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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA


FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL

CADEIA PRODUTIVA DA BORRACHA NO ARQUIPÉLAGO


DO TABULEIRO DO EMBAUBAL, SENADOR JOSÉ
PORFÍRIO, PARÁ

ÂNGELA CRISTINA COSTA CARNEIRO

Altamira – Pará
2014
ÂNGELA CRISTINA COSTA CARNEIRO

CADEIA PRODUTIVA DA BORRACHA NO ARQUIPÉLAGO


DO TABULEIRO DO EMBAUBAL, SENADOR JOSÉ
PORFÍRIO, PARÁ

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade de Engenharia Florestal da Universidade
Federal do Pará, Campus Universitário de Altamira,
como requisito parcial para a obtenção do grau de
Engenheiro Florestal.

Orientador:
Prof. Me. Deivison Venicio Souza

Altamira – Pará
2014
ÂNGELA CRISTINA COSTA CARNEIRO

CADEIA PRODUTIVA DA BORRACHA NO ARQUIPÉLAGO


DO TABULEIRO DO EMBAUBAL, SENADOR JOSÉ
PORFÍRIO, PARÁ

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade de Engenharia Florestal da Universidade
Federal do Pará, Campus Universitário de Altamira,
como requisito parcial para a obtenção do grau de
Engenheiro Florestal.

Aprovado em 21 de novembro de 2014.

__________________________________________
Prof. Me. Deivison Venicio Souza
Orientador - UFPA

__________________________________________
Prof.Me. Vinicius Campos Paraense– UFPA
1º examinador

__________________________________________
Profa.Dra. Alessandra Doce Dias de Freitas– UFPA
2ª examinadora
iv

DEDICATÓRIA

Aos meus pais (José Gonçalves e Mª Lúcia),


irmãos (Mauro, Mário e Cristiane), esposo e
filhas (Reinaldo, Eduarda e Eloá) por se
fazerem sempre presentes em minha vida.
v

AGRADECIMENTOS

Quando a luta é muito grande, e um dia conseguimos vislumbrar o final “da etapa”,

certamente haverá uma lista enorme de agradecimentos a ser feito... A minha me pareceu

enorme, então, esta é minha lista.

Agradeço primeiramente a Deus por estar presente em todos os momentos da minha

vida. À meus pais (José e Lúcia) e irmãos (Mauro, Mário e Cristiane) por ter atendido a todos

os meus pedidos de socorro nos momentos mais complicados. À minha irmã Cristiane pelas

imensas contribuiçõesdadas a este trabalho, pelo apoio em campo e por ter estado sempre

disponível. À meu marido Reinaldo e filhas (Eduarda e Eloá) por aceitar e perdoar as

ausências durante toda a trajetória da graduação. À Fábia, por ser bem mais que uma

funcionária e por assumir as tarefas da minha casa e de minhas filhas, sobretudo nas minhas

ausências.

Ao Professor Deivison Venicio Souza, meu orientador, por ter me aceito como

orientanda mesmo quando já estava tão comprometido com outros alunos e atividades. Pelo

apoio, pelos ensinamentos, pela paciência e pela dedicação... Por ser tão gente boa. Obrigado

professor. Agradeço também ao professor Vinícius Paraense, pelos ensinamentos e

contribuições fundamentais para a conclusão deste trabalho, e por estar sempre tão

disponível... Muito obrigado professor.

A SEFIN – Secretaria de Finanças de Altamira, representada aqui por meus colegas de

trabalho e em especial pelas amigas Cleurivânia e Mariza pela “cobertura” durante tantas

vezes que precisei me ausentar.

Agradeço a minha turma, pelo respeito e consideração sempre. Agradeço a minhas

amigas Raiane, Josiane, Joilan, Paula “gata”, Sônia e em especial: À Jéssica por ser meu anjo

da guarda durante todo o curso, sempre totalmente disponível e à Luana, que carinhosamente
vi

me levou todas as apostilas quando me ausentei no resguardo da maternidade....e por ser

sempre tão amiga.....anjo também....Muito obrigado.

Agradeço a todos os moradores das ilhas do Tabuleiro do Embaubal, que me

receberam muito bem, em especial ao Srº Antonio David “Seu Tuica” e a sua família,

seringueiro e pescador que me apontou os caminhos e dividiu seu conhecimento. Ao Márcio

Sousa, Jessica e Cristianeper terem me ajudado na coleta dos dados.

E por fim, a Universidade Federal do Pará e a todos os professoresda Faculdade de

Engenharia Florestal em especial a Alessandra Doce, Marlon Menezes, Fábio Leão, Vinicius

Paraense, Alisson Reis e Deivison Venício por fazerem a diferença.


vii

EPÍGRAFE

“[...] Desistir dos sonhos é abrir mão da felicidade, porque quem não persegue
seus objetivos esta condenado a fracassar 100% das vezes [...]”

Augusto Cury
viii

SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................... 9
LISTA DE FIGURAS................................................................................................... 10
Resumo ...................................................................................................................... 11
Abstract. ...................................................................................................................... 11
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 12
METODOLOGIA......................................................................................................... 13
Localização e caracterização da área de estudo .......................................................... 13
Procedimento de coleta dos dados .............................................................................. 14
RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 15
Extrativismo no Arquipélago do Tabuleiro do Embaubal: abordagem histórica ....... 15
Cadeia produtiva da borracha ..................................................................................... 17
Percepção dos extrativistas sobre impactos da Usina Hidrelétrica de Belo Monte .... 23
CONCLUSÃO............................................................................................................... 24
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 25
APENDICE A: .............................................................................................................. 27
APENDICE B: .............................................................................................................. 30
INSTRUÇÕES PARA SUBMISSÃO DE TRABALHOS ......................................... 31
9

APRESENTAÇÃO

O artigo “A cadeia produtiva da borracha no Arquipélago do Tabuleiro do Embaubal, Senador


José Porfírio, Pará”, será submetido ao periódico científico Novos Cadernos NAEA.
10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Mapa de localização das ilhas do tabuleiro do Embaubal.


Figura 2. Estrutura de cadeia produtiva da borracha no Arquipélago do Tabuleiro do
Embaubal, Senador José Porfírio, Pará.
11

EXTRATIVISMO DA BORRACHA NO ARQUIPÉLAGO DO TABULEIRO DO


EMBAUBAL: CADEIA PRODUTIVA E ENTRAVES
Ângela Cristina Costa Carneiro¹, Jéssica de Souza Meurer2, Márcio Luis Silva Souza³,
Vinicius de Campos Paraense4, Deivison Venicio Souza5
Ângela Cristina Costa Carneiro – Graduanda em Engenharia Florestal, Universidade Federal do Pará (UFPA),
Rua Coronel José Porfírio, 2105, CEP 68370-000, Altamira (PA), Brasil. criscaazevedo@hotmail.com.
Jéssica de Souza Meurer – Graduanda em Engenharia Florestal, Universidade Federal do Pará (UFPA), Rua
Coronel José Porfírio, 2105, CEP 68370-000, Altamira (PA), Brasil. jessicasouzameurer@hotmail.com.
Márcio Luis Silva Souza – Graduando em Engenharia Florestal, Universidade Federal do Pará (UFPA), Rua
Coronel José Porfírio, 2105, CEP 68370-000, Altamira (PA), Brasil. souzamls@hotmail.com.
Vinicius de Campos Paraense– Mestre em Economía, Professor da Faculdade de Engenharia Florestal,
Universidade Federal do Pará, Rua Coronel José Porfírio, 2105, CEP 68370-000, Altamira (PA), Brasil.
DeivisonVenicio Souza – Engenheiro Florestal, Mestre em Ciências Florestais, Professor da Faculdade de
Engenharia Florestal, Universidade Federal do Pará, Rua Coronel José Porfírio, 2105, CEP 68370-000, Altamira
(PA), Brasil. deivisonvs@ufpa.br.

Resumo – O objetivo deste trabalho foi caracterizara cadeia produtiva da borracha e


identificar os gargalos de comercialização do produto no Arquipélago do Tabuleiro do
Embaubal, Pará. Foram utilizados questionários semiestruturados. Foram entrevistados dois
atores principais da cadeia produtiva: i) os extrativistas; e ii) os atravessadores. O principal
entrave da cadeia produtiva foi à pauta de comercialização da borracha estabelecida no valor
de R$6,00 para o Estado do Pará. Esta pauta foi decisiva para que todos os extrativistas que
venderam sua produção no ano de 2013 deixassem de ter acesso ao Programa de Garantia de
Preço Mínimo (PGPM). O extrativismo da borracha se apresenta como uma importante fonte
alternativade renda aos moradores do Arquipélago, sobretudo, quando se considera os
impactos negativos da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte sobre o estoque de
peixe do Rio Xingu.

Termos para Indexação: Hevea brasiliensis; látex; pauta da borracha; Usina Hidrelétrica de
Belo Monte

THE EXTRACTIVISM OF THERUBBER IN THE TABULEIRO DO EMBAUBAL


ARCHIPELAGO: PRODUCTIVE CHAIN AND EFFECTS
Abstract– The objective of this study was to characterize the productive chain of rubber and
identify the bottlenecks of the market the product in the Tabuleiro do Embaubal Archipelago,
Pará. Questionnaires semi-structured were used. Two main actors of the productive chain
were interviewed: i) the extractive; and ii) the middlemen. The main obstacle of the
productive chain was the agenda of the commercialization of the rubber established in the
amount of R $ 6.00 for the state of Pará. This agenda was decisive for all extractives who
have sold their production in 2013 would stop of the have access to the Program low Price
Guarantee (PGPM). The extractive of rubber presents itself as an important alternative source
of income to the inhabitants of the archipelago, especially when considering the negative
impacts of the construction of the Belo Monte Hydroelectric Power Plant on the stock of fish
in the Rio Xingu.
Index Terms: Hevea brasiliensis; latex; agenda of rubber; Belo Monte Hydroelectric;
Tabuleiro do Embaubal Archipelago
12

INTRODUÇÃO
Na Amazônia brasileira é possível encontrar diversas comunidades que permanecem
na floresta e transformaram sua vida em decorrência do extrativismo de produtos não-
madeireiros. Nesse contexto, a Hevea brasiliensis Müell. Arg. (seringueira) se destaca dentre
àquelas de expressiva importância sócio-econômica, devido ao líquido viscoso produzido –
látex – matéria-prima para produção da borracha, mostrando-se uma fonte alternativa de renda
para diversas comunidades da região Amazônica.
Em várias partes do Brasil, podem ser encontradas iniciativas importantes relacionadas
ao extrativismo do látex. Em Rondônia, Moreira et al. (2011) afirmaram que a cadeia
produtiva do látex, destina-se a coagulação e a fabricação demantas de um metro quadrado,
chamadas de tecido da floresta. Outra experiência, reportada por Samonek (2012), diz respeito
àquela realizada em comunidades ribeirinhas do Acre, cuja extração do látex possibilitou a
fabricação de diversos produtos, como telhas de borracha. No município de Xapuri, os
extrativistas do “Seringal Cachoeira”, na Reserva Extrativista Chico Mendes, organizados sob
a cooperativa Cooperacre, têm produzido borracha em três modalidades. Na Resex do Rio
Xingu, Pará, um projeto piloto desenvolvido em parceria entre o IMAFLORA - Instituto de
Manejo e Certificação Florestal e Agrícola e ISA - Instituto Socioambiental, tem buscado
fortalecer a cadeia produtiva de produtos florestais não-madeireiros (PFNM), com destaque
para a borracha nativa.
De acordo com Moreira et al. (2011) a exploração de produtos florestais não-
madeireiros é importante para a economia, tendo em vista que constituem-se em fonte de
renda para populações tradicionais, além do mais, sua importância também é atribuída ao fato
de não representar perturbações significativas ao equilíbrio ecológico comparado a outras
atividades. Não obstante, as cadeias produtivas de produtos não-madeireiros ainda são pouco
estudadas, muito embora, o seu conhecimento seja fundamental para auxiliar os formuladores
de políticas públicas, tendo em vista a melhoria da eficiência produtiva e a qualidade de vida
da população tradicional. Rodrigues (2006) afirma que o estudo da cadeia produtiva de uma
comunidade possibilita a identificação dos entraves existentes, cujo foco deve ser à
verificação de suas fontes de ineficiência entre e dentro dos diversos elos que as compõe.
A comunidade do Arquipélago de Embaubal, situado no baixo Xingu, Município de
Senador José Porfírio, formada principalmente por pessoas naturais desta região,
descendentes de pescadores e seringueiros que aprenderam e herdaram dos pais tais ofícios,
também buscam na extração do látex uma nova alternativa econômica, pautada no
fortalecimento de sua cadeia produtiva. Contudo, trata-se de uma iniciativa ainda incipiente,
13

confrontada por diversos entraves, os quais vêm dificultando a extração e comercialização da


borracha e, por conseguinte, a consolidação da cadeia produtiva.
Nesse contexto, considerando a importância da pesca ao longo dos anos para as
populações ribeirinhas distribuídas ao longo do rio Xingu, e os prejuízos acarretados mediante
a diminuição significativa da quantidade de peixes, vivenciados e relatados pelos ribeirinhos
que sobrevivem dessa atividade e dependem desse recurso para garantir a segurança alimentar
pessoal e familiar, o fortalecimento da cadeia produtiva da borracha poderá se configurar
como uma alternativa promissora e economicamente satisfatória, pois, poderá permitir uma
organização produtiva que proporcione uma renda mensal durante boa parte do ano, capaz de
suprir a ausência do recurso dessa atividade, à medida que os estoques pesqueiros estão se
tornando, a cada dia, mais escassos.
Este estudo teve o objetivo de caracterizar a cadeia produtiva da espécie Hevea
brasiliensis, no Arquipélago do Tabuleiro do Embaubal, identificando os entraves
vivenciados pelos extrativistas no processo de produção e comercialização da borracha.

METODOLOGIA

Localização e caracterização da área de estudo


O estudo será realizado no Arquipélago do Tabuleiro do Embaubal, situado no baixo
Xingu, localizado no município de Senador José Porfírio, pertencente à Mesorregião do
Sudoeste Paraense e à Microrregião de Altamira (Figura 1). De acordo com IDESP (2011), o
município encontra-se a 403,34 km da capital do Estado e limita-se ao norte com o Município
de Porto de Moz, a leste com os municípios de Portel e Anapu, ao sul com o Município de
São Felix do Xingu e a oeste com os municípios de Altamira, Porto de Moz e Vitória do
Xingu.
A vegetação desta região é composta principalmente por floresta ombrófila densa e
floresta ombrófila aluvial, que se modificam conforme a sua distribuição espacial. Entre as
espécies mais comuns no estrato de terra firme estão a castanheira (Bertholletia excelsa,
Lecythidaceae), o amarelão (Apuleiamollaris, Caesalpiniaceae) e a seringueira
(Heveabrasiliensis, Euphorbiaceae), (CARNEIRO, 2012). Caracteriza-se também, por
apresentar um ecossistema onde os solos são todos de origem Quaternária e sujeitos
periodicamente ao processo de hidromorfismo. Nestas ilhas, foram detectadas duas classes de
solos, os Gleissolos e os Neossolos (PARÁ, 2013).
14

Figura 1 – Mapa de localização das ilhas do tabuleiro do Embaubal.

A área proposta para este estudo fica entre as definidas para a criação de Unidades de
Conservação de natureza de proteção integral e de uso sustentável. Até pouco tempo atrás,
essas ilhas eram pouco habitadas. Contudo, a Secretaria de Patrimônio da União/SPU iniciou
um processo de concessão de uso para diversas famílias.

Procedimento de coleta dos dados


Foram entrevistados 35 seringueiros de diversas localidades do Arquipélago do
Tabuleiro do Embaubal, no baixo Xingu, correspondendo a 61,40% do total de extrativistas
(57). Igualmente, entrevistaram-se 2 (dois) atravessadores, os únicos que atuavam na região.
Para obtenção dos dados foi utilizada a técnicas de Diagnóstico Rural Rápido (DRR),
tendo como objetivoobter de forma rápida e eficiente as informações-chave indispensáveis à
compreensão dos agentes externos relativa à realidadee condições locais do ambiente rural,
conservando o caráter extrativo dos métodos formais (METTRICK, 1993).
Dessa forma, a pesquisa foi conduzida através da aplicação de questionários
semiestruturados com perguntas abertas (Apêndice A), em diversas ocasiões, por meio de
visitas às residências dos extrativistas tanto nas ilhas onde se localizam os seringais, quanto
em suas embarcações em meio ao Rio Xingu, bem como, na Cidade de Vitória do Xingu,
15

município vizinho a Senador José Porfírio, na qual, praticam a comercialização do peixe.


Além disso, foram feitas filmagens, fotos, e gravações das entrevistas. Um dos atravessadores
foi localizado e entrevistado na cidade de Altamira, contudo, possui residência também em
Vitória do Xingu, o outro, foi encontrado em uma das ilhas durante uma fase da entrevista em
campo. O questionário aplicado com os atravessadores, que realizam a compra direta do
extrativista teve como fins a identificaçãodos anseios e expectativas do mercado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Extrativismo no Arquipélago do Tabuleiro do Embaubal: Abordagem histórica


Durante a pesquisa de campo identificou-se que a extração do látex e a produção de
borracha nas Ilhas do Arquipélago do Tabuleiro do Embaubal não se constituíam em uma
atividade desconhecida pelos moradores. Assim, procurou-se fazer um retrospecto do
extrativismo nas ilhas, com fins de compreender e se empoderar da relação histórica de uso
dos seringais por antecedentes familiares dos atuais moradores. Assim, o retrospecto histórico
descrito a seguir foi organizado, tendo por base as histórias contadas pelos atuais extrativistas
do Arquipélago - algumas narrações vivenciadas e outras recordadas por seus pais,
antecessores da exploração da seringa na região.
De acordo com IDESP (2012), já na primeira metade do século XVIII o município de
Senador José Porfírio (Souzel) vivenciava o ciclo da borracha. Dessa forma, existem indícios
de que o início do extrativismo nas ilhas do Arquipélago do Tabuleiro do Embaubal remonta
também ao século XVIII, isto quando se considera o marco temporal do ciclo da borracha em
Souzel reportado pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará
e aos dizeres dos extrativistas. Contudo, os relatos dos extrativistas apontam para a década de
1970, como sendo o período de auge no processo de extração e comercialização do látex no
Arquipélago do Tabuleiro do Embaubal.
As narrativas dos extrativistas remontam ao início da década de 1960, época em que
eram crianças ou adolescentes e, por algumas vezes, auxiliavam em determinadas etapas da
produção do látex e/ou borracha e, em outras, apenas apreciavam. Por esta ocasião (início da
década de 1960), os seringueiros afirmam que se comercializava somente o “leite da seringa”,
isto é, o látex, recebendopara fins de conservação deste um produto, “anticoagulante”,
entregue pelo patrão.
Posteriormente, entre o final da década de 1960 e início de 1970, os extrativistas
passaram a comercializar a borracha “in natura”, utilizando do processo de defumação, para
16

sua produção. Os extrativistas descrevem a técnica de defumar a borracha como um processo


“sofrido”, visto que após chegarem exaustos da colheita do látex no seringal, tinham que
cavar buracos no solo, cortar cavacos para fazer o fogo e, ainda, realizar o processo de enrolar
a borracha defumando-a por horas e horas, formando “bolas de borracha” que podiam chegar
a até 80 quilos. De acordo com Pennacchio (2013), em publicação da Companhia Nacional de
Abastecimento, o seringueiro produtor de borracha defumada possuía técnicas apuradas,
percorria a estrada de seringa duas vezes por dia, uma para a sangria e outra para a coleta do
látex a ser defumado, num processo de produção muito penoso, ocorrendo casos de perda de
visão pela exposição contínua à fumaça.
Em seguida ao processo de defumação, a partir de meados da década de 1970, foi
desenvolvida a técnica de coagular o látex e prensá-lo formando pranchas, constituindo-se no
procedimento utilizado para produção pelos atuais extrativistas (este procedimento será
detalhado no subitem que tratará da caracterização da cadeia produtiva da seringa em sua
configuração atual). Na década de 70, toda a produção do látex e da borracha da região era
destinada às grandes usinas de beneficiamento instaladas no Estado de São Paulo, e a
qualidade da borracha da região nesse período ficou reconhecida pela elevada qualidade de
suas propriedades naturais e a pureza da sua constituição. Contudo, alguns fatos ocorridos nos
últimos anos da década de 1970, foram cruciais para um declínio fulminante do comércio da
borracha na região.
As narrativas feitas pelos seringueiros mais antigos e mesmo aquelas discorridas por
seus filhos - que cresceram vivenciando esta história – reportam que os extrativistas
começaram a misturar impurezas no látex, com intuito de elevar o peso da borracha e, por
conseguinte, obter maior lucro na transação comercial. Eram misturados pedaços de ferros,
pedras e uma espécie de barro - comumente chamado de “tabatinga” - facilmente encontrado
nas pontas de serras da região. Estes materiais fundidos à borracha só eram detectados nas
usinas no momento do beneficiamento e, por muitas vezes, quebravam as máquinas e
ocasionavam enormes prejuízos econômicos à indústria. Os extrativistas relatam, porém, que
eram poucos os seringueiros que tinham atitudes desonestas.
No início da década de 1980, devido à frequência elevada daqueles acontecimentos, o
extrativismo da borracha na região decaiu fortemente, ficando negativamente rotulado e
passando o produto a ser recusado no mercado da seringa e, por conseqüência, havendo a
interrupção do processo de extração e comercialização de borracha oriunda das Ilhas do
Arquipélago do Tabuleiro do Embaubal.
17

Além disso, alguns seringueiros reportaram-se à comercialização de grandes


quantidades de sementes da Hevea brasiliensis, como um dos fatores que pode ter contribuído
para a decadência da extração da borracha na região, visto que estas sementes eram destinadas
ao cultivo de seringais plantados no Brasil e no exterior, os quais vieram a substituir a
produção dos seringais nativos, mesmo com seu vasto potencial e suas propriedades naturais.
Atualmente, ainda é possível conhecer uma antiga instalação de armazém denominada
na época de “Casa Silva”, hoje, chamada de “Vila Providência”. A “Casa Silva” era o local
onde os extrativistas atracavam suas pequenas embarcações chamadas de “catraias”, há
aproximadamente 34 anos atrás para entregar sua produção de borracha. A “Vila Providência”
ainda conserva algumas características da época da “Casa Silva”, ainda que deterioradas,
como as prateleiras onde se armazenavam as pranchas de borracha por exemplo.

Cadeia produtiva da borracha


Os comunitários do Tabuleiro do Embaubal retornaram à prática da atividade desde o
ano 2009. As entrevistas realizadas tanto com os extrativistas quanto com os atravessadores
foram fundamentais para identificar os elos e assim, delinear a cadeia produtiva da borracha
no Arquipélago do Tabuleiro do Embaubal (Figura 2).

Figura 2 – Estrutura de cadeia produtiva da borracha no Arquipélago do Tabuleiro do


Embaubal, Senador José Porfírio, Pará.
18

Com relação ao seguimento de insumos identificado na cadeia produtiva da borracha


do Tabuleiro do Embaubal, destacam-se os seguintes materiais: faca de seringa, facão, baldes,
tigelas plásticas, garrafas pet cortadas, bicas, esmeril, baldes feitos de cabaça e ainda, uma
sacola de tecido com alças, chamada entre os seringueiros de bizaco. Quanto a aquisição,
foram adquiridos por vias distintas. Uma parte foi fornecida pelo atravessador após firmar
verbalmente com o extrativista um acordo de compra da produção anual, outra, comprada ou
construída pelo próprio seringueiro.
Os seringais estão divididos em “estradas de seringa1”, variando entre 1 e 7 estradas
por unidade produtiva. Os extrativistas contam que as unidades produtivas foram delimitadas
há tempos atrás, com base em acordos entre as circunvizinhanças e todos os extrativistas
respeitam esses limites. Quanto à intensidade da exploração, 61,77% (21), 26,47% (9) e
11,76% (4), dos extrativistas, reportaram que realizam a sangria de 200 a 500, 500 a 1000 e
mais do que 1000 árvores, respectivamente. Apenas um dos entrevistados informou que não
faz mais o corte da seringa, devido à idade avançada. A quantidade de seringa explorada por
cada extrativista é diretamente proporcional ao tamanho da unidade produtiva, sem qualquer
relação com a quantidade de mão-de-obra hábil ao trabalho no seringal.
De modo geral, os extrativistas fazem a divisão da seringueira em 3(três) regiões,
fazendo a sangria de um terço a cada ano. Inicialmente, abre-se a “bandeira2” e, em seguida,
fazem a incisão da casca sob o ângulo de 45º para promover a saída do látex, formando-se os
“painéis3”.
De acordo com os mais experientes, o comprimento da incisão tem grande influência
na sanidade da seringueira, afetando diretamente o seu ciclo de vida. Assim, contrariamente
do que os extrativistas menos experientes acreditam uma incisão longa não resulta em
quantidade maior de leite. A profundidade do corte foi outro fator considerado como crucial
para conservação da Hevea brasilienses. Conforme os dizeres a incisão durante a sangria não
pode atingir o câmbio da árvore.
Esse conhecimento empírico é reforçado por Hansen (2007), ao afirmar que o
comprimento da incisão, durante a sangria, não significa necessariamente um maior volume
de látex, pois, a quantidade de látex produzida em 1 cm de superfície de corte numa incisão
1
As estradas de seringa são trilhas sinuosas interligando as chamadas madeiras ou árvores de sangria, cujo
número varia de 150 a 300 árvores por estrada, sendo uma chamada “estrada de porta”, pois tem início e fim no
tapirí do seringueiro (PENNACCHIO, 2013).
2
Bandeira é o painel situado em qualquer posição do fuste em exploração e que contém o conjunto de cortes
efetuado pelo seringueiro para a extração do látex da seringueira (SILVA, 1996).
3
Painel é o nome dado a sucessão de uma mesma parte da árvore (FLORESTABILIDADE).
19

longa é menor que a produzida por 1cm, se a incisão for mais curta. Em relação à
profundidade, a incisão deve atingir os vasos laticíferos4 mais jovens, considerados os mais
ativos, porém, estes, estão localizados nas porções mais profundas da casca. Assim, a incisão
deve respeitar uma zona de 1 cm das proximidades do câmbio.
As técnicas de extração são distintas. Alguns extrativistas realizam as incisões pela
manhã ou madrugada, deixando que o látex coagule nas tigelas e, em seguida, dois ou três
dias após a sangria, coletam as “bolachas” ou “bolinhas”, seguindo para prensagem. Outros
extrativistas preferem realizar os cortes pela manhã bem cedo, e passar recolhendo no mesmo
dia, evitando prejuízos decorrentes da chuva. Esse látex colhido diariamente é armazenado em
caixas ou baldes, e, no final de semana, já coagulado, passa ao processo de prensagem. Para
ambos os modos, após a prensagem e secagem, as pranchas são lavadas e secas para
manterem uma boa cor e cheiro mais agradável. De maneira geral, o armazenamento da
borrachafoi feito sobre assoalhos ou girais construídos próximos ou embaixo das casas.
Entre as unidades produtivas (seringais nativos) e as grandes usinas de beneficiamento
existe um agente intermediário denominado “atravessador” ou “regatão”, cujo papel é de
comprador da produção de borracha. O “regatão” constitui-se de grande importância para a
cadeia de produção da borracha no Arquipélago, tendo em vista que sua ausência inviabiliza a
comercialização do produto. Além disso, inúmeros extrativistas citam o procedimento de
“troca de mercadorias”, como mecanismo de comercialização com o atravessador. Esse
processo está retratado nos dizeres de uma das extrativistas: “a mercadoria é uma garantia
para quem tem filho pequeno, muitas vezes é o atravessador que socorre”.
O adiantamento de dinheiro ou mercadorias, em geral, gêneros alimentícios, foi outra
situação relatadas pelos extrativistas. As narrativas descrevem que em situações de
dificuldade financeira e na escassez da borracha para comercialização é o atravessador que lhe
consegue o alimento, criando-se uma divida que será paga na produção futura. Dessa forma, o
sistema de aviamento, atualmente ainda se faz presente em vários momentos do processo de
comercialização entre os extrativistas e o atravessador.
De acordo com os extrativistas, muitas vezes é preciso recorrer a este sistema para
garantir que não lhes falte o alimento básico. Em seus relatos, frequentemente se reportam ao
passado, na época em que seus pais sempre estavam em débito com o agente do aviamento, “o
patrão”. Do total de entrevistados, 55,88% dos extrativistas disseram que já precisaram pedir

4
Vasos laticíferos são vasos presentes na casca da seringueira pelos quais se extrai o látex (SENAR, 2005).
20

mercadoria ou dinheiro adiantado ao atravessador, se comprometendo a pagar posteriormente


com a entrega da borracha.
Foram identificados 2 (dois) atravessadores que realizam a compra da borracha na
região de estudo. De acordo com os regatões, no ano de 2013, foi realizada a comercialização
de aproximadamente 42 toneladas de borracha da região. Contudo, identificou-se que a maior
parte da borracha, aproximadamente 72%, foi comercializada junto a um dos regatões. Esta
preferência de comercialização pode estar diretamente ligada ao sistema de adiantamento de
mercadorias, isto porque, o atravessador que comprou a maioria da produção, possuía um
armazém no município de Vitória do Xingu e fornecia substancialmente o adiantamento de
mercadorias.
Quanto à forma decomercialização, identificou-se que 88,57% seringueiros entregam
ao atravessador a borracha prensada em forma de pranchas que variavam entre 15 e 60 quilos,
enquanto que, 11,43% comercializavam na forma de “bolachas” ou “bolinhas”. Quanto a
exigências para a comercialização, os atravessadores atuantes na região exigem a entrega da
borracha seca e limpa, livres de impurezas. De acordo com relato de um deles a borracha
produzida nos seringais nativos da Região Norte tem propriedades superiores àquelas
provenientes da heveicultura, por exemplo, a elasticidade. Um dos atravessadores revela que
muita embora haja grandes cultivos de seringa no Brasil, as grandes usinas sempre precisarão,
pelo menos em parte, recorrer à borracha de origem extrativista para complementar sua
produção.
Pennacchio (2007), afirma que a indústria química ainda não foi capaz de produzir um
substituto da borracha natural que reúna suas características físico-químicas, isto é,
elasticidade, resistência ao desgaste, impermeabilidade a líquidos e gases, isolante elétrico,
plasticidade, entre outras. Santos (2011), relata que muito embora se consiga substituir a
borracha natural pela sintética, a impossibilidade de se produzir quimicamente um polímero
com as mesmas qualidades do natural, faz da borracha produzida pela Hevea brasiliensis um
produto com características únicas.
No que diz respeito ao destino da borracha, os dois regatões relataram caminhos
distintos. O primeiro, aquele que adquiriu a maior parte da produção, afirmou que a borracha
foi transportada via balsa para uma usina de beneficiamento no município de Belém e,
posteriormente, destinada à indústria de pneus da empresa Michelin. O restante da produção
(12 toneladas) foi comercializado com o segundo atravessador, cujos destinos foram as usinas
do Estado de São Paulo e, em seguida, direcionados às indústrias pneumáticas, indústrias de
calçados e de produtos infantis.
21

Quanto ao volume da produção, no ano de 2013, foi constatado que 73,53% dos
extrativistas produziram de 210 a 500 kg de borracha, e apenas 26,47% tiveram produção
entre 500 e 1000 kg. Os extrativistas expõem que os seringais da região possuem ótimo
potencial produtivo, porém esta potencialidade esta sendo subutilizada devido à fatores como:
A carência de compradores - existem atualmente apenas dois; o diminuto preço oferecido por
quilo da borracha; e, o não recebimento do subsídio governamental referente à produção do
ano de 2013. Os extrativistas afirmam ser possível extrair o látex no período de julho a
janeiro, e ainda, para alguns deles, que o nível da água no início e no fim deste período não
constitui um entrave à extração.
A maioria dos entrevistados relatou gostar do trabalho no seringal, e ainda, consideram
ser o extrativismo uma alternativa melhor do que a pesca – outra atividade praticada pelos
entrevistados. Isto porque, a atividade de extração do látex é realizada na sombra, pela manhã
ou madrugada, e por as unidades produtivas se localizarem nas proximidades das residências.
Além disso, tem-se maior certeza de que conseguiram obter alguma produção, contrariamente
ao peixe, que sempre se trabalha com incertezas de uma boa pescaria. Esta afirmação está
expressa na seguinte narrativa de um extrativista: “o peixe você não controla, mas a seringa,
se cortar tem a renda”.
O relato de 88,23% dos extrativistas revela duas principais dificuldades vivenciadas na
extração do látex e comercialização da borracha na região: i) a ausência do “atravessador”; e
ii) a insegurança quanto ao recebimento do subsídio.
O subsidio é um acréscimo, em dinheiro, ao valor comercializado da borracha (valor
de mercado), o qual, é garantido pelo Programa de Garantia de Preço Mínimo do Governo
Federal, cuja gestão ocorre através da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Os
extrativistas expõem terem recebido a subvenção da borracha nos quatro primeiros anos da
extração (2009 a 2012). Contudo, para a produção do ano de 2013 não receberam o subsídio
governamental. De acordo com o relatório da Companhia Nacional de Abastecimento o preço
mínimo básico de venda da borracha estabelecido para o ano de 2013 foi de R$ 4,50/kg.
Assim, considerando que a produção da região foi vendida a R$ 2,40/kg, os extrativistas
deveriam, por direito, ter recebido uma subvenção R$ 2,10 para cada quilo de borracha
comercializado, fato que não ocorreu.
Tendo como exemplo a comercialização de 500 kg de borracha seca no ano de 2013,
constata-se o seguinte cenário:
 Valor pago pelo atravessador (comprador): 500 kg X R$ 2,40 = R$ 1.200,00
(recebido pelo extrativista)
22

 Complementação – contrapartida do Governo Federal (subsídio) = R$ 2,10


500 kg X R$ 2,10 = R$ 1.050,00 (valor não recebido pelo extrativista, 46,67% do total).
Dessa forma, o extrativista que deveria ter obtido a renda de R$ 2.250, decorrente da
soma dos valores de R$ 1.200,00 (pago pelo comprador) + R$ 1.050,00 (subsídio), deixou de
receber 46,67% do total, recebendo apenas os R$ R$ 1.200,00 (Mil e duzentos reais) pagos
pelo comprador.
O entrave na aquisição do subsídio foi um fator preponderante na cadeia produtiva da
borracha na região e que se refletiu nos seus diversos elos. Com base nos relatos e em
conversas informais com os atores sociais envolvidos nesta cadeia, pôde-se constatar que a
problemática do subsídio está relacionada à pauta da borracha estabelecida pelo Governo do
Estado do Pará. Atualmente, esta pauta é fixa em R$ 6,00/kg, isto significa que a borracha só
pode sair do Estado do Pará com este valor mínimo, fato que desestimula a aquisição da
borracha paraense por empresas de outros Estados, tendo em vista as questões tributárias, já
que neste caso, por se tratar da segunda operação de venda, exista a obrigatoriedade de
emissão de Nota Fiscal no valor de R$ 6,00/kg, para recolhimento do ICMS, ou seja,
implicando em maior taxa de impostos.
Com relação a tributação, o estado do Amazonas através de legislação própria relativa
ao recolhimento do ICMS, desonera os produtos florestais não- madeireiros, dentre eles: os
óleos de castanha do Brasil, de babaçu, de copaíba e de andiroba, látex e resinas de CVP -
Cernambi Virgem Prensado, FSA – Folha Semi- Artefato, FDL – Folha de Defumação
Líquida, couro vegetal e breu, frutas e sementes de castanha do Brasil, fibras de piaçava,
polpas de frutas de açaí.
Já o estado do Acre, região onde ocorre a maior concentração de seringueira, se
destaca por ser um estado pioneiro na organização e desenvolvimento da cadeia produtiva da
borracha. No Acre, o Governo Estadual, descentralizou a subvenção garantida no âmbito do
governo Federal, lançando o Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cadeia Produtiva da
Borracha, através da Lei Nº 1.277 – Chico Mendes, o qual previa, entre outras ações, o incentivo à
produção de borracha nativa, através de pagamento de subsídio aos produtores de Borracha
Natural Bruta – BNB no Estado do Acre. A ação integrada entre os governos estadual e federal foi
indispensável para dinamização da cadeia produtiva da borracha e, consequentemente, da
economia acreana (SILVA, 2013).
O fator “pauta da borracha” foi decisivo para que os extrativistas não tivessem acesso
ao Programa de Garantia de Preço Mínimo (PGPM), isto é, não recebessem o valor de R$
23

2,10/kg, a que todos tinham direito, tendo em vista que a pauta da borracha vai de encontro à
política de preço mínimo que estabelece o valor de R$ 4,50/kg.
No ano de 2014, devido ao não recebimento do subsídio relativo à comercialização do
ano anterior, os extrativistas mostraram frustração e desanimo, decidindo não realizar a
extração do látex. Além disso, revelaram considerar o valor pago pela borracha, (R$ 2,40/kg),
muito baixo. Foi unânime a seguinte afirmação: “não compensou o trabalho”. Para 67,64%,
20,59% e 11,77% dos extrativistas o valor justo a ser pago pela borracha seria de R$ 5,00/kg,
R$ 6,00kg e mais do que R$ 6,00kg, respectivamente.
Mesmo diante deste cenário, o extrativismo é vislumbrado pela comunidade como
uma alternativa economicamente viável, como um caminho no qual sabem trilhar, pois,
muitos cresceram acompanhando os pais aos seringais, e, ainda crianças, aprenderam a
sangrar a seringueira para extração do látex. O estudo constatou através dos depoimentos, que
os extrativistas, além de gostarem da atividade, têm esperanças de que os olhos do poder
público se voltem para eles e para a necessidade iminente de uma alternativa rentável, capaz
de suprir a decadência da pesca na região.

Percepção dos extrativistas sobre impactos da Usina Hidrelétrica de Belo Monte


As famílias que habitam as Ilhas do Tabuleiro do Embaubal sobrevivem a tempos da
pesca (no inverno), contudo, atualmente, com o início da construção da Usina Hidrelétrica de
Belo Monte, a redução dos estoques de peixes no Rio Xingu tornou-se notória. De acordo
com as entrevistas, 82,85% dos entrevistados mostraram muita preocupação quando
afirmaram haver redução dos estoques de peixes na região. Um dos extrativistas que também
pesca, revelou os seguintes dizeres: “antes a gente saía um instante e voltava com muito
peixe. Agora, a gente passa o dia inteiro e volta sem nada”.
Os relatos atribuem à significante redução do peixe a Construção da Hidrelétrica de
Belo Monte. Acreditam que tanto os explosivos quanto a presença de produtos químicos,
utilizados no empreendimento e que escoam na água do Rio Xingu, têm, não só causado a
fuga, mas também a morte de muitos peixes. Um antigo morador que cresceu na região e
iniciou sua jornada extrativista com 6 anos de idade fazendo companhia ao pai e que, após
constituir família, vem criando seus filhos com os recursos disponibilizados pela venda da
borracha e da pesca, relata que no período de 2010 a 2014 a diferença foi relevante para quem
sobrevive nas ilhas devido a redução dos peixes. Relatou também, que percebeu o
desaparecimento das lontras que eram frequentes na região, dizendo: “se não há mais
disponibilidade de peixes elas foram em busca de outros locais que tenham o alimento”.
24

Durante a coleta de dados, as famílias residentes nas ilhas do tamanduazinho,


relataram que dias antes, nas margens do rio, houve o aparecimento de peixes mortos.
Perceberam, também, a mudança na cor da água e a morte de seringueiras. Estas famílias
além de temerem consumir o peixe, têm o receio em utilizar esta água para consumo. Além
disso, os relatos se estendem às espécies arbóreas como a seringueira (Hevea brasilienses) e o
Ingá cipó (Ingaedulis Mart.) e, ainda, a diversas frutíferas, por exemplo, goiabeira (Psidium
guajava L.) e cajueiro (Anacardium occidentale L.), reforçando as suspeitas dos moradores e
fornecendo fortes indícios dos impactos negativos da construção da Usina Hidrelétrica de
Belo Monte.

CONCLUSÃO

A cadeia produtiva da borracha nas Ilhas do Tabuleiro do Embaubal constitui-se de


grande potencial econômico, sendo uma fonte de renda alternativa para as famílias residentes,
sobretudo, quando se considera os impactos negativos da construção da Usina Hidrelétrica de
Belo sobre o estoque de peixe no Rio Xingu. Contudo, os entraves vivenciados no ano de
2013, no que diz respeito à subvenção governamental provocaram o desânimo e o desestímulo
à continuidade da extração e comercialização da borracha pelos extrativistas da região. Frente
a esse cenário, torna-se preponderante a interferência de instituições pública, autarquias e
organizações não-governamentais, no sentido de fomentar o desenvolvimento da cadeia
produtiva da borracha, através de pesquisas que tenham um retorno positivo para a
comunidade, do apoio na organização social, incentivando a continuidade da extração e,
sobretudo, a presença ativa do Governo Estadual e Gestor Municipal, através de ações de
apoio técnico e financeiro, atualmente inexistentes.
25

REFERÊNCIAS

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26

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27

APENDICE A: Questionário aplicado aos seringueiros do arquipélago do Embaubal.

Data:____ / ____/ 2014

Identificação do extrativista:

Nome:_____________________________________________________________________

DADOS FAMILIARES:

1- Quantas pessoas compõe a família? __________________

2- Quantos contribuem com a renda familiar? De que forma?


___________________________________________________________________________

3- Qual a principal fonte de renda da família?


___________________________________________________________________________

4- São intercaladas outras atividades importantes para o sustento da família ao longo da


atividade realizadas no seringal?
___________________________________________________________________________

5- Quantas pessoas além de você trabalham na produção?


___________________________________________________________________________

QUANTO A ÁREA DE EXPLORAÇÃO

6- Como é dividida a área de extração para coleta do látex? (piques, estradas)?


___________________________________________________________________________

7- Como é dividida entre os extrativistas a área de extração?


___________________________________________________________________________

8- Quantas árvores são exploradas por cada extrativista?


___________________________________________________________________________

9- Qual o potencial anual de produção da área de coleta?


___________________________________________________________________________

10- Quais as dificuldades encontradas no decorrer da extração em decorrência da área? (ex


alagamentos em determinados períodos;)
___________________________________________________________________________
QUANTO A COMERCIALIZAÇÃO:

11- De que maneira ocorre a comercialização do látex? Para quem é feita a venda do
produto?
28

___________________________________________________________________________

12- Qual é o valor pago?_____________________________________________________

13- Este valor pode ser considerado justo? Corresponde realmente ao valor que o
extrativista deseja cobrar? Caso não seja o valor ideal, justifique?
___________________________________________________________________________

14- Ocorre a comercialização por troca de mercadorias ou serviços ou é somente a


dinheiro?
___________________________________________________________________________

15- Ocorre adiantamento de dinheiro ou de produto?


___________________________________________________________________________

16- Caso positivo, existe algum registro para controle por parte do extrativista deste
adiantamento ( nota, recibo ou anotação)?
___________________________________________________________________________

17- O que a comercialização do látex representa na renda familiar?


___________________________________________________________________________

18- Dificuldades encontradas para a comercialização:


___________________________________________________________________________
QUANTO AO PROCESSO PRODUTIVO:

19- Qual é o período que ocorre a extração do látex?


___________________________________________________________________________

20- Quando e de que maneira o extrativista iniciou o processo de extração do látex?


___________________________________________________________________________

21- Qual a técnica utilizada pelo extrativista para a extração? Passo a passo da coleta:
___________________________________________________________________________

22- Houve aperfeiçoamento, mudança desta técnica ao longo dos anos? De que forma?

___________________________________________________________________________

23- Dificuldades vivenciadas na produção:


___________________________________________________________________________
QUANTO AOS CUSTOS

24- Quais são os materiais empregados e quanto custam?


___________________________________________________________________________
29

25- Qual o gasto mensal para materiais?


___________________________________________________________________________

26- O produto é buscado na porta ou necessita ser transportado? Caso positivo, qual é o
custo?
___________________________________________________________________________

27- É necessário contratar ou realizar diárias neste processo? Caso positivo, qual o valor
pago pela diária da região?
___________________________________________________________________________

QUANTO A PRODUÇÃO

28- Onde é feito o armazenamento dos produtos antes de serem vendidos?


___________________________________________________________________________

29- Há alguma exigência dos compradores em relação à qualidade dos produtos?


( ) Não; ( ) Sim: Qual?

___________________________________________________________________________

30- Existe uma prática especialmente empregada aqui, para conseguir um produto de
qualidade?
___________________________________________________________________________

31- Outras observações relevantes:


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
30

APENDICE B: Questionário aplicado aos compradores do látex.

Data:____ / ____/ 2014

1- Identificação do comprador:
( ) Pessoa Física ( ) Jurídica

2- Nome ou Razão social:__________________________________________________


3- Ramo de atividade:______________________________________________________
4- A quanto tempo atua no mercado?__________________________________________
5- Em quais comunidades realiza a compra do látex?
___________________________________________________________________________
6- Existe diferença de valor praticado entre comunidades diferentes? Caso positivo, o que
justifica esta diferença?
___________________________________________________________________________
7- Existe diferença de valor praticado entre comunitários de uma mesma comunidade?
___________________________________________________________________________
8- Caso positivo, o que justifica esta diferença?
___________________________________________________________________________
9- Quais as exigências principais para que o produto possa ser adquirido?
___________________________________________________________________________
10- A quanto tempo compra o látex produzido no Tabuleiro do Embaubal?_____________
11- Qual é a quantidade adquirida em média anualmente?__________________________
12- A compra é individual ou coletiva?_________________________________________
13- Qual é o valor pago?_____________________________________________________
14- Como pode ser classificado em termos de qualidade o látex produzido no Embaubal?
___________________________________________________________________________
15- Existem exigências feitas para aquisição do produto, e que são atendidas pelos
extrativistas? Caso positivo quais?
___________________________________________________________________________
16- Existe algum tipo de acordo ou contrato formal para compra do látex no Embaubal?
___________________________________________________________________________
17- Qual é o valor de revenda do produto?______________________________________
18- Para a revenda é agregado valor ao produto anteriormente adquirido? Quais?
___________________________________________________________________________
19- Qual o custo empregado na compra do produto no Embaubal? (transporte,
funcionário....)
___________________________________________________________________________
20- Qual é o destino dos produtos adquiridos?
___________________________________________________________________________
21- É possível identificar os produtos finais do látex revendido? Quais?
___________________________________________________________________________
31

INSTRUÇÕES PARA SUBMISSÃO DE TRABALHOS

A revista Novos Cadernos NAEA é multidisciplinar, com periodicidade semestral, dedicada à


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Conferências/Entrevistas
32

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33

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Nota de rodapé (opcional): devem ser inseridas no caso de comentários e informações
complementares ao texto, seguindo a numeração sequencial, corpo 10.
Referências: A revista adota a Normalização de Referências Bibliográficas da ABNT (NBR
6023/2002). Todas as referências citadas no texto devem constar no tópico final, em ordem
alfabética.

Exemplos:
Artigos em periódicos:
SOBRENOME, Prenome abreviado. Título: subtítulo (se houver). Nome do periódico (em
negrito), Local de publicação (opcional), volume, número ou fascículo, paginação, ano.
GORENDER, J. A sociedade cindida. Estudos Avançados, v.28, n.80, p.17-26. 2014.
Capítulo de livro e coletânea:
SOBRENOME, Prenome abreviado do autor do capítulo. Título: subtítulo (se houver). In:
SOBRENOME, Prenome abreviado do(s) Org.(s.), Ed.(s.). Título do livro: subtítulo do livro
(se houver). Local de publicação: Editora, ano. Paginação do capítulo.
LEIS, H. R.Especificidades e desafios da interdisciplinaridade nas ciências humanas. In:
PHILIPPI JUNIOR, A.; SILVA NETO, A. (Eds.). Interdisciplinaridade em
Ciência,Tecnologia & Informação. Barueri: Manole, 2011. p. 106-122.
Livro no todo:
SOBRENOME, Prenome abreviado. Título: subtítulo (se houver). Edição (se houver). Local:
Editora, ano. Paginação/volume. (Coleção ou série, se houver)
SAID, E. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. Tradução
deRosauraEichenberg. São Paulo: Cia. das Letras, 2007. 528p.
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Dissertações e teses:
SOBRENOME, Prenome abreviado. Título: subtítulo (se houver). Ano de defesa. Total de
folhas. Tese (Doutorado em...) ou Dissertação (Mestrado em...) – instituição, local, ano.
COSTA, F. S. A dinâmica dos recursos comuns em Unidades de Conservação e
Assentamentos Rurais no Amazonas: uma abordagem fuzzy set. 2014. 365f. Tese
(Doutorado em Ciências Socioambientais) – Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, da
Universidade Federal do Pará, Belém, 2014.
Documentos em meio eletrônico
SOBRENOME, Prenome(s) abreviado(s) ou INSTITUIÇÃO. Título: subtítulo (se houver).
local de publicação, volume (se houver), ano. Disponível em: <endereço da URL>. Acesso
em: dia, mês (abreviado), ano.
OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES. As metrópoles no Censo 2010: novas tendências?
Disponível em: <http://www.observatoriodasmetropoles.net>.Acesso em: 2 fev. 2011.

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