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Bobbio (1992):
- A condição de cidadania está ligada às três dimensões dos direitos fundamentais: Direitos
Civis; Direitos Políticos e Direitos Sociais.
Direitos Civis: referem-se ao âmbito individual. São direitos necessários à liberdade
individual – liberdade de ir e vir, liberdade de imprensa, pensamento e fé, o direito à
propriedade e de concluir contratos válidos e o direito à justiça. Instituições relacionadas a
ele: tribunais de justiça.
Direitos Políticos: Direito de participar no exercício do poder político, como um
membro de um organismo investido da autoridade política ou como um eleitor dos membros
de tal organismo. Instituições relacionadas: Parlamento e conselhos do governo local.
Direitos Sociais: Tudo o que vai desde o direito a um mínimo de bem-estar econômico
e segurança ao direito de participar, por completo, na herança social e levar a vida de um ser
civilizado de acordo com os padrões que prevalecem na sociedade. Instituições relacionadas:
Sistema educacional e serviços sociais.
- Para Marshal, não apenas é uma divisão elementar, mas uma sequência lógica. Carvalho
(2010) aponta, entretanto, que tal defesa não compete à realidade de uma série de países, uma
vez que "pode haver também desvios e retrocessos, não previstos por Marshall". Assim, a
cidadania não admite caráter evolucionista. Ambos acreditam que é razoável supor que
caminhos diferentes afetem o produto final, afetem o tipo de cidadão e, portanto, de
democracia, que se gera.
- A cidadania é o limite do "habitus primário" para cima, ou seja, a garantia mínima “das
precondições sociais, econômicas e políticas do sujeito útil, “digno” e cidadão".
- O indivíduo que não goze de tais formas de reconhecimento social, de tais hábitos, seria um
subcidadão.
Subcidadania: para Jessé Souza (2003), é a condição do indivíduo subjugado pela
dinâmica específica da ideologia espontânea do capitalismo, a partir de suas instituições
fundamentais: mercado competitivo e Estado racional centralizado.
Perspectiva marxista:
- Não há cidadania. Se a lei diz que ‘todos os homens são iguais perante a lei’, a realidade diz:
‘os seres humanos são desiguais perante a sociedade’, devido à divisão social do trabalho”.
Não há possibilidade de cidadania senão sob o ato declaratório dos direitos pelo Estado, que
guarda interesses de classe. Se o Estado os nega, não há cidadania, pois o cidadão só o é
perante este.
- A cidadania poderia ser alcançada apenas com a superação do capitalismo. Sem a revolução,
não há possibilidade de cidadania.
RESUMO:
"Se para Marshall (1967) a cidadania é garantida por um status, Carvalho (2010) a coloca
como um processo historicamente localizado. Independentemente disso, Viana (2003)
acrescenta que este mesmo status é fornecido ou negado segundo os interesses de acumulação
do capital, por meio do Estado. Para Souza (2003), tal condição pode ser designada – ainda
que problematicamente – por outro conceito: a subcidadania.
Cortina (2001):
- Assim, “reconhecimento da sociedade por seus membros e consequente adesão por parte
destes aos projetos comuns são duas faces da mesma moeda que, ao menos como pretensão,
compõem esse conceito de cidadania que constitui a razão de ser da civilidade” (CORTINA,
2001, p. 21).
O COMUNICACIONAL NA CIDADANIA
- Nos termos da definição adotada, não é possível a cidadania sem o ambiente democratizado
das trocas simbólicas criadoras, afirmadoras e processuais (no sentido sociológico do termo)
dos direitos.
RESUMO:
A partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos, podemos deduzir algumas noções
que vinculam, de forma direta, a comunicação à cidadania.
CONCLUSÃO:
- "Assim, por exemplo, no âmbito dos diretos civis, o direito de ir e vir coloca-se pela
liberdade da movimentação como sendo condição comunicacional da corporeidade humana.
De forma semelhante, nos direitos políticos, garante-se o voto como ato comunicacional por
excelência, no episódio da tomada pública de decisão direcionada às definições de gestão da
democracia, o que transforma o eleitor num agente comunicacional ativo e deliberativo".
Direitos sociais: Braile, Língua Brasileira de Sinais (Libras) são interfaces comunicacionais
orientadas para o amplo exercício da cidadania.
RESULTADO:
Cidadania como meio: a cidadania pode ser vista como argumento, mecanismo ou
instrumento da comunicação para se conseguir direitos em uma determinada
sociedade.
Cidadania do direito à informação e do consumo: todo cidadão tem direito ao acesso
às informações sobre suas condicionantes civis, políticas e sociais, seja por meio de
jornais, internet e meios comunitários.
Cidadania da liberdade de expressão: a participação em termos da opinião pública é
um direito especificamente comunicacional, ainda que de ordem instrumental.
Cidadania como direito de expressão de direitos: assim como a cidadania não
prescinde da comunicação para acontecer, a cidadania comunicacional é o direito
básico que permite a elaboração comunitária dos termos de sua própria justiça.
Subcidadania comunicacional: trata-se da condição do subcidadão, ou seja, aquele que
é silenciado no processo comunicacional, ou seja, é inserido como falado,
referenciado, e não como falante.
Cidadania como incomunicabilidade: a radicalidade da negação da cidadania. Se
existe um subcidadão, também é possível existir o sujeito que não tem fala e não é
falado, mas subjugado às condições de silenciamento, e, portanto, de submissão.
OBJETIVO: Aqui, a tentativa é de demonstrar que há outros pressupostos para que uma
comunicação seja efetiva, entre eles, a condição ética e o propósito da mudança.
- OU SEJA, a comunicação requer, mais do que simples troca de informações, uma troca de
esforços com vista à partilha de propósitos e dos resultados decorrentes.
- "Não há comunicação sem informação, mas a comunicação pressupõe algo mais que a
simples transmissão e recepção de informação".
- Esse contexto (no qual se dá o êxito comunicacional), por sua vez, se estabelece em dois
distintos momentos: o primeiro, no cotejo simétrico e transparente das proposições dos
interlocutores; o segundo, na coletivização dos propósitos, ou seja, quando o interlocutor, ou
uma pluralidade deles, vislumbra a mobilização de auditórios com vistas a causas e
mobilizações de interesse coletivo. O final desse percurso é uma desejada mudança, senão da
realidade concreta, pelo menos no plano utópico.
- Retirar do auditório essa condição passiva de ou ser persuadido ou ser convencido, situação
típica do contexto da “comunicação de massa”, até mesmo porque, depois das redes sociais,
não haveria mais massa e sim, de fato, público. Já não é mais apenas o público que somente
responde a estímulos ou sondagens, mas um público que participa da produção de sentido e,
por vezes, de forma intersubjetiva e interdependente (inclusive do orador original).
Durante a Idade Média, entretanto, não é possível a identificação de uma esfera privada –
como o lugar do exercício de um domínio individual privado – a partir da qual se possa
ascender à outra esfera de existência pública. Assim sendo, não é possível se falar de
cidadania, do exercício autônomo de uma liberdade individual.
Formação de uma "esfera pública burguesa" à partir do século XVII, na qual eram caros os
valores de:
1. "Sociabilidade" e a "polidez da igualdade", em oposição ao "cerimonial das
hierarquias" aristocráticas;
2. Discussão e problematização de temas “universais”até então restritos ao âmbito do
Estado e da Igreja;
3. “Não - fechamento do público”: a acessibilidade à esfera da apropriação e da
discussão dos bens culturais produzidos para o mercado a todos os que alcançassem um certo
nível de formação acadêmica.
Ascenção do Estado de Direito:
SÉC. XX
Com a internet, tem-se uma mudança qualitativa na relação dos indivíduos com as instituições
de comunicação, entre si e com a sociedade.
Fóruns, blogs, espaço dos leitores e outros mecanismos discursivos reacenderam a expressão
da singularidade, a formação de comunidades de pares, que podem não ter uma
territorialidade física, que cortam transversalmente camadas sociais, critérios de gênero, idade
e etnia, que se transformam, ampliam ou diminuem numa dinâmica imprevisível.
ANOS 90:
- Contexto anterior: ditadura, caos econômico e processo de impeachment presidencial.
- Após esse momento caótico, chegou o tempo em que os principais temas das agendas de
esquerda, finalmente, alcançavam a esfera pública e deixavam as pautas de reivindicação para
integrar os planos de governo e as políticas públicas.
- Duarte (2007): Na sua visão, subsiste o “descrédito e a apatia” por parte do cidadão que
“não considera os governos como algo relacionado à sua vida e torna-se bastante cético em
relação à política e à capacidade dos dirigentes públicos de alcançar o interesse coletivo.”
(2007, p. 124.)
- O “descrédito” e a “apatia” citados por Duarte não são fenômenos brasileiros, pois o
esvaziamento da esfera política e a crise da democracia representativa é um dos temas mais
explorado pela ciência política contemporânea.
- Thompson (1998) defende que o uso dos meios de comunicação implica na criação de novas
formas de ação e de interação no mundo social, novos tipos de relações sociais e novas
maneiras de relacionamento do indivíduo com os outros e consigo mesmo.
- Na América Latina, a concepção de CP, como se pode ler nos textos de Juan Camillo
Jaramillo (2015), está embasada no entendimento de que a comunicação é um bem público,
assim como a informação, e que é preciso deslocar a apropriação destes dois bens públicos
pelo interesse individual. Para isso, recorrem às técnicas de mobilização que já vinham sendo
pensadas e colocadas em prática por Bernardo Toro (2001) na área de educação.
- Comunicação pública é um conceito um tanto vasto; [...] O essencial, aí, é compreender que
o que norteia a comunicação pública é o direito constitucional à informação, de que todo
cidadão é titular.
- Não é difícil concluir que o que os governos (federal, estaduais, municipais, todos eles) vêm
chamando de comunicação pública é, na verdade, uma modalidade de comunicação comercial
e privada. A legítima comunicação pública é norteada pelo direito à informação e promoção
da cidadania.
- Considerando a modernidade como uma das fases deste desenvolvimento [da humanidade],
a “descoberta” e utilização dos meios de comunicação mediados por técnicas e tecnologias
que ampliam seu alcance, ao mesmo tempo potencializam e interferem nos processos
comunicativos mudando sua dinâmica e suas consequências.
- Agora recepção dos conteúdos = atribuição de sentidos (internet); onde o receptor não é
mais vítima das emissões com fins manipuladores, sendo possível interpretar os conteúdos
comunicacionais conforme as experiências pessoais e o contexto social.
- OBJETIVO: a meta proposta neste texto é refletir sobre aspectos e possibilidades que
contribuam para uma compreensão dinâmica sobre a relação entre comunicação e cidadania.
- A cidadania institui uma relação de direitos e, ainda que certas diferenças hierárquicas
permaneçam, como as desigualdades entre as classes sociais, raça e gênero, a cidadania
significava que, apesar disso, os cidadãos compartilhavam os mesmos direitos e deveres.
- O problema é que nem todos aqueles que vivem nas cidade usufruem igualmente do direito
“à cidade” (ou aos benefícios que surgem a partir da vida urbana), entendido como uma vida
decente e com acesso a tudo aquilo que a vida na urbe proporciona, incluindo o direito à
liberdade de ir e vir, de manifestar opiniões, de poder trabalhar, estudar, morar de forma digna
e de ter acesso e manifestar a sua cultura. Além disso, o direito à participação política e o
direito à informação. Para isso, não adianta simplesmente esses direitos existirem, mas há de
se ter a possibilidade de exercê-los.
- Entendendo essas desigualdades, foram criados termos para designar diferentes graus e tipos
de acesso à cidadania, como hipercidadãos, subcidadãos, cidadania regulada, cidadãos em
negativo, estadania.
- "Pertencer a uma cidade, a um estado ou a uma nação não é apenas uma condição legal, mas
principalmente o compartilhamento de experiências e de vivência dos lugares". Andrade
(2013, s/p)
>> Uma vez que a cidade é o espaço de compartilhamento de experiências, de
exercício da cidadania, torna-se também um espaço voltado para a comunicação <<
De fato, a própria noção de cidadania pressupõe o debate entre iguais – a livre comunicação
entre os cidadãos. Não por acaso, uma das condições que acompanham ou que se desenvolve
em paralelo ao conceito de cidadania é a noção de liberdade de manifestação do pensamento e
a liberdade de imprensa.
- Como elemento social, ela [a mídia] está sempre inserida em um contexto de ordem sócio-
histórica e cultural, e, embora capitaneada pelos interesses do grande capital, tem a
necessidade de manter a sintonia com o seu público, elemento do qual é dependente para a sua
própria sobrevivência.
- Para Rublescki (2013, p. 113), “um campo social consiste numa estrutura de relações, em
um espaço socialmente estruturado".
- As múltiplas variáveis que interferem nos processos comunicativos fazem com que não
exista uma constante do poder formador da mídia, ou mesmo dos seus agendamentos.
- Duas teorias reducionistas falhas: “A agenda existe como função, mas não isolada, à
maneira de um instrumento à parte do sujeito” (SODRÉ, 2002, p. 57). Além disso, se
pensarmos a mídia como um espelho, também temos que considerar a sociedade nela se
espelhando, como um conjunto de infinitos espelhos direcionados um para o outro, cujas
imagens se “espelham” ad infinitum.
- "Há uma impossibilidade prática de respostas matemáticas que perturba tanto a emissores
como a controladores que tateiam em busca de respostas ou receitas objetivas. Em função
disso, a mídia trabalha com experimentações e, em muitos casos, deixa de lado pontos básicos
que a vida social (os indivíduos) não pode ignorar.
- Em um mundo marcado pela imagem transmitida ao vivo, a mídia faz uma interpretação
cênica da realidade, construindo inflexões, agendas e posicionamentos políticos que, em
alguns casos, têm pouco em comum com o que é representado.
- No entanto, ao ser retratado apenas como provedor dos serviços necessários ao cidadão (e
não como espaço para o debate e a delimitação do próprio conceito de cidadania) o
receptor/consumidor perde de vista a função estratégica do Estado e se desinteressa pelo seu
funcionamento.
- Neste modelo, o cidadão comum ou todos os cidadãos que não exercem cargos de poder
ficam excluídos das grandes decisões que, como em tempos passados, estão restritas aos
gabinetes.
- A relação entre mídia e cidadania deve ser compreendida a partir da leitura crítica da mídia,
e por extensão, uma leitura crítica da realidade social na qual o processo comunicativo e as
relações de cidadania se desenvolvem.
>> A comunicação afeta emissores e receptores: afeta os emissores que refazem a cada
elaboração (escrita e reescrita) dos conteúdos, os reelaboram racionalmente, ampliando a sua
compreensão; e afeta os receptores porque ao terem acesso à novas informações, reelaboram
os processos de escolha e de compreensão do mundo.
>> A leitura crítica da mídia parte de um princípio inverso da teoria hipodérmica ou bala
mágica, que entende que os indivíduos expostos aos meios de comunicação reagem de forma
automática e inevitável aos conteúdos destes meios3: a leitura crítica da mídia entende que os
indivíduos apreendem os conteúdos, mas vão além dos seus significados imediatos, não se
limitando ao ato de decodificar a mensagem.
- Desta forma, ainda que a mídia não seja a única responsável pela construção da cidadania,
ela estabelece uma relação de “diálogo social” que permanentemente gera novas formas de
entender, explicar, ressignificar essa cidadania, visto que é ela um conceito inacabado,
complexo e em constante formação, inclusive mudando de pessoa para pessoa, de lugar para
lugar, de cultura para cultura e assim sucessivamente.
- A mídia também “dialoga” com estes receptores (ou reage a eles) se apropriando de
conceitos que são simpáticos ao seu público, ou que tem uma aceitação fácil no sentido de
venda de uma ideia e de participação no processo.
- Tuzzo (2014, p. 166) afirma que “a mídia como reorganizadora de sentidos passa a
desempenhar um papel importante na construção daquilo que é ser cidadão.
- O QUE É CIDADANIA?
- Temer, Tondato e Tuzzo (2012, p. 52-53): "Aliás, o acesso dos diferentes grupos sociais,
inclusive as minorias, aos meios de comunicação midiatizados, modifica a própria percepção
do que é cidadania, abrindo espaço para reelaborações do seu conceito. A compreensão do
que é cidadania deixa de se basear apenas nas abordagens clássicas, e passa a ser definida
também na perspectiva do acesso ao consumo e ao grande volume de informações."
RESUMÃO:
- "Tanto a comunicação quanto a cidadania são elementos dinâmicos, que não podem ser
traduzidos – ou pelo menos traduzidos com plena exatidão – por meio de frases-conceitos
fechados".
- As autoras defendem o uso da polifonia metodológica para o estudo das relações entre
comunicação e cidadania, que fornecerá uma visão mais ampla das dinâmicas, sempre
considerando questões relativas ao contexto em estudo, as dinâmicas sociais e aspectos
humanos envolvidos (educação, ética, ideologia, relações de poder e normatizações que
orientam as relações sociais).
- Este espaço, apesar de ainda não estar disponível para boa parte dos indivíduos, já figura
como uma possibilidade real de trazer a comunicação pública ideal para perto da sociedade e
começa a apresentar alguns exemplos de discussões e ações concretas.
- Como ressalta Jorge Duarte (2009), a comunicação pública demanda alguns aspectos para
sua consecução:
1. dar prioridade ao interesse público em detrimento de interesses individuais ou
coorporativos;
2. colocar o cidadão como central no processo;
3. ir além do que tão somente prover informações;
4. adaptar as ferramentas de acordo com os públicos;
5. admitir a complexidade da comunicação.
- É fundamental que seja estabelecido um diálogo amplo e irrestrito, a fim de garantir uma
comunicação efetiva, na qual há de fato interlocução. (DIÁLOGO COM ARGUMENTOS DE
Silva, Luiz M. da sobre ética na comunicação).
- O problema ocorre quando, assim como acontece no Brasil, a informação ainda é pouco
acessível a grande parte da população, sobretudo aquela que mais necessita
Razões (DUARTE, 2009): 1. falta de recursos para o acesso; 2. o déficit educacional
entre as camadas populacionais menos favorecidas pressupõe uma maior dificuldade de
compreender o significado de tudo aquilo que precisam conhecer para ajudar na construção de
seus processos de cidadania.
- O autor delega à mídia tradicional, pré-internet, a "espiral do silêncio: não havia espaço
para manifestação de opinições alternativas, a “voz” dominante era sempre a dos meios de
comunicação.
- Dênis de Moraes (2008) apresenta a internet como uma possibilidade de produção e difusão
fora dos moldes da mídia tradicional.
- A internet foi concebida, com fins militares, para a transmissão de informações, durante o o
período da Guerra Fria. Arpanet: 1969
- No decorrer da década foram surgindo evoluções, como o surgimento dos browsers, dos
primeiros servidores brasileiros, de diversos provedores e de milhares de sites, o que
propiciou a popularização
massiva da web.
>> Em relação aos modos de interação com o meio por parte dos indivíduos, a internet trouxe
importantes contribuições, principalmente pela pluralidade de canais de informação
disponíveis.7
>> Logo, como o acesso à informação é condição básica tanto para a construção da cidadania
quanto para a efetivação de uma comunicação pública, a internet talvez seja o meio de
comunicação que mais contribua nesses processos em relação à forma de uso. Isso sem contar
que os próprios usuários podem postar informações e opiniões.
- Castells (2004) chega a dizer que a internet é o tecido da vida dos cidadãos.
- Vilches (2003), defende que a sociedade estaria emigrando para uma nova economia criada
pelas tecnologias do conhecimento. Seria um movimento contínuo de produtores e
consumidores, o que geraria a ocupação de novos espaços sociais diversificados.
- Segundo Castells (2004) a internet teria permitido que, pela primeira vez, a comunicação
fosse feita de muitos para muitos.
- Surgem então comunidades virtuais, que lançam mão de novos padrões de interação social,
onde já não há mais o limitador geográfico.
>> É importante ressaltar o fato de que os dispositivos e o acesso a serviços de internet ainda
não são universais e uma grande parcela dos indivíduos ainda estão à margem dessas
tecnologias.
- Contra-agendamento.
- Marshall (1967) define cidadania elencando três dimensões, relativas aos direitos civis,
políticos e sociais [...]. Contudo, atualmente, novos aspectos imprescindíveis à construção da
cidadania passam a ser percebidos.
- A definição de Hanna Arendt (1979), que determina a cidadania como o direito de ter
direitos, já apresenta uma maior amplitude, pois além das três primeiras dimensões de direitos
apresentadas por Marshall já prevê
quaisquer outros direitos que o cidadão venha a ter.
- Arendt coloca que a percepção da necessidade de buscar a cidadania só foi percebida a partir
do momento que diversos grupos foram alijados do processo.
- Conforme José Murilo de Carvalho, talvez não exista uma cidadania plena. Uma cidadania
plena, que combine liberdade, participação e igualdade para todos, é um ideal desenvolvido
no Ocidente e talvez inatingível.
Mas ele tem servido de parâmetro para o julgamento da qualidade da cidadania em cada país e
em cada momento histórico. (CARVALHO, 2002. p. 9)
- Desse modo, o surgimento da internet veio contribuir de forma significativa para a
construção da cidadania, pois algumas características desse meio apontadas por Maria Ercília
(2000), como a velocidade e a escala das trocas de informação, a uniformidade dos textos e a
redução de custos, fizeram com que uma quantidade enorme de conteúdos nos mais diversos
formatos, como livros, revistas, jornais, canais de rádio, músicas, filmes, entre outros,
ficassem acessíveis a um grande número de pessoas, número esse que vem crescendo de
acordo com o ingresso de novos cidadãos na rede mundial de computadores.
>> É necessário ressaltar, contudo, que só o acesso a informação não garante cidadania.
- Entretanto, conforme coloca German (2000), as camadas sociais que não têm condições
financeiras necessárias à compra de equipamentos e ao pagamento para o uso da rede ficam
alijadas do progresso econômico e social. Por conta disso, a desigualdade entre países
desenvolvidos e subdesenvolvidos estaria aumentando.
- Todos aqueles que o possuem podem recorrer aos mesmos conteúdos e utilizá-los da mesma
forma.
- Negroponte (2003) compara que cada pessoa, com a internet, funciona como se fosse uma
rede de TV não autorizada
- A internet se tornou um meio que alterou a forma com que as pessoas lidam com as mídias
de massa.
- Ao perceber o poder que a mobilização por meio da internet proporciona, o cidadão pode
passar a reivindicar os elementos que considerarem importantes em busca da construção de
sua cidadania.