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O QUE FOI A GUERRA FRIA?

Tanto os Estados Unidos quanto a URSS saíram vitoriosos da Segunda Guerra Mundial,


tendo lutado juntos no lado dos Aliados. Entretanto, após o fim da II Guerra e de seus
inimigos em comum – o fascismo e o nazismo – terem sido derrotados, iniciou-se uma
disputa pelo poder entre as duas superpotências mundiais.
O mundo se tornara bipolar, ou seja, com dois grandes pólos de poder: um de
ideologia socialista (URSS) e o outro, capitalista (EUA), formando dois grandes blocos.
O restante dos países do globo viu-se “obrigado” a escolher um dos lados para se aliar e
obter proteção. Assim, ambos buscavam aumentar sua área de influência, tanto por
meios materiais – através da economia e do poder bélico – quanto por suas distintas
ideologias.
Procurando se afirmar como maior potência global, ambos iniciaram uma corrida
armamentista: eles tentavam sempre superar o poder bélico de seu oponente e avançar
em criações tecnológicas voltadas à guerra. A corrida armamentista tornou-se também
nuclear: os Estados Unidos possuíam a tecnologia desde 1945, e a URSS realizou seus
primeiros testes em 1949.
Outro meio em que a disputa ocorreu de modo muito claro foi no espaço: a conhecida
corrida espacial. Os soviéticos contaram com algumas vitórias iniciais: lançaram o
primeiro satélite artificial (1957), o primeiro foguete tripulado com um ser vivo (1960)
e mesmo o primeiro voo espacial tripulado por um humano (1961). Entretanto, a
chegada do homem à lua, realizada pelos Estados Unidos em 1969, foi o ápice dessa
corrida.
Um dos maiores símbolos da Guerra Fria foi o muro de Berlim. Após a derrota
na Segunda Guerra Mundial, a Alemanha foi dividida entre quatro vencedores: França,
Inglaterra, Estados Unidos e URSS. Os países capitalistas fizeram uma nova aliança e
estabeleceram seu domínio sobre a Alemanha Ocidental. A URSS não aderiu à aliança e
passou a ter influência direta sobre a Alemanha Oriental. Em 1961, foi erguido um muro
separando as duas partes da cidade em capitalista e socialista: o muro de Berlim, que
somente seria desmantelado ao final do conflito.

Apesar do nome “Guerra Fria” e das superpotências não terem entrado em conflito
direto em nenhum momento, houve conflitos na periferia do sistema que contaram com
a influência dos EUA e da URSS. A Guerra da Coreia, do Vietnã e do Afeganistão são
alguns dos exemplos mais conhecidos, que serão novamente abordados ao longo deste
conteúdo.
Estes conflitos significavam uma forma de guerra indireta entre Estados Unidos e União
Soviética, de demonstrar seu poder e buscar aumentar sua influência nessas regiões. O
componente ideológico também estava presente nesses confrontos: eram batalhas em
que comunismo/socialismo e capitalismo se enfrentavam. 

QUEM OU O QUE ORIGINOU A GUERRA


FRIA?
Conforme Joseph S. Nye Jr., cientista político norte-americano, há três principais linhas
de pensamento entre acadêmicos e políticos: os tradicionalistas, os revisionistas e os
pós-revisionistas. Vamos entender melhor as diferentes opiniões sobre quem ou o quê
causou a Guerra Fria?
Tradicionalistas
Para os tradicionalistas, foi a URSS que começou a Guerra Fria. No pós-II Guerra, os
Estados Unidos estariam se utilizando de uma diplomacia defensiva, enquanto os
soviéticos tinham um comportamento mais agressivo e expansionista.
Enquanto os EUA desmobilizaram suas tropas no pós-II Guerra, a URSS deixou seus
exércitos no leste europeu. A URSS também só teria retirado suas tropas do Irã após
forte pressão internacional, e bloqueou Berlim em 1948 e 1949, tentando expulsar os
governos ocidentais.
Em 1950, os exércitos norte-coreanos, que compartilhavam da ideologia socialista,
atravessaram a fronteira com a Coreia do Sul. Os tradicionalistas afirmam que esses
fatos fizeram com que os Estados Unidos começasse a revisar sua política defensiva,
iniciando o conflito.
Revisionistas
Já os revisionistas acreditam que o combate foi iniciado pelo expansionismo norte-
americano – e não soviético. Eles apontam que, ao final da II Guerra, o mundo não era
exatamente bipolar, visto que os Estados Unidos detinham muito mais poder bélico,
bem como armas nucleares.
Eles afirmam que a política externa inicial de Stálin no pós-guerra foi bem moderada,
permitindo que existissem governos não socialistas na Hungria, Tchecoslováquia e
Finlândia, por exemplo.
Para estes pesquisadores, os Estados Unidos que teriam iniciado os movimentos
expansionistas, seja pela postura mais dura de Truman, que assume a presidência em
1945 e possui um comportamento mais claramente anticomunista, seja pela necessidade
da economia norte-americana em expandir o capitalismo para o maior número possível
de territórios.  
Pós-revisionistas
Estes pesquisadores sustentam que a Guerra Fria seria inevitável, ou extremamente
provável, graças à estrutura bipolar em que o sistema internacional se encontrava. Após
a II Guerra, restaram somente duas superpotências: fato que, aliado à fraqueza da maior
parte das antigas potências europeias, teria tornado o conflito algo inevitável.
Seria assim natural que ambos buscassem se expandir, visando sua própria segurança. A
dominação total do outro sobre a Europa, por exemplo, significaria perigo à sua
existência, principalmente porque ambos tentavam ampliar seu próprio modelo
econômico e ideologia, irreconciliáveis.
QUAIS ERAM OS OBJETIVOS DOS EUA
E DA URSS NA GUERRA FRIA?
A União Soviética tinha, em geral, objetivos mais tangíveis, como o território, enquanto
os Estados Unidos tinham objetivos mais intangíveis, buscando estabelecer os rumos
gerais da política internacional.
Assim, a URSS foi expansionista durante a Guerra Fria, aumentando seu poder de
influência e os territórios sob seu domínio, utilizando-se, para legitimar sua expansão,
de um discurso ideológico: a libertação das classes trabalhadoras em todo o mundo. Um
outro motivo para o expansionismo soviético foi aumentar sua própria segurança frente
aos Estados Unidos. Quanto maior fosse o território e a esfera de influência da União
Soviética, mais difícil seria que um ataque dos EUA fosse bem-sucedido.
Os Estados Unidos enfrentaram constantemente dois dilemas durante a Guerra Fria, em
relação aos seus objetivos. O primeiro dilema foi decidir se combatiam o expansionismo
soviético ou a expansão do comunismo. Em alguns casos, foi necessário tomar uma
decisão entre um e outro. Um exemplo pode ser encontrado no rompimento da
Iugoslávia, comunista, com a URSS. Nesse caso, os EUA decidiram auxiliar um
governo comunista e autoritário, para evitar a expansão soviética. Outro dilema que o
país enfrentou foi se deveria buscar prevenir toda e qualquer expansão do poder
soviético ou apenas intervir nas áreas que fossem cruciais para o equilíbrio de poder. A
intervenção na Guerra do Vietnã, por exemplo, seria posteriormente considerada por
muitos um erro de cálculo.     

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