Você está na página 1de 4

Curso de Direito

Direito Processual Civil III 2020.2


Unidade 2
Entrega: 26/04/2021.
Nome completo do aluno: Cíntia Mariele Freire Beserra

1. Diferencie fraude contra credores de fraude à execução.

A fraude contra credores tem o objetivo de prejudicar o credor e fazer com que
ele perca a garantia geral que deveria ser encontrada nos bens do devedor. Sua
exigência é agir com má-fé e pretender causar danos aos credores. Não se exige a
intenção deliberada de causar prejuízo, mas sabe que o dano já está sendo causado. A
fraude contra credores é caracterizada em dois casos: o devedor, em estado de
insolvência, aliena bens ou cancela dívidas ou torna-se insolvente.
A declaração da fraude contra credor é feita por meio da ação Pauliana ou da
ação revocatória, e seu efeito é declarar a nulidade da fraude. Observe que este é o
motivo da anulabilidade do ato, não de nulidade. A anulação que ocorre através da ação
pauliana tem por efeito a reintegração do patrimônio do devedor ou a anulação da
garantia especial concedida, de forma a restabelecer o seu caráter de garantia genérica.
Ao contrário da fraude contra credores, a fraude à execução é realizada durante
o processo de condenação ou execução. Nenhuma ação é necessária para anular a
execução enganosa. O negócio jurídico executado de forma fraudulenta tem pleno efeito
entre o alienante e o adquirente, o que difere da fraude contra o credor, mas não pode
ser oposto contra o exequente.
A diferença básica entre a fraude de execução e a fraude contra credores é:
fraude contra credores pressupõe um devedor em estado de insolvência, acontece antes
do ingresso em juízo pelo credor para cobrar seus créditos e gera anulação do ato de
disposição praticado pelo devedor. Já a fraude de execução não depende,
necessariamente, do estado de insolvência do devedor e acontece no curso de ação
judicial contra o alienante, gerando ineficácia da alienação. Antes da citação, não há
possibilidade de configuração da fraude à execução, diferentemente da fraude contra
credores.

2. Diferencie título executivo judicial de título executivo extrajudicial,


exemplificando-os nos termos do Código de Processo Civil.
Título executivo judicial é extraído da sentença condenatória formada pelo juiz
no processo de conhecimento ou outro título judicial a ela equiparado transitada em
julgado. Aqui, o autor vai requerer o cumprimento de sentença e ato de defesa do réu se
chama impugnação. O art. 515 do CPC vai trazer quais são os títulos executivos
judiciais:
 Decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de
obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
 Decisão homologatória de autocomposição judicial;
 Decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer
natureza;
 O formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao
inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;
 O crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou
honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial;
 A sentença penal condenatória transitada em julgado;
 A sentença arbitral;
 A sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
 A decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à
carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;
O título executivo extrajudicial é formado fora da tutela do Estado por vontade
das partes envolvidas em relação jurídica de direito material. São revestidos de liquidez,
certeza e exigibilidade. Cabe ação executória, um processo autônomo e a defesa do réu
se dá por embargo à execução. O art. 784 do CPC traz o rol de títulos executivos
extrajudiciais:
 A letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o
cheque;
 A escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
 O documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas)
testemunhas;
 O instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela
Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou
por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;
 O contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real
de garantia e aquele garantido por caução;
 O contrato de seguro de vida em caso de morte;
 O crédito decorrente de foro e laudêmio;
 O crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de
imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de
condomínio;
 A certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na
forma da lei;
 O crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de
condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em
assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas;
 A certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a
valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados,
fixados nas tabelas estabelecidas em lei;
 Todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir
força executiva.

3. Caio, menor com doze anos de idade, está sem receber a pensão
alimentícia de seu pai, Carlos, há cinco anos, apesar de decisão judicial
transitada em julgado. Jorge, representado por sua mãe, Fátima, promove
ação de execução de alimentos, no valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil
reais), pelos alimentos pretéritos, devidamente corrigidos. Para pagamento
da dívida, fora determinada penhora do imóvel em que Carlos e Carmem,
sua atual companheira, residem. O imóvel, avaliado em R$ 300.000,00
(trezentos mil reais), é o único do casal e foi adquirido onerosamente por
ambos após a constituição de união estável. Considerando que a penhora
recaiu apenas sobre a parte que cabe a Carlos, responda
fundamentadamente: Há fundamento para penhora do bem descrito?
Em geral, o bem de família não pode ser penhorado, conforme art. 1º da Lei nº
8.009/90:
Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é
impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial,
fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos
pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas
hipóteses previstas nesta lei.

No entanto, a execução de alimentos é uma das exceções a essa regra,


conforme art. 3º dessa mesma lei.
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução
civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o
bem, do seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou
conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida;

Assim, embora seja bem de família, é sim fundamentada a hipótese de penhora


do bem no caso em questão, tendo em vista que se trata de execução de alimentos, pois
deve-se ter uma proteção maior aos interesses dos filhos.

4. José figura como executado em ação movida por Henrique. Devidamente


citado para o pagamento da quantia obrigacional, o demandado deixa de
proceder com o pagamento no prazo legal, motivo pelo qual o Oficial de
Justiça procedeu à penhora e à avaliação de bens, lavrou o respectivo auto e
intimou o executado de tais atos, nos exatos termos da lei. A penhora recaiu
sobre uma vaga de garagem que possuía matrícula própria no Registro de
Imóveis e que fora indicada pelo credor na inicial da ação de execução.
José opôs embargos do devedor, dentro do prazo legal, por meio do qual
arguiu que o objeto da penhora constituía bem de família, estando
insuscetível ao ato constritivo. Considerando a situação apresentada,
responda, fundamentadamente: o embargante está correto nas suas razões?
Em princípio o direito de usar e fruir da garagem do apartamento é acessório
do direito de propriedade da unidade habitacional. Assim, se o apartamento não pode
ser penhorado, a garagem também não o pode porque é acessória daquele. No entanto,
se a garagem possui matrícula própria, então, pode ser penhorado pois a garantia da Lei
nº 8.009/90 a ela não se estende. De acordo, também, com a Súmula 449 do STJ: “A
vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem
de família para efeito de penhora. ”
Desse modo, o embargante não está correto, tendo em vista que há a
possibilidade da penhora de vaga de garagem, pois a garagem no caso em questão tem
com matrícula própria no Registro de Imóveis, não fazendo parte da unidade
habitacional e não integra a noção de pertença, deste modo não pode ser considerado
bem de família.

Você também pode gostar