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CULTURAS POPULARES E POLÍTICAS CULTURAIS DE ESTADO

AS CULTURAS POPULARES EM ALAGOINHA - PERNAMBUCO

APARECIDO GALINDO
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Resumo

As Culturas Populares têm sofrido grande pressão da Indústria


Cultural nas últimas décadas em Alagoinha e tem encontrado
dificuldade para manterem sua relevância nas comunidades de
origem. O que aumenta a responsabilidade do Estado quanto a
criação e aplicação de Políticas Públicas de Cultura que
promovam os saberes e os fazeres relacionados com o modo de
vida destas comunidades. Com a promulgação da Constituinte
de 1988 o Estado passou a ter maiores responsabilidades
quanto às atividades culturais realizadas em território nacional
com o objetivo de proporcionar a defesa e valorização do
patrimônio cultural brasileiro. Criar uma Política Pública de
Cultura tem como ponto de partida o conhecimento das
manifestações culturais assim como também de seus
representantes na comunidade para junto a eles determinar
quais as ações tornam-se necessárias para alcançar os objetivos
propostos. Uma Política Pública de Cultura construída e
aplicada sem um diálogo com as comunidades pode resultar no
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desaparecimento de manifestações culturais únicas causando


danos irreversíveis ao Patrimônio Cultural de um povo.

Palavras Chave: Culturas Populares - Políticas Públicas de


Cultura - Sustentabilidade - Manifestações Culturais
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Introdução
As Culturas Populares são de vital importância para
o desenvolvimento sustentável das comunidades onde se
desenvolvem. Seu estudo é importante para a implantação de
Políticas Públicas de Cultura através do Estado e com
participação da Sociedade Civil. Este aspecto sustentável da
cultura é abordado tanto em Canclini (1982) quanto em Teixeira
Coelho (2008) como um dos fatores preponderantes na criação
de Políticas Públicas de Cultura. Em Alagoinha PE este debate é
ofuscado pela importância dada aos eventos e a contratação de
grupos musicais com o objetivo de atrair um grande número de
pessoas reunidas em festas onde o consumo de bebidas
alcoólicas é indiscriminado entre crianças e adolescentes ao ar
livre. Este artigo pretende estudar as questões que envolvem as
políticas culturais voltadas para eventos em Alagoinha e a
desvalorização das Culturas Populares do município, além de
discutir alguns conceitos importantes para o lançamento das
bases de uma Política Pública de Cultura.
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A Cultura como Fenômeno Civilizatório


Ao falar da cultura em Alagoinha alguns ainda
cometem o erro de cair em um culto ao passado o que seria
uma espécie de espaço da saudade. O principal equívoco nesta
forma de tratar os problemas relativos à cultura está na
importância que o estudioso dá ao objeto de estudo de acordo
com a proximidade emocional que possui com ele. Deste ponto
de vista o tema em si não seria julgado ou estudado pelo seu
valor cultural e sim sob uma abordagem passional. O que pode
acarretar em uma idealização do passado ou a infundada
crença de que já vivemos uma época de ouro em termos
culturais. E é sobre este aspecto do Nordeste como um espaço
da saudade que fala Durval Muniz:
“O Nordeste foi construído como um espaço da
saudade, do passado. Não apenas por aqueles filhos de
famílias tradicionais e seus descendentes que foram
entrando em declínio com as transformações históricas
ocorridas neste espaço desde o século passado. Ele
também é o espaço da saudade para milhares de
homens pobres do campo que foram obrigados a
deixarem seu local de nascimento, suas terras para
migrarem em direção ao Sul, notadamente São Paulo e
Rio de Janeiro. ( A Invenção do Nordeste... págs.
213/214)”
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Um dos problemas que envolve o estudo da cultura


sobre a ótica da saudade é que desta forma ele se transforma
em algo subjetivo sendo impossível fazer algum juízo que tenha
valores palpáveis ou que se possa colocar em prática. Como
decidir se esta ou aquela manifestação cultural merece ou não
ser incentivada? Este valor cultural não pode ser definido
meramente pela proximidade emocional do pesquisador com o
tema em detrimento de outras manifestações culturais com as
quais ele não está familiarizado ou que não seja de seu gosto
pessoal. Uma abordagem assim impediria um julgamento
lúcido sobre o que seria ou não cultura.. Para Teixeira Coelho
“[Cultura não é o todo. Nem tudo é cultura. Cultura é uma parte do todo, e
nem mesmo a maior parte do todo — hoje. A ideia antropológica segundo a
qual cultura é tudo não serve para os estudos de cultura, menos ainda para
os estudos e a prática da política cultural … pág. 17]” Esta definição é
essencial para quem deseja trabalhar com políticas públicas de
cultura devido a possibilidade de se poder determinar onde e
quais manifestações culturais podem e devem ser incentivadas
através do poder público. Mas uma vez que cultura não é o
todo, nem o tudo, o que poderia ser considerado cultura? O
mesmo Teixeira Coelho na obra A cultura e seu contrário,
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registra aquilo que do ponto de vista do desenvolvimento


humano pode ser tratado como cultura:
“Mais relevante: quando em cultura tudo tem um
mesmo valor, quando tudo é igualmente cultural,
quando se diz ou se acredita que tudo serve do mesmo
modo para os fins culturais, de fato nada serve, em
particular quando o que se procura, como agora, é
fazer da cultura um instrumento daquilo que se tornou
meta central das sociedades todas: o chamado
desenvolvimento sustentável ou, de forma mais
adequada (já que há aqui um sujeito ou, conforme o
ponto de vista um objeto claro desse processo, e que
não é o desenvolvimento em si), o chamado
desenvolvimento humano. Uma distinção inicial,
mínima, tem de ser feita entre o que é cultura e o que é
oposto à cultura, o que produz efeitos contrários
àqueles buscados na cultura e com a cultura — em
outras palavras, uma distinção tem de ser feita entre
cultura e barbárie, entre o que estimula o
desenvolvimento humano individual e, em
consequência (não o contrário), o processo social, e
aquilo que o impede, distorce e aniquila. pág. 20. (A
cultura e seu contrário).
Este conceito ajuda o pesquisador e o gestor
cultural a superar as dicotomias comuns ao estudo da cultura.
Saem o gosto ou não gosto, o bom e o mau e entram os valores
que são essenciais para o desenvolvimento de uma sociedade:
a educação, a justiça, respeito à vida, o desenvolvimento
sustentável. O exemplo clássico deste novo olhar sobre a
cultura e as manifestações culturais é o modo como algumas
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delas passaram a ser tratadas em todo o mundo. As touradas,


são indiscutivelmente um traço cultural de diversos povos, mas
sobre o ponto de vista do conceito agora exposto podem
realmente serem consideradas atualmente como tal? Alí
podem ser vistos e presenciados valores como o respeito a vida
e o desenvolvimento sustentável como hoje são aceitos por
sociedades democráticas? A resposta já está sendo dada por
inúmeras localidades de onde, após consulta popular, foram
banidas estas práticas e aquelas que ainda resistem sofrem dia
a dia a perda de público, patrocinadores e espaço nas mídias.
Agora com uma ideia mais clara sobre o que é
Cultura, nos deparamos com outro problema: o que seria a
Cultura Popular? Qual o seu valor e por quais motivos deve ser
incentivada não só pelo poder público como também pela
sociedade civil organizada. Sabe-se que Cultura não é tudo,
nem o todo, que a Cultura distingue-se da Barbárie por seu
caráter construtivo no meio das sociedades. Poderia a Cultura
Popular também gozar dos mesmos valores? Canclini, em sua
obra Las Culturas Populares en El Capitalismo, aborda o tema
da seguinte forma:
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“Em síntese: as culturas populares são o resultado de


uma apropriação desigual do Capital Cultural, uma
elaboração própria de suas condições de vida e uma
interação conflitiva com os setores hegemônicos. Ao
compreender-las deste modo nos distanciamos das
posições que predominam o seu estudo: as
interpretações imanentes formuladas na Europa por
um populismo romântico, na América Latina pelo
nacionalismo, pelo indigenismo conservador e por
outra parte do positivismo que preocupado com o rigor
científico se esqueceu do sentido político da produção
simbólica do povo. pág. 63/64 (Las Culturas Populares e
El Capitalismo) Tradução: Aparecido Galindo.”

Este conceito de Cultura Popular por Canclini lhe


confere novas interpretações e valores para o seu estudo. A
começar pela forma como ele a nomeia: Culturas Populares,
justamente para se contrapor ao que chama de nacionalismos
da América Latina que insistem em apregoar que existe uma
Cultura Popular, única, verdadeira, que emana do povo. O que é
claramente uma falácia porque mesmo em Estados de território
pequeno como Pernambuco o que se averigua são inúmeras
Culturas Populares, cada uma delas com suas especificidades e
os diversos campos do saber humano em que se desenvolvem.
Segundo ponto é o que Canclini chama de “apropriação
desigual do Capital Cultural”. Este Capital Cultural pode-se
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afirmar que são as técnicas, os meios de produção cultural, os


canais de distribuição, o conhecimento, etc. E o terceiro quesito
se refere a umas das principais características das Culturas
Populares: uma interação conflitiva com os setores
hegemônicos. Estes setores hegemônicos são identificados
atualmente com a Indústria Cultural* e as suas formas de
Produção, Distribuição, Troca e Consumo de bens culturais. Este
conflito pode durar por gerações (como as manifestações
culturais dos povos nativos: o Toré, o Catimbó, ritual do
Ouricuri, etc.) ou passar por uma apropriação pela Indústria
Cultural: caso de manifestações culturais que antigamente eram
tidas como afrontas ao status quo e que hoje são apoiadas e
incentivadas. O Carnaval, por exemplo, deixou de ser uma
Cultura Instituinte durante a primeira metade do Século XX,
para se transformar em Cultura Instituída algumas décadas
depois.
*O termo Indústria Cultural foi cunhado por Theodor Adorno e Max
Horkheimer onde: “A Indústria Cultural se desenvolveu com a primazia dos
efeitos, da performance tangível, do particular técnico sobre a obra, que
outrora trazia a idéia e com essa foi liquidada. pág. 09”
(Indústria Cultural e Sociedade - Adorno.)

Culturas Populares em Alagoinha - PE


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Munidos de alguns conceitos que embasam este


artigo podemos partir para a descrição e análise do objeto de
estudo em si: As Manifestações Culturais Populares de
Alagoinha. As culturas populares são divididas e classificadas
em diversos saberes e fazeres o que facilita a pesquisa de
campo e a criação de um cadastro destes bens culturais tanto
de caráter material quanto imaterial. Elas são organizadas em
quatro grande grupos compostos por: Oralidade: Declamação
de poesia, contação de histórias, toadas de vaqueiros, versos de
aboio, etc. Musicalidade: emboladas, canções de viola, baiões
de repente, cantigas tradicionais, serenatas, etc. Manuais:
Artigos em palha: de milho, bananeira, ouricuri. Artigos em
cipó: caçuá, balaios, cestos, etc. Artigos em barro: utensílios
domésticos ou de decoração. Artigos em couro: arreios,
calçados, etc. Corporais: danças: xote, xaxado, baião, coco de
roda, teatro, etc. Costumes: comidas típicas, remédios naturais,
técnicas de cultivo, novenas, terços, benzimentos, orações
brabas, etc.
Quanto aos agentes culturais, aquelas pessoas que
desenvolvem estes saberes e fazeres existem os que se dedicam
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integralmente às atividades culturais e quem tem estas


manifestações da cultura como uma forma de lazer ou como se
diz na região: um passa tempo. Dependendo da atividade ela
pode ser realizada durante todo o ano, como é o caso das
Manuais e os Costumes e aquelas que dependem de
determinada época do ano para a sua realização como é o
canto, a dança é a música com forte ligação com os ciclos
festivos. Em Alagoinha há dois ciclos festivos muito importantes
para as Culturas Populares que é o Ciclo Junino e o Natalino. As
festas de santos padroeiros também são importantes mas estão
restritas algumas comunidades enquanto que os Ciclos Festivos
repercutem em todo o município.

O ciclo Junino
No Agreste Central, região onde Alagoinha
encontra-se situada, as festas do Ciclo Junino coincidem com a
época da colheita dos primeiros frutos de um longo trabalho
que se inicia ainda no ano anterior. Historicamente costuma-se
plantar as roças de milho por volta do dia de São José (19/03) o
que propicia o amadurecimento da colheita próximo ao dia de
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São João (24/06). Corroborando com este costume existem


inúmeras crenças como a de que se chover no dia de São José o
ano será de fartura. E se garoar sobre a fogueira de São João no
dia 23/06 o próximo ano será de abundância. Percebe-se aí
uma relação muito íntima entre o Ciclo Junino e a cultura das
populações rurais. E três datas são de extrema importância: o
dia de Santo Antônio, 12/06 o já citado dia de São João e o dia
de São Pedro, 28/06. Cada uma delas possui uma simbologia
dentro da tradição alagoinhense com rituais próprios. Nestas
datas até 1990 a população rural realizava as suas festividades
em suas casas ou casas de parentes. Eram nestes eventos de
caráter familiar que os vínculos da comunidade eram
fortalecidos e que os Brincantes** apresentavam cantos,
danças, músicas, poesias, histórias, etc. O caráter inclusivo
destas festas merece ser destacado. Nelas os repentistas,
cantores, músicos, contadores de histórias, dançarinos,
marcadores de Quadrilha e outros Brincantes gozavam de um
espaço onde desenvolviam os saberes e fazeres de sua cultura.
Sendo um espaço deles e para eles, Brincantes e público eram
parte do mesmo estrato social e aquilo que se chamava de
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palco muitas vezes não passava de um pequeno espaço em


uma varanda, sala ou terreiro onde ela(e) apresentava-se
perante os seus. Cobranças de cotas para os espaços destinados
a dança (Latada) era comum e o dinheiro adquirido com estas
contribuições era revertido para o responsável pela festa.

O Ciclo Natalino
Em Alagoinha o Ciclo Natalino se iniciava com a
festa da padroeira, Nossa Senhora da Conceição (08/12) e se
encerrava com a Folia de Reis em 06/01. Estes festejos
remontam a fundação da cidade e durante a maior parte de sua
existência foi de iniciativa da sociedade civil e da Igreja Católica.
Neste período também se comemorava a festa de Santa Luzia
(13/12) e em algumas comunidades ainda se pratica as suas
experiências de chuva. Os festejos a santa padroeira
começaram a ser realizados pelo fundador da vila Gonçalo
Antunes Bezerra que realizava uma novena entre os dias 30 de
novembro e 08 de dezembro a imagem da santa percorria as
casas do vilarejo. Outro costume também é do Ramo, um
cortejo introduzido por homens e mulheres vindos do
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continente africano que nesta época viviam na condição de


escravos. Era realizado também em honra a Nossa Senhora da
Conceição, mas devido ao sincretismo religioso tudo indica que
na verdade eles louvavam e agradeciam a seus deuses e deusas
ancestrais.
**”Assim, os/as brincantes da cultura popular convocam o público para
brincar junto, e não para assisti-los. Logo, percebemos que a fronteira entre
brincantes e público se esvai nesse contexto, e a própria distinção entre
quem é e quem não é brincante torna-se extremamente frágil, pois, de certo
modo, na brincadeira todos/as viram brincantes. pág. 59/60” Brincante é um
Estado de Graça: Sentidos do Brincar na Cultura Popular- Andressa U.
Moreira - U. de Brasília - 2015
Com o tempo O Ramo*** migrou para as Festas
Natalinas e ainda é realizado durante nove noites visitando os
lares dos alagoinhenses. Mas continuou com a sua ritualística
que incluía uma banda de pífanos, canticos sacros, café, bolo e
muito vinho para receber os Brincantes em após a chegada na
casa do anfitrião da vez. Estes eventos eram um ponto de
encontro natural dos Brincantes de Alagoinha, dos artesãos,
músicos e cantores. Por Alagoinha ser um lugar com a presença
de tantas Culturas Populares as festas mundanas viravam a
noite ao som dos mais variados ritmos e cantos além de
brincadeiras e adivinhações. Isto ajudou a construir no
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imaginário dos Alagoinhense que a cidade era uma fonte


inesgotável de músicos, cantores e repentistas. E este era o
grande diferencial das festas populares de Alagoinha: a sua
cultura. Que graças às festas do Ciclo Natalino ficou conhecida e
reconhecida em toda região e até em outros Estados. Nestes
eventos também eram realizadas a comercialização de comidas
típicas como o bolo ligado de massa de mandioca, doces e
frutas de época como o jambo e a siriguela, rosário de coco
ouricuri, além de uma bebida extraída da casca do abacaxi a
Gengibirra. Artigos em couro, palha e barro também eram
oferecidos ao público nestes eventos.

Políticas Públicas de Cultura em Alagoinha


O que tomaremos a liberdade de chamar neste
artigo de Políticas Públicas de Cultura em Alagoinha na verdade
é desde o seu aparecimento uma Política de Eventos. Antes da
Constituição Federal de 1988 o papel da prefeitura era alocar
espaços e disponibilizar o fornecimento de água e eletricidade
para as festas do Ciclo Natalino enquanto que as do Ciclo Junino
eram de inteira responsabilidade das comunidades que as
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promoviam. No caso do Distrito Sede os moradores eram quem


realizavam estes eventos que eram apresentações de Quadrilha
em suas ruas, a Quadrilha de Deda (Av. Gonçalo Antunes
Bezerra) é um desses casos além do Fia Pavio (Rua Frei João)
um forró que tinha como um de seus idealizadores o músico e
cantor Nivaldo de Dionísio. A Constituição Federal em seu
Artigo 215: “[O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos
culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a
valorização e a difusão das manifestações culturais.]” Já em seu inciso
terceiro este artigo dispõe sobre o embrião do que viria a ser as
Políticas de Cultura: “[§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de
Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País
e à integração das ações do poder público]”

*** Erasmo Lumba de Oliveira - 2014


A partir destes princípios o Estado passou a
aumentar os valores investidos na cultura e com a promulgação
em 1991 da Lei 8.313 (Lei Rouanet) a iniciativa privada iniciou
uma participação mais ativa no mercado cultural por meio da
renúncia fiscal que o governo oferecia. Em Alagoinha e em
outras localidades boa parte destes recursos foi investido na
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realização de eventos. Em 1990 uma mudança significativa


aconteceu no Ciclo Junino com a construção do Palhoção
Chamego do Povo****. Logo os músicos e cantores locais
perderam espaço para atrações contratadas em outras cidades
as festas da zona rural e as quadrilhas de rua foram esvaziadas.
Com estrutura de som e iluminação nunca vista na cidade o
Palhoção atraia pessoas de todas as localidades e em poucos
anos o Ciclo Junino em Alagoinha estava limitado a ele. Em vez
da toada, da embolada, da canção de viola o que se ouvia neste
eventos eram os conteúdos impostos pela Indústria Cultural
que de olho neste novo mercado saia do eixo Rio-São Paulo e
na figuras de bandas como Mastruz com Leite assumia a
hegemonia em todo o Nordeste. O fato é que, quando um
artista local assumia os microfones nesses eventos era para dar
voz a conteúdos totalmente desligados do seu viver e fazer
cultural. As Políticas Culturais do Estado em Alagoinha, se é que
podemos chamar a um desmonte nestas proporções de Política
Cultural foram de grande impacto na cultura alagoinhense.
Logo o Ciclo Natalino sofreria os mesmos impactos e com o
encarecimento das festas ainda na década de 1990 a Prefeitura
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assumiu a responsabilidade por sua realização. A contratação


de atrações musicais de outras cidades a preços nunca
revelados inflou o orçamento das festas natalinas de tal forma
que a comissão organizadora já não podia arcar com os custos
baseados no modelo tradicional: arrecadação de fundos com
leilões de prendas durante a festa e no dia primeiro de janeiro.
Prendas estas doadas pelos alagoinhenses. No modelo
tradicional os parques de diversões eram convidados e dividiam
e entregavam parte das bilheterias como contrapartida para a
comissão gestora composta por pessoas da sociedade civil. Com
o novo modelo, estes parques passaram a cobrar uma taxa para
virem se instalar na festa e além de ficarem com toda a
bilheteria. O mesmo pode ser aplicado às apresentações
culturais. É constrangedor comparar o cachê dos músicos ou
cantores Alagoinhenses com o gasto realizado com atrações na
última década como Saia Rodada, Cavaleiros do Forró, Gatinha
Manhosa, Mano Walter, etc.
**** O Palhoção erguida uma estrutura erguida com madeira e coberta de
palha de coco. Surgiu em 1990 e por causa dos custos e o risco de incêndios
deixou de ser construído depois de 2010. Atualmente a festa é realizada no
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mesmo local. Um cruzamento entre a Av. Gonçalo Antunes e a Praça Barão


do Rio Branco
O que resultou desta Política Cultural foi um
distanciamento do público alagoinhense com a sua cultura. Ao
ponto de em 2012 durante as festas natalinas o poeta e
aboiador Natalicio Melo (ex-integrante da dupla Fon e
Natalício) ao subir no palco com o cantor Raí Soares (Saia
Rodada) ser vaiado pela maioria dos presentes. A atitude dos
alagoinhenses chocou tanto o vocalista do Saia Rodada que ele
se viu na obrigação de exigir respeito a Natalício, por ser filho
da terra e por estar representando a cultura de Alagoinha.

Identidade Cultural
O perigo contido em políticas culturais como a
exposta acima é o risco de ser perder a identidade cultural. O
trabalho realizado por cantores, músicos, repentistas,
brincantes de gerações de alagoinhenses sofreu uma perda
imensurável em apenas três décadas. Políticas Culturais assim
se originam em gestores com formação inadequada para os
cargos que exercem ou a total falta de comprometimento com
a cultura. Somente isto explicaria ações tão destrutivas com as
21

manifestações culturais. Favorecimento de grupos políticos em


detrimento de toda uma comunidade também ajudam a
explicar tamanha ignorância quanto aos bens culturais
materiais e imateriais do município. Por isto é que se propõe
uma introdução ao estudo da cultura como passo inicial para
não se cometer os mesmos erros que em Alagoinha com o
tempo se transformaram em regra.
Seguindo o conceito de Canclini para Culturas
Populares e o de Teixeira Neto para Cultura, temos que As
Culturas Populares de Alagoinha são aquelas manifestações
culturais em que os saberes e fazeres de caráter sustentável e
construtivo encontram-se em interação conflitiva com setores
hegemônicos que neste caso particular é a Indústria Cultural
que tem no poder público alagoinhense o seu principal
baluarte. Estes conceitos são importantes quando deseja-se
evitar o uso inadequado de recursos públicos e o incentivo a
atividades que têm caráter predatório das Culturas Populares.
Dito isto, a cultura de uma comunidade neste caso é
um prolongamento de sua vida e onde os saberes são passados
de geração em geração com o objetivo de compartilhar o
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aprendizado, vivências e emoções. Está relacionado com o


desenvolvimento sustentável e o melhor aproveitamento dos
recursos naturais utilizando como ferramenta de propagação a
cultura. Por isto, as Culturas Populares não conseguem
sobreviver alienadas de suas raízes. Isto é longe de sua fonte
inspiradora e motivadora. As Manifestações Culturais nascem
da experiência e vivência de toda uma comunidade e tem neste
aspecto a sua razão de existir. Nelas, todos são igualmente
importantes, desde a pessoa que assume o papel de Brincante,
de artesão, de mestra ou menestrel até o público que lhe
assiste. O local onde estas Manifestações Culturais ocorrem
também possuem igual valor tornando-se verdadeiros
territórios de cultura. Seja o terreiro de uma casa, uma sala,
uma escola, um espaço comunitário ou uma igreja. Sua função
social é manter a comunidade unida mesmo em épocas difíceis.
É receber com alegria aqueles que tiveram que deixar a sua
terra natal e sonha um dia voltar e ouvir aquele poeta,
participar daquela dança, presenciar aquela história. Este
migrante pode dançar um xote em qualquer lugar, participará
de saraus e cantorias e ouvirá histórias por onde passar mas
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nunca aquelas com as quais têm uma ligação desde que estava
no ventre de sua mãe. Antes mesmo de nascer aqueles cantos,
aqueles sons já faziam parte de sua vida, já o preparavam, já o
acolhiam no seio de sua comunidade. Negar as novas gerações
estas vivências é negar-lhe participar de algo maior: uma
identidade cultural.

A Importância das Culturas Populares


Muito se discute sobre a importância de promover
e salvaguardar as Culturas Populares por alguns dos motivos
acima mencionados. Todos os dias as consequências negativas
de um modelo de desenvolvimento que não leva em
consideração a preservação dos recursos naturais e o respeito
aos povos originários se tornam mais claras. Desmatamento,
desertificação, assoreamento de rios e lagos, poluição hídrica e
do solo e em escala global as mudanças climáticas. Em algum
momento de nossa história os saberes tradicionais no trato com
o clima e a terra foram deixados de lado em nome de um
progresso econômico a qualquer custo. O conhecimento de
espécies curativas, alimentos mais nutritivos e manejo
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sustentável do solo foram suplantados pelo remédio da


farmácia, alimentos industrializados e agrotóxicos. O que indica
que as Culturas Populares extrapolam as Manifestações
Culturais e abrangem uma gama maior de atividades: encontrar
um local para se cavar uma cacimba, como fazer a limpeza das
terras para a o cultivo, o conhecimento de espécies de plantas
medicinais, tratar os animais com remédios obtidos a partir de
plantas nativas tudo isso é parte deste saber e que em algum
momento, seja em uma dança, um canto, uma história nos é
passado em forma de cultura. Em outras palavras, é muito
bonito e prazeroso ver o trabalho de uma rendeira, uma
bolseira, uma artesã. No entanto, não se pode esquecer o fato
de que ela é um ser integral, completo. Quais serão os desejos
e anseios, os sonhos e as realizações as quais aspira esta
mulher, mãe, filha e irmã? Ela detém e aplica esta técnica por
que gosta, sente-se à vontade ou por uma necessidade
puramente econômica? As Culturas Populares não podem e
não devem ser utilizadas como desculpa para que boa parte da
população viva à margem da sociedade e produza bens
materiais ou imateriais que servem de fetiche para as classes
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dominantes. O mito de que a miséria é a força motriz por trás


das Culturas Populares precisa ser superado. A pobreza, a
miséria só consegue gerar uma coisa: mais pobreza e miséria
em um círculo vicioso e sem fim.

Cultura e Barbárie
O primeiro passo em direção à mudança das Política
Públicas em relação a cultura é o quanto sabe-se sobre ela.
Teixeira Coelho, em obra citada anteriormente adverte para
que “[Quando tudo é cultura — a moda, o comportamento, o futebol, o
modo de falar, o cinema, a publicidade —, nada é cultura. pág. 20]” o que

proporciona traçar uma linha entre a cultura e o seu contrário,


isto é a barbárie. Com esta premissa como poderíamos
classificar o costume adquirido em Alagoinha, deste a
implantação dos grande eventos bancados pelo dinheiro
público, o costume de se formar rodas de jovens e adolescentes
nos canteiros da praça Barão do Rio Branco em torno de litros
e mais litros de bebida alcoólica e se embriagar até não darem
conta de seus atos? Isto é sustentável? Isto é saudável? Que
tipo de indivíduos a sociedade está formando? Sem a distinção
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entre cultura e barbárie é possível dizer que isto seria uma


manifestação cultural alagoinhense que já dura algumas
décadas. Mas devido aos frutos oriundos de comportamentos
assim: dependência química, violência, evasão escolar, gravidez
precoce, pode-se afirmar que se trata de uma manifestação de
barbárie. Quando um gestor público promove eventos onde o
único objetivo é aglomerar pessoas e através disto incentivar o
consumo de bebidas alcoólicas de maneira irresponsável e sem
nenhuma proteção a crianças, adolescentes e pessoas
portadoras de necessidades especiais o que ele está
promovendo é uma exaltação à barbárie.
Durante o mapeamento de atividades culturais é
imprescindível que se tenha um parâmetro mesmo que ele não
tenha cem por cento de efetividade. Mas é a partir deste
parâmetro que começa-se a construir um modelo a ser
utilizado e através de sua utilização se alcança resultados mais
satisfatórios. Em Alagoinha é possível no primeiro momento
fazer uma aplicação deste parâmetro com base na cultura e seu
contrário com o objetivo de mensurar quais atividades
precisam serem incentivadas pelo poder público em detrimento
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das outras que deve-se deixar a cargo da iniciativa privada ou


serem até mesmo combatidas por seus conteúdos degradantes
da pessoa humana.

Estudo de caso
Como mostrou este artigo em Alagoinha cabe ao
Estado as principais ações de incentivo e promoção da cultura.
Também foi explicitado como esta Política Pública de Cultura foi
aplicada e os impactos oriundos desta atuação. A seguir duas
propostas para realização de eventos em Alagoinha. A primeira
é de maio de 2017 e a segunda de novembro de 2019.

Case 1: em 2017 um grupo formado por alunos formandos de


uma escola da cidade vai até a prefeitura e expõe o projeto de
um evento. Nele Paredões (Carros equipados com som
potentíssimo) irão competir pela melhor performance (isto é,
quem tem o som mais forte). O evento ocorrerá durante um
domingo a partir das quatorze horas com horário de término
não especificado. O local escolhido fica a 500 metros de um
bairro habitacional e está prevista a venda de bebidas
alcoólicas e será cobrada entrada. O som de um único Paredão
pode alcançar 116 decibéis (o aconselhado ao ouvido humano
é 80 decibéis) e estão previstos 08 Paredões. Para a sua
realização é necessário a aprovação da prefeitura e da Política
Militar.
Case 2: Um grupo formado por funcionários públicos da
prefeitura expõem um projeto de evento para a gestão
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municipal. Será realizada uma trilha com motos que cortaram


diversas estradas do município incluindo parte de um rodovia
estadual. Os trilheiros irão se reunir a partir das 08:00hs da
manhã em frente a quadra poliesportiva da cidade, que está
situada em um bairro habitacional. Um palco será montado
pela gestão municipal que deverá ceder um carro de som para
a publicidade do evento. Artistas serão contratados e entre
seu portfólio músical está incluído Brega funk e Piseiro.O
evento ocorrerá das 08:00hs até as 18:00hs. Será cobrada a
inscrição dos participantes da trilha e se realizará a venda de
bebidas alcoólicas.

Apesar dos objetivos e do conteúdo destas


propostas eles foram realizados e para tal a prefeitura não
mediu esforços. Tendo em vista tudo o que já foi discutido
neste artigo sobre o que é cultura e o que seria a barbárie estes
eventos é a prova inconteste de que em qual direção está
orientada a política cultura de Alagoinha. Em ambos os casos se
atentou contra o sossego e o descanso da maioria dos cidadãos
além da utilização da estrutura pública: espaços, funcionários e
recursos em prol de ganhos financeiros de terceiros. O Estado
Democrático de Direito permite que os mais variados eventos
ocorram desde que respeitadas as especificidades de cada um.
Mas utilizar recursos públicos para eventos com este programas
e objetivos demonstra claramente como e para que é investido
o dinheiro do contribuinte em Alagoinha.
29

Cultura x Arte
Sabendo quais atividades culturais são civilizatórias
e quais são barbarizantes o caminho para a construção de
Políticas Públicas Culturais ganha um método. Como todos os
métodos podem ser aperfeiçoados durante a sua construção e
aplicação. Mas é essencial partir de um princípio orientador. E
este princípio é o de que as Culturas Populares que devem ser
apoiadas e reverenciadas são aquelas que têm como essência o
crescimento e o desenvolvimento humano. Isto implica
também no reconhecimento de atividades que não estão
diretamente ligadas ao campo das artes. Por que existem
diferenças importantes entre Arte e Cultura que o Gestor
Cultural precisa ter bem definidos antes de propor ações
culturais. Para Teixeira Coelho a principal diferença entre a
Cultura e a Arte é que a primeira é conservadora, enquanto que
a segunda é contestadora. Segue abaixo um organograma
baseado no conceito de Cultura e Arte segundo Teixeira Coelho:
30

Como visto acima, a Cultura está situada no


organograma do lado das instituições que aqui são
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representadas pelo Estado. A Arte por sua vez está no extremo


oposto que é o da liberdade. Portanto, não é possível existir
políticas de Arte em Estados democráticos. Por que está sendo
de natureza contestadora é de sua essência viver em choque
com as instituições e o status quo. As políticas de Arte
realizadas em Estados de regime de exceção como a antiga
URSS, Alemanha Nazista, Itália Fascista e China Comunista
resultaram em expurgos de grande parcela de seus artistas e
um direcionamento da arte local em prol destes regimes
totalitários. Muitos teóricos evitam esta classificação por ver
nela uma diminuição da cultura em relação a arte. O que não é
verdadeiro. A função da cultura é acolher o indivíduo. Ali ele
sente-se seguro para se desenvolver em sua comunidade. Os
aprendizados adquiridos com a sua cultura o acompanharam
por toda a sua vida e conscientemente ou não o seu fazer
artístico receberá influências dela . Mas para se arte, deve ser
contestadora. No caso de Alagoinha alguém mais atento
poderia fazer a seguinte pergunta: o fato dos jovens se
embriagarem no meio da rua poderia ser classificado como
uma manifestação da arte? A resposta seria não! Apesar de
32

este comportamento ser visto como uma reação às regras


culturais da sociedade, não pode ser classificado como uma
atitude artística por que em nenhum momento estes jovens se
rebelam contra a ordem instituída pelo Estado. Aliás, é o
próprio Estado que através de uma Política Pública que
privilegia manifestações da Barbárie quem financia a realização
destes eventos.

Políticas Culturais
Munido de conhecimentos sobre o que seria
manifestações da Cultura e manifestações da Barbárie e dos
conteúdos específicos dos campos (campo da Cultura e da Arte)
e as suas principais diferenças, o Gestor Cultural pode traçar os
objetivos e os planos de ação de seu trabalho. Para tal é
necessário conseguir respostas para algumas questões
importantes, construindo assim um diagnóstico cultural das
comunidades.
1. Onde, quando e como as Culturas
Populares de Alagoinha se manifestam?
2. Quem são e como vivem essas pessoas?
33

3. Qual a relação destas manifestações


culturais com estas populações?
4. Estas culturas populares são Autóctones
ou Exóticas?
5. O caráter predominante nestas
manifestações é Cultural ou
Barbarizante?
6. Em qual estágio estas culturas se
encontram: Instituídas, Instituintes ou
Residuais?

As respostas para estas questões obtidas após um


trabalho de pesquisa in loco ajudaram a traçar um panorama
dos bens culturais materiais e imateriais das comunidades.
Evita-se também o erro de aportar recursos em determinadas
ações culturais que são auto sustentáveis (realizações de shows
de forró eletrônico) direcionando os investimentos públicos ao
que realmente é necessário. Evita também a generalização
quanto a existência de manifestações culturais. Quando se
afirma que “Alagoinha é a terra dos poetas” está mais voltado
para o que já foi, do que aquilo que realmente é. Na verdade
34

não se tem atualmente nenhuma projeção de quantos poetas


existem ou quem eles sejam na Alagoinha do presente. Não se
pode interagir com o que não se conhece. O cadastramento
remoto destas atividades pode dificultar a aplicação destes
dados na vida real. Como a Cultura é determinada pela relação
entre o indivíduo e a comunidade na melhor das hipóteses em
um cadastro online o músico, o cantor, o ceramista, o artesão
consegue demonstrar que é um artista. E como demonstrado
anteriormente as Políticas Públicas de Cultura estão voltadas
para manifestações culturais da comunidade (Cultura) e não do
indivíduo (Arte).

Considerações finais
A elaboração de Políticas Públicas de Cultura passa
obrigatoriamente pelo estudo da bibliografia sobre o tema, na
formação profissional dos gestores públicos e no conhecimento
profundo de como a cultura é vivida e praticada pelas
comunidades que serão alvo das ações do Estado. Políticas
Públicas de Cultura equivocadas ou a falta delas acarretam na
diminuição ou desaparecimento de manifestações culturais
35

como é o caso dos eventos promovidos pelo Estado em


Alagoinha nos Ciclos Juninos e Natalinos em detrimento das
Culturas Populares do município além de estimular
manifestações da barbárie como o consumo de bebidas
alcoólicas por crianças e adolescentes, a violência e o
alcoolismo. As Culturas Populares de Alagoinha trazem os
saberes e os fazeres de sua gente e podem ser uma ferramenta
de transformação social e econômica das comunidades através
da valorização de manifestações culturais que promovam a
sustentabilidade, a educação e o bem estar das populações. Um
passo importante rumo a conquista desses objetivos é a
interação entre Estado e Sociedade Civil, esta última
representada por Associações de moradores, APM (Associação
de Pais e Mestres) estudantes, entidades de classe (sindicatos,
associações de artesãos, rendeiras, agricultores) pesquisadores,
etc. No entanto, apesar deste artigo ter se aprofundado em
temas importantes para o estudo das Culturas Populares como
a sua conceitualização, seu estado atual no município e sugerir
a construção de um diagnóstico cultural das comunidades a
construção de uma Política Pública de Cultura outros estudos
36

devem se realizados com o intuito de fornecerem mais


informações sobre o assunto. Principalmente no tocante a
pesquisas de campo, registro audiovisual das manifestações
culturais e entrevistas com Brincantes, musicistas, cantoras
(es), poetas/poetisas, artesãs(ãos) contadoras (es( de história,
benzedeiras, etc.

Referências

ADORNO, Theodor W. Indústria Cultural e Sociedade - São Paulo


- Editora Paz e Terra S/A - 2002.
CANCLINI, Néstor García. - Las Culturas Populares en El
Capitalismo - México - DF. Editorial Nueva Imagen - 1982.
JUNIOR, Durval Muniz de Albuquerque. O Engenho
Anti-Moderno: A Invenção do Nordeste e outras Artes - Tese
(doutorado) -Campinas, SP. Universidade Estadual de Campinas,
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - 1994.
MOREIRA, Andressa Urtiga. Brincante é um Estado de Graça:
Sentidos do Brincar na Cultura Popular - Dissertação (Mestrado
37

em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde) Brasília -


Universidade de Brasília - 2015
NETTO, José Teixeira de Coelho. - A Cultura e seu Contrário -
São Paulo - Editora Iluminuras - 2008.
OLIVEIRA, Erasmo Lumba de. Alagoinha, Nossa Terra, Nossa
História - Recife - Editora Libertas - 2014

Sobre o autor

Aparecido José Galindo, nascido no Sítio Monte


Alegre/Alagoinha/PE em 1981 - radicado em São Paulo
desde 2005 é Escritor, Músico e Pesquisador. Com
Graduação em Gestão Ambiental e Pós Graduação em
Gestão de Resíduos. Aparecido Galindo é Educador
Cultural: Literatura de Cordel, Brinquedos Cantados,
Musicalização Infantil e Contador de Histórias. Educador
Ambiental: Vivências Ambientais, Oficinas de Redução de
Resíduos, Reutilização e Reciclagem (3Rs). Guia de
Turismo Especializado em Turismo Cultural (Cidade de
São Paulo) e Receptivo. Escritor: Romances, Novelas,
38

Contos, Literatura Infanto-Juvenil, Poemas, Artigos e


Pesquisas sobre Meio Ambiente, Cultura e Sociologia.
Músico: Instrumentos: Percussão, Flauta Transversal
Pífano e Violão. Compositor: MPB, Baião, Xote e Toadas
de Vaqueiro. Repentista: Embolada, Aboio de Vaqueiro e
Repente de Viola.
Obras Publicadas de Forma Independente:

Versos Reversos - Poesia - Editora Livre Expressão -


2012
O Baloeiro - Romance - Clube de Autores - 2013
Paisagens Sertanejas - Poesia - Clube de Autores - 2014
A Embolada de Alagoinha - Pesquisa - Clube de Autores -
2016
O Menino que Vendia Pássaros - Contos - Clube de
Autores - 2020
Canguçu: a onça que virou menino - Lit. Infanto-Juvenil -
Clube de Autores - 2020.

Site Oficial:
39

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