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1º Semestre de 2019
Ao leitor
Anotações gerais
-> Terão seminários, mas quem não fizer, não será prejudicado. Se fizer, ele valerá até um ponto
na média. E como é que ele funciona? Deve ser dividido em três partes: 1. pesquisando alguma
decisão judicial em que se discutiu o problema da lei aplicável, relatando os fatos na
apresentação; 2. Descrição da decisão em si, o que o juiz aplicou e suas razões de decidir; 3.
Análise crítica da decisão. Também é possível que se traga acórdão estrangeiro, fazendo a
suposição de qual lei seria aplicável se fosse julgado no Brasil.
-> Prova intermediária: pode consultar a LINDB; Princípios da Haia (HCCH.net); Não pode
consulta a eletrônicos e é permitido a cola com urbanidade.
Aula 1 – 01/03
O que se quer significar é que a personalidade da pessoa física começa a partir do seu
sinal de vida, como a respiração, dito acima, havendo outras concepções, tal como aquela em
que a personalidade jurídica nasce com a nidação, como defendem alguns biólogos.
Se os médicos, biólogos e juristas não chegam a uma conclusão sobre o começo da vida,
podemos pressupor que existem ordenamento jurídicos que trazem conceitos diferentes para
atestar o seu começo, conferindo capacidade de direito e personalidade jurídica.
A morte não põe fim à personalidade, há vários direitos a ela ligado que permanecem,
como aquele de não ofender a pessoa que já morreu, bem como existem direitos que se esvaem,
como aquela da propriedade, que automaticamente se transfere aos herdeiros.
Aula 2 – 08/03
Se pensarmos a nacionalidade como vinculo político que nos une ao Estado soberano,
fica difícil imaginar que uma PJ tenha nacionalidade. Quando pensamos em PJ, fica difícil de
enxergar o liame político.
Aula 3 – 15/03
Aplica-se a lei do lugar onde a obrigação se constituiu – importante dizer que nesse caso
a obrigação é conceito que pode ter hipóteses de qualificação diversa entre os
ordenamentos jurídicos, sendo que a doutrina do DIPriv diz ser utilizável a lei nacional
para qualificar a obrigação.
Sempre se começa a qualificação segundo a lex fori e se tiver que aplicar o direito
estrangeiro e persistir nisso, deve trazer o direito estrangeiro integralmente e
requalificar de acordo com a qualificação do estrangeiro – qualificação subsunção, já
que no momento de submeter os fatos a norma aplicável, se submete a qualificação,
sempre sendo feito pela lex causae. Assim, inicialmente a qualificação é lex fori e depois
se transforma em lex causae - direito nacional deve ser aplicado quando fala que ele é
aplicado, quando incide as exceções.
A regra geral (e não escrita) da LINDB é que a qualificação se faz pelo critério da lex fori,
onde o juiz enquadra o caso dentro de seu direito e, depois de remetido a um direito
estrangeiro, ele iria utiliza-lo somente para regulamentar (recepção material do direito
estrangeiro). O caso das obrigações foge a esse padrão, já que a qualificação e regulação
se dá no local de aperfeiçoamento da obrigação.
Mas veja, querendo ou não utilizamos a lex fori para se debruçar sobre o caso, visto que
utilizamos concepções próprias do ordenamento jurídico nacional para averiguar se o
caso se trata ou não de uma obrigação, sendo questão pressuposta para que se aplique
a regra da LINDB.
Professor entende que a qualificação sempre se dá pela lex fori e, depois, com o contato
com a lei estrangeira, há uma requalificação.
O foco da aula é a responsabilidade civil – quem causa dano a outrem fica obrigado a
repará-lo.
Se a responsabilidade civil é uma fonte das obrigações, o art. 9 da LINDB impõe que o
direito aplicado é aquele onde a obrigação aconteceu. No caso, onde o dano aconteceu
(onde ele é percebido) e não necessariamente onde consigo fazer o nexo causal.
E quando os danos se constituem em vários lugares? Como uma turnê cancelada por
causa de notícias falsas sobre a banda. Tem-se, nesse caso, que para cada dano há uma
lei especifica, isto é, se houver dano no Peru, lei peruana, se tiver na Argentina, lei
argentina. Isso é o que a doutrina francesa denomina de depéçage: despedaçamento,
danos múltiplos que demandam a aplicação de múltiplas leis (lembre-se que se a causa
for julgada aqui, a lei aplicável é aquela do lugar onde a obrigação se constituiu).
No âmbito do Mercosul, o Protocolo de São Luis apresenta a regra da aplicação da lei
do local de constituição da obrigação, mesmo que a regra seja a mesma, no âmbito do
Mercosul, ele se sobrepõe a LINDB:
Artigo 1
Artigo 3
Aula 4 – 22/03
Aula 5 – 29/03
Aula passada – o local do procedimento rege o ato; locus regit actum é regra
consuetudinária tradicional.
O tema da aula de hoje é a lei aplicável ao Fundo (conteúdo) das obrigações
Imaginemos um contrato formado entre duas pessoas domiciliadas no Brasil para dar
algo em seu território, mas um de seus contratantes é estrangeiro, isso é elemento de
extraneidade, mas irrelevante do ponto de vista do direito brasileiro – todo os efeitos
econômicos deste contratos ficam no Brasil e por isso serão regidos pela lex fori. Não há
no exemplo uma real internacionalidade, apenas uma internacionalidade potencial que
não se concretiza pela escolha legislativa.
A presença de um elemento estrangeiro pode levar o indivíduo a manejar o direito
estrangeiro e levar à conclusão de ser regido pela lex fori.
O conteúdo do contrato no direito brasileiro é regido pela lei do local de sua celebração
(art. 9, caput, da LINDB) – local de aperfeiçoamento do contrato.
Aula 6 – 05/04
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer
declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando
ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons
costumes.
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações
de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania
nacional, a ordem pública e os bons costumes.
Importante dizer que a ordem pública não obsta o método, como o faz a norma de
aplicação imediata, sendo que o afastamento da norma estrangeira se dá por meio de
ponderamento do juiz. Essa análise não deve ter base subjetiva do julgador, sendo a ordem
pública um conceito que deve ser empregado de modo objetivo, depreendido da ordem
social e inspirado pela ordem jurídica vigente, por meio das leis, doutrina e jurisprudência.
Na aula será utilizado a doutrina de Jacob Dollinger, no qual o princípio da ordem pública
demanda do aplicador uma análise cuidadosa do direito a ser aplicado, indagando-se se a
eventual aplicação de suas regras na sociedade brasileira poderia causar uma turbulência social,
se há possibilidade dele não ser tolerado pela sociedade brasileira.
É interessante notar que ninguém define o que seja ordem pública, mas notam sua
presença e importância, dizendo que seus princípios são alterados diante do percurso histórico,
mudando concepções sobre ele: o que era visto contra a ordem pública, agora pode ser que
assim não o seja. Assim, se ele é mutável e varia no espaço como podemos aferir se ela é
afetada?
Diz que a ordem pública vai se concretizar em momentos e situações diferentes ao longo
do ordenamento, chamando esses momentos de níveis, havendo três, onde o que o princípio
atinge é diferente em cada nível. Vamos a eles.
A ordem pública perpassa todas as relações humanas, sendo manejado pelo legislador
que decidirá sobre a necessidade e pertinência em legislar sobre algo, fazendo isso com base na
ordem pública. Isso se faz por meio de uma análise superficial do legislador, o que aparenta ser
na sociedade e merece estar positivado.
Nota: professor não cita os termos cogentes ou dispositivas, mas elementos categoriais
derrogáveis e inderrogáveis – utiliza o raciocínio de Junqueira.
O terceiro e último nível fica adstrito às relações jurídicas constituídas no exterior e que
as pessoas queiram as exercer no Brasil, isto é, elas se formaram fora do país e querem que seus
efeitos se estendem ao foro – aqui há colisão com aquilo que já é de existência no exterior.
Nesse caso quem maneja são os ministros do STJ por meio do juízo de delibação (tocar os lábios,
o que já denota superficialidade na cognição, atendo a aspectos formais e na ordem pública do
processo e decisão efetuada no estrangeiro que consistiu aquele direito)
A fim de exemplificar, dá-se a situação do indivíduo que casa com várias pessoas no
exterior e vêm ao Brasil, querendo validar suas relações matrimoniais: no plano da existência o
casamento bígamo existe, mas não tem validade por ofender a ordem pública brasileira, só que
é interessante observar que em algumas situações o direito admite que se “pule” o plano da
validade e vá direto para o da eficácia, como ocorre quando da morte de um homem casado
com várias mulheres, onde todas as esposas irão repartir os benefícios e serem chamadas para
compor o inventário.
Tendo a ideia de que o direito deve satisfazer as expectativas das partes, importante ter
em mente que se for possível extirpar do direito estrangeiro um pedaço dele que viole a ordem
pública brasileira, ainda se deve aplica-lo no que possível, afinal, o DIP é a disciplina da
tolerância, que tenta tolerar o estrangeiro até onde é possível e, quando não dê mais para
tolerar, deve tolher os pequenos pedaços e só se mesmo assim ainda ofender a ordem pública,
deve afasta-la. Esse pensamento evoca a ideia de buscar a máxima eficiência do direito
estrangeiro no caso concreto.
Perceba que o segundo nível afeta uma expectativa de direito, já que ele ainda não se
consolidou em nenhum ordenamento jurídico, enquanto que no terceiro nível a recusa
é mais grave porque o sujeito já adquiriu o direito no exterior, buscando tão só sua
validação no foro.
Dificilmente teremos uma violação tão grande, em matéria obrigacional, que contrarie
a Ordem Pública nacional – o direito obrigacional é o direito que mais se assemelha entre
os países. Dificilmente teremos uma violação tão grande que afete a Ordem Pública em
matéria obrigacional, já que segundo Antunes Varella: o direito das obrigações é o ramo
do direito privado que menos diferenças teve na história do direito e menos diferenças
apresenta no âmbito do direito comparado.
Em conclusão: quase não há espaço para gerência do princípio da Ordem Pública em
matéria contratual.
No que diz respeito aos contratos internacionais, faltou analisar dois problemas que
podem surgir em contratos plurilocalizados. Vimos que os direitos das obrigações,
dentro do DIPriv, é aquele que apresenta maior uniformidade entre os países, mas isso
não significa que inexista diferenças. Nesse contexto, a fim de alcançar a uniformização,
levou-se à duas estratégias, caracterizadas por tentar alcançar, no âmbito interno,
certos consensos. Só que a depender do modelo que as estratégias adotam, temos a
garantia de efetiva uniformização, num deles, e a esperança de se concretizar a
uniformização, em outro.
Uma dessas estratégias é os Estados optarem por assinar tratados internacionais de
direito material que regem determinado tema contratual. Se utilizarmos desse modelo,
há uma maior segurança jurídica porque a adesão e ratificação deste tratado proíbe
proposição de emendas.
É certo que o tratado de direito internacional pode admitir reservas, isso ocorre já no
âmbito das negociações do tratado, em que o consenso é difícil de ser alcançado,
optando por determinada estipulação que possibilita aos Estados adotarem reservas
em algumas de suas disposições – só podem haver reservas se o texto do tratado as
possibilitar.
Já a reserva interpretativa tem natureza diversa, não tendo dúvidas de que o texto é
uno, no entanto, alguns Estados, por problemas do seu próprio ordenamento jurídico,
sabem de ante mão que certa expressão utilizada no tratado tem sua significação um
pouco ou mais diversa em comparação com a de outros países que ratificaram o mesmo
tradado. Nessa situação, este país pede que seja informado para seus homólogos que
certa expressão do tratado será tratada de forma diversa, mas isso só é só igualmente
possível quando o tratado assim possibilitar.
Imaginemos que ao ratificar o tratado o Executivo não faça nenhuma reserva, poderia
o Legislativo as fazer? Há pessoas que defendem que os legisladores não podem
compor reservas porque o Presidente da República, além de ser chefe de governo, é de
Estado, sendo o único responsável pelas relações internacionais de forma que quando
o legislador faz emendas que instituem reservas, estar-se-ia a obrigar o Executivo a
exercer prerrogativa de sua discricionariedade.
O outro modelo/estratégia possível é de construir uma lei modelo no plano
internacional de modo que seu texto sirva de inspiração para formulação de conteúdo
do ordenamento jurídico no plano interno dos Estados, servindo a lei modelo como
verdadeiro modelo para o processo legislativo local. Nesse passo, pode ser interesse do
Executivo adotar a lei modelo para legislar sobre determinado assunto, propondo ao
Legislativo o seu projeto, hipótese que permite a formulação de emendar por partes
desse Poder. O resultado é que o texto final desse processo pode se afastar da lei
modelo, não havendo, por consequência, garantia do alcance da uniformização efetiva.
Um tratado que não admite reservas, se ratificado pelo Brasil, seria ato de alcançar um
texto uniforme, uma vez que todos os países que o ratificaram teriam as mesmas
regras. Isso significa que teríamos uma aplicação uniforme da aplicação deste texto? A
resposta muitas vezes será não.
Antes do Brasil adotar os termos da CISG1, foram exaradas duas decisões judiciais que
aplicaram-na, tendo o problema da forma pela qual foi aplicada. Quando o julgador
interpretou determinadas circunstâncias do texto normativo da convenção, ele a
interpretou a partir do Código Civil brasileiro, algo que a própria Convenção diz que não
deve ser feito, uma vez que seus termos tem significações autônomas – o que se quer
é que todos os Estados que irão aplicar a Convenção façam da mesma forma, sem
interpretar seus ditames a partir do direito doméstico.
O âmbito de uniformização, portanto, é bem restrito, demandando organizar
mecanismos que garantam interpretação e aplicação uniforme das disposições contidas
no Tratado.
Toca no tema das normas de aplicação necessária e imediata. Os valores da sociedade
que construíram a regra de conflito consubstanciam o que se chama Ordem Pública,
como sentido de valores fundamentais para o foro. Esses valores podem ser manejados
da seguinte formas: (i) exercício da ordem pública, cotejando os efeitos da lei
estrangeira com os valores nacionais; (ii) utilização de conexões alternativas (usa essa
ou aquela lei) que vem condicionada a um resultado especifico (que se atinja algum
objetivo); (iii) construção de normas imediatas ou necessárias e imediatas, sendo
normas materiais com hipótese e consequência, onde na descrição da hipótese é
possível perceber a existência de um elemento estrangeiro (não é geral e abstrato, mas
condicionado a algum elemento estrangeiro).
A norma de aplicação necessária e imediata traz em si uma causa de hipótese, com
elemento estrangeiro, e sua dada consequência – uma norma direta, portanto. Elas,
então, obstam o próprio método do DIPriv. Isso se deve por escolha do legislador em
vista da ordem pública de 1º grau, onde o tema é de tamanha importância que mesmo
que haja um elemento de extraneidade, já se dá a consequência necessária.
Alguns defendem que os tratados de normas materiais que buscam uniformizar o
tratamento de dado tipo contratual é de aplicação necessária e imediata. Essa posição
não é pacífica.
Normas uniformizadoras, que buscam tratamento homogêneo de relações
plurilocalizada por normas de ordem material, são de aplicação necessária e imediata.
1
A Convenção de Viena das Nações Unidas sobre Contratos de Compra e Venda Internacional de
Mercadorias (CISG, na sigla em Inglês) é a mais bem-sucedida lei uniforme sobre trocas mercantis. Ela
reuniu, num só instrumento internacional, as matérias tratadas nas duas Convenções da Haia de 1964
(LUVI – Lei Uniforme sobre a Venda Internacional de Mercadorias e LUF – Lei Uniforme sobre a Formação
dos Contratos de Venda Internacional de Mercadorias), quais sejam, respectivamente, a formação dos
contratos de compra e venda internacional e as obrigações das partes nesses contratos. a adoção de um
mesmo regime jurídico pelos países envolvidos no comércio internacional, sem prejuízo à sua soberania
e sem modificação obrigatória dos direitos nacionais, é um fator importante para tornar as relações entre
agentes econômicos (compradores e vendedores) muito mais previsíveis. (Fonte: CISG Brasil)
Os contratos tipificados não são taxativos, podendo existir contratos atípicos. Dizer que
ele é atípico significa que o ordenamento jurídico desconhece aquele tipo de contrato.
Aqui entra a figura da instituição desconhecida, criada por Savigny. Esse diz que se algo
aparece em um processo, deve-se buscar sua classificação/qualificação, ou seja, o
capitulo em que se enquadra para achar a norma de conflito, e, quando é remetido a
lex fori, descobre-se que o instituto é desconhecido no foro.
“Professor não concorda com a doutrina predominante. Savigny foi o primeiro a tratar
sobre o tema, dizendo que a instituição desconhecida é presente se alguém for pedir no foro
algo no qual a lei aplicável é a estrangeira, mas quando for buscar a norma lá em tal lei que
regulamenta o problema acaba percebendo que o seu instituto não é reconhecido na lei do foro
– o instituto da lei estrangeira, indicada pela lei do foro como aplicável ao caso, não é
reconhecido pelo ordenamento jurídico do foro.
O problema é que podem haver eventos que só possuam relevância social, no qual o
direito não tutela alguns atos por não lhe ser relevante, visto que as hipóteses contempladas no
direito são escolhas legislativas segundo a cultura e pensamento de dada sociedade
Por outro lado, o professor se filia a ideia que a instituição desconhecida deve ser
desconhecida no direito estrangeiro e não no direito do foro, o que não é entendimento
majoritário.
Um exemplo que pode ser dado é da separação, veja que pode ocorrer de uma ação em
que o tema seja de direito de família, divórcio mais especificamente, e aponte para a aplicação
de um país que só exista a separação, desconhecendo o divórcio.
Dá o exemplo da kafala muçulmana, que não é adoção, uma vez que para o Islamismo
não cabe desvinculação da criança aos seus pais biológicos, e não é guarda, já essa é
um liame jurídico que não expressa a importância da kafala. Se for comparar essa
instituição com algo brasileiro, seria mais adequado a relacionar com a figura do
agregado.
2
Texto da obra “Direito internacional privado” de autoria de Gustavo Ferraz de Campos Monaco e
Liliana Lyra Jubilut. – São Paulo: Saraiva, 2012.
E agora? Aplica a lei estrangeira ou a afasta e aplica a lei do foro? A aplicação da lei do
foro faz mais sentido em razão das condições da ação, especificamente da
impossibilidade jurídica do pedido (o que não existe mais no CPC/15 como condição da
ação), julgando-se extinto o processo.
Importante salientar que a instituição deve ser desconhecida no direito do foro.
Professor defende a linha de que a instituição desconhecida deve se pautar, quando na
análise da lex causae, se está diante de uma lacuna jurídica ou se é algo que está no
espaço ajuridico (o legislador não quis legislar, como no caso de namoro e amizade).
Em conclusão, o contrato atípico estrangeiro pode ser aplicado se o seu conteúdo for
viável.
Passa a trabalhar o art. 8 da LINDB:
O dispositivo dita que a lei aplicável é aquela em que está localizado a coisa, seja para
disciplinar os bens ou as relações a eles concernentes (direitos reais, como a posse,
propriedade, sobre coisa alheia e de garantia). Essa é uma regra quase universal.
Essa discussão não se aplica aos bens imóveis, já que é aplicado a lei de onde ele se
encontra. Diferente é quanto aos bens móveis.
O problema que pode surgir é que esse bem móvel pode passar por diversas jurisdições
até chegar ao seu destino de modo que essa pluralidade pode causar confusão em
eventual processo. Em vista de evitar a situação, o legislador, no §1 do art. 8, cria a
ficção de que os bens destinados a transporte e os bens dos proprietário que ele leva
consigo enquanto se move, presumem-se situados, até seu destino final, no local de
domicilio do proprietário.
IMPORTANTE: é regido pela lei do proprietário durante o TRANSPORTE, passando a ser
regido pela lei do Estado onde se encontra quando a coisa chega ao seu DESTINO.
Direto de propriedade, posse, direito real sobre coisa alheia e direito de garantia a regra
é essa exposta acima, mas no §2 o art. 8 há uma exceção: penhor. No penhor, como há
uma efetiva transferência da posse, que pode perdurar por muito tempo e
eventualmente ser convertida em propriedade, o legislador optou por já determinar
como lei aplicável àquela da nacionalidade da pessoa a quem está a posse.
Duas exceções à regra da lei aplicável onde está a coisa: Lei regida pelo domicílio do
proprietário (transporte) e hipótese do penhor (transferência da posse implica na
transferência da lei aplicável).
Aula 8 – 10/05 – Aspectos patrimoniais de direito de família, regime de bens
A regra sobre o regime de bens vem estabelecida, parcialmente, no §4, art.7º da LINDB.
O que falta é explicitar a possibilidade de que as partes, no momento de habilitação para
o matrimonio, sejam perguntadas se elas desejam fazer um pacto antenupcial, assim
como falta explicitar às partes que na ausência de um pacto antenupcial, vigorará o
regime de separação total de bens na hipótese de já serem casados ou se os nubentes
tiverem mais de 75 anos.
Assim, salvo nas hipóteses que haja a obrigação de um regime “protetivo” para a pessoa
que vai se casar, há plena liberdade de escolher o regime de bens. A plena liberdade se
restringe a apenas escolher os regimes típicos (separação total, comunhão parcial,
comunhão universal e participação final nos aquestos), sendo possível que as partes
criem regimes híbridos/diferentes segundo a própria vontade. Os civilistas dizem
exaustivamente que os tipos de regime no CC são meramente
exemplificativos/supletivos.
Se a liberdade é total, seria possível alguém decidir se casar pelo regime dotal3? Era
tradição desde o império, mas depois de um tempo ninguém mais utilizou. No regime
dotal a família da noiva destacava de seu patrimônio um bem ou conjunto de
bens/valores e os doava para a noiva (titularidade exclusiva. Incomunicável.) e ela,
porque quando se casava tornava-se relativamente incapaz, dependia do marido para
gerenciar/usufruir dos bens. O intuito era que o marido tivesse o usufruto desses bens.
Um regime patriarcalista.
Obviamente esse regime, tido desta forma, seria inconstitucional, sendo impossível que
alguém o adotasse hoje em dia.
Nos casamentos plurilocalizados em que se escolha um regime de bens que os nubentes
tenham uma vinculação, é possível que o regime adotado ofenda a ordem pública
brasileira, demandando alterações em sua configuração.
Os nubentes podem também descrever o regime no pacto antenupcial, ao invés de
somente fazer remissão ao regime X do país Y. O problema é: eles podem fazer isso?
3
Regime dotal é aquele em que conjunto de bens designado dote é transferido pela mulher, ou alguém
por ela, ao marido, para que este, dos frutos e rendimentos desse patrimônio, retire o que for
necessário para fazer frente aos encargos da vida conjugal, sob a condição de devolvê-lo com o término
da sociedade conjugal. (Fonte: Central Jurídica)
O professor não vê problema nas duas hipóteses (indicar o regime de outro pais ou o
reproduzir no pacto antenupcial). Contudo, a mesma controvérsia da autonomia
conflitual existe aqui (as partes escolhem a lei aplicável ao contrato).
E se se casaram e não fizeram pacto antenupcial? A presunção do sistema é que quem
não fez pacto escolheu o regime legal (comunhão parcial). Quando há um elemento de
extraneidade no casamento e as partes se silenciam sobre o pacto antenupcial, a
solução está no §4 do art. 7º, com duas regras diferentes:
o O regime será aquele do domicílio comum dos nubentes, ou seja, aquele que
eles tinham em conjunto antes do casamento. O que importa é o domicilio dos
nubentes, não aquele que eles projetam após o casamento. O legislador
preferiu, como primeira regra, a de que quem não fez pacto antenupcial será
regido pelo regime legal do direito vigente no domicilio comum dos nubentes.
o A segunda regra é aplicável para os noivos que não possuem domicilio em
comum, em que o regime de bens será determinado pelo primeiro domicilio
conjugal. Isso é, depois que casarem, obrigatoriamente irão viver em uma
mesma casa – pensou o legislador da época -, mas hoje em dia há outras
possibilidades que não o compartilhamento de mesmo teto. O primeiro
domicilio que tiverem em comum será aquele tido pelo resto da vida, salvo se
alterarem expressamente em momento posterior.
Primeiro verificamos se há um pacto antenupcial que rege o regime de bens do
casamento; se houver, precisamos cotejar seu conteúdo com as regras de ordem pública
da lex fori para verificar a sua validade. Caso não haja um pacto antenupcial, o regime
de bens será determinado pelo art. 7º, §4, da LINDB, em que “o regime de bens, legal
ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este
for diverso, a do primeiro domicílio conjugal”.
Imaginemos a seguinte situação: depois que se casam, decidem ir junto morar na
Dinamarca e lá ficam por anos. Posteriormente, cada nubente vai para um país
diferente. Anos depois decidem se divorciarem, porém, um detalhe é que eles viajaram
como estudantes, com bolsas de estudos, e estudante não tem domicílio, tem residência
(falta animus de se estabelecer em dado local). E agora, José? Domicilio e residência
habitual são quase a mesma coisa, faltando a este o animus de permanência, mas não
seria de total afastamento que se entendesse os institutos por analogia em vista de
preencher lacuna normativa. Aplicaria, portanto, nesta situação-problema, a lei
Dinamarquesa.
E no caso em que nunca houve nem residência habitual? Professor não sabe solucionar,
não há regra jurídica. Faltam soluções legislativas.
Se o juiz qualificasse de acordo com o direto holandês, diria que se tratava de problema
de capacidade (nenhum holandês pode fazer o testamento de próprio punho, dizia o direito
holandês), enquanto o direito francês iria qualificar o problema de acordo com sua forma, isto
é, aplicava o direito onde o ato foi feito, ou seja, aplicaria o próprio direito francês, que admitia
o testamento hológrafo.
Deste modo, a situação em tela poderia ser vista como problema de capacidade – pelo
direito holandês - ou de forma – pelo direito francês -, onde o primeiro retiraria a validade do
testamento hológrafo, enquanto o outro o admitia.”
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país
em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a
natureza e a situação dos bens.
Nessa situação deve-se comparar a lei de sucessões para definir a lei mais benéfica aos
brasileiros e aplicar ao caso.
A lei é discriminatória porque só beneficia os filhos e é xenófoba porque trata diferente
o nacional estrangeiro.
O CC/02 passou a prever os descendentes em concorrência com o cônjuge sobrevivente.
E se uma lei beneficia o cônjuge e outra lei os descendentes? Não há pista para resolução
e o professor não ainda encontrou solução.