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DIREITO EMPRESARIAL (Aula 6)

PROFª ERICA OLIVEIRA CAVALCANTI

Estabelecimento Empresarial
Determina o art. 1142 do CC/02 que estabelecimento comercial é o complexo de bens
corpóreos imóveis (terrenos, local da sede, depósitos), corpóreos móveis (máquinas,
equipamentos, matérias-primas) e incorpóreos ou direitos (marcas, ponto comercial,
nome empresarial, patentes) organizados, para exercício da empresa, por empresário
ou sociedade empresária, possuindo valor econômico pelo seu conjunto, que
ultrapassa a soma dos bens que o compõem. O estabelecimento, por ser a
universalidade, possui valor econômico superior à soma individual de cada um dos
seus componentes.
Os bens e direitos do estabelecimento empresarial que são usados para o
exercício da atividade empresarial não se confundem com o patrimônio pessoal do
empresário ou sócio que administra a empresa. O estabelecimento empresarial é mera
coisa da sociedade empresária, pois a edificação/loja não possui personalidade
jurídica.

Trespasse
Por possuir valor econômico e tutela jurídica específica, o estabelecimento empresarial
é suscetível de negociação no mercado empresarial. A alienação (transferência) de
estabelecimento empresarial de um empresário/sociedade empresária para outro
empresário/sociedade empresária recebe o nome de trespasse.
O trespasse implica na transferência do conjunto de bens e direitos
organizados do alienante para o adquirente, que deverá honrar todos os contratos,
débitos e créditos anteriores à aquisição por força da atividade desenvolvida. Para que
o trespasse produza efeitos perante terceiros, deverá ser averbado à margem da
inscrição na Junta Comercial e publicado em imprensa oficial (art. 1444).

- Encargos no trespasse: O adquirente responde apenas pelas dívidas conhecidas e


registradas, com base no princípio da boa-fé. O alienante permanece solidariamente
obrigado com o adquirente pelo prazo de 1 ano, a contar da publicação do trespasse
do estabelecimento, quanto aos créditos vencidos e vincendos (art. 1446). As
obrigações tributárias e trabalhistas também compõem a sucessão (CLT, art. 448 e
CTN, art. 133).
Na sucessão de créditos, o devedor de boa-fé que pagou dívida ao cedente/alienante,
fica exonerado do encargo (art. 1449).
- Concordância dos credores: Na hipótese de alienação onde o capital da empresa
não seja suficiente para cobrir o passivo no momento do trespasse, os credores
devem, no prazo máximo de 30 dias, manifestarem sua concordância ou não com o
trespasse. Tal condição deriva da proteção dada aos credores para evitar uma
alienação fraudulenta. O estabelecimento empresarial, sendo um conjunto de bens
com valor econômico, é uma das principais garantias dos credores da empresa. A
venda sem anuência dos credores quando os bens não são suficientes para solver o
passivo, constitui ato de falência (art. 94, III, Lei 11.101/2005). Tal previsão inexiste
quando os bens do patrimônio são suficientes para saldar todos os débitos.

- Cláusula de não-concorrência: O alienante, após vendido o estabelecimento, e a não


ser que exista autorização expressa no contrato, não poderá fazer concorrência ao
adquirente pelo prazo de 5 anos subsequentes à alienação (art. 1447). A cláusula do
não restabelecimento veda que o alienante, que já domina a técnica do negócio e
detém clientela na região, possa prejudicar a continuidade do negócio alienado, sendo
considerada concorrência desleal (princípio da boa-fé contratual). A vedação estende-
se aos casos de arrendamento e usufruto do estabelecimento durante o prazo do
contrato (art. 1447, § ú).

Ponto Comercial
É um dos mais importantes elementos do estabelecimento empresarial, pois é o local
em que é desenvolvida a atividade empresarial e lugar para onde se destina a
clientela. É elemento incorpóreo do estabelecimento (vez que é um direito), sendo
juridicamente protegido e dotado de valor econômico. Para lojas virtuais, o domínio de
internet equivale ao ponto comercial territorial no que se refere à proteção jurídica.

Proteção ao ponto comercial


Quando o empresário ou sociedade empresária desenvolve sua atividade econômica
em imóvel alugado, essa locação será chamada não-residencial e estará amparada
pela Lei de Locações (arts. 51, 52, 71 e 75 Lei 8.245/91). Nas locações destinadas ao
comércio, o locatário terá direito a renovação compulsória do contrato, por igual
período, caso preencha os requisitos do art. 51. Não estão protegidos por esta lei os
profissionais liberais, associações e fundações.
A proteção ao ponto comercial é conferida pela importância do local para a
empresa, na medida que nele é desenvolvida a atividade conhecida pela clientela. O
prazo da ação renovatória se inicia faltando 1 ano para o término do contrato e vai até
6 meses antes do prazo estipulado no contrato. A ação só é cabível se a renovação
não for amigável.
Para proteção ao direito de propriedade do dono do local, é dada a
possibilidade de não-renovação nas hipóteses do art. 52. A indenização prevista neste
artigo serve de ressarcimento pelos prejuízos e lucros cessantes que tiver o locatário,
custos com mudança, perda do ponto comercial e desvalorização do estabelecimento.

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