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Robert E. Howard - Conan - A Torre Do Elefante
Robert E. Howard - Conan - A Torre Do Elefante
Capítulo 1
O kothiano resolveu tomar isso como uma afronta pessoal. Seu rosto
ficou rubro de raiva.
- O quê? – esbravejou ele – Você ousa nos dizer como devemos
proceder e insinua que somos covardes? Suma da minha frente! –
esbravejou, empurrando o cimério com violência.
- Cão do inferno! – vociferou ele – Vou arrancar seu coração por isso!
Capítulo 2
- Taurus da Nemédia.
Uma risada baixa foi a resposta. Taurus era tão alto como o cimério,
porém mais pesado; gordo, tinha o ventre grande, mas cada
movimento seu era imbuído de um sutil magnetismo dinâmico, que
se refletia em seus olhos penetrantes e brilhantes, cheios de
vitalidade. Ele estava descalço e carregava um rolo que parecia uma
corda fina e forte, com nós amarrados a intervalos regulares.
- Por Bel, deus dos ladrões! – sussurrou Taurus – Pensei que somente
eu tivesse a coragem de tentar essa façanha. Esses zamorianos se
denominam ladrões... bah! Conan, gosto de sua audácia. Eu nunca
compartilhei uma aventura com alguém; mas, por Bel, tentaremos
isso juntos, se você quiser.
- Que lhe parece? Planejei tudo durante meses; mas você, meu
amigo, acho que agiu por impulso.
- Cinco à vista; talvez mais deles atrás dos arbustos. Eles vão atacar
num minuto...
- Era feito do lótus negro, cujas flores crescem nas selvas perdidas de
Khitai, onde moram apenas os sacerdotes de crânio amarelo de Yun.
Essas flores matam quem as cheirar.
- Porque era tudo o que eu tinha. Obter esse pó foi uma façanha que
por si só me tornou famoso entre os ladrões do mundo. Eu o roubei
de uma caravana que se dirigia para a Stygia; estava num saco de
tecido dourado, guardado por uma enorme serpente. E consegui tirá-
lo sem despertá-la. Mas venha, em nome de Bel! Vamos desperdiçar
a noite discutindo?
- Não, por Crom! – respondeu o bárbaro – Mas foi por um triz. Por
que esse maldito animal não rugiu quando nos atacou?
- Ela agüenta três vezes o meu – respondeu Taurus – Foi tecida com
tranças de mulheres mortas, roubadas de seus túmulos à noite. Para
torná-la ainda mais forte, eu a mergulhei no vinho mortífero das
árvores upas. Eu vou primeiro, me siga de perto.
Conan não viu razão alguma para fazer isto, e uma leve suspeita de
seu companheiro tocou sua alma cansada, mas ele fez o que Taurus
pedira. Quando saiu, o nemédio deslizou para dentro e fechou a
porta. Conan rastejou por toda a volta da borda da torre, voltando
para o ponto de início sem ter visto nenhum movimento suspeito no
mar ondulante de folhas embaixo. Voltou para a porta – de repente,
dentro da sala, ouviu-se um grito estrangulado.
Conan olhou à sua volta, mas nenhum outro terror apareceu, e ele se
pôs a tentar livrar-se da teia. A substância grudava tenazmente no
tornozelo e nas mãos, mas finalmente ele se libertou e, tomando a
espada, esgueirou-se entre os fios e rolos cinzentos até a porta
interna. Que horror se esconderia lá dentro ele não sabia. O sangue
do cimério estava quente, e já que ele tinha chegado tão longe e
vencido tantos perigos, estava decidido a ir até o fim da horrível
aventura, qualquer que fosse. E sentia que a jóia que procurava não
estava entre as que se espalhavam pela sala reluzente.
Capítulo 3
- Quem está aí? Você veio para me torturar de novo, Yara? Você
jamais fica satisfeito? Ó, Yag-Kosha, quando essa agonia terá fim?
- Eu não sou Yara – disse ele – Sou apenas um ladrão. Não vou
machucá-lo.
“Sou muito velho, ó homem dos países desertos; eras atrás, eu vim
para este planeta junto com outros do meu mundo, de um planeta
verde chamado Yag, que gira eternamente na orla desse universo.
Viemos voando pelo espaço com asas poderosas que nos levaram
pelo cosmo mais rápido que a luz, porque fomos banidos depois da
derrota numa guerra contra os reis de Yag. Mas jamais pudemos
voltar, pois, na Terra, as nossas asas murcharam. Aqui, vivíamos
separados da vida terrestre. Lutamos com as estranhas e terríveis
formas de vida que andavam pela Terra então, de maneira que nos
tornamos temidos e não éramos molestados nas florestas escuras do
Oriente onde morávamos.
- Por fim, chegou a hora da mais poderosa magia jamais vista até
hoje, e que jamais será vista no futuro, por milhares e milhares de
milênios. Pelo sangue de minha vida, eu o conjuro, pelo sangue
nascido no peito verde de Yag sonhando suspenso na imensidão azul
do Espaço.
Agora Yara não era maior que uma criança; depois do tamanho de
um bebê, ele esticou-se sobre a mesa, ainda segurando a jóia.
Súbito, percebendo o seu destino, o feiticeiro levantou-se de um
salto, soltando a gema. Ele continuava encolhendo mais ainda, e
Conan viu uma minúscula figura correndo loucamente pela mesa de
ébano, agitando os minúsculos braços e gritando numa voz que
parecia o guinchar de um inseto.
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