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o 3 Es o a S5J0AIU0I = 3 g 8 > : 3 & = e = s 3 z 8 = gt = g Nicholas A. Christakis James H. Fowler ') PODER DAS COMER ES CONNECTED nal A importancia do networking e como ele molda nossas vidas Por que os ricos ficam mais ricos? Como achamos e escolhemos nossos companheiros? Por que as emogées sao contagiantes? t Em 0 poder das conexdes, Nicholas akis e James H. Fowler uma nova e intrigante evidéncia de que nossas redes sociais reais modelam cada aspecto de nossa vida. Como nos sentimos, com quem ‘Nos casamos, se adoecemos e quanto dinheiro ganhamos — tudo depende do Que as pessoas que nos cercam esto fazendo, pensando e sentindo, Provocativo, mu: r0 € pratico, 0 poder das conexdes explica por que ‘as emogdes so contagiosas, camo as comportamentos em relagao a sade se disseminam, por que os ricos ficam icos € muitas outras questies. Subvertendo a nogao de primazia do viduo, este presenta um novo e revolucionério paradigma: nés, como unissono, somos incons levados pelas pessoas 0 poder das conexdes mudara para sempre a maneira como vemos os outros — @ como nos vernos, J PODER DAS : Nicholas A. Christakis James H. Fowler PODER DAS @. ONlEAgeS ce CONNECTED A importancia do networking e como ele molda nossas vidas TRADUGAO Edson Furmankiewicz C ELSEVIER CAMPUS vaingts da Coptgn © 2008, by Nicolas A Ct tor Lc. “odes 08 des eseradoseprotegs pela Len 9.60, de 112/990, fs Set de Seton, 120050006 Canto ~ Po. Janae ~~ Bras ua Ourtana, 753 ~ anda (04660.017- Sookin S89 Pavo SP -Brast Para Erika, Sebastian, Lysander e Eleni, 2 Aondmento 20 Cente ig orga SBN o78-0-16406146 ara Harla, Lucas e Jay, i guais a conexio 6 ¢ ou bone, finados do uo desta publearao. iP ras Calogagiowatonte Sindesto Nacional ds Eaters de os, fe ares, 197 Agradecimentos ESTES AGRADECIMENTOS SAO AINDA outta ilustracao do surpreendente poder das redes sociais. Intimeras pessoas &s quais estamos conectados desempenharam papel critico na elaboragio deste livro. Gary King iniciow uma longa cadeia de apresentagdes que conectou pessoas {que antes estavam a virios graus de distancia. Como orientador de James em Har- vard, Gary conhecia o trabalho de James sobre os efeitos do contagio na politica Gary também era amigo de Nicholas e conhecia seu trabalho sobre os efeitos do contigio na satide, ¢ identificou a oportunidade perfeita para 2 arbitragem mul- rar. Amigo de Nicholas ¢ colega de Dan, Gilbert forneceu, em iiltima jiosas nos rascunhos iniciais do livro, mas a principal (e crucial) coisa que fez foi nos apresentar a Katinka Matson € John Brockman, que depois se tornaram nossos agentes. Katinka ¢ John nos ofereceram a oportunidade de com ar nossas ideias de maneira nunca imagi- nada possivel. Estes, por sua ver, apresentaram-nos a Tracy Behar, nosso incrivel editor na Little, Brown, que desempenhou os papéis de critico atencioso ¢ torcedor. Pelas contribuigdes brilhances 3 literatura em redes e por serem interlocutores de primeira classe, agradecemos Lszlé Barabisi, Peter Bearman, David Lazer ¢ Brian Uzzi. Descrevemos seu trabalho neste livro, ¢ cada um deles nos deu conse- thos importantes sobre as quest6es abordadas aqui Varios amigos, colegas e parentes ler € fizeram comentitios valiosos, incluindo Marcus Alexander, Sam Arbesman, Heather Calvin, Felix Elwert, Michael Heaney, Tom Keegan, Mark Pachucki Kathryn Schule, Holly Shakya, Geoff Sternlieb, Shoshannah Sternlieb e Jim Zuckerman, os primeiros rascunhos deste livro A orientadora na dissertagdo de Nicholas, Renée C. Fox, co forga em sua vida e oferecen inigualivel e profunda perspectiva na forma de argumentos. John Potterat pelas belas versdes das imagens publicadas e no publicadas, as quais a incansdvel ajuda de pesquisa ¢ pelas cola- adaptamos e apresentamos aqu boragdes emergentes, agradecemos a Robert Bond, Cesi Cruz, Ch LeVeck, Peter Loewen, Yonatan Lupu, Steven Oliver, Alex Ruiz, Ja ‘Twose, Andrew Waugh e, especialmente, Alison Wheeler. Pelo soberbo copidesque, agradecemos a Marie Salter. James agradece, em particu sta € por levé-lo ao melhor jogo de beisebol da Major League de sua vide. estd especialmente em débito com Oleg Smimov, seu primeiro colabora- dor, por fazé-o refletir sobre a punigio alt y Santa Fe Institute (onde se encontraram), por encorajar as pessoas a pensarem além ram evolutiva, ¢ com 0 de suas ciplinas. Nenhuma parte de nosso trabalho sera poste sem suportesfinanceitoe lo- ce Foundation, se arriscaram na . Risa Lavizzo-Mourey e Lori Melichar, da Robert Wood Johnson Foundation, pelo programa Pioneer, também forneceram o suporte inicial para 0 desenvolvimento de dados e esforcos , Dan Levy, Joanne Murabi deram suporte a0 nosso tr Greta Lee Splansky ¢ Phil W gham, Heart Study (um resouro nos ofereceram, Lewis fer sa Alma com a rede dos do Facebook. Ag acoleta Palazzolo, Carole bbém agradecemos a Nancy pela paciéncia, Por fim, como os reis que subiam ao palco no fim das pegas de Shakespeare, ing ¢ Nancy Smith pelo enérgico suporte administrativo; tam pessoas mais importantes nos nossos ativos aparecem aqui xdo-chave com ler criticamente 0 idao se estende também para além deste livro: cudo de bom em Lysander e Sebastian tiveram todos os tipos d coisas valiosas a dizer sobre SMS ¢ Facebook ¢ World of Warcraft ¢ muito mai que seu pai nao poderia entender imediatamente. s, a Zora Fowler pel James agradece a Ji ber rios capftulos, pelas longas ¢ exaustivas con agradece a Harla Yesner por ler vei tar sobre 0 contetido do livro e por ser sempre a parceira perfe Jay Fowler e Lucas Fowler também gando Wii Super Smash Bros, Brawl. e concederam um tempo extra nos fins d semana, quando ele deveria Obrigado a todos! Os autores NICHOLAS A. CHRISTAKIS, MD, PHD, é médico e ciet sta social. A medicina e que se encontram de ver em quando, , discutem e debatem. Christakis tem s vezes com surpreen E professor de Sociologia Médica no Departamento de Politica de Satide Pal Harvard Medical School, professor de Sociologia no Departamento de Sociologia da Harvard Faculty of A ponsivel no Departamento de Medicina da Harvard Medi para o Instituto de Medicina da National Academy of. vyeem que tém muito em comum e, rentado ha anos julgar essas discuss6 mam ¢ operam. Q leciona na Harvard University ¢ em hospitais afliados a cla, rofessor favorito” pelos estudantes devido a seu atraente « fora das aulas. Foi indicado para a lista da revista Time como uma d regularmente cleito breve seu PHD, e, desde entio, dedica sua vida a dos politicos com 0 estudo de outros processos naturais. At do na University of California, em San Diego, incless and Population Healthy Systems. Além do trabalho em i 0 esrudo de resu Imente,€ professor asocia- departamento de ciéncia ps eno Center for redes sociais, Fowler é bem conhecido por sua pesquisa sobre a evolucio da coope- ago, econ lo da base gen Harvard, scus estudantes agora 0 conhecem mais como o professor que descobriu a primeira evidéncia cientifica do “feito Colbert”, 0 fendmeno de que os candidatos ia comportamental, participagio politica e genopolitica (0 e do comportamento politico). Apesar de ter ganhado varios prémios en politicos tendem a receber mais apoio depois de aparecerem no programa de entre- vistas humoristico de Stephen Colbert Prefécio AS REDES SOCIAIS SAO DE estranha beleza. Elas sio tio claboradas e complexas ~ na verdade, tio onipresentes ~ que devemos perguntar a qual objetivo servem. Por que estamos integrados a elas? Como se formam? Como funcionam? Como nos aferam? Eu (Ni Comecei me interessando pela rede social mais simples de todas: um par de pes- las) me inspitei nessas quest6es por boa parte dos éilkimos dez anos, soas, uma diade. Inicialmente, as diades que estudei cram maridos cesposas. Como ico, atendendo doentes terminais ¢ suas familias, percebi os sérios danos que a morte de uma pessoa amada inflinge 20 cénjuge. Ao longo do tempo, me in- teressei em como uma doenga ara mim, que, se as pessoas estivessem interconectadas, sua satide tam- 7 uma pessoa poderia causar doengas em outra. Parec bem deveria estar. Se uma esposa ficar doente ou morrer, 0 risco de morte de seu. \arido seguramente aumentard. Por fim, comecei a perceber que havia todo tipo de diade que eu poderia estudar, como pares de iemios ou pares de amigos ou pa- res de vizinhos que estio conectados (nao separados) pelo muro de um quint Mas © cerne intelectual da questo nao estava nessas estruturas simples. ver disso, a compreensio fundamental era a de que essas diades se agregavam para formar ceias enormes de lagos que iam muito mais longe. A esposa de um homem tem uma melhor amiga que tem um marido que tem um colega de trabalho que ‘tem um irmao que tem um amigo ¢ assim por diante. Essas cadeias se rami como raios, formando padrées intricados por toda a sociedade humana. A si arentemente, era muito mais complexa. Sempre que nos afastamos de um “duo em complexidade da ramificagio aumentam muito, muito rapidamente. A medida io, rede social, 0 niimero de lagos com outros seres humanos ¢ a que refletia sobre esse problema, comecci a ler 0 trabalho de outros cientistas siondrios nos anos 1970, que tinham estudado redes sociais que variavam de 3 a soas. Mas meu interesse eram redes sociais de 3 mil, 30 mil ou mesmo 3 des de pessoas. ‘cebi que, para estudar coisas com esse nivel de complexidade, eu faria me- thor progresso se trabalhasse com outro pesquisador. tarde, James Fowler, também da Harvard, estudava redes de uma perspectiva completamente diferente. James ¢ eu nao nos conheciamos, apesar de trabalhar- mos em edificios vizinhos no mesmo campus havia varios anos. Em 2002, fomos umos nossa jornada como amigos de um amigo. Gary achava que poderfamos ter interesses comuns, ¢ ele estava certo. Na verdade, © simples fato de termos nos conhecido em virtude de nossa rede social como € por que as redes 5 a questo essencial que querfamos di opera e quanto clas nos beneficiam, James tinha passado alguns anos estudando a origem das convicgdes politicas das pessoas ¢ examinando como a tentativa de uma pessoa de resolver um pro- ico influenciava outras. Como os seres humanos se retinem que no podem fazer sozinhos? Ele comps por outros temas que foram essenciais na his fundamentais para que as redes sociais crescam ¢ sobrevivam. Juntos, A medida que comecamos a pensar na ideia de que as pessoas estio conectadas em vastas redes sociais, percebemos que a influéncia social nao ter- 4s pessoas que no conhecemos. Comesamos estudando vitios efeitos sobre a satide, Descobrimos que se o amigo do amigo de seu amigo ganhou peso, voce ganhou peso. Descobrimos que se o amigo do amigo de seu amigo parou fumar, voce parou fumar. Descobrimos que se 0 amigo do amigo de seu amigo tornou-se » vocé tornou-se feliz. Com o tempo, percebemos que havia regras fundamentais que regulamenta- vam tanto 2 formagio quanto 2 operacio das redes sociais. Concluimos que, se or genes para que tenham certos tipos de certo niimero deles. O segredo para entender as pessoas é entender os lagos entre clas; consequentemente, nosso foco passou a ser esses lagos. Nosso interesse por esses temas correspondia aos interesses de muitos outros pesquisadores que promoveram a matemética ¢ a ciéncia das redes ao longo dos tileimos dez anos. A medida que comegamos a estudar as conexées humanas, en- contramos engenheiros estudando redes de centrais eléricas, neurocientistas estu- dando redes de neurdnios, geneticistas estudando redes de genes fisicos estudan- do redes de praticamente tudo. As redes desses pesquisadores também poderiam ser interessantes, pensamos, mas a nossa era mais: muito mais complicada e muito mais significativa, afinal, 05 nds em nossas redes sio seres humanos que pei Eles podem tomar decisoes, mudar potencialmente suas redes mesmo quando incorporados a elas, e ser influenciados por elas. Uma rede de seres humanos tem tum tipo de vida proprio, Assim como os cientistas, que se interessaram pela beleza subjacente e pelo poder explicativo das red. basicamente se deve a0 su das pessoas também pensa sobre elas, Isso (0 da internet nos lares, que deu a todo mundo a nogio de como varias coisas podem estar interconectadas. As pessoas comegaram a falar coloquialmente de “Net” ¢, por fim, em “World Wide Web” (sem mencio- ix", sucesso de bilheteria), Elas comecaram a perceber que esta- ‘vam tio interconectadas quanto seus computadores. Essas conexdes tornaram-se ‘Go explicitamente socials que hoje quase todo mundo esté famil sites de redes soci A medida que estudamos as redes sociais mais profundamente, comesamos a pensar nelas como um tipo de superorganismo humano. Elas crescem ¢ evoluem. Tudo flui e se move dentro delas. Esse superorganismo tem sua propria esteucura € uma fungao, ¢ nos tormamos obcecados em entender ambas. ‘Ao nos vermos como parte de um superorganismo, entendemos nossas agdes, cscolhas ¢ experincias sob uma nova luz. Se formos afetados por nossa incorpo- ragio a redes sociais ¢ também por outras pessoas com as quais estamos ou néo zados, perdemos necessariamente parte do poder em relacio a nos- réprias decisées. Essa perda do controle pode provocar reagées espet te fortes quando as pessoas descobrem que seus vizin| der a elas mesmas e suas préprias limitagoes. Neste livro, defendemos que nossa interconexéo nao € apenas parte natural necesséria de nossas vidas, mas cambém uma forga que veio para ficar. Assim como cérebros podem fazer coisas que nenhum neurénio individual pode, também as redes sociais podem fazer coi- sas que nenhum individuo pode. lade geralmente se dividern em duas s: aqueles que acham que os individuos 8m controle sobre scus destinos € ' que acreditam que as forgas sociais (variando da falta da boa educagio acé a presenga de um governo corrupto) sto responsiveis pelo que nos acontece. ‘Mas achamos que hé um terceiro fator ndo mencionado nesse debate. Dadas juges, encontrar um a0 outro, cuidar de pacientes terminais até constr nas em aldeias pobres ~ acreditamos que nossas conexdes com outras pessoas so fo que ha de m de grupos, a cién sos lagas com outras pessoas e como estes influ . situagio financeira, evolugio ¢ tecnologia. Mas ele trata, principalmente, do quc nos torna singularmente humanos. Para saber quem somos, devemos entender como estamos conectadas. Sumdrio 1 NO MEO DO TURBILHAO 2 QUANDO VOCE RI, © MUNDO RICOM voce 3. AME QUEM ESTA COM Voc 41880 DOI EM MIM TANTO QUANTO EM VOCE 5 AGRANA COMECA AQUI 6 PO. 7 ESTA FM NOSSA NATUREZA HHIPERCONECTADO. 9 © TODO E GRANDE, NOTAS CREDITOS DA ILUSTRACOES 3 3 149 183 219 249 267 289 CAPITULO 1 No meio do turbilhéo NA ALDEIA MONTANHOSA de Levie, na Cérsega, por volta da década de 1840, Anton-Claudio Peretti estava certo de que sua esposa, Maria-Angelina, estava t do um caso com outro homem e, pior, que filha que tinham nao era sua. Maria disse a Anton que itia deixé-lo, e se preparou par Corto, Nai jela mesma noite, Anton matou a tiros esposa ¢ ‘montanhas. © desolado Corto queria matar Anton, mas néo conseguia encontri-lo, Em uma violenta simetria que parccia sensata aos moradores da regio, Corto, em vez disso, matou o irmao de Anton, Francesco, ¢ 0 sob Acoisa toda nio terminou Aristotelo, ho, Aristotelo. . Cincoanos mais arde, Giacomo, irmao do falecido ngou as mortes do irmao e do pai ao mataro irmao de Corto. Giacomo também queria matar o pai de Corto, mas le fb morrido de causas naturs negando a Giacomo tal satisfacao.! Nessa sucessio de mortes, Giacomo co irmao de Corto estavam conectados por um caminho bem comum: Giacomo era o filho de Francesco, que era 0 irmao de Anton, que se casou com Mi que era a iema de Corto, cujo irmao foi o alvo Esse comportamento nio esté restrito a | distantes. Eis outro exemplo, mais proximo de nossa realidade: Nao muito antes do verao de 2002, em St. Louis, Mis sarina exética, deixou uma geograficamer uti, Kimmy, uma dan- olsa contendo $900 ~ fruto de seu trabalho ~ com tum amigo enquanto estava ocupada com outra coisa. Quando voltou para recu- A © PODER DAS CONEXOES seu amigo a bolsa haviam desaparecido. Uma semana depois, a prima de cou © parceito do ladrio da bolsa em uma loja locale ligou para yy correu até loja com um pedago de metal, Ela atacou violenta- Kimmy. Kil mente esse amigo do ex-amigo dela, Mais tarde cla observou orgulhosamente que havia surrado o parceiro {do amigo]... Sei que fiz algo... [para vingar-me] isso é a {fare Casos como esses sio enigmaticos. Afinal de contas, © que o irmao, 0 sobrinho coisa mais préxima que eu pode de Anton ¢ 0 amigo do amigo de Kimmy t&m a ver com isso tudo? Que possivel sentido hé em ferir ou matar a pessoa inocente? Mesmo pelos padrées incompre- ensiveis da viol cruel, qual &a ideia por trds dessas ages, empreendidas uma semana ou cinco anos depois? © que pode explici-las? Tendemos a achat esses casos curiosidades incomuns, como as rixas entre fami- lias do interior, ou priticas retroativas, como a violencia mortifera entre membros da tribo xiita e sunita ou o ciclo de assassinatos na Irlanda do Norte e a violéncia centre gangues nas cidades americanas. ‘Mas essa Légica sinistra tem rafzes antigas. Nao apenas o fato de o impeto A vinganga ser antigo nem mesmo essa violéncia poder expressar a solidariedade de grupo (‘somos Hatfields, ¢ odiamos McCoys”), mas a violencia ~ tanto em suas forrias menores como extremas ~ poder se propagar por meio de lagos so Ciais ¢ ter feito isso desde que os seres humanos emergiram da savana africana. Ela pode se propagar de uma maneita ditecionada (retaliagS0 contea 0s perpe- tradores) ou de uma maneira generalizada (prejudicando aqueles nao envol € que estio pré 108). Mas, de uma ou outra mancira, um Gnico homicidio pode desencadear uma sucesséo de assassinatos. Atos de agresséo costumam se difundie externamente a partir de um ponto inicial - como uma briga em um bar que comega quando um homem tenta dar um soco em outro que se esqui- va, resultando em um terceiro homem sendo atingido e, rapidamente (naquilo que se tornou cliché precisamente porque evoca nogés desencadeada), golpes so dados em todas as diregdes. As vezes essas epidemias de violencia, sea em aldeias do Mediterraneo, seja em gangues urbanas, podem persistr por décadas.? Nogées de culpa coletiva e vinganga coletiva, que sio a base de sucessdes de lade como artaigadas da agressio violencia, s6 parecem estranhas quando consideramos a responsabil atribuco pessoal. Mesmo assim, em muitos cenatios, 2 moralidade reside nos gru- pos, € nio nos individuos. Uma indicagéo adicional para a natureza coletiva da violéncia é que ela tende a ser um fendmeno pblico, nao privado. Dois tergos dos NO MEIO DO TURBILHAO . 3 atos de violencia interpessoal nos Estados Unidos sio testemunhados por terceiros essa frag se aproxima de trés quartos entre jovens.* Dadas essas observagées, talver a disseminagio da violencia entre uma pessoa € outra nao deva nos surpreender. Assim como muitas vezes € dito que “o amigo de meu amigo é meu amigo” e “o inimigo de meu inimigo € meu amigo”, também 0 amigo de meu inimigo & meu inimigo. Esses aforismos sintetizam certas verdades em relagao & animosidade e ao afeto, mas eles também transmitem um aspecto fundamental de nossa humanidade: nossa conex: Embora Giacomo ¢ Kimmy tenham agido sozinhos, suas ages mostram a facilidade com que a responsabilidade e a retaliacéo podem difundir-se entre uma pessoa € outra ao longo dos lagos soci Na verdade, nao é necessério.nem mesmo procurar caminhos complicados 20 longo dos quais a violncia se dfunde, porque o passo inicial, da primeira pessoa A seguinte, é responsivel pela maior parte da violéncia na nossa sociedade. ‘Ao tentar explicar a violencia, é miope focalizar exclusivamente o perpetrador — seu estado de espirito, seu dedo no gatilho ~ porque o homicidio raramente é um ato aleatério entre estranhos. Nos Estados Unidos, 75% de todos os homi- idios envolvem pessoas que se conheciam, muitas vezes intimamente, antes do assassinato. Se quiser saber quem poderia tirar sua vida, olhe as pessoas em volta de voce. Mas sua rede social também inclui aquelas que poderiam salvar sua vida. “Em 14 de margo de 2002, doci meu rim diteito a0 marido de minha melhor amiga”, ‘observaria mais tarde Cathy em um férum on-line que discute as experiéncias das pessoas que se tornam “doadores vivos” de érgios. No verdo anterior, durante um bate-papo franco, Cathy soube que a insufi- ciéncia renal do marido de sua amiga havia piorado e que ele precisava de um transplante de rim para sobreviver. Dominada pelo desejo de ajudar, Cathy passou. Por uma série de avaliages médicas e psicolégicas, ficando cada vez mais empol- ada A medida que passava por cada avaliacio e se aproximava de seu objetivo de doar um dos rins. “A experiéncia foi a mais recompensadora de minha vida”, ela ‘sereveu, “Fico tio feliz, por conseguir ajudar o marido de minha melhor amiga! A esposa tem 0 apoio do marido. Os filhos tém o apoio do pai... E uma situagio ‘mutuamente vantajosa. Todos ganhamos. Doci o dom da vida.”* Hi intimeras hist6rias scmelhantes, e essas “doagées direcionadas” de érgios podem até mesmo vir a envolver pessoas que tem conexdes bem ténues, como um atendente da Starbucks e seu velho cliente, por exemple. sucesso de assassinatos de Peret de Mississauga, em Ontitio, pai de qu morrendo de insuficiéncia cardiaca em 1995. Seu coracio ti uma tripla cirurgia de ponte de safena ¢ ele precisou usar um coragio art temporirio, Em um golpe de incrivel sorte, ele recebeu o coragio de um doador oito dias depois, quando estava & beira da morte. Sua filha lembrou: “Somos uma [Meu pai] receben 0 maior presente que poderia familia imensamente grata receber ~ teve sua vida de vol lho de Lavis, wram da decisio de te escreveu morreu em um acidente de trabalho. Oito pessoas se b Dan doar os drgios. A mulher que recebeu seu coracio postetio agradecendo por “lhe dar uma nova vida". No mesmo ede der re doadores vivos no relacionados de rins (embora com coordenagio médica para a familia de Lavi ano, nos Estados Unidos, uma sucesso semelh explicica) salvando muitas vidas ao longo do caminho”” (Os lacos de uma rede social podem transmitir —¢, como veremos, normalmen- ios que sio totalmente opostos & violéncia. Eles podem ser seminagio de eventos bons ou ruins inspirou até a criagio de e ra resolver problemas sociais. Por exemplo, programas em vit politanas dos Estados Unidos envolvem equipes de “interruptores de vi Essas pessoas que conhecem as ruas, frequentemente ex-membros de gangues, entam aéabar com a violéncia ao quebrarem o ciclo de transmissio. Eles costu- ganca, Se conseguirem persuadir uma tinica pessoa a nao ser violenta, varias vidas podem ser salvas. Nossas conexdes afetam cada aspecto de nossas vidas. Eventos dispersos, como homictdios e doagées de rgio: apenas a ponta do iceberg, Como nos sen- timos, 0 que conhecemos, com quem nos casamos, se ficamos doentes, quanto ganhamos e se v dlisseminam fluéncia sutil e dramética quanto a nossas escolhas, ages, pensamentos, se NO MEIO d BILHAO 5 rmentos € mesmo nossos desejos. Nossas conexées nao terminam com as pessoas que conhecemos. Além de nossos préprios horizontes sociais, amigos de amigos dde amigos podem iniciar reagdes em cadeia que, em algum momento, acabam nos alcangando, como ondas do mar que viajam grandes Brigadas de incéndio ¢ drvores de telefones Imagine que sua casa esteja pegando fogo. Felizment ‘voce esté sozinho. Vocé vai volta do rio apressadamente, balde na mao, carregan- um rio corre perto, mas do balde apés balde de égua para jogar na casa em chamas. Infelizmente, seus esforcos séo iniiteis. Sem ajuda, voce nao serd capaz de car- regar égua rpido o suficiente para vencer o fogo. Agora suponha que voc nao esteja sozinho. Vocé tem cem vizinhos e, feliz- lar. Cada um deles tem um es podem ir e voltar do tio, jogando aleatoriamente baldes de agua nas chamas. Cem pessoas jogando agua mente para voce, todos se sentem motivados a balde. Se seus vizinhos forem sufi entemente fort ‘em sua casa em chamas é bem melhor do que voce, sozinho. O problema é que, ‘com esse método, seus vizinhos desperdigam mt ‘guns deles se cansam com fi gua; um deles se perce no caminho de volta casa. Se cada pessoa agir de m ‘0 tempo indo € voltando. Al- jidade; outros nao estio coordenados e jogam muita idependente, com certeza sua casa serd destrut isso nto acontece devido a uma forma peculiar de organizaci social implantada: a brigada de incéndio, Seus cem vizinhos formam uma linha centre o rio e sua casa, passando baldes cheios de agua em direcéo & casa ¢ baldes vazios em diregio a0 rio. Nao apenas o arranjo da brigada de incéndio significa ‘que as pessoas nao tém de gastar tempo ¢ energia indo ¢ vindo do ri significa que as pessoas mais fracas, que talvez néo consigam andar ou carregar um balde pesado em longas distincias, agora tém algo a oferecer. Cem pessoas que fazem parte de uma brigada de incéndio poderiam fazer o trabalho de duzentas pessoas correndo aleatoriamente. Mas por que exatamente um grupo de pessoas organizado dessa maneira & mais efetivo do que © mesmo grupo de pessoas ~ ou até mesmo um grupo maior ~ trabalhando de forma independen partes, como exatamen '¢ 0 todo for maior do que a soma de suas todo se torna maior? De onde a parte “maior” vem? £ crivel ser capaz. de aumentar a eficicia dos seres humanos por ordens de mag- nitude organizando-os diferentemente. Mas que tal combinar pessoas em grupos ‘ © PODER DAS CONEXOES com determinadas configuragées que 0s tornem capazes de fazer mais coisas ¢ coisas diferentes do que os individuos por si s6s? 5, € antes de vermos o ma temos de explicar alguns termos e ideias bisicos da teoria das redes. ses conceitos basicos preparam o terreno para os artigos individuais ¢ as icadas que exploraremos a seguir, & medida © poder surpreendente das redes sociais de influenciar 0 es experiéncia humana interessante, i investigarmos stro completo da Em primeiro lugar, devemos esclarecer 0 que temos em mente por um grupo de pessoas. Um grupo pode ser definido por ui ibuto (por exemplo, lagos, sio frequentemente mais 105. Eles permitem aos grupos fazer coisas ‘que uma colegio desconectada de pessoas nao pode. Os lagos explicam por que © todo é maior do que partes. E 0 padrio especifico dos lagos & crucial para entender A brigada dei algo como égua em longas distincias, essa é uma boa forma de organizagéo. Masa ‘organizacio mais eficiente de cem pessoas em uma rede depende muito da tarefa 3 interconectados de dez. Isso permite a cada soldado conhecer todos os scus com- pPanheitos de esquadrao em vex de apenas o da frente ¢ o de tris. O mi mede esforgos para ajudar os membros do esquadrio a se conhecerem muito bem, na verdade, tio bem que eles estio dispostos a d Considere outra rede social: a drvore de telefones. 1as vidas um pelo outro. mnha que vocé precise entrar em contato com cem pessoas rapidamente para que elas saibam que as aulas foram canceladas. Antes das comunicagées modernas ¢ da interne, isso era um desafio porque néo havia fonte p mages atualizadas que todo mun- NO MEIO DO TURBILHAO, 7 uas residéncias (embora obs praca da cidade venha & mente). Em ver disso, cada pessoa precisava ser contatada direramente. O telefon tornou essa tarefa muito mais fic pessoa fazer as cem chamadas. Mesmo se alguém se dispusesse a ‘0 tempo até chegar is pessoas no fim da lista e, entao, poderia ser tarde demais avisé-las do caneelamento das aul pessoa faga todas as chamadas ¢ inefi De maneira ideal, uma pessoa desencadearia! uma reacio em cadeia para que todo mundo pudesse ser contatado © mais ripido possivel e com a menor carga de -nte € cansativo. um individuo em particular. Uma opgio é criar uma lista e pedir que a pessoa no topo da lista chame ¢ assim por diante, até que todo rxima pessoa, a segunda chame a terceira ido ria a carga de trabalho uniformemente, mas a recebido a mensagem, como em uma brigada de incéndio. Isso dis ipo para a centésima pessoa ser concatada io pudesse sér contatada, todo mundo depois na lista nao ainda demoraria muito se alguém na sequénci receberia a mensagem. ‘Um padtio alternativo de conexdes € uma érvore de telefones. A primeira pes- soa telefona para duas pessoas, que telefonam para duas outras pessoas e assim por diante, até que todo mundo tenha sido contatado. Diferentemente da brigada de incéndio, a drvore de telefones é projetada para disseminar informacées a vitias res de outras pessoas — assim como a pessoa que doot 0 coracio ‘outra doagio que salvou outras oito vidas. A drvore de tele ajuda, portanto, a amplificar e preservar a mensagem. Na realidade, no espaco de algumas décadas da implantacao disseminada de telefones residenciais nos Esta- dos Unidos, érvores de telefones foram utilizadas para todo tipo de objetivo. Um artigo no Los Angeles Times de 1957, por exemplo, descreve 0 uso de uma drvore dde telefones para mobilizar astrénomos amadores, como part ch F System” do Smithsonian Astrophysical Observatory, para monitorar satéites americanos e russos.* do “Moom © PODER DAS CONEXOES inte, essa mesma estrutura de rede também permite que um esteliona- tirio, sozinho, engane milhares de pessoas. No esquema de pirimide de Ponzi, 0 m uma estrutura parecida com a da drvore de telefones. A medida dinheito £ que novas pessoas so a “ jonadas & rede, estas enviam dinheiro as pessoas “aci- sna” delas ¢, entio, novos membros sio recrutados “abaixo”, para fornecer mals inl ‘Com o passar do tempo, dinheiro & coletado de um ntimero cada ver maior de pessoas. Naquilo que poderia ser 0 maior esquema de pirimide de Ponzi de todos os tempos, investigadores federais americanos descobriram, em 2008, que, durante o nos anteriores, Bernie Madoff aplicou um golpe de $50 bilhoes cm milhares de investidores. Como a rede de vendetas da Cérsega descrita antes, a ‘ede de investimentos de Madoff é 0 tipo que a maioria de nés gostaria de evita (Os quatro diferentes tipos de redes que consideramos até agora sio mostrados na guir. Primeiro, hé um grupo de 100 pessoas (cada uma representada por tum circulo, ou nd), entre as quais nao hd nenhum lago. Em seguida, hé uma brigada de incéndio, Aqui, além das 100 pessoas, hd um total de 99 lagos entre os membros do grupos cada p 10a primeira e a tltima) estd conectada a duas outras pessoas por um lage mituo (significando que os baldes cheios e vazios passam em lambas as diregdes). Na drvore de telefones, hé 100 pessoas ¢, novamente, 99 lagos. Mas aqui, todo 0 mundo, com excegio da primeira e da ilkima pessoa na drvore, esté conectado a ttés outras pessoas, com um lago de entrada (a pessoa a partir da ‘qual elas recebem a chamada) e dois lagos de saida (as pessoas para as quais elas farem as chamadas). Nao hé nenhum lago miituo; 0 fluxo de informagées &direcio- nal, assim como sio os lagos entre as pessoas. Em um batalho de 100 soldados, 0 ‘membro de cada esquadrao conhece muito bem 0s our membros desse esqua- 100 pessoas € 450 lagos drio, e cada pessoa tem exatamente nove lagos. Aqui conectando-os. (A razdo pela qual nao hi 900 lacos & que cada lago conta uma vex que conecta imaginamos que nao hé nenhum lago entre pelordes ou, pelo menos, que os lagos dentro dos pelotoes sio muito mais fortes do que 0s lagos entre os pelotées. £ claro que isso é uma simplificagio excessiva, mas ilustra ousra questio sobre comunidades nas redes sociais. Uma comunidade de rede pode set dcfinida como um grupo de pessoas que estio muito mais conectadas entre si do fo em relagio a outros grupos de pessoas conectadas localizadas em le. As comunidades sto definidas por conexdes es specifica compartilhada. NO MELO DO TURBILHAO Pray PRP D Pry peered ery peers Pray pees ane Pe Brigada de incéncio & Ce eeu PolotSes Arvore de telefones Quatro madesifrent de ‘ ps coer com pesos Cid rae (ni) repent sa cena lnka (ago), un lcionamento ned pesos As lns cone seas nor eens, wma pes cham aon. Do contri 0 Em um sentido bem bésico, uma rede social € um conjunto organizado de as que consiste em dois tipos de elementos: seres humans ¢ as conexées en- eles, Mas, diferentemente da brigada de incén , da drvore de telefones e do nao costuma ser imposta a organizagéo das redes sociais ns de cada pess alhar em locais agradéve uma rede de 105 estudantes em 0 © PODER DAS CONEXOES 0 esté conectado a seis outros amigos proximos, mas ico amigo, ¢ os outros, virios. Além disso, alguns alunos 1e outros, significando que eles tém mais conex6es com ‘outras pessoas na rede via amigos ou amigos de amigos. Na verdade, 0 software de visualizagio de rede € p conectados no centro e aque ;conectados na peri \do-os a vver a localizagao de cada pessoa na rede. Quando seus amigos ¢ fam mais bem conectados, aumenta seu nivel de conexio com a rede social como um, isso 0 torna mais censral porque ter amigos mais bem conec- regio ao centro de uma rede todo. tados literalmente o afista das margens ¢ o leva em social. Podemos medir sua cet amigos € outros contatos, mas também ao contar os amigos de seus amigos, os idade a0 contar nio apenas 0 niimero de seus fgada de incéndio, em que todo mundo amigos deles etc. Diferentemente da 1m cara a minha esquerda que me xem dou esses baldes ~ nao importa sente que a respectiva posicio é a mes passa os baldes ¢ outro a minha direita, a onde, na linha, eu estor ugares dentro da rede. as pessoas estio localizadas em diferentes tipos de ‘Nessa vede natural de amizades préximas entre 105 ‘no mesmo dormitirio, cada circulo representa wm em comum. Embora A e B tenham quatro ami probabilidade de se conbecerem (ha lagos entre ees), enguuanto nenbuom dos amigos de B ‘onhece umm ao owaro, A tem melhor transitividade da que B. Além diso, embora C senha seis amigos, eles tim lacalizasées muito diferentes na rede social. C é mui centrale D & mais periferco: os priprios amigos de C tim muitos amigos, enquanto os amigos de D tender a ter poucon amigos ow nenbur. NO MEIO DO TURBILHAO A forma, também conhecida como estrutura ou topok da rede, Embora a forma possa ser visualizada, maneiras, 0 padrao mesmo independentemente de como a rede é de quinhentos botées espalhados no chao. Agora imagine 2 mil fios que podemos al de conexdes que determina a f nectar os bores. Em seguida, também imagine que escolhemos aleatoriamente dois bordes € midade. 5 3s, enti, esse procedimento, conectando pa conectamos com um fio, amarrando cada botdo inhas anexadas a cles e, os outros, por acaso, nunca tetao sido jonados e, portanto, nao estaréo conectados a outro botio. Talver alguns gru pos de botées se conectem, mas permanecerio separados de outros grupos. Esses upos ~ mesmo aqueles que cons chamados componentes da rede; 1m tinico boro desconectado ~ sio stramos redes, muitas vezes s6 repre- sentamos 0 maior componente (nesse caso, aquele com a maioria dos bo Se seleciondssemos um boréo a partir de um componente ¢ o levantéssemos, (0- dos os outros botées ancxados a ele, direta ou indiretamente, também seriam levan- tados. Se posicionassemos essa massa de bores em diferente de quando a selecionamo: propriedade fundamental 'ma, no importa quantas vezes pegamos e soltamos a massa de botdes conectados. Cada botio tem a mesma posigio relacional que tinha anteriormente com os outros cespecificos; sua localizagdo na rede nio mudou. O sofiware de visualizagio rea no chéo, ela pareceria imeira vex. Mas a topologia ~ que é uma cca da rede de botdes — seria exatamente mostrar isso em duas dimensées e revelar a topologia subjacente ao colocar tados no centro ¢ os menos concctados nas margens. E,como ar desfazer um emaranhado de fios de lampadas de Natal, em que alguns podem ser facilmente puxados e separados do grupo, enquanto outros se enroscam cada vex ‘mais no meio da ficira. Por eras razbes que iremos explorat, as pessoas ocupam determinados locais nas redes sociais 4 nossa vol neidade € beleza pura nfo encontradas n: vanta questées sobre como elas surgem, a que elas servem, continuamente, Redes orginicas DER DAS CONEXOES Regras da vida na rede Hi dois aspectos fundamentais das redes sociais, sejam clas tio ples quanto uma brigada de incéndio ou to complexas quanto uma grande familia de varias geragées, um dormi dial que vincula todos nés. P rio universitério, uma comunidade inteira ou a rede mun- hha uma cone esti conectado a quem, Quai ipo € constitufdo como uma rede, ‘um padréo especifico de lagos que conectam as pessoas envolvidas, a topologia. Além disso, lagos sto complicados. Eles podem ser efémeros ou por toda a vidas cles podem ser casuais ou intensos; ees podem ser pessoais ou andnimos. O modo jo, que tem a ver com quem como construimos ou visualizamos uma rede depende de como definimos os lacos de interes. ‘A maioria das anilises enfatiza lacos com ft ¢ vizinhos. Mas ha todo tipo de lago social e, portant realidade, quando coisas como doengas sexualmente fluem por uma rede, esse préprio fluxo pode definir os lagos e, portanto, a estru- tura de um conjunto especifico de conexdes de rede. mas também poderia idade ou obesidade. Cada tum desses fluxos poderia comportar-se de acordo com suas préprias regras. Por exemple, fogo néo pode ser transportado em baldes aferar alg ser germes, dinheito, 6 tio; germes no podem Capitulo 4, tende ase ic € mune; obesidade, que discutiremos propagar mais rapidamente entre pessoas do mesmo sexo. Entender por que as redes sociais existem e como elas funcionam exige que entendamos certas regras em relagio 3 conexéo ¢ a0 contigio ~ estrutura ¢ funcio is. Esses principios explicam como os lagos podem fazer o todo ser maior do que a soma das partes. REGRA 1: MODELAMOS NOSSA REDE. Os scres humanos criam e recriam deliberadamente suas redes sociais 0 tempo selos ou praticantes de bungee jump, a verdade é que buscamos aquelas pessoas que NO MEIO DO TURBILHAO. Iham nossos interesses, histérias ¢ sonhos. £ com diz o ditado: “Diga-me rem és.” ‘Mas também escolhemos a estrutura de nossas redes de trés modos importan- tes. Primero, decidimos com quantas pessoas estamos conectados. Vocé quer um parceiro para um jogo de damas ou vari parceiros para um jogo de esconde-esconde? Vocé quer permanecer em contato com seu tio maluco? Vocé quer se casar ou prefere encontros casuais? Segundo, influenciamos a den- sidade com que nossos amigos ¢ fami estio interconectados. Vocé acha que, no seu casamento, seu colega de quarto na universidade deve © a0 lado da dama de honra? Vocé deve dar uma festa para que todos os seus amigos possam se encontrar? Voce deve apresentar seus parceiros de negécios? Terceiro, controla- ‘mos quem est no centro da rede social. Voct é 0 espitito da festa, que conversa com todo mundo no centro da sala, ou voce fica de lado, conversando com algumas poucas pessoas? A diversidade dessas escothas produz uma variedade pressionante de estru- tegrados. E a diversidade dessas escolhas lo7 que coloca cada um de nés numa localizagao tinica em nossa prépria rede social ‘Natural sno so uma questio de escolha; podemos morar em lugares que sio mais ou menos prop: turas para toda a rede & qual estamos —uma diversidade com origens s is € genéticas como veremos no C: as veres esses recursos estrutu Aamizade ou pode- _mos nascer em familias grandes ou pequenas. Mesmo quando essas estruturas da rede so I io impostas a nés, elas ainda governam nossas vidas. Na verdade, sabemos o suficiente para entender que as pessoas sio diferentes cmos do niimero de amigos e contatos sociais que tém e como estio conectadas. Mesmo ass identificar quem sio 0s contatos 50 de uma pessoa ipo de interagéo © em Embora uma pessoa possa conhecer algumas cen- pode ser algo compli sgraus di ido, visto que as pessoas tém tod idade varidvei tenas de pessoas de vista ¢ pelo nome, em geral cla estaré realmente proxima ape- nas de algumas. Uma das formas de os cientis as & fa “om quem voce dis ‘Com quem vocé passa seu tempo livre? Ao responder a essas perguntas, as pessoas icardo uma mistura heterogenea de amigos, parentes, colegas de trabalho, colegas de escola, vizinhos ¢ outros. iais identificarem essas pes- er perguntas como: coisas importantes? Recentemente, testamos essas perguntas entre mais de 3 mil americanos esco- idos aleatoriamente ¢ descobrimos que © americano médio contatos sociais mais préximos, com a maioria tendo entre dois ¢ seis. Tri “ © PODER DAS CONEXOES mente, 12% dos americanos néo listaram ninguém com quem pudessem discutie ces importantes ou passar o tempo livre. Em outro extremo, 5% dos americanos tinham oito pessoas desse tipo. Nos Estados Unidos, aproximadamente meade das pessoas listadas como mem- bros de grupos intimos foi reportada como sendo cons tade inclufa uma ampla variedade de diferentes tipos de relacionam cbnjuges, pa , colegas de trabalho, companheiros de lube, vizinhos e conselheiros e cons den chamou esse grupo de pessoas, que todos nés temos, de “uma rede bisica de dis- cussio”, Em uma amostragem nacional entre 1.531 americanos estudados nos anos 1980, ele descobriu que 0 tamanho da rede basica de discussio diminui & medida que envelhecemos, que nao ha nenhuma diferenca geral entre homens e mulheres cm relagio a0 tamanho da rede basica e que aqueles com nivel superi parents, itméos, (ores profissionais. O socidlogo Peter Mars- beisicas quase duas vezes maiores que aqueles que nao te Em seguida, em nosso trabalho seguinte, pedimos que os entrevistados dis- sessem o grau de interconexio entre seus contatos sociais. Assim, se uma pessoa afirmasse que Tom, , Harty e Sue sio seus amigos, perguntivamos se Tom conheceria Dick, se x ym conheceria Harry, s \mos, ento, essas respostas para caleular nheceria Hat assim por diante. dos dois amigos de uma pessoa também terem um lago lade de u a probal de amizade com o outro. Essa probabi lade é uma propriedade importante que utilizamos para medir 0 grau de interconexio presente em uma rede. Se-vocé conhece Alexi, Alexi conhece Lucas ¢ Lucas 0 conhece, dizemos que ‘vo —as ts pessoas envolvidas formam um triangulo. esse relacionamento & tran Algumas pessoas vivem no meio de um turbilhéo de relacionamentos transitivos (como a pessoa A na figura da pégina 10), enquanto outras tém amigos que néo se conhecem (como a pessoa B). Aquelas pessoas com alta transitividade normal- mente estio profundamente integradas a um grupo nico, enquanto essas com idade tendem a fazer contato com pessoas de virios diferentes gru- jo-as mais suscetiveis a agit como ponte entre baixa trans os que nao se conhecem, torna diferentes grupos. Descobrimos que, no geral, se vocé for um americano tipico, a probabilidade de que um de quaisquer dois de seus contatos sociais conhega 0 outro é de apro- ximadamente 52%, E bém mostram algo sobre as redes que no podem ser vistas. No vasto tecido da bora esses indicadores caracterizem as redes que podemos ver, eles tam- NO MEIO DO TURBILHAO. 5 hhumanidade, cada pessoa esté conectada a amigos, familia, colegis de trabalho igos, familia, mente até que cada um na Terra esteja conectado a todo mundo, de um jeito ou outro. Portanto, embora possamos pensar em nossa prépria rede como tendo um alcance social € geografico mais limitado, as redes que cercam cada um de nés estdo, de fato, bem extensamente interconectadas. E essa caracteristica estrutural das redes que.é a base da expresso comum “o mundo é pequeno”, £ bem provével, por meio de algumas conexdes de uma pessoa para outra, q ind pessoa. Um exemplo notério (pelo menos entre cientistas sociais) foi descrito em 10 descubra uma conexio com qualquer outra dades pioneiras no estudo das redes so ‘Um dos autores ouviu, por acaso, um paciente em um hospi falar a um paciente-chin cidade em Na verdade, os autores no possivelmente porque estavam preocupados com que o leitor, em uma ilustragéo adicional do efeito mundo pequeno, o conhecesse. REGRA 2: NOSSA REDE NOS MODELA ‘Nosso lugar na rede, por sua vez, nos afeta. Uma pessoa que nao tem amigos leva tuma vida muito diferente daquela que tem muitos. Por exemplo, veremos, no Ca- a sua satide mesmo que essa pessoa na verdad nio faca nada esp ‘Um estudo entre centenas de milhares de recrutas noruegueses fornece um exem- plo simples de como 0 mero ntimero de contatos sociais (aqui, irméos) pode afetar 38 io um pouco mais inte- inteligentes do que os terceiros filhos. Uma das perguntas importantes nessa érca de investigagio era, porém, se essa diferengas sio devido a fatores biolégicos congénitos que vem mais tarde. O estudo com soldados noruegueses mos {que caracteristicas simples das redes socais, como estrucura ¢tamanko da fami responsiveis pelas diferengas. Se vocé for um segundo flho cui morreu quando vocé ainda era crianca, seu QI serd mais alto e se parecerd com 0 QI ua fatores soci irmio mais velh 6 © PODER DAS CONEXOES No ME} bo TuRBI de um filho primogénito. Se vocé for o rerceiro filho e um de seus irméos mais velhos uma para a outra, a fim de extinguir as chamas. Redes sociais nao so apenas para fo, seu QI sera parecido com 0 de um segundo filho; se seus dois irméos ‘gua ~ elas transportam todo tipo de coisa entre uma pessoa ¢ outra, cutiremos no Capitulo 2, um determinante fundamental do.fluxo Como iverem morrido, seu QI se parecerd com o de um filho primogénito. sm uns aos outros. Em €a tendéncia de os seres humanos influenciarem € copi varios lagos diretos com uma ampla variedade de pessoas, Se seus amigos ¢ outros contatos sociais forem amigos uns dos outros, isso tam- bém seré crucial para sua experiéncia de vida. A transitividade pode afetar tudo, desde encontrar um(a) parceito(a) sexual até cometer suicfdio, O efeito d dade é faci fera uma cs Se os pais de uma crianga sio casados (conectados), eles, entio, provat iverem divorciados (desconectados), € provavel que , cOnjuges (e ex-conjuges que permane- inhos ¢ amigos. Cada um desses cem amigos), chefes e colegas de trabalho, e luenciado. Estudantes com imente, lagos oferece oportunidades para influenciar e se companheiros de quarto estudiosos tori sentam ao lado de pessoas que comem vorazmente comem mais. Proprictérios de conversam entre si, mas se is estudioss mse no conversem. O divércio significa que a comunicacio muitas vezes tem de passar casas cujos vizinhos se dedicam & jardinagem acabam tendo gramados bem cui- e € muito m dados, Essa tendéncia simples de uma pessoa influenciar outra tem consequi tremendas quando ol a além de nossas conexdes imediatas. a ambos os pai, seu relacionamento com cada um deles muda como consequéncia do divércio. Essas mudangas resultem da perda de uma conexio entre os pais — uma REGRA 4: OS AMIGOS DOS AMIGOS DE NOSSOS AMIGOS NOS AFETAM conexio com a qual o filho tem pouco a ver. O filho ainda tem dois pais, mas sua No fim das contas, as pessoas no copiam apenas seus amigos. Elas também co A quantidade de conratos que seus amigos e familia tém também é relevante. pam os amigos de seus amigos, ¢ 0s amigos dos amigos de seus amigos. No jogo il conhecido como “Telefone sem Fio”, uma mensagem é passada ao longo Quando as pessoas com as quais voce esté conectado tomnam-se mais bem. conectadas, isso reduz a distancia que vocé tem de percorrer entre uma pessoa de uma roda por cada crianga, que sussurra no ouvido da préxima crianga. A men- roduzidos pela crianga les introduzidos pelas criangas anteriores, 3s la. Desse modo, as criancas podem semelh: ‘€ outra para alcangar todo mundo na rede. Vocé se torna mais central. Ser m: n todos 0s ert0s i central o torna mais suscetivel a0 que quer que esteja fluindo dentro da rede. Por exemplo, a pessoa C na figura da pégina 10 é mais central do que a pessoa sagem que cada cr que © compartilha, bem com quais a crianga nio esté copiar outras com as quais nao tém um lago direto. De m: todos D. Pergunte-se qual pessoa vocé gostaria de ser se uma fofoca se espalhasse; voce deve ser a pessoa C. Agora pergunte qual pessoa vocé gostaria de ser se um germe heiro, ‘mortal se espalhasse pela rede; certamente a pessoa D. Essa preferéncia é ébvia ainda que Ce D tenham o imero de lagos socizis: elas esto. conectadas a apenas seis pessoas. Nos ca sua centralidade afeta tudo, desde q 6 pais alertam os filhos para que no coloquem dinheiro na boca: \imeras pessoas por cujas maos ele los postetiores, mostraremos como REGRA 3: NOSSOS AMIGOS NOS AFETAM A mera forma da rede em torno de nds nio é0 pensar nos efeitos hiperdidicos quando a rede é uma ue 0 terceiro na fila passe © balde ou todos nés teremos um grande Umma brigada de Jenquanto sua casa es cchamas, mas para que as pessoas possam passar a égua 7 (© PODER DAS CONEXOES complexas de milhares de pessoas, com todo tipo de caminhos que se cruzam ¢ se estendem para além do horizonte social (como consideraremos mais adiante)? Para decifrar o que esté acontecendo, precisamos de duas informagées. Primeiro, : precisamos entender devemos olhar para além das diades simples © sequenci as pessoas € seus amigos, os amigos de scus amigos, os amigos dos amigos de scus amigos e assim por diante, S6 conseguimos obter essas informagées 20 observar a rede inteira a0 mesmo tempo. Recentemente tornou-se possivel fazer isso em grande escala. Segundo, se queremos observar como as coisas fluem de uma pessoa para outra, precisamos, entio, de informagdes sobre os lagos e as pessoas as quais clas se conectam em mais de um ponto no tempo, do contririo, nao hd como entender as propriedades dinimicas da rede. Seria como tentar aprender as regras de um esporte desconhecido ao olhar um iinico instantineo de um jogo. Consideraremos muitos exemplos ¢ variedades da disseminacio hiperdiddica, mas podemos preparar o terreno com um exemplo simples. A maneita de pensar- mos sobre 0 contgio é: se uma pessoa contrair algo e entrar em contato com outra pessoa, esse contato seri suficiente para que a segunda pessoa seja contaminada. Vocé pode tornar-se infectado por um germe (0 exemplo mais simples) ou por uma fofoca ou informagio (um exemplo menos ébvio). Depois de ser infectado por uma tinica pessoa, 0 contato adicional com outras geralmente é redundante. Porexemplo, se vocé recebesse a informagio precisa de que a agio XYZ Fechou em $50, outra pessoa que informe a mesma coisa nao acrescentaré muito. Vocé pode passar essa informacio para outra pessoa. Mas algumas coisas ~ como normas ¢ comportamentos ~ talvez nao sejam disseminadas dessa forma. Elas poderiam exigir um processo mais complexo, que envolve o reforco por diversos contatos sociais. Nesse caso, uma rede orga- io poderia eas nizada como inha simples, como uma brigada de incéndi suportar a transmissio de fendmenos mais complicados. Se quiséssemos pessoas parassem de fumar, nés néo as organizariamos em uma linha e fariamos 4 primeira parar e, entio, diriamos a ela para passar essa informagio. Em vez disso, colocarfamos um fumante no meio de vérios nao fumantes, talvez em um pequeno geupo. O famoso experimento da calgada feito pelo psicélogo Stanley Milgram iluseea a importincia do reforgo a partir de diversas pessoas." Em duas tardes frias do inverno de 1968, em Nova York, Milgram observou o comportamento de 1.424 pedestres & medida que caminhavam ao longo de uma tua com mais ou menos 15 metros. Ele posi nou “grupos de estimulo”, cujo tamanho variava de 1 a 15 MEIO DO TURBILHAO, » assistentes de pesquisa, na calgada. No momento correto, esses grupos arti parariam e por precisamente um minuto. Nao haveria nada de interessante na janela, apenas outro assistente de Milgram. Os resultados foram filmados e os assstentes, mais tarde, contaram 0 niimero de pessoas que parou ou olhou para onde o grupo de estimulo olhava. Embora 4% dos pedestres tenham parado ao lado de um “grupo” composto de uma tinica pessoa olhando para cima, 40% pararam quando havia 15 pessoas no grupo de estimulo. Evidentemente, as decisées do transeunte de copiar um comportamento foram influenciadas pelo tamanho do grupo que 0 exibia Uma porcentagem ainda maior de pedestres copiou o comportamento incom- pletamente: eles olhavam para ci ia na diregao do olhar fixo do grupo de estimulo, ‘mas no paravam, Embora uma pessoa tenha influenciado 42% dos transcuntes, para que olhassem para ma, 86% dos transeunces othavam para cima se 15 pes- soas olhassem. Mas, mais interessante do que essa diferenca, era o fato de o grupo de estimulo de cinco pessoas ter sido capaz de induzir quase 0 mesmo niimero de transeuntes a olhar para cima que um grupo de 15 pessoas, Isto é, nesse cendrio, © efeito de grupos maiores do que cinco nao foi muito maior sobre as ages di transeuntes. REGRA 5: A REDE TEM VIDA PROPRIA, As redes sociais podem ter propriedades e fungdes que ni sio nem controladas ‘nem mesmo percebidas pelas pessoas dentro delas. Essas propriedades s6 podem ser entendidas ao se estudar 0 grupo inteiro ¢ sua estrutura, nio individuos isolados. Exemplos simples incluem congestionamentos ¢ debandadas. Vocé nao pode entender um congestionamento ao interrogar uma Pessoa furiosa ao volante do carto, embora seu automével imével contribua para problema. Exemplos complexos incluem a nocio de cultura ou, como veremos, o fato de grupos de pessoas interconectadas poderem exibir comportamentos complexos e compartilhados sem uma coordenacio ou consciéncia exp! ‘Muicos dos exemplos simples podem ser mais bem entendidos se ignorarmos completamente a vontade € a cognicio dos indi luos envolvidos e tratarmos as pessoas como se elas fossem “agentes com inteligéncia zero". Considere as ondas humanas em eventos esportivos, as quais apareceram primeiramente na Copa do PODER DAS CONEXOFS 0 walmence chamado La Ola, 0 icos que normalmente estuda ondas Mundo de 1986, no México. Nesse fendmeno, eeizo € bem impressionante. Um grupo de fcie de liquidos ficou bem intrigado com o fato e decidiu estudar uma colegio de exemplos filmados da “Ola” nos enormes estidios de futebol. Esses fisicos perceberam gue essas ondas normalmente rolavam no sentido horitio e se moviam consistentemente a uma velocidade de vinte “cadeiras por segundo”. Para entender como essas ondas humanas comegam e se propagam, 0s ci para se entender fendmeno: uma floresta ou a propagacio de um sinal elétrico pelo misculo cardiaco. Um meio excitdvel 6 aquele que muda de um estado para outro (como uma drvore que ), dependendo do que outros em torno dela estio fazendo (arvores queima o préximas estdo queimand: , sugerindo que a" de um {nico individuo 20 se levan Esses modelos produziram previsbes exatas do fend- do movimento do grupo, mas 0 grupo manifesta um tipo de in que ajuda todos dencro dele a deter ou escapar de predadores. Esse com rio reside dentro de criaeuras especificas, mas, em vez disso, é uma propriedade dos grupos. © exame dos bandos de pissaros “decidin * em que diregio voar revela {que eles se movem de uma maneira que abrange as intenges de todos os pissaros ¢, ainda mais importante, a Iha para o bando, Cada pissaro é melhor do que a de um pssaro especifico." Semelhantes & “Ola” e a0 bando de pissaros, as redes sociais obedecem a regras préprias, regras que sio distintas das » porém, as pessoas nao esto se divertindo em. clas estio doando drgios, ganhando peso ou sentindo-se felizes Nese sentido, dizemos que as redes sociais tém propriedades emergentes. Propriedades emergentes io novos atributos de um todo que resultam da inte- partes, A ideia da emergéncia pode ser entendida com tuma analogia: um bolo tem um gosto no encontrado em nenhum de seus ingre- dientes. Nem seu gosto ¢ a média dos sabores dos ingredientes — algo, digamos, NO MELO DO TURBILHAO entendimento das redes sociais permite entender como, de fato, no éas0 dos seres humanos, 0 todo vem a ser maior do que a soma de suas partes. Seis graus de separagio e trés graus de influéncia Stanley Milgram idealizou outro experimento muito mais notével, mostrando que todas as pessoas esto conectadas uma a outra por uma média de “seis graus de separagio” (scu amigo esté a um grau de vocé, o amigo de seu amigo esti a dois graus etc.) O experimento de Milgram, conduzido nos anos 1960, envolvia dar a algumas centenas de pessoas que moravam em Nebraska uma carta enderegada aalguém que consideravam ter mais probabilidade do que elas de relacionamento pessoal com 0 gens entre uma pessoa ¢ outra que’a carta percorreu para alcangar o destino rado. Em média, seis viagens foram necessérias. Esse fato incrivel dew igagbes sobre o efeito do mundo peg nalmente caract le também entrou para a cultura popular, com a pega de John Guare, * jogo Six Degrees of Kevin Bacon, Mas alguns académicos ficaram céticos. Por exemplo, por mais di ‘Six Degrees of Separation’, ¢ até mesmo 0 modo de comunicagio."Eles recrutaram mais de 98 dos Estados Unidos) para enviar uma mensagem a “alvos” em todo 0 mundo, en- nhando o e-mail a alguém que cada voluntério conhecia € que, por sua vez, io recebeu aleatoriamente um alvo jo no exército noruegués ~ um grupo bem heterogé- preendentemente — grasso modo, foram necessétios seis (em média) para enviar 0 e-mail a cada pessoa-alvo, replicando a estimativa al de Milgram de quo pequeno mundo é. 2 © PODER DAS CONEXOES Contudo, apenas porque estamos conectados a todo mundo por seis graus de separagio nio significa que dominamos todas esss pessoas a qualq social de nds. Nossa prépria pesquisa mostrou que a disseminagéo da influéncia wamamos de Regra dos Trés Graus de In- ‘udo o que fazemos ou dizemos tende a reverberar por nossa rede, exer cendo um impacto sobre nossos amigos (um grau), os amigos de nossos amigos ~ (dois graus) e mesmo os amigos dos amigos de nossos amigos (erés graus). Nossa influéncia dissipa-se gradualmente e para de ter efeito perceptivel sobre as pes- soas além da fronteira social que esta trés graus de separagio. Do mesmo modo, ‘somos influenciados pelos amigos dentro de trés graus, mas, geralmente, nao por aqueles além desses. ‘A Regea dos Trés Graus se aplica a uma ampla variagio de ‘ecomportamentos, € se aplica & propagagio de fenémenos téo diversos quanto vis6es iticas, ganho de peso ¢ felicidade. Outros pesquisadores documentaram isto entre redes de inventores: ideias inovadoras parecem difundir-se em trés graus, de tal modo {que a criatividade de um inventor influencia seus colegas, os colegas de seus colegas ¢ 6s colegas de colegas de seus colegas, ¢recomendagées verbais em relagao a preocupa- 6es cotidianas (por exemplo, como encontrar um bom professor de piano ou como encontrar uma casa para um animal de estimagio) também eendem a se disseminar ‘em trésgraus. Hi trés possfveis razées de nossa influéncia ser limitada. Primeiro, como ondas de uma pedra que cai em um lago de aguas calmas, a influéncia que temos sobre outros pode, por fim, diminuir. A pedra desloca certo ‘volume de gua ao caire a enetgia contida nela dissipa-se A medida que clase pro- paga. Um modo de pensar sobre isso socialmente é que hi deterioragio na fideli- \e Se propagam a pat dade das informagées & medida que elas sfo transmitidas, como no jogo infar do telefone sem fio. Desse modo, se voeé parar de fumar ou apoiar determinado candidato politico, no momento em que essas informagées aleancam 0 amigo dos Jo mais tenha informagcs amigos dos amigos de seus amigos, essa pessoa ‘exatas ou confidveis sobre 0 que vocé na verdade fez. Chamamos isso de explicasao do decaimento intrinseco. devido a uma evolugio inevitivel na rede Os lagos nas redes néo duram Segundo, ainfluéncia pode i que toma instaveis 0s elos além dos trés gra para sempre. Amigos deixam de ser amigos. Vizinhos se mudam. Cnjuges se divorciam. Pessoas morrem. O tinico modo de perder uma conexo direta com alguém que vocé conhece é se o lago com vocé desaparecer. Mas, para tuma pessoa NO MELO DO TURBILHAO B a trés graus de distancia de vocé, qualquer um dos trés lacos pode ser cortado © vocé perderia pelo menos um caminho até voce. Portanto, em média, podemos indo ter lagos estéveis com pessoas a quatro graus de separagio dada a rotatividade constante nos laos por todo © caminho. Conscquentemente, nao influenciamos mos no Capitulo 7, 0s seres humanos parecem terevoluido em pequer nos quais todo mundo estaria conectado a todos os outros por trés graus ou menos. de fato, dtl saber se alguém em nosso grupo é um inimigo ou aliado ‘ou se os outros precisam de nossa ajuda ou poderiam nos ajudar, © é fluenciar outros em nosso grupo a fazer o que fazemos. Mas ainda nao vivemos «em grupos grandes por tempo suficiente para que a evolugio favorecesse pessoas que podem estender suas influéncias para além dos erés graus. Colocando de outra maneira, talvez nao sejamos capazes de influenciar pessoas a quatro graus de distancia de nés porque, em nosso passado hominideo, néo havia ninguém. que estivesse quatro graus distances de nés. Chamamos isso de explicapio do objetivo evolutivo. Parece pravivel que todos esses fatores desempenhem um papel. Mas, inde- pendentemente das razées, a Regra dos Trés Graus parece ser parte importante nna maneira como as redes sociais humanas funcionam, e cla pode continuar a res- tringir nossa capacidade de nos conectarmos, embora a t a muito mais pessoas. a fornega acesso Embora esse rente possa parecer, bem, digamos, limitante (quem nao quer governar 0 mundo?), néo devemos nos esquecer de que esse € um mundo pequeno. Se estivermos conectados a todos os outros por seis graus e pudermos influencié-los até trés graus, entéo um modo de pensar sobre nés mesmos é que cada um de nés pode alcangar pelo menos metade do caminho até todas as outras, pessoas no planeta Além disso, mesmo quando restrta a trés graus, a extensio de nosso efeito sobre outtos € extraordinsria. A maneira natural como as redes socias sio estrutu- radas significa que a maioria de nds esta conectada a milhares de pessoas. "or exemplo, suponha que vocé tenha vinte contatos socias, incluindo cinco amigos, cinco colegas de trabalho e dez membros da fa sua vez, tenha niimeros vamos st * © PODER DAS CONEXOES que voce esti indiretamente conectado a quatrocentas pessoas a dois graus de se- paragdo, Mas sua influéncia no para familia de cada uma dessas pessoas, produzindo um total de 20 x 20 x 20 pessoas, cu oito mil pessoas que estio a trés graus de voce. Isso incluiria todos os habitances da pequena cidade de Oklahoma onde James eresccu. ‘Assim, embora a observacio de que ha seis graus de separagio entre duas pes- soas quaisquer se aplique a nosso grau de conexio, a observacio de que ha trés graus de influéncia se aplica a nosso grau de contigio. Essas propriedades, conexéo Blas sio a anaromia e a is ela vai um passo além dos vinte amigos ¢ e cont sio a estrutura e a fungio das redes soci fisiologia do superorganismo humano. poder das conexées A maioria de nds jé est ciente do efeito direto que tem sobre nossos amigos e nossas agbes podem torné-los felizes ou testes, saudaveis ou doentes ¢ até mesmo ricos ou pobres. Mas raramente consideramos que tudo em que pensa- ‘mos, sentimos, fazemos ou falamos pode se propagar muito além das pessoas que conhecemos. Inversamente, nossos amigos e familia servem como canais para que sejamos influenciados por centenas ou mesmo milhares de outras pessoas. Em uma espécie de reagio social em cadcia, podemos ser profundamente afetados por eventos que no testemunhamos que acontecem para pessoas que no conhecemos. E como se pudéssemos sentir a pulsagio do mundo social em torno de nés e responder 4 seus ritmos persistentes. Como parte de uma rede social, transcendemos a nés mesmos, para o bem ou para o mal, € nos tornamos uma parte de algo muito maior. Estamos conectados. Nossa conectividade traz com cla implicagées radicais sobre 0 modo como entendemos 2 condigio humana. As redes sociais sio importantes precisamente porque elas podem nos ajudar a atingir aquilo que nao podemos atingir sozinhos. Nos préximos capitulos, mostraremos como as redes influenciam a disseminagio da alegria, a procura por parceiros sexuais, a manutengio da satide, 0 funciona- ‘mento dos mercados ¢ a luta pela democracia. Contudo, os efeitos da rede social nem sempre sio positivos. Depressio, obesidade, doencas sexualmente transmissiveis, pinico financeito, violéncia e mesmo suicidio também sio disseminados. As redes sociais, no final das contas, tendem a ampliar tudo com que sio inseminadas. NO MELO DO TURBILHAO 2s Parcialmente por causa disso, as redes sociais sio criativas © 0 que essas redes criam nfo pertence a nenhum individuo em particular ~ é compartilhado pot odos aqueles na rede. Nesse sentido, uma rede social parece uma floresta de posse coletiva: todos nés queremos nos beneficiar dela, mas também devemos colaborar para assegurar que ela permanega saudavel e produtiva Isso significa que as redes sociais exigem supervisio de individuos, grupos ¢ instiuigdes. Embora as redes sociais sejam fundamental e distintamente huma- zas, € onipresentes, elas nao devem ser tomadas como certas Se vooé estiver mais feliz ou for mais rico ou mais saudével do que outros, iss0 pode ter muito a ver com onde vocé esti na rede, mesmo que voeé nao possa dis- cetnir sua prépria localizagio. Isso também pode ter muito a ver com a estrutura geral da rede, mesn nao controle essa estrutura. Em alguns casos, 0 processo passa a realimentara prépria rede. Uma pessoa com muitos amigos pode tornar-se rica €, entio, atrair mais amigos, Essa dinimica ‘rico torna-se mais rico” significa que as redes sociais podem reforgar radicalmente dois tipos diferentes de desigualdade em nossa sociedade: a desigualdade sitwacional (alguns estio em vantagem socioecon6mica) e a desigualdade posicional (alguns esto em vantagem «em termos de onde estio localizados na rede). (Os legisladores ainda néo consideraram as consequéncias da desigualdade po- sicional. Mesmo assim, entender © modo como estamos conectados € um passo cessencial para eriar uma sociedade mais justa e implementar diretivas puiblicas que afetam tudo, desde a satide piiblica até a economia. Poderfamos estar em vantagem se vacinassemos individuos centralmente local zados em vez dos fracos. Poderiamos estar em vantagem se persuadissemos os ami- {08 dos fumantes quanto aos perigos de fumar em vez de visar os fumantes. Pode- ramos estar em vantagem se ajudéssemos grupos interconectados de pessoas a evitar comportamento criminoso em vez de prevenir ou punie crimes individualmente. O efeito poderoso das redes sociais sobre comportamentos e resultados indivi- uais sugere que as pessoas nao tém controle completo sobre suas préprias esco- thas, A influéncia interpessoal nas redes sociais, portant, levanta questes moras, Nossas conexdes com outros afetam nossa capacidade de livre-arbitrio. Que grat. de culpa Giacomo, na Cérsega, tem por suas agées, ¢ que grau de cré Lavis, em Ontario, tem pela sua agio? Se eles agissem apenas como elos em uma cadeia, como poderiamos entender sua liberdade de escolher uma aco? Alguns pesquisadores explicam 0 comportamento humano col darem as escolhas ¢ ages dos individuos. Outros prescindem % © PODER DAS CONEXOES focalizam exclusivamente grupos formados por classe social, raga ou litica, ada um com identidades colecivas que fazem as pessoas nesses grupos agir isteriosa e magicamente em comum acordo. A ciéncia das redes sociais fornece um modo distinto de ver © mundo porque cla considera individuos ¢ grupos, ¢ como o primeiro, na verdade, torna-se 0 Se quisermos entender como a sociedade funciona, temos de preencher os elos ausentes entre os individuos. Precisamos entender como interconexées e int sées entre as pessoas dio origem a aspectos inteiramente novos da experincia humana que néo estio presentes nos préprios individuos. Se néo entendermos as redes sociais, nao poderemos esperar entender totalmente nés mesmos ou 0 mundo em que vivernos, CAPITULO 2 Quando vocé ri, 0 mundo ri com vocé (0 ESTRANHO ACONTECEU NA Tanzania, em 1962, em um internato para meninas perto do Lago Vit6ria, no distro de Bukoba. Houve uma epidemia de Fiso,¢ isso no ocorreu apenas entre algumas internas que compartlharam uma piada. Um desejo irresistivel de rir surgiu repentinamente e passou de uma para ess0as. ‘outa pessoa, afetando mais de mil O surto teve inicio abrupto € 0 periodo inici inutos € algumas horas. Isso era seguido por um periodo de comportamento normal ¢, entio, ocor- riam recaidas de até 16 dias. Naquilo que deveria ser uma indicagio da natureza real dessa epidemia, as vitimas muitas vezes de risadas durava entre alguns iam sentir-se agitadas e assustadas, apesar de rirem. (Os médicos que primeito investigaram e informaram a epidemia~ Dr. Rankin, membro do corpo docente na Makerere Univesity, © 0 Dr. Philip, médico do de Bukoba ~ foram extremamente meticulosos.' Eles descobriram que fermidade, Eles foram capazes de determinar que o periodo de incubacio entre 0 io dos sintomas ia de algumas horas a alguns dias. Felizmente, como As pessoas in- Fectadas se recuperavam completamente. A epidemia comegou em 30 de janeiro de 1962, quando wés meninas com idades entre 12 € 18 comegaram a rir de n ira incontrolivel. Aquilo se espa- en © PODER DAS CONEXOES Ihou rapidamente e logo a maioria das pessoas na escola tinha um caso sério de riso incontroliv. Em 18 de margo, 95 das 159 alunas foram afetadas, ¢ a escola foi forcada a fechar. As alunas voltaram para suas casas, aldeias e cidades. Dez dias dep surto de ts lavel explodiu na aldeia de Nshamba, a 90 quilémetros, aon- de algum s tinham ido. Um total de 217 pessoas foi afetado. Outras meninas voltaram a st ero da Ramanshenye C cepidemia se espalhou nessa escola em meados de junho. uando 48 dos 154 estudantes foram atingidos por risos incont ocorreu na aldcia de Kanyangereka em 18 de quando uma ¢ se espalhou para as escolas de dois met bbém foram forgadas a fechar. Depois de alguns meses, a epidemia perdeu forga. Rankin e Philip procuraram arduamente as causas bi sda epidemia. Eles constataram que nio havia registro prévio de epidemia semelhante na regio. Os proprios aldeées nao sabiam o que fazer. Em Bukoba, onde a doenga despertou grande interesse, havia resultado de explosses “Loucura contagiosa” ou “endwara yokuseka”, que sig igavam essa epidemia con ‘crenga de que a atmosfera havia sido envenenada como cémicas”. Outros a descreveram como uma espécie de ica “doenga do ri Como 0s aldedes ¢ 0s cientista aquilo nao era uma questio de alegria. Ela néo envolvia a disseminagéo da fe- licidade e da alegria real ~ embora isso também possa acontecer, apesar de nio exatamente da mesma maneira. Em ver. disso, 0 surto foi um caso de histeria ugem de uma tendéncia profundamente fio que tira os de xi de outra natureza, podem se propagat asemogées tém origem cole ‘ontigio emocional. Emogoes de todo tipo, pares de pessoas e entre e ni apenas depende de como se sentem aqueles aos quais vocé estd conectado de maneira proxima ou distante Nossos antepassados tinham sentimentos los nés temos emogées, ¢ clas consistem em viiios elementos. Primeiro, not ‘malmente temos uma percepcio consciente de nossas emogbes: quando estamos QUANDO VOCE RI, 0 MUNDO RI COM VocE 2» falizes, a gente sabe. Segundo, emoges costumam aferar nosso estado fis ramos como nos se sa postura; dado o papel que as emogées desempenham nas redes sociais, essas anifestagdes fisicas sio especialmente importantes associadas a uma atividade ne 10S em NOssos Fostos, cM nossas Vozes € mesmo em nos- ‘erceiro, as emogées estio ecifica; se voce vir uma imagem as profundas de seu cérebro muda instantancamente. Por fim, as emogdes esto associadas a comportamentos visi- chorar ou gritar.? stados emocio- fos demonstraram que as pessoas podem “adquit ais que clas observam em outros 20 longo de periodos de tempo que variam de segundos a semanas.’ Quando calouros dividem quartos com estudantes moderada- mente deprimidos, eles se romam cada vez mais deprimidos ao longo de um periodo de trés meses. contigio emocional pode até mesmo acontecer entre estranhos, apés um simples contato efémero. Quando garcons sio treinados a prover “servigo com um sortiso”, os clientes informam que se sentem mais feitos e as gorjtas sio melhores.*As emogies eo humor das pessoas sio afetados pelos estados emocio- ais das pessoas com as quais elas interagem, Por que e como isso acontece? Poderiamos considerar outra questio primeiro: Por que emogées nio sio esta dos intemnos? Por que nao temos apenas nossas préprias sensacées intimas? sen rolu- tivamen ros é seguramente vantajoso para nés. Por exemplo, a capacidade de sent se assustado provavelmente & boa para nds em situages em que temos de re apenas nos ser i rapidamence para sobreviver. Mas nio 108 assustados; mostramos que estamos assustados. Pulamos ou Britamos ou amaldicoamos ou nos contorcemos, ¢ essas asées nio passam desper- cebidas, Elas sio copiadas por outros. Dada a organizagéo dos primeiros hominideos em grupos sociais, a propagacdo as emogées serviu a um propésito evolutivamente adaptativo.°Os primeiros eres humanos tinham de contar uns com os outros para sobreviver. Suas interagées ica, natureza, predadores) eram modula- ea outros para enfientar 0 mundo mais efetivamente, sm para suportar essa unio, mais obviamente a comu 7 al. O desenvolvimento das emo- S8c5 nos humanos, a exibicao das emogdes ea capacidade de interpretat as emoges © outros ajudaraim a coordenar at incronizar comportamentos € comunicar informagées. imetismo emoci idades em grupo de trés modos: faclitar lagos a © PODER DAS CONEXOES ‘aos membros consanguineos e, por fim, aos membros néo consan; ‘gio emocional promove a sineronia interativa. No nivel dos pares mae e gjo emocional pode ter levado as maes a serem mais atenciosas ¢ protetoras de seus bebés quando estes precisavam de atencio. 'Na verdade, ficamos mais tristes quando os membros de nossa familia estio tristes do que quando estranhos estio tristes. H4 uma vantagem em coordenar nosso estado de espirito com aqueles com os quais estamos relacionados. No final, esse tipo de sincronicidade em relagao ao estado de espi dades pode ter sido benéfico para atividades em grupo maiores, como proteger-se car coordenar um grupo de caga, Fa- sistas ¢ estverem exaltados. Inversi- contra inimigos ou cagar presas. Se vooe cilitard se todos os membros do grupo forem ot vocé é parte de um grupo e alguém nele parecer estar com medo, talvez, ‘essa pessoa tenha visto um predador que vocé nao viu. Adotar rapidamente o estado emocional dela pode aprimorar suas perspectivas de sobrevivéns .. Aliés, considera-se que emogées positivas pecialmente bem para aumentar a natureza coesiva do grupo (“Estou comunicagio Emogées podem set informacées sobre snte € a respectiva seguranga ou perigo relativo do que outras formas icagio, parece certo que as emogbes precederam a linguagem. 1e as emogées néo tém em especificidade comparadas com a oral elas podem compensar em texmos de agilidade. Vocé pode dizer bem rapi- damen iagem se sua esposa est nervosa com vocé, mas fazé-la expl isso para voce pode levar muito mais tempo (especialmente se ela insistir que voc€ adivinhe por que ela esté nervosa antes de ela dizer isso). Vocé pode entrar em casa no final do dia ¢ imediatamente saber se o ambiente é seguro ou perigoso, e esse & um bom truque passado por nossos antepassados. taro que emogées rapidamente coordenadas nem sempre sio uma boa coisi. Se vooe mor, sua parceira muitas-vezes i de- QUANDO VOCE RI, © MUNDO RI COM Voct. 3 Contigio emocional ‘As emogées se propagam de pessoa para outra devido a duas caracterfsticas da in- teragio humana: estamos biologicamente conectados para simular outras pessoas externamente ¢, ao fazermos isso, adotamos o estado interior delas. Se sua amiga std feliz, ela sort, vocé também se sente bares ¢ dormi no trabalho ¢ na rua, em todos os lugares em que as pessoas cendemos a sincronizar nossas expressdes faciais, vocalizagoes ¢ pos- turas inconsciente e rapidamente ¢, como resultado, também misturamos nossos estados emocionai Em nenhum lugar mostramos mais nossas emoges do que em nosso rosto. Nio é dificil explicar por que nossas expressbes faciais mudam em resposta a esti- mulos ambientais ou como isso poderia ser evolutivamente adaptativo Pesquisas recentes, por exemplo, forneceram ideias de como duas expresses faciais, medo e repugnincia, moderam nossa recepgio das sensacdes provenien- indo ele ouve algo interessante. Da mesma forma, quando estamos e jados, como por um odor desagradével, nosso nariz se enruga ¢ nossos olhos se fecham para reduzir 0 impacto. A entrada de ar aumenta quando temos medo e reduz quando estamos enojados. Mesmo assim, as expressées faciais parecem ter evoluido nao apenas para mo- no individuos, mas também como uma dificar nossa experiéncia do mundo maneira de nos comunicarmos com outros. Ao longo do tempo, esse aspecto das cexpressées faciais provavelmente eclipsou sua fungio original. Essas mudangas fe emente acontecem na evolugio. Penas podem ter surgido para acabaram contribuindo pa dade de voar. lar 0 corpo de répteis pré: cagem diferente e mais importante, a capa icos, mas dos outros. Desenvolvemos a capacidade de ler as expresses faci Portanto, nés nos beneficiamos quando enrugamos 0 rosto como ato de re- pugnancia e ao sermos capazes de perceber se 0 rosto das outras pessoas esti enru- gad como indicagéo de repugnancia. Os seres humanos © dom extraordinério de detectar até mesmo peque- nas modificagées nas expresses faciais. Essa capacidade esté localizada em uma frea especifica do cérebro ¢ pode até ser perdida, uma condigio conhecida como prosopagnosia. Let as expressées dos outros foi provavelmente um passo-chave em i © PODER DAS CONEXOES iregio a sincronizacio das sensagées e do desenvolvimento da empatia emocional gue éa base do processo do contigio emocional. “Mesmo em 1759, estava claro para o pai da economia ¢ fildsofo Adam Smit que o pensamento consciente era uma das maneiras como poderlamos expressar rnossos sentimentos por outros e, portanto, sentir-nos como os outros: “Apesar de nosso irméo estar atormentado (...) pela imaginagio, nds nos colocamos na situa~ gio dele, imaginamos a nés mesmos padevendo dos mesmos tormentos, como se eneréssemos em seu corpo ¢, até certo ponto, nos tornéssemos uma mesma pessoa. AA partir dai, formamos alguma ideia das sensagées dele e chegamos até a sentir algo que, embora em menor grau, nao difere de seus sentimentos.” ‘Contudo, as emogées se espalham de modos que vao além de simplesmente ler rostos ¢ pensar sobre as experiéncias dos outros. Na verdade, ha um processo mais primitivo € menos deliberative do contégio emocional, uma espécie de empatia instind As pessoas imitam as expresses faciais dos outros e, entéio, como re- sultado direto, clas se sentem como os outros se sentem. Iso & chamado aferéncia ‘afetiva ow teotia do feedback facial, uma ver que a trajetéria dos sinais vai dos miisculos (do rosto) para o cérebro, em vez da trajetéria eferente, mais comum, do cérebro para os misculos. Os efeitos benéficos das express6es faciais sobre estado de espirito de uma pessoa esto entre as razées, por exemplo, de telefonistas setem treinadas pata sorrir quando trabalham, embora a pessoa na outra extremi- dade da linha nio possa quando se esta triste. -las, Essa teoria também explica por que sorrir ajuda ‘Um mecanismo biol6gico que torna emogées (e comportamentos) contagiosas poderia ser 0 chamado sistema de neurinios-espelho no cétebro human.” Nosso cérebro pratica fazer acées que observamos nos outros, como se nds mesmos fizés- semos aquilo, Se ja observou um torcedor agitado em um jogo, voct sabe do que estamos falando ele se contorce a cada erro, do por dar suas proprias aches motoras ao jogador no campo. Quando vemos jogadores correndo, pulando ou chutando, nao & apenas nosso cértex visual, ou mesmo a parte de nosso cérebro que pensa sobre o que estamos observando, que é ativado, mas também as partes de nosso cérebro que setiam ativadas se nés mesmos estivéssemos correndo, pu lando ou chutando, Em um experimento relacionado ao contigio emocional, os participantes es- cautavam gravagées das reagées vocais nfo verbais que comunicavam duas emo- ges positivas, como entretenimento ¢ triunfo, e duas emogdes negativas, como medo ¢ repugnincia. Os pesquisadores monitoraram 0 eérebro dos participan- QUANDO VOCE RI, © MUNDO RI COM vocE s tes em busca de uma resposta, colocando-os em uma miquina dé ressonancia magnética (magnetic resonance imaging ~ MRD.” Foi pedido que os participan- tes mio reagissem a0 que estavam ouvindo. Embora os participantes nao tenham. respondido visivelmente aos sons, 0s resultados da ressonincia magnética mos- traram que ouvir as sugest6es estimulava partes do cérebro que comandavam as expressbes faciais correspondentes Parece que sempre estamos inclinados a sentir 0 que os outros sentem ¢ fazer © que os outros fazem. 5 Epidemias emocionais Todo mundo tem experiéncia com © contigio emocional: compartilhamos uma piada com um amigo, sentimo-nos tristes quando um cénjuge chora, nds ¢ nossos vizinhos protestamos contra a prefeitura e abragamos calorosamente nossos filhos quando eles tém um dia euim. Mesmo assim, um aspecto muitas vezes negligen- ciado desse compartilhamento & que as emogdes se espalham nao apenas entre nossos amigos, mas também entee os amigos de nossos amigos e além — mesmo quando no estamos presentes. Nés nos parecemos com uma manada de bifalos pastando calmamente até que um de nossos vizinhos comeca a correr. Comega- ‘mos, entéo, a correr e outros comegam a correr e, de repente, misteriosamente, @ smanada inteira se move para frente. Epidemias dos estados emocionais sio relatadas hi séculos. Elas nao envolviam apenas surtos de risada como 0 que aconteceu em Bukoba. Quando emogées se cespalham de uma pessoa para outta ¢ afetam vatias pessoas, isso agora é chamado Doenga Psicogénica de Massas (DPM) em vex do termo passado e mais poético. A DPM € um fendmeno espe pessoas saudveis em uma sucessio psicolégica. Como um tinico assustado bifalo dentro de uma manada, uma ica reago cmocional em uma pessoa pode, as vezes, fazer muitas outras sentirem a mesma coisa, criando uma epidemia emocion Hi dois principais tips de DPM. No tipo ansiedade pura, as pessoas podem ter virios sintomas fisicos, incluindo dor abdominal, dor de cabeca, perda dos sentidos, falra de ar, néusea, vertigem etc. ‘No tipo motor, as pessoas podem participar de uma danga histérica, ter pset- doconvulsées e ~ sim ~ iso, embora as sensagoes reais que sfo a base desses co portamentos sejam 0 medo ou a ansiedad: Portanto, os dois tipos de DPM en- Volvem os mesmos processos psicolégicos basicos. a © PODER DAS CONEXOES Registros histéricos desses fendmenos datam de pelo menos 1374, quando, logo dessas manias ocorreu no que atualmente é Aachen, Alemanha. Como descrito pelo historiador médico alemao J.F. Hecker, em seu livro de 1844, Epidemias da Idade Mé- dia, stas consistiam em pessoas que se “uniam por 20 pubblico, tanto nas ruas quanto nas igrejas, 0 seguinte espeticulo estranho. Forma- vam circulos de maos dadas e pareciam ter perdido todo 0 controle em relagio a seus wvam a danear juntas, independentemente dos espectadores curiosos, sentidos, co por horas, em delitio extremo, até 0 ponto de cairem em estado de exaustio. Elas entio reclamavam da opressio extrema ¢ gemiam como se estivessem & beira da morte”."! Obviamente, essas pessoas nio se rem dangando do que as estudantes afticanas se ser izes por esta- iam por rirem. Em uma era passada, deménios ¢ feitiaria muitas vezes eram vistos como as causas desses sintomas substincias quimicas téxicas ¢ a contaminagio ambiental sio gatilhos geralmen identificados. Contudo, embora toxinas cau- sem alguns surtos de doenga fisica, elas nao causam surtos de DPM. A fonte do problema, bem como o me dew: aa. Mas as pessoas afligidas nesses surtos, ¢ virios observadores, muitas vezes sio relutantes em des- crever os sintomas como uma fonte psicol6gica. Um exemplo relativamente recente da DPM ocorreu na Warren County High School, em Mel © 140 funcion: sentia cheiro de gas sso, psic no Tennessee. Na época, a escola tinha 1.825 alunos o de 1998, uma professora achou que © que a levou a queixar-se de dor de cabeca, falta de ar, vertigem e néusea. Vendo a resposta da professora, alguns de seus alunos logo desenvolveram sin- tomas semethantes. A medida que a sala de aula era esvaziada, outros estudantes, observando o que acontecia, comegaram a relatar que também estavam se sentin- do indispostos. Um A professora e varios rme de incét isparado por toda a escola ¢ ela foi evacuada. nos foram levados de ambulincia a um hospital pré- ximo, & vista de todos os outros nos ¢ professores, que estavam fora da escola por causa do alarme. Viti policiais, bombeiros eo pessoal de emergéncia médica de trés condados responderam. Um total de 100 pessoas foi enviado ao hospital naquele dia ¢ 38 A escola foi fechada por quatto dias. El beiros, pela empresa de gis ¢ pelos funcio As aulas foram canceladas. yeceram intern: cionada pelo corpo de bom- os da Occupational Safery and QUANDO VOCE RI, 0 MUNDO RI Com vocE 8 SHA), mas nenhum problema foi identificado. Depois que a escola foi considerada perfeitamente segura, os alunos e professores tiveram petmissio de retornar, Infelizmente, muitos sentiam os odores e, em 17 de no- vembro, 71 pessoas foram contaminadas. Ambulincias foram novamente chama- das ¢a escola foi evacuada e, entao, fechada. diretor da escola perdeu a paciéncia ¢ decidiu chamar virias agéncias governa- icluindo o famoso Epidemic Intelligence Service dos Centers for Disease n Agency, a Agency for Toxic Substan- ces and Disease Registry, a National Institute for Occupational Safery and Health, a OSHA, 0 Tennessce Department of Health, o Tennessee Department of Agriculture fontes ambientais de contaminacio; 0 pessoal explorou cavernas na proximidade da escola; 0s sistemas estruturais de tratamento de are hidréulico da escola foram cuida- verificados; amostras bisicas foram retiradas do solo em volta da escola € lorimetros, detcctores de ionizacio por chama, detectores de fotoionizagio, medidores egis, tarde, um artigo publicado no New England Journal of Medi- eveu 0 extenso exame das possiveis causas ambientais da doenga e pi jos da investigagio do CDC. No final, como Rankin ¢ P' de radiagS0 e indicadores de combustiv r cine des psicogénicos eram os responsiveis. Eles descobriram que a doenca estava associada 8 observagio direta de outa pessoa doence durante osuto ¢com pessoas do sexo ndstico foi histeria epidémica. foi bem absorvido pela comunidade ¢ deixou preocupa- 3s daqueles que estavam doentes, como um aluno do nivel médio que foi ver: “Eles seram que estivamos loucos... Isso tudo me deixou louco, Quando estou doente, nao quero que ninguém diga que estou fingindo. do tanto, se eu DPM, sejam rir, dancar, perder os sen finge estar doente. A realidade impressionante & que adoecemos nao s6 devi nossa prépria ansiedade como também devido & ansiedade dos outros. rj © PODER DAS CONEXORS Os investigadores do CDC também discutiram por que as comunidades ten- diam a utilizar tantos recursos para tentar descobrir as causas ambientais de con- digdes que pareciam ser psicogénicas. O problema ¢ que, embora profisionais na rea de satide piiblica muias veres suspeitem de que uma epidemia seja psicogé- 10 tém outra escolha, exceto conduzir uma investigacio nica, eles acham que cexcessivamente meticulosa por causa da ansiedade intensa na comunidade. Naturalmente, é muito dificil, se nao impossivel, provar definitivamente que a cexposi¢ao a uma substincia toxica misteriosa néo foi detectada. Os investigadores do CDC perceberam a possibilidade de uma reagio negativa da comunidade a um episédio rotulado como psicogénico, dizendo: “Médicos e outros estie compreen- sivelmence relurantes em anunciar que o surto da doenca ¢ psicogénico por causa dda vergonha e irritacao que o diagndstico tende a provocar.” Uma dogura insuportével Surtos da histeria epidémica nao estdo limitados a criangas e escolas. Eles também sematica dos casos da histeria foram documentados em adultos, Uma avaliagao epidémica identificou 70 surtos entre 1973 ¢ 1993 e descobriu que 50% deles aconteceram em escolas, 40% em pequenas cidades e fibricas ¢ apenas 10% em outros ambientes."* Os surtos normalmente envolviam pelo menos 30 pessoas e, ‘muitas vezes, centenas. A maioria dos surtos durava menos de duas semanas, mas 20% duravam mais dé Um dos exemplos mais improvaveis foi 0 caso do “anestesista fantasma de Mateoon”, Em 1944, ao longo de um periodo de al ce da Segunda Guerra Mundial, muitos moradores adultos de Mattoon, Ilinois, escavam convencidos de que um “espirito maligno” estava & solta na cidade de 15 iil pessoas, Esse fantasma abriria janelas dos quartos e borrifaria as vitimas com lum gis anestésico “perfumado” que as paralisaria temporariamente, mas, estra- nhamente, deixaria outras na mesma sala no afetadas. Os cidadaos juntaram-se 1s semanas durante o dpi- para formar patrulhas armadas, mas o anestesista nunca foi capturado. O xerife local, temendo que um inocente pudesse ser morto, por fim ordenou que as pa- trulhas fossem extintas. Como um investigador dessa epidemia observou friamen- te: “A hipotese de um ‘borrifador de gis’ afirma que os sintomas eram produzidos por um gis borrifado nas vi enganar a policia, Essa explicacio (...) hipécese aternativa & que os sintomas eram devidos & histeria.”" 1s por algum maluco, inteligente 0 bastante para nda é amplamente aceita em Mattoon. A QUANDO VOCE RI, 0 MUNDO RI COM voc. 9 Outro caso mais recente ocorreu em 1990 entre os funcionérios do pedagio da ‘Triborough Bridge, em Nova York. Em 16 de fevereito, os funcionérios comeca- ram a reclamar de dores de cabega, desconforto abdominal, vertigem ¢ dores no peito e na garganta. Um niimero cada vez maior de funcionsrios apresentava os ‘mesmos sintomas ao longo dos varios dias seguintes, com alguns dos funciondrios docntes observando o que eles descreviam como “uma dogura” no ar. Os sintomas foram relatados quando os funciondrios estavam dentro ou perto de uma cabine de pedagio e diminuiam assim que os fancionérios saiam das cabines. a em 22 de fevereiro, quando os superiores de alguns dos es nas cabines. Nesse ponto, 34 funcionétios es- ‘Acpidemia term funciondrios se sentaram com tavam doentes o suficiente para serem internados, € muitos outros compartilha- vam os sintomas. Depois de gastar centenas de milhares de délares procurando, em vio, entre diizi tomou-se claro para muitos que a doenga era psicogénica. Ela forgou 44% das de potenciais culpados uma causa fisica para os sintomas, mulheres a serem internadas, quase duas vezes mais que a proporcio de homens com os mesmos sintomas. Esses casos compartilham muitas caracteristicas da DPM. Os sintomas tendem_ a surgir e se propagar por comunidades altamente conectadas (com alta transitivi- dade de rede). Essas comunidades tendem a ser isoladas ¢ estressadas, Um culpado fisico raramente & encontrado. Em grande parte dos casos, a maioria dos afetados € constituida por mulheres. Nao esté claro por que a incidéncia entre mulheres € ‘meninas é mais alta, mas € possivel que, como as mulheres tém inclinagio a discu- tir seus sintomas, mais casos de afinidades resultem em outras mulheres. © faro de as mulheres terem um sentido olfativo mais sensivel também pode desempenhar Papel relevante. Por alguma razio isso néo ¢ bem entendido. Odores, tanto reais quanto imagi- nados, sio gatilhos frequentes de surtos modernos da DPM. Isso poderia tera ver com a conexio bem estabelecida entre cheiros e emogées. Experimentos demons- ttaram que 0 cheiro ¢ a emosio séo regulados por uma parte do cérebro chamada cértex orbitofrontal."” Experimentos também mostraram que memérias evocadas pelo cheiro induzem emogées mais fortes do que aquelas evocadas por descrigBes verbais do mesmo odor."* Palavras sio poderosas, mas um cheiro familiar pode levar a mente a lembrar emoges passadas com mais intensidade emocional do que um sinal de qualquer outro sentido. Isso € chamado fenémeno Proust, em homenagem ao autor que descreveu uma meméria pungente inspirada pelo odor de um biscoito. Sentiro cheiro de um perfume associado com uma meméria fel 38 © PODER DAS CONEXOES leva a mais atividade na amigdala (uma parte do cérebro envolvida na emocio ¢ ‘meméria emocional) do que ver a garrafa em que o perfume ver.” Paradoxalmente, a presenga de aucoridades ~ sejam policiais, funcionérios de ‘¢ que a situagio & potencialmente tentam tranquilzar os envolvidos Figosa. Quando essas mesmas autoridades ido que a situagao é segura e que nenhuma amente carregada, suspeitas profundas de que algo néo totalmente revelado estd acontecendo, espe- cialmente porque a resposta anterior das aut A paranoia também pode se espalhar, mi sédio dessa natureza. sso gera na populacio ja emo idades havia sido bem substancial \do a autoridade que é necesséria para dar um fim a um ¢| recomendado para surtos de DPM focaliza as redes sociais ¢ \¢0s sociais s40 0 meio para a disseminagio. As direttizes psicolégicas para os fun ris de emergéncia médica incluem “fornecer tranquilidade... utilizar uma abordagem calma ¢ respeitavel” e “separar 1e no esto" Como um especialista ex- pressou: “Vocé s6 consegue parar essas coisas sendo honesto... Esse tipo de coisa também poderia a Poderia acontecer com qualquer um de precisa ser respeitada e entendida. Os fu fecer comigo, como pai ou como pessoa. s. uma coisa muito poderosa € ionérios na érea de saiide nao deveriam Muitas veres é dif em nar por que cxatamente essas epidemi Assim como um rufdo desconhecido pode desencadear 0 estouro de uma boia- cana, embora os pesquisadores nao tenham conseguido explicar por que comegou, cles localizaram fac ente as primeiras meninas com Sio necessirias apenas Nova York, ¢ 0 mesmo é verdadeiro para surtos de DPM. Qui ‘grupo de pessoas comeca a agir de comum acordo ou experi -melhantes visiveis, a epidemia pode se es os lagos da rede social via con- ‘igio emocional, ¢ grupos maiores podem tornar-se emotivamente sincronizados bem ripido. QUANDO VOCE RI, 0 MUNDO RI COM voce. » zs” segundo a opini geral est aumentando, Nozes ¢ alimentos b: como alimentos assados tes detalhados. As en- ‘creme de amendoim foram proibidos nos campus, as feitos em casa e quaisquer alimentos sem rétulo e ing tradas das escolas tém sinais que aconselham o vi a lavarem as méos antes dda entrada para proteger os alunos contra possivel contamina¢io. ‘Aproximadamente 3,3 milhées de americanos io alérgicos a nozes ¢ 6,9 milhées, sio alérgicos a frutos do mar. Mas, dito isso, reagdes alérgicas sérias a alimentos causam apenas 2 mil hos milhées de hospitalizagbes em todo 0. No maximo, apenas 150 pessoas alizagoes por ano (para um toral de 30 irio americano). \¢as € adultos) morrem de alergias a alimentos por ano. Compare isso As 50 pessoas que morrem de picadas de abelha anualmente, as 100 que morrem de raios ¢ 4s 45 mil pessoas que morrem de aci- dentes automobilisticos. ‘Ou compare isso as 10 mil criangas que sio hospitalizadas todos os anos por causa de traumatismos cranianos ocorridos em atividades esportivas, ou as 2 mil {que se afogam, ou as aproximadamente 1.300 que morrem de acidentes de arma de fogo. Mesmo assim, nao ha qualquer apelo para pas Provavelmente ha as priticas esportivas. hares de pais que baniram de suas mesas o creme de amendoim, mas nao as armas de fogo. Seguramente, um mimero maior de ctiangas morre caminhando ou indo de dnibus para a escola do que de alergia ‘A questio no é se existem alergias a nozes, se elas ocasionalmente podem ser sétias ou se acomodacées razodveis devem ser construidas para aquelas poucas sto & O que explica a resposta criancas que documentaram alergias sérias. A extrema da sociedade a alergias a nozes? Nao surpreendentemente, a resposta est icas da DPM, Algumas pessoas problemas linicamente documentados, mas oucras q sham esses problemas pas- tos das que tinham. A ansiedade se espalha de Pessoa para pessoa para pessoa, €o senso de equilibrio ea capacidade de se manter calmo sio perdidos. Esforgos bem- relacionada a varias carac saram a copiar os comportam rencionados de reduzir a exposicio a nozes, na verdade, eo- locam lenha na fogueira, uma vez que est. Isso encoraja licam aos pais que as nozes sio ‘um perigo claro ¢ pre pais a se preocuparem, 0 que realimenta a epidemi a © PODER DAS CONEXOES Tam 1625, detectando, ergias a nozes brandas ¢ insignificantes. Por fim, isso estimula ainda mais 1m aumento das alergias reais a no- m encoraja um méimero maior de pais a testar suas a evitar nozes, 0 que, na verdade, pode levar zes porque acredita-se que a falta de exposigio a alérgenos cedo na vida con! para a manifestagio de alergias mais tarde.2? ‘A DPM é um fenémeno patolégico, mas cla tira vantagem de patolégico que é fundamental nos seres humanos, a saber, a tendéncia d estado emocional dos outros. O iso real também pode ser contagioso, assim como a felicidade real. Mas comparar histeria epidémica a esses processos mais normals é como comparar o estouro de um rebanho a sua migragio mais habitual e ordenada. Monitorando a disseminagio das emogies Medir a experiéncia subjetiva das emogées (comparada com suas manifestagées is, bioldgicas ou neurolégicas) exige perguntar as pessoas como elas se sen- tem. Um dos modos mais isso é conhecido como método de ia, Esse método ut amostragem de expe enviados a um bip ou celular) em momentos inesperados para solicitar que os participantes documentem seus sentimentos, pensamentos e aces enquanto eles O resultado € um quadro completo dos altos e baixos das vidas nais didrias dos par Uma das vantagens desse mécodo & que ele pe interagirem, sejam avaliad Jpantes, wultaneamente, em com bips por uma semana, Foram enviadas mensagens pantes a cada 90 2 120 minutos entre 7h30 € 21h30, € um roral de ‘no tempo foram observados nesses 165 . Virios estados emocionais foram medidos, como se os participantes estavam felizes ou infelizes. Embora os pesquisadores néo tenham conseguido excluir a possibilidade de que a familia intcira tivesse sido simultaneamente exposta a algo que a tornava triste ou emos em mais detalhes no Capitulo 4), cles tentaram mostrar como as emogbes se disseminavam dentro dessas familias. iz ao mesmo tempo (um efeito percurbador que discuti- © caminho mais consistente era de filhas para ambos os QUANDO VOCE RI, 0 MUNDO RI COM voce a suas filhas. As emogées dos pais afe as. Isso parecia es entre equipes de enfermeiras, atletas ¢ mesmo contadores.2° Nesses a pergunta-chave era se um dos membros exaltados da eq +ia aprimorar o humor e, consequentemente, o desémpenho dos outros membros da equipe. Nao surpreendentemente, o humor positivo estava associado a uma va- riedade de mudangas para o aprimoramento do desempenho da equipe, incluindo maior comportamento altr idade e tomada de decisio mais cficiente. equipar 33 jogadores profis- sionais de ctiquete com computadores de bolso que registravam 0 ico, maior cri mnstragéo interessante envol Jma de wor deles quatto vezes por dia durante uma partida (q) cinco dias). Hi poderia ter a duragio insana de ‘uma forte associacio entre a propria felicidade de um jogador a felicidade de seus companheiros de equipe, independentemente do estado da P: 80, quando os companheiros de equipe de um jogador estavam mais felizes, o desempenho da equipe melhorava. A disseminagao da felicidade pouco era conhecido sobre © papel preci emogies. Mesmo assim, os casos de L das redes sociais na disseminacio das M sugerem que a disseminacio das la, fluindo por meio dos lagos da rede social de pessoa para pessoa para pessoa, ¢ que deve haver um correspondente normal desse fendmeno patolégico. Alids, pode haver ondas de emogées na vasta malha dos ‘bes alcana uma érea distante € lacionamentos s cspecificas na rede soc lugares que estao sob diferentes influénci diferente, Estranhamente, embora pesquisadores em diversas éreas, incluindo medicina, ampla diversidade de daram um determinante fundamental (possivelmente a © PODER DAS CONEXOES milias pudessem nos inguém licidade dos outros. Poderia ser ébvio que nossos amigos © ornar felizes, mas antes de empreendermos nossa propria investi: 1a havia explorado a maneira como a felicidade pode se espalhar pelas redes sociais de pessoa para pessoa para pessoa. Isso nos deixou curiosos. Estavamos especialmente interessados em determinar das emogées ocorria no apenas entre vocé ¢ seus amigos (disse- se a dissemi aio didica), mas também entre voce e os amigos de seus amigos € os amigos © alcance das emogies na rede? deles e além (disseminacio hiperdiddica). Qual Havia restrigbes geogréficas ou temporais na disseminagao? [Nosso primeiro passo para responder a essas questées foi agrupar um conjunto de dado: sinha indicadores das emogées € conexdes sociais 20 longo do smos esse processo no Capitulo 4.) Criamos, entio, um grafico lade, como mostrado na Figura 1 do encarte colorido. Essa ilustragdo mostra lagos entre irmaos, amigos e cSnjuges em un rente residentes em Framingham, Massachu- setts, em 2000, junto com seus niveis de felicidade. Ninguém tinha alguma vez esse tipo de gréfico. Mil e vinte pessoas estio representadas, ¢ cada né amostragem ido em um espectro que vai do azul (infeliz) ao amarelo (feliz), de acordo idade do participante. Examinar essa imagem sugere duas ob- rede, ¢0 servagoes, Primeiro, o grupo de pessoas infelizes com pessoas inf ‘grupo de pessoas flizes com pessoas felizes. Segundo, as pessoas inflizes pareciam tém probabilidade bem maior de aparecer na extremidade de ia de relacionamentos sociais ou na borda da rede.** [Agrupamentos desse tipo nas redes sociais podem sutgir de varios processos, [As pessoas felizes poderiam escolher uma a outra como amigos ou ser expostas aos ‘mesmos ambientes que fa. todas cla ser felizes 20 mesmo tempo. Mas nossas andé- lises permitiram que ajustassemos esses efeitos, ¢ descobrimos também ocorre devido ao efeito causal da felicidade de uma pessoa sobre 0 de ‘oagrupamento outra. Anilises matematicas da rede sugerem que uma pessoa tenha aproximada- mente 15% mais probabilidade de ser feliz se uma pessoa diretamente conectada (cm um grau de separagio) estiver feliz, ¢ a disseminagio da felicidade nao para ai, O efeito de felicidade para pessoas em dois graus de separacio (0 amigo de um 10% cde um amigo), é de aproximadamente 696. Em quatro graus de separacio, 0 ata pessoas em trés graus de separacio (0 amigo de um amigo diminui. Aqui temos nossa primeira evidéncia dos Regra dos Trés Graus de In- fluéneia. Emogées (e, como veremos mais adiante, normas ¢ comportamentos) se QUANDO Voce RI © MUNDO RI COM voce “% disseminam pelas redes sociais de pessoa para pessoa para pessoa, mas elas nao se disseminam para todo mundo. ‘Assim como a ondulagao em um lago dissipa-se com 0 tempo, a ondulagio da felicidade de um individuo dissipa-se pela rede social. A primeira vista, esses efeitos podem nao parecer muito compare-os a0 efeito de ter uma renda mais alta, Um extra de $5 mil em dé- lares de 1984 (que corresponde a cerca de $10 mil em délares de 2009) estava associado com apenas uma probabilidade 2% maior de uma pessoa ser feliz Desse modo, ter amigos ¢ parentes felizes parece ser um indicador mais efetivo da felicidade do que ganhar mais dinheiro. O incrivel é que mesmo as pessoas que estio trés graus distances de vocé, que talvez vocé nunca tenha conhecido, podem ter impacto mais forte sobre sua felicidade pessoal do que um mago de noras em seu bolso. Estar em determinada 4rea em uma rede soci , exposto a pessoas com set ‘mentos especificos, tem implicagées importantes pata sua vida Sabe-se bem que ter mais amigos ¢ parentes apresenta probabilidade bem maior de colocar um no seu rosto do que ter mais dinheiro..” Mas pesquisas pas- considerado por que os amigos sao téo importantes. Hé pelo sadas nunca tin menos duas poss si s6 pode aprimorar sua lidades. Primeizo, a existéncia do relacionamento social por idade — isso é um efeito estrutural da rede sobre rlo 1). C no Capitulo 7, estamos diretamente conectados & busca de relacionamentos so- port vocé (a segunda regea das redes sociais descrita no Cay ’o surpreende o fato de sentirmos prazer ou recompensa quando Segundo, os amigos ¢ os parentes nos amigos afetam 0 nosso (a terceira regra das redes sociais). Embora esses dois mecanismos provavelmente contribuam para a felicidade das pessoas, nossa evidéncia sugere que o contdgio talver seja 0 mais importante dos dois. Descobrimos que cada amigo feliz que uma pessoa tem aumenta a pro- ide de a pessoa ser feliz em aré 9%. la amigo infeliz a reduz em 7%. Portanto, com base apenas em médias € sem saber nada sobre 0 estado emocional de uma nova pessoa que acabou de voce provavelmente iria querer cons uma amizade com ela. Ela po- rorné-lo infeliz, mas é mais provivel que ela o faca fel Isso ajuda a explicar por que os pesquisadores do passado descobriram associagio entre rimero de amigos c familia. Mas, depois que controlamos os cs 4“ © PODER DAS CONEXOES nos amigos de alguém, descobrimos que ter mais amigos no é o suficiente ~ ter amigos mais felizes € 0 segredo para nosso préprio bem-estar emocional. Isso nfo significa que a estrutura da rede social néo tenha importincia. Surpre- ’o € apenas o mtimero de lagos di endentem licos que tém impactos o nime- ro de lagos medimos a iperdiddicos também influencia a felicidade de uma pessoa. Quando ntralidade de cada pessoa na rede social, descobrimos que as pessoas ide de ser felizes. E, mais notavelmente, isso era verdadeiro mesmo entre pessoas que tinham o mesmo niime- is diretos. Isso significa que, quanto mais amigos os seus maior probabilidade ‘com mais amigos de amigos também tém maior probabi 10 de relacionamentos so amigos tém (indepen de vocé ser Poderiamos perguntar se hé aqui um problema do tipo ovo ou a galinha. 108 mais felizes, tendemos a felicidade guia a rede, e ndo 0 contrério. Mas, 20 examinarmos a manecira como a rede muda a0 longo do tempo, descobrimos que as pessoas felizes no tendem a ial amplo pode fazer vo comar-se mais centrais, Assim, ter um circulo si vio necessariamente amplia seu Estar localizado no meio da rede leva & Felicidade em ver de 0 contririo. A cestrutura de sua rede e sua localizagio nela ¢ importante. Da al ocorrer, também levantamos a hipétese de que o efeito da contatos sociais em seu estado emocional deve depender da proxi distancia a que voc! esti deles. A ideia € que as pessoas ram perto jot probabilidade de estar em contato e, consequentemente, maior probs a importincia que a interagio direta parece ter para 0 contigio emocio- voce ser feliz. Em comparagio, a felicidade de um amigo que mora a mais de 1 lometro de distancia ndo tem nenhum efe De maneita semelhante, se seu t20 sua probabilidade de intos (porque sio separados) no tém nenhum efeito um sobre © outro. Um irméo feliz que mora a menos de Cénjuge morar com vocé ¢ ele ou ela tornar-se ser feliz aumenta, mas c®njuges que ndo moram QUANDO VOCE RI, 0 MUNDO RI COM Voct. “6 1 quilémetro aumenca sua chance de ser feliz em 14%, mas irmaos inais distan- tes néo tém nenhum efeito signific: lizes também aumentam sua probabilidade de ser felizes, enquanto vizinhos que moram mais longe (mesmo no mesmo bloco) nao tém nenhum efeito signifi soas cujas en ‘umas as outtas, ¢ 0 impacto dos \e= diatos sugere que a disseminacao da felicidade talvex. dependa da frequéncia da inceragio face a face, como nas conexses pessoais profundas Embora nesse caso estejamos considerando a disseminagio de um estado de humor de alguma duragio, essas descobertas também estéo presentes de acordo com o trabalho no idade nfo € apenas uma fungio da expe uma propriedade dos grupos de pessoas. Mi dividual podem se propagar pelas conexdes socias e criar padres em larga escala na rede, dando origem a agrupamentos de individuos felizes¢ infelzes. Desde que nosso trabalho foi publicado, foram observados resultados semelhantes sobre a disseminacio ses vivendo em dreas ruras. minar, hé Embora nio tenhamos conseguido observar 0 que faz. a felicidade se di ‘As pessoas felizes podem compartilhar sua sorte (por exemplo, sendo tireis de forma pritica ou financeiramente generosas com outras), ‘mudar seu comportamento em relacio a outros (por exemplo, ser mais gentis ou me- pode ter efeitos biolégicos benéficas, mas qualquer que seja 0 mecanismo, parece claro sobre a Felicidade e outras emogoes. que temos de mudar 0 modo como pens: Vida na esteira hedonista ‘Todos nds conhecemos pessoas que sio hedonistas; elas nunca conseguem ter 0 suficiente da vida. Na verdade, a felicidade duradoura ¢ dificil de alcangar por- que as pessoas estio em uma “esteira hedonista”.* Embora uma mudanga nas "Nota do Tradutor- Os psicdlogos Philip Brickman e Donald Campbell canharam 0 termo “estei- rahedonista" (hedonic treadmill) no ensaio "Hedonic Relativism an (1971), que apareceu em MH. Apley, ed, Adaptation Level Theory: A Symposium, Nova York ‘Academic Press, 1971, pp. 287-302. A tcora tem consequéncias para o entendimento da felici- dade como um objetivo guano social. O conceito compara a busca da felicidade ‘com uma pessoa andando em uma esters mecinica, que se esforga para ir para frente apenas para permanecer ne mesmo lugar. a © PODER DAS CONEXOES circunstincias de uma pessoa possa torné-la mais feliz. (por exemplo, encontrar ia) ou mais triste (por exemplo, perder um trabalho, tum parceiro, ganhar na tomar-se patalitico), © amplo espectro de pesquisas mostrou que as pessoas ten- dem a voltar a seus niveis anteriores de felicidade apés tais eventos.” Na realidade, estudos entre ganhadores da loreria ¢ p: revelam que depois de um ou dois anos, eles muitas vezes nao estdo mais flizes ou tristes do que o resto de nés. Nossa surpresa nessa observacdo de nossa incapacidade de antecipar que algumas coisas nao vio mudar. Ganhado- ina-se, em parte, € 0s pacientes paralisados continuam 1 Gilbert mostrou, tendemos a focalizar tes da loreria ainda tém parent 2 se apaixonar. Como o ps ‘coisas que poderiam acontecer conosco." cidade de adaptagio as circunstincias Desse modo, uma pessoa que tenta tornar-se mais feliz € como alguém an- dando no sentido contririo de uma escada rolante, Embora o esforgo de subir € tornar-se mais feliz s cle é neutralizado pelo processo da adaptacio, que forca uma pessoa a voltara seu estado original. ‘Muitas pessoas tentam superar esse problema ao tomar parte intencional de idades para melhorar a felicidade. Poderiamos mudar nosso comportamento a0 nos exercitar regularmente ou ao tentar ser gentis com outros, ou mesmo a0 evitar morar muito longe do trabalho (0 que tem sido demonstrado como espe- Gialmente nocivo & felicidade). Poderiamos mudar nossa atitude a0 parar para contar nossas béngios ou ao pensar sobre experiéncias sob a luz. mais positiva (como os monges tibetanos fazem). Também poderiamos dedicar esforgos a cau- sas que achamos signi ivas ou nos esforgarmos por alcancar objetivos pessoas importantes. De fato, hi razdes para se suspcitar que esforcos prolongados de tomar parte de atividades que geram felicidade poderiam nos ajudar a subir uma escada rolante que se move para bai ‘Apesar desses esforcos, cada um de nés tende a se fixar em determinada disposi¢io de longo prazo; parecemos ter um ponto de fixagio para a felicidade pessoal que nao é ficil de mudar. Na realidade, como outros tragos da personalidade, a felicidade pessoal patece ser fortemente influenciada por nossos genes. Estudos de gémeos idénticos € fraternos mostram que gémeos idénticos tém probabilidade significativamente maior de ex que os genes tém, ¢ sua melhor suposicio € que a feicidade de longo prazo depende QUANDO VOCE RI, 0 MUNDO RI COM Voce. a 50% do ponto de fixagio genético de uma pessoa, 10%, de suas circunstincias (por cxemplo, onde elas moram, o nivel de riqueza e sade que apresentam) ¢ 40% daquilo «que eas escolhem pensar e fazer." O que experimentamos na vida pode mudar, na- turalmente, nossos estados de espirito por um periodo de tempo, mas, na maioria dos «casos, esas mudangas si transitras, Mas e quanto & disseminacio da felicidade pela rede? Ela obedece a essa restr- fo, que nos torna felizes apenas por algum tempo? O efeito de fazer um amigo feliz tende a diminuir até desaparecer? Em nosso estudo, descobrimos que pessoa tem probabilidade 45% maior de ser feliz se um amigo tornouse feliz nos es, Em comparacao, o efeito é de apenas 35% para amigos que izes no ano anterior, e ele desaparece apés perfodos de tempo mais se tornaram, longos. Desse modo, a dura apenas cerca de um ano. Assim como ganhadores da loteria se acostumam com sua 2a recente, nés também nos acostumamas com nossos amigos que cstio felizes. Mas se diferentes amigos ficam felizes em diferentes pontos no tem- po, eles podem nos d pulso periddico, nos ajudando a permanecer acima de nosso nivel natural de Felicidade. Sozinho na multidio Se a felicidade pode se espalhar, pelo menos por algum tempo, o que dizer sobre nado com nossa De algum modo, a solidéo é 0 oposto da conexio — ¢ a sensacio de estar des- conectado. O trabalho do conjunto complexo de senti icélogo John Cacioppo mostrou que a solido é um yentos vivenciados por pessoas cujas necessidades bé- lade e conexao social nao sio atendidas. ‘ maioria das pessoas (mas nio todas) a reparar a situa\ ram 0 modo como as sensagées de solido se encaixavam em um amplo conj siedade, raiva, tris sensagées de so de outras sensagées ¢ estados, incluindo autoestima, an- ocorrem quando hé uma discrepancia entre nosso desejo de conexo com outros e as conexdes reais que temos. Essa pesquisa focaliza a percep io subjetiva de estar s6, mas sentir-se solitrio nao é a mesma coisa. 4s (© PODER DAS CONEXOES Embora os estudos tenham mostrado, nao surpreendentemente, que ter um bom amigo pode reduzir a solidio, 0 que nao foi anteriormente examinado ¢ feito da rede social inteira sobre nossa rendéncia de nos sentirmos soitérios mes- mo em uma multidao, Usilizando a mesma rede na qual estudamos a felicidade, examinamos se ser s6 estava associado com sentir-se solitrio e se essas sensagSes poderiam ser difundi- das Descobrimos que as conexées sociais do mundo teal tém efeito sobre como nos sentimos. As pessoas com mais amigos tém menos probabilidade de vivenciar 1 solidio. Cada amigo extra reduz em até dois dias 0 mimero de dias que nos ios a cada ano, Como em média (nos nossos dados) as pessoas se sentimos sol sentem solitirias 48 dias por ano, ter um par de amigos extra tornari vocé aproxi- ‘madamente 10% menos solitério do que outras pessoas. Curiosamente, 0 niimero de membros da familia néo tem absolutamente nenhum efeito. Nao esté claro por {que isso ocorte Possivelmente, as pessoas em familias pequenas sabem que elas tém maior res- ponsabilidade de passar 0 tempo umas com as outras porque ha menos pessoas 7 te se sentem préximas de um niicleo menor de sua familia, imitando a influéncia ddas conexdes adicionais. Independentemente do mecanismo, esté claro que as sensagdes de solidio estio muito mais estreitamente associadas as nossas redes de conexées sociais opcionais do que aquelas passadas para nés no nascimento. ‘A solidio pode, na verdade, modelar a rede social. As pessoas que se sentem solititias todo 0 tempo perderio aproximadamente 8% de scus amigos, em mé- dia, ao longo de dois a quatro anos. As pessoas solitirias tendem a atrair menos amigos, mas elas também tendem a citar menos pessoas como amigas. Isso significa que a solidio € tanto uma causa como uma consequéncia de tormar-se desconectado, Emogées ¢ redes podem reforcar uma a outra e criar um Ciclo do tipo rico torna-se mais rico que recompensa aqueles com o maior niimero cde amigos. As pessoas com poucos amigos tém maior probabilidade de se torna- rem solitirias, ¢ essa sensagio torna, entio, menos provivel que elas atrairio ou tentario formar novos lagos sociais. Nosso estudo sugere que a proximidade fisica é importante tanto para a soli- io como para a felicidade. Amigos ¢ familiares que moram perto veem uns 208 outros mais frequentemente, o que deve ajudar a redurit a probabilidade de eles se 10 também os corna mais suscetiveis a compartilharem sentimes ‘¢ um amigo préximo tiver der dias extras de solidso QUANDO VOCE RI, © MUNDO RI. COM VocE ” em um ano, isso aumentard o niimero de dias de solido que vocé vivenciard em cerca de trés dias, Se essa pessoa for um amigo préximo, o efeito entéo seré mais forte e voce vivenciara quatro dias extras de solidio. A solidéo também se espalha entre vizinhos, com dez dias extras de solidio, levando a dois dias extras para a pessoa no outro lado do muro. Mas vizinhos ¢ amigos que moram a mais de 1 quilometro de distancia nao influenciam na soli- do um do outro. CCénjuges que vivem juntos também podem afetar um ao outro, mas o resul- tado € menos significative. Para cada dez dias extras que uma pessoa € solitéria, seu cOnjuge seré solitério por apenas um dia extra, ¢ os irmaos aparentemente rio afetam um a0 ou outro (mesmo aqueles que moram préximos); iso fornece cevidéncia adicional de que a solidio diz mais respeito a nossos relacionamentos com pessoas com as quais escolhemos nos conectar do que 20s relacionamentos que herdamos. Othando para além dessas conexdes diretas, descobrimos que a solidao se espa- Jha em trés graus, como a felicidade. A solidao de uma pessoa depende nao apenas da solidio de seus amigos, mas também da solido de seus amigos, dos amigos 10s de seus amigos. A rede completa mostra que voce lade aproximadamente 52% maior de ser sol na pessoa A qual voc’ esté diretamente conectado (em um grau de separagio) for solitaria. O teri proba efeico para pessoas em dois graus de separago & 25% e, para pessoas em trés graus de separagio, é de cerca de 15%. Em quatro graus de separacio o efeito desapare- ce, de acordo com a Regra dos Trés Graus de Influéncia. Por fim, observamos um padrio extraordindrio nas margens da rede social. Na perferia, as pessoas tém menos amigos; isso iré tornd-las soliirias, mas isso também rende a levs-las a cortar os poucos lagos que elas deixaram. Mas antes que facam isso, elas poclem infectar scus amigos com a mesma sensagio de solido, iniciando ciclo mais uma vez. Esses efeitos de reforco significam que nosso te- ido social pode desgastar-se nas bordas, como um fio de 1 que se desprende da manga de m suéter. Se estivermos preocupados em combater a sensagio de solidéo em nossa so- Ciedade, devemos visar agressivamente as pessoas na periferia com intervengdes Para reparar suas redes sociais, Ao ajudé-las, podemos criar uma barreira protetora contra a solido que impediré que a rede inteira se separe. 0 © PODER DAS CONEXOES A fungao do amor A psicologia das emogées, como felicidade e solidio, coloca luz sob a formacio ¢ dissolugao dos lagos nas redes sociais. Na verdade, sensibilidades humanas como raiva, tristeza, pena e amor operam a favor dos lagos sociais. Poclemos estar cha- teados com a natureza ou entristecidos pelo fogo em uma floresta ou pelo amor por um animal, mas essas emogdes tém sua origem € encontram sua expressio mais completa na taiva, tristeza ou amor que sentimos no tecido das relagoes interpessoais. Pessoas em todo o mundo tém diferentes ideias, crengas e opinides — pensa- mentos diferentes — mas elas tém sentimentos bem semelhantes, se nao idént os. las cém respostas semelhantes a sentimentos nos outros, pref \do amigos felizes a deprimidos, amigos gentis aqueles mesquinhos ¢ amigos amorosos a vio- Jentos. Uma sétie completa de emogées pode se espalhar, desde raiva e ddio, an- . siedade e medo, até Felicidade e s Mas hé uma emogéo central & experiéncia humana que ainda nao considera- mos e que € fundamental ao entendimento da conexao so ‘A psicologia do amor e do afeto é obviamente crucial para um entendimento da formagio dos lagos sociais entre as pessoas. Como a antropéloga Helen Fisher colocou, a sensibilidade de estar apaixonado pode ser dividida em desejo, amor © apego, todos os quais provavelmente serviram a objetivos evolutivos.™ © sen- timento do desejo tem 0 objetivo Sbvio de orientar a reprodugio ~ com pratica- mente qualquer parceiro. O sentimento do amor romantico ¢ algo diferente, naturalmente, ¢ tende a se concentrar em deterinado parceiro ou, pelo menos, em um parceiro em um evol ‘dado momento. Da perspect duo conservat iva, isso permite a0 caracteristicas preciosas ¢ nao desperdigé-las na procura de varios objetos de afeto. O sentimento de apego ¢ o lage seguro com outra pessoa que ele representa pode ter evoluido para permitir que pais cuidem em conjunto de seus jovens, 0 que também tem vantagens evolutivas No Capitulo 7, discutiremos mais detalhadamente o papel da selegéo natural nas redes sociais humanas, mas, antes de cheyarmos li, é importante pensar sobre as implicagbes de nossas conex6es mais profundas. Além das vantagens ¢ desvanta- gens evolutivas, os sentimentos de desejo, amor e apego tém implicagGes enormes ‘em relagio & maneira como nos conectamos 208 outros, O objeto do afero de al- ‘guém corna-se o “centro do universo de alguém” em torno do qual tudo mais gira. QUANDO VOCE RI, 0 MUNDO RI COM voce 3 Pessoas vivenciam pensamentos invasivos sobre a pessoa amada, engrandecem @ pessoa amada, so energizadas pelas pessoas amadas ¢ esto obviamente profun-

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