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Laboratório de Engenharia Química I

Jaci Carlo Schramm Câmara Bastos


Experimento 3: Medida da vazão utilizando tubo de Pitot e Venturi

Alunas: Isadora Flávia Bussi, Naiara Cemin de Macedo e Pamela Busarello


Data: 22/07/2019

INTRODUÇÃO

O ventilador é um dos componentes mais importantes num experimento em que


se deseja soprar ar, devendo superar as perdas e fornecer a vazão desejada. Cabe
ressaltar que a utilização de inversores de frequência para rotacionar o ventilador está
cada vez mais usual. (COUTINHO, 2014)

A vazão volumétrica, muito utilizada industrialmente, é a quantidade de volume


que escoa através de uma seção em determinado intervalo de tempo. (CRISTINE et al.,
2013)

Um tipo de medidor de vazão é o por obstrução, tendo seu princípio de medição


baseado na variação de pressão provocado por uma obstrução. O Venturi é o medidor de
obstrução que provoca a menor perda de carga. (SCHNEIDER, 2007)

Sabe-se que o tubo de Venturi é um aparato que mede a velocidade de


escoamento e a vazão através da variação da pressão entre a passagem do fluido por um
duto de seção mais larga e depois por outro duto de seção mais estreita. Pelo princípio
de Bernoulli e da continuidade da massa, sabe-se que quando o fluxo de um fluido
permanece constante, porém sua área de escoamento diminui, a velocidade de
escoamento aumenta e a pressão diminui. (ANTUNES, 2015)

Outro aparato muito utilizado é o anemômetro, o qual efetua medições da


direção e velocidade dos ventos. Dentre vários tipos de anemômetros, tem-se os tubos
de pressão, os quais utilizam a diferença de pressão gerada pelo movimento das
moléculas do ar. Os tubos de pressão podem ser denominados também de tubo de Pitot.
(PINTO et al., 2006)

O tubo de Pitot é aplicado quando se deseja determinar o módulo e a direção da


velocidade do fluido em análise por alguns pontos da região estudada. Através disso,
determina-se a velocidade média de escoamento e, de maneira indireta, a vazão.
(CRISTINE et al., 2013)

Cabe ressaltar que este dispositivo possui duas entradas: uma está relacionada
com a pressão estática e a outra com a pressão de estagnação. Possui como vantagem
ser facilmente construído e custo reduzido. (PINTO et al., 2006)

1 OBJETIVO

Aferir o perfil de velocidade em uma tubulação cilíndrica utilizando o medidor


de vazão do tipo Pitot e determinar a vazão do ar gerado pelo ventilador acionado por
inversor de frequência. No tubo de Venturi acoplado à tubulação deve-se determinar a
diferença de pressão, a vazão do fluido (gás originado do ventilador) e o coeficiente de
descarga teóricos apresentados em cada frequência selecionada no inversor para o
ventilador.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Materiais

Sistema de tubo conectado em uma extremidade por um ventilador, além de


possuir um tubo de Venturi conectado a um manômetro. Anemômetro e suas respectivas
mangueiras, suporte universal, garra.

Figura 1. Sistema de tubo

Fonte: As autoras (2019).


Figura 2. Ventilador conectado na extremidade do tubo

Fonte: As autoras (2019).

Figura 3. Tubo de Venturi conectado ao manômetro

Fonte: As autoras (2019).

Figura 4. Anemômetro conectado às suas respectivas mangueiras

Fonte: As autoras (2019).


Figura 5. Tubo de Pitot preso com uma garra num suporte universal

Fonte: As autoras (2019).

2.2 Metodologia

Primeiramente, montou-se o sistema do tubo de Pitot conectado ao anemômetro


e preso numa garra em um suporte universal localizado na extremidade aberta do
sistema de tubo, conforme Figura 5. Em seguida, ligou-se o ventilador, ajustando a
vazão de ar. Cabe ressaltar que se utilizou as frequências de 15, 25, 35, 45 e 55 Hz.
Com o auxílio de uma régua, mediu-se a diferença de altura gerada no manômetro, o
qual está conectado ao tubo de Venturi (Figura 3). Por fim, determinou-se pontos de
aferição de velocidade, conforme Figura 6. Deslocou-se o sistema com o tubo de Pitot
para cada ponto de aferição.
Figura 6. Pontos de aferição de velocidade

Fonte: As autoras (2019).

2.3 Equações

Para determinar a velocidade e a vazão teóricas, deve-se primeiramente calcular


a variação de pressão. Como mencionado no item 2.2, o ventilador foi regulado em
determinadas vazões de ar e, para cada vazão, mediu-se a diferença de altura através do
manômetro de água acoplado no tubo de Venturi. A partir disso, pode-se calcular a
pressão no Venturi, por meio da Equação 1.

∆ P=ρ ∙ g ∙ ∆ h [1]

Onde:

∆P = variação de pressão no tubo de Venturi

ρ = massa específica do fluido manométrico ∴ ρ = 1000 kg/m³

g = aceleração da gravidade ∴ g = 9,81 m/s²

∆h = diferença de altura no manômetro

Após a determinação da pressão, pode-se calcular a velocidade teórica na saída


do tubo de Venturi, através da Equação 2.
2∙ ∆ P
v Teórico=
√ ρ
[2]

√ 1−β 4
Onde:

ρ = massa específica do fluido em análise ∴ ρ = 1,2 kg/m³

β = razão entre o diâmetro da seção do tubo de Venturi (74 mm) e da saída de ar (98
mm). Portanto:

D1  74 mm [3]
β= = =0,7751
D2 98 mm

Sabe-se que a vazão volumétrica é igual ao produto da velocidade do fluido e


área da seção transversal. Portanto, a vazão teórica pode ser determinada pela Equação
4. [4]
Q Teórico
¿ v Teórico   ∙ A 1
Sendo:
[5]
π ∙ D 1 ²
A 1=
4
Para determinar o coeficiente de descarga, deve-se determinar a vazão
volumétrica real, sendo:

[6]
r
Q Real=2 π ∫ v ( r ) r dr
0

Onde:

r = raio da seção de saída de ar

v(r) = polinômio resultante de velocidade

Sabendo a vazão real, descobre-se a velocidade real pela Equação 7.

Q Real    [7]
v Real=
A2
Determinadas as vazões teórica e real, pode-se calcular o coeficiente de descarga
(Cd):

Q Real    [8]
Cd=
Q Teórico
Além disso, pode-se determinar o regime de escoamento calculando o
número de Reynolds, através da Equação 9.

ρ∙ v ∙ D 2 [9]
ℜ=
Onde: μ

ρ = massa específica do fluido em análise ∴ ρ = 1,2 kg/m³

v = velocidade de escoamento

D2 = diâmetro de saída do ar ∴ D2 = 98 mm

µ = viscosidade dinâmica do fluido ∴ µ = 1,85×10-5 Pa.s

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente, calculou-se a pressão, velocidade teórica e vazão teórica para as


devidas frequências, conforme Figura 1.

Tabela 1. Resultados obtidos para mudanças de frequências.


Pressão Velocidade Vazão teórica
Frequência
(Pa) teórica(m/s) (m3/s)
15 50 11,0660 0,0476
25 149 19,1028 0,0821
35 290 26,6504 0,1146
45 500 34,9936 0,1504
55 700 41,4050 0,1780
Fonte: As autoras (2019).
As Figuras de 7 a 11 apresentam os valores de velocidades em cada ponto de
medição considerados para cada frequência aplicada.

Figura 7. Velocidades nos respectivos pontos de medição para frequência 15.


10

9 9 9
Velocidade (m/s)

8
7.5
Horizontal
7 7
6.8 Vertical

6
-2 -1 0 1 2
Distância radial

Fonte: As autoras (2019).


Para a frequência 15, os valores no centro e 25% do raio, partindo do centro
tanto para a esquerda quanto direita, apresentam valores equivalentes ocorrendo a
sobreposição dos pontos horizontais e verticais. Já os extremos da tubulação apresentam
valores próximos, com uma diferença máxima de 90% entre si.

Figura 8. Velocidades nos respectivos pontos de medição para frequência 25.


16
15.5
16 15.5
14.5
14 14.2
Velocidade (m/s)

14
13

Horizontal
11.5 12 11.5
Vertical

10
-2 -1 0 1 2
Distância radial

Fonte: As autoras (2019).


Como esperado, para uma maior frequência, as velocidades atingiram valores
superiores. É possível observar que a diferença entre a maior e menor velocidade é igual
a, aproximadamente, 28%.
Figura 9. Velocidades nos respectivos pontos de medição para frequência 35.
24
22 22 22
22
Velocidade (m/s) 20.2 20
20
18 18
18 Horizontal
16 Vertical
16
14.5
14
-2 -1 0 1 2
Distância radial

Fonte: As autoras (2019).


É possível perceber que, conforme a frequência aumenta, os valores das
velocidades aumentam e, também, apresentam maior variação.

Figura 10. Velocidades nos respectivos pontos de medição para frequência 45.
30
28 28 28
28
Velocidade (m/s)

26 26
26
24
24 Horizontal
22 Vertical
21.5 22
20
20
-2 -1 0 1 2
Distância radial

Fonte: As autoras (2019).


As variações entre as velocidades seguem com a tendência de aumentar
conforme estes valores e os da frequência aumentam.
Figura 11. Velocidades nos respectivos pontos de medição para frequência 55.
36
34 34
34 33
Velocidade (m/s) 31 32 31
30
Horizontal
28
26 Vertical
26
24 24
24
-2 -1 0 1 2
Distância radial

Fonte: As autoras (2019).

As Figuras 12 a 16 relacionam médias das velocidades obtidas para pontos


radiais, ou seja, considerando somente o centro do tudo, 25% de seu raio e a parede do
tubo. Os pontos experimentais obtidos formam o perfil de uma parábola. A equação que
representa esta parábola é integrada conforme a Equação 6, apresentada anteriormente
como uma função da velocidade em função do raio.

Figura 12. Gráfico velocidade versus raio (pontos de medição) para frequência 15.
10

9 f(x) = − 0.96 x² + 0.96 x + 9


Velocidade (m/s)

R² = 1
8

5
0 1 2
Raio

Fonte: As autoras (2019).


Figura 13. Gráfico velocidade versus raio (pontos de medição) para frequência 25.
16

15 f(x) = − 1.05 x² + 0.6 x + 15.5


R² = 1

Velocidade (m/s)
14

13

12

11

10
0 1 2
Raio

Fonte: As autoras (2019).

Figura 14. Gráfico velocidade versus raio (pontos de medição) para frequência 35.
23
22
f(x) = − 1.74 x² + 0.79 x + 22
21 R² = 1
Velocidade (m/s)

20
19
18
17
16
0 1 2
Raio

Fonte: As autoras (2019).

Figura 15. Gráfico velocidade versus raio (pontos de medição) para frequência 45.
29
28
f(x) = − 2.06 x² + 1.06 x + 28
27 R² = 1
Velocidade (m/s)

26
25
24
23
22
21
20
0 1 2
Raio

Fonte: As autoras (2019).


Figura 16. Gráfico velocidade versus raio (pontos de medição) para frequência 55.
34
33 f(x) = − 3.25 x² + 1.5 x + 34
32 R² = 1

Velocidade (m/s)
31
30
29
28
27
26
25
24
0 1 2
Raio

Fonte: As autoras (2019).

Como mencionado, a integração das equações quadráticas v(r) permitiram a


determinação da vazão real. Esta aplicada na Equação 8 permite estabelecer valores
para Cd, expostos na Tabela 2.

Idealmente, os valores de Cd devem ser próximos a 1, indicando que as vazões


teóricas e reais são iguais, confirmando os valores pré-estipulados para vazão.

Tabela 2. Valores para Cd calculados para cada frequência, vazão, velocidade e


Reynolds.
Frequênci Vazão real Velocidade Reynol
Cd
a (m3/s) real (m/s) ds
15 0,0681 9,0303 57403,33 1,4319
25 0,1171 15,5183 98646,31 1,4255
139998,
35 0,1661 22,0236 90 1,4501
45 0,2115 28,0322 178194,10 1,4057
55 0,2568 34,0451 216416,40 1,4428
Fonte: As autoras (2019).

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos foram satisfatórios, uma vez que foi possível definir
equações que representem a velocidade em função do raio com valores de R2 iguais a 1.
Também, os valores dos Coeficientes de descarga (Cd) se aproximam do valor
esperado.

Como mencionado, os valores para Coeficiente de Descarga, idealmente, seriam


iguais a 1, confirmando que as vazões teóricas para cada frequência são iguais as vazões
determinadas experimentalmente. Todos os valores obtidos aproximam-se de 1,4. Esta
diferença entre valores pode ser atribuída a fontes de erros durante a realização da
prática, além das diferenças entre condições reais e ideais.

Analisando as vazões teóricas e reais e possível observar uma diferença, erro


relativo, próxima de 40%, assim como os Coeficientes de Descarga. Ressalta-se também
que o escoamento ocorre em regime turbulento, considerando os valores de Reynolds
calculados.

FONTES DE ERRO

Cabe ressaltar que para uma correta utilização do tubo de Pitot, este deve estar
perfeitamente alinhado com a linha de escoamento do ar. Logo, se posicionado
inadequadamente gerará medidas errôneas. Levando em consideração que nas vazões de
ar mais altas houve dificuldade em manter o tubo de Pitot alinhado, não se descarta
possíveis erros.

Além disso, o tubo de Pitot foi deslocado horizontal e verticalmente de forma


manual, portanto pode-se haver erro nesta forma de posicionamento, não sendo tão
efetiva.

Outro ponto a ser pensado como fonte de erro é a análise das medidas geradas no
anemômetro, visto que é uma medida visual tendo uma escala que gerou dificuldades na
visualização.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CRISTINE, A. et al. Projeto de Física II: Tubo de Pitot. UNESP, 2013.

PINTO, Mauro Sérgio Silva et al. Especificações de projeto para medição de velocidade de
vento utilizando anemômetro ultrasônico com o método de diferença de fase. 2006.

COUTINHO, Felipe Rodrigues. Projeto de um Túnel de Vento Subsônico do Tipo


Soprador. UFRJ, 2014.

SCHNEIDER, P.S., Medição de Velocidade e Vazão em Fluidos, Apostila da disciplina de


Medições Térmicas, Engenharia Mecânica, UFRGS, 2007.
ANTUNES, M. L. Projeto de Física II: Tubo de Venturi. UNESP, 2015.

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