BELO HORIZONTE/MG
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 03
AVALIAÇÃO .................................................................................................... 32
GABARITO ....................................................................................................... 35
Sejam bem vindos ao módulo de Ética, que compõe os cursos oferecidos pelo
Instituto Pedagógico de Minas Gerais.
As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras,
afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos
educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou
aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e
provado pelos pesquisadores.
O módulo tem como objetivo geral levar o profissional a perceber que a ética
permeia todo a vida do sujeito, quer seja no ambiente pessoal quanto profissional.
INFERÊNCIAS INICIAIS...
A Ética é a ciência da verdade; não existe uma ética da mentira, nem a meia
ética e ambas, ética e verdade são a essência da consciência humana. Ninguém
lhes pode ser indiferente.
1. É essencial que ela seja justa – que haja oportunidade para todos;
3. É vital que ela seja solidária – que haja compromisso com o bem
pessoal e o bem comum.
Liderança integrada – não basta que haja líderes, eles devem estar
integrados por verdades comuns;
Portanto, em princípio, a Filosofia moral ou Ética não tem motivos para ter
uma incidência imediata na vida cotidiana, pois seu objetivo último é esclarecer
reflexivamente o campo da moral. No entanto, esse esclarecimento, certamente
pode servir de modo indireto como orientação moral para os que pretendam agir
racionalmente no conjunto da sua vida.
1.1 Origens
Ética é uma palavra de origem grega, com duas origens possíveis. A primeira
é a palavra grega éthos, com e curto, que pode ser traduzida por costume, a
segunda também se escreve éthos, porém com e longo, que significa propriedade do
caráter. A primeira é a que serviu de base para a tradução latina Moral, enquanto
que a segunda é a que, de alguma forma, orienta a utilização atual que damos a
palavra Ética (GOLDIM, 2000).
A ética também não deve ser confundida com a lei, embora com certa
frequência a lei tenha como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a
lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a
cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas;
por outro lado, a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas no escopo da
ética.
A Moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma forma
de garantir o seu bem-viver. A Moral independe das fronteiras geográficas e garante
uma identidade entre pessoas que sequer se conhecem, mas utilizam este mesmo
referencial moral comum.
1.2 Definições
Ético (ethos): disciplina filosófica que estuda o valor das condutas humanas,
seus motivos e finalidades. Reflexão sobre os valores e justificativas morais, aquilo
que se considera o bem.
Robert Henry Srour (2000) ensina que a moral vem a ser um conjunto de
valores e de regras de comportamento, um código de conduta que coletividades
adotam, quer sejam uma nação, uma categoria social, uma comunidade religiosa ou
uma organização. Enquanto a ética diz respeito à disciplina teórica, ao estudo
sistemático, a moral correspondente às representações imaginárias que dizem aos
agentes sociais o que se espera deles, quais comportamentos são bem-vindos e
quais não. Em resumo, as pautas de ação ensinam o “o bem fazer” ou o “fazer
virtuoso”, a melhor maneira de agir coletivamente; qualificam o bem e o mal, o
permitido e o proibido, o certo e o errado, a virtude e o vício.
Para José Renato Nalini (1999) a ética é uma ciência, pois tem objeto próprio,
leis próprias e método próprio. O objeto da ética é a moral. A moral é dos aspectos
do comportamento humano. A expressão deriva da palavra romana mores, com o
sentido de costumes, conjunto de normas adquiridas pelo hábito reiterado de sua
prática.
O Professor de ética Mário Alencastro (2000) assevera que toda moral supõe
determinados princípios, normas ou regras de comportamento, não é a ética que os
estabelece numa determinada comunidade. A ética depara com uma experiência
histórico-social no terreno da moral, ou seja, com uma série de práticas morais já em
vigor e, partindo delas, procura determinar a essência da moral, sua origem, as
condições objetivas e subjetivas do ato moral, as fontes da avaliação moral, a
natureza e a função dos juízos morais, os critérios de justificação destes juízos e o
princípio que rege a mudança e a sucessão de diferentes sistemas morais.
imediato. Defendia, porém, um controle racional sobre o prazer para que não se
desenvolvesse uma dependência dos prazeres.
1
O fenômeno da felicidade
2
Escola de pensamento fundada em Atenas, por Aristipo de Cirene. Foi a partir do nome desta cidade que os
cirenaicos receberam sua denominação. É considerada pela tradição uma das chamadas escolas socráticas,
juntamente com os cínicos e os megáricos. Tais escolas recebem esta denominação por se configurar, cada uma
delas, como uma determinada interpretação dos ensinamentos de Sócrates, especialmente no que concerne à
correlação entre conhecimento e virtude.
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e educado pelo hábito no seu exercício.
Aristóteles dizia que os saberes teóricos versam sobre “o que não pode ser
de outra maneira”, ou seja, o que é assim porque assim o encontramos no mundo,
não porque assim o dispôs a nossa vontade: o sol aquece, os animais respiram a
água se evapora, as plantas crescem... tudo isso é assim e não podemos mudá-lo a
nosso bel-prazer. Podemos tentar impedir que uma coisa concreta seja aquecida
pelo sol, utilizando para tanto quaisquer meios que tenhamos a nosso alcance, mas
que o sol aqueça ou não aqueça não depende de nossa vontade: pertence ao tipo
de coisas que “não podem ser de outra maneira”.
Por sua vez, os saberes práticos (do grego práxis: atividade, tarefa,
negócio), que também são normativos, são aqueles que procuram orientar-nos sobre
o que devemos fazer para conduzir nossa vida de uma maneira boa e justa, como
devemos agir, qual decisão é a mais correta em cada caso concreto para que a
própria vida seja boa em seu conjunto. Tratam do que deve existir, do que deveria
ser (embora ainda não seja), do que seria bom que acontecesse (segundo alguma
concepção do bem humano). Tentam nos mostrar como agir bem, como nos
conduzir adequadamente no conjunto de nossa vida (CORTINA; MARTÍNEZ, 2009).
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Um filósofo grego do período helenístico. Seu pensamento foi muito difundido e numerosos centros epicuristas
se desenvolveram na Jônia, no Egito e, a partir do século I, em Roma, onde Lucrécio foi seu maior divulgador
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da natureza e aconselha a indiferença (apathea) em relação a tudo que é externo. O
homem sábio obedece à lei natural reconhecendo-se como uma peça na grande
ordem e propósito do universo, devendo assim manter a serenidade e indiferença
perante as tragédias e alegrias.
Espinoza, em sua obra Ética, afirma que a felicidade é encontrada através da alegria
ativa, que nos possibilita ultrapassar as paixões (tristeza e alegria passivas). A
alegria ativa consiste em compreender e ativamente criar as
condições/oportunidades exteriores que levam à alegria e ao amor (o amor é
definido por ele como a alegria que associamos a uma causa exterior a nós), contra
a tristeza e o ódio (o ódio é definido por ele como a tristeza que associamos a uma
causa exterior a nós). Ele criticava severamente os filósofos cristãos medievais que
afirmavam que a tristeza e o sofrimento são bons (como em Cristo).
A ética aristotélica afirma que existe moral porque os seres humanos buscam
inevitavelmente a felicidade, a ventura, e para alcançar plenamente esse objetivo
necessitam das orientações morais.
Mas, além disso, ela nos proporciona critérios racionais para averiguar que
tipo de comportamentos, quais virtudes, em suma, que tipo de caráter moral é o
adequado para essa finalidade.
Inteligência (nous)
Ciência (episteme)
Sabedoria (Sofia)
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2- Próprias do intelecto prático:
Prudência (frónesis)
Discrição (gnome)
Perspicácia (euboulía)
3- Próprias do autodomínio:
Pudor (aidos)
Justiça (dikaiosine)
Amabilidade (filia)
Veracidade (aletheía)
Magnificência (megaloprepéia)
Para Scheler4, existe uma ciência pura dos valores, uma axiologia pura, que
se sustenta em três princípios:
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Max Scheller (1874-1928) foi um filósofo fenomenologista, preocupado especialmente com a filosofia dos
valores.
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é o mal. Não existem, portanto, valores especificamente morais.
Esse modelo ético foi seguido e ampliado por pensadores como Nicolai
Hartmann, Hans Reiner, Dietrich Von Hildebrand e José Ortega y Gasset, que
chamou a intuição emocional de “estimativa” e incluiu os valores morais na
hierarquia objetiva, diferentemente de Scheler, como mostra o quadro abaixo.
A proposta de uma educação inclusiva parece assinalar para uma saída, não
só porque contempla a utopia presente em todo projeto pedagógico, como também
acena para a alteração do paradigma educacional das sociedades autoritárias
porque pressupõe que a transformação social deva implicar na transformação e na
democratização de todas as relações sociais (SANTOS, 2001).
Nesse sentido, podemos dizer que a tradição filosófica nos ensinou algo que
talvez seja sábio recuperar: a ética se ensina permitindo o convívio entre os
diferentes nos diferentes espaços públicos nos quais se possam expressar os
valores e construir o bem comum (SANTOS, 2001).
A escola, como uma instituição pela qual espera-se que passem todos os
A justiça;
A solidariedade;
O respeito mútuo e;
Diálogo.
A justiça já era uma preocupação dos filósofos gregos, pois Platão em sua
República já pensava como deveria ser tratado um ato justo, qual a relação entre
justiça e injustiça. No entanto, há de ser questionado como despertar no educando a
noção de justiça. A escola pode propiciar situações onde seja exercitada a
criticidade do educando oportunizando-lhe a distinção entre um ato justo e um
injusto. Fazer essa distinção na escola faz com que o educando reflita sobre a
diferença e possa a partir de suas vivências criar relações que exemplifiquem tais
questões (CAMARGO E FONSECA, 2006).
Segundo Pepe (2008), cada pessoa tem uma história de vida, uma maneira
de pensar a vida e assim também o trabalho é visto de sua forma especial. Há
pessoas mais dispostas a ouvir, outras nem tanto, há pessoas que se interessam em
aprender constantemente, outras não, enfim as pessoas têm objetivos diferenciados
e nesta situação muitas vezes priorizam o que melhor lhes convém e às vezes
estará em conflito com a própria empresa.
CORTINA, Adela; MARTÍNEZ, Emilio. Ética. Tradução: Silvana Cobucci Leite. 2 ed.
São Paulo: Loyola, 2009.
LAMA, Dalai. Uma ética para o novo milênio. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. São Paulo: RT, 1999.
PASSOS, Elizete. Ética nas Organizações: uma introdução. Salvador: Passos &
Passos, 2000.
PRADO JR., Bento. Alguns Ensaios. São Paulo, Max Limonad, 1985.
1) A sociedade se apoia em três pilares éticos. É vital que ela seja solidária é um dos
pilares. Qual das opções abaixo explica esse pilar?
A ( ) é preciso haver oportunidade para todos.
B ( ) é preciso educar a vontade para que a liberdade se torne responsável.
C ( ) é preciso haver compromisso com o bem pessoal e o bem comum.
D ( ) n.r.a.
3) Ética é a investigação geral sobre aquilo que é bom. Pois bem, assinale a opção
falsa:
A ( ) Ética significa modo de ser, caráter, comportamento.
B ( ) É o ramo da biologia que busca estudar e indicar o melhor modo de viver no
cotidiano e na sociedade.
C ( ) É o ramo da filosofia que busca estudar e indicar o melhor modo de viver no
cotidiano e na sociedade.
D ( ) Diferencia-se da moral, pois enquanto esta se fundamenta na obediência a
normas, tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos
recebidos, a ética, ao contrário, busca fundamentar o bom modo de viver pelo
pensamento humano.
4) Tanto a Moral como o Direito baseiam-se em regras que visam estabelecer uma
certa previsibilidade para as ações humanas. Ambas, porém, se diferenciam. Qual
das opções abaixo fala da moral de acordo com o texto?
A ( )estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma forma de
garantir o seu bem-viver.
B ( )independe das fronteiras geográficas e garante uma identidade entre pessoas
que sequer se conhecem, mas utilizam este mesmo referencial moral comum.
C ( ) busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras
do Estado.
D ( )estão corretas as opções A e B.
8) Para Scheler, existe uma ciência pura dos valores, uma axiologia pura, que se
sustenta em três princípios. Leia as afirmativas abaixo e assinale a opção correta.
I – Todos os valores são negativos ou positivos
II – Valor e dever estão relacionados, pois a captação de um valor não realizado é
acompanhada pelo dever de realizá-lo
III – Nossa preferência por um valor e não por outro verifica-se porque nossa
intuição emocional capta os valores já hierarquizados. A vontade de realizar um
valor moral superior em vez de um inferior constitui o bem moral, e seu contrário é o
mal. Não existem, portanto, valores especificamente morais.
10) Falamos em alguns temas importantes para serem inseridos nas aulas de
diferentes disciplinas de maneira transversal, permitindo desmitificar a questão ética
como sendo restrita à área da Filosofia. Qual das opções abaixo é o mesmo que:
“Sem ser unilateral”. “Respeitar com reciprocidade”?
A ( ) manter o diálogo
B ( ) justiça
C ( ) solidariedade
D ( ) respeito mútuo
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Ass. do aluno:
ÉTICA NA EDUCAÇÃO
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