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FINANÇAS SEGUNDO

SEMESTRE

PÚBLICAS
~ 2º SEMESTRE, 1º TESTE ~
O Estado:
O Estado é um agente económico omnipresente, ou seja, está ao mesmo tempo
em toda a parte - está presente em várias áreas: no âmbito da habitação, o
Estado promove a existência de habitações sociais e concede subsídios para
ajudar com o pagamento da renda. Para além deste subsídio, há outros, como o
subsídio de desemprego; o Estado também fornece bolsas de estudo. O Estado
está presente nos impostos, na compra de um serviço – por exemplo, quando
vamos a uma pastelaria e compramos um produto qualquer, como um bolo ou
um café. O Estado intervém a dois níveis: a nível de receita, ao acumular e
angariar impostos, e a nível de despesa, quando aplica essa receita.

O Estado, para além de omnipresente, acompanha-nos, também, ao longo da


vida mas não nos fornece produtos e serviços diretamente – fá-lo de forma
indireta, participando na economia através do sistema legal (legislação e a sua
respetiva aplicação), mas também através da regulação da atividade económica.
É de salientar que regulação e regulamentação são conceitos completamente
diferentes. Regular surge no sentido em que é necessário a implementação de
instrumentos que mudem o comportamento dos agentes económicos, para que
se estes se comportem de uma certa forma.

O Estado intervém na economia com dois objetivos:

 Garantir a equidade / Melhorar os níveis de equidade: através da função


redistributiva: o Estado redistribui a riqueza e o rendimento através do
sistema de impostos (progressivos, como o IRS, onde quem mais tem,
mais paga; ou regressivos, como o IVA, onde não existem distinções).
 Garantir a eficiência / Melhorar os níveis de eficiência: através da função
da afetação: a eficiência é um conceito relativo, define-se por comparação
– temos situação de eficiência quando, com os mesmos recursos,
obtemos mais resultados ou quando obtemos os mesmos resultados com
menos recursos.

O objetivo principal do Estado é maximizar o bem-estar, ou seja, encontrar


um equilíbrio recorrendo à equidade e à eficiência. Já o objetivo do consumidor
é maximizar a utilidade e a do produtor é maximizar o lucro.

Efetivamente, garantir a eficiência e a equidade não são os únicos objetivos do


estado, há também:

 Poder Paternalista: o Estado tem um sentimento paternalista perante


nós, isto é, preocupa-se connosco mesmo quando nós não o fazemos,
protege-nos de nós mesmos quando agimos contra os nossos
interesses (ex: vacinas, escolaridade obrigatória, cinto de segurança).
Devido a esta preocupação do Estado perante o seu povo, foram
introduzidos os bens de mérito que permitem que todos os indivíduos
tenham as mesmas oportunidades no futuro.
 Papel importante em matéria macroeconómica: O Estado é o único
que se preocupa e equilibrar a economia, para além de que é o único
com competência para o fazer, associado à função de estabilização
(ex: desemprego, inflação, dívida pública, desenvolvimento
económico).

No entanto, estes dois objetivos não são tão importantes como os dois primeiros
(equidade e eficiência), pois são esses primeiros, mais do que qualquer outros,
que ajudarão o Estado a maximizar o bem-estar geral.

Mas, então, porque é que o Estado tem de intervir na economia de um país?

O Estado intervém quando os seus objetivos não estão a ser cumpridos. Com
esta questão surge também o conceito de ‘’Falhas de Mercado’’ – as falhas de
mercado são o principal motivo para que haja uma intervenção estatal. Os
mercados, muitas das vezes, não são eficientes e para além de não serem
eficientes, também não são equitativos – a falta de eficiência dá, quase sempre,
origem a uma falta de equidade.
Há seis falhas de mercado:

 A existência de bens públicos


 A falha de concorrência (existência de mercados concentrados)
 A existência de externalidades
 A existência de mercados incompletos
 A falha de informação
 Os desequilíbrios macroeconómicos (desemprego, inflação, défice
público)

*Só vamos falar dos cinco primeiros.

1. A existência de bens públicos:


O que é um bem público?

➢ Um serviço ou bem público ocorre quando Estado o garante, através


da subsidiação (impostos). Tem de cumprir duas características: não
rivalidade do consumo (possibilidade do consumo simultâneo, sendo
indiferente estarem a usufruir duas ou trinta pessoas) e a
impossibilidade/dificuldade de exclusão (ex: iluminação pública,
defesa nacional).
➢ Temos um conjunto limitado de bens públicos puros em que não
funcionam os mecanismos de excursão e portanto tem de ser o estado
a fornecer estes bens de forma gratuita ou pelo menos garantir o seu
fornecimento de forma gratuita. Pode ser o estado a fornecer o bem –
iluminação pública; mas poderá ser um privado a fornecer o bem e a
câmara garantir-lhe uma renda mensal para garantir o serviço.

O que é um bem privado?

➢ Um bem privado não é suscetível de consumo simultâneo – há


rivalidade do consumo; e há possibilidade de exclusão. Por
exemplo, a garrafa de água é um bem privado: é rival porque se eu
estiver a beber mais ninguém bebe, e há exclusão custa 0,50 cêntimos
e se eu só tiver 0,48 cêntimos não a posso comprar. Há outros
exemplos como uma simples ida ao médico: se eu estiver a ser
atendida, mais ninguém pode.
➢ Temos bens privados fornecidos pelo Estado que são fornecidos ao
preço 0 ou muito próximo de 0 devido ao princípio da equidade (mas,
devido ao princípio da eficiência, são considerados privados).

O que são bens públicos impuros?

➢ Bens públicos impuros são bens que apenas cumprem uma das
características do bens puros: pode ser não rival e possível de
excluir ou impossível de excluir e ser rival.
➢ Um exemplo de um bem público impuro não rival mas com
possibilidade de exclusão: as autoestradas não são rivais, mas podem
ser excluídas graças ao aumento dos preços. Em situação de
concorrência perfeita, de maximização, o preço = CM = 0, mas os
custos fixo levam a cobrar uma portagem. Assim ocorrem duas falhas
para bens públicos impuros:

Falha de mercado – ineficiência por


subconsumo: Falha de mercado – ineficiência por
fornecimento insuficiente:
Consumidores que deviam consumir
o bem não o fazem porque a sua A oferta é suficiente para o nível de
disposição a pagar é inferior ao procura, levando à congestão, e,
preço; as portagens deviam ser consequentemente, à ineficiência. O
eliminadas (ou seja, o preço devia custo de fornecimento é maior que a
ser 0 pois não há rivalidade), mas o disposição a pagar, as unidade não
Estado tem em conta o privado a devem ser oferecidas.
quem a concessionou.
➢ Quando estamos na presença de um bem público impuro, é
necessário que o Estado intervenha de alguma forma no
funcionamento desse mercado, especialmente se o mercado for
relevante.
➢ Temos bens públicos impuros que podem funcionar com mecanismo
de preços ou qualquer outro mecanismo de excursão. O estado
garante o seu funcionamento e utiliza, para excluir ou não excluir,
diferentes tipos de mecanismos.
➢ Que mecanismos de racionamento tem o Estado? Tem vários:
 Os preços:
Mecanismos de preços – O estado usa o preço para racionar,
através de taxas moderadoras (para alterar o comportamento
dos utentes, para não sobrecarregar) e taxas de internamento
(cobrem uma parte). Exemplo: Setor da saúde
 O fornecimento uniforme:
Fornecimento uniforme – oferece o mesmo bem ou serviço a
todos os indivíduos com as mesmas características (como
escolaridade obrigatória). De facto, simplifica as coisas para o
Estado, mas não vai de encontro às preferências dos
consumidores.
 O tempo:
Tempo – quem mais espera, mais necessita do serviço;
mecanismo imperfeito, pois depende da valorização do tempo
de cada um (médico de família).
2. A falha de concorrência (existência de mercados
concentrados)

Conceitos-chave:

• Monopólio: Controlo que uma empresa exerce, sem concorrência, sobre


venda ou oferta de um produto, aumentando exageradamente o preço.
• Oligopólio: Um número reduzido de empresas domina a maior parte do
mercado, através do controlo da oferta de produtos.
• Mercado de concorrência perfeita: Situação ideal de mercado na qual
existe uma grande quantidade de vendedores e uma grande quantidade
de compradores. Há um equilíbrio natural nos preços entre a oferta e a
procura. O preço dos produtos é definido pelo mercado.

 O estado está sempre interessado em fazer com que os mercados


funcionem de maneira concorrencial e para haver um grau de
concorrência significativo nos mercados. Porquê? Quanto mais
concorrencial, mais eficiente é esse mercado.
 Um mercado concentrado é um mercado no qual existe um número muito
reduzido de concorrentes, a oferta está muito concentrada. O expoente
máximo do mercado concentrado será sempre o monopólio, seguido do
oligopólio. Numa situação de máxima concentração, o monopolista fixa
o preço (já num mercado de concorrência perfeita, o preço é definido pelo
próprio mercado).
 Quando há poucos operadores, o Estado intervém para estimular a
concorrência, eliminando barreiras de entrada no mercado.
 Quando estamos em concorrência perfeita, temos um excedente do
produtor igual a 0, mas há um excedente do consumidor máximo.
Bem-estar social = excedente do consumidor.
 Ao passar de uma situação de monopólio para concorrência perfeita,
dá-se o aumento do bem-estar, do excedente do consumidor e da
eficiência.
 Se o preço variar entre o preço de mercado (Pm) e o preço de
concorrência (Pc), estamos numa situação de oligopólio.

Tipo de produto e comportamento dos agentes:

A concorrência efetiva do mercado não depende apenas do número de


concorrentes, depende também de outras condições (o tipo de produtos
vendidos e o comportamentos dos agentes). Mais operadores é condição
necessária para mais concorrência, mas não é suficiente.

Podem existir várias empresas no mercado e ainda assim não existir


concorrência, é preciso:

 Diferenciação do produto: é importante reconhecer características


diferentes entre produtos, percecionadas pelo consumidor.
 Capacidade de gerar acordos entre as empresas: As empresas entram
em acordos para não concorrerem – políticas de colusão: acordar preços,
qualidade, distribuição geográfica. Pode ser: expressa (quando empresas
reúnem e estabelecem pactos para regular a concorrência) ou tácita (não
escrita nem expressa, nem há reuniões para acordos, mas elas sabem o
que fazer).
Intervenção do Estado:

Numa situação de monopólio, o estado deve intervir imediatamente. Numa


situação de oligopólio, o estado deverá intervir através da regulação ou da
introdução de concorrência.

Quando temos uma situação monopolísticas não estamos bem então o estado
deve tentar promover a concorrência neste mercado. No oligopólio acontece o
mesmo. Se não dá para promover a concorrência então o Estado deve regular
estes mercados.

Monopólio Natural:

Um monopólio natural surge quando se verificam rendimentos crescentes à


escala e que tem custos médios permanentemente decrescentes.

Em termos menos formais, estamos perante um monopólio natural quando não


é justificável, do ponto de vista económico, a existência de duas empresas ou de
duas infraestruturas; quando a duplicação de uma infraestrutura, rede ou
empresa seja completamente injustificada.

Portanto, quando estamos na presença de um monopólio natural não se justifica


a concorrência, dado que a situação de monopólio natural é mais eficiente.

Este gráfico traduz-me a existência de um monopólio natural. Os custos médios


(ccm) são sempre decrescentes [neste exemplo: distribuição da água em
contexto urbano, por um empresa]. Nestes casos, os custos fixos (instalação
inicial) são muito elevados e os custos variáveis (custo de fornecer água a
indivíduos adicionais) são muito baixos – custo marginal quase zero. Perante
estes, não se justifica a concorrência, dado que o monopólio natural é mais
eficiente.

Nível de concorrência:

Para definir o nível de concorrência, são importantes dois aspetos:

 O grau de substituição entre os produtos: temos de estar cientes de


que além de produtos do mesmo tempo, temos de incluir no mercado os
produtos substitutos (exemplo: para além do telemóvel, o Messenger e o
Twitter).
 Dimensão espacial ou territorial: temos de ter em conta determinado
espaço para avaliar o nível de concorrência (exemplo: monopólios locais
– combustíveis na autoestrada).
 Nota: O setor alimentar, apesar de ter muitos operadores, é um mercado
concentrado – há dois principais operadores que detêm grande parte do
mercado e controlam o restante mercado.

Métodos de criação de concorrência:

O Estado intervém para criar concorrência através de:

 Exclusão de barreiras de entrada no mercado;


 Ameaças que provocam reação nas empresas.

Patentes:

As patentes são barreiras de entrada e instrumentos de proteção da propriedade


intelectual. Quem consegue a patente de determinado produto tem direito a ser
monopolista num determinado período de tempo. O problema desta política está
no comportamento adquirido pelos monopolistas, que leva a problemas de
caráter ético (exemplo dos medicamentos cuja produção é muito barata e o preço
de comercialização é muito elevado).

Os monopólios públicos são comuns em muitos países e justificados por


interesses nacionais.
3. A existência de externalidades:
Externalidades são as consequências que uma agente económico (pessoas e
empresas), no desenvolvimento da sua atividade corrente, provoca sobre
terceiros. As externalidades não podem ser rejeitadas.

Há vários tipos de externalidades:

 Externalidades negativas na produção: quando uma fábrica causa um


impacto sobre terceiros. Exemplo – poluição.
 Externalidades negativas no consumo: impõe custos a terceiro. Exemplo
– tabaco.
 Externalidades positivas na produção: confundem-se com efeitos
externos positivos – estes segundos podem ser rejeitados, mas nenhuma
externalidade pode ser rejeitada. É difícil arranjar um exemplo para este
tipo de externalidade.
 Externalidades positivas no consumo: causa um impacto positivo sobre
terceiros ou, pelo menos, não causa um negativo. Exemplo – vacinação:
eu vacino-me a mim e não prejudico os outros; a educação.

O Estado deve intervir seja uma externalidade positiva (incentivar esse tipo de
atividades; apoiar, subsidiar) ou negativa (limitar esse tipo de atividades;
penalizar, multar).

O gráfico representa a produção de pasta de papel. Esta produção dá origem a


uma externalidade negativa na produção
(poluição), representada por a.

Se não tivermos em consideração as


externalidades negativas, o Equilíbrio Privado
é EP.

O custo privado (custos da empresa) não é o


único da empresa. Para efeito de bem-estar,
temos de ter em conta as externalidades.
Se nos preocuparmos com as externalidades, o equilíbrio (social) é ES. A este
equilíbrio corresponde uma menor quantidade produzida, o que leva a um menor
impacto.

Para passarmos de EP para ES, uma das soluções é introduzir uma taxa, um
imposto Pigouviano (o Estado penaliza a produção).

*Para além destas externalidades, também temos as externalidades vinculadas


à existência de recursos comuns – quando usufruímos desses recursos, os
outros veem o seu usufruto limitado – o benefício médio diminui (quotas de
pesca, por exemplo).

Soluções para as Externalidades:

 Soluções privadas:
• A negociação é muito utilizada para resolver problemas de
externalidades.
• Licenças – que são direito de propriedade. São típicas das
externalidades vinculadas a recursos comuns.
• Internalizações – um exemplo é colocar todas as fábricas
poluentes num polo de forma que as empresas se prejudiquem
unicamente umas às outras. Vigora a ideia de que não pago por
gerar externalidades porque também não cobro por receber as
externalidades.
Outro exemplo é o condomínio privado – sendo esta uma
externalidade positiva.
• O sistema judicial é uma solução quando há grandes catástrofes
(nos Estados Unidos por exemplo).
 Soluções públicas:
• Soluções baseadas no mercado:
✓ Impostos (por cada unidade produzida; são muito fáceis de
controlar; para alterar comportamentos) e Multas (valor
agregado, para alterar comportamentos futuros).
✓ Subsídios (para reduzir a poluição).
✓ Autorizações transferíveis (empresas com acesso a licenças
para poluir; tem a ver com os direitos de poluição – dar
incentivos para reduzir os níveis de poluição).
• Soluções baseadas na regulação direta:
✓ Regulação dos inputs (o Estado pode regular, por exemplo,
os componentes do combustível);
✓ Regulação dos outputs (o Estado define a quantidade de
gramas de CO2 que o combustível pode emitir).

4. A existência de mercados incompletos:


O mercado é incompleto quando não há oferta suficiente para a procura
existente. O custo do produto é superior à disposição a pagar.

Considerações de oferta = inexistência de


disponibilidade de bens.

Considerações de procura = o custo do


fornecimento é maior do que o nível máximo
de disposição a pagar, então o preço será
superior.

Nestes casos o Estado tem de intervir. Nos mercados financeiros e nos


mercados de crédito há mercados incompletos.

Soluções para combater os mercados:

 Estímulo da concorrência: ocorre baixa de preços e faz com que todas as


áreas do mercado fiquem preenchidas.
 Promoção da inovação: estímulo da diferenciação dos produtos, maior
variedade de oferta.
 Oferta de incentivos aos mercados para disponibilizarem informação;
 Diminuição dos custos de transação.
5. Falhas de informação:
Em concorrência perfeita, a informação é perfeita, completa e simétrica. No
entanto, ocorrem falhas de informação em determinados contextos: ou os
consumidores/agentes económicos não têm informação suficiente sobre o
funcionamento do mercado ou sobre os próprios produtos. Se estes
tivessem a informação toda, iriam tomar uma posição totalmente diferente.

O Estado fornece diretamente informação ou obriga os agentes económicos a


que deem mais informação sobre o produto ou sobre o mercado.

Há uma informação incompleta quando o informação existente no mercado


não é suficiente.

Há uma informação assimétrica quando não há simetria, não similar.

O mercado seria mais eficiente se:

 Houvesse uma informação completa sobre os produtos, percetível; o


Estado intervém para a tornar mais transparente e linear possível.
 Se a informação passasse de assimétrica para simétrica e assim
facilitaria as transações.

Falhas de intervenção do Estado:


O poder, o peso e as funções do Estado variam de país para país e são
influenciados por: características específicas, questões religiosas e políticas,
lutas entre coletivismo e individualismo e pensamento político dominante.

O crescimento do Estado está associado às suas falhas de intervenção.

Há quatro falhas do Estado:

 Informação limitada: as iniciativas do Estado são de grandes dimensões,


o que implica que quando existem falhas de informação, as
consequências e danos vão ser de grandes dimensões. Com a criação do
SNS, não se sabia, que, a longo prazo, iria trazer a multiplicação de
despesas.
 Controlo limitado das respostas do mercado / sobre o comportamento dos
agentes económicos: o Estado financia muitos projetos, o que acaba por
trazer impactos negativos, uma vez que não se consegue saber o
comportamento dos indivíduos financiados (metade dos estudos são
pagos pelo Estado, que esperam que o aluno acabe o curso a tempo;
quando isso não acontece, há mais gastos para o Estado). Para controlar,
usam-se os incentivos (subsídios e benefícios fiscais).
 Controlo limitado da burocracia: a burocracia é muito lenta na criação de
protocolos, levando a falhas do sistema.
 Limitações impostas pelo processo político: em momentos de eleições, o
aumento da atividade política leva ao aumento de custos e ao
consequente aumento da despesa pública.

Intervenção do Estado na Economia – Evolução


Histórica:
Por volta do século XIX, pensadores chegaram à conclusão de que a atuação do
Estado tinha de acabar (o Estado tinha um papel reduzido na economia).

A falta de investimento por parte dos privados após as evoluções obtidas com a
Revolução Industrial e a necessidade de infraestruturas (como a conclusão dos
caminhos de ferro) levaram a que o Estado interviesse.

De forma a garantir as grandes estruturas iniciaram-se processos de


nacionalização (que é diferente de privatização):

 No final do século XIX, o Estado ganha peso na economia;


 Na segunda década do século XX, com a Grande Guerra, o Estado
cresce;
 Na década de 20 há uma regulação dos setores: o setor financeiro cresce
e regula-se; o capitalismo torna-se popular; com o Crash as pessoas
perdem dinheiro na bolsa;
 Na década de 30 temos o New Deal nos EUA. O governo considera a
necessidade de ter um papel mais interveniente na distribuição.
 O New Deal, aliado à intensificação do mercado e à regulamentação de
setores leva a um crescimento do papel do Estado.
 As ideias Keynesianas outorgam ao Estado a capacidade de influenciar o
estado económico.
Para isso recorrem ao cálculo do produto na ótica de despesa que vem a
ser entendido como um ciclo económico.
Y = C + I + G + (X – M)
Y => rendimento; C => consumo; I => investimento; G => Gasto Público;
X – M => procura externa (exportações – importações)
Segundo Keynes, o ciclo económico deve funcionar da seguinte forma:
quando a economia cresce, o Estado deve colocar-se mais à margem
possível, isto é, intervir o menos possível. Quando a economia começa a
cair, o Estado deve substituir a iniciativa privada, e por isso começar a
gastar; deve dedicar mais investimento à construção de infraestruturas –
ativar a economia com recursos públicos.
Keynes influenciou a política económica das décadas de 50 e 60.
 Na década de 70 – época de crise – há uma profunda recessão (devido à
crise do petróleo em Portugal), o que leva a uma restruturação da
estrutura económica. O Estado tem muitos funcionários e iniciam-se
muitos processos de privatização (movimento inicia-se nos EUA e alastra-
se).
 A partir do final da década de 70, início da época de 80, o Estado
concentra-se em atividades, perde produções e como resultado disso, vê
o seu peso a ser diminuído.
 Depois do grande crescimento do Estado, a atuação do mesmo fica
limitada. O Estado é detentor de monopólios (EDP, REN, PT…) que vêm
a ser privatizados.
Privados com monopólios é alo perigoso, pelo que houve a necessidade
de uma liberalização de mercado; isto levou à possibilidade de introduzir
concorrência aos monopólios no mercado, que por sua vez levou à
criação de oligopólios, em que há pouco concorrência.
 A tendência dos anos 70 a 90 é a de privatização e liberalização
económica com o objetivo de introduzir concorrência nos mercados. O
Estado perde poder (atividade produtora), mas adquire a função
reguladora (provavelmente das mais importantes funções do Estado) que
regula os mercados para controlar a concorrência.
 Apesar da perda da parte produtiva do Estado, este tem vindo a crescer
(porque tem vindo a alargar serviços e funções). Dentro das suas funções,
o Estado tem prestado muitos mais serviços, saúde, educação, etc. No
entanto, isto tem desvantagens uma vez que mais despesa implica mais
rendimento (a cobrança de impostos vem a ser contraproducente uma vez
que provoca um efeito de exaustão e uma maior fuga aos impostos).
Despesa Pública:
A despesa pública é um gasto ou um emprego de dinheiro ou outros recursos
pelos entes públicos na aquisição de bens ou serviços para a satisfação de
necessidades públicas.

A despesa pública apresenta uma resistência muito grande, é difícil que desça.
Contudo, o seu aumento é muito frequente. À medida que o rendimento (PIB)
aumenta, a despesa pública aumenta mais que proporcionalmente (a sua
elasticidade é > 1) – a despesa pública é elástica em relação ao rendimento, pois
as variações percentuais da despesa pública são maiores do que as variações
percentuais de rendimento.

A despesa pública cresce por dois fatores:

 Fatores de organização social:


✓ Grupos de pressão e grupos económicos sociais (taxistas,
advogados);
✓ Papel dos burocratas (criam padrões que aumentam a despesa
pública);
✓ Aproveitamento dos fatores de ordem psicológica (perceção dos
benefícios e dos custos): assimetria nas respostas dos indivíduos,
tendemos a valorizar mais o negativo do que o positivo.
 Fatores instrumentais:
✓ Serviços públicos (apesar do aumento do rendimento, também há
um aumento do recurso aos serviços públicos);
✓ Mobilidade (as pessoas movimentam-se mais)
✓ Despesas sociais;
✓ Despesas do funcionamento;
✓ Diferenciais de preços (produtos utilizados pelo Estado são mais
caros e a evolução dos preços é maior do que a inflação – exemplo:
instrumentos de medicina).
 Progresso técnico e aumento de capital.
Modelos de crescimento endógeno:

Segundo a Lei de Wagner (despesa pública endógena) – o aumento do


rendimento induz o aumento da despesa pública. Perante Y = C + I + G + (X –
M), quando se verifica um aumento de Y, também se verifica um aumento de G.
A procura de bens e serviços públicos é elástica em relação ao rendimento (PIB)
– aumento do PIB significa maior procura de bens e serviços, superior ao
aumento do PIB. A despesa pública é função do PIB.

Despesa pública exógena:

Segundo Keynes, o gasto público é exógeno porque influencia o PIB (Y). A


despesa pública gera PIB (induz crescimento económico) de forma indireta,
através de incrementos de produtividade, devido a: infraestruturas públicas,
formação de capital humano, investigação, desenvolvimento e inovação. Estes
gastos devem-se aos incrementos de produtividade que, por sua vez, levam ao
crescimento económico. Então, a despesa origina crescimento económico: o PIB
é a função da despesa pública.

Classificação Orçamental da Despesa Pública:

 Classificação económica (a mais relevante)


As despesas são ordenadas em despesas correntes e de capital. Há 4
tipos:
- Transferências sociais (abonos, pensões, subsídios de desemprego),
15 a 20% do PIB. Algumas transferências têm caráter contributivo, pois
deriva do que as pessoas descontaram, e temos outras que têm um
caráter não contributivo, que são recebidas por pessoas que não fizeram
descontos, ou insuficientes, para terem o direito a uma reforma mínima.
- Despesas com pessoal (salários dos funcionários públicos), 12% do
PIB e ¼ da despesa pública. É o custo da função pública.
- Juro da dívida pública, 4,6% do PIB. Este é o custo do Estado por se
endividar, ou seja, o custo das dívidas = aquilo que o Estado tem de pagar
às entidades que financiam o mesmo: bancos, alguns particulares.
- Formação de bens de capital fixo (investimento público), 1% do PIB.
 Classificação orgânica
Ordena as despesas de acordo com a estrutura orgânica do Estado.
 Classificação funcional
Funções desenvolvidas pelo Estado:
- Serviços públicos gerais (SPG)
- Defesa (A) = função locativa
- Ordem pública e segurança (A)
- Assuntos económicos (AP)
- Proteção Ambiental (A)
- Habitação e serviços comunitários (SPG)
- Saúde (R) = redistribuir
- Recreação, cultura e religião (AP)
- Educação (R)
- Proteção social (R)

Realidades da despesa:

1. Consumos
a. Diminui o ativo líquido do Estado
b. Não gera riqueza nova e é incontornável
c. Despesas de funcionamento
2. Transferências
a. Internas: entre níveis de Estado e para apoiar o setor privado social ou
cooperativo
b. Externas: para organismos que Portugal esteja vinculado
3. Investimento:
a. Aumento de bens duradouros gera despesa, diminuindo o ativo líquido
do Estado (investimento em infraestrutura).
Receita Pública:
A receita pública é a soma de dinheiro ou recurso equivalente, cujo
beneficiário é o Estado ou outra entidade pública administrativa, que tem como
principal finalidade satisfazer necessidades financeiras e outros fins públicos
(cobrir necessidades coletivas e escolhas públicas).

O Estado vai buscar a Receita Pública ao sistema financeiro: obtida através


dos impostos e de contribuições fiscais (descontos para a segurança social) e
usada para financiar a despesa pública.

São recursos com caráter coercivo, o Estado obriga os contribuintes a pagar o


pagamento.

Critério de classificação da receita pública:

1. Natureza Económica (corrente de capital ou não ocorrente)


a. Receitas correntes (ou de funcionamento): provêm do rendimento;
receitas com caráter periódico, que financiam despesas correntes.
b. Receitas de capital (ou de investimento): provêm de empréstimos; não
tem caráter corrente, financiam despesas de capital ou investimento.
2. Grau de efetividade (efetivas/definitivas ou não efetivas/reembolsáveis)
a. Receitas efetivas (ou definitivas): aumentam o património monetário
do Estado, caráter definitivo (impostos e taxas);
b. Receitas não efetivas (reembolsáveis): receita creditícia, o Estado tem
de as devolver.
3. Grau de coercibilidade (coercivas ou facultativas)
a. Receitas coercivas: capacidade do Estado de obrigar os cidadãos a
pagar o montante fixado;
b. Receitas facultativas: montante negocialmente estabelecido: há
escolha dos cidadãos e uma certa voluntariedade.
Tipos de Receita Pública:

 Receitas fiscais ou impostos: correntes, definitivas, coercivas,


unilaterais e sem contrapartida imediata para quem paga (IVA);
 Receitas parafiscais ou contribuições sociais: natureza obrigatória;
descontos da segurança social; correntes e com contrapartida de
prestação social futura para beneficiário (pensão de reforma);
 Receitas patrimoniais: definitivas e efetivas; correntes (quando o Estado
arrenda) ou extraordinárias (decorrem de vendas ou alienações);
 Taxas, licenças e preços públicas: correntes, definitivas, bilaterais e
com contrapartida para quem paga (portagem);
 Multas, penalidades e coimas: penalizações, compensações por
infrações; definitivas, coercivas e unilaterais;
 Receitas creditícias ou empréstimos: resultam da contração de dívidas
por parte do Estado junto de entidades financiadoras; voluntárias, não
efetivas.
 NOTA: A maior parte da receita pública advém das receitas fiscais, que
são arrecadadas do sistema fiscal, e estes sistemas vão variando de país
para país.

Sistema Fiscal ou Financeiro:


O Sistema Fiscal é desenvolvido pelos Estado com o objetivo de arrecadar a
receita pública. Aspetos a considerar:

 A capacidade de geração de receitas: os sistemas fiscais têm de ter certa


resiliência perante alterações significativas = impostos são condicionados
pelo nível da economia = para gerar um volume de receitas que não
desequilibre as contas públicas. Permite financiar a despesa pública.
 Repartição dos encargos e efetividade na redistribuição do rendimento: o
sistema fiscal deve introduzir efetividade e quem gera mais rendimento
deve pagar mais, a distribuição do rendimento deve ser mais equilibrada.
A partir de um determinado limite não se pode aumentar os impostos
porque se torna contraproducente.
 Efeitos económicos induzidos: deve-se ter em conta o impacto dos
impostos no comportamento e escolhas dos indivíduos (IVA – limita o
consumo, impacto direto; IRS – impacto em termos de rendimento
disponível, indireto).

Características de um bom sistema fiscal:

❖ Equidade: a carga tem de ser equilibrada do ponto de vista do rendimento


e do ponto de vista do esforço; é muito importante que quem ganhe mais
rendimento pague mais, no entanto deve haver um certo cuidado para
não sobrecarregar e para não levar ao desincentivo profissional. O que
vale também para as empresas e os seus investimentos futuros e ainda
com os consumidores.
❖ Eficiência: os impostos devem procurar minimizar as distorções no
funcionamento da economia.
❖ Flexibilidade: deve permitir que haja ligação direta com a atividade
económica – ajustamento e estabilização automática (exemplo: impostos
progressivos sobre o rendimento)
❖ Transparência: deve mostrar estabilidade, simplicidade e facilidade de
acesso (para atrair empresas e chamar investidores).
❖ Reduzido custo de funcionamento: deve ter um custo de financiamento
reduzido e automatizar processos do sistema é algo que contribui muito
para isso.
❖ Eficácia financeira: o sistema tem de reunir um conjunto de impostos
que têm de garantir uma determinada arrecadação para ir ao encontro
das necessidades e objetivos da política orçamental.

Eficácia e tributação:

A introdução de impostos está sempre associada a perdas de eficiência –


estamos perante a Carga Excedentária.
Carga Excedentária: perda de bem-estar gerada por um imposto. Ocorre
sempre que impostos conduzem a que agentes económicos reduzam
quantidades procuradas e oferecidas no mercado. O bem-estar representa-se
pelo excedente do consumidor e do produtor.

A utilização de tributos de impostos dá origem à ineficiência. Não havendo


determinado imposto sobre uma dada atividade, quem se apropria do excedente
é o produtor, o consumidor e ainda o Estado.

Imaginemos que é introduzido um imposto, o


que fará aumentar o preço para P1 e a
quantidade procurada cai para P0.

A consequência é que agora teremos uma


repartição do bem-estar social diferente: um
novo agente económico, o Estado.

Vamos ter uma perda de excedente, que


será retirada pelo Estado.

Nota: O problema é que a introdução de um imposto por parte do Estado faz com
que haja uma redistribuição do bem-estar social e dá origem a uma perda de
eficiência.

Impostos:

 Distorcedores: alteram o comportamento económico (imposto imobiliário)


 Não distorcedores: o agente económico não pode evitar ou alterar
incidência.

Equidade no sistema fiscal:

 Equidade horizontal: indivíduos similares devem pagar impostos


idênticos.
 Equidade vertical: indivíduos distintos devem suportar montantes
distintos.

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