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O Modelo de Solow

1. Introdução
2.1 Modelo Básico de Solow
2.1.1 O diagrama de Solow
2.1.2 Estática comparativa
2.1.3 Propriedades do estado estacionário
2.1.4 Crescimento Econômico no modelo simples
2.2 Tecnologia no Modelo de Solow
2.2.1 O gráfico de Solow com tecnologia
2.2.2 A solução para o estado estacionário
2.3 Avaliação do Modelo de Solow
2.4 Decomposição do Crescimento e Redução da Produtividade
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1. Introdução

1. Em 1956, o economista Robert Solow pública seu artigo "A Contribution to


the Theory of Economic Growth", em que propõe um modelo para explicar o
crescimento econômico.
2. Para criar seu modelo, o autor parte de hipóteses simplistas como
considerar que os países produzem e consomem apenas um único produto (bem)
homogêneo. Podemos entender esse produto como o PIB de um país. Como só há
um bem, na hipótese, não há comércio internacional no modelo. A segunda hipótese
do modelo é considerar a tecnologia exógena, como se a tecnologia fosse dada, ou
seja, a tecnologia disponível para as empresas não é afetada pelas relações da
empresa, nem pela pesquisa e desenvolvimento (P&D). No decorrer das aulas, as
hipóteses vão sendo relaxadas.
3. "Na teoria econômica moderna, um modelo é uma representação
matemática de algum aspecto da economia". Para entender o modelo de Solow, a
gente pode pensar os indivíduos como robôs, que buscam maximizar sua própria
utilidade. Entretanto, há certas restrições ao maximizar a utilidade. Por exemplo, os
indivíduos querem consumir a maior quantidade de produtos, mas a quantidade
produzida é limitada pela capacidade produtiva das tecnologias disponíveis.

4. Na construção do modelo, "vamos supor que as pessoas poupem uma


fração constante de sua renda e gastem parte constante do seu tempo acumulando
qualificações".

2.1 O Modelo Básico de Solow

1. Para construir o modelo de Solow, duas equações são fundamentais: a


função de produção e a equação de acumulação de capital. A função de produção
(Cobb-Douglas) mostra a combinação entre capital (K) e trabalho (L) para gerar o
produto (Y) de uma economia. A função de produção (Cobb-Douglas) é:

α α−1
Y = F(K,L) = 𝐾 • 𝐿
Sendo α qualquer número entre 0 e 1. A função de produção possui retornos
constantes de escala, isso significa que se todos os insumos dobrarem, o produto
também dobrará [1].

[1] Nota 02 do autor: Recorde que, se F(αK, αL) = αY para qualquer α > 1, então
dizemos que a função de produção apresenta retornos constantes à escala. Se
F(αK, αL) > αY, então a função de produção registrará retornos crescentes à escala,
e se o sentido da desigualdade for invertido, os retornos à escala serão
decrescentes.

2. As empresas pagam um salário, que chamaremos de w, a cada unidade de


trabalho; e paga também um aluguel (r) a cada unidade de capital em certo período.
Vamos supor que, nessa economia, o mercado é otimizado, operando em
concorrência perfeita e, portanto, as empresas são tomadoras de preços (com
retornos constantes de escala, o número de empresas é indeterminado).

"Normalizando o preço produtivo em nossa economia para a unidade, as empresas


maximizadoras de lucro resolvem o seguinte problema:"

Max F (K, L) - rK - wL

3. Com isso, as firmas vão contratar trabalhadores até que o produto


marginal do trabalho seja igual ao salário; e vão arrendar capital até que o produto
marginal seja igual ao aluguel. Portanto:

∂𝐹 𝑌
w= ∂𝐿
= (1 - α) • 𝐿

∂𝐹 𝑌
r= ∂𝐾
=α • 𝐾

4. Perceba que wL + rK = Y. Ou seja, os pagamentos aos fatores de


produção "exaurem totalmente o valor do produto gerado, de modo que não podem
ser auferidos lucros econômicos", ou seja, não há lucros acima do lucro normal do
mercado. Isso é consequência da propriedade geral dos retornos constantes de
escala.
5. O modelo de Solow busca explicar, dentre outras coisas, o produto per
capita ou produto por trabalhador. Com isso, podemos reescrever a função de
produção Cobb-Douglas (2.1) em termos de produto por trabalhador, ou seja, y ≡
Y/L; e em capital por trabalhador, ou seja, k ≡ K/L. Portanto, temos que:

α
y = 𝑘 (2.2)
6. A figura 2.1 representa graficamente essa função de produção. "Com mais
capital por trabalhador, as empresas geram mais produto por trabalhador. Contudo,
há retornos decrescentes ao capital por trabalhador; a cada unidade adicional de
capital que damos a um trabalhador, o produto gerado por esse trabalhador cresce
menos e menos".

[Figura 2.1]

Vejamos a segunda equação que constitui a base do do modelo de Solow, que é a


equação de acumulação de capital:

•K = sY - dk (2.3)
•K = variação do estoque de capital;
s = propensão a poupar;
Y = renda;
d = parcela de depreciação;
K = montante de capital;
dK = montante de depreciação.

7. Ou seja, “a variação no estoque de capital, K, é igual ao montante do


investimento bruto, sY, menos o montante da depreciação que ocorre durante o
processo produtivo, dK”.
8. O termo “•K” É a versão contínua no tempo de 𝐾𝑡 + 1 − 𝐾𝑡, ou seja, é a
variação no estoque de capital por período. O ponto é utilizado para indicar a
derivada com relação ao tempo:

𝑑𝐾
•K ≡ 𝑑𝑡

9. O termo “sY” representa o investimento bruto. Solow supõe que os


consumidores/trabalhadores poupam uma fração constante (s) de sua renda
combinada de salários e aluguéis, portanto: Y = wL + rK. Supomos também que a
economia seja fechada e, portanto, a poupança é igual ao investimento, e vamos
considerar que a única função do investimento nessa economia é a acumulação de
capital. “Os consumidores, então, alugam esse capital para as empresas, que o
utilizam na produção”.

w = salários; L = fator de produção trabalho.


r = aluguel; K = fator de produção capital.

10. O termo “dK” representa a depreciação do estoque de capital durante a


produção. Vamos supor que essa depreciação se dê como uma fração constante (d)
do estoque de capital que se deprecia a cada período, independente da quantidade
produzida.
11. Para compreender como ocorre a evolução do produto per capita dessa
economia, é preciso reescrever a equação de acumulação de capital em termos de
capital per capita (k ≡ K/L). Com isso, “a função de produção da equação (2.2) nos
dirá a quantidade de produto per capita gerado por qualquer estoque de capital per
capita existente na economia”. Para isso, vamos utilizar o macete matemático: tirar
os logaritmos e derivar (ver apêndice).

Exemplo 01:

𝐾
k≡ 𝐿
⇒ log k = log K - log L (tirar o logaritmo)
•𝑘 •𝐾 •𝐿
⇒ 𝑘
= 𝐾
− 𝐿
(derivação)
•𝑘
= taxa de variação da relação K/L;
𝑘
•𝐾
= taxa de variação do estoque de capital;
𝐾

•𝐿
= Taxa de crescimento da força de trabalho;
𝐿

Truque:
∂𝑦 ∂ 𝑙𝑜𝑔(𝑥) 1
Se y = f(x) = log x, então ∂𝑥
= ∂𝑥
= 𝑥

Derivando em relação ao tempo (t), temos que:

∂𝑦 ∂𝑦 ∂𝑥 1 •𝑥
Se y(t) = log x(t), então ∂𝑡
= ∂𝑥 . ∂𝑡
= 𝑥
. x' = 𝑥

•x = variação de x no tempo.

Exemplo 02:
α
y=𝑘 ⇒ log y = α . log k (tirar logaritmo)
Truque:
∂𝑦 ∂ α . 𝑙𝑜𝑔(𝑥) 1
Se y = f(x) = α . log x, então ∂𝑥
= ∂𝑥
=α.𝑥

Derivando em relação ao tempo (t), tem-se que:

∂𝑦 ∂𝑦 ∂𝑥 1 •𝑦 •𝑘
∂𝑡
= ∂𝑥 . ∂𝑡
=α. 𝑥
. x’. Portanto, 𝑦
=α. 𝑘
(derivação)

•𝑦 •𝑘
𝑦
= taxa de variação do produto; 𝑘
= taxa de variação da relação K/L;

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12. Vamos aplicar o exemplo 01 à equação 2.3 (•K = sY - dk ), para obter a
equação de acumulação de capital em termos de capital por trabalhador. Vejamos,
antes disso, a taxa de crescimento da força de trabalho (•L / L).

Hipótese: a taxa de participação da força de trabalho é constante e a taxa de


crescimento populacional é dada pelo parâmetro n. (Muito vezes, ao descrever o
modelo, é conveniente supor que a taxa de participação da FT é a unidade, ou seja,
que todos os componentes da população são trabalhadores). Consequentemente, a
taxa de crescimento da força de trabalho (•L / L) é dada por n.

Se n = 0,01, então a população e a taxa de crescimento da força de trabalho está


crescendo 1% ao ano. Podemos expressar essa relação como:

𝑛.𝑡
L(t) = 𝐿0𝑒

13. Vamos agora tirar os logaritmos e derivar, mesclando o exemplo 01 com a


equação 2.3.
•𝑘 𝑠𝑌/𝐿
𝑘
= 𝐾/𝐿
-n-d

𝑠.𝑦
= 𝑘
-n-d

Multiplicando cada termo por k, teremos a equação de capital por trabalhador,


sendo:

•k = s . y - (n + d)k
s . y = investimento por trabalhador;
n . k = redução de k resultante de um aumento populacional;

14. Perceba que a equação de capital por trabalhador é determinada, em


certo período, por três termos (dois deles são análogos aos da equação de
acumulação de capital original). O investimento por trabalhador (s . y) aumenta o
valor de k, a depreciação por trabalhador dK, reduz k. O termo “nk” representa a
redução em k, por conta do crescimento populacional. “A cada período, aparecem
nL novos trabalhadores que não existiam no período anterior. Se não houver novos
investimentos nem depreciação, o capital por trabalhador se reduzirá devido ao
aumento da força de trabalho. O montante de redução será exatamente “nk”, como
se pode ver fazendo •K igual a zero no exemplo 01.
2.1.1 O diagrama de Solow

1. A

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