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ÍNDICE

1. CAPÍTULO I.......................................................................................................................................2
1.1. Introdução....................................................................................................................................2
1.2. Objectivos....................................................................................................................................3
1.3. Metodologia.................................................................................................................................4
2. CAPÍTULO II (INCERTEZA E RISCO NA AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTO).........................5
2.1. Considerações Iniciais.................................................................................................................5
2.1.1. Incerteza...............................................................................................................................5
2.1.2. Retorno................................................................................................................................5
2.1.3. Risco....................................................................................................................................5
2.1.4. Avaliação.............................................................................................................................5
2.1.5. Investimento........................................................................................................................5
2.1.5.1. Avaliação de investimento...............................................................................................6
2.1.5.1.1. Métodos de avaliação de investimentos...........................................................................6
1. Período de Payback (PB) Simples e Descontado.............................................................................7
2. Valor Presente Liquido (VPL).........................................................................................................7
3. Taxa Interna de Retorno (TIR)........................................................................................................8
4. Análise do Risco (analise de sensibilidade).....................................................................................9
Fluxo da caixa descontado...........................................................................................................................9
2.2. Incerteza e risco na avaliação de investimentos...........................................................................9
2.2.1. Incerteza na avaliação de investimentos.............................................................................10
2.2.2. Risco na avaliação de investimento...................................................................................10
2.2.2.1. Classificação dos riscos.................................................................................................12
2.2.2.1.1. Subáreas do risco de mercado e do risco de crédito.......................................................14
Quadro 1 - Principais subáreas do risco de mercado..........................................................................14
2.2.2.2. Gestão do risco...............................................................................................................16
3. CAPÍTULO III..................................................................................................................................17
3.1. Conclusão..................................................................................................................................17
3.2. Referências bibliográficas..........................................................................................................18
1. CAPÍTULO I

1.1. Introdução
Mercado financeiro é como se denomina todo o universo que envolve as operações de compra e
venda de activos financeiros, tais como valores mobiliários (acções, obrigações, etc.),
mercadorias (pedras preciosas, etc.) e câmbio. É também o ambiente que envolve as operações
de investimento financeiros. Um projecto de negócio pressupõe uma seria de decisões de
efectuar investimento, ou explorar o capital e/ou outros recursos existentes, com objectivo de
obter os benefícios. Para evitar os riscos, optimizar os resultados ou escolher o melhor projecto a
decisão de investimento é necessário efectuar uma análise financeira dos fluxos geridos, Poitan
(2014). Ao recorrer ao mercado financeiro para realizar um investimento é necessário analisar a
instituição financeira e os activos financeiros que estão sendo adquiridos, assim como avaliar os
riscos de cada operação, o que possibilitará que os retornos possam ter suas probabilidades
distribuídas diante das diversas variáveis, passando-se de uma situação de incerteza para uma
situação de risco, destaca Pereira (2014). Embora o mercado financeiro esteja cada vez mais
regulado, nenhuma estratégia de investimento é livre de risco e os investidores necessitam
estarem atentos à dinâmica e a evolução das normas e regras específicas de cada mercado,
condição para um investimento seguro e eficiente, refere Pereira (2014). O propósito da
avaliação de investimentos é estimar as oportunidades económicas de um projecto de
investimento proposto. Ela é uma metodologia para se calcular os retornos esperados baseados
nas projecções dos fluxos de caixa de muitas variáveis do projecto, frequentemente inter-
relacionadas. O risco surge da incerteza envolvendo estas variáveis do projecto. A avaliação do
risco do projecto depende, portanto, por um lado da nossa habilidade em identificar e entender a
natureza da incerteza envolvendo as principais variáveis do projecto, e por outro lado, em termos
das ferramentas e metodologias para processar suas implicações no risco sobre o retorno do
projecto, refere (Bertolo). Pretende-se com o presente trabalho realizar uma abordagem acerca da
incerteza e riscos na avaliação de investimentos.
1.2. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
 Compreender as incertezas e riscos na avaliação de investimentos.
1.1.2. Objectivos específicos
 Conceituar incerteza e riscos na avaliação de investimento;
 Identificar as incertezas e riscos na avaliação de investimento;
 Descrever as incertezas e riscos na avaliação de investimento.
1.3. Metodologia
Para a concretização dos objectivos deste trabalho utilizamos como metodologia a pesquisa
bibliográfica. Pois o presente trabalho de pesquisa foi meramente de revisão de literatura. O tipo
de pesquisa utilizado neste presente trabalho foi o expositivo-descritivo, porque o que se
pretende com o presente trabalho é apresentar as incertezas e riscos na avaliação de
investimentos. A técnica de pesquisa adoptada neste trabalho foi a de levantamento
bibliográfico: através da consulta de manuais, que abordam assuntos ligados a análise de
investimentos, economia e finanças, fez-se também a consulta de artigos científicos, teses,
dissertações, monografias, pesquisas científicas, e algumas explanações ou definições de
conceitos importantes utilizados durante a pesquisa desse trabalho, e por outro lado foi feita a
pesquisa na internet como forma de conhecer as actuais abordagens acerca das incertezas e riscos
na avaliação de investimentos.
2. CAPÍTULO II (INCERTEZA E RISCO NA AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTO)

2.1. Considerações Iniciais


De acordo com Megliorini e Vallim (2009) apud Pereira (2014), havendo possibilidade de se
fazer estimativas de probabilidade para os rendimentos previstos em um investimento, passa-se de
uma situação de incerteza para uma situação de risco, podendo-se afirmar que:

2.1.1. Incerteza
Incerteza é uma situação de dúvida ou insegurança de resultados, sem forma de quantificar
possibilidades de situações positivas ou negativas.
A incerteza está associada à ausência de conhecimentos ou de informação sobre os
acontecimentos futuros, o que não possibilita conhecer com antecipação o resultado de um
investimento (MEGLIORINI; VALLIM, 2009, p. 68) apud Pereira (2014).

2.1.2. Retorno
O retorno corresponde aos ganhos ou prejuízos proporcionados por um investimento,
destaca Pereira (2014).

2.1.3. Risco
Risco é a possibilidade de prejuízo financeiro. É uma medida de probabilidade de
ocorrência de prejuízo. É a variabilidade de retornos de um activo.
O risco está associado à variabilidade do retorno de um investimento e resulta na
possibilidade de ganhos ou prejuízos, refere Pereira (2014).

2.1.4. Avaliação
Avaliação, denota o acto ou efeito de avaliar (-se), apreciação, análise; determinação de
um valor por avaliadores. Como processo a avaliação é realizada no decorrer de um programa
visando aperfeiçoá-lo ou julga-lo.

2.1.5. Investimento
Investimento é a aplicação de capital (em dinheiro, títulos, acções, imóveis, etc.), com o
propósito ou expectativa de obter ganhos ou benefícios futuros.
Um projecto de investimento é qualquer plano ou parte de um plano, para investir
recursos que possam ser racionalmente analisados e avaliados como uma unidade independente.
Para Bodie, Kane e Marcus (2010) apud Pereira (2014), investimento está voltado para a
selecção de activos, podendo ser activos seguros, de risco ou a combinação dos dois. Assim, os
activos de investimento são classificados em uma ampla categoria, como acções, títulos de
dívida, imóveis e commodities, dentre outros. Desta forma, o investidor precisa tomar a decisão
de alocação dos activos, que é a escolha entre as amplas categorias de activos existentes e a
selecção de activos, que é a escolha dos títulos específicos.
Para que a escolha seja adequada, o investidor necessita conhecer as alternativas
existentes e obter as informações necessárias, a fim de mitigar o risco e realizar uma escolha
mais racional possível. Necessita-se, ainda, da análise das características dos activos escolhidos,
para que tenha segurança nas decisões tomadas.
Segundo Reilly e Norton (2008, p. 3) apud Pereira (2014), “investimento é o
comprometimento actual de recursos por um período na expectativa de receber recursos futuros
que compensarão o investidor”. Na compensação, para os autores, considera-se o tempo durante
os quais os recursos estão comprometidos, a taxa de inflação esperada no período e as incertezas
voltadas ao recebimento. Tais factores são preponderantes para a exigência dos investidores, pois
quanto maior o tempo, taxa de inflação e incertezas no recebimento, maior o retorno exigido.

2.1.5.1. Avaliação de investimento


O estudo da avaliação de investimentos se refere basicamente as decisões de aplicações de
capital em projectos que prometem retornos por vários períodos consecutivos… o segmento de
investimento de capital é bastante complexo e amplo, envolvendo inúmeros critérios e métodos
de analise. Também é a acção que permite avaliar das vantagens e desvantagens de transformar
meios financeiros em bens concretos face a possibilidades alternativas de investimento.

2.1.5.1.1. Métodos de avaliação de investimentos


Conforme Oldcorn existe vários métodos e técnicas de avaliação financeira de um
investimento, para além do fluxo da caixa, onde Roger & David concentraram a sua atenção nas
três maneiras de avaliação:
1. A taxa de retorno de capital investido;

2. Período de recuperação do investimento (Pay Back);

3. O fluxo de caixa descontado.


A avaliação de investimento confirma a necessidade dum conjunto de técnicas que
determinam os parâmetros de viabilidade do investimento, e propõem como as principais
métodos de avaliação de projectos, os seguintes:

1. Período de Payback (PB) Simples e Descontado


Período de recuperação do investimento (Payback) – apresenta o prazo de recuperação do
investimento inicial. O Payback e uma ferramenta importante na analise de investimento, que
esta utilizada pela maioria das empresas. Conforme Neto (NETO, 2009) apud Pereira (2014) o
período de Payback apresenta o número dos períodos necessários para acumular as entradas de
caixa para igualar-se ao investimento.
A partir de Titman (TITMAN, 2010) apud Pereira (2014), o método do Payback é muito
usado na prática empresarial com uma dos métodos de avaliação de investimento. A preferência
pelos investidores é ter um Payback mais pequeno possível. Por outras palavras quanto menor
for o prazo para recuperar o capital investido melhor.
Roger apud Pereira (2014) menciona que as maiores desvantagens do método do
Payback são: a) O método não menciona o volume do lucro que pode gerir o projecto (por
exemplo um projecto do construção pode ter um Payback de 15 anos, e ter um volume bastante
alto de facturação após do prazo de recuperação do investimento); b) No caso da avaliação dos
múltiplos projectos com o Payback similar, sem outros indicadores apresenta-se uma grande
dificuldade na escolha do melhor projecto; c) O período de recuperação apresenta um indicador
limitado para o gestor do projecto, no caso quando a vida útil do projecto será maior de que o
período de recuperação.
Por outro lado (PEREIRA, 2010) apud Pereira (2014) existem as vantagens do método
como: 1) A aplicação e a interpretação fácil do método; 2) O período Payback apresenta uma
medida de risco nos termos do tempo, quanto maior o período de recuperação descontado, menor
a liquidez e vice-versa; 3) Período de recuperação pode indicar o grau do risco do projecto,
quanto menor o Payback descontado, menor será o risco e vice-versa.

2. Valor Presente Liquido (VPL)


Valor Actual Liquido – conhecido como a diferença entre a soma dos fluxos da caixa
actualizados e a soma dos custos operacionais e investimentos actualizados, durante de
exploração do projecto de investimento.
A vantagem do método é o facto que permite calcular o valor presente do investimento
somando os fluxos da caixa actualizados por cada período (OLDCORN, 1998) apud Pereira
(2014). Por outro lado este método permite determinar o mais atraente projecto, duma serie de
projectos com o período de recuperação e a taxa de investimento iguais (PEREIRA, 2010) apud
Pereira (2014). Por outras palavras no caso quando o período e a taxa de investimento são iguais
é lógico escolher o projecto que apresenta o maior valor Presente liquido durante do período
mencionado. O valor presente liquido dum projecto de investimento apresenta-se como um
indicador simples na avaliação financeira, mas que indica a decisão lógica sobre a execução ou
não do projecto, por outras palavras no caso quando o VPL esta negativo, não esta recomendado
de implementar o projecto.
Por outro lado Graves apud Pereira (2014) explica a importância na avaliação da
rentabilidade do projecto a calcular o grau do risco que o projecto proporciona para o investidor
(GRAVES, 2003) apud Pereira (2014). Segue o Graves o grau do risco apresenta com qual grau
de probabilidade o projecto vai gerar os lucros propostos durante do período de exploração. Ou
seja, enquanto o risco e maior, menor for a probabilidade de obtenção do valor actual líquido
previsto e vice-versa. Por outras palavras. Samuel menciona sobre a necessidade de «combinação
dos indicadores» que permitem melhor avaliar o projecto ou/e escolher a melhor forma de
exploração do investimento.
Na sequência de apresentado anteriormente sobre o método do VPL, os autores propõem
os seguintes vantagens: O VPL apresenta o resultado final do projecto, e engloba a razão
financeira por qual se pretende executar o projecto; O VPL permite analisar todos os fluxos da
caixa durante do período da exploração do projecto; No VPL esta considerado o custo do capital,
que permite avaliar o custo de exploração do investimento específico para o negócio presente;
Por outro lado explica a desvantagem do método de avaliação do projecto através do
VPL em dificuldade de calcular certo a taxa de atractividade do mercado e o custo de
oportunidade do capital, que poderá prejudicar a veridicidade do VPL obtido.

3. Taxa Interna de Retorno (TIR)


A taxa de retorno de capital investido - é uma forma sintetizada de explicar o interesse do
investimento apresentado, por exemplo um projecto com taxa de 20% é mais atraente de que um
investimento com taxa de retorno de 10%.
4. Análise do Risco (analise de sensibilidade)
Na análise de sensibilidade há diversas estimativas para algumas variáveis. Normalmente
temos a estimativa mais provável, a optimista e a pessimista. O valor presente líquido do
projecto é calculado para o valor optimista (positivo) e pessimista (negativo) de cada variável,
mantendo as outras com o valor esperado. A análise indicará quais as variáveis que mais afectam
o VPL de um projecto, ajudando na decisão de se investir ou não tempo e dinheiro para resolver
algumas incertezas antes de iniciar o projecto. Desvantagem é que a análise de sensibilidade
considera as variáveis do projecto como independentes entre si, o que normalmente não é o caso.

Fluxo da caixa descontado


O fluxo de caixa descontado esta apresentado pelo Oldcorn como um método que esta
baseado nos mais importantes princípios da economia financeira (vida útil do projecto, timing de
receitas e pagamentos) (OLDCORN, 1998) apud Pereira (2014).
Segue Barros (BARROS, 2002) apud Pereira (2014), o fluxo da caixa apresenta a
variável que determina a rentabilidade, capacidade do projecto gerar lucros. Barros identifica três
tipos de fluxo de caixa:
1. Fluxo de Caixa (FCI) de investimento que apresenta as despesas associadas ao
investimento do projecto e tem o seguinte calcula de modo seguinte: 𝐹𝐶𝐼= 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝐹𝑖𝑥𝑜+𝐹𝑢𝑛𝑑𝑜
𝑀𝑎𝑛𝑒𝑖𝑜−𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑅𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑛𝑡𝑜
2. Fluxo da Caixa de Exploração (FCE) apresenta as receitas líquidas associados a
exploração do projecto: 𝐹𝐶𝐸=𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝐸𝑥𝑝𝑙𝑜𝑟𝑎ç𝑎𝑜+𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡𝑖𝑧𝑎ç𝑜𝑒𝑠 𝑑𝑜
𝐸𝑥𝑒𝑟𝑐𝑖𝑐𝑖𝑜+𝑃𝑟𝑜𝑣𝑖𝑠𝑜𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝐸𝑥𝑒𝑟𝑐𝑖𝑐𝑖𝑜+𝐸𝑛𝑐𝑎𝑟𝑔𝑜𝑠 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠
3. Fluxo da Caixa Liquido (FCL) apresenta os benefícios líquidos gerados de exploração
do projecto de investimento e apresenta a diferença entre o Fluxo da Caixa de Exploração e
Fluxo da Caixa de Investimento: 𝐹𝐶𝐿=𝐹𝐶𝐸−𝐹𝐶𝐼

2.2. Incerteza e risco na avaliação de investimentos


Segundo Sá (1999) apud Pereira (2014), tanto o risco quanto a incerteza estão relacionados a
um conhecimento considerado imperfeito sobre algo. Contudo, para o autor, existe uma
diferença conceitual entre ambos, pois numa situação de risco, a distribuição das probabilidades
de cada um dos eventos relacionados à tomada de decisão é conhecida, enquanto numa situação
de incerteza, não há conhecimento objectivo da distribuição das probabilidades associadas aos
eventos.

2.2.1. Incerteza na avaliação de investimentos


No que se referem às incertezas, mesmo não se conhecendo a distribuição das
probabilidades, boas informações aliadas à capacidade de avaliação, permitem a construção de
distribuição de probabilidades, mesmo que subjectivas (SÁ, 1999) apud Pereira (2014).
Assaf Neto (2011) apud Pereira (2014) apresenta a variável incerteza como um aspecto
fundamental no estudo das operações no mercado financeiro, isto, porque, os resultados das
decisões financeiras não podem ser considerados totalmente certos e previsíveis. O autor ressalta
que toda vez que a incerteza associada à verificação de determinado evento possa ser
quantificada por meio de uma distribuição de probabilidades dos diversos resultados previstos,
diz-se a decisão está sendo tomada sob uma situação de risco.
Para Mellagi e Ishikawa (2012, p. 207) apud Pereira (2014), “a evolução dos meios de
transmissão de dados, a liberação dos mercados e a baixa regulamentação económica fizeram
com que as incertezas aumentassem nas operações financeiras” O estudo da dinâmica dos
mercados financeiros representa hoje um dos maiores desafios relacionado à economia de
mercado. A completa previsibilidade do seu comportamento não é algo possível, já este mercado
é movido por opiniões, elementos políticos, realidades sociais, dentre outros.

2.2.2. Risco na avaliação de investimento


Considerando que nestes mercados existem vários agentes, como pessoas, governos e
empresas, além das instituições financeiras e agentes que realizam a intermediação, associados à
assimetria de informações, existem riscos inerentes às operações. Para Pinheiro (2012) apud
Pereira (2014), os intermediários financeiros desempenham papel importante nos mercados
financeiros pelo conhecimento especializado, economia de escala e pelos volumes suficientes
para diversificação e estabilização de riscos.
Segundo Assaf Neto (2011, p. 133) apud Pereira (2014), “a assimetria de informações é
um comportamento observado no mercado financeiro em que um agente económico tenha mais
informações do que outro”. Para o autor, a assimetria de informações prejudica o relacionamento
entre as partes e cria dois problemas no mercado financeiro: o risco moral (moral hazard) e a
selecção adversa. O primeiro ocorre quando o tomador de recursos altera sua capacidade de
pagamento revelada após a transacção e o segundo quando um activo é depreciado ou super-
avaliado numa transacção.
De acordo com Gitman (2009) apud Pereira (2014), o risco pode ser definido com uma
possibilidade de perda financeira. Assim, os activos que possuem maiores possibilidades de
perdas financeiras podem ser considerados mais arriscados, ou seja, o risco está voltado para a
variabilidade ou volatilidade do activo. Para o autor, risco total de um activo é dado pelo
somatório do risco sistemático (risco de mercado) e do risco não sistemático (risco específico).
De um modo geral, o risco total de um activo é subdividido em uma parcela causada por
eventos controláveis e uma parcela causada por eventos não controláveis. Segundo Mellagi e
Ishikawa (2012, p. 208) apud Pereira (2014), há dois tipos de risco, segundo a literatura
financeira tradicional:
1. Risco não-sistemático: risco relacionado ao próprio desempenho do investimento. Também
chamado de risco “diversificável”, devido à possibilidade de sua diluição em uma carteira (ou
seja, junto com outros investimentos) e risco “do negócio”.
2. Risco sistemático: também chamado de risco “não-diversificável”, risco de “mercado” e
risco “comum”. A princípio, é um risco relacionado às condições macroeconómicas e está fora
do controle do investidor individual, afectando todos os seguimentos económicos.

Corroborando com esta classificação, Assaf Neto (2011) apud Pereira (2014) define o risco
sistemático como inerente a todos os activos negociados em mercado, decorrente de eventos de
natureza política, económica e social e o risco não-sistemático como aquele identificado nas
características do próprio activo, não se alastrando para os demais activos da carteira.
Mesmo havendo uma diferença conceitual entre risco e incerteza, a literatura financeira
dedica-se ao estudo do risco, considerando-o com uma incerteza decorrente com comportamento
do mercado, o qual apresenta um comportamento imprevisível e aleatório, que não pode ser
determinado mesmo com o conhecimento do seu desempenho passado. Assim, nenhuma
operação está livre de risco, pois o mesmo é inerente às operações no mercado financeiro.
Para Bodie, Kane e Marcus (2010) apud Pereira (2014), apenas o governo pode emitir títulos
de dívida livres de risco devido ao poder de tributar e controlar a emissão de moeda. Contudo, o
título de dívida pública estaria sujeito ao risco da taxa de juros, que em termos reais muda com o
passar do tempo, tornando o valor futuro do título também incerto.
Além do argumento apresentado pelo autor, a inflação apresentada por algumas economias
representa um risco para o retorno real de um investimento, pois a variação de sua taxa em um
determinado período fará com que o retorno real de um investimento sofra variações.

2.2.2.1. Classificação dos riscos


De acordo com Assaf Neto (2011), os principais riscos no mercado financeiro podem ser
classificados da seguinte forma:
1. Risco de variação das taxas de juros: ocorre quando há um descasamento entre os prazos
dos activos (aplicações) e passivos (captações) ou quando uma aplicação sofre interferência
da variação da taxa de juros.
2. Risco de crédito: definido como a possibilidade do não recebimento dos valores prometidos,
devido à possibilidade do devedor não cumprir suas obrigações financeiras na data prevista,
tornando-se descumpridor.
3. Risco de mercado: relacionado à oscilação do preço dos activos e passivos negociados no
mercado. Pode ser entendido como as possibilidades de perda decorrente das variações de
preço do activo no mercado.
4. Risco operacional: possibilidade de perdas determinadas por erros humanos, falhas de
sistemas, eventos externos, fraudes, entre outros. Geralmente está voltado para as pessoas, os
processos e a tecnologia utilizada.
5. Risco de câmbio: decorrente das variações cambiais quando uma aplicação é feita no
exterior, devido ao descasamento de posições em moedas estrangeiras.
6. Risco soberano: restrições que um país pode impor aos fluxos financeiros, como por
exemplo, determinando limites à entrada e saída de capitais ou até mesmo a suspensão.
7. Risco de liquidez: relacionado à disponibilidade imediata de caixa diante da demanda por
parte dos depositantes e aplicadores, o que pode ocorrer diante de instabilidade do mercado
ou devido a informações ruins sobre uma instituição financeira.
8. Risco legal: decorre da falta de legislação actualizada sobre um determinado assunto no
mercado financeiro ou da falta de padronização jurídica e termos nos contratos financeiros
entre países.

De acordo com Duarte Júnior (2005, p. 2) apud Pereira (2014), “o risco global está
presente em qualquer operação financeira. Portanto, é importante classificá-lo pelos factores que
o causam para que se possa estudar melhor cada classe de risco separadamente”. Assim, o autor,
além de classificar os riscos em quatro dimensões: risco de mercado, risco operacionais, riscos
de crédito e riscos legais e apresenta as principais subáreas das dimensões do risco de mercado e
do risco de credito.

2.2.2.1.1. Subáreas do risco de mercado e do risco de crédito


As subáreas do risco de mercado e do risco de crédito são bastante elucidativas para a
compreensão dessas dimensões de risco.

Quadro 1 - Principais subáreas do risco de mercado


Risco Definição
Taxa de juros Perdas potenciais de um fundo de investimento devido a mudanças
inesperadas nas taxas de juros.
Taxas de câmbio Perdas potenciais de um fundo de investimento devido a mudanças
inesperadas nas taxas de câmbio.
Acções Perdas potenciais de um fundo de investimento devido a mudanças
inesperadas nos preços das acções.
Commodities Perdas potenciais de um fundo de investimento devido a mudanças
inesperadas nos preços das commodities.
Liquidez Perdas potenciais de um fundo de investimento devido ao fato de suas
posições não poderem ser facilmente vendidas ou financiadas a mercado.
Derivativos Perdas potenciais de um fundo de investimento devido ao uso de
derivativos (para hedge ou especulação).
Hedge Perdas potenciais de um fundo de investimento devido ao mau uso dos
instrumentos de hedge.
Concentração Perdas potenciais de um fundo de investimento devido à não diversificação
desse fundo.
Fonte: Duarte Júnior (2005, p. 3-4) apud Pereira (2014).

Quadro 2 - Principais subáreas do risco de crédito

Risco Definição
Inadimplência Perdas potenciais decorrentes de uma contraparte não poder fazer os
pagamentos devidos de juros ou principal no vencimento destes.
Degradação Perdas potenciais devido à redução do rating de uma contraparte.
Garantia Perdas potenciais devido à redução do valor de mercado das garantias de
um empréstimo.
Soberano Perdas potenciais decorrentes de uma mudança na política nacional de um
país que afecte sua capacidade de honrar seus compromissos.
Concentração Perdas potenciais diante da concentração da exposição de crédito em
poucas contrapartes.
Fonte: Duarte Júnior (2005, p. 5-6) apud Pereira (2014).

Para Reilly e Norton (2008) apud Pereira (2014), as fontes de risco de qualquer
investimento podem causar flutuações do rendimento esperado, flutuações no preço futuro
esperado do activo e na quantia disponível para reinvestimento, prejudicando os retornos. Para os
autores, a variabilidade dos fluxos de caixa, incertezas sobre a forma de financiamentos dos
activos e incapacidade de dispor de um activo pelo valor justo de mercado são os riscos
empresariais que afectam os investimentos.
Como o mercado financeiro é segmentado, a regulamentação sobre a gestão do risco é
estratificada para os diversos segmentos, sendo as principais normas e princípios voltados ao
mercado monetário e de capitais, regulando o funcionamento das instituições financeiras e de
valores mobiliários. O grau de regulação varia de acordo com a maturidade de cada segmento de
mercado.

2.2.2.2. Gestão do risco


Segundo Reilly e Norton (2008) apud Pereira (2014), os investidores podem recorrer a
quatro dispositivos para a gestão dos riscos que afectam os seus investimentos.
1. Evitar os riscos, aplicando em certificados de depósitos bancários ou títulos do
governo federal, considerados livres de risco. Embora pobre, essa estratégia pode ser aceitável
para parte dos títulos de uma carteira.

2. Antecipação aos riscos, aceitando os riscos e posicionando a carteira de forma que


uma parte da mesma ofereça protecção contra os riscos assumidos, ou seja, combinando activos
de diferentes riscos.

3. Transferência de risco, na qual o investidor que não esteja disposto a assumir riscos
pode transferi-los para outros que se disponha assumi-los. Uma das alternativas dessa estratégia é
o uso de derivativos, como os contratos futuros e opções.
4. Redução do risco, por meio da diversificação em activos e instituições financeiras ou
até mesmo entre países. O risco de uma carteira diversificada geralmente é menor do que o de
um único activo de risco.

Para Duarte Júnior (2005) apud Pereira (2014), o processo de tomada de decisão na gestão de
risco é dividido em três fases, as quais compõem o programa de gestão de risco:

1. Avaliação de desempenho. Está relacionada ao desempenho passado. O objectivo desta


fase é analisar o desempenho das carteiras administradas pela empresa tendo como ponto de
comparação um determinado benchmark. A avaliação do desempenho de investimentos pode
também ser utilizada como base para uma avaliação do desempenho de gestores internos de
carteiras, como no caso em que dois deles, actuando nos mesmos mercados, com os mesmos
mandatos e controles, são comparados entre si.

2. Medição dos riscos. Está relacionada com as exposições presentes. O objectivo desta fase
é identificar e medir a exposição actual das carteiras administradas pela empresa, mapeando a
exposição aos factores de risco (tais como taxas de juros, preços de acções, probabilidade de
inadimplência, concentração de crédito em sectores da economia, etc.).

3. Estruturação de carteiras. Está relacionada ao posicionamento futuro. O objectivo desta


fase é analisar como as carteiras devem ser posicionadas no mercado hoje, dado um conjunto de
cenários para o próximo período de investimento (DUARTE JÚNIOR, 2005, p. 19).
3. CAPÍTULO III

3.1. Conclusão
Respondendo aos objectivos que guiaram realização do presente trabalho, pode-se concluir que a
incerteza na análise de investimento está associada à ausência de conhecimentos ou de
informação sobre os acontecimentos futuros, o que não possibilita conhecer com antecipação o
resultado de um investimento e o risco na análise de investimento está associado à variabilidade
do retorno de um investimento e resulta na possibilidade de ganhos ou prejuízos. Partindo do
princípio de que a incerteza não é conhecida, não pode ser identificada, mas já o risco é
conhecido e podem ser identificados segundo a literatura financeira tradicional dois tipos de
riscos: risco não-sistemático e risco sistemático. Risco não-sistemático é risco relacionado ao
próprio desempenho do investimento. Também chamado de risco “diversificável”, devido à
possibilidade de sua diluição em uma carteira (ou seja, junto com outros investimentos), é
identificado nas características do próprio activo, não se alastrando para os demais activos da
carteira e risco “do negócio”. Risco sistemático: também chamado de risco “não-diversificável”,
risco de “mercado” e risco “comum”. A princípio, é um risco relacionado às condições
macroeconómicas (decorrente de eventos de natureza política, económica e social) e está fora do
controle do investidor individual, afectando todos os seguimentos económicos.
3.2. Referências bibliográficas
1. POITAN, Roxalana. Análise do Projecto de Investimento: Projecto de
Empreendedorismo Construção e Exploração do Hotel de 5* estrelas «Pousada da Serra
do Bouro». Lisboa. 2014
2. PEREIRA, Alonso Luiz. Riscos e incertezas associados aos investimentos no mercado
financeiro. Mestrado em Gestão Financeira. Portugal, Dezembro. 2014
3. BERTOLO, L.A. Análise de Risco na Avaliação de Investimentos

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