Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Física Geral
e Experimental II
DR. OSVALDO GUIMARÃES
Híbrido
GRADUAÇÃO
Física Geral e
Experimental II
Dr. José Osvaldo de Souza Guimarães
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Distância; GUIMARÃES, José Osvaldo de Souza.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Física Geral e Experimental II. José Osvaldo de Souza Gui- Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
marães. Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação
Maringá-PR.: Unicesumar, 2018.
400 p. e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de
“Graduação - EAD”. Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de
1. Física 2. Geral . 3. Experimental 4. EaD. I. Título.
Design Educacional Débora Leite; Head de
Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza
ISBN 978-85-459-1812-7 Filho; Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros;
CDD - 22 ed. 621
Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Fukushima; Gerência de Projetos Especiais Daniel
F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos
Impresso por: Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas; Supervisão
do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de
Almeida Toledo; Supervisão de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel; Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães
Cripaldi; Fotos Shutterstock
15
Resistência Elétrica
41
Conversão da
Energia Elétrica
77
Gases em
Eletromagnetismo
Transformação
123 239
Indução
Máquinas Térmicas
Eletromagnética
155 291
195 321
29 Potencia elétrica e sentido da corrente
57 Corrente em série e paralelo
110 Carga e descarga do capacitor
269 Termodinâmica
303 Motor a combustão
Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Professor Dr. José Osvaldo de Souza Guimarães
Fluxo da
Energia Elétrica
PLANO DE ESTUDOS
Consumo de
Corrente Elétrica Energia Elétrica
Potencial Elétrico
Potência Elétrica
e Nível de Energia
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Aprender a identificar os níveis de energia devido às ações • Prever e calcular a potência elétrica que pode ser obtida
de forças elétricas. nos dispositivos elétricos em geral.
• Conceituar corrente elétrica – o movimento ordenado dos • Entender como mensurar o consumo de energia elétrica
portadores de carga. dos circuitos em geral, incluindo os residenciais.
Potencial Elétrico
e Nível de Energia
1 joule
Portanto, 1V = .
1 coulomb
A altura de um ponto depende da referência que escolhemos. Pode ser o piso do apar-
tamento, o chão da rua ou mesmo em relação ao nível do mar, como é usual na aviação.
Na eletricidade, procedemos da mesma forma. Usualmente, o nível zero é atribuído a um
ponto a ligado à Terra, mas podemos, também, por conveniência, escolher outras refe-
rências. Por exemplo, no caso dos automóveis, o chassis é adotado como potencial nulo,
e a partir daí é possível mapear o potencial de todos os outros pontos de seus circuitos.
UNIDADE 1 17
Diferença de Potencial (ddp)
A energia posta em jogo, quando as cargas elétricas se deslocam entre dois pontos
de um circuito elétrico, depende da diferença de potencial elétrico (U) entre eles.
Essa diferença de potencial (ddp) pode ser medida com o voltímetro, como ilustra
a figura seguinte.
Figura 3 - Exemplo de fios de entrada para abastecimento de energia elétrica de uma residência
Fonte: o autor.
Na Figura 3, os três fios têm potenciais diferentes: 110 V, 0 e –110 V. O fio B é o cha-
mado neutro.
Se uma ligação for feita entre os terminais A e B, teremos uma tensão de 110 V, o
mesmo valor que teríamos se fosse entre C e B. Entretanto, se a ligação for feita entre
A e C, a tensão será 220 V.
Na falta de um voltímetro, uma lâmpada pode ser usada para testar os potenciais,
mas nunca tocar os fios energizados.
Associado aos potenciais gravitacionais, temos o campo gravitacional. Da mesma
forma, associado aos potenciais elétricos, temos um campo elétrico, cujo sentido é
do maior para o menor potencial.
UNIDADE 1 19
Corrente
Elétrica
+ + +
+ + +
+ + +
Figura 4 - Rede cristalina e nuvem eletrônica
Fonte: o autor.
- +
+ -
-
Na + Cl - H+
Cl
Figura 5 - Solução aquosa de cloreto de sódio Figura 6 - Solução aquosa de ácido clorídrico
Nosso corpo tem cerca de 70% de água, com vários íons dissolvidos e conduz ele-
tricidade. Se nossa pele estiver molhada, a condutividade é bem mais intensa e os
choques mais perigosos. Nesse caso, mesmo tensões residenciais podem ser letais.
UNIDADE 1 21
Terceira classe: condutores gasosos
Normalmente, um gás é isolante. No entanto, a ação de um forte campo elétrico
pode ionizá-lo, formando, como portadores livres, íons positivos e elétrons. Uma vez
ionizado, o gás é excelente condutor. É o que acontece nos relâmpagos e também nos
tubos de lâmpadas florescentes.
Semicondutores e supercondutores
Além dos três tipos de materiais condutores descritos anteriormente, temos as subs-
tâncias semicondutoras e as supercondutoras.
Como exemplo de semicondutores, temos o silício – uma das substâncias mais
abundantes na superfície terrestre – e o germânio. Ambos pertencem ao grupo 4A
da tabela periódica. Em altos graus de pureza, esses elementos são praticamente
isolantes, mas a inserção de pequenas quantidades de gálio ou arsênio, por exemplo
(processo comumente chamado de “dopagem”), cria lacunas não preenchidas por
elétrons ou elétrons livres, tornando o conjunto condutor. É um processo fundamental
na eletrônica moderna.
Como já havia sido observado no começo do século XX, com o mercúrio em
temperaturas próximas ao zero absoluto, temos substâncias com resistência nula.
Atualmente, fundindo-se diferentes materiais em proporções adequadas, obtêm-se
“cerâmicas” supercondutoras a temperaturas bem acima do zero absoluto, mas ain-
da muito baixas em relação à temperatura ambiente. Atualmente, sua utilização é
pequena, devido ao dispêndio de energia para conservar as baixas temperaturas, no
entanto, já está presente em supercomputadores e em linhas de pesquisa que exigem
eletroímãs superpotentes.
O movimento ordenado dos portadores de carga fica restrito aos limites impostos
pelo condutor, podendo acontecer em dois sentidos. No caso de portadores positivos,
eles se movem no mesmo sentido do campo, e no caso de portadores negativos, eles
se movem no sentido contrário ao campo elétrico.
A figura seguinte é um esquema do movimento de um elétron livre particular, no
interior de um fio metálico, antes e após a aplicação do campo elétrico.
VB E VA
vmédia i
i=0
i=0 VA = VB VA > VB
vmédia = 0 vmédia = 0
Se esse mesmo campo elétrico fosse aplicado em uma solução eletrolítica, teríamos
íons positivos se movendo no sentido do campo e íons negativos se movimentando
em sentido contrário. O sentido escolhido para a corrente elétrica é o sentido do
movimento dos portadores de cargas positivos ou, de maneira equivalente, o sentido
contrário ao do movimento dos portadores negativos. Tal escolha se presta tanto para
as soluções eletrolíticas, como para os gases ionizados ou para os metais. Em suma,
o sentido da corrente é o sentido do campo elétrico aplicado.
UNIDADE 1 23
Intensidade da Corrente Elétrica
Secção Transversal
-
Fio Metálico -
- -
-
- -
-
-
-
- i
Sendo |Δq| o valor absoluto da quantidade de carga que atravessa a secção trans-
versal em um intervalo de tempo Δt, a intensidade média da corrente elétrica (im) é:
Dq
im =
Dt
miliampère 1 mA = 10–3 A
microampère 1 μA = 10–6 A
Para os casos nos quais a intensidade de corrente elétrica varia com o tempo, utiliza-
mos um diagrama horário para representar o seu comportamento. Como exemplo,
consideremos que a intensidade de corrente elétrica varia com o tempo conforme
mostra a figura seguinte.
N
∆q = Área Área = Δq
Efeito magnético
Toda corrente elétrica gera, no espaço ao seu redor, um campo magnético. Esse efeito,
portanto, ocorre sempre.
Efeito Joule
Nos condutores se processa a transformação da energia elétrica em energia térmica.
Esse é o princípio de funcionamento do chuveiro e do ferro elétrico.
Efeito fisiológico
Nossos impulsos nervosos são transmitidos por estímulos elétricos. Dessa forma, a
corrente elétrica, por ínfima que seja (microampères), provoca contrações musculares;
dependendo da intensidade, pode causar até uma parada cardíaca. Entretanto, embora
pareçamos tão vulneráveis, a tensão necessária para produzir a situação descrita deve
ser de centenas de volts, pois o corpo humano (seco) é péssimo condutor quando
comparado aos metais, por exemplo.
Efeito químico
Corresponde aos fenômenos elétricos nas estruturas atômicas, objeto de estudo da
eletroquímica. A exploração desse efeito é utilizada nas pilhas, na eletrólise, na pro-
dução do alumínio, bem como na cromação e niquelação de objetos.
UNIDADE 1 25
Efeito luminoso
Também é um fenômeno elétrico de nível molecular. A excitação eletrônica pode
dar margem à emissão de radiação visível, tal como observamos nas lâmpadas fluo-
rescentes e nos relâmpagos.
1 EXEMPLO A intensidade de corrente elétrica varia com o tempo, por meio de um condutor,
conforme mostrado na Figura 10.
i (A)
10
0 2 4 6 t(s)
Figura 10 - Corrente elétrica variável
Fonte: o autor.
Determinar:
a) A quantidade de carga elétrica
i (A)
que atravessa uma secção qual-
quer do condutor, correspon-
10
dente ao intervalo de tempo de
2,0 s a 4,0 s. 5
b) A intensidade média de corrente
elétrica no intervalo de tempo
de 0 a 4,0 s. t(s)
0 2 4 6
Figura 11 - Corrente elétrica variável
Fonte: o autor.
i (A)
10
t(s)
0 2 4 6
Figura 12 - Corrente elétrica variável
Fonte: o autor.
4, 0 + 2, 0
∆q = ⋅ 10 → ∆q = 30 C
2
30
im = → im = 7, 5 A
4
UNIDADE 1 27
Potência
Elétrica
Aparelho
i
Figura 13 - Aparelho elétrico sujeito a uma tensão
Fonte: o autor.
τ = ∆q ⋅ U ∆q ⋅ U
→ P= → P = iU
τ = ∆E ∆t
Potencia elétrica e sentido da corrente
2 EXEMPLO No projeto de uma residência, o engenheiro verifica que, em uma situação de extremo
consumo, com vários aparelhos ligados, a demanda dessa casa seria 5500 W.
A casa é alimentada por uma rede que tem apenas dois fios, um neutro e outro
com 220 V.
a) Qual será a corrente elétrica nos fios de alimentação na situação de máxima
demanda?
b) Considerando que a situação de máxima demanda permaneça por meia hora,
qual será a energia consumida pela casa nesse tempo?
UNIDADE 1 29
Consumo de
Energia Elétrica
J
1 kWh = 103 W ⋅ 3600 s = 3, 6 ⋅106 s = 3, 6 ⋅106 J .
s
UNIDADE 1 31
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
2. Uma lâmpada fluorescente contém, em seu interior, um gás que se ioniza após
a aplicação de alta tensão entre seus terminais. Após a ionização, uma corrente
elétrica é estabelecida e os íons negativos deslocam-se com uma taxa de 1,0 x
1018 íons/segundo para o polo A. Os íons positivos se deslocam, com a mesma
taxa, para o polo B.
A B
Sabendo-se que a carga de cada íon positivo é de 1,6·10–19 C, pode-se dizer que
a corrente elétrica na lâmpada será:
a) 0,16 A.
b) 0,32 A.
c) 1,0 x 1018 A.
d) 0,48 A.
e) Nula.
32
3. A figura a seguir mostra como se pode dar um banho de prata em objetos, por
exemplo, talheres. O dispositivo consiste de uma barra de prata e do objeto que
se quer banhar imersos em uma solução condutora de eletricidade. Considere
que uma corrente de 6,0 A passa pelo circuito e que cada coulomb de carga
transportada tem, aproximadamente, 1,1 mg de prata.
i i
33
5. Um professor esqueceu os faróis de seu carro acesos quando foi ministrar uma
aula que durou 2 horas. Supondo que a corrente que percorre o filamento de
cada farol é de 2 ampères e que a bateria de seu carro seja de 6 volts, podemos
afirmar que a energia química da bateria foi reduzida de, aproximadamente:
a) 24 joules.
b) 2,4⋅104 joules.
c) 48 joules.
d) 17,28⋅104 joules.
e) 17,28 joules.
V (volts)
0 2 4 6 8 10 i (mA)
34
LIVRO
WEB
Este é um curto vídeo em inglês, mas você pode ativar legendas em português
para visualizar a sequência de deslocamentos dos elétrons em um condutor
metálico quando submetido à tensão vinda de uma bateria e o circuito é fechado.
Além disso, é mostrado o sentido convencional da corrente.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
35
FEYNMANN, R.; LEIGHTON, R.; SANDS, M. Lições de Física de Feynman. Porto Alegre: Artmed, 2008.
Volume 3.
GUIMARÃES, O.; PIQUEIRA, J. R. C.; CARRON, W. Física - Projeto múltiplo 3V. São Paulo: Ática, 2014.
GUIMARÃES, O.; GUADALUPE, A. Sistema de Ensino Poliedro - Física. 4. ed. S. J. dos Campos: Editora
Poliedro, 2014. Volume 4.
GUIMARÃES, O.; CARRON, W. As faces da Física. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de Física. 3. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos,
1994. Volume 4.
OKUNO, E.; CALDAS, I. L.; CHOW, C. Física para ciências biológicas e biomédicas. São Paulo: Harbra, 1982.
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física. 12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009.
36
1. C.
2. B.
3. a) 21600 C.
b) 7,92 g.
4. C.
5. D.
6. a) 40 mW.
b) 0,08 C.
37
38
39
40
Dr. José Osvaldo de Souza Guimarães
Resistência Elétrica
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Aprender sobre uma característica pertinente a todos os • Conceituar associação de bipolos elétricos, em particular
condutores: a resistência elétrica. os resistores, e estudar a associação em série.
• Estabelecer como calcular a potência dissipada nos resis- • Analisar a associação em paralelo, associações mistas e o
tores de várias formas. fenômeno do curto-circuito.
Definição de
Resistência
• Receptores Resistivos
Transformam energia elétrica exclusiva-
mente em energia térmica. É o caso do
chuveiro elétrico, do forno de resistência
elétricas e das lâmpadas incandescentes,
as quais têm como efeito secundário a in-
candescência luminosa. Na categoria dos
receptores resistivos, enquadram-se os
condutores em geral.
• Receptores Ativos
Transformam energia elétrica em alguma modalidade de energia, desde que
não exclusivamente a energia térmica. São os aparelhos de som, a TV, o telefone
e os motores elétricos em geral. Os receptores ativos são chamados simples-
mente de receptores, e os receptores resistivos, de resistores.
Resistência de um Condutor
A i B
Figura 1 - Corrente elétrica estabelecida no condutor
Fonte: o autor.
R
i
A B
Figura 2 - Símbolo do resistor
Fonte: o autor.
UNIDADE 2 43
U 1V
Como R = , temos 1 .
i 1A
• A resistência de um condutor, em
2 4 6 8
geral, depende dos pontos em que esta-
0 10
1 2 belecemos a tensão. Por exemplo, no corpo
3
10 mA humano, a resistência entre os dois polega-
res é diferente da resistência elétrica entre
a ponta do pé e a ponta do nariz.
Figura 3 - Arranjo experimental para avaliação da resistência • A resistência elétrica de um condutor,
elétrica no corpo humano genericamente, varia com a tensão aplicada.
Fonte: o autor.
• O sentido da corrente elétrica em um
condutor é sempre do maior para o menor
potencial, pois a passagem dos portadores de carga através dele é acompanhada
de um “consumo” de energia potencial elétrica.
1 EXEMPLO Fixando-se dois terminais em um determinado condutor, liga-se a ele uma fonte de
tensão variável. Em dois experimentos, são medidas a tensão e a corrente que se esta-
belece no condutor, conforme a tabela a seguir, mantendo-se a temperatura constante:
Resolução
U
a) Como R = , temos, para cada experimento:
i
2, 70 4, 50
R1 0, 9 e R2 = = 0, 9 Ω .
3 5
44 Resistência Elétrica
Primeira Lei de Ohm
Como a resistência é constante nos condutores ôhmicos, nela, a relação entre a tensão e a
corrente U R i uma função linear cuja representação gráfica é uma reta que passa
pela origem (Figura 4). Na Figura 5, o gráfico é um exemplo para um condutor não ôhmico.
U U
i i
Figura 4 - Condutor ôhmico Figura 5 - Condutor não ôhmico
Fonte: o autor. Fonte: o autor.
Não devemos confundir a primeira lei de Ohm com a definição de resistência. Esta
se aplica aos condutores em geral: ela não garante a constância da resistência. Já
a primeira lei de Ohm só é válida para os condutores ôhmicos.
UNIDADE 2 45
Potência em
um Resistor
Como P = iU (I),
U U2
vamos obter: P= iU = ⋅ U --> P = (II).
R R
Ou, ainda, P = iU = i ⋅ R ⋅ i --> P =Ri 2 (III).
46 Resistência Elétrica
2 EXEMPLO Um chuveiro elétrico é construído para funcionar em 220 V e apresentar uma po-
tência elétrica de 4.400 W.
a) Em condições normais de funcionamento, qual é a resistência elétrica do
chuveiro?
b) Considerando o chuveiro como condutor ôhmico, qual será sua potência
quando ligado em 110 V?
Resolução
2
a) Como foram dadas a tensão e a potência, vamos usar: P = U .
220 ⋅ 220 R
Temos: 4400 = ⇒ R 11 Ω
R
U2 1102
P= , P= --> P = 1100 W .
R 11
Observe que, em um condutor ôhmico, quando a tensão é reduzida à metade de seu
valor original, a potência se reduz a um quarto do seu valor original.
A
L
L
Figura 6 - Segmento de fio cuja resistência é R = r
A
UNIDADE 2 47
3 EXEMPLO Uma lâmpada incandescente (100 W, 120 V) tem um filamento de tungstênio de
comprimento igual a 31,4 cm e diâmetro 4,0 · 10–2 mm. A resistividade do tungstênio
à temperatura ambiente é de 5,6 · 10–8 Ωm.
a) Qual a resistência do filamento quando ele está à temperatura ambiente?
b) Qual a resistência do filamento com a lâmpada acesa?
Resolução 2
L d
a) Como R = r e A p r 2 p , vamos obter:
A 2
2
3, 14 4 105
A 3, 14 4 1010 m2 .
4
3, 14 ⋅ 10−1
Assim, R = 5, 6 ⋅10−8 = 14 Ω .
3, 14 ⋅ 4 ⋅ 10−10
U2 1202
Vejamos: P = , logo 100 = → R = 144 Ω
R R
Reostato
48 Resistência Elétrica
Curto-Circuito
De fato, aplicamos esse conceito no dia a dia. Se queremos ligar um aparelho qualquer,
mas ele está muito longe da tomada, usamos uma extensão. A extensão apenas leva
os potenciais da tomada até os terminais do aparelho. Do ponto de vista da potência,
temos: P = Ui , mas como U = 0, a potência dissipada é nula, qualquer que seja a
intensidade da corrente.
Dizemos que os pontos X e Y estão em curto-circuito.
Lei de Nós
Nó
i3
UNIDADE 2 49
As quantidades de carga elétrica, por unidade de tempo, que atravessam os fios
2 e 3, são provenientes do fio 1. Como sabemos que carga elétrica não se perde nem
se ganha, apenas se transfere, concluímos então que:
i1 i2 i3
i2 = 3 A
R2
A B
i1 R3
i3 = 4 A
Figura 10 - Resistores em uma associação
Fonte: o autor.
50 Resistência Elétrica
Resolução
a) Nos resistores, o sentido da corrente é do maior potencial elétrico para o
menor potencial, logo, pelo sentido da corrente, concluímos que o potencial
elétrico de A é maior que o de B (VA > VB).
a) Examinado os pontos que estão interligados por um fio ideal, vemos que todos
os pontos destacados por um círculo vermelho têm o mesmo potencial do
ponto A (VA), ao passo que os pontos destacados com um círculo preto têm
o mesmo potencial que o ponto B (VB).
b) Pela lei dos nós, temos:
i1 = i2 + i3 , assim i1 = 3+4 , portanto i1 = 7 A
Devemos notar que a corrente i1 se refere a um trecho de curto-circuito.
Nesse trecho, tanto a tensão como também a resistência elétrica são nulas. A
determinação da intensidade da corrente é, então, feita pela lei dos nós.
c) Vamos aplicar, para cada resistor, a definição de resistência.
36
U R1 =
R= 4 R =9 Ω
i → → 1
U = 36 V R = 36 R2 = 12 Ω
2 3
UNIDADE 2 51
Associação
em Série
52 Resistência Elétrica
i1
Na Figura 11, há dois resistores associados em série.
A R1 B R2 C
i i i
i1 UAB UBC
UAC
Vamos analisar
UAC as propriedades desse tipo de associação:
1. A tensão entre os extremos da associação é a soma das tensões em cada resistor.
U AC U AB U BC
sob tensão de 6 V, num local em que Figura 12 - Duas lâmpadas idênticas associadas em série
Fonte: o autor.
somente se dispõe de uma bateria
(fonte) de 12 V. Ligando-se essas duas lâmpadas em série, a tensão em cada uma será
exatamente 6 V, e elas funcionarão em condições normais (Figura 12).
UNIDADE 2 53
A desvantagem da associação em série é que, se uma das lâmpadas queima, o cir-
cuito fica aberto, e a outra lâmpada deixa de funcionar. As lâmpadas não funcionam
de forma independente.
Situações Equivalentes
A R1 B
R2 C
i i i
UAB UBC
UAC
Req
A C
i i
UAC
Figura 13 - Associação e o resistor equivalente
Fonte: o autor.
54 Resistência Elétrica
Esse resistor equivalente, ligado aos pontos A e C, é submetido à diferença de potencial
UAC, percorrido pela corrente elétrica i, tal que:
U AC Req i
Como U=
AC U=
AB U BC , temos:
5 EXEMPLO Três resistores estão associados em série, conforme ilustra a figura. Aplica-se, então,
uma tensão de 120 V entre os terminais A e B dessa associação.
A 20 Ω 30 Ω 10 Ω B
120 V
Figura 14 - Associação de resistores
Fonte: o autor.
Determine:
a) A resistência equivalente da associação.
b) A intensidade da corrente elétrica em cada resistor.
c) A tensão em cada resistor.
d) A potência total dissipada pela associação.
Resolução
a) A resistência equivalente pode ser obtida por:
Req. Ri , isto é Req = 20 + 30 + 10 → Req = 60 Ω .
i
120
U AB = Req ⋅ i → i = =2 A
60
U = 20 ⋅ 2 = 40 V, U = 30 ⋅ 2 = 60 V e U = 10 ⋅ 2 = 20 V .
d) Vamos aplicar: .
UNIDADE 2 55
Associação
em Paralelo
56 Resistência Elétrica
R1
R2 Observando os potenciais
elétricos dos pontos em que
R3 VB
VA estão ligadas as lâmpadas, po-
VB demos montar um outro circui-
VA
VB to, que não é igual ao primeiro,
mas é eletricamente equivalente
VA
(as lâmpadas continuam sob a
mesma tensão elétrica), com
vantagem de economizar alguns
trechos de fio.
B Os circuitos de cada uma das
A
lâmpadas funcionam paralela-
VA VB mente, não no sentido geomé-
trico, mas sim no sentido de que
são independentes.
Figura 15 - Lâmpadas associadas em paralelo
Fonte: o autor.
R1
R2
R3 VB
VA
VA VB
VB
VA
A B
VA VB
UNIDADE 2 57
i1
R1
VA i2 R2 VB
i i
i3 R3
Figura 17 - Resistores em paralelo
Fonte: o autor.
UAB = VA – VB.
Propriedades da associação de resistores em paralelo
Pela lei dos nós, podemos escrever: i i1 i2 i3
U2
A menor resistência corresponde a maior potência dissipada, pois P = ,ea
R
tensão (U) é a mesma para todos os resistores.
A intensidade da corrente elétrica em cada resistor é inversamente proporcional a
sua resistência, pois, pela definição de resistência, U R i , logo ,
ou seja,
Resistor equivalente
i1
R1
VA i2 R2 VB
i i
i3 R3
Circuitos equivalentes
Req.
VA i i VB
58 Resistência Elétrica
i i1 i2 i3
U U U U 1 1 1 1
U , assim: AB AB AB AB , logo
i R Req. R1 R2 R3 Req. R1 R2 R3
Casos particulares
Para apenas dois resistores, a equação anterior pode ser desenvolvida como:
1 1 1 R1 R2 → .
Req. =
Req. R1 R2 R1 R2 R1 + R2
VA i2 R2 = 30 Ω VB
i i
i3 R3 = 20 Ω
U = 120V
Determinar:
a) A corrente elétrica em cada resistor.
b) A corrente total que se estabelece na associação.
c) A resistência equivalente à associação.
d) A potência total dissipada.
Resolução
a) A ddp é a mesma em todos os resistores. Como a intensidade de corrente
U
elétrica pode ser obtida por i = , temos:
R
120 120 120
i1 = , logo i1 = 2, 0 A i2 = , logo i2 = 4, 0 A i3 = , logo i3 = 6, 0 A
60 30 40
UNIDADE 2 59
b) A corrente total que se estabelece na associação é i i1 i2 i3 , assim
i = 2 + 4 + 6, i = 12 A
c) A resistência equivalente à associação é dada por
1 1 1 1 1 1 1 1
, logo
Req R1 R2 R3 Req. 60 30 20
1 1 2 3 6 1
→ Req. = 10 Ω
R eq. 60 60 10
Associação Mista
O exemplo a seguir ilustra vários resistores associados. Eles não estão todos em série
e nem todos exclusivamente em paralelo. Em casos como este, a resolução será por
partes, até que atinjamos a meta final que é reduzir a associação a um único resistor
que seja equivalente à associação, acompanhando os seguintes passos:
• Substituímos os resistores que estejam associados em série, em cada trecho,
por um resistor equivalente.
• Substituímos os resistores que estejam em paralelo, em cada trecho, por um
resistor equivalente.
• Retornamos ao passo inicial, até que tenhamos reduzido todo o conjunto a
um único resistor que lhe seja equivalente.
15 Ω 20 Ω
Ω
25
A 10 Ω 30 Ω 5Ω B
Figura 20 - Associação mista de resistores
Fonte: o autor.
60 Resistência Elétrica
Resolução
Comecemos pelo cálculo do equivalente nos trechos em que os resistores estão em série.
60 Ω
15 Ω 20 Ω
Ω
25
A 10 Ω 30 Ω 5Ω B
Rs 25 15 20
Rs 60
60 Ω
A 10 Ω 30 Ω 5Ω B
1 1 1 1+ 2 1
= + = = → R p = 20 Ω
R p 60 30 60 20
R = 10 + 20 + 5
R = 35 Ω
8 EXEMPLO No circuito a seguir, determinar a intensidade da corrente no resistor de 3 Ω, saben-
do-se que a tensão entre os pontos A e B é de 18 V.
6Ω
A 4Ω B
3Ω
UNIDADE 2 61
Resolução
A sequência seguinte ilustra os vários passos, até a obtenção do resistor equivalente.
6Ω RP = 2 Ω
A 4Ω B
3Ω
A 4Ω 2Ω B
A 6Ω B
18 6 i i 3 A
A 4Ω M 2Ω B
12 V 6V
18 V
U AM = 4 ⋅ 3 U MB = 2 ⋅ 3
U AM = 12 V U MB = 6 V
62 Resistência Elétrica
Resistor em curto-circuito
Quando os terminais de um resistor estão interligados por um fio ideal, dizemos que
esse resistor está em curto-circuito. A tensão nesse resistor é nula e, em decorrência,
ele não está em funcionamento, podendo ser descartado por ocasião do cálculo do
resistor equivalente.
No exemplo seguinte, o resistor de 12 Ω está em curto. A resistência equivalente
entre os pontos A e C é de 6 Ω.
Nó 1
A i 12 Ω A 4Ω B 2Ω C
i
Figura 21- O resistor de 12 ohms está em curto-circuito
Fonte: o autor.
9 EXEMPLO O esquema a seguir representa um circuito sujeito a uma tensão total de 36 V, sendo
o potencial do ponto A maior que o potencial do ponto B. Qual a intensidade e o
sentido da corrente em cada um dos ramos?
A 12 6 4 B
Gerador = 36 V
UNIDADE 2 63
Resolução
Primeiramente, vamos identificar cada um dos nós utilizando as propriedades do
curto-circuito. Como fizemos no caso anterior, começamos pelos extremos.
A figura ilustra o resultado desse processo, com destaque para os sentidos das
correntes. Como sabemos, nos resistores, o sentido da corrente é do menor para o
maior potencial (de A para B).
Observe que, devido aos curtos, o potencial de A1 é o mesmo de A, e o de B1 é o
mesmo de B.
A 12 6 4 B
B1 A1
Gerador = 36 V
j1 3 6 9 A
j2 6 9 15 A
Com relação às correntes j3 e j4, teremos:
j3 3 15 18 A e j4 9 9 18 A
Método do varal
Para a obtenção do resistor equivalente em situações mais complexas, podemos re-
correr a esse método, que simplifica o arranjo dos resistores e permite uma melhor
visualização dos tipos de associação.
64 Resistência Elétrica
O método se constitui dos seguintes passos:
• Desenhamos duas linhas, representando fios ideais, que correspondem aos
dois extremos da associação, atribuindo uma letra ao potencial de cada uma
delas (por exemplo A e B).
• Fazemos uma primeira simplificação do circuito, obtendo o resistor equi-
valente das associações que seguramente estão feitas em série e em paralelo.
• Em seguida, atribuímos uma letra a cada um dos potenciais intermediários.
Lembrar que pontos ligados por um fio ideal têm o mesmo potencial.
• Entre os dois extremos, desenhamos as linhas referentes aos potenciais inter-
mediários.
• Transportamos os resistores para esse novo desenho, tendo como base os
potenciais a que estão ligados.
• Apagamos as sobras dos fios de ligação.
• Com esse novo desenho, calculamos o resistor equivalente.
6,0 Ω 6,0 Ω
3,0 Ω
Y
Resolução
Vamos identificar cada um dos nós e os respectivos potenciais.
X X
X
6,0 Ω 6,0 Ω
6,0 Ω 6,0 Ω
3,0 Ω
Y
Y B
UNIDADE 2 65
Agora, desenhamos o varal e “dependura- Apagamos as sobras dos fios de ligação
mos” os resistores.
X X
6Ω
6Ω
6Ω
6Ω
3Ω
6Ω
6Ω
6Ω
6Ω
B B
6Ω
6Ω
3Ω
B
3Ω
3Ω
Y Y
Y
A sequência seguinte ilustra circuitos equivalentes, até chegarmos a um único resistor.
X X
3Ω
6Ω
6Ω
6Ω
6Ω
6Ω
B
3Ω
Y Y
6
Req. = → Req. = 2 Ω
3
X
Instalações Residenciais
6Ω
6Ω
6Ω
Para que o fato de uma lâmpada estar acesa ou apagada não interfira no funcionamento
dos outros dispositivos elétricos, é comum, nas residências, que todos os aparelhos elé-
tricos estejam associados em paralelo.
Como na associação em paralelo a corrente total é a soma das correntes dos compo-
Y para não sobrecarregar os fios, é comum dividir a instalação em grupos de cir-
nentes,
cuitos, e as correntes mais elevadas passam apenas pelos fios de entrada da rede externa.
Esses fios de entrada serão, então, mais grossos, para suportar essas elevadas correntes.
A Figura 24 mostra o esquema de uma instalação residencial com três circuitos: um
para a sala, outro para a cozinha e um terceiro para o chuveiro. A alta potência desse último
aparelho justifica a necessidade de um circuito separado para ele, com fios mais grossos.
66 Resistência Elétrica
circuito 2 fase 1
circuito 3
neutro fase 1
neutro circuito 1
fase 2
fase 2 5400 W
15 W
20 W
220 V
15 W
50 W circuito 3 (220V)
80 W Circuito 1 (127V) 200 W 1 Chuveiro 5400 W
Circuito 2 (127V)
1 lâmpada 20 W 1 lâmpada 15 W
1 lâmpada 15 W 1 geladeira 200 W
1 televisão 80 W 1 rádio 50 W
Total 115 W Total 265 W
UNIDADE 2 67
Relacionamos a resistência elétrica com a tensão e a in-
tensidade da corrente em um condutor. De quais fatores
ela depende e como podemos calculá-la, conhecendo-se
o material e a geometria do condutor?
Encontramos essa resposta na 2ª Lei
de Ohm e aprendemos como aplicá-la,
encontrado a resistência de um resistor.
Embora a ideia leiga de curto-cir-
cuito seja de catástrofes nos circuitos
elétricos, vimos que é por meio dos
curtos que interligamos os resistores
e outros elementos dos circuitos.
Estuamos e aprendemos as pro-
priedades das associações de resisto-
Figura 25 - Símbolo res em série, paralelo e mistas, chegan-
para ligação do fio terra
Fonte: o autor. do ao conceito de resistor equivalente.
68 Resistência Elétrica
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
69
3. Uma cidade consome 1,0 · 108 W de potência e é alimentada por uma linha de
transmissão de 1.000 km de extensão, cuja voltagem, na entrada da cidade, é
100.000 volts. Essa linha é constituída de cabos de alumínio cuja área da seção
reta total vale A = 5,26 · 10-3 m2. A resistividade do alumínio é ρ = 2,63 · 10-8 Ωm.
a) Qual é a resistência dessa linha de transmissão?
b) Qual é a corrente total que passa pela linha de transmissão?
c) Que potência é dissipada na linha?
70
5. Na associação de resistores da figura a seguir, os valores de i e R são, respec-
tivamente:
40 Ω
2A
8A 2R
R
i
a) 1 A e 10 Ω.
b) 2 A e 2,5 Ω.
c) 4 A e 2,5 Ω.
d) 16 A e 5 Ω.
e) 8 A e 5 Ω.
71
LIVRO
WEB
72
FEYNMANN, R.; LEIGHTON, R.; SANDS, M. Lições de Física de Feynman. Porto Alegre: Artmed, 2008.
Volume 3.
GUIMARÃES, O.; PIQUEIRA, J. R. C.; CARRON, W. Física - Projeto múltiplo 3V. São Paulo: Ática, 2014.
GUIMARÃES, O.; CARRON, W. As faces da Física. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de Física. 3. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos,
1994. Volume 4.
OKUNO, E.; CALDAS, I. L.; CHOW, C. Física para ciências biológicas e biomédicas. São Paulo: Harbra, 1982.
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física. 12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009.
73
1. B.
2. A.
3. a) 5 Ω.
b) 1000 A.
c) 5.106 W.
4. D.
5. D.
6. C.
74
75
76
Dr. José Osvaldo de Souza Guimarães
Conversão da
Energia Elétrica
PLANO DE ESTUDOS
Receptores Capacitores
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Definir e estudar os geradores, os rotores das turbinas de • Interligar todos os elementos, geradores, receptores, re-
hidrelétrica e de termoelétricas, nucleares ou alimentadas sistores e capacitores, formando um circuito elétrico.
por combustíveis convencionais. • Entender e conceituar o funcionamento de um capacitor.
• Explorar uma das mais importantes características da
energia elétrica, os receptores.
Geradores
Pela própria unidade que essa grandeza apresenta, vemos que a designação força
não é apropriada, uma vez que ela tem a mesma natureza de uma diferença de po-
tencial. O nome apenas permanece por motivos históricos.
Existe uma diferença entre a força eletromotriz e a tensão. Ela reside no fato de
que esta última é sempre medida entre dois pontos distintos de um circuito elétrico,
ao passo que a força eletromotriz acontece localmente, no interior do gerador.
Resistência Interna
Para que os portadores de carga recebam energia potencial elétrica, é necessário que
eles atravessem o gerador. O interior do gerador oferece, à circulação dos portadores
de carga, uma determinada resistência. Gerador ideal é aquele em que não há tal
resistência. Na prática, tratamos como ideal o gerador que possuir uma resistência
interna desprezível em relação à equivalente do circuito elétrico que ele alimenta.
UNIDADE 3 79
O polo de maior potencial é comumente chamado de polo positivo, mas vemos,
por esse exemplo, que os sinais dos polos, na verdade, referem-se a qual deles
tem maior potencial e qual tem menor potencial. Isto é, o polo negativo não é,
necessariamente, negativo.
Pd r i 2
Potência útil (Pu)
É a potência elétrica que o gerador fornece ao circuito ligado entre seus polos. Con-
siderando que o circuito ligado aos terminais do gerador seja um aparelho qualquer
submetido à tensão U, a potência útil é:
Pu U i
Equação do gerador
Em eletricidade, procuramos sempre estabelecer, para cada aparelho, uma relação
entre a intensidade da corrente elétrica que o atravessa (i) e a tensão entre os seus
terminais (U), ou seja, procuramos determinar uma função U tal que U = U(i).
Como já calculamos cada uma das potências envolvidas no funcionamento do
gerador, vamos relacioná-las, considerando o princípio da conservação da energia.
Símbolo do gerador
Dois fenômenos ocorrem simultaneamente em um gerador:
• A transformação de um outro tipo de energia em energia elétrica, traduzida
por um ganho de potencial elétrico (ε).
• Consumo de energia elétrica devido à resistência interna, traduzido por uma
redução no potencial elétrico (r · i).
- +
ε r
gerador
Figura 2 - Símbolo do gerador
Fonte: o autor.
UNIDADE 3 81
U
- +
ε r
ri
ε U
U circuito
aberto
ε
curto-circuito
0
i = εr
CC
i
Figura 4 - Pontos notáveis no funcionamento do gerador
Fonte: o autor.
α β
0
i = εr
CC
i (A)
Figura 5 - Curva de um gerador
Fonte: o autor.
Pontos notáveis
Na curva característica de um gerador, merecem destaque dois pontos: o do circuito
aberto e o do curto-circuito.
Circuito aberto (i = 0, U = ε)
e
Curto-circuito U 0, i icc
r
Para que os dois polos do gerador tenham o mesmo potencial elétrico, basta ligarmos
esses pontos com um fio ideal; o gerador ficará numa situação de curto-circuito. Nessa
situação, a potência útil é nula e toda energia de outra modalidade que está se transfor-
mando em energia elétrica é dissipada internamente no próprio gerador. Se o gerador
for, por exemplo, uma pilha comum, observa-se que ela se descarregará rapidamente.
UNIDADE 3 83
Podemos dizer que, exceto em situações acidentais, o interesse relativo à essa
situação é meramente teórico, pois, na prática, estaríamos danificando o gerador.
Lei de Pouillet
A A
i
r i
i R
ε
i
B B
Figura 6 - Circuito elétrico elementar
Fonte: o autor.
Conforme vemos, pela Figura 6, há um único percurso fechado – chamado de malha
– para a circulação dos portadores de carga. Sempre que essa condição é obedecida,
dizemos que se trata de um circuito de malha única. Vemos, pelos potenciais relativos
aos pontos A e B, que a tensão nos terminais do gerador é a tensão fornecida ao resistor:
U e r i
e r i R i logo e ( R r ) i, que podemos expressar por e R i
U R i
Rendimento
Pu U i U
h= , mas como Pu = U i e Pt = ε i , temos η , portanto η =
Pt ε i ε
Dois ou mais geradores estão associados em série quando, entre eles, não existem
nós. Como decorrência, os geradores são percorridos pela mesma corrente elétrica.
Vejamos um exemplo de dois geradores associados em série.
ε1 ε2
r1 r2
i i i
U1 U2
U
Figura 7 - Geradores associados em série
Fonte: o autor.
UNIDADE 3 85
Considerando-se o gerador equivalente, escrevemos: U eeq. req. i (I)
Observando que U U 1 U 2 , escrevemos:
U e1 r1 i e2 r2 i e1 e2 r1 r2 , portanto, na associação de geradores
U1 U2 eeq . req .
εeq. = ε1 + ε2
em série, temos
r eq. = r1 + r2
O gerador equivalente tem uma força eletromotriz igual à soma das eletromotrizes
dos geradores associados em série, e resistência interna igual à soma das resistências
internas dos geradores associados. Esse resultado nos indica a utilidade da associação
de geradores em série, realizada com a finalidade de se obter maior tensão. Por exem-
plo, quando associamos em série quatro pilhas de 1,5 V de fem cada uma, obtemos
com esse arranjo um gerador equivalente de fem 6,0 V.
ε
i1 r
ε
VA i i2 r i VB
ε
i3 r
U
Figura 8 - Gerador em paralelo
Fonte: o autor.
i
i1 i2 i3 3
eeq. e
i
U e r ( para cada gerador ) r
3 req.
U eeq. req. i (na associação) 3
1 EXEMPLO Quatro baterias ideais, de 9,0 V cada uma, estão ligadas conforme o esquema. Qual
é a diferença de potencial entre os pontos A e B?
B
A
UNIDADE 3 87
Resolução
A associação pode ser representada pelo seguinte esquema:
ε ε
ε ε
A B
ε
A
ε B eeq. 2 e
eeq. 18V
Características do Receptor
UNIDADE 3 89
J
A unidade da força contraeletromotriz é: = V (volt ). Vemos, pela unidade, que
C
a fcem tem a mesma natureza de uma ddp. Realmente, se imaginamos um receptor
ideal, a fcem mede a diferença entre os níveis de energia nos terminais do receptor,
ou seja, para um receptor ideal, a fcem é a própria tensão entre seus terminais.
i
-
i + U
+ -
i A B i
Receptor VA > VB
U
Potências
Essa potência se refere à energia elétrica total fornecida ao receptor por unidade de
tempo. Sendo U a tensão nos terminais e i a intensidade da corrente elétrica, temos:
Pt U i
Pd = r ' i 2
ε ' ∆q
Pu = → Pu = ε '⋅ i .
∆t
Equação do Receptor
Tal como procedemos para o gerador, vamos estabelecer a relação entre a intensidade
da corrente elétrica, que atravessa o receptor, e a tensão entre os seus terminais.
Considerando o princípio da conservação da energia, escrevemos:
Pt = Pu + Pd
U ⋅ i = ε '⋅ i + r '⋅ i 2 Logo,
U = ε '+ r '⋅ i
UNIDADE 3 91
ε’
+ - r’
VA + i i - VB
U
VA >VB
Figura 10 - Símbolo de um receptor
Fonte: o autor.
ε’
r’
+ -
i
ε’
U
r’i
Figura 11 - Níveis de energia ao longo de um receptor
Fonte: o autor.
Curva Característica
α
ε’
0 i(A)
Figura 12 - Curva de um receptor
Fonte: o autor.
UNIDADE 3 93
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
Rendimento (h)
Pu ε '⋅ i ε'
η= = , logo η =
Pt U ⋅ i U
ε'
η 100%
U
Na prática, o rendimento é sempre menor que 1 (ou seja, menor do que 100%). O
rendimento 100% corresponde a uma situação teórica de um receptor ideal.
2 EXEMPLO Um receptor com fcem de 24 V e resistência interna de 2 Ω está operando com cor-
rente elétrica de 3 A de intensidade. Determine:
e) A ddp nos terminais do receptor.
f) A potência total consumida pelo aparelho.
g) A potência útil e a potência dissipada.
h) O rendimento do aparelho, nas condições do problema.
i) A curva característica.
Resolução
a) São dados
ε ' = 24 V, r ' = 2 e i= 3 A
U = ε '+ r '⋅ i
U = 24 + 2 ⋅ i
Como i = 3 A , temos: .
c) Pu = ε '⋅ i, Pu = 24 ⋅ 3, Pu = 72 W .
Pd r ' i 2 , Pu 2 32 , logo Pd = 18 W.
ε' 24
d) =η = ,η , logo η = 0, 8 ou η = 80% .
U 30
U (V)
30
24
0 3 i(A)
Eixo Bloqueado
Pode ocorrer de o eixo do receptor (motor elétrico) estar bloqueado. É uma situação
indesejável, pois toda tensão que é fornecida ao aparelho é consumida pela resistência
interna, não havendo a fcem.
Como exemplo, vamos tomar o exercício resolvido anteriormente, imaginando
que o eixo do receptor esteja bloqueado, e que fosse fornecida ao aparelho a mesma
ddp. Nessa situação, teríamos: U = 30 V e r ' = 2 Ω . Como não há fcem, o aparelho
está funcionando simplesmente como um resistor.
UNIDADE 3 95
Nessa condição, a potência consumida pelo aparelho, seria:
Pt U i, Pt 30 15 , logo Pt = 450 W
Vemos que tanto a intensidade da corrente elétrica como a potência total consumida
assumem valores muito maiores que as condições normais de operação do aparelho,
havendo o sério risco de fusão dos isolantes que separam os fios do motor (o motor
queima). Nessa situação, o rendimento é nulo.
Lei de Pouillet
3Ω R=5Ω
40 V
Resolução
a) Temos dois símbolos que representam uma bateria. Nesse caso, a maior in-
tensidade (40 V) corresponde a um gerador, o outro é a um receptor, pois o
sentido da corrente que determina o aparelho de 40 V é horário.
Pela lei de Pouillet: e e ' R i
40 10 5 2 3 i i 3 A
40 V
31 V
21 V
15 V
0V 0V
B A B
UNIDADE 3 97
Leis de Kirchhoff
Percurso de Ramos
do Circuito
VA i i VB
Bateria
ε
Quando passamos por uma bateria, se vamos
do maior para o menor potencial, o potencial
elétrico diminui e há uma queda de potencial
- +
elétrico; no caso contrário, o potencial elétri-
co aumenta, independentemente do sentido
VA VB
da corrente e do fato de a bateria estar fun-
cionando como gerador ou receptor.
Gerador
ε
VA VB
- +
VA e VB VA VB e VA VB
i i
Figura 15 - Gerador
Fonte: o autor.
UNIDADE 3 99
Receptor ε’
VA i + -
VA VB i VB
VA e ' VB VA VB e '
Figura 16 - Receptor
Fonte: o autor.
Resistor
VA i + - VB
Figura 17 - Resistor
Fonte: o autor.
VA VB R i
Quadro 1 - Resumo das características dos bipolos estudados
Tensão
Percurso
(U)
Elemento
de Símbolo A favor do Contrário ao
Circuito sentido da sentido da VA − VB
corrente corrente
Curto- VA VB
i i
VA = VB VB = VA 0
circuito
VA i + VB
Resistor -
VA − R ⋅ i = VB VB + R ⋅ i = VA R ⋅i
ε
+
Gerador VA
i
-
i VB
VA + ε = VB VB − ε = VA −ε
ε’
VA i + -
Receptor i VB VA − ε ' = VB VB + ε ' = VA ε'
Fonte: o autor.
A 12 V 2Ω 6V 1Ω B
i=1A
Resolução
i=1A
A 12 V 2Ω 6V 1Ω B
12 V
10 V
4V
3V
0
UNIDADE 3 101
Primeira Lei de Kirchhoff - Lei dos Nós
Essa lei, já vista no início da eletrodinâmica, ficou conhecida como primeira lei de
Kirchhoff.
Pelo princípio da conservação da carga elétrica, a soma das correntes que têm
sentido de aproximação do nó é igual à soma das correntes que têm sentido de afas-
tamento desse mesmo nó.
i2
nó
i1
i3
Figura 18 - Junção de fios (nó)
Fonte: o autor.
ε1 ε2
A D
R2
VA e1 R1 i e 2 R2 i VA e1 R1 i e2 R2 i 0 (I)
Convenção de sinais
i
+ +
ε1 ε2
- -
- +
A D
R2
UNIDADE 3 103
Roteiro
Esse roteiro vai resultar em um sistema de n equações com n incógnitas, que pode
ser resolvido da maneira mais conveniente, de acordo com cada caso.
3Ω 6Ω
2Ω
12 V 12 V 18 V
Resolução
Seguindo o roteiro, vamos, primeiramente, assinalar os sentidos de corrente que
imaginamos.
B C i3 D
3Ω 6Ω
2Ω
i1 i2
12 V 12 V 18 V
A F E
1,5 A
3Ω 6Ω
2Ω
1,0 A 0,5 A
18 V
12 V 12 V
UNIDADE 3 105
Capacitores
Indução Total
++ + ++ ++ + ++
-- - -- -
+ + + +
+ +
++ ++ ++ ++
+ ++ + ++ -- --
A A
- B
- B
indutor indutor induzido induzi
Nesse caso, a carga induzida é, em módulo, menor do que a carga do indutor. Generi-
camente, a carga induzida é, em módulo, sempre menor ou igual à carga do indutor.
Para conseguirmos uma situação em que a carga induzida tenha o mesmo valor
absoluto que a carga do indutor – indução total –, toda linha de campo que nasce
no indutor deve terminar no induzido, ou vice-versa. Isso acontece, por exemplo,
quando o induzido envolve totalmente o indutor.
Indução total
- - -
- -
Se as superfícies do indutor e - -
do induzido estiverem mui- -
to próximas, em relação às - + + ++
+ -
dimensões desses corpos, a + +
- + -
situação também é, aproxi- + +
- + -
madamente, de indução total. + + + ++
- -
- -
- -
- - -
UNIDADE 3 107
Capacitor
Capacitância
Capacitor Plano
Gráfico U × Q
1
Como C é uma constante característica de cada capacitor, podemos escrever: U Q ,
C
onde U é uma função de primeiro grau na variável Q, cujo gráfico é uma reta que passa
pela origem dos eixos coordenados.
N
tg α = C
α
Q Q
Figura 24 - Curva característica de um capacitor
Fonte: o autor.
Energia Potencial
Elétrica no Capacitor
UNIDADE 3 109
Aprendemos, anteriormente, que o potencial VA deveria ser o mesmo que VC,
assim como VB deveria ser igual a VD, pois esses pontos estão ligados por fios ideais;
contudo, essa igualdade só vai acontecer após um breve intervalo de tempo, cha-
mado de transiente ou transitório, que é o tempo de carga do capacitor. Durante
esse intervalo, há um deslocamento de cargas, sob uma diferença de potencial cada
vez maior, até que a tensão no capacitor se iguale à fem, quando, então, atingimos o
chamado regime estacionário.
Os primeiros portadores de carga são transferidos de uma armadura à outra, pra-
ticamente sem diferença de potencial, ao passo que os últimos sofrerão o transporte
sob tensão praticamente igual à força eletromotriz.
O trabalho da força elétrica para que se processe o deslocamento dos portadores
de carga vai corresponder à energia potencial armazenada no capacitor (E). Para uma
certa quantidade de cargas Δq, deslocada sob uma tensão U, o trabalho da força elé-
trica é: τ = Δq·U. Como a tensão U varia durante o processo de carga, vamos calcular
o trabalho total usando como recurso a propriedade da área sob o gráfico U × q.
Q Q
Figura 26 - Trabalho no processo de carga do capacitor
Carga e descarga do capacitor Fonte: o autor.
E t Q U C U 2 Q2
E
t Área 2 2 2C
Vamos observar que, terminado o processo de carga do capacitor, não há mais mo-
vimento ordenado de portadores de carga. O circuito entra no regime estacionário
e a intensidade da corrente elétrica torna-se nula.
r
C
Resolução
Do enunciado: E = 1, 8 ⋅10−4 J e C = 10 µ F
2 6 2
Como E C U , temos 1, 8 104 10 10 U U 2 36 U 6V .
2 2
Capacitor Plano
Dentre os vários tipos de capacitores, tem especial destaque o capacitor plano. Ele é
constituído por duas placas planas e paralelas, entre as quais reina um campo elétri-
co uniforme, perpendicular às superfícies das placas. Sendo U a tensão entre as ar-
maduras e d a distância entre elas, podemos escrever, pelas propriedades do campo
elétrico uniforme, que: E d U
A +
+ + +
+ +
+ + + +
+ -
-
d E
-
- - -
UNIDADE 3 111
eA
A capacitância do capacitor plano pode ser calculada por: C = , onde A é área
d
de cada uma das armaduras e d a distância entre elas. A constante ε é chamada de
permitividade elétrico do meio, e já apareceu em capítulos anteriores com outra rou-
1
pagem. A constante eletrostática k pode ser definida em termo de ε, tal que k = .
4πε
Observações
• A inserção de um dielétrico entre as armaduras aumenta a capacidade “εr”
vezes, onde “εr” é a constante dielétrica.
• Se aumentarmos a distância entre as placas, a capacidade diminui e vice-versa,
como podemos inferir pela expressão do cálculo da capacitância.
• Se retirarmos o capacitor do circuito, após o processo de carga, quer aproxi-
memos ou afastemos as armaduras, quer venhamos a inserir um dielétrico ou
não, a carga da armaduras permanece a mesma. Esse fato pode ser usado na
resolução de vários problemas específicos.
7 EXEMPLO Um capacitor plano, cuja distância entre as armaduras é de 5 mm, está preenchido
com um material isolante de constante dielétrica igual a 5. Sendo de 4 cm2 a área de
cada uma da armaduras, qual é a capacitância desse elemento?
Resolução
Do enunciado, obtemos:
er e0 A 5 8, 85 1012 4 104
C , logo C C 3, 5 1013 F ou C 0, 35 pF
d 5 10 3
Para a resolução de circuitos elétricos em que tenhamos capacitores, basta que nos
lembremos que, na região em que está inserido o capacitor, o circuito está aberto e,
nesse ramo, a corrente elétrica é nula, como vemos no exemplo seguinte.
2Ω
tido da corrente no gerador?
b) Qual é a intensidade da cor-
4Ω
rente no ramo de circuito
que contém o capacitor?
18 V 1 μF
c) Determine a energia po-
tencial elétrica armazenada
no capacitor e determine os
sinais em cada uma das ar- Y
maduras.
Resolução
a) Para o cálculo da intensidade de corrente, aplicamos a lei de Pouillet, igno-
rando o trecho em que está inserido o capacitor, pois, nesse trecho, o circuito
está aberto.
e R i , logo 18 (2 4) i i 3 A .
O sentido da corrente se determina pela polaridade do gerador, sendo, por-
tanto, de sentido horário.
b) Em regime estacionário, não circula corrente pelo ramo que contém o capa-
citor. Logo, i ' = 0 .
c) A tensão entre os terminais do capacitor (pontos X e Y) é a mesma que se
tem no resistor de 4 Ω.
No resistor: U R i, U 4 3 , portanto U XY = 12V .
CU 2
A energia armazenada no capacitor pode ser obtida por: E =
2
106 (12)2
E E 7, 2 105 J .
2
UNIDADE 3 113
Pelo sentido da corrente no resistor, vemos que o potencial do ponto X é maior que
o do ponto Y.
Nos capacitores, a armadura que fica eletrizada positivamente está ligada ao maior
potencial, enquanto a armadura eletrizada negativamente está ligada ao menor po-
tencial. Dessa forma, concluímos que a polaridade das armaduras é a esquematizada
a seguir.
+ + + +
1µF
- - - -
Aplicações dos capacitores
r
30 V
115
3. Um circuito elétrico de corrente contínua é formado por uma lâmpada L, de
características nominais 100 V e 200 W, ligada em série a um motor M que con-
some uma potência de 1000 W. Se a lâmpada está operando em seus valores
nominais de potência e tensão, qual é a corrente no circuito e qual é a diferença
de potencial entre os pontos A e B?
B
4. No circuito esquematizado a seguir, tem-se um gerador G, que fornece 60 V
sob corrente de 8,0 A, uma bateria com fem de 12 V e resistência interna de
1,0 Ω, e um resistor variável R.
Para que a bateria seja carregada com uma corrente de 8,0 A, deve-se ajustar
o valor de R para:
12V - 1.0Ω
a) 1,0 Ω.
b) 2,0 Ω.
c) 3,0 Ω.
d) 4,0 Ω.
e) 5,0 Ω.
116
5. Os valores dos componentes do circuito da figura a seguir são:
ε1 = 6 V; ε2 = 12 V; R1 = 1 kΩ; R2 = 2 kΩ.
R1 R2
ε1 A3 ε2
A1 A2
a) 2, 25 101 J .
b) 4, 5 107 J .
c) 8, 0 107 J .
d) 4, 5 109 J .
e) 9, 0 109 J .
117
WEB
118
FEYNMANN, R.; LEIGHTON, R.; SANDS, M. Lições de Física de Feynman. Porto Alegre: Artmed, 2008.
Volume 3.
GUIMARÃES, O.; PIQUEIRA, J. R. C.; CARRON, W. Física - Projeto múltiplo 3V. São Paulo: Ática, 2014.
GUIMARÃES, O.; CARRON, W. As faces da Física. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de Física. 3. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos,
1994. Volume 4.
OKUNO, E.; CALDAS, I. L.; CHOW, C. Física para ciências biológicas e biomédicas. São Paulo: Harbra, 1982.
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física. 12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009.
119
1. B.
120
121
122
Dr. José Osvaldo de Souza Guimarães
Eletromagnetismo
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conhecer e compreender o magnetismo pelos ímãs na- • Explorar, mensurar e prever qual será o campo magnético
turais ou artificiais e identificar as polaridades. Conceituar gerado por correntes em espiras.
campo magnético. • Identificar o campo magnético gerado por bobinas e rela-
• Identificar o magnetismo como produto da corrente elétri- cionar a intensidade com a geometria da bobina, quanti-
ca. Relacionar o magnetismo com a eletrodinâmica. dade de voltas e a intensidade da corrente elétrica.
Magnetismo
Natural
UNIDADE 4 125
Figura 3 - Bússola sobre antigo mapa
Verifica-se experimentalmente que, quando dois ímãs são colocados próximos, o polo
norte de um repele o polo norte do outro, enquanto que o polo sul é atraído pelo polo norte.
N S
N N
S N
REPULSÃO ATRAÇÃO
Figura 5 - Ação entre os polos dos ímãs
Fonte: o autor.
126 Eletromagnetismo
Inseparabilidade dos Polos
S N S NS N
Segunda divisão
S NS NS NS N
Figura 6 - As setas indicam a orientação da maioria dos domínios magnéticos da barra imantada
Fonte: o autor.
A força magnética é uma força de campo, ou seja, age mesmo que não tenhamos
contato entre os corpos. Sendo assim, é conveniente imaginar a transmissão dessa
ação por um agente que denominamos campo magnético.
Campo Magnético
Campo magnético é uma região do espaço na qual um pequeno corpo de prova fica
sujeito a uma força de origem magnética. Esse corpo de prova deve ser um pequeno
objeto feito de material que apresente propriedades magnéticas.
UNIDADE 4 127
Representamos o campo magnético em cada ponto de uma região pelo vetor campo
magnético B . Para determinar a direção e o sentido do vetor B, usamos uma agulha
magnética. O polo norte da agulha nos indica o sentido de B .
Em termos mais simples, o corpo de prova nada mais é que uma pequena bússola.
B
S
N
S N
N
S B
B
Figura 7 - Bússolas mostrando as orientações de campos magnéticos
Fonte: o autor.
Linhas de Campo
128 Eletromagnetismo
Para construir as linhas de campo, podemos usar o conceito de domínio magnético.
Cada pequeno domínio magnético é um pequeno ímã, que podemos considerar
como um pequeno corpo de prova. Observe, na ilustração a seguir, que internamente
ao ímã [figura (a)], as linhas de campo começam no polo sul e vão até o polo norte;
e externamente ao ímã, as linhas de campo começam no polo norte e vão até o polo
sul [figura (b)]. Desse modo, as linhas de campo fecham um ciclo.
P’∞ S N P∞
UNIDADE 4 129
Experimente as simulações de campo magnético da Universidade do Colorado.
Disponível em:
<https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/legacy/magnets-and-electromagnets>.
130 Eletromagnetismo
Pr
de atração. Analogamente, a força magnética só Distantes
ocorre entre ímãs, porém, se aproximarmos um
Imantação
ímã de um corpo de material ferromagnético, o
corpo é imantado por influência, resultando na S N S N
mútua atração. A imantação por influência e a
atração ocorrem concomitantemente, contudo, Próximos:
Distantes Próximos:
é conveniente que as mostremos em sequência,
Distantes Imantação por Influênc
Atração
para melhor compreensão. Imantação por Influência
S
A magnetização por influência Spode ser N S
S NN S N
usada para que possamos S visualizar
N o campo S N S N
magnético, gerado por um ímã qualquer, com
a utilização de limalhas de ferro. Salpicam-se li-
malhas sobre uma cartolina, sob a qual foi colo-Atração Atração
cado um ímã. As limalhas magnetizadas tendem
a se alinhar com o campo magnetostático, S com N SS N N S N
N
maior acúmulo onde o campo for mais intenso, S
esboçando, assim, um mapa experimental das
linhas, conforme mostra a Figura 13. Figura 12 - Passos da
imantação por influência
Fonte: o autor.
N
N S
S
FiguraN13 - Conjunto didático com pequenas bússolas para visualização do campo magnético
Fonte: Guimarães e Carron (2003, p. 636).
Magnetismo
S Remanescente
Depois de afastarmos o ímã de um corpo que foi atraído, restará, ainda nesse corpo,
um saldo de magnetização, chamado de magnetismo remanescente. A intensidade
do magnetismo remanescente depende da substância, do tempo de exposição ao
campo externo, além da temperatura durante o experimento.
UNIDADE 4 131
O magnetismo na matéria
Podemos dividir as substâncias em geral em três grupos:
Desmagnetização
Figura 14 - O aquecimento desmagnetiza o objeto e este deixa de ser atraído pelo ímã
Fonte: o autor.
132 Eletromagnetismo
Magnetismo Terrestre
UNIDADE 4 133
Experiência
de Oersted
Figura 18 - Linhas de campo magnético do fio longo Figura 19 - Visualização do campo com limalhas
Fonte: o autor. Fonte: o autor.
UNIDADE 4 135
As retas suportes são rever- i
sas. Trata-se, portanto, de um
problema tridimensional que
precisamos representar na fo-
BA
lha do caderno, mas a folha é
apenas bidimensional.
A
Uma trabalhosa solução B
C C P
consistiria em desenharmos r BP
em perspectiva o fio e os ve-
tores. Isso, muitas vezes, vai D
além de nossos dotes artísticos.
BD
Com a intenção de obter
um processo mais simples,
vamos começar observando
Figura 20 - O campo magnético ao redor do fio em perspectiva
que dois podem ser os senti- Fonte: o autor.
dos de um vetor perpendicular à folha do caderno. Tomando-se como referência um
observador que olha para a página, o vetor pode estar orientado no sentido de sair
do plano do caderno ou no sentido de entrar no mesmo plano. A convenção aceita
universalmente para se fazer essa representação está esquematizada na Figura 21.
B B
Ela se baseia em um observador visualizando uma seta que, ou vai ao seu encontro, ou
dele se afasta. Na primeira hipótese, ele verá a ponta da flecha, e na segunda, o penacho.
Qualquer outro fio longo e reto, percorrido por corrente elétrica, que possamos
imaginar, vai corresponder ao exemplo dado, apenas com a diferença de ser visto sob
outro ângulo. Devemos memorizar o resultado dessa experiência, a fim de se fazer
a transposição nos problemas que surgirem ou, então, acompanharmos uma regra,
que nada mais é que a tradução das posições relativas de cada um dos elementos
geométricos envolvidos. Várias regras foram propostas, sendo que adotaremos a
conhecida como regra da mão direita.
136 Eletromagnetismo
Devemos imaginar a mão direita i
espalmada, com o polegar introduzi-
do no fio, acompanhando o sentido da
corrente. Os outros dedos devem ser
levados para o ponto onde queremos B
determinar o vetor campo magnético.
O empurrão que seria dado, pelos ou-
tros quatro dedos, determina o sentido P
do campo magnético gerado, conforme
indica a figura. “Tapa”
Figura 22 - Regra da mão direita
Fonte: o autor.
1 EXEMPLO Um fio retilíneo e longo é percorrido por uma corrente elétrica com intensidade de
4 A, conforme mostra a figura a seguir.
UNIDADE 4 137
Resolução
A direção do vetor campo magnético B é perpendicular ao plano formado pelo
fio e pelo ponto P.
Seu sentido pode ser determinado pela regra da mão direita: saindo do plano
da folha.
A intensidade do vetor campo magnético é:
µi 4π.10−7.4
B= ⇒B= ⇒ B = 1 6 10−6 T
2π r 2π 0 50
i P
50 cm
Ponto P
138 Eletromagnetismo
Espiras
Circulares
UNIDADE 4 139
Figura 23 - Campo magnético em uma espira circular
Fonte: o autor.
Podemos notar que o campo magnético gerado pela espira circular não é uniforme.
Vamos, portanto, definir em que ponto calcularemos o campo. A intensidade do
µi
campo magnético no centro da espira pode ser calculada por: B = , onde R é
2⋅ R
o raio da circunferência determinada pela espira.
A direção do campo magnético é perpendicular ao plano da espira. Para determi-
narmos o sentido de B , ainda no centro da espira, continuamos utilizando a regra
da mão direita, imaginando cada trecho da circunferência como um pedaço do fio
longo e reto, onde colocaremos o polegar, levando-se os outros quatro dedos para o
centro, conforme Figura 24.
i
B B
140 Eletromagnetismo
Polaridade da Espira
S N i
Resolução
Pela regra da mão direita, deduzimos que o polo norte do ímã “vê” um polo norte da
espira. A força será, portanto, de repulsão.
Bobina Chata
µ ⋅i
B=n Figura 26 - Superposição de espiras
2⋅ R
Fonte: o autor.
UNIDADE 4 141
Solenoide
142 Eletromagnetismo
i
UNIDADE 4 143
3 EXEMPLO Em torno de um cilindro de 10 cm de comprimento foi enrolado uniformemente
um fio, com revestimento isolante, perfazendo 2.000 voltas completas ao longo do
cilindro. Foi estabelecida uma corrente elétrica de intensidade 10 A.
a) Qual é a intensidade do campo magnético no ponto externo ao cilindro,
situado longe da bordas?
b) Qual é a intensidade do vetor campo magnético no interior do solenoide se
7
interiormente tivermos apenas o ar? ( µar µ0 4π 10 S.I.)
c) Qual é a nova intensidade do vetor campo magnético se inserirmos em seu
interior um núcleo cuja permeabilidade magnética, dentro das condições do
problema, seja 100 vezes a do vácuo?
Resolução
a) Como vimos, nos pontos externos ao solenoide, o vetor campo magnético
é nulo.
=b) 10 = cm 0, 1m = i 10= A, n 2000 espiras
n 2000 4 π 107 10
B µ i, B 2, 5 101T
0, 1
4 EXEMPLO Um solenoide oco possui um enrolamento de fio isolante com 500 voltas por centí-
metro. Ele é alimentado por uma corrente alternada, que inverte de sentido 120 vezes
por segundo. Próximo ao solenoide, existe um ímã natural e permanente ligado a um
papelão móvel, conforme a figura a seguir.
Papelão
Imã
Natural Solenoide
N S
144 Eletromagnetismo
a) Sendo 5 A o valor máximo atingido pela intensidade da corrente elétrica
variável que alimenta o solenoide, qual é o máximo valor da intensidade do
vetor campo magnético no seu interior?
b) Qual a frequência das oscilações forçadas que executará o papelão?
Resolução
a) i 5 A e n 500 voltas 5 104 espiras .
cm m
n
B µ i, B 5 104 4 π 107 5 B 3, 1 101T
UNIDADE 4 145
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
A alternativa correta é:
a) Todas as afirmações são corretas.
b) Todas as afirmações são falsas.
c) Apenas a afirmação I está correta.
d) Apenas a afirmação II está correta.
e) As afirmações I e III estão corretas.
146
3. O gráfico a seguir representa o comportamento da indução magnética em pontos
situados a uma distância r de um fio retilíneo e muito longo. Se B foi medido em
teslas, qual o valor em ampères da corrente transportada pelo fio?
B
μ 0 / 2π 30
25
20
15
10
5
0
0 1 2 3 4
r(m)
4. Uma espira circular de raio 10 cm, conforme a figura, é percorrida por uma
corrente de intensidade 6 A. Considerando-se µ0 4 π 107 T m
A , as carac-
terísticas do vetor indução magnético no centro da espira são
a) 1, 2 p 105 T ;
b) 1, 2 p 105 T ;
c) 1, 2 p 107 T ;
d) 1, 2 p 107 T ;
e) 0, 5 p 105 T ; i
147
5. Duas espiras circulares idênticas, de raio , não ligadas eletricamente
entre si, estão dispostas conforme a figura, em que uma delas está no plano
(x,y) e a outra no plano (x,z).
A corrente elétrica que circula em cada uma das espiras é i ≅ 10, 0 A e os seus
sentidos estão indicados na própria figura. Nestas condições, o módulo do
campo de indução magnética B resultante no centro das duas espiras e o pla-
no em que ele se situa são, respectivamente
(dado: µO ≅ 1, 26 ⋅ 10−6 T ⋅ m )
A
y
z i
O módulo de B (tesla) no plano em que se situa é:
a) 1,26 · 10-3 (x,z).
b) 6,3 · 10-4 (x,y).
c) 8,9 · 10-4 (y,z).
d) 2,53 · 10-3 (y,z).
e) 4,45 · 10
-3
(x,y).
148
WEB
149
FEYNMANN, R.; LEIGHTON, R.; SANDS, M. Lições de Física de Feynman. Porto Alegre: Artmed, 2008.
Volume 3.
GUIMARÃES, O.; PIQUEIRA, J. R. C.; CARRON, W. Física - Projeto múltiplo 3V. São Paulo: Ática, 2014.
GUIMARÃES, O.; CARRON, W. As faces da Física. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de Física. 3. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos,
1994. Volume 4.
OKUNO, E.; CALDAS, I. L.; CHOW, C. Física para ciências biológicas e biomédicas. São Paulo: Harbra, 1982.
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física. 12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009.
150
1. C.
2. E.
3. 20 A
µ0 i B i
Como B , temos, para r 2m, 10 i 20 A
2π r µ 2
2π
4. B.
µ0 ⋅ i B i
Como B = , temos, para r 2m, 10 i 20 A
2⋅r µ 2
2π
5. C.
dirigido para cima e B2 tem direção Oz dirigido para fora da página. O campo resultante está, então, no
4
plano yz. Pitágoras: BR B1 2 8, 9 10 T .
6. C.
µ ⋅ N ⋅i 4 p 107 103 2
Como B = 0 , temos: B 2
5, 0 102 T .
l 5 10
151
152
153
154
Dr. José Osvaldo de Souza Guimarães
Indução
Eletromagnética
PLANO DE ESTUDOS
Força magnética
Lei de Lenz
em condutores
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Identificar, caracterizar e calcular a força magnética que • Reconhecer o fenômeno da indução eletromagnética e
atua nas cargas elétricas em movimento. aprender como obter a força eletromotriz induzida pela
• Usar os conhecimentos do tópico anterior para mensurar Lei de Faraday.
a força magnética atuante em um condutor percorrido • Determinar o sentido da corrente induzida utilizando a
por corrente elétrica. Lei de Lenz.
Força
Magnética
A figura que tomaremos como exemplo ilustra uma carga q > 0, deslocando-se com
velocidade v , em relação às linhas do campo magnético uniforme B. A figura está
em perspectiva, pois o fenômeno é tridimensional.
r
A força magnética Fm será:
• Perpendicular ao vetor velocidade.
• Perpendicular ao vetor campo magnético.
Das duas observações anteriores, concluímos que a força magnética será sempre
r r
perpendicular ao plano determinado pelos vetores v e B.
plano (v,B )
Fm
N S
θ B
N S
v
q>0
Figura 1 - Plano determinado pelos vetores v e B e a força magnética atuante na carga móvel
Fonte: o autor.
Como os vetores v e B estão sobre retas concorrentes, eles determinam um plano
que destacamos como o plano v , B . A força magnética é perpendicular a esse plano.
UNIDADE 5 157
Sentido
Intensidade
, em que θ é o ângulo entre os vetores v e B.
B q<0 B
q>0
v
B B
q<0
Resolução
Vamos utilizar a regra da mão esquerda, lembrando que, se a carga de prova for ne-
gativa, devemos inverter o sentido encontrado.
Seguem as representações das forças.
Fm v
Fm B Fm v Fm
v B v B B
(a): q>0 (b): q<0 (c): q>0 (d): q<0
2 EXEMPLO A figura a seguir ilustra uma carga de 2 µC, lançada em um campo magnético de
intensidade 2 T. A velocidade da partícula é de 2·106 m/s e o ângulo do vetor ve-
locidade com as linhas de campo é de 120º.
B
q>0
120°
UNIDADE 5 159
Resolução
a) Usando-se a regra da mão esquerda, concluímos que a força está saindo do
plano do papel, conforme figura.
Fmag.
B
q>0
120°
v
b) Caso a carga fosse negativa, o sentido da força seria contrário ao do resultado
anterior, representado por
1
Fm 2 106 2 106 2 Þ Fm = 4, 0 N .
2
3 EXEMPLO Um elétron é lançado numa região onde atuam um campo elétrico e um campo
magnético, ambos uniformes e ortogonais, conforme a figura. Qual a velocidade do
elétron se ele atravessa a região sem sofrer desvio? (Desconsidere a ação gravitacio-
nal). Considere E = 4 ⋅105 N e B =2 T.
C
Felet.
B
q
+ v
UNIDADE 5 161
Lançamento perpendicular ao campo magnético q = 90º
Já vimos que um movimento pode ser decomposto em outros dois de direções per-
pendiculares. Esta é uma situação onde é interessante aplicarmos esses conceitos.
S
A Figura 5, em perspectiva, ilustra o vetor velocidade, decomposto em vx e vY.
B B
V y
S vy = v cosθ
vx = v senθ
FiguraDecomposição do obliquamente
5 - Carga lançada Vetor Velocidade
ao campo magnético
Fonte: o autor.
Devido à componente perpendicular
v
x ao campo magnético (v ), a partícula executa
x x
θ
um movimento circular e θuniforme, conforme vimos no tópico anterior, ao mesmo
vy
tempo em que, devido à componente paralela ao campo, a partícula executa um
V
movimento retilíneo e uniforme. Compondo-se os dois movimentos, pois eles
acontecem simultaneamente, obtemos uma trajetória que acompanha a superfície
B
de um cilindro, cujo raio calculamos pela componente vx. A curva descrita não
é uma curva plana (não existe
y
uma plano que contenha todos
os seus pontos) razão pela qual a N
mostramos em vy perspectiva.
= v cosθ
A curva é vx = v senθ
denominada hélice
cilíndrica, e não deve ser con- θ
fundida com a espiral, que é uma
curva plana. B v
Um observador situado no
polo norte do ímã visualizaria
a trajetória circular descrita
no segundo tópico (θ = 90º),
S
enquanto a observação lateral
Figura 6 - Vista lateral da carga lançada obliquamente
corresponde à Figura 6. Fonte: o autor.
UNIDADE 5 163
Força Magnética
em Condutores
Fm
B
i
Figura 7 - Cálculo de intensidade utilizando a regra da mão esquerda
Fonte: o autor.
4 EXEMPLO Um condutor reto possui contatos que podem deslizar pelos trilhos esquematizados.
O condutor está na horizontal e sobre ele agem exclusivamente as forças magnética
e gravitacional. Se o peso do condutor é de 6 N, qual a intensidade da corrente elé-
trica que deve ser estabelecida para que ele fique em equilíbrio sob a ação do campo
magnético de 2 T?
B Condutor Retilíneo
60 cm
Trilhos
UNIDADE 5 165
Resolução
As forças que agem no condutor estão esque- Fmag.
matizadas a seguir, onde a direção e o sentido
da força magnética foram obtidos pela regra da
mão esquerda.
Para que F r 0 , é necessário que P
Fm= P, Bil = P, 2 ⋅ i ⋅ 0, 6 = 6 ⇒ i = 5 A
-F
i1 i2
i1
F -F F B1
B2 B1
B2
d d
i2
Figura 9 - Sentidos das forças em fios paralelos percorridos por correntes elétricas
Fonte: o autor.
5 EXEMPLO Dois fios bem longos, percorridos por correntes de mesmo sentido, estão separados
pela distância de 20 cm. O meio que os separa é o vácuo, e a corrente que circula em
cada um deles é de 4 A. Qual a força por unidade de comprimento que age em cada
fio? Ela é de atração ou de repulsão?
Resolução
A figura ilustra as condições do problema.
i1 i2
B2 F -F B1
UNIDADE 5 167
O sentido das forças será de
atração, como indica o esquema.
O arranjo analisado se pres-
ta à definição legal da unidade
de corrente elétrica, o ampère.
É interessante especularmos
por que a unidade padrão é a
corrente elétrica e não a carga,
cuja unidade é coulomb. A si-
tuação se esclarece melhor se a
transpusermos para a prática.
Como iríamos proceder para
medir a carga elétrica de um
corpo? Como iríamos manter
um corpo eletrizado padrão,
com garantias que ele apresen-
tasse sempre a mesma diferença
entre a quantidade de prótons e
elétrons? E finalmente, como re-
produzirmos essa situação num
laboratório?
Tentando responder a todas
essas perguntas, fica claro que é
muito mais fácil e seguro medir-
mos uma força, processo farta-
mente lapidado na mecânica,
dando, a partir daí, a definição
do ampère, que resultará num
amperímetro padronizado. Feito
isto, se um fio for percorrido por
uma corrente de um ampère, du-
rante um segundo, então ele foi
atravessado por uma quantidade
de cargas igual a um coulomb.
X
B
v
l
Y
Figura 10 - Condutor movendo-se em um campo magnético
Fonte: o autor.
UNIDADE 5 169
X
À medida que vai acontecendo essa separa- ++ +
++ +
ção das cargas, vai se estabelecendo, no condu-
+++ +
tor, um campo elétrico, dirigido de X para Y.
Após um curtíssimo intervalo de tempo, cessa E
o deslocamento dos portadores de carga, em re-
lação ao condutor, pois a força elétrica, devido
Fe
à separação das cargas, vem a equilibrar a força v
magnética, devido ao movimento dos portado- l - U
Fm
res de carga em relação ao campo magnético.
B
Como resultado da separação das cargas,
teremos, entre os extremos do fio, uma tensão
U, chamada de tensão induzida.
Considerando uniforme o campo elétrico
ao longo do fio, podemos escrever que: Ed = E
-- - - --
U, onde d = , que é o comprimento do fio.
A separação das cargas ocorre muito ra- Y
pidamente, levando os portadores de carga,
Figura 11 - Forças que atuam em um por-
situados entre X e Y, a uma situação de equilí- tador de carga do condutor
brio entre a força magnética e a força elétrica. Fonte: o autor.
Esse equilíbrio pode ser:
• Estático — existe a diferença de potencial entre os extremos do fio,
mas os portadores de carga estão em repouso em relação ao condutor.
• Dinâmico — existe a diferença de potencial, e os portadores de carga
se deslocam em movimento retilíneo e uniforme, em relação ao condutor.
Resolução
Como vimos ε = Bv , logo ε = 5 ⋅ 0, 8 ⋅ 30 → ε = 120 V .
B
n
α
r
φ = B A ⋅ cos α , onde α é o ângulo entre a normal ( n ) à superfície atravessada e as
linhas de campo.
A unidade de fluxo do campo magnético no S.I. é o weber (Wb), tal que
1 Wb = 1 T·m2.
Intuitivamente, o fluxo nos dá uma ideia da quantidade de linhas que estão atra-
vessando aquela superfície. Foi uma ideia que surgiu na mecânica dos fluidos e
encontrou aplicação imediata no eletromagnetismo.
Suponhamos uma pessoa querendo captar água sob uma chuva vertical, munido
de uma vasilha cuja área da “boca” seja A. A quantidade de gotas que vai atravessar
a boca dessa vasilha depende:
• Da intensidade da chuva.
• Da área da boca da vasilha.
• Da inclinação que essa boca terá em relação à trajetória das gotas.
UNIDADE 5 171
• Variação da área abraçada pela espira.
• Variação na intensidade do campo magnético.
• Variação na inclinação α da espira em relação às linhas de campo.
B X 1
R
v
l
x Y 2
Ao deslocarmos o condutor XY, há uma variação de fluxo, pois a área enlaçada pelos
fios varia. Faraday observou que o valor médio da variação de fluxo no decorrer do
tempo correspondia exatamente à tensão média induzida neste circuito, que dora-
vante chamaremos de força eletromotriz. Assim: εm =
∆φ
∆t
Embora, para melhor explanação, tenhamos considerado esse circuito em parti-
cular, a lei de Faraday tem validade geral, para qualquer variação de fluxo de campo
magnético.
∆φ
Se quisermos obter a força eletromotriz instantânea, fazemos: ε = lim
∆t →0 ∆t
Vamos verificar a validade da lei de Faraday, utilizando o exemplo da figura an-
terior, observando as seguintes grandezas.
• ∆A: é a variação na área atravessada pelo campo magnético (∆A = x).
• x: é o deslocamento sofrido pelo condutor em um intervalo de tempo
∆t (x = v·∆t).
• α: é o ângulo entre a normal à superfície abraçada pela espira e as linhas de
campo magnético (α = 0 Þ cos α = 1).
∆φ = Blx = Blv ⋅ ∆t
Bv Dt
Como εm = ∆φ obtemos: em , ou seja, e = Bv, como já havíamos calculado.
∆t Dt
7 EXEMPLO Com uma espira quadrada de resistência total R e comprimento total L, feita com
fio homogêneo e uniforme, realizam-se duas experiências. Na primeira delas (Figura
a), a espira é ligada com fios de resistência desprezível a uma bateria ideal capaz de
fornecer uma diferença de potencial igual a ε. Na segunda experiência (Figura b), a
espira é puxada com velocidade constante, entrando numa região onde existe um
campo magnético B constante e uniforme, perpendicular à espira.
Calcule:
a) A corrente que circula no gerador da Figura a).
b) O valor da velocidade constante para que a intensidade da corrente na espira
seja igual à corrente calculada no item anterior.
XXXXXXXXX
A C
XXXXXXXXX
ε XXXXXXXXX
v
Fig. 01 XXXXXXXXX
XXXXXXXXX
Fig. 02
Circuito acoplado Espira movendo-se
a uma espira no campo magnético
UNIDADE 5 173
Resolução
a) Como a resistência total da espira é R, cada lado tem resistência R 4 . Assim,
uma sequência de circuitos equivalentes ao da figura a) é:
A) ε ε
B)
R R
R 4 R 4
4 4
R 3R
4 4
1 1 1 1 4 4 12 4 16 3R
⇒ ⇒ Req. =
Req. R1 R2 Req. R 3 R 3R 3R 16
3R 16e
Como e = Req.i , temos e = i ⇒i= .
16 3R
L BLv
b) A fem induzida na espira, nesse caso, é: e = Bv , onde = , logo e =
4 4
UNIDADE 5 175
B X 1
R v
v
v
Y 2
Figura 14 - Condutor movendo-se em campo magnético
Fonte: o autor.
Vamos observar que o movimento do condutor 1-2 está aumentando a área da espira
e, portanto, o fluxo de linhas de campo que atravessam a espira de baixo para cima.
A corrente induzida deve ser tal que possua a tendência de manter o fluxo constante.
Para isso, a corrente induzida deve induzir linhas de campo que atravessem a espira de
cima para baixo. Este é o campo magnético induzido. Pela regra da mão direita, já co-
nhecendo o campo induzido, concluímos que a corrente induzida terá sentido horário.
m m
í í
Induzida Induzida
m m
í í
UNIDADE 5 177
Vamos observar que a polaridade induzida na espira sempre faz que ela se oponha
ao movimento do ímã. Se o ímã vai se aproximar com um polo norte, na espira é
induzido outro norte, opondo-se à aproximação; entretanto, se o ímã vai se afastar
com o polo sul apontando para a espira, nela há a indução de um polo norte, opon-
do-se ao afastamento.
Uma outra forma de se pensar na lei de Lenz é que o sentido da corrente induzida
deve ser a que não viole o princípio da conservação da energia.
No primeiro dos quatro exemplos anteriores, temos um polo norte aproximan-
do-se da espira. Ora, se o sentido da corrente induzida fosse a que a espira mostrasse
para o ímã uma face sul, a mútua atração iria acelerar o ímã, aumentando mais ainda
a corrente induzida, gerando energia sem dispêndio algum. Concluímos, pelo absurdo
físico dessa hipotética situação, que, realmente, o sentido da corrente induzida deve
ser de modo a induzir, na espira, uma polaridade contrária ao movimento do ímã.
i
h = 10 cm v
i x
30 cm
178 Indução Eletromagnética
Resolução
i
h = 10 cm v
i x
30 cm
∆φ
Como ε = , .
∆t
Ri e Ri
Pela lei dee Pouillet , , 5 102, 10
5 10
3 2
i 10i3i 5 A. i 5 A
Essa situação perdura por 1,5 s, que é o tempo para que a espira penetre in-
teiramente na região do campo. Após esse intervalo, o fluxo ficará constante.
Portanto, de 1 s até 2,5 s, a intensidade da corrente será de 5 A, e, pela lei de
Lenz, com sentido anti-horário.
UNIDADE 5 179
• Até atingir a fronteira oposta do campo, a espira vai gastar mais 1,5 s. Durante
esse período, não há variação de fluxo e a corrente elétrica será nula. Assim,
de 2,5 s até 4 s, temos i = 0.
• Após 4 s, a espira começa a sair do campo. O cálculo da corrente induzida é
análogo ao feito quando ela estava entrando, apenas com a ressalva de que a
corrente induzida terá sentido contrário, portanto horário (Lei de Lenz). Como
a espira gastará, até sair completamente, 1,5 s, podemos dizer que, de 4 s até 5,5
s, a intensidade da corrente elétrica induzida será de 5 A, no sentido horário.
• De 5,5 s em diante, não há variação de fluxo, sendo, portanto, nula a corrente
elétrica.
ф(10 -2 Wb)
0,75
1 2 3 4 5 6 t(s)
i(A)
5
t(s)
-5
Figura 17 - Gráficos da variação de fluxo e intensidade da corrente em função do tempo
Fonte: o autor.
Vamos considerar duas espiras, (1) e (2), situadas lado a lado. A espira (1) possui a
chave K e está ligada a uma fonte de tensão.
i1 Binduzindo i2
B1
B1
(2)
(1)
ε1
K
Figura 18 - Espiras em situação de indução mútua
Fonte: o autor.
UNIDADE 5 181
Autoindução
Suponhamos, agora, somente uma espira ligada a uma fonte de tensão. Variando-se
a corrente i, varia o campo magnético B e o fluxo desse campo através da própria
espira. A variação do fluxo induz na própria espira uma fem, contrária à essa variação.
Se, por exemplo, a chave K está fechada, ao abri-la, a redução brusca na intensidade
da corrente elétrica faz variar bruscamente a intensidade do campo magnético que
atravessa a espira. Em decorrência, temos a indução de uma fem contrária à redução
de corrente e, entre os contatos da chave K, a tensão induzida pode ser alta a ponto
de saltar uma faísca de um contato ao outro.
Usando o mesmo raciocínio, concluímos que, se a chave K estiver inicialmente aber-
ta, ao fecharmos a chave, a fem induzida se opõe ao crescimento da corrente elétrica.
Em resumo, uma variação na intensidade da corrente elétrica induz uma fem no
próprio circuito, contrária a essa variação. Essa propriedade do circuito é denominada
de autoindução, pois o indutor é o próprio induzido. A grandeza física que mede
essa propriedade é a indutância.
A indutância pode ser atribuída a qualquer circuito (espira circular, bobina chata
ou solenoide). Nesses circuitos, o fluxo do campo magnético é proporcional à intensi-
dade da corrente elétrica. Podemos, então, escrever: φ = Li , onde L é uma constante
que traduz a indutância do circuito.
A unidade de indutância no S.I. é henry (H), tal que 1 H = 1Wb A.
Di
Como ε = ∆φ , temos: e = L . Assim, quanto maior a indutância, maior a fem
∆t Dt
induzida por variações na intensidade da corrente elétrica.
Indutância do solenoide
Transformador
UNIDADE 5 183
Correntes de Foucault
Vamos considerar um bloco de material condutor. Esse bloco está sujeito à
uma variação no fluxo do campo magnético. Vejamos duas maneiras de se
conseguir tal situação.
Binduzido
X X X X X
X X X X X X
X X X X X
X X X X X X
X X X X X
X X X X X X
X X X X X
X X X X X X
X X X X X
X X X X X X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X iinduzida
X X X X X
X X X X X X
X X X X X
Binduzido X X X X X X
A transformação do bloco condutor em várias lâminas “corta” a maior parte das possíveis
correntes induzidas
Resolução
U 2 110
a) , logo U 2 220 V .
600 300
Aprendemos, nesta unidade, como a força magnética age nas cargas elétricas e, con-
sequentemente, nos condutores. Aprendemos a calcular a intensidade dessa força e
como relacionar a força eletromotriz induzida quando um condutor se movimenta
pela Lei de Faraday. Além disso, compreendemos o funcionamento das bobinas e
transformadores pelas variações do fluxo do campo magnético.
x x x x x x x x x B x
x x x x x x x x x x x
x x x x x x x x x x x
v
x x x x x x x x x x x
x x x x x x x x x x x
E D C A
6,25 cm 6,25 cm
12,5 cm 12,5 cm
2. Admita que um próton, dotado de velocidade v , penetra em um campo mag-
nético uniforme, conforme mostra a figura a seguir. A direção do vetor v forma
um ângulo θ com as linhas de indução do campo magnético. A trajetória do
próton no interior do campo magnético é uma:
a) Reta.
b) Circunferência.
c) Parábola.
d) Hélice cilíndrica.
e) Elipse.
187
3. Um fio atravessado por uma corrente de 200 mA é colocado perpendicularmente
às linhas de indução de um campo magnético uniforme de intensidade 0,5 T.
A força magnética por unidade de comprimento exercida no fio, em N/m, é igual a:
a) Zero.
b) 0,1.
c) 0,4.
d) 5.
e) 25.
4. O condutor AB da figura a seguir está imerso numa região onde atua um campo
de indução magnética B de intensidade 0,5 T, perpendicular ao plano desta folha
e orientado para o leitor. O condutor situado no plano desta folha é percorrido
por uma corrente i = 2 A. A intensidade da força magnética que atua sobre o
condutor é:
B 1m
A
i 1m
i
B
a) 5 N.
b) 4 N.
c) 2 N.
d) 1 N.
e) Zero.
188
5. Na figura a seguir, o condutor CD tem resistência desprezível e mede 60 cm de
comprimento, movimentando-se sobre dois trilhos condutores com velocidade
constante e igual a 80 m/s para a direita. O campo magnético aplicado é unifor-
me, perpendicular ao plano da página e o seu sentido é “saindo” da figura. Sa-
bendo que a intensidade de B é de 10 T, que a resistência R vale 20 Ω e que
há uma força eletromotriz induzida; determine o valor da corrente elétrica
medida pelo amperímetro suposto ideal.
B C
v 60
R cm
A
D
6. Num transformador, a razão entre o número de espiras no primário (N1) e o
número de espiras no secundário (N2) é N1/N2 = 10 . Aplicando-se uma diferen-
ça de potencial alternada V1 no primário, a diferença de potencial induzida no
secundário é V2. Supondo tratar-se de um transformador ideal, qual é a relação
entre V2 e V1?
a) V2 = V1/100
b) V2 = V1/10
c) V2 = V1
d) V2 = 10 V1
e) V2 = 100 V1
189
WEB
Acessando ao link do vídeo a seguir, você poderá ver de uma maneira simples
como aplicar todos os princípios aprendidos neste tópico para se construir um
motor elétrico com materiais bem simples.
O vídeo tem um pouco mais de 9 minutos de duração e os materiais necessários
são bem acessíveis, a maioria deles você já até deve ter em casa.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
190
FEYNMANN, R.; LEIGHTON, R.; SANDS, M. Lições de Física de Feynman. Porto Alegre: Artmed, 2008.
Volume 3.
GUIMARÃES, O.; PIQUEIRA, J. R. C.; CARRON, W. Física - Projeto múltiplo 3V. São Paulo: Ática, 2014.
GUIMARÃES, O.; GUADALUPE, A. Sistema de Ensino Poliedro - Física. 4. ed. S. J. dos Campos: Editora
Poliedro, 2014. Volume 4.
GUIMARÃES. O.; CARRON, W. As faces da Física. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de Física. 3. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos,
1994. Volume 4.
OKUNO, E.; CALDAS, I. L.; CHOW, C. Física para ciências biológicas e biomédicas. São Paulo: Harbra, 1982.
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física. 12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009.
191
1. A.
Pela regra da mão esquerda, a força tem, inicialmente, o sentido para a esquerda.
2. D.
Como a velocidade é oblíqua em relação ao campo magnético, a trajetória será uma hélice cilíndrica.
N S
v θ
3. B.
A intensidade da força sobre o fio é: Fm = Bil.senθ , logo a força por unidade de comprimento fica
Fm
= Bi.senθ .
l
F
Assim, m = 0 5 0 2 1 = 0, 1
N , pois θ = 90° .
l m
4. A.
Fm = Bil.senθ
No trecho vertical do fio, a força magnética é:
192
5. A força eletromotriz induzida pode ser obtida por: ε = Blv = 10 0 6.80 = 480 V .
Como e = Ri , 480 20 i i 24 A.
Pela Lei de Lenz, no sentido horário.
6. B.
V2 V1 V1.N2 V1 .
Pela equação do transformador, = , logo,
= V2 =
N2 N1 N1 10
193
194
Dr. José Osvaldo de Souza Guimarães
Temperatura e Calor
PLANO DE ESTUDOS
Escalas de Trocas
temperatura de calor
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Compreender o conceito de temperatura e como construir que nas mudanças de fase há calor trocado, mesmo sem
uma escala para medir essa grandeza; saber como se mudança de temperatura.
constrói um termômetro; e comparar as principais escalas • Compreender e mensurar o balanço térmico – trocas de
de temperaturas usadas atualmente. calor entre corpos. Prever a temperatura de equilíbrio de
• Entender o conceito de calor e saber diferenciar esse corpos em um sistema isolado.
conceito do conceito de temperatura; associar o calor à • Conhecer, conceituar e saber operar com as três principais
energia em trânsito de um corpo para outro; compreen- formas de transmissão de calor; conceituar a condutivi-
der como se mede essa quantidade de energia; observar dade térmica e sua importância nos fenômenos naturais.
Escalas de
Temperatura
Escalas Termométricas
UNIDADE 6 197
A medida da temperatura de um corpo é feita, indiretamente, pelo efeito provo-
cado em uma dessas grandezas citadas anteriormente, quando em equilíbrio térmico
com o corpo.
Os procedimentos para a obtenção de uma escala termométrica são os seguintes:
Fonte: o autor.
θG
Figura 3 - Gráficohda h
G função termométrica hV
Fonte: o autor.
UNIDADE 6 199
1 EXEMPLO Um aluno, de nome Marcelo, resolveu criar uma escala termométrica (escala arbitrária
M), usando um velho termômetro de mercúrio com a escala totalmente apagada. Ele
colocou o termômetro em equilíbrio térmico com gelo fundente e anotou a altura
atingida pela coluna de mercúrio: 5,0 cm. Em seguida, em equilíbrio térmico com
água em ebulição sob pressão atmosférica normal, anotou a altura de 25 cm.
d) Qual a função termométrica dessa escala arbitrária M?
e) Qual o valor da temperatura na escala M se a altura da coluna de mercúrio
atingir o valor de 17 cm?
Resolução
A equação que relaciona a temperatura (θM) com a altura da coluna de mercúrio (h)
é dada por:
a)
DqC DqF q q 32
C F
5 9 5 9
Essa relação permite a conversão de valores de temperaturas de uma escala para outra.
2 EXEMPLO Num determinado dia de verão, a temperatura mínima foi de 68 ºF e a máxima de 95 ºF.
a) Expresse essas temperaturas na escala Celsius.
b) Qual foi a variação entre a temperatura mínima e a máxima, na escala Celsius?
Resolução
a) Para a temperatura de 68 ºF, temos:
θC θF − 32 θ 68 − 32
= ⇒ C = ⇒ θC = 20 °C
5 9 5 9
θF 68 F
UNIDADE 6 201
A variação pode ser obtida de dois modos: ou aproveitamos os resultados obtidos no
item a – o que pressupõe que esses cálculos já estejam efetuados –, ou aplicamos a pro-
porção que deduzimos para quando se quer apenas a variação e não temperatura em si.
DqC DqF DqC 95 68
DqC 15 C
5 9 5 9
Escala Kelvin
eixo das abscissas é o ponto que corresponde a um volume nulo. A temperatura re-
ferente a esse ponto é obtida por tgα = V = V − 0 ⇒ θC = 273 C
273 0 − θC
A esse ponto, -273 oC, conhecido como zero absoluto, que corresponde ao limite
inferior de temperatura, Kelvin atribuiu o valor zero de sua escala (0 K = -273 oC).
Estava assim descoberta, teoricamente, a menor temperatura. Para construção de
UNIDADE 6 203
uma verdadeira escala de temperaturas, a escala absoluta, faltava ainda escolher o
tamanho do grau. Foi como se tivessem descoberto o começo – marco zero – de uma
estrada. A numeração dos vários pontos poderia ser feita usando-se como padrão a
unidade milha, ou quilômetro, ou uma outra unidade qualquer de comprimento. No
caso da escala Kelvin, escolheu-se o tamanho de divisão que possui a escala Celsius.
Pela própria definição, uma variação de x unidades na escala Kelvin corresponde a
uma variação de também x unidades na escala Celsius. Assim, qualquer variação de
temperatura é representada pelo mesmo valor nas duas escalas, Celsius e Kelvin. A
Figuras 8 representa as comparações entre as escalas Celsius e Kelvin, com relação
às temperaturas e às variações de temperatura.
100 373
θC T
Δθ C ΔT
0 273
T qC 273
qC T 273
DT DqC
Observações
A rigor, a temperatura na escala Celsius não é grandeza física, pois 0 ºC não significa
grau agitação nulo.
O zero absoluto é inacessível na prática. Pode-se chegar bastante perto, mas quanto
mais próximo dessa temperatura se chega, mais difícil fica para o corpo ceder calor,
que sabemos vai espontaneamente do corpo mais quente para o corpo mais frio.
Resolução
a) Para transformarmos da escala Celsius para a escala Kelvin, aplicamos:
T qC 273, assim, para , temos T 27 273 T 300 K e,
para , T 127 273 T 400 K
b) De 27 ºC até 127 oC, temos uma variação de 100 oC e como a escala Kelvin
apresenta a mesma variação da escala Celsius, a variação será de 100 K.
UNIDADE 6 205
Calor Latente e
Calor Sensível
UNIDADE 6 207
Dizemos que dois corpos são termicamente equivalente quando, ao trocarem (cede-
rem ou receberem) a mesma quantidade de calor, sofrem a mesma variação de tem-
peratura ou, em outras palavras, dois corpos são termicamente equivalentes quando
possuem a mesma capacidade térmica. Assim, definimos capacidade térmica de um
Q dy
corpo como C c= .
q dx
No sistema usual da calorimetria, a unidade para quantidade de calor é a caloria,
que definiremos adiante. Como a variação de temperatura é medida na escala Celsius,
a unidade de capacidade térmica é calorias = cal .
grau Celsius °C
4 EXEMPLO Dois corpos, A e B, de mesma massa, são tais que possuem as capacidades térmicas:
CA= 20 cal/ºC e CB= 300 cal/ºC.
a) Se os dois corpos sofrerem a mesma variação de temperatura, qual será a
relação entre os calores que cada um deles trocou?
b) Se os dois corpos receberem a mesma quantidade de calor, qual a relação
entre as correspondentes variações de temperatura?
Resolução
Q Q
a) Como C , então q . Além disso q A qB q , logo
q C
QA QB , resultando QA QB Q 1
= A . O corpo B, de maior capaci-
CA CB 20 300 QB 15
dade térmica, necessita de quinze vezes o calor trocado pelo corpo A para
sofrer a mesma variação que o corpo A sofreu.
b) A quantidade de calor recebida pode ser calculada por Q C q , assim,
q A
C A q A CB qB, resultando 20 q A 300 qB 15
qB
Com base em nosso exemplo anterior, vemos que os corpos A e B de massas iguais
apresentam capacidades térmicas diferentes. Isso nos leva a concluir que são consti-
tuídos de substâncias diferentes.
O calor específico da água vale exatamente uma unidade no sistema usual, porque
a água foi designada como substância padrão na calorimetria. Uma vez que o calor
específico pode variar um pouco, dependendo da faixa de temperatura que conside-
remos, a definição de caloria obedece a um determinado intervalo de temperatura
(GUIMARÃES; CARRON, 2006).
Uma caloria é a quantidade de calor necessária para variar de um grau
Celsius a temperatura de um grama de água (entre 14,5 ºC e 15,5 ºC).
Explorando um pouco mais a definição de calor específico, observamos que:
Tabela 1 - Calores específicos
UNIDADE 6 209
A Tabela 1 nos indica o calor específico de algumas substâncias. Os valores referentes
à fase gasosa se restringem a um volume constante.
O calor específico depende da estrutura da matéria, assim, o calor específico de
uma substância na fase sólida é diferente de seu calor específico na fase líquida e
diferente ainda na fase gasosa.
Aproveitando a comparação que podemos fazer, usando-se a tabela anterior,
vamos comentar sobre as consequências do alto calor específico da água. Como
vimos, o calor específico é a quantidade de calor necessária para variar de um grau
a temperatura de uma unidade de massa. Em relação às outras substâncias, cada
grama de água necessita de muito mais calor – cedido ou recebido – para variar de
um grau a sua temperatura. Dessa forma, um jato de água se revela muito eficiente
para resfriar um corpo.
Outro aspecto importante é a questão climática. Regiões muito úmidas têm me-
nores variações de temperatura quando comparamos o dia e a noite. A umidade
aquecida cede calor durante a noite, mas devido ao alto calor específico da água, a
variação de temperatura é pequena. Por outro lado, os secos desertos têm temperaturas
muito elevadas durante o dia e muito baixas pela noite. O calor específico da areia
é cerca de 1/5 do calor específico da água. Repare a praia em um dia ensolarado: a
temperatura da areia se apresenta muito maior que a da água do mar. Já numa noite
fria, observamos o contrário.
Estamos considerando os corpos recebendo calor sem que haja mudança de fase.
Nessas condições, o corpo esquenta quando recebe calor e esfria quando cede calor.
Podemos identificar, então, a perda ou ganho de energia pela variação de tempe-
ratura. Esse processo é sensível a um termômetro. Nossas conclusões se aplicam a
sólidos, líquidos e gases sob volume constante. Para calcular o calor sensível, vamos
observar que:
Sistema usal de Calometria:
[Q ] = cal
[ m] = g
[ ∆θ ] = C
º
Q m c q
Uma convenção que está implícita na expressão do calor sensível é a do valor algébri-
co da quantidade de calor. Quando o corpo recebe calor, a variação de temperatura
(diferença entre a temperatura final e a inicial) é positiva, e negativa no caso contrário.
Com a intenção de garantir que a substância em estudo não seja afetada por trocas
de calor com o ambiente, utiliza-se, nas experiências de calorimetria, recipientes
chamados de calorímetro. As paredes desse recipiente são feitas de material isolante
térmico, restringindo, assim, as trocas de calor à sua parte interior.
UNIDADE 6 211
5 EXEMPLO a) Qual a quantidade de calor que deve ser fornecida a 500 g de água a 20 ºC
para que sua temperatura atinja 80 ºC?
b) Se essa mesma quantidade de calor fosse fornecida a um bloco de cobre de
500 g, também inicialmente a 20 ºC, qual a temperatura que ele atingiria?
Considere o calor específico do cobre como 0,1 cal/gºC.
Resolução
a) Q m c q
b) Q m c q
Como o calor específico da água (1 cal/gºC) é dez vezes o calor específico do cobre
(0,1 cal/gºC), a variação de temperatura da água (60 ºC) é 1/10 da variação de tem-
peratura sofrida pelo cobre (600 ºC).
Experimento de Joule
A concepção do calor como energia em trânsito ficou claramente demonstrada por
uma célebre experiência feita por James Prescott Joule (1818-1889). Nessa expe-
riência, Joule forneceu energia a uma certa quantidade de água com um sistema de
pás que giravam acionada por blocos pendentes, cujas massas eram conhecidas. A
energia fornecida à água corresponde à variação de energia potencial dos blocos que
desciam. Essa experiência, repetida várias vezes, comprovou que para cada unidade
de energia mecânica fornecida existe uma mesma quantidade de calor associada: a
água era aquecida devido à rotação das pás.
A importância histórica da experiência reside no fato de ela unificar dois setores
anteriormente separados da Física, a Calorimetria e a Mecânica. A unidade caloria
nada mais é que uma unidade de energia, sendo a relação com a unidade de energia
do sistema internacional expressa por: .
Nos cálculos, é comum a utilização: .
Como vimos, dois corpos são equivalentes termicamente quando têm a mesma ca-
pacidade térmica. Isso significa que se esses corpos receberem a mesma quantidade
de calor, experimentarão a mesma variação de temperatura.
Dado um corpo qualquer, podemos descobrir qual a massa de água termicamente
equivalente a ele. Para isso, a capacidade térmica da massa de água deve ser igual à
capacidade térmica do corpo: Cágua Ccorpo m A c A Ccorpo.
Como no sistema usual, o calor específico da água é unitário (1 cal/gºC), obtemos
N
mágua = Ccorpo.
Essa relação é válida no sistema usual. Em um outro sistema de unidades, a igual-
dade deixa de ser válida, uma vez que o calor específico da água não é unitário.
Vale observar, também, que a igualdade é apenas numérica, já que o equivalente
em água é medido em gramas e a capacidade térmica em cal/ºC.
Com tantas restrições e observações, essa definição deve ser justificada por uma
finalidade prática, e realmente o é, como mostra nosso exemplo seguinte.
Resolução
O sistema é constituído por um calorímetro e uma quantidade de água (180 g).
Como o calorímetro possui uma capacidade térmica de 20 cal/ºC, ele é termica-
mente equivalente a 20 g de água, pois os dados estão no sistema usual. Assim, a massa
de água equivalente ao conjunto (calorímetro+180 g de água) será
m = 180 + 20 = 200 g
Q = m ⋅ c ⋅ ∆θ
2000 = 200 ⋅ 1 ⋅ ∆θ → ∆θ = 10 ºC
UNIDADE 6 213
Calor de Combustão
O mesmo podemos dizer das máquinas e motores; para que possam realizar tra-
balho, eles necessitam de energia e, nestes casos, a principal fonte de energia é o
combustível. Os combustíveis, assim como os alimentos, contêm energia que pode
ser liberada e utilizada por outros mecanismos.
A energia contida nos alimentos e nos combustíveis pode ser medida por meio da
queima (combustão). A combustão é uma reação exotérmica (liberação de calor)
de uma substância com o oxigênio. Assim, a queima de 1 g de uma determinada
substância libera uma quantidade de calor, denominada calor de combustão:
Pode acontecer de uma substância estar recebendo calor e manter a sua tempera-
tura constante? A resposta é sim. Sabemos que a agitação térmica está relacionada
diretamente com a temperatura na escala absoluta. Esse movimento é avaliado pela
energia cinética média das partículas. Contudo, devemos lembrar que existe, também,
uma energia potencial associada a um sistema de partículas. Quando erguemos um
corpo do solo, sob velocidade constante, não estamos alterando a sua energia cinéti-
ca; entretanto, a energia potencial do sistema Terra-corpo aumentou. A energia que
dispendemos nesse processo correspondeu a esse aumento. Analogamente, pode
ocorrer de estarmos fornecendo calor a um corpo, mas essa energia ser utilizada para
separar as partículas. É o que sucede quando uma substância está mudando de fase.
São três os estados básicos de agregação da matéria: sólido, líquido e gasoso. A
esses estados de agregação, denominamos fases da substância.
UNIDADE 6 215
Fases de uma Substância
Va
po ação
Liq
ratura permanece constante. Nas
ific
são
riza
ue
lid
f
ção
So
UNIDADE 6 217
θ(ºC)
Vapor
100
Líquido
Q
0
Sólido
Figura 12 - Evolução da temperatura de uma substância que cede calor a partir da fase gasosa
Fonte: o autor.
Calor Latente
Ebulição
Um líquido entra em ebulição quando o grau médio de agitação das partículas su-
pera a pressão ambiente. Temos, então, dois mecanismos para provocar a ebulição:
ou aumentamos a temperatura e com isso o grau médio de agitação, ou reduzimos
a pressão externa. Se a pressão externa for uma atmosfera normal (ao nível do mar),
então a ebulição, da substância água por exemplo, ocorre a 100 ºC. Contudo, se a
pressão externa for menor que 1 atm, a ebulição da água ocorre numa temperatura
inferior aos 100 ºC. É o que ocorre nos locais com grande altitude. A temperatura de
ebulição nesses locais está abaixo dos 100 ºC. Reciprocamente, quando aumentamos
a pressão externa, a temperatura de ebulição é maior. As panelas de pressão (tecni-
camente autoclave) funcionam com pressão superior à atmosférica normal e, em
decorrência, a água ferve a uma temperatura acima dos 100 ºC, diminuindo, assim,
o tempo de cozimento dos alimentos.
Evaporação
Mesmo sob pressão normal e em temperaturas bem inferiores a 100 ºC, muitas par-
tículas de porção de água têm energia suficiente para escapar pela superfície livre
do líquido. Isso faz parte do conceito de média. Como algumas têm energia abaixo
da média necessária para a ebulição, outras têm energia acima desse limite e esca-
pam por meio da superfície livre do líquido. Se retiramos de uma sala os melhores
alunos, a média da sala diminui. Analogamente, quando vão-se embora as partículas
de maior energia cinética, a energia média restantes fica menor, dessa forma, fica
menor a temperatura das partículas remanescentes. A porção restante retira calor
dos corpos ao redor e retorna à média ambiente, obtendo novamente partículas
com energia acima da média, até que o líquido se evapore totalmente. Quanta física
acontece numa simples camiseta secando ao Sol!
UNIDADE 6 219
Trocas
de Calor
Sistema termicamente
isolado
A
B
7 EXEMPLO O sistema de refrigeração de uma máquina térmica utiliza-se de uma serpentina por
onde circula água. Por meio desse sistema, a máquina cede 500 cal/min quando cir-
culam 30 litros de água por minuto. Admitindo-se que a água fria entra na serpentina
a 20 ºC, qual é a sua temperatura na saída?
Resolução
Em 1 minuto, a máquina cede 10.000 calorias, portanto, essa é a quantidade de calor
recebida pelo 0,5 litro de água. Como a densidade da água é de 1 kg/L, a massa de
água é de 0,5 kg = 500 g
Q = m ⋅ c ⋅ ∆θ , assim 10.000 = 500 ⋅ 1 ⋅ ( θ − 20 ) → θ = 40 ºC
O Equilíbrio Térmico
Quando dois ou mais corpos são postos a trocar calor, há transferência da ener-
gia térmica do corpo mais quente para o corpo mais frio. O equilíbrio térmico vai
ocorrer quando não houver o mais quente ou o mais frio, ou seja, quando os corpos
atingirem a mesma temperatura. Além das condições que impusemos anteriormente,
adicionamos o fato de que a temperatura final será a mesma para todos os corpos.
UNIDADE 6 221
Equilíbrio térmico q A qB qequilíbrio
Resolução
Primeiramente, vamos organizar os dados numa tabela.
Tabela 6 - Dados do problema
m (g) c (cal/gºC) θi (ºC) θf (ºC)
1- Calorímetro C = 6 cal/ºC 20 θ
2- Água 100 1,0 10 θ
3- Metal 200 0,1 259 θ
Q=m { ⋅ c ⋅ ∆θ
c →
Q1 + Q2 + Q 3 = 0
UNIDADE 6 223
Figura 14 - Barra metálica transmitindo calor
Fonte: o autor.
Q cal
F
Q t s
Substância cal
Condutividade térmica k s ⋅ m ⋅ ºC
Prata 0,974
Cobre 0,92
Alumínio 0,547
Mercúrio sólido 0,086
Mercúrio líquido 0,021
Água na fase líquida 0,00143
Gelo 0,0030
Ar seco 0,00006
Vidro 0,002
Madeira 0,0003
Fonte: Young e Freedman (2009).
UNIDADE 6 225
Algumas observações podem ser feitas em nosso dia a dia, relacionadas com a con-
dutividade.
• A maçaneta da porta nos parece mais fria que a madeira, embora estejam juntas
há muito tempo em equilíbrio térmico.
• As panelas são metálicas para facilitar a condução do calor.
• Os cabos dos utensílios expostos ao calor são de madeira, ou outro mau condutor.
• O vidro, por ser mau condutor, não se aquece uniformemente. A dilatação diferen-
ciada pode quebrar um copo com um pouco de café muito quente. Enchendo-se
o copo inteiro, o risco é menor.
• Os pisos cerâmicos “roubam” calor mais rapidamente de nossos pés descalços
que os pisos de madeira.
• O ar retido pelas fibras de lã, ou entre os pelos dos animais, diminui a perda de
calor nos dias frios. Alguns compostos artificiais, como o isopor ou a fibra de
vidro, utilizam-se do mesmo princípio.
9 EXEMPLO Uma barra de alumínio, de 2,0 m de comprimento e 10 cm2 de área de seção trans-
versal, tem uma de suas extremidades em contato com água em ebulição a 100 ºC
e a outra extremidade em contato com gelo fundente a 0 ºC. A barra é isolada para
evitar perdas radiais de calor, conforme figura. Determinar:
a) O fluxo de calor através da barra.
b) A temperatura num ponto a 40 cm da extremidade quente.
c) A massa de gelo que se funde em 20 minutos, considerando LF(gelo) = 80 cal/g.
Resolução
a) O fluxo de calor é dado por, considerando k AI = 0, 50 cal
s ⋅ cm ⋅ ºC
k A q 0, 50 10 100
F , F F 2, 5 cal
200 s
b) Considerando um regime estacionário, ou seja, a temperatura se distribui
uniformemente ao longo da barra, temos que, para 200 cm, a queda de tem-
peratura é de 100 ºC, então, para 40 cm, a queda de temperatura vale:
200 cm ==> 100 ºC
40 cm ==> x ==> x = 20 °C
Portanto, a 40 cm da extremidade quente, a temperatura vale 100 - 20 = 80 ºC.
3.000 = m ⋅ 80 → m = 37, 5 g
Convecção Térmica
UNIDADE 6 227
Nos refrigeradores, o trocador de calor (serpentina do congelador) deve ficar na
parte de cima. O ar mais frio gerado por ele tende espontaneamente a descer, man-
tendo a circulação na geladeira.
Os fluidos, desprovidos que são da condução, desfrutam dessa mobilidade das
partículas mais frias e mais quentes, o que não acontece nos sólidos.
Tendo em mente a convecção, se a intenção for aquecer um fluido, devemos fazê-lo
por debaixo; se a intenção for resfriá-lo, devemos fazê-lo por cima.
As brisas litorâneas
Quadro 3 - Sentido das brisas litorâneas considerando-se apenas os efeitos dos calores específicos
Brisa Diurna Brisa Noturna
Fonte: o autor.
Inversão térmica
Irradiação Térmica
É do nosso conhecimento que uma fogueira nos aquece numa noite fria. Quando nos
colocamos próximos a uma fogueira, somos “atingidos” por uma quantidade de energia
transmitida por ela por meio de ondas eletromagnéticas. O mesmo acontece quando
tomamos “um banho de sol”: recebemos do Sol uma quantidade de energia que chega até
nós por meio de ondas eletromagnéticas.
O processo de transferência de calor por meio de ondas eletromagnéticas, denomi-
nadas ondas de calor ou calor radiante, recebe o nome de irradiação térmica. Enquanto
a condução e a convecção somente ocorrem em meios materiais, a irradiação acontece
tanto em determinados meios materiais como no vácuo (ausência de matéria).
As ondas de calor, ou calor radiante, geradas pelas agitações térmicas moleculares, são
funções da temperatura. De um modo geral, podemos dizer que, em maior ou menor grau,
todos os corpos emitem energia radiante devido à sua temperatura.
O principal emissor de calor, para nós, é o Sol. Com uma temperatura superficial da
ordem de 6000 K, ele emite calor luminoso (calor acompanhado de luz), além de outras
formas de ondas eletromagnéticas, que chega à Terra exclusivamente por irradiação, pois
atravessa uma grande região de vácuo.
As lâmpadas incandescentes tam-
bém emitem calor luminoso, enquanto
que os fornos e os ferros de passar rou-
pas emitem calor obscuro (calor não
acompanhado de luz). A maioria dos
corpos emitem calor obscuro.
Vejamos, agora, algumas aplicações
da irradiação térmica.
• Os corpos mais quentes emi-
tem mais radiação térmica
que os mais frios. Um filme
fotográfico, sensível a essa ra- Figura 17 - Fotografia noturna de uma casa usando infravermelho
UNIDADE 6 229
diação, nos revela um verdadeiro mapa das temperaturas de cada corpo. Um
animal, cuja temperatura corpórea fosse de 36 ºC ficaria claramente destacado
de uma floresta a 25 ºC. Na figura, temos a foto de uma residência feita com
um filme desse tipo numa noite totalmente escura aos nossos olhos.
• O teto de uma estufa de plantas é feito de vidro transparente à energia radiante
que chega do Sol e pouco transparente às ondas de calor emitidas pela Terra. As-
sim, o interior da estufa é mantido a uma temperatura maior do que o exterior.
• A atmosfera da Terra também provoca o efeito estufa. O gás carbônico (CO2)
e os vapores de água, presentes na atmosfera terrestre, funcionam como o
vidro: transparentes à energia radiante que vem do Sol (6000 K) e opacos
às ondas de calor emitidas pela Terra (300 K). Isto faz com que a Terra seja
mantida a uma temperatura média ideal para o desenvolvimento da vida.
Em virtude do aumento considerável de veículos (automóveis, caminhões,
ônibus), industrias e fontes poluidoras em geral, os níveis de gás carbônico e
outros gases têm aumentado consideravelmente. Isto pode provocar, além de
outros problemas, um aumento na temperatura média da Terra, com sérias
consequências para o nosso planeta.
• A irradiação térmica é muito importante na terapia de lesões musculares. Neste
caso, é utilizado uma lâmpada que emite radiações eletromagnéticas, conheci-
das como infravermelho, que representam o calor radiante.
Vaso de Dewar
1. Considere as escalas Celsius e a Fahrenheit, esta última é a mais usada nos EUA.
a) Em que temperatura as escalas Celsius se apresentam leituras iguais?
b) Quanto é essa temperatura na escala Kelvin?
2. Suponha que tenhamos um tanque com certa massa de água a uma temperatura
inicial To, o qual está recebendo uma certa quantidade de calor, por meio da base.
Após um intervalo de tempo determinado, a água adquire uma temperatura
agradável ao toque humano. A experiência mostra que uma mesma massa, mas
de ferro, à mesma temperatura inicial To, recebendo a mesma quantidade de
calor, no mesmo intervalo de tempo, fica com uma temperatura insuportável
ao toque humano.
Assinale a alternativa que melhor explica essa diferença.
a) Como o ferro tem um calor específico menor do que o da água, para uma
mesma quantidade de calor e mesma massa, apresentará uma maior variação
de temperatura.
b) Como o ferro tem um calor específico maior do que o da água, para uma mes-
ma quantidade de calor e mesma massa, apresentará uma maior variação de
temperatura.
c) Como o ferro tem um calor específico menor do que o da água, para uma
mesma quantidade de calor e mesma massa, apresentará uma menor variação
de temperatura.
d) Como a fonte de calor é a mesma e as massas são idênticas, sendo ambas
aquecidas num mesmo intervalo de tempo, as variações das temperaturas
deverão ser exatamente as mesmas.
e) Para essa situação, será válida a seguinte relação ΔTFerro cágua = ΔTágua cFerro,
onde c é o calor específico e ΔT a variação da temperatura.
231
3. A figura a seguir representa a temperatura de 200 gramas de uma substância,
inicialmente no estado líquido, em função do calor por ela absorvido.
T (ºC)
120
80
40
20
232
5. Um bloco de massa 2,0 kg, ao receber toda a energia térmica liberada por
1000 g de água que diminuem a sua temperatura de 1 oC, sofre um acréscimo
de temperatura de 10 oC. O calor específico do bloco, em cal/g oC, é:
a) 0,2.
b) 0,1.
c) 0,15.
d) 0,05.
e) 0,01.
Tela
Gelo
233
WEB
234
FEYNMANN, R.; LEIGHTON, R.; SANDS, M. Lições de Física de Feynman. Porto Alegre: Artmed, 2008.
Volume 3.
GUIMARÃES, O.; PIQUEIRA, J. R. C.; CARRON, W. Física - Projeto múltiplo 3V. São Paulo: Ática, 2014.
GUIMARÃES, O.; GUADALUPE, A. Sistema de Ensino Poliedro - Física. 4. ed. S. J. dos Campos: Editora
Poliedro, 2014. Volume 4.
GUIMARÃES. O.; CARRON, W. As faces da Física. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de Física. 3. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos,
1994. Volume 4.
OKUNO, E.; CALDAS, I. L.; CHOW, C. Física para ciências biológicas e biomédicas. São Paulo: Harbra, 1982.
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física. 12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009.
235
1.
C F 32 C C 32
a. Temos e C = F . Assim, .
5 9 5 9
, ou seja −40 °C = −40 °F .
b. Como C K 273, 40 K 273 TK 233 K .
2. A.
O calor específico do Ferro é bem menor que o da água. Como as massas são iguais, a capacidade térmica
do corpo de ferro é bem menor que a da massa de água. Portanto, o corpo de ferro apresentará variação
de temperatura bem maior.
3. E.
4. C.
Como Q 0 e Q m c t , temos:
2000 ⋅ c ⋅ (10) + 1000 ⋅ 1 ⋅ (−1) = 0 → c = 0, 05 cal
g °C
6. D.
236
237
238
Dr. José Osvaldo de Souza Guimarães
Gases em
Transformação
PLANO DE ESTUDOS
Transformações
Primeira Lei da
em um gás ideal
Termodinâmica
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Compreender o conceito de gás ideal e os indicativos • Relacionar as transformações gasosas com a conservação
globais (pressão, volume e temperatura) sobre o estado de energia, conceituando o que chamamos de energia
de uma massa gasosa. interna de um gás.
• Perceber como podemos tirar partido das grandes varia- • Conhecer as aplicações da 1ª Lei da Termodinâmica e
ções de volume de um gás para obter trabalho mecânico saber operar com ela nos diversos tipos de transforma-
a partir de uma fonte de calor. Saber calcular e prever o ções gasosas.
trabalho que pode ser realizado.
Transformações
em um Gás Ideal
Pressão (p) F
Quando os corpos trocam forças, elas estão aplicadas ao longo de uma certa região,
isto é, as forças se distribuem sobre uma certa superfície.
A Figura 2, a seguir, é uma superfície de área A sob a ação de uma força F , normal
a essa superfície. A força está representada por apenas um segmento de reta orien-
tado, mas, na verdade, está agindo de maneira distribuída sobre toda a superfície,
conforme indica o esquema.
Definimos a pressão média (pm) pelo quociente entre a intensidade da força normal
F
à superfície e a área relativa à essa superfície. Algebricamente, escrevemos pm = .
A
UNIDADE 7 241
Partindo da definição,
obtemos diretamente as unidades de pressão.
F
Como [ p ] = , obtemos no Sistema Internacional [ p ] = N2 (newtons por metro
[ A] m
quadrado).
Também é utilizada a unidade de pressão “atmosfera”, cujo símbolo é atm.
Nossa atmosfera exerce, a 0 ºC e ao nível do mar, uma pressão de
101325 N 2 ≅ 1, 0 ⋅105 N 2, valor adotado como pressão atmosférica normal, de-
m m
nominado uma atmosfera, portanto 1 atm ≅ 1, 0 ⋅105 N 2 .
m
Outra unidade também utilizada é centímetros (ou milímetros) de mercúrio. Ela
indica qual seria a altura da coluna de mercúrio que exerceria a pressão que estamos
medindo. No caso da pressão de nossa atmosfera, essa coluna mediria 76 cm.
A pressão absoluta exercida por um fluido é uma grandeza escalar e nunca é negativa.
Volume (V)
Já conversamos a respeito das substâncias não serem uma extensão contínua de ma-
téria, mas sim um conjunto de partículas muito distantes entre si, em relação às suas
dimensões. Nos gases em particular, essas distâncias são bem maiores do que ocorre
em outras fases da substância. São tão maiores que podemos considerar as partícu-
las como pontos materiais. O conjunto que chamamos de gás são as partículas e os
grandes espaços vazios entre elas. Portanto, quando falamos sobre o volume do gás,
estamos falando do volume do recipiente que o contém. Essa discussão, ora levantada,
faz-se necessária para uma maior distinção entre as fases, pois, na fase líquida e na
fase sólida, a própria substância delimita as fronteiras do seu volume, enquanto que
na fase gasosa essa tarefa é desempenhada pelas paredes do recipiente.
UNIDADE 7 243
Imaginando o gás como constituído por um número muito grande de partículas,
entendemos a pressão exercida nas paredes do recipiente como resultado das colisões
dessas partículas contra as paredes.
p p V
V T T
Figura 4 - Diagramas de uma expansão isobárica
Fonte: o autor.
p p V
V T T
Nesse caso, não temos nem expansão e nem compressão, pois o volume do gás per-
maneceu constante. Observe, no entanto, que há um aquecimento durante a trans-
formação.
UNIDADE 7 245
Transformação Isotérmica (T= Constante)
p·V = constante, e considerando-se dois estados, (1) e (2), obtemos p1V1 = p2V2
Os gráficos a seguir, na Figura 6, ilustram como se comportam as variáveis de
estado na transformação isobárica.
Diagrama p x V Diagrama p x T Diagrama V x T
p p V
V T T
T3
T
T2
T1
T
Figura 7 - Isotermas de determinada massa de gás. Observe que: T3 > T2 > T1.
Fonte: o autor.
Transformação Genérica
UNIDADE 7 247
V V
Na transformação isobárica, podemos escrever A = B , pois, como observamos
TA TC
diretamente no gráfico, VB = VC .
Na transformação isométrica, vamos escrever p A = pB , onde foi observado que
pC = p A . TC TB
Essa última relação, por se referir a uma transformação qualquer, engloba todas
anteriores. É interessante de se observar que, nessa dedução, não utilizamos a transfor-
mação isotérmica, e vemos que ela poderia ter sido equacionado apenas conhecendo
as duas primeiras, embora historicamente não tenha sido essa a sequência histórica.
Observação
Em todas as transformações anteriores, nós supusemos que o gás conserva a sua massa
e a sua quantidade de partículas. Isso significa que, durante o processo, não escaparam
e nem entraram mais partículas no recipiente e que, além disso, as partículas também
não se combinaram quimicamente.
Alguns números são tão especiais que recebem um nome. É o caso, por exemplo, do
número obtido pela relação entre o perímetro e o diâmetro de um círculo, o qual
chamamos “pi” (π). Um corpo pode ter uma massa de “pi” quilogramas, uma viagem
pode ter “pi” horas, e assim por diante. De maneira semelhante, 1 mol é a quantidade
602.000.000.000.000.000.000.000 (6,02x1023) de átomos, moléculas e íons, em suma
de elementos de uma mesma espécie.
Um mol de qualquer substância contém sempre o mesmo número de partículas
elementares, ou seja, 6,02·1023, embora a massa que corresponde a 1 mol de uma
substância dependa do tipo de substância considerada. Por exemplo, 1 mol de car-
bono corresponde a 12 g, ou seja, 6,02·1023 átomos de carbono possuem massa de 12
g. Ao afirmarmos que 1 mol de gás carbônico (CO2) corresponde a uma massa de
44 g, estamos dizendo que 6,02·1023 moléculas de CO2 possuem uma massa de 44 g.
Esse número (mol) é também conhecido como número de Avogadro (N0), em
homenagem ao físico italiano Amedeo Avogadro (1776-1856):
1 mol
= N= 0 6, 02 ⋅1023 partículas, átomos, íons, moléculas etc.
A massa, em gramas, que corresponde a 1 mol de partículas elementares de qual-
quer substância, recebe o nome de massa molecular (M). Se uma determinada quan-
p ⋅V = n ⋅ R ⋅ T
R = 8,31 J
mol ⋅ K
Quando a pressão é dada em atm, o volume em litros e a temperatura em kelvin, a
atm ⋅
transformação de unidades resulta para essa constante em: R = 0, 082 .
mol ⋅ K
Um estado do gás de particular interesse nos gases se observa quando:
• A pressão é a pressão atmosférica normal (p = 1 atm).
• A temperatura é 0 ºC, isto é T = 273 K.
• A quantidade de partículas é 1 mol (n = 1).
Um gás nas condições normais de temperatura e pressão ocupa o volume de 22,4 litros.
O maior uso da equação de Clapeyron acontece quando queremos relacionar o
estado do gás com a quantidade de partículas, quantidade essa normalmente medida
em mols, ou nos processos em que houve alteração na quantidade de partículas, com
o escape ou a entrada de mais gás.
UNIDADE 7 249
A equação de Clapeyron destaca que estabelecidos os valores do volume, tem-
peratura e pressão, independentemente da natureza do gás, encontramos sempre o
mesmo número de partículas elementares.
Mistura de Gases
Mistura Genérica
É muito comum encontrarmos processos em que participam duas ou mais espécies
de gás. Como para o uso da equação de Clapeyron, necessitamos saber a respeito
das partículas, apenas qual é a sua quantidade, e não a sua natureza, fica simples de
se efetuar a aplicação. Seja um recipiente ocupado por dois tipos de gases, A e B, que
se misturaram; pelo fato das partículas estarem misturadas, elas têm o mesmo grau
de agitação médio e, portanto, mesma temperatura. Mesmo que antes da mistura as
temperaturas dos gases fossem diferentes, após a mistura, a imensidão de colisões, nas
quais as partículas de maior energia transferem uma parte para as quem tem menos,
resultaria num mesmo valor médio final para a energia dos dois tipos de partículas.
Como = n nA + nB p ⋅V p ⋅V p ⋅V
→ = A A + B B , obtemos finalmente:
p ⋅V = n ⋅ R ⋅ T R ⋅T R ⋅ TA R ⋅ TB
p ⋅ V p A ⋅ VA pB ⋅ VB
= +
T TA TB
Pressão Parcial - Lei de Dalton
Uma abstração que podemos fazer é imaginar que, nesse recipiente, se tivéssemos,
primeiramente, apenas as partículas referentes ao gás A, a pressão seria, então, pA. Da
mesma forma, se tivéssemos apenas partículas do gás B, a pressão seria pB. Como a
pressão é fruto das colisões das partículas contra as paredes, o conjunto constituído
pelos dois gases vai exercer uma pressão p, que é simplesmente a soma das pressões
que cada gás exerceria isoladamente nessa temperatura, ou seja, p = pA + pB.
Essa ideia que acabamos de discutir é conhecida como Lei das pressões parciais,
elaborada pelo físico John Dalton (1766-1844), e é válida para misturas com mais
de dois tipos de gases, desde que não haja reação química entre eles que altere a
quantidade total de partículas. Podemos, então, escrever, para uma mistura de n
gases: p = p1 + p2 + ... + pn , onde p1, p2, ..., pn são as pressões que cada um dos gases
exerceria isoladamente, no volume total na temperatura da mistura.
A pressão total exercida por uma mistura de dois ou mais gases é a soma das
pressões que cada um dos gases exerceria isoladamente no recipiente quando sob a
temperatura da mistura.
Fração Molar
Considerando, ainda, uma mistura de, por exemplo, dois gases, A e B, definimos
fração molar (f) como a relação entre as quantidades de mols de um dado gás e a
quantidade total de mols da mistura (n). Em nossa mistura, para o gás A, temos:
n
f = A.
A
n
A fração molar pode, também, ser expressa em termos de porcentagem. A relação
nA
⋅100% exprime qual a porcentagem de partículas do gás A, em relação à quanti-
n
dade total de partículas que tem o recipiente.
n n (n + n ) n
É interessante verificar que f A + f B = A + B = A B = = 1= 100%
n n n n
A expressão indica que a soma de todas as partes, obviamente, totaliza 100%.
1 EXEMPLO Numa mistura de oxigênio e nitrogênio, têm-se três mols do primeiro gás e 7 mols
do segundo, sob pressão de 2 atm. Qual a pressão que seria exercida por cada um
desses gases, se ocupasse sozinho o volume da mistura?
Resolução
Usando-se a equação de Clapeyron para o conjunto total de partículas, podemos
escrever: p ⋅ V = n ⋅ R ⋅ T , e com os dados do problema 2 ⋅ V = (3 + 7) ⋅ R ⋅ T (I)
Aplicando-se agora a mesma equação geral dos gases para o gás A, lembrando que a
pressão exercida por ele isoladamente é a pressão parcial, temos p A ⋅ V = 3 ⋅ R ⋅ T (II).
Dividindo-se membro a membro, essa última equação pela primeira, temos, após
p 3
algumas simplificações: A = → p A = 0, 6atm
2 10
O mesmo processo pode ser usado para se obter pB, onde chegamos a pB = 1,4 atm.
Para uma conferência final do resultado, devemos notar que p = pA + pB.
2 EXEMPLO Dois gases, A e B, são mantidos separados nos recipientes, A e B, cujos volumes são
VA= 15 L e VB= 5 L, respectivamente, pela válvula D. As pressões e temperaturas
iniciais são pA= 4 atm e pB= 2 atm, e TA= 300 K e TB= 200 K.
UNIDADE 7 251
A
B
D
Resolução
A expressão do enunciado nos permite calcular a pressão final:
44⋅⋅15
15++22⋅⋅55
=
=pp == → 3,5atm
→ pp 3,5 atm
15++55
15
p ⋅ V p A ⋅ VA pB ⋅ VB , temos ⇒ 3,5 ⋅ (15 + 5) 4 ⋅15 2 ⋅ 5
Como= + = + → T= 280 K
T TA TB T 300 200
Transformação Isobárica
UNIDADE 7 253
Vale lembrar que o trabalho realizado por uma força constante em um desloca-
mento retilíneo é uma grandeza escalar que pode ser calculada por:
τ= F ⋅ ∆r ⋅ cos θ , sendo θ o ângulo entre a força e o deslocamento.
A
Δr
Δr
ΔV
F
F
p= → F =p⋅ A
A
θ= 0 → cos θ = 1
∆V = V final − Vinicial= A ⋅ ∆r
UNIDADE 7 255
3 EXEMPLO Determinada massa de um gás sofre uma expansão isobárica, sob pressão de 8 atm,
passando de um estado A, cuja temperatura é 300 K, para um outro estado B, cuja
temperatura é de 400 K. O volume do gás no estado A é de 9 L.
a) O gás sofreu uma expansão ou compressão?
b) Qual foi o volume final atingido pelo gás?
c) Qual foi o trabalho realizado pelo gás nessa transformação?
Resolução
a) Sob pressão constante, o aumento na temperatura de determinada massa de
um gás acarreta o aumento de volume. Trata-se, portanto, de uma expansão.
b) Em uma transformação isobárica, podemos escrever: VA = VB , logo
TA TB
9 VB
= → VB = 12
300 400
A B
p
|τ| p
Va Vb V
|ΔV|
Figura 12 - Trabalho pelo diagrama p x V
Fonte: o autor.
N N
Área = p ⋅ ∆V
→ τ = Área
τ = p ⋅ ∆V
4 EXEMPLO Dois mols de um gás ideal sofrem a transformação representada pelo diagrama p × V
seguinte. Determinar:
a) As temperaturas referentes aos estados A e B.
b) O trabalho realizado pelo gás na transformação AÞB.
B A
12
Resolução
a) Da equação de Clapeyron p ⋅ V = n ⋅ R ⋅ T , aplicada ao estado A, podemos
escrever:
12 ⋅ 8, 2 = 2 ⋅ 0, 082 ⋅ TA → TA = 600 K
8, 2 4, 1
= → B = 300
600 TB
UNIDADE 7 257
b) Em módulo, o trabalho pode ser obtido por meio da área compreendida pelo
diagrama.
τ = 12 ⋅ 4, 1 − 8, 2 = 49, 2
τ 49, 2 atm l
Transformação Qualquer
p
Se a pressão for variável durante a transfor-
mação sofrida por determinada massa de B
gás, não podemos usar a expressão algébrica
τ = p ⋅ ∆V discutida para o caso da transfor-
mação isobárica. Entretanto, a propriedade de
que a área compreendida pelo diagrama p × V
A
nos fornece, em módulo, o trabalho realizado
pelo gás continua válida. |τ|
N
τ = Área
V
Figura 14 - Diagrama p x V de uma trans-
Os sinais, como já vimos, podem ser obtidos formação genérica
observando-se a tabela seguinte. Fonte: o autor.
Transformação Cíclica
É comum o gás, após uma série de transformações, retornar ao estado inicial. Isso
ocorre, principalmente, nas máquinas térmicas. O cálculo do trabalho é feito di-
vidindo-se o ciclo em duas fases: a expansão e a compressão. Graficamente, os
limites de volume de cada uma dessas fases se obtém construindo-se retas verti-
cais tangentes ao ciclo, representado no diagrama p × V. O trabalho total se
=
calcula por: τ ciclo τ exp ansão + τ compressão. Perceba que a soma é algébrica, pois,
Ciclo
Expansão Compressão
V V V
No caso do ciclo ser anti-horário, com o mesmo tipo de raciocínio, concluímos que
o saldo de trabalho é negativo.
p p
Expansão Compressão
Compressão Expansão
V V
UNIDADE 7 259
5 EXEMPLO A sequência de transformações ABCA, sofrida por um gás ideal, está representada
no diagrama p x V seguinte. Determinar:
a) O trabalho realizado em cada uma das transformações (AB, BC e CA).
b) O trabalho no ciclo.
p(atm)
B
12
4
A C
0
3 6 9 V(l)
Figura 17 - Diagrama pxV do ciclo de um gás
Fonte: o autor.
Resolução
a) O trabalho do gás na transformação
AB é positivo (expansão) e pode ser p (atm)
calculado numericamente pela área B
12
destacada.
Na transformação BC, o trabalho 8
é nulo, pois não havendo variação
no volume, não há deslocamento e 4
A
a força que o gás aplica não realiza
0
trabalho. Assim, τ BC = 0. 3 6 9 V(l)
Na transformação CA, o trabalho é
resistente (compressão) e seu mó- τ= (4 + 12)
AB ⋅ 6 → τ=AB 48atm ⋅
dulo é obtido pela área em destaque. 2
p (atm)
12
8
| τCA | = 6 . 4 = 24
4
A C
0
3 6 9 V(l)
Sabemos que um sistema tem energia quando as forças que ele aplica podem realizar
trabalho. Ora, um gás pode empurrar um pistão, tal como acontece no motor de um
automóvel e tornar disponível energia mecânica. A pergunta é: de onde provém a
energia associada a esse gás? Até aqui, viemos discutindo o modelo de um gás ideal
e as transformações que o gás pode sofrer, vejamos como aplicá-los para entender a
energia associada a um gás.
De acordo com o nosso modelo de gás ideal, ele é constituído de partículas e cada
uma delas tem uma determinada velocidade, ou seja, cada uma das partículas que
perfazem o gás tem energia cinética (εc). Para o gás ideal, não há energia potencial
associada às interações entre as partículas, pois essas interações ocorrem somente
durante os choques que, por hipótese, tem duração desprezível.
Assim sendo, denominamos de energia interna (U) associada a um gás ideal
monoatômico, composto por N partículas, ao somatório das energias cinéticas de
translação de cada uma dessas partículas. Algebricamente, escrevemos: U = ∑ ε c .
O valor médio da energia cinética por partícula ε c pode ser obtido por:
=ε ∑=
εc U .
c
N N
Por outro lado, baseados na expressão anterior, se conhecemos o número de
partículas e o valor médio da energia cinética, a energia interna fica expressa por:
UNIDADE 7 261
U= N ⋅ ε c
A energia interna de um gás ideal é o somatório das energias cinéticas de cada uma
das partículas.
U = ∑εc
3 3
∆U= pB ⋅VB − p A ⋅VA essa forma se mostra interessante quando não conhe-
2 2
cemos as temperaturas final e inicial do gás, mas sim a pressão e o volume relativo
a cada estado.
6 EXEMPLO Um mol de um gás ideal sofre uma variação de temperatura de 100 ºC. Determine a
variação na energia interna do gás, supondo R = 8,3 J .
mol ⋅ K
Resolução
A variação de temperatura na escala Kelvin é a mesma que na escala Celsius.
3 3
Como ∆U = n ⋅ R ⋅ ∆T , vamos obter: U 1 8, 3 100, portanto, ∆U = 1.245 J.
2 2
7 EXEMPLO Sabe-se que 3,0 mols de um gás ideal monoatômico ocupam um volume de
0, 2m3 sob pressão de 2, 0 ⋅105 N 2 . Sendo R = 8,3 J , determine:
m mol ⋅ K
a) A energia cinética média das partículas do gás.
b) A variação de energia interna quando o gás sofre uma variação de tempera-
tura de 200 ºC.
Resolução 3
p ⋅V
U 2
a) A energia cinética média pode ser obtida por: ε c= = .
N n ⋅ N0
Considerando os dados do problema, vamos ter:
3 3
p ⋅V ⋅ 2, 0 ⋅105 ⋅ 0, 2
2= 2 , portanto, ε= 3,3 ⋅10−20 J
= εc
n ⋅ N0 3, 0 ⋅ 6, 02 ⋅10 23 c partícula .
3 3
b) ∆U = n ⋅ R ⋅ ∆T , logo, ∆U = ⋅ 3 ⋅ 8,3 ⋅ 200 → ∆U = 7.470 J
2 2
UNIDADE 7 263
8 EXEMPLO Dois mols de um gás ideal sofrem uma transformação cuja representação no diagra-
ma p × V é um segmento de reta, conforme ilustra a figura. Determine a variação da
energia interna nessa transformação.
p (105 N/m2)
A
5,0
4,0
3,0
B
2,0
1,0
3 3 3 3
∆U = pBVB − p A ⋅ VA , logo, ∆U = ⋅ 3 ⋅10 − ⋅ 2 ⋅ 5 ⋅105 e, portanto,
2 2 2 2
∆U = 4,5 ⋅106 J .
UNIDADE 7 265
τ
trabalho
ΔU
Q
calor
Gás
A variação sofrida pela energia interna do gás é exatamente o saldo de energia entre
o que o gás recebeu ou cedeu de energia na forma de calor e o que o gás recebeu ou
cedeu na forma de trabalho. Assim, podemos escrever:
∆U = Q − τ
9 EXEMPLO Um gás ideal monoatômico (n = 0,50 mol) sofre uma transformação termodinâmica
AB, conforme figura. Sendo R = 8,3 J , determinar:
mol ⋅ K
Resolução
a) As temperaturas nos estados A e B são obtidas a partir da equação de Cla-
peyron:
3 3
∆U = n ⋅ R ⋅ ∆T → ∆U = ⋅ 0,5 ⋅ 8,3 ⋅ ( 96 − 720 ) → ∆U =−3,9 ⋅103 J
2 2
10 ⋅103 + 4, 0 ⋅103
τ= ⋅ ( 0,10 − 0,30 ) → τ =−1, 4 ⋅103 J
2
d) A quantidade de calor trocada na transformação é obtida por meio do pri-
meiro princípio da Termodinâmica:
∆U =Q − τ → −3,9 ⋅103 =Q − ( −1, 4 ⋅103 ) → Q =−5,3 ⋅103 J
UNIDADE 7 267
Aplicações da
1º Lei da Termodinâmica
Isotérmica
|τ| B
V
Figura 20 - O trabalho em uma isotérmica
Termodinâmica
Fonte: o autor.
Com recursos do cálculo integral, pode-se mostrar que o trabalho em uma transfor-
V
mação isotérmica é dado por: τ = n ⋅ R ⋅ T ⋅1n B . Essa expressão nos fornece o trabalho
VA
realizado pelo gás, já com o respectivo sinal. Observe que:
Expansão VB > VA τ>0
Compressão VB < VA τ<0
É oportuno observar, neste ponto, que nas transformações gasosas não se pode apli-
car a equação da calorimetria Q= m ⋅ c ⋅ ∆T indiscriminadamente. Na transformação
isobárica e na isométrica, essa expressão pode ser usada com pequenas adaptações,
porém, na isotérmica, ela não é válida, pois não há variação de temperatura e há calor
trocado (Indiscriminadamente: com falta ou ausência de critérios).
UNIDADE 7 269
10 EXEMPLO O diagrama seguinte representa uma expansão isotérmica sofrida por um gás ideal.
Determine:
p (105N/m2)
16,6 A
8,3
B
Resolução
V
a) O trabalho é dado por: τ = n ⋅ R ⋅ T ⋅1n B , e como p ⋅ V = n ⋅ R ⋅ T , também
VA
V
podemos escrever que τ = p ⋅ V ⋅1n B , onde p e V são valores da pressão
VA
e volume determinados por meio de um ponto qualquer da isotérmica. Assim:
4 3 .
τ= 16, 6 ⋅105 ⋅ 2 ⋅10−3 ⋅1n =
32, 6 ⋅10 ⋅ 0, 69 → τ= 2, 29 ⋅10 J
2
2
b) A variação da energia interna é nula, e como ∆U = Q − τ , temos Q = τ e,
Q 2, 29 ⋅103 J .
portanto,=
c) .
Isométrica
p
pB B
pA
A
V V
11 EXEMPLO Três mols de um gás monoatômico ideal, inicialmente sob temperatura de 400 K,
sofrem uma transformação isométrica recebendo 747 J na forma de calor. Conside-
rando R = 8,3 J , determinar:
mol ⋅ K
a) A variação da energia interna sofrida pelo gás nesse processo.
b) A pressão inicial e a pressão final do gás nessa transformação, sabendo-se
que o seu volume é 24,9
Resolução
a) Na transformação isométrica ∆U = Q , logo ∆U =
747 J .
b) Pela equação de Clapeyron, temos:
UNIDADE 7 271
p ⋅V = n ⋅ R ⋅ T , logo p0 ⋅ 24,9 ⋅10−3 =3 ⋅ 8,3 ⋅ 400 → p0 =4, 0 ⋅105 N 2
m
A variação de temperatura pode ser obtida pela variação da energia interna.
3 3
∆U = n ⋅ R ⋅ ∆T assim 747 = ⋅ 3 ⋅ 8 3 ⋅ (T − 400 ) → = 420 .
2 2
p p
A relação entre as variáveis de estado na isométrica é: 0 = , assim
T0 T
4 ⋅105 p
= → p = 4, 2 ⋅105 N 2
400 420 m
Isobárica
O esquema a seguir, já discutido por ocasião da análise das variáveis de estado, re-
presenta uma expansão isobárica. O gás realiza trabalho e, simultaneamente, recebe
calor. O trabalho nessa transformação se obtém por: τ = p ⋅ ∆V .
p
A
p τ Δr
A B ΔV
τ
V ΔU
Q
O calor fornecido ao gás em uma expansão isobárica é maior que o trabalho pelo
gás realizado. A diferença entre ambos (Q – τ) é o saldo remanescente de energia
da transformação, que permanece no gás na forma de acréscimo da energia interna
(ΔU > 0). Reciprocamente, se o gás sofre uma compressão isobárica, a quantidade
3 5 5
∆U = Q − τ , portanto p ⋅ ∆V = Q − p ⋅ ∆V → Q= p ⋅ ∆V = ⋅ nR ⋅ ∆T .
2 2 2
p(105 N/m2)
6,0
B A
Resolução
a) O volume ao final do processo é menor que o volume inicial na transformação.
O gás sofreu uma compressão.
b) τ = p ⋅ ∆V , logo .
UNIDADE 7 273
3
U
c) A variação da energia interna pode ser obtida por ∆= p ⋅ ∆V .
2
3
∆U = ( −1,8 ⋅105 ) → ∆U =−2, 7 ⋅105 J
2
5
Q
Uma maneira de se obter o calor trocado pelo gás é: = p ⋅ ∆V , assim
5 2
Q = ⋅ ( −1,8 ⋅10 ) → Q =−4,5 ⋅10 J .
5 5
Relação de Mayer
Vimos que fornecer calor para um gás que se mantém sob volume constante resulta
numa variação de temperatura (variação de energia interna) diferente de quando
fornecemos a mesma quantidade de calor para um gás que se mantém sob pressão
constante. Nos gases, a quantidade de calor deve ser calculada criteriosamente, caso
a caso, pois há outra modalidade de troca de energia envolvida no processo, que é o
trabalho realizado pelo gás.
O médico e físico Julius Robert von Mayer (1814-1878) estabeleceu uma relação
entre o calor específico molar isométrico e o isobárico, válida não só para os gases
ideais monoatômicos, mas também para os gases poliatômicos.
A Figura 25 ilustra duas isotérmicas para um gás ideal qualquer (monoatômico
ou poliatômico). A temperatura T2 é maior que a temperatura T1.
O gás pode passar do estado A para o estado B por um processo isométrico, ou
do estado A para o estado C por um processo isobárico. Nos dois processos, a va-
riação da energia interna é a mesma, pois, em
ambos, têm-se a mesma variação de temperatu-
p ra ( ∆T = T2 − T1 ), portanto, podemos escrever:
∆
U=∆
U
A→ B A→C
B
Pela primeira lei da termodinâmica, apli-
cada ao processo AB, podemos escrever:
C ∆U = Q − τ , e como na isométrica ∆U = Q,
A T2 temos: ∆U = n ⋅ CV ⋅ ∆T .
A primeira lei aplicada à transformação
T1
isobárica resulta em: ∆U = Q − τ , portanto:
V ∆U = n ⋅ C p ⋅ ∆T − p ⋅ ∆V . Observando a equa-
ção de Clapeyron p ⋅ ∆V = n ⋅ R ⋅ ∆T , temos:
Figura 25 - Isotérmicas para um gás ideal
Fonte: o autor. ∆U = n ⋅ C p ⋅ ∆T − n ⋅ R ⋅ ∆T .
Adiabática
A transformação adiabática é aquela que se processa sem que o gás troque calor com
o meio externo, portanto Q = 0 .
Aplicando-se a primeira lei da termodinâmica, temos: ∆U = Q − τ , logo
∆U =− 0 τ → ∆U = −τ .
A variação da energia interna em uma transformação adiabática é oposta ao valor
algébrico do trabalho realizado pelo gás. Assim, podemos montar a tabela seguinte:
Tabela 2 - Sinais das trocas de energia na transformação adiabática
Transformação Adiabática
Expansão τ>0 ΔU < 0 O gás esfria
Compressão τ<0 ΔU > 0 O gás esquenta
Fonte: o autor.
UNIDADE 7 275
Na transformação adiabática, varia o volume
p ocupado pelo gás, varia a temperatura e varia
T2 > T1
A também a pressão. Quem permanece constante?
Nenhuma dessas três variáveis de estado. Com
recursos que fogem ao nosso interesse no mo-
mento, pode-se demonstrar que na transforma-
ção adiabática, temos: p ⋅ V γ ==constante, expres-
constante
T2 são em que o expoente do volume ( γ ) é a relação
B T1 C
entre C p e CV , ou seja, γ = p . Para os gases
CV 5
V R
ideais monoatômicos, têm-se γ = 2 e, por-
3
Figura 26 - Transformação adiabática tanto, γ = 5 . R
Fonte: o autor. 3 2
V
Figura 27 - Diagrama para o cálculo do trabalho na adiabática
Fonte: o autor.
Nos dois processos, a variação da energia interna é a mesma, pois, em ambos, têm-se
a mesma variação de temperatura ( ∆T = T2 − T1 ) , portanto, podemos escrever:
∆
U=∆
U
A→ B A→C
13 EXEMPLO Meio mol de um gás monoatômico ideal sofre uma expansão adiabática, conforme
ilustra o diagrama p × V seguinte. ConsidereR R = 8,3
= 8,3 JJ 800
ee e800 KKa temperatura
mol
mol ⋅ K⋅ K
do gás no estado A.
a) Qual é a pressão do gás no p A
estado A?
b) Qual é a temperatura do gás
no estado B?
c) Qual foi a variação da ener-
gia interna no processo?
d) Qual foi o trabalho realiza-
do pelo gás nessa transfor-
mação?
B
2 16 V(l)
Figura 28 - Diagrama pxV de uma transformação gasosa
Fonte: o autor.
UNIDADE 7 277
Resolução
a) A pressão do gás no estado A pode ser obtida pela equação de Clapeyron:
p A ⋅ VA = n ⋅ R ⋅ TA , logo
p A ⋅ ( 2, 0 ⋅10−3 ) = 0,5 ⋅ 8,3 ⋅ 800 → p A = 16, 6 ⋅105 N 2 .
m
b) Como o gás é monoatômico ideal, temos γ = 5 .
3
γ γ
A transformação adiabática obedece à relação: p A ⋅ VA = pB ⋅ VB (I)
Pela equação geral das transformações, temos: p A ⋅ VA = pB ⋅ VB (II)
TA TB
Fazendo-se a razão entre as duas expressões, membro a membro, vamos obter:
γ −1
VAγ VBγ VB TA
= → TA ⋅ VAγ −1 = TB ⋅ VBγ −1, que podemos escrever como = .
VA VB VA TB
TA TB
Cíclica
Como vimos, a transformação cíclica é aquela em que o gás, após uma série de trans-
formações intermediárias, retorna ao estado inicial. O trabalho do gás em um ciclo,
em módulo, é numericamente igual à área compreendida pelo ciclo.
p p
Expansão Compressão
τ>0 τ<0
Compressão Expansão
V V
∆U = Q − τ , assim 0 = Qt − τ → Qt = τ
UNIDADE 7 279
Ciclo anti-horário: τ < 0 → Qt < 0.
Como Qt < 0 e Qt = Qrecebido − Qcedido , concluímos que Qrecebido < Qcedido , ou seja, a
quantidade de energia que o gás cede na forma de calor é maior que a quantidade
de energia que ele recebe, também na forma de calor. Para provocar essa situação, o
gás deve receber energia na forma de trabalho (τ < 0 ).
Resolução
a) A transformação AC é isotérmica, logo: T= C T=
A 300 K
Pela equação da transformação isotérmica em um gás perfeito, temos:
p A ⋅ VA = pB ⋅ VB, logo 3 ⋅ 0, 2 = pB ⋅ 0, 6 → pB =1, 0atm.
b) Transformação AB (isobárica).
5 5
Q
= p ⋅ ∆V , portanto QAB = ⋅ 3, 0 ⋅105 ⋅ ( 0, 6 − 0, 2 ) → QAB =3, 0 ⋅105 J .
2 2
Transformação BC (isométrica) τ BC = 0.
3 3
Uma vez que ∆U = Q − τ e τ = 0 , temos: Q =∆U = ⋅ pC ⋅VC − ⋅ pB ⋅VB ,
2 2
V final V final
τ = n ⋅ R ⋅ T ⋅1n = p ⋅ V ⋅1n , logo
Vinicial Vinicial
0, 2
τ BC = 3, 0 ⋅105 ⋅ 0, 2 ⋅1n e, portanto
0, 6
0, 2
τ BC = 3, 0 ⋅105 ⋅ 0, 2 ⋅1n = 3, 0 ⋅10 ⋅ 0, 2 ⋅ ( −1,1) → τ BC = −0, 66 ⋅10 J
5 5
0, 6
O calor trocado tem o mesmo valor que o trabalho na transformação isotér-
mica, logo: QBC = −0, 66 ⋅105 J
A figura ilustra, em cada trecho, se o gás está recebendo ou cedendo calor.
p (atm) QAB
A B
3,0
2,0 QBC
1,0 C
QCA
0
0,2 0,4 0,6 V(m3)
Figura 31 - Diagrama pxV de uma transformação cíclica
Fonte: o autor.
Após o trabalho com esta unidade, você aprendeu como descrever o comportamento
de um gás em função de suas variáveis de estado: pressão, volume e temperatura.
Conceituamos a ideia do gás ideal e vimos como esse recurso nos permite prever
os diversos tipos de transformação que uma massa gasosa pode experimentar.
Em seguida, você pôde relacionar as transformações gasosas com a conservação
da energia, pela primeira Lei da Termodinâmica, e saber como realizar as transfor-
mações impondo trocas de calor para obter trabalho mecânico.
UNIDADE 7 281
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
282
3. Certa massa de gás perfeito, que se encontra inicialmente no estado A, sofre
compressão isotérmica até o estado B e, a seguir, uma expansão isobárica até
o estado C. Num diagrama P x V, o gráfico que melhor representa essas trans-
formações é:
a) b) c) d) e)
P P P P P
B C A B A C A
C
C B C
A B A B
V V V V V
4. Uma certa massa de gás ideal num estado A está submetida a uma pressão Po
e ocupa um volume Vo na temperatura absoluta To. Proporcionando a esse gás
uma compressão isotérmica, ele passa para um estado B e seu volume sofre
uma variação de 25%. O gráfico que melhor representa essa transformação é:
5 P0 B 4 P0 B P0 A
4 3
P0
A P0
A 3 P0
B
V V 4 V
3 V0 V0 3 V0 V0 V0 5 V0
4 4 4
(d) (e)
P P
P0 A P0 A
3 P0
B 0,5 P0
B
4 V V
V0 4 V0 V0 1,5 V0
3
283
5. Dois recipientes, I e II, estão interligados por um tubo de volume desprezível
dotado de torneira T, conforme esquema a seguir.
I II
6. Um cilindro de 2,0 litros é dividido em duas partes por uma parede móvel fina,
conforme o esquema a seguir. O lado esquerdo do cilindro contém 1,0 mol de
um gás ideal; o outro lado contém 2,0 mols do mesmo gás. O conjunto está à
temperatura de 300 K. Adote R = 0, 080 atm ⋅ L .
mol ⋅ K
a) Qual será o volume do lado esquerdo quando a parede móvel estiver equili-
brada?
b) Qual é a pressão nos dois lados, na situação de equilíbrio?
284
WEB
285
FEYNMANN, R.; LEIGHTON, R.; SANDS, M. Lições de Física de Feynman. Porto Alegre: Artmed, 2008.
Volume 3.
GUIMARÃES, O.; PIQUEIRA, J. R. C.; CARRON, W. Física - Projeto múltiplo 3V. São Paulo: Ática, 2014.
GUIMARÃES, O.; CARRON, W. As faces da Física. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de Física. 3. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos,
1994. Volume 4.
OKUNO, E.; CALDAS, I. L.; CHOW, C. Física para ciências biológicas e biomédicas. São Paulo: Harbra, 1982.
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física. 12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009.
286
1. B.
Resolução:
Resolução:
T=
0 273 + 27= 300 K e T= 273 + ( −19=
) 254 K .
p p0 254
=
Como = e p0 1atm , temos p
= 1 0,85atm
⋅=
T T0 300
3. A.
Resolução:
4. B.
Resolução:
=
Como a redução de volume é de 25%, temos V 0, 75 ⋅ V0 .
4
Isotérmica p ⋅ V = p0 ⋅ V0 , logo p ⋅ 0, 75 ⋅ V0 = p0 ⋅ V0 , ou seja, p= ⋅ p0 .
3
A isotérmica corresponde a um trecho de hipérbole, com o volume diminuindo.
287
5. D.
Resolução:
a) Se a parede móvel está equilibrada, a pressão sobre ela é a mesma nos dois lados.
288
289
290
Dr. José Osvaldo de Souza Guimarães
Máquinas Térmicas
PLANO DE ESTUDOS
Ciclos de refrigeração
Ciclo de Carnot
e bomba de calor
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Compreender a limitação de rendimento das máquinas tér- • Aplicar os conhecimentos sobre máquinas térmicas nos
micas em função da disponibilidade da fonte fria. Relacionar ciclos mais comuns do dia a dia, como o Diesel e o Otto.
esse fato com a impossibilidade de se transformar integral- • Entender o funcionamento das bombas de calor e como
mente o calor em trabalho mecânico nas máquinas cíclicas. elas podem ser usadas na preservação da energia. Prever
• Aprender a determinar o valor máximo possível para o o rendimento das máquinas de refrigeração e aqueci-
rendimento de uma máquina térmica. mento.
Segunda Lei da
Termodinâmica
De acordo com a finalidade específica da máquina térmica, ela pode ser classificada
em um dos grupos seguintes.
Motor Térmico
Máquinas Térmicas
Refrigerador
Bomba de Calor
Aquecedor Térmodinâmico
Os motores térmicos são máquinas que têm por finalidade transformar calor em
energia mecânica, enquanto as bombas de calor têm por finalidade forçar a troca de
calor utilizando-se da energia mecânica.
Motor Térmico
UNIDADE 8 293
τ
quente Motor
Fonte
Fonte
Qquente Qfrio
fria
térmico
Com essa descrição, fica evidente a necessidade das duas fontes: uma para fornecer a
energia ao motor, na forma de calor, e a outra para retirar a parcela do calor fornecido
que não foi convertida em trabalho mecânico e fazer o motor retornar à condição inicial.
No caso de um motor comum de automóvel, a queima do combustível gerando
calor é a fonte quente, e a atmosfera, para quem o motor cede calor, é a fonte fria.
No motor térmico, temos:
• Qq > 0 — o motor recebe calor da fonte quente.
• Q f < 0 — o motor cede calor para a fonte fria.
• t > 0 — o motor fornece energia na forma de trabalho.
Rendimento
Resolução
a) O rendimento também pode ser expresso pela relação entre a potência útil e
P 30
a potência total, ou seja, h = u , assim 0, 3 = = t = 100 p
Pt Pt
3
Efetuando-se os cálculos, temos: E 64 10 kcal .
UNIDADE 8 295
Ciclo de Carnot
Qq t Q f , logo t Qq Q f .
τ Q Qf Qf Q T
O rendimento é η = , assim h q 1 , e como f = f , vamos
Qq Qq Qq Qq Tq
obter finalmente :
Tf
h 1
Tq
UNIDADE 8 297
2 EXEMPLO A queima do combustível em um motor térmico resulta numa temperatura de 1000 K.
Esse motor é resfriado pela atmosfera, cuja temperatura é de 27 ºC. O rendimento
desse motor é de 30%. Qual é o limite máximo para o rendimento de um motor cíclico
trabalhando entre essas duas temperaturas?
Resolução
O limite superior para o rendimento de um motor cíclico que esteja funcionando
entre essas duas temperaturas é o de Carnot.
Temos: .
Tf
h 1 , logo h 1 300 hm áx 70%
Tq 1.000
3 EXEMPLO Um motor térmico, cujo fluido de trabalho é um gás monoatômico ideal, funciona
de acordo com o ciclo esquematizado no diagrama p × V apresentado. Considere
B = 1200 .
5
A transformação AB é isobárica, logo QAB p V
2
5
QAB 8 6 2 80 , portanto
2
τ 1600
c) O rendimento é dado por: η = , logo
= h = 0, 17 ou em termos de
Q 9200
porcentagem h = 17% .
pB VB pD VD 8⋅6 4 ⋅2
, logo = → D = 200 .
TB TD 1.200 TD
T 200
O rendimento de Carnot é: h 1 f . Nesse ciclo, obtemos: h 1 e,
Tq 1200
portanto, h = 0, 83, ou em porcentagem h = 83% .
UNIDADE 8 299
A C
A A
B B
C A
B B
C C
D D
D
D
C
B D D
A A A
C
D C
A C D
B B B
A A A
B D
B C
B B
D A
C D C D
C
D C C
D
B
D A
A A A D
C
C B B B
Enunciado de Kelvin-Planck
É impossível construir um motor térmico cíclico com rendimento 100%.
Enunciado de Clausius
É impossível construir uma máquina térmica cíclica que transfira, sem dispêndio de
energia, calor de um corpo mais frio para outro mais quente.
UNIDADE 8 301
Ciclo Diesel e
Ciclo Otto
Ciclo Diesel
co
s
W ns
t
on
sc
st
4 q41
0 1
V
Figura 5 - Diagrama pxV para um ciclo Diesel Motor a combustão
Fonte: o autor.
UNIDADE 8 303
• 3º tempo – EXAUSTÃO - O gás é refrigerado até a temperatura ambiente
para poder começar um novo ciclo. Isso de fato não acontece. O que acontece é
que o ar expandido fruto da combustão, sem disponibilidade de oxigênio para
novas queimas, é rejeitado para o escapamento, mas em termos de diagrama,
isso corresponde a um resfriamento isométrico.
• 4º tempo - ADMISSÃO - Uma nova massa de ar, rica em oxigênio é “aspi-
rada” pelo pistão.
A razão entre o volume inicial (V1) e o volume ao final da compressão (V2) é chamada
de taxa de compressão. Tipicamente, nos motores Diesel, essa taxa é 16:1.
Com essa taxa de compressão, as pressões atingidas são muito elevadas, exigindo
que o motor seja bastante robusto. Sua utilização é maior nas máquinas de grande
porte, como tratores, caminhões e motores navais.
Ciclo Otto
Este ciclo é mais comum nos motores de automóveis. Ele tem certa semelhança com
o ciclo Diesel, mas precisa de uma faísca de ignição.
O diagrama a seguir representa a sequência de transformações que o gás (ar)
experimenta ao descrever o ciclo em um determinado pistão.
p
3
2 4
0 1-5
V1 V2 V
Figura 7 - Diagrama pxV para o ciclo Otto (motores a gasolina)
Fonte: o autor.
Também se define a taxa de compressão como a razão entre o volume inicial (V1)
e o volume ao final da compressão (V2). Tipicamente, nos motores a gasolina, essa
taxa é 9:1, bem mais baixa que no Diesel.
Com essa taxa de compressão, as pressões atingidas são bem menores, permitindo
um motor mais leve e ágil.
1
O rendimento do ciclo Otto pode ser obtido por: η 1 γ 1 , onde r é a taxa de
C r
compressão e g = p , que, no caso do ar, é 1, 4.
CV
UNIDADE 8 305
A Engenharia nos Motores
UNIDADE 8 307
Compressor
quente
Bomba de
Fonte
Fonte
Qf Qq
fria
calor
Nessa igualdade entre a energia recebida e a energia cedida, as variáveis que apare-
cem em módulo se referem a determinada quantidade (positiva) de energia, pois, de
acordo com as convenções de calor e trabalho, elas são negativas.
Eficiência e
Refrigerador
Compressor
Interior τ Atmosfera
da geladeira
quente
Bomba de
Fonte
Fonte
Qf Qq
fria
calor
Q
consegue retirar do interior da geladeira Q f é a parcela útil. Portanto, podemos
Q
escrever: εrefrig . = f ou, ainda, em termos de porcentagem εrefrig , f 100% .
τ τ
UNIDADE 8 309
Aquecedor termodinâmico
Um refrigerador doméstico refrigera os alimentos que estão na sua parte interna, mas
em compensação, aquece o ambiente externo a ele. Se no lugar da parte interna do
refrigerador, imaginarmos a atmosfera, e no lugar de sua parte externa, um ambiente
fechado qualquer (quarto, sala etc.) fica possível, em um dia frio, bombear calor da
atmosfera para um ambiente fechado, com eficiência superior a 100%.
A situação descrita é equivalente à de um aparelho de ar condicionado funcio-
nando ao contrário (muitos até funcionam).
Compressor
Atmosfera τ Interior de
um quarto
quente
Bomba de
Fonte
Fonte
Qf Qq
fria
calor
Qf τ Qf
ε 1 , logo, para uma mesma bomba de calor, operando ou como
τ τ
Nenhuma bomba de calor cíclica, que opere entre duas temperaturas, possui
eficiência maior que a bomba de Carnot.
Qf
A eficiência do refrigerador é: ε = e como t Qq Q f , substituindo-
τ
Qf
-se obtemos: e , mas como as quantidades de calor trocadas são
Qq Q f
Tf
proporcionais às temperaturas absolutas, vamos obter: erefrig . .
Tq T f
Qq
A eficiência do aquecedor é: ε = e como t Qq Q f , substituindo-se
τ
Qq
obtemos e , mas como as quantidades de calor trocadas são pro-
Qq Q f
Tq
porcionais às temperaturas absolutas, vamos obter: eaquec. .
Tq T f
UNIDADE 8 311
4 EXEMPLO Uma bomba de calor opera de forma que a temperatura da fonte fria é de -13 ºC;
enquanto a da fonte quente é de 300 K.
Quais são as máximas eficiências dessa bomba se ela estiver operando como um
refrigerador e como um aquecedor termodinâmico?
Resolução
Temos:
Funcionando como refrigerador, essa bomba terá uma eficiência máxima dada por:
Tf 260
erefrig . , logo erefrig . erefrig . 650%
Tq T f 300 260
Com esta unidade, você aprendeu a avaliar o rendimento das máquinas térmicas
e relacionar a limitação do rendimento em virtude da temperatura da fonte fria.
Compreendeu porque, com fontes mais quentes, podemos obter máquinas de maior
rendimento.
Você pôde manipular as leis da termodinâmica para entender os ciclos mais comuns
nos motores a combustão de nosso dia a dia, como o motor Diesel e o motor a gasolina.
Os conceitos permitiram a você relacionar os aparelhos de refrigeração, como
condicionadores de ar e geladeiras, com os ciclos termodinâmicos e prever seus ren-
dimentos.
Finalmente, vimos que os aquecedores termodinâmicos são muito mais eficazes que
os processos com resistores e aprendemos a mensurar a eficiência desses aparelhos.
1. Um gás ideal apresenta uma evolução cíclica conforme mostra o diagrama a seguir:
p
A B
pA = pB
pC C
D
0 VA VB VC = VD V
2. Uma máquina térmica, ao realizar um ciclo, retira 2 kcal de uma “fonte quente”
e libera 1,8 kcal para uma “fonte fria”. O rendimento dessa máquina é de:
a) 0,2%.
b) 1%.
c) 2%.
d) 10%.
e) 20%.
313
3. Uma máquina refrigeradora retira, a cada 2 segundos, 4 kJ do congelador, envian-
do para o ambiente 5 kJ. Qual é a potência do compressor da geladeira, em kW?
a) 0.5.
b) 5.
c) 2.
d) 1.
e) 0.8.
4. Uma máquina térmica ideal funciona segundo o ciclo de Carnot. Em cada ciclo,
o trabalho útil fornecido pela máquina é de 2000 J. As temperaturas das fontes
quente e fria são, respectivamente, 127 °C e 27 °C. A quantidade calor rejeitada
para a fonte fria é:
a) 6000 J.
b) 4000 J.
c) 7000 J.
d) Zero.
e) 5000 J.
314
5. Um técnico afirma que o rendimento de determinada turbina a vapor é de
exatamente 16%. A fornalha que alimenta a turbina possui temperatura cons-
tante de 227 ºC, enquanto que o ambiente para onde o calor é rejeitado possui
temperatura de 27 ºC. Podemos concluir, então, que:
a) O técnico está enganado, pois o rendimento da máquina deve ser de 80%.
b) O técnico está enganado, pois o rendimento da máquina deve ser de 40%.
c) O técnico está enganado, pois o rendimento da máquina deve ser de 30%.
d) O técnico está enganado, pois o rendimento da máquina pode ser, no máximo, 10%.
e) O rendimento máximo que a turbina poderia ter seria de 40%.
6. Um folheto explicativo sobre uma máquina térmica afirma que ela, ao receber
1000 cal de uma fonte quente, realiza 4186 J de trabalho. Sabendo que 1 cal
equivale a 4,186 J e com base nos dados fornecidos pelo folheto, você pode
afirmar que essa máquina:
a) Viola a 1º Lei da Termodinâmica.
b) Viola a 2º Lei da Termodinâmica.
c) Possui um rendimento nulo.
d) Possui um rendimento de 10%.
e) Funciona de acordo com o ciclo de Carnot.
315
WEB
316
FEYNMANN, R.; LEIGHTON, R.; SANDS, M. Lições de Física de Feynman. Porto Alegre: Artmed, 2008.
Volume 3.
GUIMARÃES, O.; PIQUEIRA, J. R. C.; CARRON, W. Física - Projeto múltiplo 3V. São Paulo: Ática, 2014.
GUIMARÃES, O.; CARRON, W. As faces da Física. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de Física. 3. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos,
1994. Volume 4.
OKUNO, E.; CALDAS, I. L.; CHOW, C. Física para ciências biológicas e biomédicas. São Paulo: Harbra, 1982.
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física. 12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009.
317
1. E.
DA - Isotérmica - Compressão - O gás recebe trabalho e cede calor, mas a energia interna é constante.
2. D.
3. A.
Tq T f 100
O rendimento do ciclo de Carnot é: h 0, 25 .
Tq 273 127
τ
Como η= , temos .
Qq
4.
5. E.
Tq T f 200
O rendimento do ciclo de Carnot é: h 0, 4 40% .
Tq 273 227
Esse é o rendimento máximo que poderia ter a turbina.
6. B.
Como 1000 cal = 4186 J , essa máquina está convertendo integralmente calor em trabalho. Isso não
318
319
320
Dr. José Osvaldo de Souza Guimarães
Óptica Geométrica
PLANO DE ESTUDOS
Espelhos planos
Lentes esféricas
e esféricos
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Verificar que apenas com o Princípio da propagação re- • Compreender o funcionamento das lentes esféricas e as re-
tilínea podemos estudar a Óptica usando ferramentas lações entre as posições de objeto e imagem, assim como
simples da geometria e a Lei da Reflexão. o aumento visual, a partir do conhecimento da refração.
• Conceituar a refração, compreender o funcionamento das • Visualizar o funcionamento do olho humano como um
lentes esféricas e as relações entre as posições de objeto sistema óptico. Saber prever o “grau” das lentes usadas
e imagem, assim como o aumento visual. nas correções das ametropias.
Espelhos Planos
e Esféricos
N R N R
P P
i r i r
I Superfície I Superfície
refletora refletora
plana curva
Figura 1 - Reflexão de um raio de luz numa superfície plana e numa superfície curva
Fonte: o autor.
As leis da reflexão luminosa são válidas tanto para superfícies lisas quanto para
rugosas. No segundo caso, devido à irregularidade da superfície, a reta normal, ponto
a ponto, varia bruscamente de direção. Esse fato faz com que a luz se reflita em todas
as direções. A reflexão difusa é responsável pela nossa visão dos objetos iluminados.
Nas superfícies li-
Plano de
sas – planas ou não incidência
– existe regularidade Normal
na direção da luz re-
fletida; por isso elas
não são convenientes
para a difusão da luz, i r
UNIDADE 9 323
Espelho Plano - Construção do Raio Refletido
Simetria
A
B
A A’
A’
B B’
B’
Figura 5 - Construção da imagem de um objeto extenso
Fonte: o autor.
α α
Na Figura 6, o observador vê, sob ângulos de visada diferentes, duas imagens que
têm o mesmo tamanho.
UNIDADE 9 325
Os Espelhos são Invisíveis
B B’
Figura 8 – Reversão
Fonte: o autor.
UNIDADE 9 327
OS ESPELHOS
Por Umberto Eco
A 0,4 m A’
O O’
Q
B B’
Resolução
a) Pela figura, temos:
b) A figura ilustra o espelho plano de dimensão mínima e colocado na posição
conveniente. Não sobra e nem falta espelho tanto na borda inferior, quanto
na borda superior.
Os triângulos OPQ e OA’B’ são semelhantes, logo:
0, 4 60 , portanto
=
PQ A ' B '
UNIDADE 9 329
c) Não. Não depende da altura do observador. A semelhança dos triângulos
continua válida, mas a posição do espelho deve ser mais alta ou mais baixa,
conforme o observador seja mais alto ou mais baixo, respectivamente.
d) Pelo princípio da reversibilidade, a distância entre a imagem do observador e
o objeto é idêntica à distância entre o observador e o objeto. Note, nessa figura,
a reversibilidade dos raios luminosos. O mesmo traçado dos raios nos mostra
o observador vendo a imagem, enquanto também mostra que a imagem do
observador vê o objeto, logo, os pontos determinados são os mesmos.
2 EXEMPLO Um estudante de cartola está defronte a um espelho plano vertical a uma distância
d. Do extremo superior da cartola até os pés, a altura é de 2,00 m, e dos olhos do
estudante até o solo, a distância é de 1,60 m. Considere tanto a ponta dos pés, como
o extremo superior da cartola, como também o olho do observador situados num
mesmo plano vertical.
A figura ilustra a situação descrita, com o traçado de alguns raios de luz.
A A’
M
O O’
x
2,0 m
1,60 m
N
y
B P B’
d d
a) Qual é a dimensão vertical mínima que deve ter o espelho para que a imagem
seja vista integralmente?
b) Considerando que esteja sendo utilizado o espelho de dimensão mínima, a
que distância do solo deve se situar a sua borda inferior?
c) Neste caso, em que o objeto é o próprio observador, as respostas dos dois itens
anteriores dependem da distância do objeto ao espelho?
hMN hAB
= , portanto (metade de 2,0 m).
MN AB
Figura 10 - Obtenção da calota esférica cortando-se uma superfície esférica com um plano
Fonte: o autor.
UNIDADE 9 331
a) b)
Figura 11 - (a) Espelho côncavo e seu esquema bidimensional. A parte espelhada é interna à calota.
(b) Espelho convexo e seu esquema bidimensional. A parte espelhada é externa
Fonte: o autor.
eixo
ário secundá
und rio
eixo sec
R R
Condições de Nitidez
Um sistema óptico é estigmático quando para cada ponto objeto ele conjuga um
único ponto imagem. Quando isso não acontece, o sistema é astigmático e a imagem
de um ponto não é exatamente um ponto, mas sim uma mancha. Nessas condições,
vemos as imagens “borradas” e dizemos que estão sem nitidez.
O único sistema óptico exatamente estigmático para qualquer posição do ponto
objeto é o espelho plano. Outros sistemas só são estigmáticos para algumas posições
particulares do ponto objeto ou, ainda, aproximadamente estigmáticos, dentro de
determinadas condições, chamadas condições de nitidez.
Nos espelhos esféricos, as condições de nitidez, chamadas condições de nitidez
de Gauss, são:
• Os raios luminosos que atingem o espelho devem ser paralelos ou pouco
inclinados em relação ao eixo principal.
• Os raios luminosos devem incidir próximos do vértice, ou seja, a região útil
do espelho deve ter, no máximo, 10º (abertura).
UNIDADE 9 333
C C
V V
Figura 14 - (a) O espelho esférico nas condições de Gauss e sua representação com distorção nas
escalas (b) para permitir a construção estigmática das imagens
Fonte: o autor.
Raios Notáveis
C V V C
θ θ
C θ V θ V C
• Propriedade 2: raio que incide no vértice tem como raio refletido o seu
simétrico em relação ao eixo principal.
Côncavo Convexo
C F V V F C
ƒ ƒ
R
ƒ=
2
Figura 17 - Propriedade 3 – Foco imagem. (a) Foco imagem real. Espelho convergente. (b) Foco
imagem virtual. Espelho divergente.
Fonte: o autor.
UNIDADE 9 335
Usando o princípio da reversibilidade, vemos que os raios incidentes que estejam sobre
uma reta que contém o foco principal são refletidos paralelamente o eixo principal.
Como esse foco se refere à luz incidente, ele é o foco objeto. Nos espelhos esféricos,
o foco objeto e o foco imagem coincidem.
(a) Foco objeto real (b) Foco objeto virtual
Côncavo Convexo
C F V V F C
C F
V
Cáustica de Reflexão
UNIDADE 9 337
Figura 21 - Construção gráfica e fotografia de um espelho côncavo fora das condições de nitidez
Fonte: o autor.
Construção de Imagens
θ
C F θ V
A`
Vamos considerar um objeto postado com sua base sobre o eixo principal. À me-
dida que deslocamos um objeto sobre o eixo, vamos obtendo diferentes imagens.
Os pontos C, F e V sobre o eixo delimitam quatro intervalos de possibilidades para
a posição do objeto, além, é claro, das possibilidades de o objeto estar exatamente
sobre os pontos.
A
UNIDADE 9 339
A
A`
A`(∞)
A`
Figura 27 - Objeto exatamente sobre o foco principal
A Fonte: o autor.
C F V
A imagem é imprópria.
simétrico de A
Imagens no Espelho
Convexo
A
UNIDADE 9 341
Retrovisor convexo
B’ F
C B V
F
C B V B’
A’
c)
A
A’
F
B V B’ C
Simétrico
de A
curvatura. A’
Resolução
1.
a) Natureza: real. b) Natureza: virtual. c) Natureza: virtual.
Orientação: invertida. Orientação: direita. Orientação: direita.
Tamanho: maior. Tamanho: maior. Tamanho: menor.
UNIDADE 9 343
2.
a) Primeiramente, obtemos o ponto S, simétrico do ponto A em relação ao
eixo principal. Ao ser refletido, o raio que incide no vértice deve passar por
esse ponto. Além disso, o raio refletido que proveio de A deve passar por A’,
imagem de A. Unindo os ponto A’ e S e prolongando esse segmento até que
ele intercepte o espelho, obtemos V.
b) Pela propriedade do centro de curvatura, o ponto objeto, o ponto imagem e o
centro de curvatura estão alinhados. Ligando-se então A a A’, onde o segmento
interceptar o eixo principal, encontra-se o centro de curvatura (C).
Para determinar o foco principal, basta tomar um raio de A que incida paralelo ao
eixo principal. O refletido deve passar por A’. Onde esse raio interceptar o eixo, temos
o foco principal. Outra maneira é determinar o ponto médio do segmento CV.
Referencial de Gauss
• Pontos conjugados
Suponhamos um ponto A e sua imagem A’. Pelo conceito de objeto e imagem,
a luz que emana de A, após ser refletida no espelho, determina A’. Reciproca-
mente, considerando-se o princípio da reversibilidade da luz, se A’ for o objeto,
sua imagem será o ponto A. É por essa razão que os pontos A e A’ são ditos
pontos conjugados. A imagem de um é o outro, a imagem do outro é o próprio.
F
C ƒ V
y`
A`
p`
Fonte: o autor.
Côncavo Convexo
ƒ>0 ƒ<0
C F V V F C
ƒ ƒ
UNIDADE 9 345
Já para as ordenadas, vamos observar:
- se y e y’ têm o mesmo sinal, a imagem é direita.
- se y e y’ têm sinais diferentes, a imagem é invertida.
A
M
B` F
B C V
y`
ƒ
N
A` p`
1 1 1
f p p'
12 cm 8 cm
4 cm
F
C F V V
8 cm 40 cm
20 cm
60 cm
II.
90 cm
8 cm
4 cm
F
C F V V C
8 cm 40 cm
20 cm
60 cm
UNIDADE 9 347
Resolução
1.
a)
I II
variável coordenada (cm) variável coordenada (cm)
p 90 p 40
p’ 60 p’ -20
y 12 y 8
y’ -8 y’ 4
b)
1 1 1 1 1 1 23
Caso I Como , temos .
f p p' f 90 60 180
Assim
y' 8 2
Como A = , temos A A (imagem menor e invertida)
y 12 3
1 1 1 1 1 1 1 2
Caso II Como , temos .
f p p' f 40 20 40
Assim
y 4 1
Como A = , temos A A (imagem menor e direita)
y’ 8 2
Resolução
1. De acordo com os dados do problema, temos:
y = 4 cm p = 36 cm R = 24 cm Espelho côncavo
R
A distância focal é f = , logo = 12 m (espelho convexo).
2
Pela equação dos pontos conjugados, temos:
1 1 1 , logo 1 1 1
. Portanto .
f p p' 12 36 p '
A abscissa positiva indica que a imagem é real.
y' p' y' 18
Como A , temos y ' 2cm (invertida)
y p 4 36
Imagem real, a 18 cm do vértice, com 2 cm de altura e invertida.
36 cm
4 cm
C V
2 cm
12 cm
18 cm
V C
20 cm 10 cm
3.
a) A imagem é projetada e, portanto, real. O espelho esférico que conjuga imagens
reais para objetos reais é o espelho côncavo.
b) Sempre que objeto e imagem tiverem mesma natureza (ou ambos reais, ou
ambos virtuais) a imagem é invertida. Portanto, o aumento linear transversal
é A 2.
c) Pela equação do aumento linear transversal, temos:
y' p' p'
A , logo 2 p ' 2 p
y p p
60 cm
30 cm
C V
20 cm
UNIDADE 9 351
ESPECTRO VISÍVEL
700 nm
600 nm
500 nm
400 nm
Vermelho Laranja Amarelo Verde Azul Índigo Violeta
Figura 34 - Espectro da luz branca solar
400 420 440 460 480 500 520 540 560 580 600 620 640 660 680 700
F (hidrogênio) D (sódio)
Na Figura 36, representamos a refração de um raio de luz que passa do ar para a água,
sofrendo uma mudança na sua direção de propagação.
Em conjunto com a refração, sempre ocorre a reflexão (representada pelo raio
tracejado). A existência do raio refletido é inevitável, mas, em algumas situações,
deixamos de representá-lo, com a intenção de simplificar a figura.
Nas Figuras 36 e 37, representamos dois tipos de refração luminosa: com e sem
mudança na direção de propagação da luz.
Figura 36 - Refração com mudança de direção. A inci- Figura 37 - Refração sem mudança na direção. A
dência é oblíqua incidência é normal à superfície
Fonte: o autor. Fonte: o autor.
c 300000 km 3, 0 108 m
s s
UNIDADE 9 353
Como c > v, o índice de refração absoluto de um meio é um número sempre maior
do que a unidade. Além disso, o índice de refração é um número adimensional, ou
seja, não apresenta unidades.
Observe que o vácuo é o meio padrão e, portanto, nvácuo = 1.
No ar, a velocidade da luz é ligeiramente menor que no vácuo, sendo o índice de
refração para a luz amarela da lâmpada de sódio nar = 1, 000292 . Na maioria dos
problemas, adotamos, por uma questão prática: nar ≅ nvácuo = 1.
O índice de refração do ar é praticamente igual ao do vácuo.
nar ≅ nvácuo = 1
* existem diferentes tipos de vidro com diferentes índices de refração, dependendo de sua composição.
Fonte: adaptada de Young e Freedman (2009).
Quando um meio possui índice de refração maior do que outro, dizemos que esse
meio é mais refringente. Assim, o diamante n 2, 42 é mais refringente do que
a água n 1, 33 . Maior refringência implica em menor velocidade de propagação
da luz; portanto, a luz se propaga com maior velocidade na água do que no diamante.
Aproveitando esse exemplo, vemos que o índice de refração não tem relação com a
transparência da substância, ele é apenas um índice de velocidade.
c
n1
v1 v 1 n2
c v2 n1
n2
v2
O índice de refração relativo pode ser maior, menor ou, ainda, igual à unidade. Ob-
serve que como a relação entre os índices de refração é a relação inversa das veloci-
v
dades, podemos escrever: n2,1 = 1
v2
6 EXEMPLO Para a radiação amarela da lâmpada de sódio, num determinado meio óptico A, a
velocidade da luz é 20% menor que a velocidade da luz no vácuo, enquanto que em
outro meio B, a velocidade da luz é 2/3 da velocidade da luz no vácuo. Determine,
para essa radiação:
a) O índice de refração absoluto do meio A.
b) O índice de refração absoluto do meio B.
c) O índice de refração do meio B em relação ao meio A.
Resolução
a) Se no meio A, a velocidade da luz é 20% menor do que no vácuo, podemos
dizer que essa velocidade é 80% da velocidade da luz no vácuo, logo:
v 0, 8 c
c c
Como n = , temos: n 1, 25 . Assim, n A = 1, 25
v 0, 8 c
UNIDADE 9 355
2 c 3
b) Para o meio B, temos v c , logo n 1, 5. Assim, nB = 1, 5.
2
3 c 2
3
nB
c) O índice de refração do meio B em relação ao meio A é dado por: nB , A = ,
nA
1, 50
logo nB , A = , assim, nB , A = 1, 2
1, 25
re
no da refração luminosa. A
fr
ata
VIDRO R
do
figura seguinte nos mostra
um caso genérico de um Figura 38 - Desvio devido à refração luminosa
raio de luz monocromática Fonte: o autor.
propagando-se, inicialmente, no meio 1, incidindo na superfície de separação (S) do
meio (1) com o meio (2), sofrendo uma refração luminosa e passando a se propagar
no meio (2).
O meio (2) é mais refringente do que o meio (1).
A refração luminosa obedece a duas leis:
1ª) O raio incidente (I), o raio refratado (R) e a normal à superfície de
separação, no ponto de incidência são coplanares.
2ª) Para cada par de meios 1 e 2 e para cada cor de luz, temos:
n 1sen i n2 sen r (Lei de Snell-Descartes)
Pela lei de Snell-Descartes, vemos que, ao meio de menor índice de refração corres-
ponde o maior ângulo e vice-versa. Assim, quando a luz passa para um meio mais
refringente, temos um ângulo de refração menor que o de incidência. Reciprocamente,
ao passar para um meio menos refringente, o raio refratado terá um ângulo de refração
maior do que o de incidência. Devemos lembrar que os ângulos de incidência e de
refração são sempre medidos em relação à normal à superfície.
45º
Ar
Cristal
30º
UNIDADE 9 357
Resolução
a) A figura seguinte ilustra o ângulo correspondente ao desvio do raio ao
sofrer a refração.
45º
Ar
Cristal
δ
30º
o o o
Vemos pela figura que: d 30 45 d 15 .
b) Temos:
i = 45o n1 = 1
r = 30o n2 = ?
Pela Lei de Snell-Descartes, escrevemos:
2 1
n 1sen i n2 sen r , assim sen 45o n2 sen 30o n2 , logo n2 2 1, 4
2 2
Dispersão da Luz
Como vimos, cada radiação (cor), componente da luz branca, tem associada a si um
certa frequência. No vácuo, todas as cores se propagam com a mesma velocidade
3, 0 108 m , o que já não ocorre nos meios materiais. Assim, quando um raio de
s
luz policromático atinge obliquamente as superfície de separação de dois meios, cada
uma das radiações componentes apresenta um ângulo de refração diferente, acarre-
tando a separação das cores. A lei de Snell deve, então, ser aplicada separadamente
para cada uma das frequências (cores).
O fenômeno pode ser acentuado se a luz policromática sofrer duas refrações
seguidas em superfícies não paralelas. Isso ocorre nos prismas e o fenômeno recebe
o nome de dispersão luminosa.
Na Figura 39, vemos esquematizada a dispersão para apenas uma superfície (pro-
positadamente exagerada) e depois em um prisma.
luz branca
desvio da
violeta
desvio da
violeta
UNIDADE 9 359
Lentes
Esféricas
r2
Eixo óptico
V2 V1 C2 C1
r1
Temos:
• c1 e c2: centros de curvatura das superfícies.
• r1 e r2 : raios de curvatura da lente.
• v1 e v2: vértices da lente.
• e: espessura da lente.
• eixo óptico: reta que passa por c1 e c2 .
Os nomes das lentes esféricas são compostos de duas partes, cada uma referente a
uma das superfícies. Como critério para a nomenclatura dos diferentes tipos de lente,
diz-se, em primeiro lugar, a face (côncava, convexa ou plana) que possui maior raio de
curvatura. Assim, se a face côncava de uma lente possui maior raio de curvatura do
que a convexa, a lente recebe a denominação de côncavo-convexa; em caso contrário,
convexo-côncava. As superfícies planas são consideradas como possuidoras de raio
infinito, logo, sempre são ditas em primeiro lugar.
Com esse critério, constituímos dois grupos de lentes:
• Lentes convexas – são aquelas cujos nomes terminam com a palavra “convexa”.
• Lentes côncavas – são aquelas cujos nomes terminam com o palavra “côncava”.
UNIDADE 9 361
CONVEXAS (bordas finas)
CONVEXAS (bordas finas)
Côncavo-convexa Plano-convexa Biconvexa
Côncavo-convexa Plano-convexa Biconvexa
R2 R2 R1
R2 C1 R2 R1
C2 C1 C1 C1 C2
C2 C1 C1 R2 C2
R1 R2
R1 ∞
R1
R1 ∞
R1 R1 ∞ R1
R2 R2
R1 R1 ∞ R1
R2 R2
C1 C2 C1 C2
C1 C2 C1 C2
R2
R2
Vemos que as “convexas” apresentam as bordas menos espessas que a região central
e, por isso, são também conhecidas como lentes de bordas finas. Nas “côncavas” ob-
servamos que as bordas são mais espessas que a região central, sendo, por essa razão,
também conhecidas como lentes de bordas grossas.
Essa situação é a mais comum, pois, em geral, temos uma lente de vidro imersa no
ar. Contudo, se tivermos a situação contrária (bolha de ar imersa no vidro), o com-
portamento óptico de cada tipo será o contrário.
8 EXEMPLO Uma lente de vidro (n = 1,5) possui uma face plana e uma face convexa. Qual é o
comportamento óptico dessa lente quando imersa em um meio de índice de refração:
a) 1,2.
b) 1,8.
c) 1,5.
Resolução
A lente descrita no enunciado está apresentada na figura seguinte.
Trata-se de uma lente de bordas finas, assim:
a) n > nmeio – a lente é convergente.
b) n < nmeio – a lente é convergente.
c) n = nmeio – não há refração. É uma lente “sem grau”
(nem convergente e nem divergente).
Cada lente delgada possui dois focos principais: o foco principal objeto e o foco
principal imagem, ambos localizados sobre o eixo principal.
Esse foco se refere à luz que incide na lente. Quando raios de luminosos incidem,
numa direção que contenha o foco objeto, eles emergem paralelos ao eixo óptico.
A Figura 42 apresenta o foco principal objeto das lentes convergente e divergente.
UNIDADE 9 363
Convergente Divergente
F0 o o F0
real virtual
Esse foco se refere à luz que emerge da lente. Raios luminosos que estejam incidindo
paralelos ao eixo principal emergem numa direção que contenha o foco imagem. A
Figura 43 ilustra o foco principal imagem para as lentes convergente e divergente.
Convergente Divergente
F1 F1
real virtual
Da mesma forma que ocorre com os focos objeto, o foco principal imagem da lente
convergente é de natureza real e o da lente divergente é de natureza virtual.
Se os meios externos à lente forem idênticos, os dois focos principais, objeto e
imagem, são simétricos em relação à lente. A distância entre um foco principal e
o centro óptico da lente é chamada de distância focal (f), sendo associada a uma
abscissa positiva para as lentes convergentes e negativa para as lentes divergentes.
F0 F1 F1 F0
Situado sobre o eixo principal, próximo aos pontos V1 e V2, temos o centro óptico
da lente. Os raios luminosos que incidem numa direção qualquer que contenha o
centro óptico emergem da lente na mesma direção. Esses raios sofrem somente um
pequeno deslocamento lateral que, como vimos, é menor que a espessura da lente.
Considerando-se desprezível a espessura da lente, esse deslocamento lateral é des-
prezível. A figura seguinte ilustra a posição do centro óptico de uma lente biconvexa,
e o esquema correspondente quando se considera desprezível a espessura da lente.
O - centro
óptico
UNIDADE 9 365
f1 f2
F0 F0
real real
1
Como C = , o módulo da convergência diminui com o aumento da distância focal.
f
Equação do Fabricante
No exemplo, temos:
• R1 > 0 – superfície convexa.
• R2 < 0 – superfície côncava.
Observações
• Se R1 = R 2 , a lente é dita simétrica.
• Se , temos que C = 0. Nesse caso, a lente não é nem convergente e
nem, tampouco, divergente. Os raios que incidem paralelos na lente emergem
paralelos. Esse tipo de lente é conhecido como “lente sem grau” e é utilizada
nos óculos de sol para pessoas de visão normal.
Resolução
No esquema, temos a representação da lente.
R1 R2
=n 1,=
5 e nm 1, 0
1 n 1 1
C 1
f nm R1 R2
1, 5 1 1
C 1
1 0, 5 0, 5
C 2di
1 1 1
Como C f , logo f ⇒
f C 2
UNIDADE 9 367
Raios Notáveis
De todos os raios luminosos emitidos por um objeto e que atingem uma lente, alguns deles
apresentam um comportamento específico – são os raios notáveis, detalhados a seguir.
• Todo raio luminoso que incide passando pelo centro óptico da lente não
sofre desvio.
Convergente Divergente
FI O FO FO O FI
• Todo raio luminoso que incide passando pelo foco principal objeto da lente
emerge paralelamente ao eixo principal.
Convergente Divergente
FO O FI FI O FO
• Todo raio luminoso que incide paralelamente ao eixo principal da lente emerge
passando pelo foco principal imagem.
Convergente Divergente
FO O FI FI O FO
Fi Fs
real
Fs eixo
secundário
• Todo raio luminoso que incide por um foco secundário objeto emerge para-
lelamente ao respectivo eixo secundário.
Convergente Divergente
plano focal plano focal
objeto objeto
eixo eixo
secundário secundário
Fi
virtual
Fo Fs
real
Fs
Construção de Imagens
Para a construção geométrica das imagens, vamos utilizar os raios notáveis. Dado um
ponto objeto, necessitamos de apenas dois raios notáveis para determinar seu respectivo
ponto imagem, visto que duas retas concorrentes determinam um ponto. O uso de mais
raios continua determinando o mesmo ponto imagem, sendo, portanto, desnecessário.
Lente convergente
UNIDADE 9 369
AO FO O FI AI
Na figura seguinte, vemos a obtenção da mesma imagem, com destaque para vários
raios notáveis.
AO FO O FI AI
Natureza Real
Localização Sobre AI
AO FO O FI AI Orientação Invertida
Tamanho Igual
Objeto entre AO e FO
Natureza Real
Localização Após AI
AO FO O FI AI Orientação Invertida
Tamanho Maior
AO FO O FI AI
I P’
∞
UNIDADE 9 371
Na prática, a imagem no infinito significa que essa imagem está a uma distância da
lente muito maior que sua distância focal.
Considerando um observador à direita da lente, ele verá a imagem conjugada pela
lente sob ângulo visual α, conforme ilustra a figura.
P’
∞
AO FO O FI AI
I
Para esse observador, a imagem é virtual. No entanto, se consideramos a imagem
projetada à direita da lente, teremos uma imagem real, infinitamente distante da lente.
Portanto, neste caso, não definimos a natureza da imagem (real ou virtual), e tampouco
a sua orientação (direita ou invertida). Dizemos apenas que a imagem é imprópria.
Natureza Imprópria
Localização No infinito
Orientação
Tamanho Maior
Objeto entre FO e AO
P’
AO FO O FI AI
Lente divergente
Em qualquer posição que se coloque um objeto real diante de uma lente divergente, a
imagem obtida é sempre menor, virtual e direita, conforme ilustra a construção seguinte.
AI FI O FO AO
Por exclusão, sabemos, então, que se a imagem não for menor, virtual e direita, a lente
não é divergente, logo, deve ser convergente.
10 EXEMPLO Na figura, o objeto é real e a imagem é virtual. O eixo xx’ é o eixo óptico da lente. Deter-
mine o tipo de lente e localize seu centro óptico e os focos principais objeto e imagem.
A`
x B` B x`
UNIDADE 9 373
Resolução
(II)
A` (IV)
B` O
FO B FI (III)
(I)
Estudo Analítico
Assim como nos espelhos esféricos, nas lentes também podemos relacionar as po-
sições e tamanhos do objeto da imagem analiticamente. O processo analítico (por
equações), muitas vezes, apresenta-se mais vantajoso que os processos gráficos, pela
rapidez e precisão nos resultados.
Referencial de Gauss
Primeiramente, vamos observar a perfeita simetria que existe entre todas as imagens
que podemos obter com os espelhos esféricos e as imagens que podemos obter com
as lentes.
Na figura seguinte, vemos a imagem conjugada por um espelho esférico côncavo
para um determinado objeto, e a imagem obtida com o uso de uma lente convergente
de mesma distância focal que o espelho, para o mesmo objeto.
Observe as simetrias de cada um dos raios.
O raio refratado que incide no centro óptico é simétrico, em relação ao plano que
contém o espelho ou a lente, ao raio que incide no vértice do espelho.
FO FI AI
Assim sendo, tanto as distâncias ao centro óptico ou ao vértice quanto o tamanho das
imagens são exatamente iguais. Note que, virando-se a folha com “orelha” na borda
direita para a esquerda, haverá a perfeita superposição das figuras.
A simetria também é destacada para os observadores. O observador deve estar
postado no lado em que a luz emerge do sistema óptico. Em se tratando de um espelho,
à esquerda da página; em se tratando de uma lente, à direita da página.
Podemos, então, utilizar as mesmas equações para as lentes e os espelhos esféricos,
sempre lembrando da convenção já estabelecida para os espelhos esféricos, conforme
a tabela seguinte.
• p – Abscissa do objeto (em relação ao centro óptico da lente).
• p’ – Abscissa da imagem.
• f – Abscissa focal da lente.
• y – Ordenada do ponto objeto.
• y’ – Ordenada do ponto imagem.
UNIDADE 9 375
p
p’
AO FO O FI AI
f y’
B’
1 1 1
• Equação dos pontos conjugados (Gauss):
f p p'
y' p'
• Aumento linear transversal: A
y p
11 EXEMPLO Uma lente convergente projeta uma imagem real a 72 cm da posição de um objeto
real. Qual é a convergência da lente, em dioptrias, sabendo-se que a imagem tem
cinco vezes o tamanho do objeto?
Resolução
Como o objeto e a imagem são ambos reais, tanto p quanto p’ são positivos.
Do fato de a imagem ser real, concluímos que ela é invertida, conforme ilustra o
esquema seguinte.
y’
Temos:
y'
5 (imagem invertida)
y
y' p' p'
Como , podemos escrever 5 p ' 5 p (I)
y p p
UNIDADE 9 377
Óptica
da Visão
Visão Normal
Câmera Escleróptica
anterior
Córnea Coroide
Câmera Escleróptica
anterior
Pupila
Córnea CoroidePonto
Corpo focal
Lente vítreo
Pupila
Luz Ponto
Artéria central
Corpo focal
da retina
Lente vítreoDisco óptico
Luz Artéria central
da retina
Disco óptico
Nervo óptico
Veia central
Íris
da retina
Retina
Corpo Nervo óptico
Subzona
ciliar Veia central
Íris
Figura 47 - Vista lateral do globo ocular da retina
Retina
Corpo
Olho Reduzido
Subzona
ciliar
UNIDADE 9 379
1 2 Num olho normal, o ponto mais distante
de visão nítida, denominado ponto remo-
to, situa-se no infinito d r . Nesta
situação, o cristalino estará completamen-
F1 te relaxado e a visão é feita sem esforço de
F2 acomodação. Talvez essa seja a origem da
expressão “descansar a vista”, quando olha-
mos para uma paisagem distante.
Ainda no olho normal, com o máximo
∆f esforço de acomodação, ou seja, com os
Figura 48 - Acomodação visual simplificada músculos ciliares contraindo plenamente
Fonte: o autor.
o cristalino, que é gelatinoso, o ponto mais
próximo de visão nítida estará a 25 cm .
Em cada uma das duas situações extremas descritas, podemos aplicar a equação
dos pontos conjugados. Vamos considerar “m” a distância do cristalino à retina.
• Ponto remoto: quando visamos o ponto remoto, a convergência da lente é mínima.
pd
r
1 1 1
p ' m Cmín.
1 1 1 fr dr m
f p p'
Miopia
UNIDADE 9 381
dr
olho normal
retina
P∞
FI
Para um objeto no infinito P , a lente corretora deve conjugar uma imagem no pon-
to remoto do míope. Os objetos mais próximos terão imagens mais próximas da lente.
Temos, então:
p 1 1 1
C
p ' d r (virtual ) f p p'
1 1
C
f d r
A abscissa focal da lente corretora da miopia deve ser, em módulo, igual à distância
máxima de visão nítida, sendo, porém, negativa, já que a lente é divergente. Assim
f d r ou, em termos de convergência, como C 1 C 1 .
f dr
Para o olho míope resta uma pequena compensação: pelo fato de o ponto próximo
do míope estar aquém dos 25 cm. É por isso que o míope sem óculos coloca objetos
bem perto dos olhos, a fim de visualizá-los com mais detalhes. Uma pessoa de visão
normal não conseguiria aproximar tanto o objeto sem a decorrente perda de nitidez.
Uma questão interessante, neste ponto, é perguntarmos se corrigindo a visão para
o ponto remoto não prejudicamos a visão no ponto próximo. A resposta é não, pois
o ponto próximo do olho míope está aquém dos 25 cm usuais e a lente corretora irá
deslocá-lo para posição que tem o ponto próximo em um olho normal.
12 EXEMPLO Um míope enxerga nitidamente, sem uso de óculos, somente até 2 m de distância.
a) Considerando que a amplitude de acomodação visual desse míope seja de 4 di,
determine a que distância se situa o seu ponto mais próximo de visão nítida.
b) Determine a convergência da lente corretora para esse míope.
c) Determine a posição do ponto próximo do míope quando ele usa a lente
corretora determinada no item anterior.
1
b) A convergência da lente corretora pode ser obtida pela expressão: C , logo
dr
c) Devemos, neste item, determinar em que posição d p ' podemos colocar um
objeto, a fim de que a imagem que a lente dele conjuga, situe-se no ponto mais
próximo de visão nítida d p . Com relação ao sistema óptico lente, temos:
Hipermetropia
UNIDADE 9 383
letras de um texto comum não são
dimensionadas para observação a
longa distância. A solução é usar-
mos uma lente que conjugue, para
um objeto a 25 cm do olho, uma
α
imagem no ponto mais próximo de
d = 25 cm visão nítida do olho hipermétrope,
conforme figura.
dp > 25 cm Das condições impostas, ob-
temos:
Vale a pena observarmos que, embora a imagem esteja mais distante que 25 cm, ela é vista
sob mesmo ângulo visual que teria uma pessoa de visão normal para observá-la nos 25
cm de distância e, portanto, com a mesma definição; mas ainda podemos nos perguntar:
— Corrigimos o ponto próximo, mas o que acontece com o ponto remoto?
Como consequência do globo ocular mais curto, ao visualizar objetos no infinito,
o hipermétrope ainda não está com o cristalino completamente relaxado, mas estará,
com o uso da lente corretora. A lente corretora desloca o intervalo de acomodação
para o intervalo que teria um olho normal, tal como aconteceu na correção da miopia.
ponto mais próximo de visão nítida está “além do infinito”. O ponto mais próximo
de visão nítida é virtual. Isso significa que, sem o uso de óculos, objeto real algum
é visto nitidamente por essa pessoa, por mais afastado que esse objeto esteja.
Resolução
A distância pedida no problema é a distância do ponto mais próximo de visão
nítida d p .
1
A convergência da lente corretora para a hipermetropia é dada por: C 4 .
dp
Como = 2 i , temos .
Presbiopia
Com o passar dos anos, o cristalino vai sofrendo um enrijecimento, perdendo sua
amplitude de acomodação. É a chamada “vista cansada”.
Comumente, acima dos 40 anos, uma pessoa não consegue a necessária contração
do cristalino para visualizar objetos a 25 cm de distância, mesmo que sempre tenha
possuído visão normal. Nesse caso, devemos corrigir apenas o ponto próximo, visto
que o problema se localiza no cristalino e não na geometria do globo ocular. O pro-
cedimento é idêntico ao que usamos para correção da hipermetropia, com a ressalva
de que não devemos prejudicar a visão do ponto remoto. Uma solução é o presbita
usar os óculos somente para visão próxima, retirando-o para visão distante. Outra
solução é o uso de lentes bifocais, que são convergentes na sua região mais baixa e
neutras (lente sem grau) na região superior. Se anteriormente a pessoa era míope,
terá de usar dois óculos, ou lentes bifocais mais sofisticadas.
Astigmatismo
UNIDADE 9 385
Para compensar a assimetria da córnea,
usamos uma lente que também seja assi-
métrica, como a esquematizada a seguir. É
interessante observarmos que a lasca que
retiramos do sólido, conhecido como toro
(câmara de ar), não possui o mesmo raio
em todas as direções. A lente é denominada
tórica, sendo seus raios e seu eixo variáveis
de acordo com o “grau” do astigmatismo,
Figura 51 - Várias retas com direções diferentes
conforme figura seguinte. Fonte: o autor.
R1 R2
É comum usar-se uma justaposição de várias lentes ao invés de uma única, com a
intenção de melhorar a qualidade das imagens. Na figura seguinte, temos duas lentes
convergentes, de distâncias focais f1 e f2, que serão justapostas. Esse sistema óptico
conjuga, para um pequeno objeto luminoso colocado no foco objeto da primeira
lente, uma imagem no foco imagem da segunda lente.
Ceq. C1 C2
C1 C2 Ceq = C1 + C2
Nesta unidade, você aprendeu como usar a geometria para estudar a reflexão da luz
de uma forma simples e precisa. Compreendeu o funcionamento do espelho plano
e como construir as imagens.
Ainda com o uso da geometria, pudemos equacionar os espelhos esféricos e re-
lacionar posições e tamanhos de objetos e imagens.
Com o estudo da refração, pudemos explicar a decomposição da luz, a redução
aparente da profundidade de uma piscina e o princípio de funcionamento das lentes.
Verificamos que o estudo das imagens nas lentes é semelhante aos espelhos esfé-
ricos e pudemos usar as mesmas equações.
Por último, com os conhecimentos adquiridos sobre as lentes, pudemos explicar
as lentes corretivas das ametropias.
UNIDADE 9 387
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
1. Uma pessoa deseja observar por completo um prédio de 101 m de altura num
espelho plano de 1,0 m, situado a 50 m do prédio. Qual a distância mínima do
espelho que a pessoa deverá ficar?
a) 0,5 m.
b) 1,0 m.
c) 2,0 m.
d) 0,8 m.
e) 100 m.
C F
a) É virtual e direita.
b) É real e maior que o objeto.
c) É invertida e menor que o objeto.
d) Situa-se entre o foco e o vértice do espelho.
e) É invertida e virtual.
388
4. A figura indica a trajetória de um raio de luz que passa de uma região semicircular
que contém ar para outra de vidro, ambas de mesmo tamanho e perfeitamente
justapostas.
Qual é o índice de refração do vidro em relação ao ar?
9,0 cm
Ar
Vidro
6,0 cm
a) 1,0.
b) 2,0.
c) 1,5.
d) 5,0.
e) 0,8.
FIGURA I
Lente
Objeto
Imagem
N
M F F
389
O objeto é, então, retirado do ponto M e colocado no ponto N, conforme mostra
a Figura II.
FIGURA II
Lente
Objeto
M F F N
a) b) c) d)
e) A imagem é imprópria.
390
WEB
391
ECO, U. Sobre os espelhos e outros ensaios. Rio de Janeiro: editora Nova Fronteira, 1989.
FEYNMANN, R.; LEIGHTON, R.; SANDS, M. Lições de Física de Feynman. Porto Alegre: Artmed, 2008.
Volume 3.
GUIMARÃES, O.; PIQUEIRA, J. R. C.; CARRON, W. Física - Projeto múltiplo 3V. São Paulo: Ática, 2014.
GUIMARÃES, O.; CARRON, W. As faces da Física. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de Física. 3. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos,
1994. Volume 4.
OKUNO, E.; CALDAS, I. L.; CHOW, C. Física para ciências biológicas e biomédicas. São Paulo: Harbra, 1982.
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física. 12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009.
REFERÊNCIA ON-LINE
392
1. A.
101m
o m o’
Plano do
espelho
Por semelhança de triângulos, temos:
d 50 d
, e, como , obtemos
m 101
2. B.
3. D.
Temos:
Como .
1 1 1 1 1 1 1− 5 1
= + , = − = =− → = −5 m (convexo)
f p p ' f 20 4 20 5
4. C.
9 6
=
Nos triângulos, vamos observar: seni1 =e seni2 .
R R
9 6 9
Lei de Snell: n1 seni1 n2 seni2 nar nvidro , logo nv,a 1, 5
R R 6
5. D.
393
6. D.
AO FO O FI AI
394
395
396
397
398
CONCLUSÃO