrenatural. O tomismo reconhece claramente
uma relação de hierarquia segundo a qual a verdade revelada sempre prevalece. Caso o sábio,
ao estudar a natureza, elabore proposições que entrem em conflito com os dogmas cristãos, é
ele, o sábio, que se equivocou. Para Aquino é uma contradição que a Verdade não esteja de
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acordo com a Verdade, partindo da sua condição de crente a Verdade da fé não poderia estar
errada, portanto, resta ao sábio reexaminar a “verdade” produzida pela razão à procura do erro
que induziu a formulação de argumentos equivocados.
Apesar dessa subordinação da filosofia isso não
Para o tomismo, somente Deus é. Somente Deus possui ser. É próprio do Criador que ele
exista e, portanto, seja ente; mas, além disso, está em sua essência ser. Sua essência e sua
existência coincidem. Já para as coisas do mundo o cenário é diferente, elas existem, mas,
poderiam não existir! Trata-se de uma existência apenas contingencial, pode-se dizer mesmo
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potencial. As coisas no mundo possuem a potência de ser algo, mas não é inerente a elas
mesmas passarem por si só – sem nenhuma interferência – para a condição de ato, potência
atualizada ou realizada. Essa operação necessitaria de uma causa eficiente – para utilizarmos a
terminologia aristotélica – é a causa eficiente que ajudaria a dar forma à matéria, extrairia da
mesma o seu potencial para ser algo. Tal como um carpinteiro dá forma à madeira realizando a
potência desta de ser uma cadeira de madeira.
Outras provas sobre a existência de Deus seguem um caminho análogo. Por exemplo, a
prova da mutação, a partir dela se questiona sobre a causa da mudança – entendida no sentido
amplo o que inclui mover-se de lugar – e também aqui a razão nos conduziria novamente em
busca de um primeiro movente (não é movido por nenhuma força externa) e esse primeiro
móvel, é Deus.
Temos também, retomando o problema da existência, a prova da contingência, segundo o
argumento tomista, não encontramos na natureza coisas que podem ser ou não ser, como foi
exposto acima, neste caso haveria, se levada a extremo, a hipótese que em algum momento
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nada existiria, mas ainda assim as coisas continuam existindo, isso por que há algo que torna
isso possível, se cada coisa tem uma causa anterior que lhe possibilita existir, mais uma vez, se
retroagirmos ao ponto inicial, o resultado, segundo São Tomás é Deus.
Neste ponto, se faz salutar enfatizar a condição a favor do criacionismo da teoria tomista.
O universo foi criado por Deus a partir do nada. Não se trataria apenas de dar forma a uma
matéria que já existisse, a própria existência da matéria também seria contingencial.
Outro aspecto da abordagem tomista é considerar
qualidades próprias do ser (de Deus) não ficar apenas
fechado em uma teologia negativa, que tenta descrever Deus
negando ao Criador atributos que são aplicados ao universo.
Fonte: Giovanni di Paolo, 1445.
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subirmos na escala de perfeição ao ponto de buscar algo que seja perfeito de forma absoluta e
que nada possa ser ainda mais perfeito, a resposta tomista, novamente, é Deus.
Até aqui as provas da existência de Deus, segundo São Tomás, foram: da mudança, da causa
eficiente, da perfeição, da contingência e a última das provas (a quinta) é a prova da finalidade.
Para Tomás de Aquino, somos capazes de perceber em meio a natureza que as coisas parecem
ser dotadas de propósito, pois, se apresentam de forma a obter melhores resultados (podemos
pensar no equilíbrio natural), mas, a única maneira de as coisas seguirem rumo a uma finalidade
é a presença de uma intenção que planeja antecipadamente o resultado, para Tomás de Aquino
somente um ser inteligente poderia direcionar todas as coisas para seu fim e esse ser é Deus.
Temas como as intenções no mundo e a busca do homem em se aperfeiçoar servem como
ensejo para incluir os aspectos do pensamento tomista que abarcam também o mundo prático
da ética e da justiça.
A filosofia tomista faz uso da ideia de sinderese que pode ser definida como:
“...conjunto de conhecimentos conquistados a partir da experiência habitual; é
com base nesses conhecimentos extraídos da vivência, da prática, que se podem
cunhar os principais conceitos acerca do que é bom e do que é mau, do que é
justo e do que é injusto.” (Bittar & Almeida, 2012, p. 255).”
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O que nos traz de volta para a experiência habitual: é através da faculdade intelectual que o
homem obtém essa síntese de conhecimentos acumulados pelas experiências sinderéticas, as
quais vão auxiliá-lo no caminho em direção ao bem.
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Material Complementar
AQUINO, São Tomás de. Suma de Teologia, Tomo III, parte II-II, Trad. Lorenzo Jiménez
Patón. Madri: Biblioteca de Autores Cristianos, 1990.
BITTAR, Eduardo C. B., ALMEIDA, Guilherme A. Curso de Filosofia do Direito. 10.ed. São
Paulo: Atlas, 2012.
GILSON, Etienne. A filosofia na Idade Média. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo:
Martins Fontes, 1995.
McGRADE, A.S. (org.). Filosofia Medieval. Tradução de André Oídes – Aparecida: Ideias &
Letras, 2008.
NASCIMENTO, Carlos Arthur. O que é Filosofia Medieval. São Paulo: Brasiliense, 2004.
SCIACCA, Michele Federico. História da Filosofia. Trad. Luís Washington Vita. – São Paulo:
Mestre Jou, 1962.
STORCK, Alfredo Carlos. Filosofia Medieval. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2003
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Referências
AQUINO, São Tomás de. Suma de Teologia, Tomo III, parte II-II, Trad. Lorenzo Jiménez
Patón. - Madri: Biblioteca de Autores Cristianos, 1990.
GILSON, Etienne. A filosofia na Idade Média. Trad. Eduardo Brandão. – São Paulo: Martins
Fontes, 1995.
NASCIMENTO, Carlos Arthur. O que é Filosofia Medieval. – São Paulo: Brasiliense, 2004.
SCIACCA, Michele Federico. História da Filosofia. Trad. Luís Washington Vita. – São Paulo:
Mestre Jou, 1962.
STORCK, Alfredo Carlos. Filosofia Medieval. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2003
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Anotações
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