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DOI: 10.18226/21784612.v25.e020009
Abstract: The main purpose of this text is to present some reflections about
philosophy as human praxis with the perspective of overcoming the prejudice
that philosophy is an activity of the separete thought of life and from its relations
with the social context. Starting from the assumption that philosophy is a
reflection, a critical knowledge of reality. The focus of our reflection highlights
the philosophical question as a mobilizing instrument for the formation of
critical awareness of the subject as a process of creation and overcoming the
prejudice that philosophy is an activity only for some enlightened.
Keywords: Philosophy. Praxis. Prejudice.
*
Professor Municipal em Itajaí-SC. Bacharel em Filosofia e Teologia. Licenciado em
Pedagogia. Mestre em Educação pelo PPGEDU/CUR/UFMT. E-mail: Orcid Id: http://
orcid.org/000-0002-4873-9213.
**
Professor titular I, do PPGEDU e Departamento de Educação do Campus Universitário
de Rondonópolis/UFMT. Licenciado em Filosofia e Pedagogia. Mestre em Educação pela
UFMT. Doutor em Educação pela Unesp/Marília. E-mail: ademarlc@terra.com.br Orcid
Id: http://orcid.org/000-0001-6001-7435.
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Somos todos filósofos: problematizando o preconceito e a concepção de filosofia
1 Introdução
Encarar a filosofia como possibilidade básica da vertente teórica da
práxis, que se estrutura como conhecimento e mediação, que potencializa
entender o preconceito arraigado, na sociedade, de que filosofia não serve
para transformação ética da sociedade constitui-se um verdadeiro desafio
para produzir uma reflexão da importância da filosofia “como um pensar
reflexivo, crítico e criativo”, comprometido com o processo de compreender
a imersão do ser humano no mundo, é indissociável do “conjunto das
relações humanas” (GHEDIN, 2008, p. 38).
Outro fator importante é compreender quais as vias para superar o
preconceito de que o filosofar não é uma atividade especificamente de
intelectuais, que desloca do mundo da vida, da perspectiva histórica.
Para desconstruir a concepção negativa que gera o sentido e significado
da filosofia como orientação da vida e de mundo, é fundamental mostrar
os pontos concretos que demonstram que todos somos filósofos,
principalmente, no aspecto processual da construção da consciência
dialógica, na perspectiva de elaborar novos conceitos e nova ordem
intelectual que protagoniza a consciência e práxis libertadora.
Neste sentido, a linguagem como expressão gestual, simbólica ou
oral, na sua densidade e complexidade, demonstra que todos os seres
humanos são capazes de construir significados no jogo relacional entre
emissor e destinatário. A linguagem, como expressão do conhecimento
feito por homens e mulheres na relação objetiva e intersubjetiva,
apresenta-se como um dos mais fortes fundamentos para superação do
preconceito que contraria que todos nós somos filósofos. Por isso, se
uma sociedade aliena o direito natural da linguagem, por meio de
maquinações ardilosas segundo os interesses de dominação, ela impede
a assunção da plenitude da atividade filosófica e elevação para ordens
superiores de pensamento.
É importante destacar que aqui não se trata da redução do sujeito à
sua condição de linguagem destituída da historicidade e atuação política
como mobilização da emancipação coletiva. Ao contrário, a filosofia
constitui instrumento fundamental de mediação para esclarecimento da
realidade sociopolítico-cultural em que o sujeito vive. E um sujeito
esclarecido é livre para tomar decisão, porque “esclarecimento significa ser
livre, possuir autonomia, ser senhor de si mesmo, por um processo de [...]
melhoria moral e cultural” (HORN, 2017, p.65).
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6 Considerações finais
Frente à problemática apresentada na reflexão ao longo deste texto,
chegamos assim a uma provisória conclusão que precisa ser ampliada por
outros estudos. Estamos conscientes, porém, de que esta investigação
apresenta vias possíveis de superação do que percebemos ser preconceito
em filosofia, perpetrado, principalmente, como vimos, pela difusão idealista
de distorções do real papel do filosofar. Quem são esses perpetradores? A
resposta a esse questionamento seria assunto para mais uma pesquisa, o
que não corresponde aos objetivos desta investigação. Podemos dizer, no
entanto, que o campo de superação do preconceito não pode estar imune
aos desafios que a realidade concreta nos aponta. É necessário correr o
risco de destruir o preconceito de que filosofia seja coisa difícil e apresentar
propostas coerentes, que ajudem a sociedade a perceber-se coletivamente
como comunidade filosófica.
Da mesma forma que caracterizamos que todos somos filósofos, para
não incorrer no empobrecimento da reflexão filosófica, é fundamental
compreender que a filosofia é uma atividade humana que se “apresenta
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