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Revista Educação Agrícola Superior

Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior- ABEAS - v.23, n.1,p.61-63, 2008

DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE CRISÂNTEMO (Chrysanthemum


coronarium cv Dobrado Sortido) EM DIFERENTES SUBTRATOS

Diego Silva Batista1; Leandro Oliveira de Andrade2; Geórgia Roberta Gomes de Figueirêdo1; Gabriela de Araújo
Farias1;; Elizanilda Ramalho do Rêgo3

1
Graduando em Agronomia, UFPB, Campus II. Areia. Email: diegoesperanca@gmail.com
2
Doutorando em Eng. Agrícola, UAEAg/CTRN/UFCG.E-mail: leandro.ufcg@hotmail.com;
3
Profa. Dra. em Genética e Melhoramento. DCFS/CCA/UFPB. UFPB, Campus II. Areia.

INTRODUÇÃO crisântemo é uma das flores mais populares do mundo e,


juntamente com as rosas, os cravos e mais recentemente as
A floricultura, em seu sentido amplo, abrange o cultivo gérberas, faz parte do elenco básico de todas as lojas de flores
de plantas ornamentais, desde flores de corte e plantas (GRUSZYNSKI, 2001).
envasadas, floríferas ou não, até a produção de sementes, No cultivo de flores envasadas, um dos principais
bulbos e mudas de árvores de grande porte. É um setor fatores de produção é o substrato. Segundo Karon et al. (2004),
altamente competitivo, que exige a utilização de tecnologias nas útimas décadas, o cultivo em substrato vem ganhando
avançadas, profundo conhecimento técnico pelo produtor e um destaque no cenário mundial, devido aos problemas originados
sistema eficiente de distribuição e comercialização pelos cultivos tradicionais em solo, sendo sua eficiência
(SILVEIRA, 1993). O cultivo de flores e plantas ornamentais intimamente ligada com o recipiente e com o manejo
vem se consolidando como um importante setor na economia empregado, portanto, o uso adequado do substrato permite o
nacional devido ao aumento na demanda no mercado interno e crescimento ideal das raízes, o que é fundamental para se obter
a crescente conquista do mercado externo, refletindo na uma planta de boa qualidade. (KAMPF, 2006).
geração de empregos e renda para o país, contribuindo assim, Tendo em vistra a necessidade de material técnico, o
para a fixação do homem no campo. presente trabalho tem o objetivo avaliar o desenvolvimento de
Segundo Fernandes et al. (2007), o Brasil tem mudas de crisântemo (Chrysanthemum coronarium cv
características específicas propícias ao negócio de flores e Dobrado Sortido) em diferentes substratos.
plantas ornamentais, com extensas áreas sob condições edafo-
climáticas favoráveis e pontos estratégicos de comercialização. MATERIAL E MÉTODOS
Apesar disso, um dos principais problemas para o
desenvolvimento da floricultura brasileira é a falta de O experimento foi conduzido em casa de vegetação, no
informações técnicas sobre a condução destas culturas em período de Agosto de 2008 a Setembro de 2008, no Setor de
condições de clima tropical. Biomassa da Universidade Federal da Paraíba - UFPB,
Diante disso, tem surgido um crescente interesse por Campus II, Areia, Paraíba, Brasil (latitude 6º58'12” S,
parte de produtores e pesquisadores, pretendendo obter longitude 35°42'15” e altitude 620m).
melhores diagnósticos tanto na produção como no Analisando o efeito da utilização de diferentes
dimensionamento da infra-estrutura mínima necessária para a proporções de substratos à base de substrato comercial
atividade, análises de alternativas tecnológicas de produção, (composição casca de pinus, vermiculita, turfa, corretivos de
escala de produção mais adequada, economicidade da acidez e aditivos) e solo-argiloso no desenvolvimento de
aquisição ou produção própria de mudas e emprego da mudas de crisântemo (Chrysanthemum coronarium cv
biotecnologia (MIRANDA et al., 1994). Dobrado Sortido.), foram realizados cinco tratamentos:
As variedades de crisântemo apresentam percentagem T1(100% substrato comercial); T2 (100% solo argiloso); T3
expressiva na demanda mundial de flores de corte e envasadas, (50% substrato comercial + 50% solo argiloso); T4 (75%
ocupando cerca de 12% do mercado holandês de flores substrato comercial + 25% solo argiloso) e T5 (75% solo
cortadas e 34% do mesmo mercado para flores envasadas argiloso + 25% substrato comercial). Utilizou-se o
(KAMPF et al., 1990). Atualmente no Brasil o crisântemo em delineamento inteiramente casualizado, com 5 tratamentos e 7
vaso é, juntamente com a violeta, umas das principais flores em repetições para cada tratamento.
vaso produzidas em estufas. Com o forte crescimento da venda A semeadura foi realizada no dia 21 de Agosto de 2008,
de flores em vaso em supermercados, vem ocorrendo uma em tubetes de plásticos de 300 ml, tendo sido plantada três
popularização junto ao consumidor, estimulando o consumo sementes por tubete. A irrigação foi padronizada ao final da
freqüente, em especial de flores em vaso e plantas verdes. O tarde, com volume variável com a finalidade de sempre deixar
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os tubetes em capacidade de campo. Observou-se que o bom desempenho na formação das


Aos 21 dias após a semeadura (DAS) foram avaliadas plântulas obtido pelos substratos comerciais pode ser atribuído
as variáveis de crescimento altura da plântula (AP) e número de às suas características físicas e químicas, pois apresentam
folhas (NF) e as variáveis de vigor fitomassas fresca e seca de maior porosidade total, o que proporciona maior capacidade de
parte aérea (respectivamente, FFPA e FSPA) e fitomassa fresca retenção de água e aeração (Silva et al., 2001; Mendonça et al.
e seca de raiz (respectivamente, FFR e FSR). 2003).
A haste de cada plântula foi cortada rente ao solo, com
auxílio de um estilete, e imediatamente realizou-se a avaliação CONCLUSÕES
da fitomassa fresca, para isto foi utilizada balança analítica de
precisão de 0,01 g. Após a pesagem da fitomassa fresca, estas Tanto o substrato comercial quanto o solo argiloso
foram embrulhadas em papel toalha e colocadas em estufa a podem ser indicados como substrato para a produção de mudas
60ºC, com circulação de ar forçada, durante três dias até a de crisântemo (Chrysanthemum coronarium cv Dobrado
estabilização do peso, quando realizou-se então a pesagem da Sortido), pois foram os que, de modo geral, apresentaram os
fitomassa seca, com auxílio de uma balança analítica com mlhores resultados com relação às avaliações
precisão de 0,0001 g. Na contagem do número de folhas foram
consideradas folhas apresentando tamanho maior ou igual a 5
mm. REFERÊNCIAS
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de
variância e os substratos comparados pelo teste de Tukey ao FERNANDES, E.P., SOUZA, E.R.B, LEANDRO, W.M,
nível de 5% de probabilidade. PIRES, L.L, VERA, R, SOUZA, R.F. Marcha de
acúmulo de fitomassa em crisântemo (Dendranthema
grandiflorum T., var. Salmon Reagan). Pesquisa
RESULTADOS E DISCUSSÃO Agropecuária tropical. 37(3): 137-141. 2007.
GRUSZYNSKI, C. Produção comercial de crisântemos: vaso,
De acordo com a análise de variância (Tabela 1), corte e jardim. 1. ed. Guaíba: Agropecuária Editora Ltda,
observou-se efeito significativo (p < 0,05) dos tratamentos para 2001, 166 p.
as variáveis altura de planta (AP), fitomassa fresca de parte KAMPF, E.; BAJAK, E.; JANK, M.S. O Brasil no mercado
aérea (FFPA), fitomassa seca de parte aérea (FSPA), fitomassa internacional de flores e plantas ornamentais. Informe
fresca da raiz (FFR) e fitomassa seca da raiz (FSR), aspecto não GEP/DESR, v.3, n.4, p.3-11, abr. 1990.
observado somente para a variável número de folhas (NF). KAMPF, A.N.; TAKANE, R.J.; SIQUEIRA, P.T.V.
Para a variável de crescimento AP as médias dos Floricultura: técnicas de preparo de substratos. 1 ed.
tratamentos mostram o tratamento T3 como o melhor, sendo o Brasília: LK Editora e comunicação, 2006. v. 1. 132 p.
mesmo superior, quando comparado a todos os restantes, KARON, B.O.; POMMER, S.F.; SCHMIDT, D.; MANFRON,
porém não diferindo estatisticamente dos tratamentos T4, T1 e P.A.; MEDEIROS, S.L.P. Crescimento de alface em
T5, e superando-os, por sua vez, em 2.2, 7.41 e 14.45%, diferentes substratos. Revista de Ciências
respectivamente. Silva et al. (2006), avaliando crescimento Agroveterinárias, Lages, v.3, n.2, p.97-104. 2004.
inicial de plântulas de pupunhas em diferentes substratos, MENDONÇA, V.; ARAÚJO NETO, S. E. de; RAMOS, J. D.;
observaram que a melhor AP apresentou o tratamento que PIO, R.; GONTIJO, T. C. A. Diferentes substratos e
continha substrato formulado com terra, areia e esterco, recipientes na formação de mudas de mamoeiro “Sunrise
ficando o comercial na segunda posição num total de 4 Solo”. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal,
tratamentos. v.25, n.1, p. 127-130, 2003.
Com relação à variável NF não houve efeito MIRANDA, M.C. et al. Sistema de Cultivo e Custo Operacional
significativo entre as médias dos tratamentos, porém o da Produção da Crisântemos. Agricultura em São Paulo,
tratamento T4, 75% substrato comercial + 25% solo argiloso, 1994. v. 41, n. 1, p 103-124.
superou os demais tratamentos em 3.16, 3.16, 6.55 e 12.87%,
sendo respectivamente relacionado aos T3, T5, T1 e T2.

Tabela 1: Parâmetros avaliados em plântulas de crisântemo 21 dias após a semeadura em diferentes substratos.

Parâmetros avaliados 1, 2
Substratos
AP FFPA FSPA FFPR FSPR NF
100% Comercial 4,87 ab 0,35 a 15,09 a 1,04 a 7,86 b 4,14 a
100% Argila 4,01 b 0,23 b 10,10 b 0,67 ab 29,29 a 3,86 a
50% Argila + 50% Comercial 5,26 a 0,34 a 15,09 a 0,57 b 5,71 b 4,29 a
75% Comercial + 25% Argila 5,14 a 0,36 a 12,76 ab 0,49 b 8,43 b 4,43 a
75% Argila + 25% Comercial 4,5 ab 0,34 a 15,05 a 0,51 b 8,43 b 4,29 a
CV% 14,1 11,17 21,34 39,12 78,23 10,91
1
AP = Altura de planta (cm); FFPA = Fitomassa fresca da parte aérea (g); FSPA = Fitomassa seca da parte aérea
(mg); FFPR = Fitomassa fresca da parte radicular (dg); FSPR = Fitomassa seca da parte radicular (mg); NF =
Número de folhas.
2
Médias seguidas de mesma letra foram agrupadas pelo teste de Tukey a 5%.

Revista Educação Agrícola Superior - v.23, n.1,p.61-63, 2008


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SILVA, R. P. da; PEIXOTO, J. R.; JUNQUEIRA, N. T. V.


Influência de diversos substratos no desenvolvimento de
mudas de maracujazeiro-azedo (Passiflora edulis Sims f.
flavicarpa DEG). Revista Brasileira de Fruticultura,
Jaboticabal, v.23,
n.2, p.377-381, 2001.
SILVA, V. L.; MÔRO, F. V.; FILHO, C. F. D.; MÔRO, J. R.;
SILVA, B. M. S.; CHARLO, H. C. O. Morfologia e
avaliação de crescimento inicial de plântulas de Bactris
gasipaes Kunth. (ARECACEAE) em diferentes
substratos. Revista Brasileira de Fruticultura,
Jaboticabal, SP, v.28, n.3, p.477-480, Dez, 2006.
SILVEIRA, R. B. A. Situação da floricultura no Brasil. 1993.
Net. Disponível em: <http://www.uesb.br>. Acesso em:
23 ago 2006.
TRANI, P.E.; NOVO, M.C.S.S.; CAVALLARO JÚNIOR,
M.L.; TELLES, L.M.G. Produção de mudas de alface em
bandejas e substratos comerciais. Horticultura
Brasileira, Brasília, v.22, n.2, p.290-294, abr.-jun. 2004.

Revista Educação Agrícola Superior - v.23, n.1,p.61-63, 2008

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