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AULA 02 - SINOPSE
Você aprenderá o que diferencia um poeta dos demais, como pode en-
contrar o sentido moral dos textos que lê, qual a importância da escolha
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desta aula, espera-se que você saiba: por que “Os Lusíadas” é a
como surge a prosa; como um poeta conta algo; quais os dois olhares
possíveis para um mesmo objeto e qual sua relação com o nome; qual
importância da literatura.
BONS ESTUDOS!
INTRODUÇÃO
cação literária. Hoje nós vamos falar de livros mesmo, de letras em si. Dos
2. O VERSO E A PROSA
desenvolver.
Camões criou uma autoridade, não só pelo uso da língua, dos vocáb-
ulos, de uma sintaxe bem construída, mas pelo teor da história, afinal, se
aquilo que estiver representando não tiver valor nenhum, não adianta, nós
perdemos o interesse.
sante por isso, mas fica inclusive afetado um sujeito falar sobre uma ida
feito em verso, se alguém compusesse versos heroicos para contar sua ida
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2.1. O VOCABULÁRIO ADEQUADO
uma linguagem apropriada para tratar deles. Por outro lado, existem
heroico de guerra, de alguém que se sacrifica para salvar a vida dos seus
pátria, como os 300 de Esparta, você não o conta simplesmente assim: “Os
valia a pena defender Esparta. E essa forma de contar vai desde o vocab-
ações do dia a dia, banais, que não exigem nenhum nível linguístico, e
por incrível que pareça, é contar uma história em verso, é expressar ações
muito homérico. Ele estudou muito poesia, mas decidiu contar todas as
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coisas tal como as ouviu e registrá-las. Heródoto conta as versões para os
fatos. Ele viajou muito, por isso, ouvia as pessoas, questionava-as sobre
sobre a sua construção. E faz isso de uma forma muito direta, como se
Assim surge a prosa, por volta de 500 a.C.. Não que não existisse
prosa antes, mas esta não era comum. A prosa servia para fazer um
muito da música, por mais que hoje nós tenhamos separado totalmente
uma da outra. Todos que escutam poesia percebem como é musical. Há,
3. O ESTILO
Vamos ler:
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As armas e os Barões assinalados
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Dai-me agora um som alto e sublimado,
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As que Ele pera si na Cruz tomou);
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Ouvi, que não vereis com vãs façanhas,
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Vossa bandeira sempre vencedora:
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E lá vos têm lugar, no fim da idade,
Estas são as primeiras dezoito estrofes de “Os Lusíadas”. Esta obra é com-
posta por dez cantos e cada um deles apresenta uma média de cento e
poucas estrofes.
meiro verso: “As armas e os barões [...]”. Portanto, Camões canta a guerra
dizer. Todo mundo entende? Sim. Mas aí, ficou nisso. Isso um historiador
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faz assim. Um historiador afirma que “o reino português espalhou-se
não faz isso. O poeta diz: “O Reino, que o sol logo em nascendo vê
por todo o mundo merece que seja dito desta forma. Não sei se vocês
Portugal ter se espalhado por todo o mundo. Mas existe uma forma para
um fato, porque, veja só, é a primeira vez que isso acontece. E Camões pre-
cisa cantar desse jeito, precisa comparar com outros grandes feitos e dizer
que todos estes não são nada comparados com o do reino português.
Estas duas são grandes obras neste mesmo estilo, são duas epopeias do
mundo antigo. Atribuímos à “Odisseia” como tendo sido escrita por volta
3.2. AS INTERPRETAÇÕES
Prossigamos com Camões, que diz “Chega disso. Fundar Roma até
pode ser considerado algo interessante e digno de ser cantado, mas agora
chega, mais de dois mil anos depois, cale-se o que Alexandre, o Grande, ou
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o imperador Trajano fizeram” porque “[...] eu canto o peito ilustre Lusitano,
não é mais um empecilho para os portugueses. Marte, por sua vez, é deus
tempo em que Camões escreve, é assim. E ele soube dar esse valor.
as palavras. Eu sei o que é Netuno, sei o que é Marte. Sei, também, que
Netuno é o deus do mar, então, que Camões está falando deste. Igual-
mente, sei que Marte é deus da guerra e que Camões está falando desta.
Que nível de leitura é esse? Esse é o nível alegórico. Eu não estou simples-
que os deuses não são só isso. Netuno não é o mar. Mar é mar. Netuno é o
deus do mar. É preciso estar ciente de que ambos não são a mesma coisa.
Existe uma palavra para dizer mar e existe uma palavra para dizer Netuno.
Da mesma forma, existe uma palavra para dizer Sol e existe Apolo, que não
é o Sol, mas sim o deus do Sol. Apolo carrega o Sol. Apolo é a força move-
para tratar de coisas invisíveis, inexplicáveis. Você pode objetar: “Mas não
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a gravidade”. Sim, a nossa mitologia hoje é a ciência. Nós explicamos tudo
força da gravidade.
chamar de “o amor da deusa gaia, que atrai para si tudo aquilo que
tenta se afastar dela”? Tal como uma mãe, que é a mãe Terra, Gaia
atrai-nos para si como uma mãe atrai os seus filhos. A diferença é que
existem dois olhares que podemos adotar sobre esse mesmo objeto.
“não estou nem aí para gravidade, não há o que fazer a respeito dela”
por esse olhar, você canta: “Ó Gaia, que a ti atrais tudo aquilo que de
corrente.
3.3. AS FORMAS
ração para as ninfas do rio Tejo. Avena é tipo uma flauta. Camões quer
um som de tuba para cantar as coisas e não de uma flautinha. Por quê?
Porque esse feito merece ser cantado assim, tal como a gravidade. Vemos
arrasam ilhas inteiras. Para isso, podemos ter o olhar do simples jornalista,
que anuncia “Um tsunami atingiu as ilhas Fiji” ou podemos dizer “Netuno,
por terem feito reféns homens ilibados [...]”. Posso adicionar novas rumos
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tem problema. Se eu cantar assim, vou conseguir fazer com que todo
Assim como Homero faz com que nós nos lembremos de uma
época, devia ter cerca de vinte mil habitantes. Os gregos, que viviam
isso de um jeito que até hoje nós nos lembramos. Mais do que isso:
Homero para tentar entender a nós mesmos, porque seus textos são a
fonte mais antiga que temos da nossa própria cultura, juntamente com
Homero. É ali aonde nós vamos. Homero só conseguiu isso porque cantou
de uma forma grande, assim como Camões canta os feitos dos portu-
gueses.
Nós utilizamos dois versos, mas todos os versos podem ser lidos
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em charrua. Nós fazemos isso e Camões faz isso também. Por isso diz
peito físico, mas àquilo que o peito representa. O que significa dizer que
uma pessoa tem que ter peito para enfrentar algo? Significa dizer “ter
Depois, há o sentido moral. Assim, com uma frase só, talvez seja
o excerto “eu canto o peito ilustre Lusitano a quem neptuno e marte obe-
existe um sentido bastante universal, que é: toda vez que vejo um fato
lugar porque não fui com a cara de alguém. Eu deixo de tocar um projeto
deste tipo. E isso é somente uma interpretação que estou fazendo aqui,
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verdade, tudo acontece por influências dos deuses pagãos.
passar por uma censura eclesiástica para poderem ser impressas e divul-
gadas. O frade censor que aprovou “Os Lusíadas” escreveu uma nota
informando não ter visto qualquer problema no livro. Ele acrescentou que:
na história, mas isso não tem problema nenhum, pois todos nós sabemos
que os deuses pagãos são demônios”. Isso que o frade fez é uma leitura
cordando entre si, pensa: “Isso aqui poderia muito bem ser os demônios”.
sempre tenho que entender aqueles deuses como demônios?”. Não, foi
não está, mas a literatura não é uma ciência exata. Há múltiplas com-
preensões possíveis. Isso quer dizer que posso entender o que quiser
possível? Não. Quantas existem? Não sei. Quem sabe? Ninguém sabe,
mas essa é a arte. Eu não posso pensar, por exemplo, que Camões está
um aluno meu ficou muito indignado com isso e disse que o crítico havia
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interpretado a obra erroneamente. Eu lhe perguntei: “Você realmente
acha que luta de classes é algo inexistente?”. Ele me respondeu: “Não, até
Pode até ser luta de classes, mas não é só isso. Há um aspecto psicológico,
obra literária, que não podem ser reduzidos a uma única coisa como, por
literária. Freud, por exemplo, quando usou o nome Édipo, de uma história
fez do que uma leitura alegórica da obra “Édipo Rei”, interpretando com
sua própria experiência clínica aquilo que estava escrito. No entanto, essa
própria obra “Édipo Rei”, que é uma tragédia supercomplexa e enseja uma
vasta reflexão e muita meditação. Freud também fez uma leitura moral
da narrativa, pois chegou à conclusão de que, por isso, não deve haver
repressão sexual. Isso nada mais é do que uma leitura moral. Freud leu
meditou mais do que aquilo ali. É como se você tivesse entendido que
“Netuno é o mar” e não tivesse mais saído dali. Desta forma, a litera-
dizer isso”. Isso não funciona assim, não é uma equação, não há sinal
de igual aqui. Um texto quer dizer isso, e mais isso, e mais aquilo.
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3.5. A IMPORTÂNCIA DA ARTE
Nós sabemos que, hoje, a nossa sociedade tem muito disto, de pegar um
pacote e acreditar que aquilo ali é uma visão totalitário, algo como “dois
mais dois é igual a quatro”. Eu sei que é uma pergunta complexa, mas,
no Brasil, qual seria a solução para mudar essa estrutura, essa briga de
classes?
porque a solução precisa ser artística, precisa ser cultural, não há como
fez piada com Sócrates, pois Sócrates não tinha poder nenhum para fazer
nada contra ele. Na peça “As Nuvens”, Aristófanes retrata Sócrates como
um sujeito que fica numa nuvem, olhando para cima, sem querer saber
fanes fez uma piada. Essa solução é muito melhor do que a dada pelos
solução cultural para aquela questão. Quem tinha razão? Eu não sei e
não interessa. Eu estou pegando um caso. É para isso que serve o estudo
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exemplos assim. Havia um problema chamado Sócrates. Platão acredita
fanes, muito criativo, fez uma comédia antiga muito elaborada. Os outros
por causa de Platão que continuamos sabendo quem foi Sócrates, e não
específico. Pode ser que, na época, tenha saído uma notícia de alguém
humorista que outro, mas estes sempre acabam saindo da arte e focando
soas. Digamos que falam do mar e não de Netuno. Não está falando da
A literatura não faz isso. A literatura não fala de pessoas em si, mas
que o deputado ou o presidente fez isso, isso e mais aquilo. Isso não é
lobo e o cordeiro? Justamente, não sei, pode ser qualquer um. Qualquer
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um que tenha um pouco mais de poder acaba por se corromper. Só que é
preciso falar da questão em si, mas não como um filósofo fala, abordando,
mas, como disse, o humor é direito, fala de pessoas específicas. Tem que
haver filmes falando das coisas invisíveis, que fale de Marte, de Netuno, do
valores correta, para que consigamos mover os afetos. Mas você pode
questionar o que está escrito: “Eu não acredito que Vasco da Gama fez isso.
Como ele pode conversar com o Cabo das Tormentas, com o Cabo da Boa
ler um pedaço.
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sempre fazer uma extração simbólica dos fatos e aí isso vai dar o caráter
Aluno: mas o que vai dar o caráter invisível e perene é essa extração sim-
a teologia afirma que não podemos dizer nada acerca de Deus. Deus
não ser por analogia com as criaturas, com as coisas que são possíveis.
dizemos que Deus é como um pai, pois este sustenta a casa e protege.
Nós também dizemos que Deus é bom, que Deus é amor. Sabemos o que
amor, consigo abstrair esse amor e pensar “Se eu que sou um ser limitado
consigo amar, imagina o quanto Deus, que é ilimitado, pode amar. Então,
gravidade não tem relação com o peso. Tudo isso que é invisível, todas
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ensinar aos outros a palavra “xícara”. Então, aponta para uma xícara e
diz “na minha língua, isso se chama xícara”. Todos repetem. Ele ensinou
essa palavra a todos. Agora, digamos que ele queira ensinar algo que não
criar uma palavra até mesmo para fome. Quando nascemos, as palavras
início, uma criança não sabe que está com fome, ela só chora. E demora
cerca de dois para aprender, de tanto os adultos lhe dizerem “faz tempo
que você comeu, você está indisposto, isso é fome”. A partir daí, a criança
até pode ser um analfabeto, um homem das cavernas. Como disse, quero
dar o exemplo do amor. Digamos que esse sujeito se apaixonou por uma
eu não sei, eu fui como que ferido”. Ele é um sujeito da caça, tem arco e
diz “Eu fui ferido, mas é uma flecha invisível. E eu acho que ela também
Eu fui como que ferido por uma flecha”. Os amigos lhe perguntam: “Mas
como você se feriu?” e ele responde: “Sei lá, deve ser um arqueiro invisível
nada. É por dentro esse ferimento”. Os amigos concordam com ele “Então
tem que ter um arqueiro invisível” e ele diz “É, é invisível, porque eu não vi
ninguém”.
romanos, por sua vez, já tinham uma palavra para se referir a essa mesma
divindade, que era Amor. A partir de uma história como esse, um outro
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homem consegue identificar o que está se passando dentro dele. Esse
outro diz “Eu também já fui ferido. Eu sei do que você está falando. Agora
conversa com uma moça e as enzimas começam a agir, mas com outra
sante. A discórdia, que tinha o nome de Éris, não foi convidada para um
festa e ficou muito braba por conta disso. Para se vingar, escreveu “para a
mais bela” em uma maçã de ouro, jogou-a no meio da festa e foi embora.
Cada uma das deusas ali presentes queria pegar a maçã para si.
Digamos que você queira explicar o que essa palavra significa para
uma criança e você diz a ela que discórdia é quando não concordamos
uns com os outros. Mas o que é concordar? Você pode usar um exemplo
prático para isso. Você pega um brinquedo e diz: “Esse brinquedo é para
o menino mais forte”. Todos vão querer ficar com o brinquedo. Aí você
E toda literatura é assim. Vasco da Gama não foi para a Ilha dos
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Amores com as ninfas, como Camões canta no Canto IX. Em “Os Lusíadas”,
Vênus tem que recompensá-los e vai lhes dar um grande presente. Para
isso, vai até o cupido, deus do Amor. Existem vários cupidos, não somente
um, porque a paixão é algo que acontece com muitos. Não é um deus
uma língua muito antiga. Naquela época, dizia-se consume. Isso permite
rimar com lume. Por isso, a edição moderna que usa “consome” é uma má
edição. Isso não vai atrapalhar muito a leitura, mas é feio. Logo notamos
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quando nada rima com nada. Na tempo de Camões, as palavras eram
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E vós, ó poderosos, por pastoras
também são meio desastrados então, às vezes, acertam pessoas que não
bem em quem.
redes”. Muitas vezes, vós Senhoras, vos apaixoneis por homens muito
feios. Vulcâneo era um deus muito feio. Para os gregos, chama-se Efesto.
onam por pessoas tão diferentes. Ele diz que a melhor explicação é que o
amor é como crianças jogando arco e flecha. Tem uma explicação melhor
amor carnal. Daí é mais opinião de Camões. E isso também é muito legal
nenhum.
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Depois de os portugueses sofrerem tantos trabalhos, Vênus lhes
prepara uma ilha. Camões faz toda a narração desta, que é um lugar par-
próprias ninfas inspiradoras das artes e igualmente suas musas. São essas
divindades invisíveis que fazem com que uns tenham boas ideias e outros,
não. Por que às vezes temos boas ideias e às vezes, não? Com certeza,
quando você teve uma boa ideia, veio uma ninfa e lhe soprou na orelha.
poeta acha tão incrível que às vezes estejamos animados e às vezes, não,
Vênus também pede à deusa Fama que parta e fale bem dos por-
tugueses para todas as ninfas. Ou seja, antes de tudo, a deusa Fama é que
faz os lados dos portugueses com as ninfas. Por isso, quando tomam a
a dar flechadas. Eles acertam até mesmo em Tétis, mãe de Aquiles, que
tentam passar por ali. Adamastor não permite que ninguém faça a volta
ilha e cada um fica com uma ninfa, todos muito felizes. Não há nada de
Vasco da Gama, coube justamente Tétis. Vejam só, Netuno, o mar inteiro
mete ao marido. Essa é a imagem, mas não só isso, que temos no seguinte
trecho:
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“[...]
[...]”
são essas ninfas. Tétis, que é a maior das ninfas, havia renegado Ada-
seja, de conseguir navegar por entre o Cabo das Tormentas, ainda acaba
mar, conseguem alcançar seu destino. Mas é preciso ser maior do que isso.
fazer isto, mas não de um jeito vulgar. Camões está falando de ninfas, não
Outro aspecto digno de menção. Vênus faz isso para que, a partir da
conquista do mar pelos portugueses, que Camões diz que é como se fosse
uma conquista amorosa, nasça uma outra raça, que é uma raça nunca
antes vista. Agora, não há mais mouros, negros, europeus, índios. Não, é
uma outra raça. Vênus vai inflamar amor, vai queimar de amor os corações
dos portugueses e das ninfas do mar, para que nasça uma outra raça. Esse
Américas, esteja cheio de Silvas e Almeidas. É uma raça que não é nem
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Poderíamos ficar o resto da vida falando sobre “Os Lusíadas”. Como
isso não é possível, espero que todo mundo passe o resto da vida lendo-o.
Pode ser que “Os Lusíadas” não seja o livro mais fantástico de toda liter-
isso na nossa língua. Quem fala espanhol não tem isso. O Cervantes, por
falando espanhol hoje, porque logo que morre Camões, Dom Sebastião
com Portugal, que fica sob domínio espanhol durante muito tempo. No
que nós conseguíssemos permanecer até hoje. Nós, eu digo os lusos. Nós
todos que somos lusíadas, não há como negar, ninguém pode mudar esse
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4. BIBLIOGRAFIA
BÍBLIA. Gênesis.
HESÍODO. Teogonia
HOMERO. Ilíada
HOMERO. Odisseia
OVÍDIO. As Metamorfoses
VERGÍLIO. Eneida
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