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Nas próximas aulas trabalharemos com uma sequência de textos e atividades voltadas para o MEIO
AMBIENTE. A partir dessa temática, trabalharemos:
- Gêneros textuais
- Leitura e interpretação de textos
- Linguagem verbal e não verbal
- Literatura: Modernismo no Brasil
- Coesão e coerência: retomada de ideias no texto
TEXTOS JORNALÍSTICOS
O texto a seguir é uma reportagem sobre uma pesquisadora que desenvolve estudos com agrotóxicos
e que pretende sair do país por conta de intimidações que vem sofrendo.
Existem muitos tipos de texto jornalísticos, como artigos, notícias, entrevistas, dentre outros. O texto
escolhido para essa sequência é uma reportagem.
Esse tipo de texto tem o intuito de informar, ao mesmo tempo que prevê criar uma opinião nos leitores.
Portanto, ela possui uma função social muito importante como formadora de opinião.
Embora a reportagem possa ser expositiva, informativa, descritiva, narrativa ou opinativa, ela não deve
ser confundida com a notícia ou os artigos opinativos.
Assim, uma reportagem é expositiva e informativa, pois tem o propósito de expor informações sobre
um determinado assunto para informar o leitor.
Ela também pode ser descritiva e narrativa, uma vez que descreve ações e incluem tempo, espaço e
personagens.
Por fim, a reportagem é também um texto opinativo, uma vez que apresenta juízos de valor sobre o
que está sendo discorrido.
Vale lembrar que o repórter é a pessoa que está responsável por apresentar a reportagem que aborda
temas da sociedade em geral.
As principais características da reportagem são:
Textos escritos em primeira e terceira pessoa;
Presença de títulos;
Foco em temas sociais, políticos, econômicos;
Linguagem simples, clara e dinâmica;
Discurso direto e indireto;
Objetividade e subjetividade;
Linguagem formal;
Textos assinados pelo autor.
TEXTO 02
A pesquisadora Larissa Mies "Em junho de 2019, recebi indicação de lideranças de movimentos
Bombardi escreveu uma carta aberta sociais para que eu evitasse os mesmos caminhos, para que eu alterasse os
ao Departamento de Geografia da
USP comunicando seu afastamento. meus horários, para que alterasse a minha rotina, de forma a me proteger de
Imagem: Reprodução/Instagram. possíveis ataques dos setores econômicos envolvidos com a temática sobre a
qual eu me debruço", relata a professora em carta obtida pelo UOL.
“Eu me perguntava: como uma mulher, mãe de dois filhos, única responsável pelas
crianças e pela rotina das crianças poderia mudar algo na rotina?”
Larissa Mies Bombardi em carta aberta aos colegas do Departamento de Geografia da USP.
E continua: "Nesse mesmo mês, uma série de outras intimidações ao meu trabalho passaram a acontecer,
especialmente após a maior rede de supermercados orgânicos da Escandinávia ter boicotado os produtos
brasileiros, a partir do conhecimento do conteúdo do Atlas, lançado no mês anterior em Berlim".
O Atlas, que já havia sido publicado em português em 2017, detalha o uso de agrotóxicos em cada região e
estado brasileiro, traz dados de morte por intoxicação em cada local, quais países europeus importam produtos
brasileiros com agrotóxicos e expõe a presença de resíduos agrotóxicos nos alimentos e água potável em
comparação com o limite europeu.
Entre os riscos à população brasileira, a pesquisa destaca: "contaminação ambiental, intoxicações, tentativas
de suicídio, malformações congênitas e doenças crônicas".
Na carta, Larissa conta que buscou a ajuda de colegas e também da diretora da Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas da USP, professora Maria Arminda Arruda. Por orientação deles, desistiu naquele ano
de participar de uma palestra para a qual havia sido convidada pelo Ministério Público de Santa Catarina.
Tanto Maria Arminda quanto o reitor da USP, Vahan Agopyan, sugeriram que Larissa saísse do país por um
tempo. O reitor, inclusive, ofereceu a Guarda Universitária para fazer a segurança dela dentro do campus, o
que Larissa recusou.
Além dos colegas da USP, ela conta que recebeu apoio do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos
Agrotóxicos e também de parlamentares de Bruxelas, onde foi convidada para um evento em dezembro de
2019.
“Desde então eu tenho tentado me estruturar para me proteger e aos meus filhos.”
Larissa Mies Bombardi em carta aos colegas da USP
Ela planejava deixar o país desde março de 2020, mas adiou devido à pandemia. Em agosto daquele ano, sua
casa foi assaltada e levaram seu computador. "Era um laptop antigo de baixíssimo valor, mas que tinha todo
o meu banco de dados. Felizmente eu tinha um 'back-up' em outro local, em um HD externo escondido, que
não foi encontrado."
Inicialmente ela não suspeitou que o assalto pudesse ter ligação com seu trabalho, mas, após o questionamento
de um parente, passou a pensar nessa possibilidade. Após o assalto, ela deu entrada no seu pedido de
afastamento da USP.
Em 2020 e janeiro de 2021 ela relata ter recebido novas intimidações após a publicação de artigos sobre a
"correspondência espacial entre suinocultura e covid-19". "Este tem sido o cotidiano de meu trabalho e de
outros tantos colegas envolvidos com este tipo de temática."
“Acho que os motivos profissionais já são mais do que conhecidos pelos colegas do
Departamento e estão suficientemente descritos e documentados no Pedido de Afastamento
que apresentei ao Conselho no último dia 10 de fevereiro.”
Larissa Mies Bombardi em carta aos colegas da USP
A pesquisadora começará em abril os estudos na Universidade Livre Bruxelas, onde conquistou uma bolsa.
"Penso que ela será um passo importante para minha pesquisa, mas que também terá importância para o
departamento", diz. "Com profundo carinho e gratidão pelo Departamento de Geografia da USP que foi e é,
sem dúvida, uma grande estrutura de minha formação como pessoa, despeço-me dos colegas e coloco-me à
disposição para conversar e prestar quaisquer esclarecimentos", finaliza.
O UOL procurou a professora por telefone e e-mail, mas não obteve sucesso.
Em nota, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, onde o Departamento de Geografia
se localiza, repudiou as intimidações sofridas pela professora.
"A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, através de sua direção, repudia
qualquer tipo de constrangimento, intimidação, ameaça, ataque que a professora Larissa Mies Bombardi, do
Departamento de Geografia, passou a sofrer devido ao tema de suas pesquisas. Pois, a faculdade defende a
liberdade de cátedra e de expressão, que devem estar presentes em uma sociedade democrática, republicana e
que valoriza a ciência."
Segundo a nota, o pedido de afastamento da docente ainda não chegou oficialmente às mãos da diretoria da
faculdade, por isso a Universidade ainda não pôde se manifestar.
Larissa Bombardi é graduada, mestre, com doutorado em geografia pela USP e pós-doutorado pela
Universidade Federal Fluminense. Segundo seu currículo Lattes, ela tem se dedicado ao estudo de agrotóxicos
na agricultura brasileira nos últimos cinco anos.
3. No TEXTO 01 vimos a existência de acordos internacionais sobre o meio ambiente. Esses acordos
estabelecem pactos entre os países, fazendo com que eles sigam protocolos adequados à
sustentabilidade, preservação e conservação do meio ambiente. Caso algum país não siga os acordos,
os outros países colocam em prática as sanções, que pode ser diminuição de investimento, boicote aos
produtos desse país, entre outras possibilidades.
a. Segundo a reportagem, houve algo parecido em relação ao Brasil?
b. Qual é a informação presente na reportagem que mostra os problemas do uso dos agrotóxicos
no Brasil?