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Capítulo 5: Critérios para uma oclusão funcional ideal

I: História do estudo da oclusão


• 1.1) Oclusão balanceada
• 1.2) Guia anterior (protrusão e lateralidades)
• 1.3) Oclusão individual dinâmica

II: Critérios para uma oclusão funcional ideal


• 1.2) Relação cêntrica
• 2.2) Ligamento temporo-mandibular

III: Contactos funcionais dentários ideais


• 3.1) Direcção das forças aplicadas aos dentes
• 3.2) Movimento mandibular laterotrusivo
• 3.3) Dentes anteriores / posteriores
• 3.4) Considerações sobre postura e função dentária
• 3.5) Resumo da Condição Oclusal Ideal

Oclusão
• Definição
◦ “Relação dos dentes maxilares e mandibulares quando estão em contacto funcional
durante os movimentos mandibulares”.
1. Oclusão Ideal: oclusão com relações funcionais e estruturais consideradas ideais.
2. Oclusão Fisiológica: oclusão com características não ideais, mas bem adaptadas, isto é, sem
manifestações patológicas ou problemas disfuncionais.
3. Oclusão Patológica: oclusão com sinais e/ou sintomas de patologia e/ou disfunção.

I: História do estudo da oclusão


1.1) Oclusão balanceada (início do séc XX)
• Protrusão, lateralidade.
→ Contactos bilaterais, e simultâneos, de todos os dentes.

• Confeção de próteses removíveis totais:


◦ Moldeiras individuais.
◦ DVO/DVR.
◦ Movimentos-limite lateral direito, lateral esquerdo e protrusão.
◦ Registos → fundamentais para a execução correta dos passos laboratoriais.
◦ Montagem dos dentes.
◦ 1° molar permanente mandibular: relação de Classe I.
◦ Articulador semi-ajustável permite manter a DVO.
◦ Acrilização e ao acabamento das próteses.

1.2) Guia anterior (protrusão e lateralidades) (décadas de 40 a 70 do séc XX)


• Conceito Gnatológico
◦ Todos os pacientes com configuração oclusal diferente eram considerados como tendo
má oclusão e tratados apenas porque a sua oclusão não estava de acordo com os critérios

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de uma oclusão considerada ideal.

1.3) Oclusão individual dinâmica (décadas de 70 do séc XX)


• Esta conceito concentra-se na saúde e funcionamento do sistema estomatognático e não
numa configuração oclusal específica.
• Se há função e não há patologia não existe indicação para alteração oclusais.

II: Critérios para uma oclusão funcional ideal


• F mt pesadas → risco potencial de danos (dommages) significativos.
• Mandíbula – liga-se ao crânio por ligamentos e músculos.
• Quando os m elevadores entram am função → elevação da mandíla até contacto dentário →
força exercida em 3 zonas:
◦ 2 ATM's
◦ Dentes.

2.1) Relação Cêntrica


• Posição articular ortopedicamente estável ideal:
◦ Posição da mandíbula quando os côndilos estão numa posição ortopedicamente estável.
• Os músculos da mastigação funcionam de forma mais harmónica e com menos intensidade
quando os côndilos estão em RC e os dentes em posição de máxima intercuspidação
(estudos electromiográficos).
• Em reabilitação pretende-se, sempre que possível, que a RC coincida com a PIM (ou MIC).

• É a posição mais anterior e superior dos côndilos na cavidade glenóide.


• A estabilidade posicional da ATM no repouso é determinadas pelos músculos elevadores:
◦ Temporais – posicionam os côndilos superiormente,
◦ Masseteres e Pterigoideus Mediais – posicionam os côndilos antero-superiormente.
◦ (Pterigoideus Laterais Inferior).

• É a posição mais anterior e superior dos côndilos nas cavidades glenóides, com os discos
correctamente interpostos e alinhados entre os côndilos e as fossas mandibulares.
• A posição do disco na ATM é influenciada por:
◦ Pressão intra-articular,
◦ Morfologia do disco,
◦ Tónus dos m pteridoideus laterais superiores.
• Quando se passa da posição de repouso para a intercuspidação, SEM prematuridades
oclusais, a estabilidade articular mantém-se – posição mais estável a nível musculo-
esquelético.

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2.2) Ligamento temporo-mandibular
a) Feixe oblíquo (externo)
• Origem: superfície exerna da eminência articular e apófise zigomática inserindo-se abaixo
do pólo lateral do côndilo mandibular (superfície externa).
• Função: impedir a descida do côndilo, limitando a abertura na rotação ; para a boca abrir
mais (sup 20 mm), o côndilo tem que efetuar um movimento de translação anterior.

b) Feixe horizontal (interno)


• Origem: superfície externa da eminência articular e apófise zigomática inserindo-se no pólo
lateral do côndilo mandibular e bordo posterior do disco.
• Função: limitar a retrusão do côndilo e disco + limitar a rotação do côndilo do lado de
trabalho, no movimento de lateralidade – proteção tecidos retrodiscais e músculo PLS.

2.3) Relação Cêntrica (continuação)

• Força de retração: perda da relação músculo-esquelética estável dos côndilos.


• Força de protração: côndilos para baixo contra as eminências articulares → perda da relação
músculo-esquelética dos côndilos.

III: Contactos funcionais dentários ideais


• Quando o fecho da boca na posição de RC (músculo-esquelética estável) leva a uma
condição oclual instável – Prematuridade.
• → Sistema neuromuscular dá resposta muscular apropriada para encontrar uma posição
mandibular associada a uma condição ocluas mais estável.
• A condição oclusal estável deve permitir a função com a mínima lesão a qualquer
componente do sistema estomatognático.

• Relação oclusal → funcionamento eficaz.


• Os músculos da mastigação dispensam forças muito pesadas → relação oclusal equilibrada
→ minimiza danos mantendo-se funcionalmente eficaz e eficiente.

Ex: dentes presentes – dois 1°s molares permanentes do lado direito


• Esta condição oclusal não fornece a estabilidade mandibular necessária para a função →
Risco de colapso da ATM, dentes ou periodonto → Contactos dentários unilaterais.

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(força muscular leva
a fecho maior do
lado esquerdo)

Ex: dentes presentes – quatro 1°s molares permanentes


• Esta condição oclusal fornece mais estabilidade mandibular → Diminui a força sobre cada
dente → Diminui potenciais lesões → Contactos dentários bilaterais simultâneos.

Ex: dentes presentes – quatro 1°s molares permanentes e quatro 2°s molares permanentes
• Esta condição oclusal fornece mais estabilidade mandibular → Diminui a força sobre cada
dente → Diminui potenciais lesões → Contactos dentários bilaterais simultâneos.

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Condição oclusal ideal
• Uma condição oclusal ideal deve ser forcenida pelo contacto simultâneo e de igual
intensidade do todos os dentes presentes.
• → Fornece máxima estabilidade mandibular.
• → Minimiza a força aplicada a cada dente na função.
• → Minimiza potenciais lesões na ATM, dentes e periodonto.

Oclusão funcional ideal


• Contactos simultâneos e de igual intensidade de todos os dentes possíveis, quando os
côndilos mandibulares estão na sua posição mais antero-superior (RC), e com os discos
articulares devidamentes interpostos.
OU SEJA
• Quando a posição musculo-esquelético mais estável dos côndilos (RC) coincide com a
posição de máxima intercupidação dentária (RC = PIM).
• Qual a padrão exacto de contacto de cada dente?

3.1) Direcção das forças aplicadas aos dentes


• Os tecidos ósseos não suportam forças de pressão:
◦ Força de pressão → reabsorção óssea.
◦ Ligamento periodontal → "amortecedor" das forças (protecção).
◦ Tracção → estimula a formação óssea.
• Ligamento periodontal transforma uma força destrutiva (pressão) numa força
aceitável (tensão).

• As forças verticais aplicadas aos dentes no contacto dentário são bem aceites pelo
ligamento periodontal.
• As forças horizontais não são bem dissipadas e são lesivas.
• Contacto em superfície quase plana → força resultante vertical (longo eixo) → força
dissipada pelo ligamento.
• Contacto em vertente de cúspide → força resultante com componente horizontal → força
não dissipada pelo ligamento:
◦ Área de compressão,
◦ Área de alongamento.

• Carga axial – processo através do qual a força oclusal é dirigida através do longo eixo
dentário.
• Processos:
1. Contactos em pontas de cúspides e superfícies relativamente planas, perpendiculares ao
eixo dentário (crista marginal, fossa oclusal).
2. Contactos tripóides – cada cúspides que contacta a fossa oposta produz três contactos em
redos da ponta da cúspide.

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• A ATM permite movimentos laterais e protrusivos, durante os quais os dentes contactam →
forças laterais aplicadas aos dentes.
• Quais serão os dentes mais capazes de suportar estas forças horizontais? Anteriores ou
posteriores?

• Podemos comparar o sistema de alavanca da mandíbula com um quebra-nozes.


• Quando uma noz é quebrada: é colocada entre os cabos e faz-se força ; se a noz for muito
dura: será colocada mais próximo da dobradiça para aumentar a força que lhe é aplicada.
Semelhante no Sistema Estomatognático.
• Quando mais perto do fulcro, mais força é aplicada ao objecto.

• O Sistema Estomatognático tem maior complexidade que uma simples alavanca – o fulcro
(ATM) não é fixo – a mandíbula tem libertade para se movimentar.
◦ Quando são aplicadas forças pesadas a um objecto, entre dentes posteriores →
mandíbula move-se para baixo e para frente → posição mandibular instável.
◦ São activados m pteridoideus laterais sup e inf e temporais para estabilizar a mandíbula.

• Forças horizontais lesivas dos movimentos excêntricos devem ser aplicadas sobre os
dentes anteriores – posicionados mais longe do fulcro.
• → Minimiza probabilidade de colapso – total de força aplicada nos dentes anteriores é
muito menor do que a que pode ser aplicada nos dentes posteriores.

• Os dentes caninos são, de entre os dentes anteriores, os mais bem adaptados para
receber as forças horizontais que ocorrem durante os movimentos excêntricos:
◦ Têm a melhor relação coroa / raiz,
◦ Têm um bom diâmetro de raiz,
◦ Estão envolvidos por osso denso e compacto,
◦ Efeito sobre os músculos da mastigação (impulso sensorial).
• Quando os caninos contactam no movimento excêntrico, estão menos músculos da
mastigação activos do que quando o contacto é feito por dentes posteriores.
→ Diminui forças aplicadas aos dentes e ATM.

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3.2) Movimento mandibular laterotrusivo
a) Lateralidade
Numa oclusão ideal – Guia canina
• Os dentes caninos superiores e inferiores contactam durante os movimentos de lateralidade,
havendo ausência de contacto entre todos os outros dentes.

Alguns pactientes apresentem – Função de Grupo


• Vários dentes contactamno lado de trabalho durante a lateralidade – ex: canino, 2° PM, 1°
M.
• Qualquer contacto mais posterior do que a porção mesial do 1° M é indesejável →
aumento da força possível de ser aplicada.
• Deve haver ausência de contacto entre cúspides linguais, no lado de trabalho.
• Se houver → interfêrencias em trabalho (indesejáveis).

Interferências em balanceio – Indesejáveis


• A presença de contactos no lado de não-trabalho aumenta a actividade muscular.

• Não existe → interferência em trabalho.


• Existe → interferência em balanceio.

b) Protrusão
• Intercuspidação, situação normal: guia anterior. Há fenómeno de Christensen.
• Interfêrencia posterior: não há fenómeno de Christensen:
◦ Hiperactividade dos m pteridoideus laterais,
◦ Hiperactividade e falta de coordenação de todos os m elevadores.

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3.3) Dentes anteriores / posteriores
a) Dentes posteriores
• Devido à posição destes dentes na arcada, durante a função recebem forças direccionadas
através do longo eixo do dente e dissipadas correctamente.

b) Dentes anteriores
• Nã estão bem posicionados na arcada para receber forças fortes (angulação vestibular).
• Se estes dentes recebem forças fortes → inclinação vestibular.
• Estão bem posicionados para aceitar as forças dos movimentos mandibulares excêntricos.

Função mutuamente protegida


• Dentes posteriores
◦ Suportam as forças durante o fecho (em intercupidação).
• Dentes anteriores
◦ Guiam a mandíbula durante os movimentos excêntricos.

1. Dentes posteriores devem contactar "com mais força" do que os anteriores


(intercupidação = RC).
2. Guia anterior + Fenómeno de Christensen (protrusão).
3. Guia canina + Ausência de interferências em não trabalho (lateralidade).

3.4) Considerações sobre postura e função dentária


• Se for estabelecida uma posição oclusal com o paciente reclinado na cadeira.
→ a posição postural da mandíbula e a condição oclusal resultante podem ficar um pouco
orientadas para posterior.

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• Na posição de alerta a mandíbula encontra-se numa posição postural ligeiramente anterior
→ a actividade dos músculos elevadores origina contactos fortes entre dentes anteriores.

A: Cabeça numa posição para cima


B: Cabeça extendida 45° para cima
C: Cabeça na posição de alerta (para
frente, abaxo, acima 30°)

3.5) Resumo da Condição Oclusal Ideal


1. Quando a boca fecha: côndilos na posição mais antero-superior, apoiados nas vertentes
posteriores das eminências articulares, com os discos devidamente interpostos.
• Há contactos simultâneos e homogéneos de todos os dentes posteriores; os dentes
anteriores também contactam, mas mais levemente.
2. Todos os contactos dentários dirigem as forças oclusais para o longo eixo dos dentes, na
intercupidação.
3. Na lateralidade, existem guias dentárias no lado de trabalho que desocluem imediatamente
o lado de não-trabalho. A guia mais desejável é a guia canina.
4. Na protrusão, existem guias dentárias anteriores que desocluem imediatamente os dentes
posteriores.

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