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Ano XI – N.º 42 Abril/Maio/Junho 2009 – Publicação trimestral – Preço € 4,48 (IVA incluído)
5 607727 077237
e da Reabilitação do Edificado
Revista da Conservação do Património Arquitectónico
Património
e ciência
Tema de Capa:
Património e Ciência
Capa
Discos para colocação de grãos individuais de
quartzo e montagem no porta-amostras do leitor
Revista da Conservação do Património Arquitectónico
e da Reabilitação do Edificado
de luminescência.
Ano XI – N.º 42 Abril/Maio/Junho 2009 – Publicação trimestral – Preço € 4,48 (IVA incluído)
607727 077237
(GeoLuC), ITN
5
Património e Ciência
O presente número da Pedra & Cal propõe-se corresponder superfície (literalmente) os traços deixados pela evolução de
ao apelo lançado pelo ICOMOS e secundado, em Portugal, um e outro, em camadas sucessivas de lamas, lodos e turfas.
pelo IGESPAR, a propósito do Dia Internacional dos O conhecimento assim obtido serve ainda, ele próprio, de
Monumentos e Sítios, dedicado, este ano, ao tema geral em suporte para outras tarefas em que outras disciplinas da
título. A selecção deste tema visava, segundo o ICOMOS, Ciência são chamadas a intervir na salvaguarda e conser-
proporcionar uma reflexão sobre as múltiplas facetas da vação do património: o levantamento, o diagnóstico, a tera-
relação entre a ciência e o património e, bem assim, sobre as pêutica, a intervenção, a monitorização…
oportunidades e ameaças que a primeira encerra no tocante Mas a Ciência surge, ainda, quando ao serviço da ganância e
à salvaguarda e à conservação do segundo. cupidez, como “arma de destruição maciça”, quer do patri-
Ora, a Ciência, produto essencial da natureza humana, mónio cultural – as comunidades tradicionais e a diversida-
constitui, ela própria, um património vivo, dinâmico, em de cultural – quer do património natural – os ecossistemas
permanente construção, que cada geração aprofunda e terrestres e a diversidade biológica. E não fica, infelizmente,
acrescenta… herança intangível, mas carregada de conse- por aqui, o lado oculto e sombrio da Ciência ou da sua ema-
quências para todas as espécies que povoam a biosfera e nação directa, a Técnica: elas constituem-se, também, como
para os ecossistemas de cujo equilíbrio depende a vida sobre geradoras de “património negativo”, quando subordinadas
o Planeta. ao desenvolvimento insustentável, criando uma “pesada
A Ciência surge, também, como geradora de património tan- herança” cujo ónus recai sobre as próximas gerações: os
gível, através das suas construções, objectos, instrumentos e “elefantes brancos” e as construções de difícil e onerosa
documentos, em particular os utilizados na investigação, no exploração que os vindouros vão ter de rentabilizar e rea-
ensino e na divulgação. São exemplos da salvaguarda deste bilitar, as lixeiras (incluindo as de resíduos radioactivos),
património intervenções recentes, como a do Laboratorio brownfields, rios e minas que eles vão ter de limpar e revita-
Chimico da Faculdade de Ciências da Universidade de lizar, os guetos, subúrbios e regiões deprimidas que vão ter
Lisboa, distinguido com uma menção honrosa na reedição, de reinserir e reordenar.
em 2008, do Prémio GECoRPA, ou a do Museu da Ciência, Compete à presente geração, sem dúvida, salvaguardar e
descrito no artigo de Carlos Fiolhais (p. 4), por coincidência transmitir aos vindouros o património cultural que recebe-
instalado no edifício de outro Laboratorio Chimico, mais anti- mos das gerações passadas. Mas compete-nos também não
go, o da Universidade de Coimbra. acrescentar a “pesada herança” que delas recebemos. Tal
As várias disciplinas da Ciência constituem, por outro lado, só é possível com estilos de vida e padrões de desenvolvi-
instrumentos para o conhecimento do património, como mento compatíveis com o conceito de sustentabilidade, ou
é ilustrado, neste número, por trabalhos como o de Maria seja, em respeito pela economia de recursos, pelo equilíbrio
Isabel Prudêncio, Maria Isabel Dias, Christopher Burbidge ecológico e pelos valores culturais e espirituais locais.
e Maria José Trindade (p. 10), sobre métodos avançados
para conhecer a “história” da construção inscrita nos seus Vítor Cóias
materiais, ou o de José Eduardo Mateus e Paula Fernanda
Queiroz (p. 6), este último pondo, até, em evidência a dua-
lidade património natural / património cultural, ao trazer à
Nota
A Direcção da Pedra & Cal decidiu extinguir a secção “Quadro de Honra”, designação que se vinha revelando desajustada. Esta secção será, num próximo número,
substituída por uma outra, onde se irão destacar, com informações mais completas, as empresas associadas que, entretanto, assumirem um compromisso de apoio
continuado ao GECoRPA e à sua revista.
Património da ciência
O Museu da Ciência da Universidade de Coimbra
A ciência é indissociável do património, uma vez que fornece os conhecimentos e os meios, cada vez
mais sofisticados, para assegurar a conservação patrimonial. Mas, por outro lado, a ciência é ela pró-
pria fonte de património material, na medida em que é resultado de um processo histórico progres-
sivo, que deixou evidentes marcas físicas (edifícios, objectos, documentos) que importa preservar.
2 - Gravura do início do século XVIII, que mostra o edifício do Colégio de Jesus 3 - Fotografia antiga do edifício do Observatório Astronómico da Universidade
com a Sé Nova. Trata-se de um dos mais antigos colégios jesuítas do mundo e de Coimbra, em frente à Biblioteca Joanina, que foi demolido no tempo de
vai ser a sede do Museu de Ciência de Coimbra na segunda fase. Em segundo Salazar.
plano, à direita, é o espaço onde foi construído o Laboratório Chimico.
UC com a Câmara Municipal de inserida a Sé Nova (igreja matriz Coimbra e que, no final do século
Coimbra, foi distinguido pelo Fórum de Coimbra, propriedade da dio- XVIII, passou a ocupar um novo
Europeu dos Museus com o prémio cese), foi profundamente adapta- edifício no pátio da Universidade, já
para o melhor museu de ciência e do pelo Marquês para se tornar não resta nenhuma pedra (fig. 3). O
tecnologia no ano de 2008 (Prémio num edifício universitário moderno Estado Novo, a meio do século XX,
Micheletti), em reconhecimento da para a época, com a instalação do arrasou-o, num acto alegadamente
excelência do trabalho realizado. Gabinete de Física Experimental e praticado para “limpar as vistas para
Os dois antigos colégios jesuítas da do Gabinete de História Natural, no o Mondego” mas que muitos vêem
UC (Colégio de Jesus e Colégio das quadro da Faculdade de Filosofia como um exemplo de destruição do
Artes), juntamente com o Colégio então criada, e ainda do Hospital património.
de S. Antão em Lisboa, foram, nos e do Dispensário Farmacêutico, no Neste século, recuperar e preservar
séculos XVI e XVII, sítios de passa- quadro da Faculdade de Medicina. o património da ciência deve ser
gem de cientistas de diversos países Essa reforma, que pretendeu rom- visto, acima de tudo, como um acto
europeus, que pretendiam estudar per com o ensino neo-escolástico e de cultura. As marcas materiais da
ou ensinar antes de se dirigirem para estabelecer o ensino experimental, ciência, como os sítios onde se fez
o Oriente ou para outras regiões criou também, além dos referidos e ensinou ciência, são testemunhos
distantes (por exemplo, o austríaco gabinetes e do Laboratório Chimico, essenciais de cultura. E, por sua
Grienberger e os italianos Lembo e o Jardim Botânico e o Observatório vez, os métodos e resultados da
Borri, que muito contribuíram para Astronómico. Os valiosos instru- ciência, alcançados e transmitidos
a divulgação das descobertas fei- mentos e objectos de astronomia, nesses sítios, constituem um extra-
tas por Galileu, em 1609, quando física, química, história natural e ordinário património imaterial que
observou pela primeira vez o céu medicina do século XVIII documen- é um componente imprescindível da
com um telescópio). Apesar de os tam bem o modo como foi perse- nossa cultura.
jesuítas terem durante muito tempo guido o ideal iluminista da busca
sido difusores da cultura científi- do conhecimento científico. Por seu
ca, o seu ensino veio a degradar- lado, o Jardim Botânico ainda hoje CARLOS FIOLHAIS,
-se, acabando por ser interrompi- se conserva, sendo um dos tesou- Departamento de Física da Universidade
do em 1759, quando a Companhia ros da universidade e da cidade. de Coimbra e Biblioteca Geral da
de Jesus foi expulsa do país pelo Infelizmente, do velho Observatório Universidade de Coimbra
Marquês de Pombal. O amplo edifí- Astronómico, que começou por ser tcarlos@teor.fis.uc.pt
cio do Colégio de Jesus, no qual está construído nas ruínas do castelo de
Território Antigo
Da arqueologia da paisagem à re-encenação
virtual interactiva
O programa Território Antigo, protagonizado pelos autores, nasce do encontro da Ecologia da
Paisagem, da Arqueologia e da Computação Gráfica num percurso sui-generis por “terras” do
Ministério da Cultura, do Museu de História Natural e das empresas para o Património. A evolu-
ção, ao longo dos seus 28 anos traçada a modos de curto balanço, poderá interessar aos patrimo-
nialistas enquanto imagem expressiva da procura de um alicerce técnico e metodológico cada vez
mais comprometido com uma restituição holística do Património.
A paisagem da região do Carvalhal em três momentos de evolução, respectivamente há 7500, 6300 e 2000 anos.
Ficha de ocorrência de uma das cerca de duzentas espécies vegetais registada nos Análise polínica das “estalagmites” do claustro gótico. De notar a estratificação
contextos arqueobotânicos do mosteiro de Santa-Clara-a-Velha. de carácter anual das concreções.
Técnicas nucleares e de
luminescência na reconstituição
da história da edificação
de monumentos
As épocas de construção de um monumento gravadas
na memória dos minerais e da pedra
A aplicação de técnicas nucleares e de luminescência a materiais de construção permite a carac-
terização composicional detalhada e a datação de fases de construção, restauros e eventos como
incêndios e cheias. Contribui-se, assim, para uma reconstituição precisa da história da edificação
do património histórico e arquitectónico.
A B C
1 - Reactor Português de Investigação (A, B) e Laboratório de Espectrometria Gama (C) do ITN.
Métodos nucleares de análise e de pedra, bem como os mecanismos da outros métodos, sobretudo no que
técnicas de luminescência estimu- sua degradação em monumentos3-5. respeita à determinação dos teo-
lada têm vindo a ser aplicadas Para além disso, realizam-se data- res de elementos traço com elevada
ao património cultural português ções absolutas por luminescência de precisão e exactidão, e à quanti-
pelo Grupo “Geoquímica Aplicada contextos e materiais de monumen- dade reduzida de amostra neces-
& Luminescência no Património tos pré-históricos e históricos6-9. sária para análise, o que é parti-
Cultural” (GeoLuC), do Instituto O método nuclear de análise por cularmente importante quando se
Tecnológico e Nuclear (ITN)1, 2. No activação neutrónica (AAN) é de estuda o património. O método
que se refere ao património histórico grande sensibilidade, permitindo a baseia-se na produção e medição da
e arquitectónico nacional, têm sido determinação simultânea dos teo- radioactividade induzida em amos-
realizados estudos de caracterização res de numerosos elementos quími- tras mediante o seu bombardea-
química da pedra e de outros mate- cos constituintes dos materiais de mento com neutrões térmicos. As
riais de construção, com o objecti- construção. Além disso, apresenta amostras são irradiadas no reactor
vo de identificar a proveniência da grandes vantagens relativamente a português de investigação (RPI), e
posteriormente as taxas de conta- caracterização mineralógica junta- exposição à luz, estimulando os sinais
gem de radionuclidos são medidas mente com a composição química acumulados – originando sinais de
por espectrometria gama (fig. 1). pode ajudar a identificar épocas de luminescência (fig. 3). A termolumi-
Com este método obtém-se uma construção/restauro. nescência (TL) produz o sinal apro-
caracterização química detalhada Estas abordagens podem ser com- priado para medir o tempo desde que
dos materiais, particularmente útil plementadas pela datação absolu- a amostra foi sujeita a aquecimento, ou
para a identificação das pedreiras ta, em particular por métodos de seja, o tempo que decorreu desde que
exploradas, bem como para a iden- luminescência estimulada. Os sinais os grãos minerais estiveram sujeitos
tificação dos mecanismos de degra- de luminescência estimulada para a uma temperatura elevada. É o caso
dação, passos fundamentais para datação são consequência da energia do fabrico de materiais cerâmicos
uma boa definição da estratégia de acumulada em cristais resultante da (azulejos, tijolos, etc.) e da ocorrên-
conservação do monumento. acção da radiação ionizante natural cia de incêndios. A luminescência
A composição mineralógica dos que ocorre no material envolvente estimulada opticamente (OSL) pro-
materiais de construção do patrimó- (fig. 2). Desta forma, a dose de radia- duz o sinal apropriado para medir o
nio edificado, em particular as fases ção do cristal vai acumulando com o tempo que decorreu desde a última
de alta temperatura que podem ser tempo, aumentando o sinal de lumi- exposição solar dos grãos minerais.
identificadas por difracção de raios nescência. Este método envolve a Por exemplo, pode-se datar a incor-
X (DRX), pode indicar a ocorrência medição da dose absorvida no cristal, poração de areia numa argamassa,
de incêndios. Para além disso, a que se faz através de aquecimento ou o enterramento das superfícies das
A C
4 - Equipamento do laboratório de Luminescência 5 - Porta-amostras do leitor de luminescência (A); Disco para grãos individuais (B); Pormenor do disco
do ITN. com grãos de quartzo (C).
A lacuna pictórica
Metodologias de interpretação e análise
Aborda-se a aplicação de uma metodologia de classificação, com a qual pretendemos reconhecer
as áreas de lacuna e não lacuna, de uma forma semi-automática, distinta da simples percepção
visual. A finalidade é a produção de um mapeamento temático onde se possam estimar, quanti-
tativamente, as lacunas na obra.
superfície cromática. Contudo, ape- No que respeita à classificação super- associadas a cada uma das duas
sar de haver inconstância nas opções visionada, trata-se de uma operação classes – lacunas e camada pictórica.
técnicas, é consensual o respeito pela que identifica zonas homogéneas
lacuna, ou seja, a não reintegração numa imagem, representativas das DISCUSSÃO
além da área lacunar e a não promo- dissemelhantes classes temáticas. Na fase de projecto e quando se opera
ção do falso histórico. Essas zonas, que vão servir de áreas o levantamento de informações e
de treino, ostentam a informação diagnóstico de um Bem Cultural pic-
ANÁLISE E MAPEAMENTO espectral característica dos temas que tórico, determinar qual é a técnica
TEMÁTICO representam. A ferramenta SIG de de reintegração cromática, mesmo
Alguns estudos pontuais têm sido classificação extrai as características que se definam critérios reconheci-
feitos com operações de análise espa- dos temas em função das áreas obser- dos como válidos do ponto de vista
cial em pinturas sobre tela, madeira vadas, no pressuposto de que cada ético e deontológico, implica frequen-
ou pintura mural. Por exemplo, já classe é bem conhecida. Para opera- temente um exercício especulativo
se verificou a utilização da análise cionalizar o algoritmo elegeram-se sobre o resultado da intervenção.
de componentes principais (Pires et algumas amostras de treino, num No presente caso de estudo, em que
al., 2007), alguns casos de classifica- total de 88 polígonos, redistribuídos as lacunas estão dispersas, demons-
ções com algoritmos específicos não entre as seguintes áreas: de lacunas, tra-se que se podem adoptar algumas
divulgados (Liu e Dongming, 2008: de carnação, no manto violáceo de metodologias específicas de interpre-
121-131) e classificações de máxima Cristo, em azuis, nos vermelhos, nos tação espacial. Apesar de ser inevitá-
verosimilhança (Lerma 2001; Balas et verdes e nos cinzentos. vel reconhecer que há uma margem
al., 2008; Comelli et al., 2008). de erro associada às técnicas supra
Este trabalho sustenta-se em opera- RESULTADOS indicadas, que pode ser mitigada pela
ções de classificação (Lillesand et al., As operações de análise e classifi- qualidade dos registos fotográficos
2008), sendo desejável que o uso das cação, feitas em ambiente de siste- e pela utilização de outros algorit-
metodologias acima referidas auxilie mas de informação geográfica (ESRI, mos de classificação, a extracção de
no problema da contabilização da 2009), permitiram segmentar as lacu- características da superfície pode ser
extensão de lacunas, que é raramente nas. Constatou-se que a área de lacu- efectivada de modo semi-automático,
destacado em conservação e restau- nas calculada foi aproximadamente com os procedimentos enunciados.
ro. As grandes superfícies pictóricas, de 48,5% (fig. 3). O valor percentual Embora o registo fotográfico da pintu-
como é o caso do arco triunfal, difi- obtido, depois de operada a segmen- ra mural documente o estado de con-
cultam a elaboração de mapas temáti- tação, foi calculado por contabiliza- servação da obra, existem actualmen-
cos, seja no modelo do desenho sobre ção do número de células (pixels) te tecnologias de geomática acessíveis
papel ou seja por técnica de tratamen-
to digital de imagem. É possível que
uma solução para o problema esteja
no uso de técnicas de informação
geográfica. Assim, no caso de estudo,
avaliou-se uma metodologia faseada
em dois momentos: a análise de com-
ponentes principais (fig. 2) e a classi-
ficação supervisionada por máxima
verosimilhança.
O ponto de partida foi a análise dos
componentes principais (ACP), por
se tratar de uma técnica especialmen-
te utilizada para destacar semelhan-
ças e diferenças em objectos, quando
se tem grande variabilidade espectral
nas imagens (Gonçalves et al., 2008:
29-35). Sabe-se, ainda, que as opera-
ções de realce e pré-processamento
podem dar resultados profícuos com
ajuste nos histogramas; no entanto,
para o presente trabalho não se uti-
lizaram. 2 – Mapa temático da análise de componentes principais (ACP).
que permitem fazer avaliações mais ra e a “obra de conjunto”, neste caso, Gianluca; CUBEDDU, Rinaldo (2008). Inte-
eficientes das patologias antes, duran- a Charola. grated Hyper spectral and time resolved flu-
te e depois das acções de conservação. orescence imaging combined with statistical
NOTA data analysis: diagnostic investigations of
Artigo elaborado com o apoio do Programa wall paintings. In 9th International Conference
CONCLUSÃO on NDT of Art, Jerusalem, Israel, 25-30 May
Operacional Ciência e Inovação 2010 (POCI
O estudo aponta noções generalistas 2010), co-financiado pelo Governo Português 2008. http://www.ndt.net/article/art2008/
de reintegração cromática e sugere e pela União Europeia, através do Fundo papers/184Comelli.pdf (consulta 4 Abril de
duas técnicas de análise espacial e Europeu para o Desenvolvimento Regional 2009; 14h)
(FEDER) e da Fundação para a Ciência e ESRI – ArcGIS Desktop 9.3. http://www.esri.
classificação, já antes utilizadas para com/ (consulta a 24 de Março de 2009).
Tecnologia (FCT).
outras finalidades, mas que se com- GONÇALVES, L.; FONTE, C.; JÚLIO, E.;
prova serem úteis na conservação e REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAETANO, M. (2008). Aplicação da detecção
restauro. ALTHOFER, Heinz (2002). La questione del remota à avaliação do estado de conservação
O registo pictórico da “Ressurreição ritocco nel restauro pittorico. Padova: Il Prato. das coberturas do património edificado: o
BALAS, Costas; ANTONOPOULOS, Grigo- caso de estudo da baixa de Coimbra. Cons-
de Cristo”, ex-libris do Convento de trução magazine – revista técnico-científica de
rios; EPITROPOU, Georgios; TSAIRIS, Geor-
Cristo, serviu neste caso para um pro- engenharia civil, pp. 29-35.
gios; ARGYRIADOU, Kallia; GEORGAKI-
cesso de inferimento deontológico e LAS, Alexandros; HADJINICOLAOU, Nicos LERMA, J. L. (2001). Documentation and
operativo, não só pela área extensa de (2008). Hyper-spectral imaging system with Recovery of Rupestrian paintings: An auto-
lacunas que apresenta, indicada pelo embedded spectral segmentation and clas- matic approach. CIPA International Sym-
sification algorithms for the non-destructive posium, Postdam, September 18-21, 2001.
classificador, mas também pela sua http://cipa.icomos.org/fileadmin/papers/
analysis of artworks and manuscripts an
complexidade de formas, que obriga potsdam/2001-09-jl02.pdf (consulta 4 Abril
application in paintings by El Greco. In 9th
a uma reflexão na fase de reintegra- International Conference on NDT of Art, Jeru- de 2009; 17h)
ção cromática. salem, Israel, 25-30 May 2008. http://www. LILLESAND, Thomas; KIEFER, Ralph; CHIP-
Saber que a interrupção do tecido ndt.net/article/art2008/papers/111Balas. MAN, Jonathan (2008). Remote Sensing and
pdf (consulta 4 Abril de 2009; 14h) Image Interpretation. 6.ª Ed. Hoboken, New
figurativo na obra tem um valor Jersey: Jonh Wiley & Sons.
BRANDI, Cesare (1961). Il Trattamento delle
aproximado de 48,5%, pode ajudar a LIU, Jianming; LU, Dongming (2008). Know-
lacune della gestalt psychologie. In XX Inter-
decisão entre intervir ou não intervir, national Congress of History of Art. Nova Ior- ledge Based Lacunas Detection and Segmen-
bem como, na determinação da técni- que, [s.ed.], pp. 149-151. tation for Ancient Paintings. In T.G. Wyeld;
ca de reintegração mais adequada à BRANDI, Cesare (2006). Teoria do Restauro. S. Kenderdine; M. Docherty (Eds.) - VSMM
Edições Orion, Amadora, pp. 19, 85-90. 2007, LNCS. Vol. 4820. Berlin, Heidelberg:
obra. É importante também ter pre- Springer-Verlag, p. 121–131.
CASAZZA, Ornella (1981). Il Restauro Pittori-
sente que uma estratégia de actuação PHILIPPOT, Albert; PHILIPPOT, Paul (1959).
co nell´unità di metodologia. Florença: Nardini
deve ponderar a análise quantitativa Editore, p. 13. Le problème de l´intégration des lacunes
das lacunas pictóricas em relação à COMELLI, Daniela; NEVIN, Austin; GULOT- dans la restauration des peintures. Bulletin de
pintura, assim como a própria pintu- TA, Davide; TONIOLO, Lucia; VALENTINI, l´Institut Royal du Patrimoine Artistique. Vol.II.
Bruxelas: IRPA, pp. 5-19.
PIRES, H.; MARQUES, P.; HENRIQUES, F.;
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ning, multispectral imagery and GIS in C&R
documentation practices: a first approach
using two XVIth century wood paintings from
Convento de Cristo in Tomar. In XXI Inter-
national CIPA Symposium, 01-06 October 2007,
Athens, Greece. http://cipa.icomos.org/filea-
dmin/papers/Athens2007/FP118.pdf (con-
sulta em 4 de Abril de 2009)
FREDERICO HENRIQUES,
UCP – E. Artes / CITAR,
frederico.painting.conservator@gmail.com
ALEXANDRE GONÇALVES,
IST – Dep. Eng. Civil e Arquitectura,
alexg@civil.ist.utl.pt
ANA BAILÃO,
UCP – E. Artes,
ana.bailão@gmail.com
ANA CALVO,
UCP – E. Artes / CITAR,
acalvo@porto.ucp.pt
3 – Resultado das operações, onde a amarelo se observam as lacunas.
Escolher uma pedra para aplicação em obra pode ser uma tarefa agradável, mas requer o devido
conhecimento do material, das suas qualidades, das suas limitações. Não há pedras más, nem
pedras boas. Há pedras mal utilizadas, pedras bem escolhidas, pedras que foram submetidas a
tratamentos adequados e pedras que não foram bem tratadas. Seu desempenho está dependente
da pedra em si e do fim a que se destina.
A pedra é, em geral, utilizada com Se, por um lado, a degradação estri- origem, implicando, assim, a iden-
duas finalidades principais, que tamente física da rocha constitui um tificação das condições de tempera-
podem, em certos casos, coexistir: importante factor de alteração dos tura, pressão, fluidos e ambiente de
como parte de uma estrutura e como padrões visuais da pedra, também formação da rocha. Por outras pala-
material de revestimento e/ou de a degradação química pode consti- vras, é necessário conhecer a rocha,
embelezamento. tuir um motor de transformação das na sua acepção mais profunda.
No uso da pedra como elemento características da sua superfície, pois Relativamente às condições físicas
estrutural, dá-se relevo à análise, com a alteração química e mineralógica de génese, devem ser consideradas
particular cuidado, das suas caracte- implica modificações cromáticas e as três grandes famílias de rochas:
rísticas que, de forma directa ou texturais na superfície da pedra. ígneas, sedimentares e metamórfi-
indirecta, afectam a resistência e coe- Quanto à pedra em si, para se com- cas, cada uma delas com caracte-
são da rocha. Assim, o conhecimento preender de forma efectiva quais, rísticas próprias de formação. As
da textura da rocha, do seu grau de de entre as suas variadas caracte- primeiras, geradas através da cris-
fracturação e da sua porosidade são rísticas, vão afectar o seu futuro talização de um magma (material
fundamentais – pois deles depende a comportamento em obra, é essen- mais ou menos viscoso, sujeito a
maior ou menor facilidade de circu- cial conhecer as causas fundamen- temperaturas elevadas), a profundi-
lação de fluidos que poderão afectar tais das suas características físicas e dades (e, consequentemente, pres-
negativamente a pedra. Não menos químico-mineralógicas. Estas estão sões) variáveis. As segundas, forma-
importante é o conhecimento da sua directamente relacionadas com a sua das em condições de temperatura e
constituição química e mineralógica,
pois delas depende a estabilidade da
rocha como entidade físico-química
e em consequência, a estabilidade
mecânica.
Relativamente à pedra como mate-
rial de revestimento, esses aspectos
tomam outros contornos, uma vez
que, quer a textura, quer a minera-
logia podem assumir-se como tra-
ços de natureza estética, na medida
em que ambas são determinantes
para a apreciação do aspecto geral
da pedra. Por outro lado, assumem
também importância no contexto da
estabilidade físico-química a que se
fez referência anteriormente; a desa-
gregação da pedra (decorrente da
sua falta de coesão), conduz à perda
das suas características estéticas.
Note-se que, igualmente neste caso,
as características físicas e químico-
-mineralógicas não são dissociáveis. Igreja matriz de Vila do Conde, em granito. Fachada principal, virada para o mar.
Pormenores da pedra na fachada principal, com figuras trabalhadas e parcialmente desfeitas, em consequência da acção da atmosfera salina.
factores que podem comprometer a calcários multicolores, entre os quais da Gama. Neste contexto, não se
durabilidade da pedra. se destaca o lioz, foram também deve subestimar o efeito da acção
A título de exemplo, refere-se o caso usados. Ainda hoje, esta pedra é dos gases de escape dos automó-
da rocha designada por Amarelo usada em igrejas, sob a forma de veis, ricos em óxidos de enxofre
de Negrais, que é um calcário cujo placas, quer como material de reves- que, em contacto com a humidade
componente essencial é a calcite timento, quer constituindo parte da atmosférica, dão lugar à formação
(um carbonato de cálcio), à qual estrutura de altares. Este tipo de de ácido sulfúrico, um produto cor-
se associa a limonite, que é um uso, no interior de edifícios, permite rosivo para a maior parte dos mate-
óxido de ferro hidratado, amare- que a acção de limpeza se limite à riais existentes à superfície da Terra,
lado, responsável pela coloração utilização de água, cujo resultado incluindo a maioria das rochas, em
amarelo “queimado” apresentada é a manutenção do brilho existente particular as carbonatadas, como os
pela pedra. As propriedades físicas devido ao polimento. No entanto, calcários. Em qualquer utilização em
desta rocha permitem a sua utiliza- o seu uso em ambientes exteriores que a presença de água na superfície
ção como elemento estrutural, prin- resulta numa perda acentuada de da pedra seja constante, a acção con-
cipalmente, ou como material de brilho, particularmente em locais tinuada conduz à dissolução parcial
revestimento, sob a forma de placas, nos quais o intenso trânsito automó- da pedra, resultando em desagre-
ou ainda como material decorativo. vel promove a deposição de partícu- gação.
Foi usada para este fim em muitas las sólidas poluentes na superfície Um outro exemplo que ilustra, de
igrejas construídas durante o século da pedra, causando a sua deteriora- forma esclarecedora, o uso nem sem-
XVIII, particularmente como parte ção, devido ao efeito de chuva ácida pre feliz da pedra, é o que se obser-
integrante de painéis decorativos associado, como é o caso da parede va em relação aos calcários oolíti-
de embutidos, onde alguns outros lateral do edifício do Aquário Vasco cos que ocorrem na zona centro de
Recuperação de edifícios
pombalinos
Aspectos técnicos e viabilidade económica
A Baixa Pombalina é uma zona da cidade de Lisboa de elevado valor patrimonial. Tem na sua
génese a reconstrução de grande parte da cidade tendo em conta, pela primeira vez na história da
arquitectura e engenharia, preocupações sísmicas à escala da cidade que resultaram, entre outros,
na utilização sistemática da inovadora estrutura em gaiola de madeira – um marco na história da
construção nacional e internacional.
INTRODUÇÃO Ocorrem num período de tempo res- o modelo do quarteirão estudado.
Os edifícios originais pombalinos trito, em determinado local, e pro- O edifício isolado foi analisado admi-
foram sofrendo alterações estrutu- pagam-se em todas as direcções. O tindo que a estrutura original não
rais sucessivas ao longo dos anos, conhecimento dos mecanismos de havia sido alterada, dado que não
sobretudo no início do século XX e geração permite afirmar, sem qual- havia sinais exteriores de possíveis
geralmente devido a pressões espe- quer dúvida, que zonas que já foram alterações e consideraram-se valores
culativas e alterações de usos, ape- atingidas por sismos fortes no pas- médios das propriedades dos mate-
sar da excelente qualidade estrutural sado voltarão a sê-lo no futuro. Há riais. Os resultados comprovaram a
original e arquitectónica. A análise e registos de que Lisboa tem sido atin- eficiência da Gaiola Pombalina na
avaliação do efeito destas alterações gida, ciclicamente, por sismos fortes resistência a forças horizontais como
são essenciais para definir critérios no passado. Podemos assim ter a cer- as induzidas pela acção sísmica. O
de recuperação dos edifícios pomba- teza de que Lisboa será sacudida por estudo mostrou que a gaiola contri-
linos, à luz da segurança estrutural, sismos violentos no futuro, apenas bui para um bom funcionamento de
dos usos e funcionalidade actuais, não sabemos quando. conjunto do edifício e limita os deslo-
conciliando com estes factores a pre- Com o objectivo de aprofundar o camentos horizontais do conjunto da
servação do sistema de construção conhecimento sobre o potencial de- estrutura. Concluiu-se que, no caso
pombalina. sempenho sísmico dos edifícios pom- analisado, a resistência sísmica do
Neste artigo fazem-se breves refle- balinos e dos quarteirões em que se edifício não seria condicionada pela
xões sobre a importância da recu- inserem e sobre a importância da gaiola mas pelas ligações desta às
peração dos edifícios pombalinos, gaiola pombalina na sua resistência paredes de alvenaria das fachadas.
referindo-se aspectos técnicos e a sua sísmica, analisou-se com pormenor a Os estudos realizados apontaram
viabilidade económica. estrutura de um edifício tipo da Baixa, como outro possível ponto fraco des-
situado na Rua da Prata [Cardoso, tes edifícios os pilares de alvenaria
RISCO SÍSMICO 2002] e de um quarteirão tipo [Mon- do andar sem estrutura de gaiola,
Os sismos são abalos naturais da crosta teiro et al., 2006]. A fig. 1 mostra o entre o rés-do-chão e o 1.º andar. Esta
terrestre, de origem geológica, inevi- edifício e o modelo estrutural ana- fraqueza pode ocorrer se as proprie-
táveis e praticamente imprevisíveis. lisado em computador, assim como dades dos materiais das alvenarias
a esse nível forem inferiores aos impedidos de rodar separadamente gaiola, incluindo as diagonais de
valores médios admitidos no estudo uns dos outros. madeira e a alvenaria do painel, entre
efectuado. Os resultados do estudo A zona da Baixa foi sempre sujeita a dois pisos consecutivos, foram remo-
apontam para a possível ocorrência pressões especulativas e os edifícios vidos. Com este tipo de alteração
do colapso por queda das fachadas originais pombalinos foram sendo a estrutura fica significativamente
(não da estrutura toda) a um nível modificados ao longo dos anos. A enfraquecida para as cargas horizon-
da acção sísmica de cerca de 40 por grande maioria das alterações cons- tais, pois a estrutura triangulada da
cento do sismo regulamentar condi- trutivas a que foram sujeitos trans- gaiola é destruída ficando nessa zona
cionante [RSA, 1983]. No entanto, se formou a estrutura e a tipologia dos apenas os barrotes horizontais e ver-
as ligações entre a gaiola pombalina e edifícios, conduzindo em muitas ticais.
as fachadas fossem mais eficientes, a
resistência sísmica do edifício mais do VIABILIDADE TÉCNICA E
que duplicaria, aproximando-se do ECONÓMICA
valor regulamentar actual, o que seria Para a preservação da Baixa Pom-
notável tendo em conta as limita- balina torna-se essencial proceder à
ções do conhecimento científico e dos sua reabilitação.
materiais existentes há 250 anos atrás. Neste tipo de intervenções deve ha-
O quarteirão foi definido a partir de ver a preocupação de preservar e,
um conjunto de edifícios pombalinos se necessário, reabilitar o sistema da
reais, idealizando-se um quarteirão gaiola, de grande valor cultural, patri-
com características muito próximas monial e também estrutural, compa-
da configuração original das cons- tibilizando-a com viabilização econó-
truções pombalinas. Foram imple- mica das obras, ou seja, com a ade-
mentadas e analisadas algumas das quação deste sistema construtivo às
alterações estruturais mais comuns e novas exigências espaço-funcionais e
que são habitualmente efectuadas em de segurança actuais, rentabilizan-
edifícios da Baixa lisboeta. Da análise do os edifícios (meio necessário para
efectuada ao comportamento dinâ- financiar a preservação e reabilitação
mico do quarteirão original destaca- urbanística, arquitectónica e estrutu-
-se como novidade, relativamente às ral) [Mira, 2007]. Estas intervenções
conclusões retiradas do estudo do têm de ter sempre em conta os seus
2 - Os quatro primeiros modos de vibração do
edifício isolado, o seguinte: quarteirão-tipo. efeitos na estrutura, e para se garantir
• O quarteirão-tipo não se comporta a sua resistência é fundamental não
como um corpo único devido à rigi- situações, a um aumento da vulne- eliminar pilares do piso térreo ou
dez reduzida dos pisos de madeira. rabilidade sísmica destes edifícios. frontais – há que ser selectivo e retirar,
Este resultado deve-se à falta de rigi- Como exemplos de intervenções que quando necessário, apenas paredes
dez dos pavimentos (pisos de madei- enfraqueceram significativamente a com reduzida importância estrutural,
ra) à distorção no plano horizontal. resistência sísmica dos edifícios da como os tabiques. É necessário encon-
No entanto, a rigidez axial dos pavi- Baixa podem-se apontar os seguintes: trar um ponto de equilíbrio entre os
mentos contribui significativamente • Corte de pilares ao nível do piso aspectos relacionados com a seguran-
para a configuração dos modos de térreo para abertura de grandes espa- ça e a funcionalidade, intrinsecamente
vibração condicionantes, em que ban- ços abertos, geralmente em estabele- ligados com a viabilidade económica
das inteiras do quarteirão se movem cimentos comerciais (fig. 3). da reabilitação, e a preservação o mais
em conjunto numa direcção (fig. 2), • Adicionar mais pisos para lá dos fiel possível do original.
enquanto os deslocamentos na direc- inicialmente previstos. Se a Baixa O ponto de partida para a reabilitação
ção perpendicular e no resto da estru- obedecesse à concepção pombalina destes edifícios deve ser a recupera-
tura são muito reduzidos. original, os edifícios teriam todos a ção e/ou reforço da estrutura pom-
• É possível analisar as bandas do mesma altura, correspondendo ao balina. A reconstrução de elementos
edifício na sua maior direcção e anali- piso térreo, três pisos elevados e man- estruturais, como as paredes meeiras
sar os edifícios interiores dessa banda sardas. Não é esta a realidade da ou os frontais, tem como objectivo
isoladamente na direcção perpendi- Baixa, tal como o ilustrado na foto- restabelecer ou melhorar o compor-
cular. grafia da fig. 4. tamento estrutural original dos edi-
• A partilha das paredes de empe- • Corte de painéis da gaiola para fícios, principalmente face à acção
na por diferentes edifícios (paredes abertura de espaços no interior ou sísmica, a par da preservação da sua
em alvenaria de pedra designadas corte parcial dos seus elementos cons- autenticidade.
por paredes meeiras) reduz forte- tituintes, por exemplo para introduzir Este processo de reabilitação deve
mente os efeitos de torção global canalizações de água ou gás. Existem ainda proceder à identificação das
ao nível de cada edifício, pois estão casos em que painéis inteiros da alterações estruturais sofridas pelos
RITA BENTO,
Professora Associada, Dep. de
Engenharia Civil e Arquitectura,
Instituto Superior Técnico
MÁRIO LOPES,
Professor Auxiliar, Dep. de Engenharia
Civil e Arquitectura, Instituto Superior
Técnico
4 - Edifícios da Baixa com mais pisos do que os previstos na concepção original.
A degradação do branco
de chumbo
O carbonato de chumbo básico, ou branco de chumbo (lead white, biacca, blanc de plomb), foi o pig-
mento branco mais usado em obras de arte até ser substituído por outros menos tóxicos como o
branco de titânio ou de zinco.
O uso do branco de chumbo em pin- Para além da inexplicável forma
turas murais foi desde muito cedo acima referida, a bibliografia refere
desaconselhado. Principalmente no que o pigmento parece estar mais
caso das pinturas murais a fresco “protegido” da reacção de oxidação
em que não se utilizam aglutinantes quando em presença de vermelhão,
orgânicos. Verificava-se que sofria azurite ou aglutinantes orgânicos
uma rápida degradação originando como, por exemplo, óleo de linho.
uma substância escura que provo- Algumas hipóteses foram levanta-
cava a drástica mudança de cor e das sobre as condições que pode-
alterava profundamente a leitura da riam levar à reacção de oxidação.
pintura. Em condições neutras de pH, apenas
Inicialmente, o produto de degrada- substâncias extremamente oxidantes,
ção foi identificado analiticamente cuja presença seria muito imprová-
como sulfato de chumbo. Esta reac- vel, seriam capazes de causar a reac-
ção é, na realidade, muito comum em Réplica de pintura mural onde o branco de chum- ção. No entanto, um pH fortemente
alguns tipos de formas de arte onde bo foi aplicado com cola animal. Depois de tra- alcalino baixaria o potencial de redu-
o branco de chumbo foi utilizado, tamento com ozono verificou-se a formação de ção do chumbo, facilitando a sua
como por exemplo, em miniaturas plattnerie. oxidação. Portanto, a combinação de
em pergaminhos. foi também aplicado na Capela do uma substância alcalina com uma
No entanto, nos anos 70, o dióxido de Castelo de Strechau (Stiria, Áustria) oxidante poderia desencadear a reac-
chumbo foi identificado como uma nos anos 80. No entanto, no início do ção em causa. No caso das pinturas
substância que se forma em pintu- presente século, verificou-se o reapa- murais a fresco, onde o pigmento é
ras murais. Também conhecido por recimento da degradação. aplicado directamente sobre a cal,
plattnerite, o dióxido de chumbo é o Perante esta situação, a mesma equi- ou seja, óxido ou dióxido de cálcio
produto resultante da oxidação do pa que havia caracterizado o compos- antes da reacção de carbonatação, a
branco de chumbo. to de degradação e que desenvolvera condição de meio fortemente alcalino
Em Portugal, um levantamento, o método de restauro e o aplicara é facilmente atingida, daí a degrada-
não muito exaustivo, revelou que, durante cerca de trinta anos, deci- ção imediata. No entanto, no caso das
na maioria das pinturas parentais, diu aprofundar o conhecimento dos pinturas murais a seco, o pigmento
outros pigmentos brancos foram mecanismos que desencadeiam esta é aplicado sobre o estuque já seco (e,
preferencialmente utilizados em reacção objectivando a sua compre- em princípio já carbonatado), ou seja,
detrimento do branco de chumbo. ensão, de forma a melhorar futuras sobre carbonato de cálcio, substância
Contudo, em mais de dez pintu- intervenções de restauro. practicamente neutra.
ras murais foi possível identificar a O que se sabe, então, sobre esta reac- Tendo em mente todas estas con-
plattnerite como produto de degrada- ção? À partida, o chumbo tem muito siderações, decidiu estudar-se em
ção deste pigmento. pouca tendência para se oxidar (alto laboratório a reacção em causa e ten-
Um procedimento de restauro que se potencial de redução a um pH neu- tar estabelecer relações com outros
baseia na transformação da plattnerite tro) e, portanto, as condições que parâmetros (presença de outros
no pigmento original através de uma levam a esta degradação são deveras pigmentos, diferentes aglutinantes
simples reacção de redução foi larga- intrigantes. e suportes) antes de se proceder a
mente aplicado, demonstrando ser Outra característica muito especial uma explicação do mecanismo de
muito eficaz. Actualmente, é possível desta reacção é a formação de man- reacção. Para tal, foram preparadas
verificar a eficácia de obras de restau- chas muito bem definidas e que não réplicas de pintura mural, posterior-
ro efectuadas nos anos 80 e que uti- demonstram tendência de aumen- mente submetidas a vários tratamen-
lizaram esta metodologia, como por tar com o tempo. Mesmo no caso tos de envelhecimento. Estas amos-
exemplo, na Capela do Cardeal de da Capela de Strechau, as manchas tras foram expostas, numa câmara
Portugal, que se encontra no interior que se verificaram vinte anos depois de envelhecimento, a ciclos de humi-
da belíssima igreja de San Miniato al do tratamento de restauro coincidem dade e temperatura que, no entanto,
Monte (Florença, Itália). Este método exactamente com as originais. não causaram qualquer alteração do
ponto de vista molecular. Foi, então, Relativamente à influência de outros extremamente oxidante da câmara
necessário encontrar uma forma pigmentos, verificou-se, como suge- de ozono. Provavelmente, o grau de
de provocar a reacção de oxidação. rido na bibliografia, que em pre- carbonatação do estuque no momen-
Diversas publicações descrevem ten- sença de vermelhão, o branco de to em que o artista aplica o pigmento
tativas de transformar o branco de chumbo sofreu apenas uma ligei- será crucial no processo de degrada-
chumbo em plattnerite que não alcan- ríssima degradação. Os pigmentos ção.
çaram resultados positivos. Apesar estudados, em ordem decrescente Como acima referido, este foi apenas
de se desconhecerem as verdadeiras de capacidade de protecção foram: um estudo preliminar sobre as variá-
razões que levam à oxidação, para vermelhão, malaquite e azurite veis que podem influenciar a oxi-
poder induzi-la em laboratório e em (desempenho semelhante), ocre ver- dação do branco de chumbo, sendo
tempos breves, decidiu-se construir melho, terra verde, esmalte e azul que o resultado de maior sucesso foi
uma câmara de ozono. Depois de da Prússia. É muito difícil propor na realidade a construção da câmara
algumas alterações ao seu design, uma justificação para os diferen- climática específica que permitiu ace-
a versão final optimizada consiste tes comportamentos dos pigmentos lerar uma reacção que normalmente
num gerador de ozono alimentado a estudados visto que têm, na sua maio- demora anos a verificar-se.
oxigénio que produz ozono suficien- ria, características químicas e físicas
temente puro para não desencadear muito diferentes. A dimensão das
BIBLIOGRAFIA
reacções secundárias. Esse ozono é partículas pode ser um factor deter- Gettens, R. J.; Kühn, H; Chase, W. T., “Lead
posteriormente canalizado para um minante pois partículas mais peque- White”, Artist’s Pigments, Ashok Roy (ed.)
recipiente de plástico fechado (mas nas têm um poder cobrente (covering (1986), 2, 67-82.
Albrecht Körber
Strechau, exemplo de pintura mural degradada (1984); após restauro (1988) e reaparição da degradação (2005).
não hermeticamente). A presença da power) maior e portanto uma maior Cennini, C., 1982, Il libro dell’arte; Chapters
plattnerite foi, então, verificada com o eficiência na protecção. Como refe- LIX and LXXII; Brunello, F. (ed.), Neri Pozza
Editore.
auxílio da técnica de espectroscopia rido anteriormente, o pH do meio é
Matteini, M. and Moles, A., “The reconversion
Raman e difracção de raio-X. muito importante, decidindo estudar- of oxidized white lead in mural paintings: a con-
Como conclusões finais deste estudo -se, por conseguinte, a influência que trol after a five year period”, The International
preliminar foi possível, antes de mais, os pigmentos mencionados poderiam Council of Museums – ICOM Committee for
confirmar as hipóteses anteriormente ter neste parâmetro. Efectivamente, Conservation, 6th Triennal Meeting Ottawa,
vol III (1981), 1-8.
referidas em várias publicações. O com excepção do azul de Prússia,
Koller, M.; Leitner, H. and Paschinger, H.,
óleo de linho protege muito bem o verificou-se que existe uma variação “Reconversion of altered lead pigments in alpine
pigmento em causa. A explicação inversamente linear entre a alcali- mural paintings”, Studies in Conservation, 35
mais coerente prende-se com o facto nidade induzida e a capacidade de (1990), 15-20.
de este aglutinante orgânico formar proteger o branco de chumbo. No Garcia, M. C. P.; “A obra al negro vs. a obra ao
branco – Alteração do branco de chumbo na pintu-
um filme muito fino, flexível e resis- entanto, não se pretende que esta seja
ra mural portuguesa – Experiências de reconver-
tente que evita o contacto com os pos- a única explicação para o diferente são”, Trabalho final de estágio, Lisboa 2000.
síveis agentes poluentes presentes na comportamento dos pigmentos.
atmosfera. O pigmento sofreu uma Ulteriormente, verificou-se a impor-
degradação mais extensa quando tância da alcalinidade do suporte. O
aplicado a fresco, como era previsto, branco de chumbo foi aplicado sobre
mas também em presença de cola pedra de Lecce, um tipo de pedra CRISTINA AIBÉO,
animal. Esta substância degrada-se constituída quase exclusivamente Doutoranda de Ciências para a
facilmente, perdendo as suas carac- por carbonato de cálcio. Como seria Conservação do Património Cultural
terísticas de coesão. A caseína e o de esperar, o pigmento não sofreu na Universidade de Florença
ovo revelaram ser eficazes contra a qualquer alteração mesmo após aibeo@yahoo.com
degradação em causa. prolongada exposição à atmosfera
VIDRO PROTECTOR
Sabendo de antemão que a maior
ameaça para os vitrais é o nível ele-
vado de humidade, mais especifica-
mente a condensação que, ao ocor-
rer na superfície de vidro, desen-
cadeia fenómenos de corrosão, é
Janela não protegida à esquerda e janela com protecção isotérmica à direita. fácil entender que a melhor medida
Tratadismo e património
O Renascimento assumiu a memória das antiguidades romanas como atitude de referência a valo-
res sociais, humanos e até políticos, o qual pretendia reacender sentimentos positivos das comu-
nidades do espaço italiano à luz da tradição identificável dos seus mais poderosos antepassados.
Era o renascimento da cultura clássica greco-latina como afirmação hegemónica no espaço medi-
terrânico, depressa transformado no padrão unificador das artes na civilização ocidental.
de relíquias soltas levadas para casa Coliseu ou as Basílicas tardo-roma- cilmente atingível. Foi necessário
dos coleccionadores. Foi nessa linha nas, reutilizando-as como pretexto passar pela experiência romântica
que Leon Battista Alberti dedicou da imagem de grandeza da nova para estender o valor de memória
um dos seus mais famosos textos, Roma católica. íntima às mais diversas formas cons-
De Re Aedificatori, à reinterpretação Diferentes foram os tratados do truídas. Primeiro as medievais como
do tratado de Vitrúvio, da época de século dezasseis. Completamente sinal de outros tempos e espaços
Cesar Augusto, também este consti- dirigidos para servir como catálogo das sociedades perdidas e, ingenua-
tuído por um conjunto de normati- de formas e organizados para ins- mente, entendidas como experiên-
vas tendentes a garantir as qualida- truir sobre as regras de uma sintaxe cias positivas de equilíbrio social.
des construtivas e operacionais das classicista em arquitectura, toma- Depois as exóticas, distantes, utó-
arquitecturas mais representativas vam o levantamento rigoroso dos picas ou inatingíveis, como escolha
das virtudes do império, incluindo edifícios antigos como modelo do pessimista de quem renegava o pre-
a ideia de copiar os monumentos da fazer, contribuindo também para o sente e já não acreditava no futuro.
Grécia antiga. O escrito teórico de reconhecimento da importância da E assim se perdeu o jeito tratadista
Alberti sobre a arquitectura desen- sua conservação. Ao longo de todo de imitar o antigo e as razões da
volve-se ao nível dos conceitos e o percurso da história moderna na disciplina no fazer, porque os povos
métodos para a construção da cida- Europa, até à revolução industrial preferem agora procurar as memó-
de ao serviço dos homens. E coloca- e ao romantismo dela decorrente, rias que os ajudem a compreender a
-se, de modo muito claro, ao lado da as academias das artes e, em espe- sua própria identidade.
ideia de conservar os monumentos cial as academias de arquitectura,
antigos de Roma como amostra e dedicaram-se a tomar o tratadismo
lição para os vindouros, exemplo de como princípio absoluto da apren-
beleza mas também expressão do dizagem e os monumentos clássicos
saber dos povos antigos. Foi então como testemunho da qualidade a
que as autoridades da Igreja se atingir na criação, conferindo-lhes DOMINGOS TAVARES,
Arquitecto
deram conta da importância dessas um papel de modelo, ou arquétipo,
arquitecturas excepcionais, como o marca memorial de uma beleza difi-
Valorização do Mosteiro de
Santa Clara-a-Velha de Coimbra
Contemporaneidade e Passado...
O Sítio devolvido à cidade e ao País
Coimbra ansiava, há largas décadas, que a velha Igreja do Mosteiro de Santa Clara e as histórias
que o conjunto encerra, entre mistérios de vivências monásticas, de uma luta desigual com as gentes
que aqui sobreviveram e as tormentosas águas do Mondego, de uma senhora Rainha de Portugal e
patrona desta Cidade – Isabel, de uma Inês martirizada cuja dignidade tem vindo a ser recentemen-
te restituída, Coimbra aguardava, dizia, que este objecto patrimonial lhe fosse devolvido.
INVESTIGAÇÃO, VALORIZAÇÃO
E ESTRATÉGIAS…
O projecto de valorização de Santa
Clara-a-Velha revestiu-se de aspectos
peculiares que não encontramos em
intervenções noutros monumentos.
Da inicial requalificação do acesso
e percurso de visita à igreja semi-
-alagada, passou-se à descoberta de
Artur Côrte-Real (DRCC)
Como as modificações nas acti- mais adiante, ou para o laboratório da Universidade de Lisboa, e passou
vidades humanas, provindas das imponente de tecnologias de ponta, seguidamente a um alargamento
ciências, impõem um recorte nas ao virar da outra esquina. e aprofundamento por um equi-
cidades, num cruzamento mútuo Paralelamente, num contexto de glo- pa interdisciplinar com cerca de 70
– com influências, condicionamen- balização e porque a modernidade voluntários, entre consultores, cola-
tos e determinações –, o dinamismo transformou os interesses e exigên- boradores, participantes e webmas-
urbano dá visibilidade ao dinamis- cias, quando viajarmos, vamos que- ters. Dada a riqueza da temática
mo científico e técnico/tecnológico. rer ver coisas fora dos clichés rotos e como Lisboa provou que muito
Realidade que muito pode ser apro- por tanto uso no mesmo tipo de pode ensinar científica e tecnica-
veitada como elemento formativo, cartaz. A expectativa será, sim, de mente, o desejo de fazer intervir a
ao serviço de uma comunidade mais conhecer realidades diferentes e de investigação na prática e em aplica-
consequente, pois favorece a percep- aproveitar para ver aquilo que não ções imediatas, tem vindo a desdo-
ção de quanto eles intervêm na con- está na Internet ou aquilo que ela faz brar-se em diferentes produtos1, que
solidação da cultura. Assim sendo, a antever pelo desejo. Que ninguém comportam, de momento:
leitura desta configuração, comple- duvide, a importância das ciências • Base de dados com fichas relativas
xa e difusa, da visão à compreensão, e técnicas/tecnologias na moderni- a objectos e a sujeitos, 1000 online2
tem um impacto muito mais amplo dade torna-as presença muito fortes e 1000 em elaboração, elaboradas
do que é suposto comummente, pois no mundo actual, e isso vai ter que segundo estas características: cate-
implica uma vertente gnosiológica fazer parte dos programas e rotei- gorias – ciências, técnicas, tecno-
e epistemológica a favorecer uma ros turísticos. Como corresponde- logias, configurações (contextos e
consciência mais articulada entre o rá a matéria que requer particular impactos histórico-políticos, sócio-
saber e a urbe. investimento na formação interdis- -económicos e literários-culturais),
Nas metrópoles, as pessoas têm cada ciplinar do sector, fundamental para memórias e curiosidades; domínio
vez menos uma relação próxima com uma informação rigorosa e exigente. do conhecimento – 42 domínios dis-
a envolvente quotidiana urbana: da Será importante, pois, que estes vec- poníveis; tipo – toponímia, construí-
avenida à estátua por onde passam; tores facultem resultados interpre- do e estatuária; entidades e compo-
do vestígio da ponte romana ao tativos conducentes à definição de nentes a que estão ligados; acessibi-
saber-fazer tradicional. Isso empo- ambientes culturais, para conseguir lidades para invisuais ou deficientes
brece a vida e contribui para sensa- circunscrever interferências defini- motores; GPS). Com vista a garan-
ções de desagregação e insegurança. doras entre lugar – património – tir uma maior visibilidade, está em
Como efeito, a sensação de solidão memória, e compreender melhor os curso o processo para a copiar, pro-
à ida para o trabalho ou no passeio nichos humanos onde as ciências ximamente, como “enciclopédia” do
semanal também pode resultar disto e as técnicas/tecnologias coabitam Sapo/Saber (http://marcasdascien-
tudo. Conjuntura agravada, quan- com a cidade. cias.fc.ul.pt/pagina/inicio);
do se está perante o desconhecido, Com base neste tipo de preocupa- • Criação da disciplina de Ciência e
ou seja fora da terra. Mas que será ções, o projecto Marcas das Ciências Cidades, no contexto das disciplinas
modificada, caso se saiba qual era e das Técnicas pelas ruas de Lisboa de FCSE da Faculdade de Ciências
o processo usado pelo padeiro com teve início remoto há mais de dez da Universidade de Lisboa;
nome recordado nesta travessa ou anos, no âmbito das disciplinas de • Núcleo de turismo científico e tec-
a cientista pioneira que ali viveu e História das Ciências, Sociologia das nológico (NTCT), sedeado na Junta
passou a topónimo, como a justifica- Ciências e Filosofia das Ciências, mi- de Freguesia do Campo Grande;
ção para o memorial ao navegador nistradas na Faculdade de Ciências objectivo imediato de contribuir
com percursos, passeios e publi- • Início da colecção Marcas das – A Colina de Santana e do Rato ao
cações para as Comemorações do Ciências e das Técnicas da Editora Chiado, II – Alcântara, Ajuda e Santa
I Centenário da Universidade de Apenas Livros. No prelo: Ana Maria de Belém; Isabel Marcos – As
Lisboa, em 2011 (http://turismocien- Luísa Janeira – Configurações de Marcas da Cultura Mundializada na
tificotecnologico.wordpress.com); Lisboa: Ciências, Técnicas, Saberes – I forma de Lisboa.
Como consequência e sem querer
ficar limitado por estas realidades,
mas desejando alargá-las3, o objec-
tivo maior do projecto é preparar
pessoas para que outros vivam des-
cobertas do género, misto de saber
Início > Fichas
e de prazer, e as aproveitem como
Todos os sujeitos Turismo Científico e Tecnológico,
com gestos de cidadania.
Jacob Rodrigues Pereira (Ref.: F.182) AA • Revisão: ALJ
Última actualização: 23:26, 25/11/2008
NOTAS
1
A gestão dos produtos está entregue à
empresa PoisosSendas&Saberes, dinamizada
por Maria Mascarenhas.
2
Área coberta aproximadamente e já online:
Santa Apolónia a Pedrouços, entre o Tejo e a
cota do Jardim Amália.
3
Exemplo: levantamento de dados por um
grupo de alunos e professores da Escola
Secundária de Montemor-o-Novo, com vista
Domínio do conhecimento a dar início a um projecto intergeracional
Ciências da educação sobre Marcas das Ciências e das Técnicas pelo
concelho de Montemor-o-Novo, que se espe-
Cronologia
Nasceu no ano de 1715 em Peniche e faleceu em Paris em 1780. Tornou-se membro da Royal Society of London, ra poder vir a ter o apoio da Câmara Muni-
em 1759, e também da Academia de Paris. Publicou "Observations Sur Les Sourd-Muets", em 1762. Em 1834 foi cipal de Montemor-o-Novo e contar com
fundado, entre nós, e em sua memória, o Instituto Jacob Rodrigues Pereira. a colaboração da Universidade da Terceira
Idade, Arquivo Municipal e Escola Secundá-
Historial ria locais (http://marcas-mon.blogspot.com).
O pai chamava-se Magalhães Rodrigues Pereira, natural de Chacim, Macedo de Cavaleiros, logo com apelidos
tipicamente portugueses, facto que desfavorece a tese de uma origem espanhola. A mãe chamava-se Abigail
Ribea Rodrigues, possivelmente também de descendência judaica. Jacob nasceu em Peniche, onde existem
referências toponímicas na Praça Rodrigues Pereira. Baptizado como Francisco António Rodrigues, a "camu-
flagem" de nomes contornaria os caminhos da inquisição, o que era comum nesta altura, mas, nem por isso,
a família sentiu segurança, a ponto de mudar-se para Bordéus, onde já havia uma comunidade judaica portu-
guesa. Nesta cidade, dedicou-se ao estudo da comunicação com e para surdos-mudos, pois tinha um carinho
especial por eles, dado serem discriminados e vistos como loucos. A influência espanhola que recebeu deve-se
ao intercâmbio de saberes com o padre Juan Pablo Bonet, que elaborou um código de sinais de comunicação ANA LUÍSA JANEIRA,
com surdos e representou uma fonte para os seus métodos. Em Bordéus, deixou influência na toponímia, Professora Associada com Agregação em
especificamente na Rue Rodrigues-Pereire, e em Paris, no Boulevard Pereire e numa estação do Metro perto
dos Champs-Elysées. O Rei Luís XV reconheceu-o, no papel de pedagogo, de investigador e na benemerência
Filosofia das Ciências, Secção Autónoma
social, atribuindo-lhe uma pensão generosa e vitalícia. Esta família teve, em França, grande influência em vários de História e Filosofia das Ciências,
domínios, da política ao mundo das finanças, passando pela construção dos primeiros caminhos-de-ferro. Faculdade de Ciências da Universidade
Foram igualmente donos fundadores da Société du Crédit Mobilier e, quando esta instituição entrou em
processo de falência, contribuíram com dinheiros próprios para a sua restauração. Com igual dinamismo, foram de Lisboa.
donos da Compagnie Générale Transatlantique – French Line, fundada em 1861, uma das mais bem apetrecha- Co-fundadora, primeira coordenadora e
das e mais rápidas na travessia França-América. Nos finais do séc. XIX, a família Pereire converteu-se ao catoli- actualmente investigadora do
cismo, como forma de não serem mais perturbados pelos anti-semitas. Por último, este estudioso foi sepultado
no cemitério hebraico de La Villette, em Paris, e depois transferido para o de Montmartre, onde repousa. CICTSUL – Centro Interdisciplinar de
Ciência, Tecnologia e Sociedade da
Galeria de imagem Universidade de Lisboa, Instituto de
Início > Fichas Investigação Científica Bento da Rocha
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Foi sempre um aluno muito bri- associações que deu as suas célebres nadores são António da Silveira,
lhante tendo frequentado liceus em conferências que começaram a fazer Manuel Valadares e António Ani-
Santarém e Lisboa (Pedro Nunes), dele uma figura lendária entre as ceto Monteiro. Com o “Núcleo”
e entrado para o Instituto Superior classes populares. De entre aque- dá-se início a um movimento muito
do Comércio, mais tarde designa- las que ficaram célebres destaco A mais amplo de renovação cientí-
do Instituto Superior de Ciências Vida e Obra de Evaristo Galois, 1932, fica em moldes modernos e com
Económicas e Financeiras (ISCEF) Galileo Galilei – valor científico e valor padrões internacionais que, na
– o actual Instituto Superior de moral da sua obra, 1933, Escola Única, matemática, veio a ser conhecido
Economia e Gestão (ISEG) – onde 1935, e, particularmente, A Cultura como “Movimento Matemático” e
terminou o curso em 1923. Integral do Indivíduo - problema central que só foi aniquilado em 1946-47
Ainda estudante foi 2.º Assistente do nosso tempo, 19331. com as expulsões de muitos profes-
de Aureliano de Mira Fernandes. Também contribuiram para o seu sores universitários.
Passou a 1.º Assistente em 1924 e foi prestígio os inúmeros artigos que O “Núcleo” contava também com a
nomeado Professor Catedrático em escreveu para algumas revistas, colaboração muito activa de Bento
Dezembro de 1929, a pouco tempo como, por exemplo, A Luta Contra de Jesus Caraça, que foi um dos seus
de completar apenas 29 anos. a Guerra, 1932, Abel e Galois, 1940, fundadores – o único que não tinha
Nos anos 30 era já uma pessoa com Galileo e Newton, 1942. Respondendo a feito estudos de doutoramento no
um enorme prestígio, sobretudo críticas de António Sérgio, trocou com estrangeiro – tendo sido ele a dar
entre a juventude. Isso deve-se prin- este várias cartas, na revista Vértice, início às suas actividades em 16 de
cipalmemte ao facto de ter sido um em 1946, que ficaram célebres como Novembro com a primeira lição de
dos fundadores da Universidade uma das mais importantes disputas um curso sobre Cálculo Vectorial.
Popular Portuguesa (com apenas 18 ideológicas do nosso século XX1. Acompanha este artigo o cartaz que
anos!) tendo chegado à presidência Em 1936 é fundado o Núcleo de anuncia este curso.
em 1928, iniciando a sua reactivação Matemática, Física e Química, em Criado com ambições mais vastas,
e reorganização. Foi aí e noutras Lisboa, cujos principais impulsio- nomeadamente no que diz res-
peito à investigação científica, o
“Núcleo” limitou-se essencialmen-
te a ministrar cursos de elevado
nível, o primeiro dos quais foi o
de Bento Caraça. A ideia era a de
serem publicados em livro, o que só
acabou por ser feito com os minis-
trados por Bento de Jesus Caraça,
Ruy Luís Gomes e Amorim Ferreira,
em edições de muito boa qualidade.
Embora o fascismo lhe tivesse movi-
do perseguições diversas, entre as
quais dificultando a utilização das
Universidades, o “Núcleo” acabou
por se dissolver, por divergências
internas, em 6 de Novembro de
1939.
Mas o “Movimento Matemático”
– cujas principais figuras foram
Cartaz anunciando um curso de Bento Caraça, 1936. António Aniceto Monteiro, Bento
universitária6.
Não foi só o acaso que levou a que
tenha sido Bento de Jesus Caraça a
fazer as palestras que marcam his-
toricamente o início do “Movimento
Matemático” e que a sua expulsão
em 1946 e a sua morte em 1948
tenham coincidido com o aniquila-
mento, pelo fascismo, daquele movi-
mento de renovação científica. De
facto, Bento de Jesus Caraça simboli-
za uma época de resistência e de luta
pela modernização, pela divulgação
e pela popularização da Ciência em
Portugal. Simboliza ainda toda uma
geração de cientistas, de intelectu-
ais, de trabalhadores, de jovens que
lutaram pelo acesso do povo ao
Ensino, à Cultura, à Ciência, à Paz e
à Liberdade.
Conjunto de matemáticos, Escola Politécnica, 1942. Bento Caraça é o quinto a contar da esquerda.
Empripar, OPP, SA . Rua do Barreiro, 467 . 4470-573 . Maia - Portugal . Tel.: +351 . 226 399 210 - Fax: +351 . 229 399 219
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AS LEIS DO PATRIMÓNIO
O Ajuste Directo na
Modernização do Parque Escolar
Só obra nova ou também reabilitação?
Informações:
http://ripam3.lis.ulusiada.pt
O ano de 2009 tem sido profícuo na de referência, dando preferência aos A In Situ foi fundada em 1996 e é
defesa da excelência na conservação melhores materiais de construção uma empresa especializada na con-
e no restauro do património arqui- conjugados com as melhores técni- servação, restauro e no estudo de
tectónico. Neste sentido, apresen- cas de intervenção. bens culturais. Com o objectivo de
tam-se os três novos associados do Ao longo dos seus 20 anos de exis- permitir uma resposta abrangen-
GECoRPA: a Coberplan, Sistemas tência, a Matias & Ávilas tem vindo te às solicitações do mercado da
de Construção e Reabilitação de a crescer de forma sustentada devi- conservação e restauro, reuniu nos
Edifícios, Ld.ª, a In Situ, Conservação do ao seu objectivo permanente de seus quadros e colaboradores uma
de Bens Culturais, Ld.ª e a Matias & construir com um elevado nível de equipa multidisciplinar de grande
Ávilas, Construção Civil e Obras qualidade e cumprimento dos pra- mérito técnico-científico, especialis-
Públicas, Ld.ª. zos e orçamentos propostos. Nos tas em áreas como as estruturas
A Coberplan nasceu de uma neces- últimos anos, tem caminhado para arquitectónicas em pedra, a pintura
sidade do mercado em conceber, uma intervenção diferenciada e mural e decorativa, a pintura sobre
concretizar e dinamizar soluções em integrada no património edificado, tábua e tela, os recheios artísticos em
coberturas e pisos, tanto na reabili- agregando competências que vão talha, os revestimentos tradicionais
tação de edifícios como em constru- do diagnóstico de patologias e pro- em gesso e cal e os revestimentos
ção nova. Identificando esta necessi- jectos à identificação e reprodução azulejares e cerâmicos.
dade, a empresa tornou-se parceira de técnicas tradicionais aplicadas à
estratégica de grupos económicos reabilitação. RSB
Intervenção no quartel da serra do Pilar Reabilitação da fachada e cobertura do prédio na Trabalhos de fixação da pintura na cúpula da
(Coberplan). Av. Liberdade, n.º 177 (Matias & Ávilas). Igreja do Santíssimo Sacramento de Lisboa,
obra em curso (In Situ).
Nos tempos anteriores ao 25 de onde podemos ir” na conservação e carece de um reconhecimento legal.
Abril, a comunicação oral revestia-se reabilitação. Deste modo, os critérios Outro dos pontos expostos foi o do
de especial importância, já que sendo que norteiam uma intervenção foram contributo da reabilitação para a sus-
um momento, e não um registo, per- enumerados, de forma a expor a plu- tentabilidade da sociedade. A reabi-
mitia uma fuga às malhas da cen- ralidade de bens que podem ser alvo litação proporciona o aproveitamen-
sura. Assim, o Jornal Falado surgiu, de trabalhos, desde parcelas de casas to do stock construído, o que evita
afigurando-se como evento/local de particulares até monumentos histó- o consumo de materiais e energia.
debate de ideias. Agora, em tem- ricos inteiros. Seria legítimo falar de Além disto, a reabilitação de cariz
pos eleitorais de certo desencanto reabilitações, mas entretanto a legis- energético possibilita um grande
democrático, à conversa chega a rea- lação não só apaga a multiplicidade aumento da eficiência dos edifícios.
bilitação urbana. Esta, longe de ser como destrói qualquer vestígio da Estes são responsáveis por 60 por
alvo de proibições, é frequentemente actividade. cento do consumo total de energia,
esquecida na prática, e desconhecida Segundo Vítor Cóias, a especifici- por isso a diminuição do desperdício
nas potencialidades. A fim de mos- dade da reabilitação é ignorada no inerente ao edificado pode equivaler
trar algumas das vantagens e requi- que concerne o aspecto jurídico, a à construção de algumas barragens.
sitos da reabilitação, o presidente do começar pelo CAE, que desconhece No final da apresentação ocorreu um
GECoRPA, Vítor Cóias, apresentou, palavras como conservação, restauro breve debate, em que a assistência
no dia 20 de Maio, a comunicação e reabilitação. Indiferente, também, não só colocou questões, como tam-
intitulada “O património arquitectó- é o código dos contratos públicos. bém referiu experiências na prática
nico e a reabilitação urbana”. Alienada, a lei ainda peca por juntar da reabilitação urbana.
Apesar da amplitude do tema, foi num mesmo estaleiro empresas de
possível sair do Centro Nacional de construção nova e de conservação. RSB
Cultura (CNC), entidade organiza- Concluiu-se que a formação especí-
dora do Jornal Falado, com uma ideia fica dos trabalhadores da reabilita-
geral de “onde estamos” e “para ção, essencial na prática quotidiana,
Os Atlantes
2009 é o Ano Internacional de Astro- salvaguarda e à conservação do Há 400 anos, Galileu anunciava no
nomia (http://www.astronmia2009. património (www.cienciapt.net). seu Sidereus Nuncius (“Mensageiro
org/) e as actividades organizadas em No campo da botânica, que como das Estrelas”), que as ‘rústicas’ mon-
Portugal pela Sociedade Portugue- se sabe é historicamente indisso- tanhas da Lua não diferiam das da
sa de Astronomia conjugam o inte- ciável da astronomia, destaque Terra. Abria-se uma janela à ima-
resse pela ciência e pelo patrimó- para as notícias desta semana no ginação colectiva “De la Terre à la
nio, designadamente o arranque das Público (www.publico.clix.pt), que Lune”, desde Cyrano de Bergerac a
celebrações astronómicas promovi- dão conta de um ambicioso projec- Júlio Verne. E há já quem se inter-
das no âmbito do Dia Internacional to para a elaboração do primeiro rogue se, a este ritmo de alterações
dos Monumentos e Sítios, no Panteão Atlas Total da Flora Europeia, a ser climáticas, não será previdente ir
Nacional, em Lisboa. desenvolvido por uma mega equipa pensando numa nova Arca de Noé,
Por todo o país, têm decorrido pa- de investigadores de toda a Europa, ao estilo Atlânte de Edgar P. Jacobs.
lestras e observações astronómi- com a coordenação em Portugal, Aparentemente, a civilização sofre
cas nocturnas, abertas ao público da responsabilidade do investigador de uma deriva natural para a pró-
em geral, tendo por plataforma António Xavier Pereira Coutinho, pria destruição. Nesse sentido, ter-
de observação alguns monumen- do Departamento de Botânica da mino com a recomendação de uma
tos nacionais iconográficos, como o Faculdade de Ciências e Tecnologia visita à Reserva Botânica do Instituto
Mosteiro dos Jerónimos, o Panteão da Universidade de Coimbra. Em de Agronomia (www.isa.utl.pt), na
Nacional, o Mosteiro de Alcobaça e paralelo a este trabalho, o docente Tapada da Ajuda. Autêntica relí-
o Castelo de Silves. integra, também, a comissão res- quia do manto original, apesar de
Respondendo ao apelo do Conselho ponsável pela elaboração do Livro se encontrar num estado de semi-
Internacional dos Monumentos e Sí- Vermelho da Flora Portuguesa, -abandono, este valoroso patrimó-
tios (ICOMOS), o IGESPAR (Insti- onde se procede à catalogação das nio português ao serviço da ciên-
tuto de Gestão do Património Arqui- espécies ameaçadas no nosso país. cia resiste contra os ventos vora-
tectónico e Arqueológico) apresenta Este ilustre académico, meu primo, zes das grandes multinacionais de
uma programação de sensibilização homónimo e amigo, tem honrado OGM (Organismos Geneticamente
do público para a relação entre a a tradição de gerações que o pre- Manipulados).
ciência e o património cultural, pro- cederam na defesa da fauna e da
porcionando uma reflexão sobre o flora portuguesa através da ciên-
papel da ciência (e tecnologia) no cia. Importa, hoje, defender o patri-
património cultural, e incentivando mónio botânico, pois este constitui
ainda a discussão sobre os poten- um elemento imprescindível para a
ANTÓNIO PEREIRA COUTINHO,
ciais benefícios e ameaças da ciên- compreensão da nossa história e até
Arquitecto
cia no futuro, no que diz respeito à do património edificado.
NOVIDADES
Autor: António Moret Rodrigues, António Canha da Piedade, Ana Autor: Josué Lima Morais
Marta Braga Este livro começa por uma breve introdução à “Geometria Solar”,
Obra profusamente ilustrada, com dezenas de problemas resol- tratando o movimento da Terra em torno do Sol e estabelecendo
vidos e explicados, incluindo um caso de estudo descrevendo a a ponte para o aproveitamento da energia irradiada pelo Sol.
aplicação do RCCTE a uma situação concreta. Trata de forma simples das tecnologias associadas às células foto-
Este livro pretende fornecer o conhecimento elementar para o voltaicas, aos equipamentos de controlo e conversão, e ainda às
ajustamento do projecto à normativa regulamentar, mas também baterias acumuladores. O dimensionamento de um sistema ligado
fornecer bases científicas seguras aos que pretendem aprofundar à rede e de um sistema isolado são apresentados passo a passo
as matérias abordadas, de maneira a propiciar a procura de soluções inovadoras na no capitulo final.
satisfação das exigências de conforto higrotérmico com parcimónia no uso de recursos Destinado a todos os técnicos electrotécnicos e a projectistas de sistemas solares foto-
energéticos e na poluição ambiental. voltaicos, contém os conhecimentos necessários ao entendimento e desenvolvimento de
projectos de sistemas fotovoltaicos.
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Sistemas de Construção X – Jóias da Coroa International Seminar on Theory and Practice in António Rodrigues.
em Terra. Demolições. Betão Tensionado. Conservation. A tribute to Cesar Brandi Renascimento em Portugal
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Pedra & Cal
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reunidos no CD-ROM Pedra & Cal - 5 Anos (1998-2003), à venda na Livraria GECoRPA.
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GRUPO I
A. da Costa Lima, Fernando Ho,
Projecto, Francisco Lobo e Pedro Araújo Betar – Estudos e Projectos
– Arquitectos Associados, Ld.ª de Estabilidade, Ld.ª LEB – Projectistas, Designers
fiscalização Projectos de conservação e restauro Projectos de estruturas e fundações e Consultores em Reabilitação
do património arquitectónico. para reabilitação, recuperação de Construções, Ld.ª
e consultoria Projectos de reabilitação, recuperação e renovação de construções Projecto, consultoria e fiscalização
e renovação de construções antigas. antigas e conservação e restauro na área da reabilitação do património
Estudos especiais do património arquitectónico. construído.
PENGEST – Planeamento,
Engenharia e Gestão, S. A.
Projectos de conservação e restauro
do património arquitectónico.
Projectos de reabilitação,
recuperação e renovação de
construções antigas. Gestão, consulta-
doria e fiscalização.
GRUPO II
Levantamentos,
ERA – Arqueologia - Conservação
inspecções e Gestão do Património, S. A. OZ – Diagnóstico, Levantamento
Conservação e restauro de estruturas e Controlo de Qualidade
e ensaios arqueológicas e do património de Estruturas e Fundações, Ld.ª
arquitectónico. Levantamentos. Inspecções e ensaios
Inspecções e ensaios. Levantamentos. não destrutivos. Estudo e diagnóstico.
GRUPO III
Execução BEL – Engenharia e Reabilitação
AOF – Augusto de Oliveira Ferreira de Estruturas, S. A.
dos trabalhos & C.ª, Ld.ª Conservação e restauro do patrimó-
Alfredo & Carvalhido, Ld.ª Conservação e reabilitação de nio arquitectónico.
Empreiteiros Conservação e restauro do património edifícios. Consolidação estrutural. Reabilitação, recuperação e renovação
arquitectónico. de construções antigas.
e Subempreiteiros Conservação e reabilitação de
Cantarias e alvenarias. Pinturas.
Carpintarias. Conservação e restauro Instalações especiais em património
construções antigas. de património artístico. arquitectónico e construções antigas.
Coberplan, Ld.ª
Conservação e restauro do patrimó- Cruzeta – Escultura e Cantarias,
nio arquitectónico. COPC – Construção Civil, Ld.ª Restauro, Ld.ª
Construções Borges & Cantante, Ld.ª Reabilitação, recuperação e renovação Construção de edifícios. Conservação e reabilitação
Construção de edifícios. de construções antigas. Conservação e reabilitação de construções antigas. Limpeza
Conservação e reabilitação Instalações especiais em património de construções antigas. Recuperação e restauro de cantarias, alvenarias
de construções antigas. arquitectónico e construções antigas. e consolidação estrutural. e estruturas.
NaEsteira – Sociedade de
Monumenta – Conservação Urbanização e Construções, Ld.ª
e Restauro do Património Conservação e restauro do patrimó-
Arquitectónico, Ld.ª nio arquitectónico.
Conservação e reabilitação Reabilitação, recuperação e renovação Policon - Construções, S. A.
de edifícios. Consolidação estrutural. de construções antigas. Conservação , restauro e reabilitação Poliobra – Construções Civis, Ld.ª
Conservação de cantarias Instalações especiais em património do património construído e Construção e reabilitação de
e alvenarias. arquitectónico e construções antigas. instalações especiais. edifícios. Serralharias e pinturas.
GRUPO IV
Fabrico e/ou
distribuição
Umbelino Monteiro S. A.
de produtos ONDULINE – Materiais Tintas Robbialac, S. A. Produção e comercialização de
de Construção, S. A. Produção e comercialização
e materiais Produção e comercialização de produtos de base inorgânica
produtos e materiais para o
património arquitectónico e cons-
de materiais para construção. para aplicações não estruturais. truções antigas
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Reabilitação do património
Duas Inglesas muito cultas que nos fazem reviver o passado