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PAI DO WILLIAN

Estudo Bíblico para o culto de doutrina. Tema: AS BODAS


DO CORDEIRO

As bodas do cordeiro
Apocalipse 19: 5-9

“Alegremo-nos e exultemos e demos-lhe glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro,


cuja esposa a si mesma já se ataviou.” Ap 19: 7

Em Apocalipse 19:7, encontramos a seguinte declaração: “São chegadas as bodas do


Cordeiro”. E no versículo 9, nos deparamos com a seguinte afirmação: “Bem-aventurados
aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro.”

Estudaremos hoje dois textos bíblicos que abordam, sob perspectivas diferentes, uma grande
festa de casamento. Analisaremos, primeiramente, a passagem escatológica presente no livro
de Apocalipse; depois, estudaremos uma das parábolas de Jesus.

I – “SÃO CHEGADAS AS BODAS DO CORDEIRO”, Ap 19: 6-9

Em Apocalipse 19: 6-7, o apóstolo João narra um verdadeiro concerto de música celestial.
Numerosa multidão, cuja voz se assemelhava às muitas águas e fortes trovões, rendia
adoração ao Senhor. Os corações estavam cheios de alegria, triunfo e glória. Era chegada a
hora do casamento do Cordeiro com sua noiva, a Igreja.

a) Interpretações. Os intérpretes dispensacionalistas entendem que, após o arrebatamento,


Cristo recepcionará a Noiva nos céus para as bodas. Haverá o “tribunal de Cristo”, 2Co 5: 10;
Rm 14: 10. Nesse tribunal não haverá lembrança de pecados, Hb 8: 12; 10: 17, nem
julgamento para condenação, Jo 5: 24; Rm 8: 1. Os salvos terão uma visão clara do que
praticaram, Rm 14: 12, receberão galardões, ICo 3: 8; Ap 11: 18.

Há outros intérpretes que vêem as bodas como simbolismo da comunhão perfeita entre Cristo
e sua Igreja, mais amplamente descrita em Ap 21 e 22.

b) Alegria dos justos x juízo para os perversos, Ap 19: 9; 18: 21-24. Felizes são os
chamados para participar da ceia das bodas do Cordeiro. Há um evidente contraste entre a
alegria dos salvos e o terrível sofrimento dos perversos apresentado em Ap 18: 21-24. É
interessante o jogo de palavras no texto, uma vez que Ap 19: 6-9 fala sobre noivo, noiva,
alegria e festa para os convidados; já Ap 18: 21-24 menciona a ausência de noivo e de noiva,
ausência de músicos e existência de escuridão, visto que não haverá luzeiros para iluminar.

c) Louvor e adoração, Ap 19: 6; Mt 8: 11. Nessa festa lembra-se que o governo de Deus é
estabelecido plenamente: “reina o Senhor”.
d) A figura do casamento marca o início do relacionamento, Ap 19: 7. Os w. 7 e 8 fazem
menção ao ato de entrega da Noiva, preparada, que até então vivia a grande expectativa do
encontro com o Noivo. Agora vai viver a concretização desse casamento.

II – EXIGÊNCIAS DAS BODAS, Mt 22: 1-14

Analisemos, agora, a parábola contada por Jesus e relatada por Mateus, comparando-a com o
relato paralelo que se encontra em Lucas 14: 16-24.

a) Festa de gente importante para gente importante, Mt 22: 1-4. De acordo com Mateus,
um rei convidou gente de seu convívio para a festa de casamento de seu filho. Eram pessoas
que estavam acostumadas a relacionar-se com o rei, grandes amigos e colegas.

b) Os convidados não deram importância para a festa e receberam sua paga, v. 5-7. O
convite era sério bem como o ato de aceitá-lo. Veja, em Lucas 14, as respostas dadas:
“comprei um campo e preciso ir vê-lo”; “comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-
los”; “casei-me com uma noiva e portanto não posso ir”. As desculpas não eram
convincentes. Houve rejeição deliberada ao convite. Para fazer um segundo convite, o rei en-
viou outros servos. Desta vez, os convidados agarraram os servos do rei e os mataram. Isso
despertou a ira do soberano, que castigou todos quantos o rejeitaram. Na verdade, “os
convidados não eram dignos”, Mt 22: 8.

c) Com a festa preparada, o rei faz novos convites, v. 10. Depois de punidos os que se
julgavam importantes, o rei envia o convite para maus e bons, pessoas que se achavam
desprezíveis, gente que não se achava importante, mas estava disposta ir às bodas. Os
convidados deveriam usar vestes nupciais, w. 11-14. Um deles foi lançado fora porque não
tinha vestes festivas.

III – QUEM PARTICIPARÁ DAS BODAS?

a) Os que não rejeitam o Filho. A parábola de Jesus resume aspectos centrais da história da
salvação: oferta da salvação aos judeus; rejeição ao Messias; chamamento dos gentios;
punição aos que rejeitam o Messias; a rejeição aos que, com base em méritos pessoais,
procuraram aproximar-se de Deus.

b) Os alcançados pela misericórdia divina, em quem não há justiça própria. Os que


aceitaram o convite do rei eram pobres, viviam nos becos, nas encruzilhadas, nos lugares de
miséria e não tinham dinheiro para comprar vestes. A noiva do Cordeiro recebe as vestes:
“Foi-lhe dado vestir-se de Unho finíssimo”, Ap 19: 8. Li-nho finíssimo refere-se a atos de
justiça decorrentes da regeneração, Ef 2: 10. Só se conquista-se o direito de participar da festa
porque o Noivo dá condições. Foi o rei quem proveu vestimentas adequadas aos que iriam
participar de tão grande banquete. Na próxima semana estudaremos o que a Bíblia ensina
acerca do inferno. Não perca este estudo.

Estudo Bíblico para o culto de doutrina da Igreja COMUNIDADE EM


CRISTO Tema: A doutrina Cristã acerca da morte e do estado Intermediário.
A doutrina Cristã acerca da morte
e do estado intermediário
I coríntios 15:55-57

"Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?" I Cor. 15: 55

INTRODUÇÃO

O texto de Gênesis 2: 17 é o primeiro nas Escrituras que faz alusão à morte. Ela aparece como punição
por causa do pecado. Essa idéia é confirmada por Paulo em Romanos 5: 12; 6: 23. Ela é vista em I Co. 15:
26 como uma inimiga, a qual Cristo finalmente destruirá, ICo 15: 26.

É importante destacar que as Escrituras não falam da morte como fim da existência humana. Jesus refere-
se à morte física como "morte do corpo", Mt 10: 28; Lc 12: 4, para distinguir da morte da alma (referência
à separação de Deus). Paulo refere-se à morte como "lucro", porque significava para ele estar com Cristo.

Morte é a separação entre o espírito ou a alma e o corpo, Ec. 12: 7. Para os salvos, a morte é a passagem
para a vida eterna com Cristo, 2 Co. 5: 1; Fp 1: 23.

No estudo de hoje, examinaremos os ensinos bíblicos sobre o que acontece aos seres humanos depois que
morrem.

I – A MORTE A SERVIÇO DO CRISTÃO

A morte nos alcança por vivermos em um mundo caído, onde os resultados do pecado não foram
eliminados. Deus usa a experiência da morte para completar a nossa salvação. A morte não nos separa de
Cristo, mas nos leva à sua presença, 2Co. 5: 8.

Paulo declarou em Fp 1: 23: "Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e
estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor."

A morte completa nossa união com Cristo. Ao morrer o cristão está livre da corrupção do mundo e
desfruta da presença do Salvador. O corpo volta ao pó, mas o espírito volta imediatamente para Deus.

II – O QUE ACONTECE QUANDO AS PESSOAS MORREM?


a) Os salvos vão para a presença de Deus. Quando Paulo reflete sobre a morte, diz que seu desejo é
"partir e estar com Cristo, o que é muito melhor", 2Co 5: 8; Fp 1: 23.

A Bíblia não ensina o chamado "sono da alma". Segundo essa doutrina, quando as pessoas morrem
entram em estado de existência inconsciente. Ela ensina que a alma permanecerá em repouso. O suporte
para esse pensamento tem sido geralmente encontrado no fato de que a Escritura diversas vezes fala do
estado dos mortos como de um sono ou de "adormecer": Mt 9: 24; 27: 52; Jo 11: 11; At 7: 60; 13:36; ICo
15: 6, 18, 20, 51; 1Ts.4: 13; 5: 10. Porém, quando a Escritura apresenta a morte como sono, trata-se
simplesmente de uma expressão metafórica usada para indicar que a morte é somente temporária
para os cristãos, exatamente como o sono é temporário. Assim a doutrina do “sono da alma” é
errada a luz da Bíblia.

O que é Metáfora:
Metáfora é uma figura de linguagem onde se usa uma palavra ou uma expressão em um sentido
que não é muito comum, revelando uma relação de semelhança entre dois termos.
Metáfora é um termo que no latim, "meta" significa “algo” e “phora” significa "sem sentido". Esta
palavra foi trazida do grego onde metaphorá significa "mudança" e "transposição".

Metáfora é a comparação de palavras em que um termo substitui outro. É uma comparação


abreviada em que o verbo não está expresso, mas subentendido. Por exemplo, dizer "o meu amigo é
um um touro, levou o móvel pesado sozinho". Obviamente que ele não é um touro nem se parece
fisicamente com o animal, mas está tão forte que faz lembrar um touro. Neste exemplo, existe a
comparação da força do animal e do indivíduo.

1. Significado de Alusão
Referência explícita ou implícita a uma obra de arte, um fato histórico ou um autor, para servir de
termo de comparação, e que apela à capacidade de associação de ideias do leitor.

"Ele nos explicou que para fazer um filme existe um grande trabalho de equipe e muita estratégia, para melhor
exemplificar ele fez alusão à uma guerra, quando os homens unidos trabalham em torno de um objetivo em
comum"

Nesse caso ele mencionou (fez alusão) à uma guerra, para exemplificar o que estava tentando explicar

1-Mas, o que observamos nas escrituras é que os mortos ficam conscientes após a morte física. Na
parábola do rico e Lázaro, os mortos estão em estado de consciência.

b) Os ímpios vão para o sofrimento, afastados da presença de Deus. A Escritura nunca nos encoraja a
pensar que as pessoas terão outra oportunidade para entregar-se a Cristo após a morte. A parábola de
Jesus a respeito do rico e de Lázaro não dá esperança alguma de que as pessoas possam passar do
sofrimento para o gozo eterno após terem morrido, embora o rico, estando no sofrimento, houvesse
pedido ajuda. Lc 16: 24-26.

O livro de Hebreus associa a morte ao julgamento, em uma seqüência imediata: "E, assim como aos ho-
mens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo", Hb 9: 27. A Escritura nunca
apresenta o juízo final como dependente de qualquer coisa feita após a nossa morte, mas dependendo so-
mente do que aconteceu nesta vida, Mt 25: 31-46; Rm 2: 5-10; cf. 2Co 5: 10.

Embora os descrentes passem para o estado de punição eterna imediatamente após a morte, o corpo deles
não será ressuscitado até o dia do juízo. Naquele dia, o corpo será ressuscitado e comparecerão perante o
trono de Deus para o juízo final, Mt 25: .31 46: Jo 5: 28.29; At 24: 15; Ap 20: 12, 15. E alí, cada um deles
será julgado pelas suas obras.

c) A doutrina do purgatório. Para os católicos, as almas que não estão perfeitamente limpas, mas se
acham carregadas com os pecados veniais e que não hajam recebido o merecido castigo temporal por seus
pecados, devem submeter-se a um processo de purificação no purgatório.

As Escrituras não ensinam a existência do purgatório. A igreja Católica Romana retirou o apoio para essa
doutrina do livro apócrifo 2 Macabeus 12: 42 45. A doutrina do purgatório contraria a teologia cristã. O
ensino explícito do NT é de que somente Cristo fez expiação por nós.

Os que aceitam a doutrina do purgatório estão afirmando que devemos acrescentar alguma coisa à obra
redentora de Cristo e que sua obra não foi suficiente para pagar a penalidade de todos os nossos pecados.

A doutrina do purgatório foi aceito como dogma da Igreja Católica no Concilio de Florença, em 1439. A
doutrina tem origem no paganismo. Essa doutrina rouba aos crentes o grande conforto que lhes deveria
pertencer por saber que os que morreram foram imediatamente para a presença do Senhor e por saber que
eles também, quando morrerem, partirão e estarão "com Cristo, o que é muito melhor", Fp 1: 23.
d) Não devemos orar pelos mortos. A oração pelos mortos é ensinada no livro apócrifo de 2 Macabeus
12: 42-45. Em nenhum lugar da Bíblia há esse ensino. Além disso, não há indicação alguma de que essa
tenha sido a prática dos cristãos no tempo do NT. A recompensa celeste final será baseada em atos
praticados nesta vida, como a Escritura repetidamente testifica, I Co. 3: 12-15; 2Co 5: 10.

Ensinar que devemos orar pelos mortos ou incentivar outros a fazer isso, seria encorajar a falsa esperança
de que o destino das pessoas pode ser mudado após a morte delas.

CONCLUSÃO

Somos finitos aqui neste mundo, e a morte é uma realidade inevitável, e haveremos de enfrenta-la. Assim
sendo, confiemos em Deus, pois Ele promete cuidar daqueles que são seus na eternidade.

Eis a promessa que Jesus nos faz em João 5:24: “Em verdade em verdade vos digo: quem ouve a
minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da
morte para a vida.”

Na próxima semana prosseguiremos em nossos estudos. Examinaremos as declarações de Cristo acerca


do fim do tempos. Não falte.

NOSSO DESTINO FINAL;

A VIDA NA ETERNIDADE: NOVOS CÉUS

E NOVA TERRA
Apocalipse 21: 1-8

"Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça." I Pe 3:
13 

Introdução

Uma grande certeza de todos os cristãos, salvos pela fé em Cristo, é que viveremos na eternidade. O
conhecimento de que vamos habitar novos céus e nova terra deve transformar nossa vida aqui e agora,
pois o céu é o nosso destino final. A segurança de que habitaremos no céu deve levar-nos a uma vida
perseverante, plena e abundante em comunhão com Cristo.

Jonathan Edwards, tentando expressar a alegria que os santos irão encontrar no céu, escreveu: “…
os santos mergulharão no oceano do amor, serão eternamente envolvidos no amor divino, infinitamente
brilhante, doce e suave; receberão eternamente a luz, serão cheios dela e, cercados por ela, refletirão
eternamente esta luz de volta para sua fonte.”

I – COMO SERÁ A VIDA NA ETERNIDADE? Ap. 21:1-8, 9-25

a) Na eternidade viveremos no Novo céu e nova terra. Em Apocalipse 21: 1, o apóstolo João declara
ter visto "novo céu e nova terra", que representam o local e o estado da perfeita habitação de Deus com
seu povo.

É importante saber que todo o universo, como o conhecemos agora, será destruído. Veja 2 Pedro 3:10-13
e Hebreus1:10-12. Assim a expressão “Novo céu e Nova Terra”, se referem a uma criação. Essa
expressão não trata de uma renovação desta terra e deste céu que conhecemos, como acreditam os
testemunhas de Jeová, mas da criação de um novo ceu e uma nova terra.

No novo céu e nova terra não haverá mar. O texto diz: “… e o mar já não existe….” (21:1). Na linguagem
do apocalipse o mar faz separação entre nações. A ausência do mar no novo céu e nova terra nos revelam
que não haverá mais a separação entre os povos na eternidade. Todos estarão unidos.

b) Na Eternidade estará a sede do governo de Deus: A Nova Jerusalém. Em nossa nova morada – o
Novo céu e nova terra- estará a sede do governo de Deus e do Cordeiro, que é a Nova Jerusálem. A Nova
Jerusalém é descrita como um exuberante palácio, com pedras preciosas, jardins, etc…

A Nova Jerusalém desce das alturas para a nova terra (Veja apocalipse 21: 2,3 e 10). A presença da
cidade santa na eternidade, nos revela Deus em sua glória habitando com seu povo e. Apoc. 21:3. A nova
Jerusalém é a sede do governo de Deus sobre os Novos Céus e a Nova.

É importante conhecermos mais algumas qualidades da Nova Jerusalém:

· Ela possui uma grande a alta muralha, Ap. 21: 12. E uma característica especial desta cidade.
Muralhas indicam proteção e segurança. A igreja está segura e nada pode perturbá-la na glória.

· Ela é espaçosa, Ap. 21: 15-17. João revela que a cidade é quadrangular, com largura, comprimento e
altura iguais a doze mil estádios, ou seja, 2.200 km. A medida da cidade é um símbolo da sua majestade,
magnificência, grandeza, suficiência. Nada está fora de ordem ou fora de equilíbrio.

· Ela é majestosa, preciosa e gloriosa, Apoc. 21:18-21. Na cidade Santa a sua prosperidade é estampada
na inúmera quantidade de pedras preciosas usadas em sua construção.

· As suas portas jamais estarão fechadas, Ap. 21:25,26. As portas da sede universal do governo de
Deus estarão sempre abertas. Portas abertas simbolizam acesso a Deus, comunhão e relacionamento com
Ele na eternidade.

· Nela não entrará pecado, Ap. 21: 27. João afirma que na Nova Jerusalém não entrará nada que a
contamine. Somente os que perseveraram na fé e foram salvos desfrutarão deste ambiente de santidade,
aqueles cujos nomes estão no Livro da Vida, v. 27b. Os que foram remidos, perdoados, lavados poderão
entrar pelas portas da cidade santa.

· Ela tem algumas semelhanças com o Jardim do Éden, Ap. 22: 1-2. A Nova Jerusalém é, na
linguagem simbólica do Apocalipse, uma cidade que tem um jardim. No Éden, o homem foi impedido
pelo pecado de comer da árvore da vida; na nova Jerusalém ele pode alimentar-se da árvore da vida. Lá
ele adoeceu por causa do pecado, aqui ele é curado do pecado. Lá ele foi sentenciado à morte, aquele ele
toma posse da vida eterna.

· É onde está o trono de Deus, Ap 22: 3-4. O trono fala da soberania e do governo de Deus. O Senhor
reina. Na Nova Jerusalém, serviremos Aquele que nos serviu e entregou sua vida por nós. Os salvos
entrarão no descanso de Deus, Hb 4: 9. Os salvos descansarão de suas fadigas, Ap 14: 13, não porém de
seu serviço.

II- COMO VIVERÃO OS FILHOS DE DEUS NA ETERNIDADE?

a) Na eternidade viveremos Livres do mal. Na eternidade, os salvos entrarão no pleno gozo da vida na
presença de Deus. Jesus dirá: "Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está
preparado desde a fundação do mundo", Mt 25: 34. Entraremos em um reino onde "nunca mais haverá
qualquer maldição, morte, choro ou pranto. Apoc. 21:4 e 22:3.

b) Na eternidade estaremos livres de qualquer tristeza e dor, Ap 21:4. Aquele que fizer parte desta
comunidade redimida pelo Senhor jamais sofrerá tristeza e dores. Tudo será novo: "Eis que faço novas
todas as coisas", Ap 21: 5.
c) Na eternidade desfrutaremos de plena comunhão com Deus, Ap. 21: 22. No Antigo Testamento, a
presença de Deus manifestava-se no tabernáculo, depois no templo. Na Nova Jerusalém não haverá
santuário porque "seu santuário é o Senhor".

Ap 22: 4 nos revela: "Contemplarão a sua face…". O que mais ambicionamos no céu não são as ruas de
ouro, os muros de jaspe luzente, as mansões ornadas de pedras preciosas, mas contemplar o Senhor. Esta
é a grande esperança do salvo.

d) Na eternidade veremos a manifestação da glória de Deus, Ap 21: 23-24. A cidade não será
iluminada mais pelo Sol ou pela Lua, mas pela glória de Deus. A lâmpada que reflete a glória de Deus é o
Cordeiro.

e) Na eternidade reinaremos com Cristo para todo sempre, Ap 22: 5. Deus nos salvou não apenas
para irmos para o céu, mas para reinarmos com ele no céu. Ele não apenas nos levará para a glória, mas
também para o trono. Seremos não apenas servos no céu, mas também reis. Reinaremos com o Senhor
para sempre. Cristo vai compartilhar com a noiva sua glória, autoridade e poder.

CONCLUSÃO

Cremos que, em breve, Jesus virá ao som de trombetas para buscar sua noiva. A última promessa das
Escrituras é esta: "Certamente venho sem demora". E a última oração é esta: "Amém. Vem, Senhor
Jesus!", Ap 22: 20. Após essa fervorosa oração de anseio pela segunda vinda de Cristo, segue a bênção:
"A graça do Senhor Jesus seja com todos", Ap 22: 21.

A igreja precisa ansiar pelo retorno do seu noivo e valorizar suas promessas, guardando e
cumprindo os seus mandamentos, pois afinal, nosso destino último é viver com Cristo na
eternidade, para todo sempre!!

Estudo Bíblico para o culto de doutrina. Tema: O inferno –


destino eterno dos ímpios

O inferno – destino eterno dos ímpios


2Tessalonicenses 1: 3-10

"Mandará o Filho do Homem os seus anjos, que ajuntarão do seu retiro todos os escândalos e os que
praticam a iniqüidade e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes." Mateus 13:
41-42

INTRODUÇÃO

Entre todas as doutrinas bíblicas, uma das mais impopulares é a que trata da condenação dos ímpios. Ela
nos traz à mente a realidade de que, após a morte, nem todos irão para o céu e nem desfrutarão da
presença eterna de Deus.
Na verdade, esta doutrina é tão impopular que, muitos não se preocupam em estuda-la. Mas a Bíblia não
nos deixa esquecê-la. Apocalipse 20: 11-15 mostra um cenário onde os homens que não creram em Jesus
Cristo terão de enfrentar o juízo e a condenação.

Ao estudarmos o que a Bíblia ensina sobre o inferno, passamos a ter em nós um maior censo de
responsabilidade com a evangelização daqueles que não tem Cristo.

I – A CONDENAÇÃO ETERNA NOS ENSINOS DO NOVO TESTAMENTO

Há grupos religiosos e teólogos que negam a existência do inferno e a possibilidade de que um Deus de
amor venha a punir eternamente aqueles que não creram em Cristo, deixando de aceitar a bondade de
Deus. Alguns pregam o chamado "aniquilacionismo", ou seja, depois do Juízo Final os ímpios serão
aniquilados (doutrina adventista). Há também o chamado "universalismo", que acredita que Deus, movido
por seu amor, salvará todos os seres humanos.

O Novo Testamento refere-se não apenas à bondade de Deus, mas também à sua justiça. Ele ampara e
salva os que se arrependem, mas condena à perdição os insubmissos e que endurecem seus corações,
deixando de aceitar a Verdade. Os apóstolos Paulo e João relacionaram comportamentos que impedirão o
acesso ao reino dos céus: Ef 5: 5; Ap 21:8 e 22:15. Tais pessoas serão condenadas.

Vejamos, agora, algumas verdades ensinadas por Jesus sobre o inferno:

a) O inferno foi criado para o diabo e seus anjos, Mt 25: 41. Mas nele serão lançados também os que
amam e praticam o pecado.

b) O inferno é local de condenação para os que não se afastam da iniqüidade, Mt 7: 21-23. Jesus
ensina que todo aquele que pratica o mal será condenado ao fogo eterno, Mc 9: 42-49. Muitos que se
dizem expulsadores de demônios e operadores de milagres receberão o duro juízo do Senhor. Embora
usem o nome de Jesus para operar sinais e prodígios, sua vida pessoal não mostra transformação.

c) No inferno serão lançados os que desprezam o próximo, Mt 25: 41-46. A verdadeira religião não
nos permite abandonar o próximo em seu sofrimento, Tg 1: 27. Veja as lições ensinada por Jesus em
Mateus 5: 22.

II – EXPRESSÕES BÍBLICAS PARA DESIGNAR O INFERNO

a) Geena. A palavra inferno é tradução do termo grego geena. Este vocábulo origina-se da expressão
hebraica Ge Hinom, que significa Vale de Hinom. Na antigüidade, este era um local de culto ao deus
pagão Moloque, onde eram realizados holocaustos de crianças vivas.

O rei Josias aboliu essa prática, 2Rs 23: 10. Depois, o local foi usado como depósito de lixo. Ali eram
jogados cadáveres de animais e até de alguns criminosos cujas famílias não lhes davam sepultura. O fogo
ardia ali continuamente. Assim, a palavra geena passou a ser usada em grego para designar o inferno. A
palavra aparece nos primeiros três evangelhos (Mt 5: 22, 29, 30; 10: 28; 18: 9; 23: 15, 33; Mc 9: 43, 45;
Lc 12: 5) e em Tiago 3: 6.

b) Hades. Palavra grega que tem como uma de suas traduções o significado: mundo dos mortos. O Hades
é o lugar onde os mortos se encontram. Alí, os justos e os ímpios estão em lugares separados. Os justos
aguardam a ressurreição para receberem seus galardões e os ímpios também aguardam a ressurreição para
serem julgados e lançados no “lago de fogo”. Apoc. 20:13.

c) Lago de fogo. Expressão usada em Apocalipse 19: 20; 20: 10, 14, 15. A besta, o falso profeta, o diabo,
a morte, o hades e todo aquele que não tem o nome inscrito no livro da vida serão lançados no lago de
fogo. O apóstolo João declara: "Esta é a segunda morte, o lago de fogo", Ap 20: 14. O Lago de fogo é
lugar de condenação definitivo. O "lago de fogo", na linguagem do apóstolo João, é o destino final de
todo o que ama e pratica a iniquidade.
III – QUE É O INFERNO?

a) Um lugar de tormentos eternos, 2Ts 1: 9a; Is 66: 24; Mc 9: 42-48. É lugar de dores, sofrimentos,
agonias da consciência, angústia, desespero, choro e ranger de dentes. Em Lucas 12: 47, 48 Jesus refere-
se a "muitos açoites" e a "poucos açoites". Em Mateus 10: 15, o Senhor faz menção a menos rigor e mais
rigor. Estes textos, dão a entender que haverá graus de punição no inferno.

b) Total ausência de Deus ou banimento da Sua presença, 2Ts 1: 9b. A essência do inferno é estar
distante de Deus e do favor divino para sempre e saber que isso não terá fim. No seu livro: "Inferno",
Dante descreveu o inferno como sendo um lugar para o tormento pelo pecado. Por cima do seu portão de
entrada ele imaginou uma placa a dizer: "Abandonem a esperança todos vós que aqui entrais."

c) O instrumento da maior vitória de Deus, Ap. 20: 10, 14. O inferno é a pior realidade que os
incrédulos terão de enfrentar, mas é também o instrumento da maior vitória de Deus e dos que creram em
Jesus Cristo.

CONCLUSÃO

Sobre o inferno C. S. Lewis uma vez escreveu: "Não há nenhuma doutrina que eu removeria de mais bom
grado do cristianismo do que isto, se eu tivesse o poder. Mas essa doutrina tem o pleno apoio das
Escrituras, e sobretudo das próprias palavras do nosso Senhor."

Sendo o inferno uma realidade inevitável para os ímpios, os salvos pela graça em Cristo, devem se
preocupar com a evangelização daqueles que ainda não conhecem a Jesus, pois ainda há oportunidade de
salvação.

Um pregador entrou certo dia em um elevador e declarou o andar que pretendia parar. Sempre disposto a
não perder nenhuma oportunidade de falar das coisas celestiais, virou-se para o rapaz que conduzia o
elevador e perguntou: "Você está destinado ao céu ou ao inferno?" "Eu não sei," respondeu surpreso o
ascensorista. Quando o andar desejado chegou, o elevador parou e a porta foi aberta, mas o pregador não
fez qualquer movimento para sair.

O rapaz esperou alguns instantes e então lhe disse: "O senhor não vai? A porta está aberta.." "Assim é a
porta do céu, respondeu o pregador, saindo e deixando o jovem pensativo para fazer a aplicação óbvia.

Na semana que vem estudaremos sobre o tema


“Estudo Bíblico para o culto de doutrina. Tema: AS BODAS
DO CORDEIRO
As bodas do cordeiro
Apocalipse 19: 5-9

“Alegremo-nos e exultemos e demos-lhe glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro,


cuja esposa a si mesma já se ataviou.” Ap 19: 7

Em Apocalipse 19:7, encontramos a seguinte declaração: “São chegadas as bodas do


Cordeiro”. E no versículo 9, nos deparamos com a seguinte afirmação: “Bem-aventurados
aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro.”

Estudaremos hoje dois textos bíblicos que abordam, sob perspectivas diferentes, uma grande
festa de casamento. Analisaremos, primeiramente, a passagem escatológica presente no livro
de Apocalipse; depois, estudaremos uma das parábolas de Jesus.

I – “SÃO CHEGADAS AS BODAS DO CORDEIRO”, Ap 19: 6-9

Em Apocalipse 19: 6-7, o apóstolo João narra um verdadeiro concerto de música celestial.
Numerosa multidão, cuja voz se assemelhava às muitas águas e fortes trovões, rendia
adoração ao Senhor. Os corações estavam cheios de alegria, triunfo e glória. Era chegada a
hora do casamento do Cordeiro com sua noiva, a Igreja.

a) Interpretações. Os intérpretes dispensacionalistas entendem que, após o arrebatamento,


Cristo recepcionará a Noiva nos céus para as bodas. Haverá o “tribunal de Cristo”, 2Co 5: 10;
Rm 14: 10. Nesse tribunal não haverá lembrança de pecados, Hb 8: 12; 10: 17, nem
julgamento para condenação, Jo 5: 24; Rm 8: 1. Os salvos terão uma visão clara do que
praticaram, Rm 14: 12, receberão galardões, ICo 3: 8; Ap 11: 18.

Há outros intérpretes que vêem as bodas como simbolismo da comunhão perfeita entre Cristo
e sua Igreja, mais amplamente descrita em Ap 21 e 22.

b) Alegria dos justos x juízo para os perversos, Ap 19: 9; 18: 21-24. Felizes são os
chamados para participar da ceia das bodas do Cordeiro. Há um evidente contraste entre a
alegria dos salvos e o terrível sofrimento dos perversos apresentado em Ap 18: 21-24. É
interessante o jogo de palavras no texto, uma vez que Ap 19: 6-9 fala sobre noivo, noiva,
alegria e festa para os convidados; já Ap 18: 21-24 menciona a ausência de noivo e de noiva,
ausência de músicos e existência de escuridão, visto que não haverá luzeiros para iluminar.

c) Louvor e adoração, Ap 19: 6; Mt 8: 11. Nessa festa lembra-se que o governo de Deus é
estabelecido plenamente: “reina o Senhor”.

d) A figura do casamento marca o início do relacionamento, Ap 19: 7. Os w. 7 e 8 fazem


menção ao ato de entrega da Noiva, preparada, que até então vivia a grande expectativa do
encontro com o Noivo. Agora vai viver a concretização desse casamento.
 

II – EXIGÊNCIAS DAS BODAS, Mt 22: 1-14

Analisemos, agora, a parábola contada por Jesus e relatada por Mateus, comparando-a com o
relato paralelo que se encontra em Lucas 14: 16-24.

a) Festa de gente importante para gente importante, Mt 22: 1-4. De acordo com Mateus,
um rei convidou gente de seu convívio para a festa de casamento de seu filho. Eram pessoas
que estavam acostumadas a relacionar-se com o rei, grandes amigos e colegas.

b) Os convidados não deram importância para a festa e receberam sua paga, v. 5-7. O
convite era sério bem como o ato de aceitá-lo. Veja, em Lucas 14, as respostas dadas:
“comprei um campo e preciso ir vê-lo”; “comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-
los”; “casei-me com uma noiva e portanto não posso ir”. As desculpas não eram
convincentes. Houve rejeição deliberada ao convite. Para fazer um segundo convite, o rei en-
viou outros servos. Desta vez, os convidados agarraram os servos do rei e os mataram. Isso
despertou a ira do soberano, que castigou todos quantos o rejeitaram. Na verdade, “os
convidados não eram dignos”, Mt 22: 8.

c) Com a festa preparada, o rei faz novos convites, v. 10. Depois de punidos os que se
julgavam importantes, o rei envia o convite para maus e bons, pessoas que se achavam
desprezíveis, gente que não se achava importante, mas estava disposta ir às bodas. Os
convidados deveriam usar vestes nupciais, w. 11-14. Um deles foi lançado fora porque não
tinha vestes festivas.

III – QUEM PARTICIPARÁ DAS BODAS?

a) Os que não rejeitam o Filho. A parábola de Jesus resume aspectos centrais da história da
salvação: oferta da salvação aos judeus; rejeição ao Messias; chamamento dos gentios;
punição aos que rejeitam o Messias; a rejeição aos que, com base em méritos pessoais,
procuraram aproximar-se de Deus.

b) Os alcançados pela misericórdia divina, em quem não há justiça própria. Os que


aceitaram o convite do rei eram pobres, viviam nos becos, nas encruzilhadas, nos lugares de
miséria e não tinham dinheiro para comprar vestes. A noiva do Cordeiro recebe as vestes:
“Foi-lhe dado vestir-se de Unho finíssimo”, Ap 19: 8. Li-nho finíssimo refere-se a atos de
justiça decorrentes da regeneração, Ef 2: 10. Só se conquista-se o direito de participar da festa
porque o Noivo dá condições. Foi o rei quem proveu vestimentas adequadas aos que iriam
participar de tão grande banquete.

Na próxima semana estudaremos o que a Bíblia ensina acerca do inferno. Não perca este
estudo.
Estudo Bíblico para o culto de doutrina Tema: A ressurreição dos justos e
dos ímpios.

A Ressurreição dos justos e dos ímpios


I Coríntios 15: 35-49

“… vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num
momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos
ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados”. I Co.15: 51-52.

INTRODUÇÃO

Ao tempo do Novo Testamento, os judeus eram divididos quanto às suas convicções concernentes à
ressurreição. Os fariseus criam nela, os saduceus a rejeitavam, Mt 22: 23; At 23: 8; At 17: 32. Para os
cristãos, a doutrina da ressurreição é fonte de esperança, lTs 4: 13.

Na doutrina cristã, a morte não significa o fim da existência. Nas comunidades cristãs antigas, o tema
despertou debates. Alguns crentes de Corinto a negavam, razão por que Paulo escreveu um verdadeiro
tratado sobre o tema em I Co 15. Em 2Tm 2:18, Paulo refere-se a Himineu e a Fileto como pessoas que
negavam a ressurreição. Este empolgante tema é o assunto deste estudo.

I. A DOUTRINA DA RESSURREIÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

Não há no Antigo Testamento muitas referências à ressurreição. Mas existem passagens que declaram a
crença nessa doutrina. No livro de Jó, um dos mais antigos da coletânea do AT, afirma-se a fé na
ressurreição do corpo, 19: 25-27.

No livro de Salmos também se pode ver a esperança na ressurreição, SI 17:15. Nos escritos proféticos, o
texto de Is 26: 19, segundo alguns, é a passagem isolada mais importante acerca da ressurreição. Texto
também importante sobre o tema está em Dn 12: 2.

II. A RESSURREIÇÃO NOS ESCRITOS DO NT

1. Jesus e seus ensinos sobre a ressurreição. Há algumas referências nos evangelhos em que Jesus
aborda o tema. Em contraste com os saduceus, que não criam na ressurreição, o Senhor afirma a
veracidade dessa doutrina, Mc 12: 26; Lc 14: 14. Sobre sua própria morte, em Mt 26: 32 Jesus diz aos
discípulos que ele ressuscitaria.

Outra passagem em que o Senhor trata do assunto é Jo 5: 21-30. Nesse texto, Jesus afirma que os salvos
serão ressuscitados para a vida eterna e os perdidos para o juízo divino, Jo 5: 28, 29.

2. Ensinos de Paulo. O apóstolo Paulo dedicou espaço em suas epístolas para tratar do assunto. Algumas
passagens são fundamentais na análise da doutrina. Dentre elas, destacam-se: lTs 4: 13-16; ICo 15; 2Co
5: 1-10.

a) Os mortos e a vinda do Senhor, lTs 4: 13-16.

Crer na ressurreição deve ser fonte de esperança e regozijo para os salvos. Paulo ensina os tessalonicenses
que, quando Jesus voltar para arrebatar sua Igreja, os mortos em Cristo ressuscitarão em um corpo de
glória. Veja Cl 3: 4.
b) A ressurreição de Jesus é a garantia da nossa ressurreição, ICo 15: 14, 17. Se Cristo não ressusci-
tou, argumenta o apóstolo, é vã a pregação e vã a fé; somos falsas testemunhas e permanecemos em
nossos pecados.

No entanto, Jesus ressurgiu, conforme atestam as Escrituras, 2Tm 2: 8; Mt 28: 6; Mc 16: 6; Lc 24: 6: ICo
15: 4-8. Ele é “as primícias dos que dormem”, ICo 15: 20. Testemunhas oculares comprovaram que Jesus
havia ressuscitado. Ele foi visto por Maria Madalena, por dois discípulos no caminho de Emaús e por
Simão Pedro, Lc 24: 1-15. No mesmo dia apareceu aos apóstolos, exceto a Tome, que estava ausente, Lc
24: 36-43. Depois, apareceu quando Tome estava entre os discípulos, Jo 20: 26-27. Ao romper de uma
manhã, o Senhor aparece aos discípulos na praia, Mt 28: 9, 10; Mc 16: 12, 13.

Jesus aparece novamente aos onze e depois a quinhentos discípulos, Lc 24: 36-43; ICo 15: 6. Em Jerusa-
lém, fora visto por Tiago, ICo 15: 7. E finalmente, ao próprio apóstolo Paulo, ICo 15: 8.

c) A ressurreição será física ou corporal. Nos dias do apóstolo Paulo, alguns estavam ensinando que a
ressurreição era meramente espiritual, 2Tm 2:18. Tais pregadores diziam que não haveria uma
ressurreição do corpo. Porém, as Escrituras ensinam que a ressurreição será corpó-rea, assim como a de
Jesus, ICo 15: 35-49. O Senhor foi as primícias dentre os mortos, Cl 1: 18.

d) Um corpo glorificado, ICo 15: 42-44. Os salvos terão um corpo incorruptível, glorioso, espiritual. Se-
remos semelhantes a Cristo, ICo 15: 49; Uo 3: 2.

e) O tempo da ressurreição. Há grandes evidências nas Escrituras de que haverá duas ressurreições, em
momentos diferentes.

A primeira, que chamamos de ressurreição dos justos, ocorrerá em duas fases: No momento do
arrebatamento e após a grande tribulação. lTs 4: 16; Ap 20: 6.

A segunda ressurreição, que é a dos ímpios, ocorrerá após o milênio e é para a condenação, Jo 5: 29;
Ap 20: 4-6; 11-13.

CONCLUSÃO

A Bíblia é clara em dizer que após a morte segue-se o juízo. Para os ímpios, juízo de condenação. Aos
justos, juízo de misericórdia e descanso.

Cada cristão deve estar preparado para o encontro com o Senhor. Este preparo envolve arrependimento, fé
na pessoa de Cristo, compromisso e santificação, 2Pe 3: 11-14.

Aguardamos, confiantes e com júbilo, aquele glorioso dia de encontro de todos os salvos. “E assim
estaremos para sempre com o Senhor”, lTs 4: 17.

Na próxima semana seguiremos estudando sobre “AS BODAS DO CORDEIRO”. Não perca
Esboço - Novos céus e nova terra -
Texto:(Ap 21.1-5; 24-27)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, traremos uma definição sobre o que é o futuro “estado eterno”; analisaremos biblicamente o
que será o “novo céu e nova terra”; pontuaremos sobre qual será a condição do povo de Israel na
eternidade; falaremos sobre os redimidos e o seu estado eterno; citaremos as características da Nova
Jerusalém – a cidade celeste; e por fim, concluiremos vendo as características do perfeito e eterno estado
com Deus.

I - O QUE É O ESTADO ETERNO

A expressão “eterno” vem do grego “aiõnios” que significa: “era, século, idade, aquilo que não tem fim”
(VINE, 2002, p. 628). O Estado eterno é aquilo que não tem fim, é o estado de bem-aventuranças e
inefáveis gozos a ser desfrutado pelos redimidos logo após a consumação de todas as coisas temporais e
históricas (2Pe 3.13; Ap 21 e 22). O Estado Eterno, que será inaugurado logo após o Juízo Final, terá
lugar nos Novos Céus e Terra, onde os salvos estarão a desfrutar do amor de Cristo pelos séculos dos
séculos (ANDRADE, 2006, p. 171).

II - O QUE É O NOVO CÉU E NOVA TERRA

É a realidade que passará a existir após a consumação de todas as coisas pertinentes à dimensão material
(Is 65.17; 66.22; 2Pe 3.7-10; Ap 21.1-3). A Bíblia não explícita se os novos céus e terra serão o resultado
do reaproveitamento dos atuais. Em torno do assunto, há muita especulação. De uma coisa, porém,
tenhamos certeza: os novos céus e terra serão uma realidade já antevista (Is 66.22). Segundo
depreendemos de Apocalipse 21.2, os novos céus estarão interligados à nova terra, formando um todo
harmonioso e sem igual. Será uma realidade jamais sonhada pelo ser humano. Uma realidade tão superior
a esta dimensão (1Co 2.9). A nova terra será apropriada para a presença de Deus (ANDRADE, 2006, p.
118).

III - ISRAEL E O ESTADO ETERNO

Em muitas passagens da Bíblia (Is 65.17; 66.22; Hb 1.10-12; 2Pe 3.10-14; Ap 20.11; 21.1-4) está
declarado que haverá uma nova terra e um novo céu, e que o povo terrestre, Israel, continuará para
sempre na terra glorificada, que virá a existir (Is 66.22; Jr 31.36, 37), e que o reino davídico, que é terreno
será centrado em Jerusalém e continuará para sempre (Is 9.6, 7; Dn 7.14; Lc 1.31-33; Ap 11.15). A glória
eterna da terra é descrita (Ap 21.3, 4). O entendimento humano, acostumado como está à corrupção que
se vê na terra, dificilmente pode compreender a ideia de uma nova terra "onde habita a justiça" (2Pe
3.13). Uma terra tão pura e santa e apropriada para a habitação de Deus. Deve haver uma nova terra
eterna, porque Deus concedeu a Israel a promessa de uma posse eterna na terra (Dt 30.1-10). Está, além
disso, declarado por Isaías que a nova terra e o novo céu superarão tanto o presente que as coisas de agora
nunca mais serão lembradas (Is 65.17) (CHAFER, 2003, vols 3 e 4, p. 742).

IV - OS REDIMIDOS E O ESTADO ETERNO

Está claramente asseverado que o céu é "incomparavelmente melhor" do que a terra (Fp 1.23). É no céu
que o filho de Deus será conformado à imagem de Cristo (Rm 8.29; Fp 3.20, 21; 1 Jo 3.1-3), e ele
conhecerá então como Deus conhece agora, e os crentes estarão juntos com o Senhor (1Ts 4.16, 17). Deus
criará uma nova ordem de seres humanos, através dos judeus e gentios. Esses compreendem que a nova
criação reterá apenas uma pequena lembrança daquilo que eles foram. A cidadania deles terá sido
mudada, seus corpos terão sido transformados, o ser total deles terá sido conformado à imagem de Cristo;
aqueles que agora estão unidos a Cristo, então, estarão para sempre com Cristo em glória. Por estarem
agora em Cristo, eles partilham daquilo que Ele é, e, por estarem casados com Cristo, compartilharão com
Ele em todas as coisas (CHAFER, 2003, vols 3 e 4, p. 758).
V – A NOVA JERUSALÉM - A CIDADE CELESTE

Em adição a estas duas esferas de habitação “o novo céu e a nova terra” há uma cidade que três vezes é
dita descer de Deus, do céu (Ap 3.12; 21.2,10). A conclusão natural é que, de algum modo, essa cidade é
separada do novo céu do qual ela desce. Após o Juízo Final do Grande Trono Branco, o Universo dará
lugar a esta nova realidade (2Pe 3.13; Mt 5.5), na qual haverá uma Santa Cidade (Hb 12.22; Ap 21.1-3), e
ali Deus será tudo em todos (1Co 15.28). A esperança do cristão não está voltada para a Jerusalém
terrestre, mas, para a celestial (Fp 3.20; Hb 11.13-16; 12.22). Lá não existirá mais maldição (Ap 22.3;
21.4,27) (PENTECOST, sd, p. 568). Notemos algumas características desta cidade:

5.1 A Nova Jerusalém é santa (Ap 21.2,10). A palavra para “santa” no grego é “hagios” que é da mesma
raiz de “hagnos” que significa fundamentalmente “separado”. Nesta cidade não haverá pecado, pois há
uma separação do santo e do profano (Ap 21.2; 22.15).

5.2 A Nova Jerusalém tem a glória de Deus (Ap 21.11). A palavra para “glória” no grego é “doxa” que
é aplicada para descrever a natureza de Deus em sua auto manifestação (Ap 21.11). Esta cidade será o
tabernáculo de Deus com os homens (Ap 21.3).

5.3 A Nova Jerusalém tem iluminação própria (Ap 21.11). A sua luz desta cidade é semelhante a uma
pedra preciosa. Iluminada pela glória de Deus, sua luz tem a resplandecência do jaspe. Não haverá mais
templo, Sol, Lua e noite (Ap 21.22,23; 22.5). A existência de algum astro não fará sentido, pois a glória
de Deus iluminará a Santa Cidade.

5.4 A Nova Jerusalém tem uma arquitetura própria (Ap 21.12-14). A cidade possui um grande e alto
muro com doze portas sendo três de cada lado e nos fundamentos dos muros estão os nomes dos doze
apóstolos. Na antiga cidade de Jerusalém, havia também doze portas, sendo, por assim dizer, uma cópia
da Jerusalém celestial ( Hb 8.5; 9.23; Ap 21.12).

5.5 A Nova Jerusalém tem uma dimensão própria (Ap 21.16). O seu arquiteto e construtor é o próprio
Deus (Hb 11.10). A cidade é quadrangular perfazendo um total de doze mil estádios de comprimento (Ap
21.16-21). Sua área total, pois, seria equivalente a metade do Continente Americano. A cidade será um
perfeito cubo como o Santo dos santos. Por inferência, podemos dizer que a cidade será um imenso
“Santos dos santos” (HORTON, 2001, pp. 305,06).

5.6 A Nova Jerusalém tem um tipo de material próprio (Ap 21.18). O livro do Apocalipse traz muitas
alusões ao ouro. Mas, tudo nos leva a crer que o ouro ali descrito refere-se a um material desconhecido
aqui na terra, de qualidade infinitamente superior, e que é descrito como ouro apenas para que possamos
ter a ideia da beleza que está reservado para os salvos no futuro.

5.7 A Nova Jerusalém tem um reino próprio (Ap 22.5). O reino de Cristo não está limitado a mil anos,
pois, Ele reinará para sempre (2Sm 7.13,15; Lc 1.32,33; Ap 11.15). O reino milenar se funde com o reino
eterno, e então os santos são descritos reinando não apenas por mil anos, mas, continuam a reinar pela
eternidade (Sf 3.20) (PENTECOST, sd, p. 573).

VI - AS CARACTERÍSTICAS DO PERFEITO E ETERNO ESTADO

Chegará de fato o fim do mundo (2Pe 3.7,10-12), que ensejará um novo início, o começo do “dia da
eternidade” (Lc 20.35; 2Pe 3.18; Ap 21-22). Nos Novos céus e nova terra (Ml 4.1; 2Pd 3.7,10), o pecado
terminará o seu curso. Os salvos já estarão glorificados e os perdidos estarão no seu lugar, no Inferno.
Céus e terra serão renovados e tornar-se-ão como eram no princípio no Éden antes da queda (Gn 2.8).
Então, Deus será tudo em todos (1Co 15.28), e para sempre continuará o eterno e perfeito estado e todas
as coisas terão sido restauradas (At 3.21; Dn 7.18). As infinitas belezas celestiais irreveladas começarão a
ser conhecidas (1Co 2.9) (GILBERTO, 2007, p 103). Vejamos:

6.1 A comunhão será perfeita (Ap 14.13; 19.1; 21.2,11; 22.4). Através da fé em Cristo, nós podemos
desfrutar de uma comunhão com Deus já no presente século (1Co 1.9; Fp 2.1; 1Jo 1.3). Mas, no futuro,
esta comunhão será ainda mais perfeita (1Co 13.12; 1Jo 3.2).
6.2 O conhecimento será perfeito (1Co 13.10,12; Cl 3.4). Devido às limitações humanas, todos
necessitamos de estudos, pesquisas e de aprendizado. Até mesmo para conhecer “as coisas de Deus”, nós
necessitamos, além da Bíblia, de livros e de tratados teológicos. Porém, no futuro, os mistérios de Deus
serão revelados.

6.3 O serviço será perfeito. Ao contrário do que muita gente pensa, o céu não é um lugar de ociosidade.
Aquele que colocou o homem no primeiro paraíso, e deu-lhe instruções para o lavrar e guardar (Gn 2.15),
certamente não deixará o homem sem ter o que fazer no segundo paraíso: "... e os seus servos o servirão"
(Ap 22.3).

6.4 A vida será perfeita e abundante (1Tm 4.8). Enquanto estivermos aqui no mundo, todos estamos
sujeitos ao sofrimento (Jo 16.33). Na eternidade, os salvos estarão livres de todo sofrimento (Ap 21.4;
22.3; Rm 5.12; Is 35.10; 65.19). Ali não haverá mais morte (Ap 20.14; 21.4; 1Co 15.26,55; Ap 20.14).

6.5 Não haverá mais pecado, pecadores e maldição (Ap 21.17; 22.3). Nada que contamine e ninguém
que cometa pecado  entrarão na Santa Cidade (Ap 21.8; 22.15,). Somente os purificados pelo sangue do
Cordeiro, inscritos no livro da vida, entrarão nela pelas portas (Ap 21.27; 22.14). O pecado, e a maldição
decorrente dele (Gn 3.17; G1 3.13), serão, então, extinguidos, cumprindo-se plenamente o que está escrito
em João 1.29.

6.6 Terá um governo e habitantes perfeitos (Ap 21.24-26). O seu governante é o próprio Deus na
pessoa de seu amado Filho. Tudo será administrado com perfeição máxima. Os redimidos de todas as eras
lá estarão. Ali, os patriarcas, profetas e apóstolos receberão elevadas distinções (Lc 13.28; Ap 21.14). As
tribos de Israel serão igualmente honradas (Ap 21.12).

CONCLUSÃO

Vimos que uma das mais belas descrições do livro do Apocalipse é a da “Nova Jerusalém” e dos “Novos
Céus e Nova Terra”. Que possamos permanecer firmes até vinda do Senhor Jesus para que tenhamos
acesso a essa Nova Cidade e a essa nova Terra futura que está preparada para os fiéis.
Estudo Bíblico para EBD. Tema:Qual é a distância da morte?

Qual é a distância da morte?

Mateus 6.27
INTRODUÇÃO

Nos juízos do Apocalipse, a morte sobrevirá a milhões de pessoas de maneira implacável


(por exemplo: o cavaleiro do quarto selo: “e foi-lhes dada autoridade sobre a quarta
parte da terra para matar à espada, pela fome…”; Ap. 6.8). É bem verdade que alguns
indivíduos são avisados antes, como foi o caso do rei Ezequias (veja Isaías 38.1), mas
para a grande maioria ela vem de modo súbito. Todos concordam que qualquer dia
desses, poderemos ser visitados por esse sinistro ser, e quanto mais demorado for, tanto
melhor será. De acordo com a Bíblia: “aos homens está ordenado morrerem uma só vez,
vindo, depois disto, o juízo” (Hb 9.27). Nada trouxemos e nada levaremos, tudo que
possuímos de mais caro ficará para trás (I Timóteo 6.7). Para alguns, a morte será uma
ponte para a glória celestial, já para outros uma ligação de tormento eterno. Em qual
desses destinos desejamos estar incluídos?

PROPOSIÇÃO: Devemos viver tudo o que Deus tem para nós e nunca adiantar nossa
morte.

I- A QUE DISTÂNCIA ESTAMOS DA MORTE?

Quando Jesus Cristo reprovou a ansiosa solicitude pela vida (veja Mateus 6.25-34)
aproveitou para dizer o seguinte: “Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar
um côvado ao curso da sua vida” (v. 27; grifos do autor). Veja o que outras versões da
Bíblia trazem do texto grifado: “pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?”
(NVI); “poderão acrescentar um único momento à vida de vocês?” (BV); “pode
acrescentar um só côvado à duração da sua vida?” (BJ).

As Escrituras nos revelam que a distância que um homem pode estar da sua morte é
relativa. Por exemplo, por causa do ciúme de Saul, Davi reconhecia que a morte estava a
“…um passo” dele (I Sm 20.3); no entanto, para Enoque nunca veio (veja Gênesis 5.24);
já para o filho do rei Davi com Bate-Seba, foi após alguns dias de nascido (2Samuel
12.15-18). E para o rico “avarento” ilustrado por Cristo, a morte poderia ocorrer
naquela mesma noite: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma” (Lc 12.20).

O salmista declara: “Mostra-me, Senhor, o fim da minha vida e o número dos meus dias,
para que eu saiba quão frágil sou (…). Deste aos meus dias o comprimento de um
palmo; a duração da minha vida é nada diante de ti. De fato, o homem não passa de um
sopro” (SI 39.4,5; NVI). Apesar dessa latente fragilidade física, a Bíblia garante que se
obedecermos a vontade de Deus isso permitirá que nossos dias sejam aumentados,
porque o Senhor produzirá em nós: vida e paz, “…saúde para o teu corpo e refrigério,
para os teus ossos” (Pv 3.1,2,7,8).

As expressões “o número dos meus dias” e “o comprimento de um palmo” fazem


referência à preocupação do homem pelas incertezas do futuro, ao mesmo tempo em que
enfatiza o curto tempo que temos para viver. Se vivemos pouco tempo (veja Salmo
90.10), então precisamos usar bem cada oportunidade para falar e fazer somente aquilo
que realmente tem importância, além de refletir sinceramente sobre uma grande
questão da vida: O que faremos após a morte ou onde passaremos a eternidade?

Podemos não saber quando morreremos ou quanto tempo ainda temos para viver,
entretanto, devemos reconhecer o fato da brevidade da vida e procurar viver segundo as
expectativas de Deus: “Quanto ao homem, os seus dias são como a relva; como a flor do
campo, assim ele floresce; pois, soprando nela o vento, desaparece; e não conhecerá, daí
em diante, o seu lugar” (SI 103.15,16).

II- QUAL A RAZÃO DO MEDO DA MORTE?

Há pessoas que desenvolvem um tipo específico de fobia neurótica da morte, por


exemplo, não gostar de falar do assunto, evitar passar perto de cemitério, cerimônia
fúnebre etc. Essa psicopatologia pode ser explicada pela ciência, mas nem sempre o
problema é psicológico. Opressões demoníacas também causam fobias de todo tipo, pois
o medo é uma das “armas” do diabo (veja 2Timóteo 1.7; Marcos 1.24).

De modo geral, a Bíblia revela que o medo da morte está associado ao pecado e à
ignorância do homem em relação ao que lhe está reservado após sua morte. O salmo 55
menciona algo sobre esse pavor da morte, em uma ocasião em que a vida do rei Davi
corria perigo, veja: “O meu coração está acelerado; os pavores da morte me assaltam.
Temor e terror me dominam; o medo tomou conta de mim” (SI 55.4,5; NVI).

O medo está presente no homem desde a Queda, na verdade ela produziu esse destrutivo
sentimento nele. No relato bíblico, lemos que Deus perguntou ao homem – depois que
este havia pecado – onde ele estava, e sua resposta foi: “…tive medo, e me escondi” (Gn
3.9,10). Deus já havia previsto: “porque, no dia em que dela comeres, certamente
morrerás” (Gn 2.17). O medo, portanto, é uma espécie de receio do futuro. Adão não
sabia exatamente o que ia acontecer com ele e com sua mulher e isto causou uma
expectativa mim, negativa, desagradável.

Dessa forma, o medo da morte vem pelo desconhecimento do que acontece depois dela. E
a única maneira de perdermos esse medo é descobrindo essa informação em uma fonte
fidedigna ou confiável. E a Bíblia Sagrada é essa fonte! Crendo no que ela ensina
deixamos de ter medo do futuro e principalmente da morte. A Bíblia cita três tipos de
morte: a física (a separação do espírito do corpo; veja João 11.14,17), a espiritual (a
separação de Deus; Mateus 8.22; Efésios 2.1) e a segunda morte ou a eterna separação
de Deus no inferno (Apocalipse 21.8).

III- EM CRISTO, TEMOS A GARANTIA DE TRIUNFAR SOBRE A MORTE E O INFERNO

Possuir um relacionamento sincero com Deus, por meio da fé em Cristo, é a maneira


mais eficaz de acabar com o medo da morte. Tiago diz que a morte é a separação do
espírito do corpo (2.26), em razão disso estamos “presos” a este corpo enquanto
vivermos aqui neste mundo (veja 2 Coríntios 5.1), mas com a morte física, estamos livres
para uma nova vida com Deus no céu: “Porque este mundo não é nossa pátria; nós
estamos aguardando a nossa pátria eterna no céu” (Hb. 13.14; BV).

Seja como for, para quem já teve um encontro salvador com Cristo, nada há a temer,
pois a Bíblia afirma: “E este mundo está perecendo, e estas coisas más e proibidas
perecerão com ele, mas todo aquele que perseverar em fazer a vontade de Deus, viverá
para sempre” (1 Jo. 2.17; BV).
Jesus Cristo morreu em nosso lugar e venceu a morte por meio de Sua ressurreição, por
essa razão o domínio da morte cessou de sobre todos os que crêem nele: “Tragada foi a
morte pela vitória (…). Graças a Deus, que nos dá vitória por intermédio de nosso
Senhor Jesus Cristo” (I Co. 15.54,57). Portanto, o livramento da morte e do juízo final
está garantido para quem realmente professar fé genuína em Cristo, pois para esses está
escrito: “Aquele que tem o Filho tem a vida” (I Jo 5.12); e mais: “…passou da morte
para a vida” (Jo. 5.24). Veja também Romanos 5.17.

CONCLUSÃO

Você já se perguntou: Quando morrerei? Será que vou envelhecer e conseguir fazer isso
ou aquilo? (por exemplo: casamento). Entretanto, para o cristão, que nasceu de novo, a
Bíblia diz que esse pensamento não tem razão de ser, veja: “Porquanto, para mim, o
viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp. 1.21), em outras palavras, a morte, para os filhos
de Deus será uma ponte para aprofundar ainda mais a sua união com Deus na glória,
além disso, a ressurreição para a vida eterna é uma das mais poderosas promessas de
Deus para os que crêem em Cristo (João 11.25,26). Finalmente, a Bíblia desmente tanto
o conceito de reencarnação quanto o de que a morte física é o fim de tudo: “E, assim
como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb.
9.27).

Estudo. Tema: Onde passaremos a eternidade?


Onde passaremos a Eternidade?
Lucas 16:19-31

INTRODUÇÃO

Você já parou para pensar sobre o que acontecerá a você após a sua morte? Você anda correndo muito
pelos bens materiais e se esquece do seu iado espiritual. Segundo Jesus, “a vida de um homem não
consiste na abundância dos bens que ele possui’ (Lc 12.15). O seu valor é o valor de sua alma. A alma de
um único homem vale mais que o mundo inteiro. Reflitamos sobre o ensino de Jesus acerca da alma
humana e o seu futuro.

1. A MORTE E INEVITÁVEL

Através de toda a sua vida o homem é um “ser para a morte”. Ela é inevitável e intransferível. “A morte é
algo que ninguém pode passar por outra pessoa”, diz Martin Heidegger. A Bíblia ensina que “…há tempo
de nascer e tempo de morrer…" (Ec 3.2). Esse tempo é determinado pelo Deus Criador e Mantenedor da
vida. Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias,
cada um deles escrito e determinado, quando nenhum deles havia ainda (SI 139.16).

A Bíblia sempre liga a morte ao pecado (Gn 2.17; Rm 5.12; 6.23). A morte não é natural ao homem, mas
surgiu devido à nossa rebelião contra Deus. “…aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo,
depois disto, o juízo..:’ (Hb 9.27).

Na parábola contada por Jesus, a morte veio para o mendigo e para o rico (Lc 16.22). Não há distinção de
cor, raça, idade, grau de instrução ou de poder aquisitivo. A morte é inevitável.

2. A ALMA SOBREVIVE À MORTE FÍSICA


Embora a morte seja inevitável, ela não é o fim de tudo, porque o homem é por natureza um ser imortal.
Na descrição, Jesus fala que o mendigo e o rico sobreviveram à morte. O corpo foi sepultado, mas a alma
sobreviveu continuando a existir na dimensão de Deus. Não temais os que matam o corpo e não podem
matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo (Mt
10.28), afirma Jesus.

A alma humana sobrevive à morte física. Este é o ensino da Bíblia, principalmente o ensino de Jesus (Lc
23.43; Jo 5.28-29; 11.25-26; 14.3; 2 Co 5.1).

3. HÁ SOMENTE DOIS DESTINOS ETERNOS

No texto deste estudo, Jesus fala de dois destinos eternos: céu e inferno. Lázaro foi para o “seio de
Abraão” (v. 22) e o rico para o “inferno”, lugar de tormentos (w. 23-24).

Em João 14.2-3, lemos: Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito.
Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim
mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também. O vocábulo grego traduzido por lugar é topos, de
onde também se deriva a palavra “topografia”, o “estudo do espaço ou do lugar”. O céu é um lugar onde
desfrutaremos uma qualidade total de vida. O céu é citado na Bíblia mais de quinhentas vezes. É a “pátria
superior, a “cidade santa” (Hb 11.10; Ap 21). “Hoje estarás comigo no paraíso”, disse Jesus ao ladrão
convertido (Lc 23.43). O céu existe e será desfrutado por todo aquele que morrerem Cristo.

O inferno é a outra opção para se passar a eternidade. Mas, muitas pessoas que até acreditam na
existência do céu, não aceitam a existência do inferno. As mesmas Escrituras que revelam as delícias
eternas, também tornam conhecidos os terrores e o horror do inferno. “Fogo Eterno” (Mt 25.41),
“Abismo” (Ap 9.2-3), “Castigo Eterno” (Mt 25.46), “Segunda Morte” (Ap 21.8), “Eterna Destruição” (2
Ts 1,9).

4. HÁ COISAS IMPOSSÍVEIS APÓS A MORTE

4.1. É impossível mudar o estado eterno de quem já morreu

Conforme o ensino dado por Jesus, Deus afirmou para o homem que padecia no inferno, desejoso de
alívio “…está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós
outros não podem, nem os de lá passar para nos” (Lc 16.26).

A ênfase na expressão “não podem” ou seja “é impossível”, revela que o querer ou o desejar não é poder.
Sendo assim a doutrina católica romana do “purgatório”, como uma possibilidade de alterar o estado
espiritual de quem já morreu, não se acha de acordo com o ensino de Jesus.

4.2. É impossível para alguém que já morreu contatar com alguém que vive

A Bíblia afirma de maneira enfática que quando uma pessoa morre acontecem duas coisas: o corpo volta
ao pó e o espírito volta a Deus (Ec 12.7). Se houvesse o contato do espírito de uma pessoa que já morreu
com alguém que vive, isso .somente poderia acontecer com a permissão de Deus (Lc 16.27-31).
Entretanto, é o próprio Deus que proíbe e condena a tentativa de comunicar-se com mortos. E Ele jamais
praticaria o que Ele próprio proíbe e condena (Dt 18.10-11; Is 8.19).

4.3. É impossível Deus mudar o método que Ele próprio escolheu, para produzir arrependimento
naqueles que estão vivos

O homem que estava em tormento pediu a Deus que alguém dentre os mortos fosse ter com os seus
familiares. O objetivo era avisá-los sobre a existência do inferno, impedindo-os de irem para aquele lugar.
Contudo, Deus, que determina o fim e os meios,

já havia escolhido o método da pregação bíblica para produzir fé e arrependimento naqueles que ainda
vivem. A fé vem pelo ouvir e o ouvir a Palavra de Deus. “…Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos"
(Lc 16.29). A mediunidade é o método que Satanás tem utilizado para iludir as pessoas, “cegando o
entendimento” das mesmas, impedindo-as de aceitar a simplicidade da mensagem do Evangelho.

CONCLUSÃO

Meu amigo: Onde você passará a eternidade? Você que tem preocupado muito com o seu futuro material
precisa preocupar-se com o seu futuro espiritual. Não levamos nada desta vida para outra. Mas a decisão
acerca da sua vida após a sua morte é decidida aqui e agora.
EDB dia 14.09.2014 – Tema: A fundamentação
bíblica do dízimo
A fundação bíblica do dízimo
Malaquias 3.8-10

Precisamos entender alguns aspectos importantes sobre a questão do dízimo. Esse é um tema claro nas
Escrituras. Muitas pessoas, por desconhecimento, têm medo de ensinar sobre esse importante tema.
Outras, por ganância, fazem dele um instrumento para extorquir os incautos. Ainda outras, por desculpas
infundadas, sonegam-no, retêm-no e apropriam-se indevidamente do que é santo ao Senhor. O povo de
Deus, que fora restaurado por Deus, agora estava roubando a Deus nos dízimos e nas ofertas.

Thomas V. Moore interpretando a lei de Moisés, diz que os dízimos requeridos pela lei mosaica eram
10% de tudo o que o povo recebia, valores esses destinados à manutenção dos levitas (Lv 27.30-32).
Desses dízimos os levitas pagavam 10% aos sacerdotes (Nm 18.26-28). Ainda, outro dízimo era pago
pelo povo a cada três anos, destinado aos pobres, viúvas e órfãos (Dt 14.28,29).94

Vejamos alguns pontos importantes sobre o dízimo.

Em primeiro lugar, o dízimo é um princípio estabelecido pelo próprio Deus. A palavra dízimo maaser
(hebraico) e dexatem (grego) significa 10% de alguma coisa ou de algum valor. O dízimo não é uma cota
de 1% nem de 9%; o dízimo é a décima parte de tudo o que o homem recebe (Gn 14.20; Ml 3.10).96 O
dízimo não é invenção da Igreja, é princípio perpétuo estabelecido por Deus. O dízimo não é dar dinheiro
à igreja, é ato de adoração ao Senhor. O dízimo não é opcional, é mandamento; não é oferta, é dívida; não
é sobra, é primícia; não é um peso, é uma bênção.

Em segundo lugar, o dízimo é santo ao Senhor (Lv 27.32). Quando o rei Belsazar usou as coisas santas
e sagradas do templo de Deus para o seu próprio deleite, o juízo divino caiu sobre ele (Dn 5.22-31).
Quando Acã apanhou o que eram as primícias para Deus (Js 6.18,19) e as escondeu debaixo da sua tenda,
o castigo de Deus veio sobre ele (Js 7.1).

Em terceiro lugar, o dízimo faz parte do culto. A devolução dos dízimos fazia parte da liturgia do
culto. “A esse lugar fareis chegar os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos…”
(Dt 12.6). A devolucão dos dízimos é um ato litúrgico, um ato de adoração que deve fazer parte do culto
do povo de Deus.

Vejamos algumas desculpas descabidas quanto ao dízimo

A primeira desculpa é a justificativa teológica: O dízimo é da lei. Sim, o dízimo é da lei, é antes da lei
e também depois da lei. Ele existiu no sacerdócio de Melquisedeque, no sacerdócio levítico e no
sacerdócio de Cristo. A graça vai sempre além da lei (Mt 23.23).

A segunda desculpa é a justificativa financeira: “O que eu ganho não sobra”. Dízimo não é sobra, é
primícia. Deus não é Deus de sobra, de resto. A sobra nós damos para os animais domésticos. A ordem de
Deus é: “Honra ao Senhor com as primícias da tua renda…” (Pv 3.9). Os homens fiéis sempre separaram
o melhor para Deus, ou seja as primícias (Êx 23.19; 1Cr 29.16; Ne 10.37). Se não formos fiéis, Deus não
deixa sobrar. O profeta Ageu diz que o infiel recebe salário e o coloca num saco furado, vaza tudo. O que
ele rouba de Deus foge entre os dedos (Ag 1.6).

A terceira desculpa é a justificativa matemática: “Eu não entrego o dízimo, porque tem crente que não
é dizimista e prospera ao passo que tem crente dizimista pobre”. Não basta apenas ser dizimista, é preciso
ter a motivação correta. É um ledo engano pensar que as bênçãos de Deus limitam-se apenas às coisas
materiais.
A quarta desculpa é a justificativa sentimental: “Eu não sinto que devo entregar o dízimo”. Pagar o
dízimo não é questão de sentimento, mas de obediência. O crente vive pela fé e fé na Palavra. Não posso
chegar diante do gerente e dizer que não sinto vontade de pagar a dívida no banco.

A quinta desculpa é a desculpa da discordância pessoal: “Eu não concordo com o dízimo”. Temos o
direito de discordar, só não temos o direito de escolher as conseqüências das nossas decisões. Quando
discordamos do dízimo, estamos discordando da Palavra de Deus que não pode falhar. Quando
discordamos do dízimo, estamos indo contra a palavra dos patriarcas, dos profetas, e acima de tudo, do
Senhor Jesus, que disse: “Dai a César (os impostos, os tributos e as taxas) o que é de César e a Deus o que
é Deus (os dízimos e as ofertas)” (Mt 22.21).

Vejamos algumas praticas erradas quanto ao dízimo. Malaquias denuncia alguns pecados graves
quanto ao dízimo que estavam sendo cometidos:

O erro de reter. “Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos?
Nos dízimos e nas ofertas” (3.8). Joyce Baldwin diz que o verbo “roubar”, qaba, é raro no Antigo
Testamento, mas bem conhecido na literatura talmúdica como “tomar à força”. Mas de que forma em
Malaquias israelitas estavam pecando contra Deus: 1) trazendo ofertas indignas (1.13); 2) oprimindo os
pobres (3.5); 3) retendo os dízimos (3.8). A palavra roubar, portanto, significa tomar à força, ou seja, é
uma espécie de assalto intencional, planejado e ostensivo. Tentar defraudar a Deus é defraudar a si
mesmo, pois tudo que temos pertence a Deus: nossa vida, família e bens. Nossa confiança precisa estar no
provedor, mais do que na provisão. Nenhum homem jamais perdeu alguma coisa por servir a Deus de
todo o coração, ou ganhou qualquer coisa, servindo a Ele com o coração dividido.

O erro de administrar por conta própria. A Bíblia ensina: “Trazei todos os dízimos à CASA DO
TESOURO” (3.10). Não temos o direito de mudar uma ordem do Senhor (Dt 12.11). Não podemos fazer
o que bem entendemos com o que é de Deus. Este deve ser trazido integralmente à casa do Tesouro. A
casa do Tesouro era uma expressão que designava os celeiros ou armazéns, a tesouraria do templo,
amplos salões em que se colocavam os dízimos (1Rs 7.51).

O profeta Malaquias aponta quatro bênçãos que acompanham a restauração divina sobre aqueles
que são fiéis nos dízimos e nas ofertas

Em primeiro lugar, as janelas abertas do céu (3.10). É lá do alto que procede toda boa dádiva. Deus
promete derramar sobre os fiéis torrentes caudalosas das Suas bênçãos. Baldwin diz que as janelas do céu,
que se abriram para a chuva durante o dilúvio (Gn 7.11), “choverão” uma seqüência superabundante de
presentes, quando Deus mandar.109 É bênção sobre bênção, é bênção sem medida. Nós precisamos evitar
dois extremos: a teologia da prosperidade e a teologia da miséria. A teologia da prosperidade limita as
bênçãos de Deus ao terreno material; a teologia da miséria não enxerga a bênção de Deus nas suas
dávidas materiais.

Em segundo lugar, as bênçãos sem medida de Deus (3.10). A bênção de Deus enriquece e com ela não
traz desgosto. A Bíblia diz que o que plantamos, isso também colhemos. Mas colhemos sempre mais do
que plantamos. “Quem semeia com fartura, com abundância ceifará” (2Co 9.6). (veja também Lc 6.38 e
Prov. 11:24,25).

Em terceiro lugar, o devorador repreendido (3.12). Deus não age apenas ativamente derramando
bênçãos extraordinárias, mas também inibe, proíbe e impede a ação do devorador na vida daqueles que
lhe são fiéis. Alguém, talvez, possa objetar dizendo que há muitos crentes não dizimistas que são
prósperos financeiramente, enquanto há dizimistas que enfrentam dificuldades econômicas. Contudo, a
riqueza sem fidelidade pode ser maldição e não bênção. Também, as bênçãos decorrentes da obediência
não são apenas materiais, mas toda sorte de bênção espiritual em Cristo Jesus.

Em quarto lugar, uma vida feliz (3.12): “Todas as nações vos chamarão felizes, porque vós sereis uma
terra deleitosa, diz o Senhor dos Exércitos”. Há grande alegria na obediência a Deus. Quando a igreja é
fiel, a casa de Deus é suprida, a obra de Deus cresce, o testemunho da igreja resplandece, os povos
conhecem ao Senhor e a glória de Deus resplandece entre as nações. Ser cooperador com Deus é fazer um
investimento para a eternidade (1Co 3.9). Muitos estão investindo em projetos que não terão nenhuma
conseqüência eterna. Onde você está ajuntando tesouros? Onde está colocando suas riquezas? Onde você
tem o seu coração? O dinheiro do Senhor que está em suas mãos tem sido devolvido para o sustento da
obra de Deus?

Concluímos dizendo que Deus chama o Seu povo a fazer prova Dele. O Senhor nos exorta a fazer
prova Dele quanto a essa matéria (Ml 3.10). Deus não quer obediência cega, mas fidelidade com
entendimento. O dinheiro é uma semente. Quando você semeia com fartura, você colhe com abundância.
Na verdade você tem o que dá, e perde o que retém. A semente que se multiplica não é a que você come,
mas a que você semeia. Jesus disse que mais bem-aventurado é dar que receber (At 20.35). Que Deus nos
abençoe!

O Que é o Sacerdócio Segundo a Ordem de


 

Melquisedeque?
A Bíblia fala sobre o sacerdócio de Cristo segundo a ordem de Melquisedeque, e isso faz com que
muita gente fique em dúvida sobre o que é a “ordem de Melquisedeque” e qual o seu significado.
Para entendermos isso, primeiramente precisamos entender que Melquisedeque foi um rei que viveu no
tempo do patriarca Abraão.

Como ele era contemporâneo de Abraão, obviamente ele não pertencia a sua linhagem, portanto, ele não
fazia parte do povo judeu. Mesmo assim, a Bíblia diz que ele era sacerdote de El Elyon, isto é, do Deus
Altíssimo, e seu sacerdócio era tão legitimo que o próprio Abraão pagou dizimo a ele e foi abençoado por
ele (Gênesis 14).

Os textos bíblicos que falam sobre a ordem de Melquisedeque

Para entendermos o que é a ordem de Melquisedeque, devemos considerar especialmente dois textos
bíblicos. São eles: Salmo 110:4 e Hebreus 7. No primeiro, o salmista Davi, em um salmo messiânico, faz
uma comparação direta entre o sacerdócio de Melquisedeque e o sacerdócio do Messias:
Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque.
(Salmos 110:4)

Já o escritor da carta aos Hebreus, com base no relato do livro de Gênesis em conexão com o salmo
messiânico de Davi, explora de forma bastante detalhada essa comparação entre Cristo e Melquisedeque.
Ele próprio cita diretamente o salmo de Davi:

Mas este com juramento por aquele que lhe disse: Jurou o Senhor, e não se arrependerá; Tu és sacerdote
eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque,
(Hebreus 7:21)

O que significa a ordem de Melquisedeque?

Com base nesses textos, podemos facilmente entender o significado da expressão “ordem de
Melquisedeque”. Para isso, vamos fazer uma exposição simples do capítulo 7 de Hebreus.

Como o próprio nome da epístola deixa claro, o escritor estava escrevendo para judeus, e, basicamente,
no capítulo 7, utilizando a própria Bíblia judaica (o Antigo Testamento), ele mostra a superioridade do
sacerdócio de Cristo em relação ao sacerdócio da casa de Levi, construindo sua argumentação sob o relato
de Gênesis 14, onde o sacerdócio de Melquisedeque é um exemplo do sacerdócio de Cristo.

O escritor, em sua exposição, conclui que Melquisedeque é superior a Abraão e, consequentemente,


seu sacerdócio também é superior ao de Arão. Abraão pagou dízimo a Melquisedeque, e
Melquisedeque o abençoou, fato que determina tal superioridade.

Abraão é o ancestral de Levi, cuja linhagem pertencia todos os sacerdotes, e o sacerdócio de


Melquisedeque foi anterior ao sacerdócio da tribo de Levi. Apenas os filhos de Levi que receberam o
sacerdócio é que podiam tomar o dízimo, mas Melquisedeque, que não pertenceu àquela genealogia,
tomou dízimo de Abraão e o abençoou (Hb 7:6).

Um detalhe muito importante explorado pelo autor de Hebreus, é que a linhagem de Melquisedeque não é
revelada. Ele escreve que Melquisedeque foi “sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de
dias nem fim de vida” (Hb 7:3), e isso é muito significativo, pois todo sacerdote deveria ter descendência
comprovada na tribo de Levi, e todos eles (os sacerdotes) tiveram suas mortes atestadas, sendo então
substituídos por outros. Porém, nada é dito sobre a morte de Melquisedeque, e muito menos sobre sua
origem. Ele apareceu e desapareceu.

Isso não implica em algo sobrenatural em relação à vida de Melquisedeque, mas o objetivo da exposição
do capítulo 7 é evidenciar que, assim como ele foi rei e sacerdote antes da Lei, e reconhecido dessa forma
pelo grande patriarca Abraão, o sacerdócio de Cristo também era legitimo e muito superior ao sacerdócio
iniciado em Israel com Arão, além de que, o sacerdócio de Cristo permanece para sempre.

Jesus não descendia da tribo de Levi, portanto, pela Lei, não poderia ser sacerdote (Hb 7:14; 8:4). Mas o
sacerdócio de Cristo não foi feito pela Lei, mas segundo a virtude da vida incorruptível (Hb 7:16) e
perfeito para sempre (Hb 7:28). Para que houvesse um sacerdote que não fosse da tribo de Levi, a Lei
precisaria ser mudada (Hb 7:12), porém em Jesus, o escritor explica que todo o sacerdócio pela Lei era
temporário, pois Cristo é o último e supremo Sumo Sacerdote.

Os sacerdotes tinham a função de serem intermediários entre o do povo e Deus, porém Jesus é o único e
suficiente intermediário. Não há mais necessidade de sacrifícios, pois Ele ofereceu-se a si mesmo uma
única vez como sacrifício (Hb 7:27). Saiba mais sobre quem eram os sacerdotes na Bíblia.

Basicamente, o escritor de Hebreus estava dizendo que se um judeu convertido ao cristianismo voltasse
ao judaísmo, ele estava necessariamente andando para trás, pois estava voltando a um sistema
ultrapassado, e recorrendo a um tipo de sacerdócio inferior ao de Cristo.
Outro ponto interessante nessa comparação é a questão dos significados dos nomes “Melquisedeque” e
“Salém”, que, conforme já foi dito, o escritor traduz como “rei de justiça” e “rei de paz” (Hb 7:2),
tipificando o reinado de justiça e de paz do Messias e confirmando o que foi dito através da profecia do
profeta Isaías (Is 9:6,7).

Aqui podemos nos lembrar do que foi dito pelo apóstolo Pedro, ao declarar que, através da obra perfeita
do Sumo Sacerdote que é Cristo, nós somos geração eleita, povo adquirido, nação santa e sacerdócio real
(1Pe 2:9).

Portanto, ao utilizar a figura de Melquisedeque, bem como a expressão “segundo a ordem de


Melquisedeque” que foi sacerdote antes da Lei, o texto bíblico não esta fazendo referência a uma
“ordem” ou “linhagem secreta” de super sacerdotes, mas estava mostrando que antes de Deus ter
instituído pela Lei o sacerdócio na casa de Levi, Cristo já era mediador e Sumo Sacerdote de seu povo.

https://www.palavraprudente.com.br/estudos/calvin_d/escatologia/cap03.html

Pães asmos — A importância do autoexame


Pães asmos- A importância do autoexame

Texto Básico: Êxodo 12.14-20

Leitura Diária
D Êx 20.1-17 – O padrão da santidade
S 2Rs 17.7-23 – Corrupção em Israel
T Mc 4.1-20 – As sementes e a boa terra
Q Mt 15.1-20 – O que nos contamina
Q 1Co 5.1-13 – Massa nova e sem fermento
S Ef 4.17–5.21 – A nova vida descrita
S 1Co 15.50-58 – Seremos todos transformados

Introdução

A celebração da Páscoa dava início a outra celebração muito significativa em Israel, a Festa dos Pães
Asmos. Nela, por sete dias, o israelita deveria comer pães sem fermento (asmos) e estar preocupado com
a presença do fermento em sua casa. Aquilo que parece ser uma simples restrição dietética temporária é
na verdade uma profunda demonstração do processo de santificação que acompanha a obra da redenção.
Estudaremos hoje como essa festa ensina acerca dos aspectos divinos e humanos envolvidos em nossa
santificação em Cristo.

I. A descrição da festa

A festa começava com a seguinte ordem: “Ao primeiro dia, tirareis o fermento das vossas casas” (Êx
12.15). Concomitantemente ao período de separação do cordeiro para o sacrifício pascal, o israelita
deveria fazer uma rigorosa inspeção em sua casa, limpando-a e vasculhando-a para eliminar todo o
resquício de fermento. Como acontecia com a Páscoa, a Festa dos Pães Asmos começava alguns dias
antes do dia indicado para seu início. No fim do dia 14 de abibe (o dia da Páscoa), tudo deveria estar
preparado.

Naquela época o fermento era algo bem diferente daquele que temos hoje em nossas casas. O fermento
era produzido por meio da mistura de água à farinha de trigo que era deixada ao ar livre, o que, depois de
alguns dias, provocava a fermentação1. Para acelerar o processo, essa massa levedada era guardada em
casa e misturada à massa nova, quando se fosse fazer pão.

Curiosamente, o fermento, ou pelo menos o seu uso para fazer pão, foi uma descoberta dos egípcios2.
Assim, podemos entender que essa festa foi instituída para marcar claramente a saída de Israel do Egito.
Israel deveria ser uma nova massa, o fermento do Egito deveria ser deixado para trás.

Ao sair do Egito, Israel precisava preparar pão para viagem, mas não tinha tempo para esperar a
fermentação. Vem daí a ordem divina de assar as massas antes que estivessem fermentadas.

A festa durava sete dias, começava e terminava em um sábado, e em cada um deles ocorria uma santa
convocação. Ela era constituída de duas ordens, uma positiva e uma negativa. Além de retirar todo o
fermento da casa, durante toda a semana Israel deveria comer pães sem fermento.

Há apenas uma menção da realização dessa festa no Antigo Testamento, mas é muito significativa.
Quarenta anos depois de sair do Egito, quando Israel atravessou o Jordão e entrou na terra prometida para
celebrar a nova vida que estavam iniciando, Josué e o povo celebraram a Festa dos Pães Asmos (Js 5.11).

Nos dias de Jesus, essa festa continuava a ser realizada e se confundia com a celebração da Páscoa, como
lemos em Lucas 22.1: “Estava próxima a Festa dos Pães Asmos, chamada Páscoa”. E em Marcos 14.12
encontramos uma descrição de seu primeiro dia.
Os judeus haviam criado uma tradição para marcar a festa, uma espécie de jogo que se chamava Bedikat
Ha Metz, a remoção do levedo da casa. “Depois da limpeza normal da casa, a mãe deixava de propósito
vários pedaços de pão com fermento espalhados pela casa, alguns grandes em lugares óbvios, para as
crianças pequenas, e outros em lugares mais difíceis, para os filhos mais velhos. O pai liderava a
aventura. Usando uma vela, uma colher de pau, uma pena e um pedaço de linho, a família procurava
diligentemente até encontrar todos os pedaços” (Encontrei Jesus numa festa de Israel, J. Sittema, Cultura
Cristã).

A dramatização ensinava uma importante lição. O fermento representava a idolatria e a influência do


Egito, que deviam ser deixadas para trás, mas ainda estavam presentes na vida dos israelitas e deviam ser
cuidadosamente localizadas e eliminadas.

Em Êxodo 19.4-6, o Senhor declarou que tirou Israel do Egito para fazer dele uma nação santa (cf. Sl
114.1-2). Nos Dez Mandamentos vemos como a saída do Egito está ligada a uma vida de compromisso
exclusivo com Deus. Por essa mesma razão, Josué teve como missão destruir todos os ídolos que havia
em Canaã e todos os seus adoradores (Js 10.40-42). Também por ela, os profetas combateram bravamente
a idolatria praticada pelos filhos de Israel, até que o povo fosse castigado por sua infidelidade a Deus (2Rs
17.7-23).

II. Acautelai-vos do fermento

A advertência contra o fermento foi renovada por Jesus Cristo a seus discípulos. No entanto, o fermento a
que ele se referia era o ensino dos fariseus, dos saduceus e de Herodes (Mc 8.14-15; Mt 16.12).
Respectivamente, eles eram as pessoas que controlavam o culto, a aplicação da lei e o governo em Israel.
Sua autoridade estava corrompida e, assim, eles voltavam a escravizar o povo de Deus.

É fácil perceber as inúmeras formas como a falsa religião e os poderes deste mundo corrompem o
verdadeiro relacionamento com Deus. Na parábola do semeador, a terceira semente caiu entre os espinhos
que, representando os cuidados deste mundo, a fascinação das riquezas e as demais ambições, sufocam e
tornam infrutífera a Palavra de Deus (Mc 4.19).

Devemos estar atentos a tudo o que nesse mundo procura preencher e conduzir a nossa mente, afastando-
nos de Cristo. Paulo descreve assim o seu ministério: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e
sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofisma se toda altivez que se levante
contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Co 10.4-5).

São inúmeras as fontes de corrupção dentro de nossas casas. Podemos citar a presença de maus hábitos de
família, bem como a ausência de bons hábitos, o que assistimos na televisão, o que vemos no computador,
as músicas que ouvimos. Somam-se a isso más companhias e amizades que nos corrompem com más
conversações (1Co 15.33). Paulo, por exemplo, adverte-nos contra a conversação torpe, as palavras vãs,
as chocarrices (as bem conhecidas piadinhas), a linguagem obscena do falar (Ef 5.2-3). Infelizmente,
essas coisas têm sido vistas em abundância nas famílias e nas igrejas. O fermento da influência do mundo
não só está presente, mas também está tomando a direção de muitas vidas.

Além disso, devemos considerar que o fermento corruptor não vem apenas das coisas que nos cercam. Na
verdade, seu maior poder está muito mais perto, está dentro de nós, naquilo que a Bíblia chama de
coração. Jeremias escreveu: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente
corrupto; quem o conhecerá?” (Jr 17.9). Essa descrição foi confirmada por Jesus quando disse: “Mas o
que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o homem. Porque do coração procedem maus
desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. São estas as coisas
que contaminam o homem; mas o comer sem lavar as mãos não o contamina” (Mt 15.18-20).

Vemos com isso que a purificação pretendida por Deus vai além dos aspectos exteriores. Uma verdadeira
limpeza espiritual terá de ir além da limpeza da casa, além do controle de nossos relacionamentos e das
influências que nos cercam. Uma verdadeira limpeza terá de incluir o nosso coração.

Segundo Sittema: “A instrução para vasculhar nossa ‘casa’, quer inclua os pensamentos, os
comportamentos morais, as famílias ou as igrejas, parece uma maneira apropriada de honrar essa festa.
Quando fazemos isso, buscamos a santidade e, ao mesmo tempo, salvaguardamos a liberdade da redenção
em Cristo, uma redenção caracterizada de modo claro pela ausência de fermento” (J. Sittema).

III. O exame de Cristo

No entanto, é justamente aqui que encontramos nossa maior dificuldade. Logo que começamos a realizar
essa faxina espiritual percebemos que não conseguimos identificar todo o pecado que temos em nosso
coração (Sl 19.12). E, pior que isso, não conseguimos sequer eliminar o pecado que conseguimos
reconhecer (Rm 7.14-24). Nosso esforço em busca da purificação, por mais necessário e recomendável
que seja, sempre se mostra insuficiente.

Para cumprir os propósitos da Festa dos Pães Asmos precisamos de mais do que nossa boa vontade e
esforço. Precisamos de Jesus Cristo.

A. Jesus conhece o nosso coração

Nos dias que antecederam sua crucificação, os evangelhos registram Jesus purificando o templo, a casa de
Deus, demonstrando sua prerrogativa de vasculhar Jerusalém em busca do velho fermento (cf. Sf 1.12).
Marcos nos conta que após entrar triunfalmente em Jerusalém, Jesus foi ao templo e observou tudo (Mc
11.11). No dia seguinte, voltou para o templo e expulsou todos os que ali compravam e vendiam,
corrompendo a casa de Deus, tornando-a um covil de salteadores (Mc 11.15-17). Mas além de identificar
o fermento no templo, Jesus identificou a corrupção presente no coração dos fariseus (Mt 23.25-28).

No verso seguinte àquele de Jeremias, que fala da corrupção do nosso coração, lemos as seguintes
palavras do Senhor: “Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a
cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações” (Jr 17.10). Deus é o único que pode
sondar e conhecer o coração (Sl 139.23). Nada pode se esconder dos olhos de Deus. Sua Palavra é a única
capaz de penetrar profundamente o nosso interior e discernir os pensamentos e propósitos do coração (Hb
4.12-13).

Esse atributo divino foi plenamente exercido por Cristo. Ele conhecia o pensamento dos seus inimigos
(Mt 9.4; 12.25), os corações dos seus discípulos (Lc 9.47) e a natureza daqueles que estavam ao seu redor
(Jo 2.24-25).

Assim, quando buscamos a purificação de nosso coração, encontramos em Jesus alguém absolutamente
capaz de identificar todo o pecado que está presente em nosso coração. Então oramos como Davi,
pedindo a sondagem de nosso Senhor (Sl 139.23).

B. Jesus se tornou pecado em nosso lugar

No entanto, se Jesus se limitasse a conhecer perfeitamente o nosso coração, só nos causaria o desespero
de saber que estamos irremediavelmente condenados pelo nosso pecado. Por isso, Jesus faz mais do que
apontar a presença do fermento do pecado em nosso coração. Ele se fez pecado por nós e morreu para nos
tornar justos. De modo altamente significativo ele foi sepultado e retirado de entre os homens no início da
Festa dos Pães Asmos. Ele se tornou o fermento a ser eliminado. Por isso, Paulo escreveu aos coríntios:
“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de
Deus” (2Co 5.21). Da mesma forma, Pedro confirma que “Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o
justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus” (1Pe 3.18).

A morte de Jesus é o único meio pelo qual podemos experimentar a santificação. Jesus faz muito mais do
que validar nossos esforços para uma vida santa. Com o seu sangue ele nos resgatou do fútil
procedimento que nossos pais nos legaram, purificou a nossa alma e nos torna santos em todo o nosso
procedimento (1Pe 1.15,18-19, 22).

Desde então, o Novo Testamento associa a morte de Jesus com a nossa santificação, como podemos ver,
por exemplo, em Romanos 6.1-14.
IV. A nova massa

Diante da obra purificadora de Jesus Cristo, o chamado bíblico para a nossa santificação adquire um
significado muito mais profundo. Sittema escreve que “Jesus não permitirá que inimizemos a
profundidade de nossa depravação nem que neguemos a influência fermentadora do pecado sobre nossos
relacionamentos. Antes, ele nos conclama a examinar nossa vida de modo minucioso e profundo”.

1Coríntios 5.7-8, tomando por base a Festa dos Pães Asmos, expõe muito claramente nosso desafio como
igreja e como crentes: “Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem
fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado. Por isso, celebremos a festa não com o
velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da
verdade”.

Aqui somos chamados a romper com todos os sinais da velha vida que ainda estão presentes em nós,
sejam eles pessoas que vivem de forma impura (1Co 7.9-11), sejam práticas próprias do velho homem (Ef
4.22; Cl 3.9). Hebreus 12.1-2 nos exorta a despojar de todo peso do pecado e a correr olhando firmemente
para Jesus, autor e consumador da nossa fé. Por isso, o fermento da malícia e da maldade não devem mais
contaminar a nossa vida e estragar a festa espiritual que começou com a nossa redenção na cruz de Cristo.

Esse despojamento não é algo que vem de nós. Vem do fato de sermos uma nova massa, sem fermento,
em Cristo. Só é possível porque Cristo identificou todo o fermento em nós, tornou-se ele mesmo o
fermento a ser eliminado e tornou real o propósito divino de santificar um povo para si.

Há, portanto, três aspectos da santificação. Um que foi realizado por Cristo ao morrer em nosso lugar.
Nesse aspecto, somos santos porque fomos purificados pelo único que pode examinar e limpar com
perfeição. O outro é o imperativo de vivermos de acordo com os padrões dessa vida santa para a qual
fomos chamados em Cristo.

Um último aspecto a observar é a duração da festa. Assim como a Festa dos Pães Asmos, em Israel, que
começava e terminava com uma santa convocação e durava uma semana inteira, a Festa dos Pães Asmos,
em Cristo, começa com sua obra santificadora na cruz e dura até que sua obra seja completada com a
nossa santificação no último dia (1Co 15.50-57).

Conclusão

A Festa dos Pães Asmos tem ensinos necessários a todo o percurso de nossa vida neste mundo
corrompido. Ela nos ensina a tomar atitudes claras contra a influência de todas as formas de corrupção
dentro e fora de nós e a compreender que a santidade é a principal característica da nova vida. Mas
também nos lembra de que uma vida de santidade só é possível àqueles que foram examinados e
purificados pelo sacrifício de Jesus na cruz. Para estes, o compromisso da santificação é um dever que se
aperfeiçoará até nossa transformação final no retorno de Jesus.

Aplicação

Você tem experimentado os efeitos santificadores da redenção? Tem assumido o compromisso de uma
vida sincera e verdadeira com base na obra de Jesus em seu favor? Tem lutado contra as influências
malignas do mundo e da carne e as eliminado tanto quanto possível? Essa é a descrição de uma vida sem
fermento. Uma vida restaurada para a glória de Deus e seu serviço.

Novos céus e nova terra


Em 2ª Pedro 3:13 temos uma revelação importante que nos ajuda a compreender o caráter
da transformação completa do Universo por ocasião do estabelecimento do Reino de Deus
entre os homens:

“Naquele dia os céus serão desfeitos pelo fogo, e os elementos se derreterão pelo calor.
Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, onde
habita a justiça” (cf. 2ª Pedro 3:12,13)

Note que Pedro não diz que Deus fará novo céu e nova terra, mas novos céus, no plural.
Como o primeiro Céu é a atmosfera do nosso planeta, o segundo Céu é o espaço sideral
onde o sol, a lua e as estrelas estão situados, e o terceiro Céu é a dimensão espiritual onde
Deus habita, a menção a Deus criar novos céus, no plural, compreende todo o Universo
cósmico e todas as dimensões, abrangendo não apenas a atmosfera terrestre (primeiro
Céu), mas tudo (céus, no plural). Isso fica ainda mais claro quando vemos os léxicos do
grego traduzirem essa palavra utilizada por Pedro da seguinte forma:

3772 ουρανος ouranos

talvez do mesmo que 3735 (da idéia de elevação); céu; TDNT - 5:497,736; n m

1) espaço arqueado do firmamento com todas as coisas nele visíveis.

1a) universo, mundo.

1b) atmosfera ou firmamento, região onde estão as nuvens e se formam as tempestades,


e onde o trovão e relâmpago são produzidos.

1c) os céus siderais ou estrelados.

2) região acima dos céus siderais, a sede da ordem das coisas eternas e consumadamente
perfeitas, onde Deus e outras criaturas celestes habitam.

Perceba a amplitude que essa palavra possui, abrangendo todo o mundo, o universo, todos
os “céus”. Ela abrange tanto o nosso mundo visível como o invisível, tanto a nossa
atmosfera terrestre como também a região acima dos céus siderais, onde Deus e outras
criaturas celestes habitam. Em outras palavras: tudo! Então, quando Pedro diz que Deus
fará novos céus (ouranos) e nova terra, ele não está dizendo aquilo que a concepção
popular acredita a este respeito, de que apenas a terra e a atmosfera da terra passarão por
transformação (se fosse assim, ele teria empregado a palavra ouranothen, com significado
bem mais modesto[1]), mas se referia a todas as dimensões do Universo.

E quais são as implicações disso?

Muitas, em todos os sentidos. Em primeiro lugar, porque o próprio Pedro diz na sequencia
que nessa nova criação, com novos céus e nova terra, habitará a justiça (cf. 2Pe.3:13).
Não haverá iniquidade nessa nova criação, com ímpios blasfemando enquanto são
atormentados para sempre em um lago de fogo e enxofre real e literal. João também
completa o pensamento de Pedro dizendo que nessa Nova Ordem já não haverá morte,
nem tristeza, nem choro, nem dor, porque essas são coisas da antiga criação (cf. Ap.21:4).
Desta forma, é impensável crer que nessa nova criação haverá um lago de fogo queimando
bilhões de criaturas infieis a Deus, chorando, tristes, sofrendo horríveis dores, em processo
contínuo de morte, todas essas coisas que batem de frente com aquilo que João diz sobre
essa nova criação de Deus, que se refere a todo o Universo criado e não apenas aos justos.

Em segundo lugar, se o lago de fogo é um retrato real e literal de um “inferno” sobre a


terra, então para onde teriam sido levados os perdidos após a transformação total do
Universo? Ora, a descrição dos ímpios como sendo “devorados” pelo fogo que caiu do Céu
(cf. Ap.20:9) vem antes da descrição de novos céus e nova terra (cf. Ap.21:1), antes da
transformação total do Universo. Para os ímpios continuarem queimando em algum lugar,
a Bíblia deveria descrever que esse lago de fogo foi transferido para algum local do
Universo para ali continuar queimando eternamente, até porque na nova terra não haverá
mar (cf. Ap.21:1).

Contudo, não há nenhuma informação de que tal lago de fogo se transfira para outra parte
do Universo para ali continuar queimando eternamente ou que continue em funcionamento
após a criação de novos céus e de nova terra. A razão para isso é que eles não vão a lugar
algum, porque o lago de fogo é a segunda morte, a morte final e irreversível, e não um
lugar físico literal na superfície da terra.

Em terceiro lugar, o autor de Hebreus nos disse que a missão de expiatória de Cristo é de
“aniquilar o pecado” (cf. Hb.9:26). Mas como isso pode ser colocado em prática de fato, se
para sempre existirão ímpios e demônios subsistindo eternamente em um lago de fogo,
sofrendo e blasfemando contra Deus? Ora, só é possível aniquilar o pecado se aniquilar os
pecadores, pois o pecado não é como um objeto que se destrói, mas uma ação que provém
de uma pessoa. Portanto, para aniquilar o pecado, é necessário aniquilar os pecadores.
Doutra forma, para sempre haveria no mundo um “ponto negro” no Universo, onde bilhões
de criaturas dão gritos de angústia e dor, blasfemando contra Deus e o Cordeiro, se
odiando mutuamente e conservando todo tipo de mal em si mesmos. O pecado nunca seria
aniquilado, porque para sempre haveriam pecadores. Como diz Bacchiocchi:

“O propósito do plano de salvação é, por fim, erradicar a presença de pecado e pecadores


deste mundo. Apenas se os pecadores, Satanás e os anjos maus por fim forem consumidos
no lago de fogo e experimentarem a extinção da segunda morte é que verdadeiramente
podemos dizer que a missão redentora de Cristo foi uma vitória inigualável. O tormento
infindável lançaria uma sombra permanente de trevas sobre a nova criação” [2]

Na nova criação, não haverá nem raiz e nem ramo do pecado, nem sequer um único átomo
ou parte de um átomo, de sofrimentos ou de vestígios do pecado em todos os recantos do
Universo restaurado sob a Nova Ordem, durante a eternidade. Essa visão bíblica está
aliada ao quadro de transformação da criação à sua perfeição original, longe do pecado e
de pecadores, enquanto a visão imortalista crê que para sempre haverá pecado e
pecadores, eternizando as blasfêmias e perpetuando o pecado, semelhante ao quadro atual
em que vivemos hoje.

Em quarto lugar, o apóstolo Paulo disse que “nele [em Deus] vivemos, e nos movemos, e
existimos” (cf. At.17:28). Tendo em vista que nós só existimos em Deus, é impossível
que o lago de fogo se refira não a uma morte real como cessação de existência, mas
meramente como uma morte espiritual como separação de Deus, pois ninguém pode
viver completamente separado de Deus e continuar existindo. Enquanto estamos
nesta vida, Deus mantém todos em existência, pois para todos ainda há possibilidade de
arrependimento para a vida eterna. Mas qual seria o sentido em manter bilhões de
criaturas em existência se elas já foram condenadas?

Evidentemente, nenhuma. A existência somente em Deus é uma prova irrefutável de que


somente aqueles que estão em Cristo desfrutarão de uma existência eterna no futuro.
Sustentar que os ímpios também terão uma existência eterna é se contrapor à doutrina
bíblica de que somente em Deus existimos, apenas nEle podemos existir eternamente. Foi
por isso que Cristo disse que ele é “o caminho, a verdade e a vida” (cf. Jo.14:6), porque
não existe vida longe de Deus.

Em quinto lugar, essa nova criação ocorrerá “para que Deus seja tudo e em todos” (cf.
1Co.15:28). Note que a construção da frase está no futuro – para que Deus seja (ele não
é ainda!) tudo e em todos! Por que Deus ainda não é tudo e em todos? Por que isso
somente ocorrerá no futuro, como aponta Paulo neste verso? Porque enquanto existirem
ímpios e pecadores, demônios e homens maus, Deus não pode ser “em todos”, pois Ele
não habita nessas pessoas. Deus habita apenas naqueles que são seus filhos, através do
seu Espírito Santo. Foi por isso que Jesus disse:

“E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre, o
Espírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas
vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês” (cf. João 14:16,17)

Deus não habita nas pessoas “do mundo” (ímpios), mas habita em nós (Igreja) através do
Seu Espírito. Por essa razão Paulo deixa claro que Deus ainda não é em todos: porque
Deus não pode habitar em ímpios. Enquanto existirem ímpios, Deus não será em todos,
mas apenas em alguns, nos salvos. Futuramente, porém, quando os ímpios e o diabo
forem completamente aniquilados e perderem a existência, Deus será tudo e em todos!
Não existindo ímpios, mas apenas santos, Deus está em todos, sem exceção. Somente
quando os ímpios deixarem de existir Ele será em todos, porque apenas os salvos existirão,
aqueles em quem ele põe o seu Espírito Santo. A evidência de inexistência futura dos
ímpios é incontestável.

E aqui reside um sexto problema da visão imortalista: na ótica deles, a existência em si


não é um privilégio, nem um dom de Deus, mas algo natural, pois a alma é imortal e o
tormento dos ímpios é eterno. Ao invés de a obtenção de uma vida eterna ser um dom e
um prêmio, qualquer um vive eternamente, seja no Céu ou no inferno. Não é estar em
Deus que garante a existência, nem caminhar com Cristo que permite viver eternamente, a
única distinção é entre viver eternamente no Céu ou viver eternamente no inferno, em
uma existência contínua e ininterrupta.

A Bíblia, ao contrário, apresenta o fato de viver para sempre como sendo em si mesmo um
dom de Deus, porque o castigo natural pelo pecado do homem é a morte (cf. Gn.3:19).
Assim, ao invés de a eternidade ser algo natural, o que é natural é a morte como
consequencia do pecado. O próprio fato de poder viver eternamente, então, é um dom de
Deus, uma graça divina, um prêmio. É por isso que em todo o Novo Testamento vemos
sempre que o foco era em conseguir a vida eterna, e não em ir morar no Céu. O contraste
não era entre ter uma vida eterna no Céu e não no inferno, mas entre ter uma vida eterna
ou não ter uma vida eterna.

Por fim, ainda que se tentem elaborar argumentos da mais refinada retórica e tentativas de
explicações “lógicas” (muito mais baseadas na filosofia do que no amor e na justiça de
Deus), “não há como justificar que o Criador irá preservar a vida de bilhões de criaturas
com o único propósito de que vivam pela eternidade sofrendo por erros e faltas não
perdoados, cometidos durante algumas décadas de vida sobre a terra (ou menos)”[3]. E o
professor Azenilto Brito completa: “E há quem ensine que Deus ‘predestina’ alguns para se
salvar, enquanto os que se perderem é por não terem sido assim ‘escolhidos’! Nasceram
para mais tarde viver eternamente queimando... Não admira a imensa quantidade de
ateus, agnósticos  e materialistas que têm povoado este planeta”[4].

Qual a finalidade em deixar queimando eternamente bilhões e bilhões de criaturas, ainda


mais quando já pagaram por aquilo que merecem? Qual a finalidade em preservar a vida
nestes casos, o que também teria como consequência a não-erradiação do pecado (pois
haveria para sempre um “ponto negro” no inverso, cheio de pessoas blasfemando)? Se já
pagaram de acordo com os seus pecados, então por que não aniquilar de vez com o
pecado, mas, ao invés disso, manter em tormento eterno a alma de alguma pessoa sem
qualquer finalidade em si mesma, em um processo que nem sequer tem um fim? Estariam
“pagando a mais” pelo que? Por que perpetuar ao invés de colocar um fim completo no
pecado e nos pecadores? Como disse Bacchiocchi:

“A intuição moral que Deus implantou em nossas consciências não pode justificar a
insaciável crueldade de uma divindade que sujeita os pecadores ao tormento eterno. A
justiça divina nunca poderia requerer para  pecadores finitos a infinita penalidade da eterna
dor, porque o tormento infindável não serve a qualquer propósito reformatório,
precisamente porque não tem fim”[5]

Por tudo isso e muito mais, a noção de um inferno de fogo eterno, que nunca completará
sua obra destrutiva, é completamente incompatível com a noção de que Deus é amor e
justiça. Na nova criação, todo o pecado será completamente aniquilado, quando tudo se
fizer novo. Não haverá mais tristeza, nem choro, nem morte, nem luto, nem dor (cf.
Ap.21:4). Se até mesmo quando alguém querido daqui da terra morre e é sepultado,
pensando-se que foi para o Céu, já há luto, quanto mais sabendo que no exato momento
algum familiar seu está sofrendo e vai sofrer mais ainda para todo o sempre no inferno,
sob torturas colossais! Como não estar de “luto” ou “tristeza” numa circunstância dessas?

Felizmente, a mensagem bíblica é de que apenas os justos herdarão a imortalidade, pois


somente eles desfrutarão da árvore da vida no Paraíso de Deus:

“No meio da sua praça, e de um e de outro lado do rio, estava a árvore da vida, que
produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a
saúde das nações... Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para
que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas” (cf.
Apocalipse 22:2,14)

A árvore da vida é um símbolo de imortalidade (cf. Gn.3:22), que só será desfrutada pelos
remidos, e após a ressurreição dentre os mortos (cf. Ap.22:2,14). Neste momento, a
árvore da vida, símbolo do dom da imortalidade, estará disponível aos salvos novamente,
que dela comerão, e que reinarão com Cristo para todo o sempre.

“E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem
pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas; E o que
estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-
me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis” (cf. Apocalipse 21:4,5)

Significado bíblico de Sheol/Hades, Tártarus e Geena


Um problema crônico que os tradutores bíblicos enfrentam é a tradução para a palavra
inferno a partir de palavras gregas. Isso porque a palavra inferno não vem nem do
hebraico do AT nem do grego do NT, mas vem do latim infernus, de séculos posteriores.
Essa palavra não existe originalmente na Bíblia, cabendo aos tradutores “identificarem” o
inferno em palavras gregas tendo por base as suas próprias convicções teológicas. Algumas
palavras que foram traduzidas por “inferno” são Sheol, Hades, Tártarus e Geena, sem que
o sentido real de algumas dessas palavras fosse realmente o infernus que ficou
popularmente conhecido como um local de tormento e castigo [1].

O leitor humilde não tem como descobrir, então, o que é e o que não é inferno, por
traduzirem todas essas como “inferno” em diferentes ocasiões, conquanto que tenham
significados bem distintos entre si. O significado de Sheol ou Hades difere do Tártaro, que
por sua vez difere do Geena. É necessário voltamos aos originais se queremos descobrir
qual delas é que está no original, em cada citação distinta. Tendo em vista que, como
vimos, os ímpios não se encontram atualmente no inferno, então este é um lugar que está
para ser inaugurado. Mas de todas as palavras que vimos acima e que são traduzidas por
“inferno” em nossas Bíblias, qual delas seria realmente um local de punição futura aos
condenados? É isso o que veremos agora.

Sheol/Hades – Sheol (no hebraico) e Hades (transliterado grego) não era um lugar de
tormento, mas era puramente sepultura na concepção hebraica bíblica. Abraão foi enterrar
o seu filho do Sheol (cf. Gn.37:35). Os ossos vão para o Sheol (e não “espíritos” – ver
Salmo 141:7). O Salmo 49:14 nos indica que até as ovelhas descem para o Sheol na
morte. O Sheol é um local de escuridão, e não de fogo que remete à luminosidade (cf.
Sl.88:10-12; Jó 10:20,21; Lm.3:6). O Sheol é um lugar de silêncio, e não de gritaria do
inferno (cf. Sl.94:17; Sl.115:17). Não são “espíritos incorpóreos” que descem ao Sheol na
morte, mas sim a própria pessoa com sangue (cf. 1Rs.2:9).

É lugar de descanso e de repouso, e não de dor ou de tormento (cf. Jó 3:11,13,17). No


Sheol, não existe atividade e nem conhecimento ou sabedoria nenhuma (cf. Ec.9:10). Os
que lá estão não louvam a Deus (cf. Sl.6:5) e nem sequer tem lembrança dEle (cf. Sl.6:5)!
No Sheol não se escutam gritos (cf. Jó 3:18). O Sheol é um local de almas mortas (cf.
Nm.31:19; 35:15,30; Js.20:3, 9; Gn.37:21; Dt.19:6,11; Jr.40:14,15; Jz.16:30;
Nm.23:10), em estado de total silêncio (cf. Sl.115:17; 94:17), e em plena inconsciência
(cf. Sl.146:4; Sl.6:5; Ec.9:5,6; Ec.9:10).

Nunca Sheol é identificado como um local de tormento e jamais é mencionado o elemento


“fogo” nele, senão em contexto parabólico como metaforização. Por tudo isso, o Sheol nada
mais é do que a figura da sepultura. É por isso que Jó iguala o Sheol com o pó da terra:
“Descerá ela às portas do Sheol? Desceremos juntos ao pó?” (cf. Jó 17:16). O único lar
para o qual Jó esperava ir era a sepultura (ver Jó 17:13).

Tártarus – Este lugar é mencionado apenas uma única vez em toda a Bíblia, e não é para
seres humanos, mas para anjos caídos. A Bíblia afirma que o diabo não está preso em
algum lugar ou sofrendo atualmente, mas está solto, “nos ares” (cf. Jo.1:7; Jo.2:2;
Ef.6:12), e por essa razão está “andando em derredor, bramando como leão, buscando a
quem possa tragar” (cf. 1Pe.5:8). Se o diabo estivesse no inferno, se divertindo a custa
das outras pessoas que lá estão, isso seria um prêmio para ele. Contudo, a Bíblia afirma
que Satanás e seus anjos só serão lançados no lago de fogo após o milênio (cf. Ap.20:10).

A referência ao tártarus se encontra unicamente em 2ª Pedro 2:4, que diz: “Porque se


Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno [tártarus], e os
entregou aos abismos da escuridão, reservando-os para o juízo” (cf. 2Pe.2:4). Sendo que a
Bíblia afirma categoricamente que o diabo não está preso, mas solto, então a referência de
2ª Pedro diz respeito a outros anjos caídos, possivelmente os mesmos “filhos de Deus” que
pecaram em Gênesis 6:1-4[2]. Embora isso seja razão de debate, o fato é que o tártarus
não é um lugar onde almas humanas são lançadas após a morte, mas onde parte dos anjos
caídos estão atualmente, em prisão, e não soltos como os demais estão.
Geena – A vista de tudo isso, o que seria então o “inferno” bíblico? O geena. E esse lugar
de tormento ainda está para ser inaugurado. Quando Cristo fala do “inferno”, no original é
“geena” e se refere não a um inferno existente, mas ao local de castigo que existirá após a
ressurreição. Jesus perguntou aos fariseus: “Como vocês escaparão da condenação ao
inferno [geena]?” (cf. Mt.23:33). Também disse aos fariseus que eles faziam discípulos
para depois os tornarem “duas vezes mais filho do inferno [geena] do que vós” (cf.
Mt.23:15), e que “é melhor entrar na vida aleijado do que, tendo os dois pés, ser lançado
no inferno [geena]” (cf. Mc.9:45). Qualquer um que disser “louco” ao ser irmão, “corre
risco de ir para o fogo do inferno [geena]” (cf. Mt.5:22).

A passagem mais clara de que o verdadeiro inferno à luz da Bíblia (que é o geena) não é
um local para espíritos incorpóreos, mas para onde vão os corpos físicos dos ímpios, é
Mateus 5:29, onde Cristo diz que, “se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o
para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o
teu corpo lançado no inferno [geena]”. Mas o que era esse geena, de que Cristo tanto
falava? Geena era o nome dado ao Vale de Hinon, que se localizava ao sul de Jerusalém.
Era um verdadeiro “lixão público”, local onde se deixavam os resíduos, bem como toda a
sorte de cadáveres de animais e malfeitores, e imundícies de todas as espécies, recolhidas
da cidade.

Neste local, era aceso um “fogo que nunca se apagava”, pelo fato de que estava
constantemente aceso, tendo em vista que suportava todos os tipos de lixo e carniça que
eram ali despejados. Os dejetos que não eram rapidamente consumidos pela ação do fogo
eram consumidos pela devastação dos vermes que ali se achavam – um cenário muito
típico de um verdadeiro lixão público – que devoravam as entranhas dos cadáveres dos
impenitentes que lá eram lançados, em um espetáculo realmente aterrador.

Por isso mesmo, o fogo não podia ser apagado, para a preservação da saúde do povo que
viva naquelas redondezas. Este quadro histórico do “Vale de Hinon” ou “Geena” também é
o quadro espiritual do fim dos pecadores que, de acordo com a Bíblia, serão ali lançados.
Este é exatamente o mesmo quadro também relatado por Isaías, no último capítulo de seu
livro:

“E sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu
verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror a toda a carne”
(cf. Isaías 66:24)

Exatamente o mesmo cenário histórico é retratado por Isaías como o cenário do juízo final.
Isaías não contemplava “almas” ou “espíritos” vivos entre as chamas, mas sim cadáveres,
ou seja, pessoas mortas. Não existe vida eterna no geena. O geena era um local de
impurezas, e no Reino de Deus “não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa
abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro” (cf.
Ap.21:27). Aquilo que era considerado impureza era lançado no geena para ser
completamente consumido e devorado pelo fogo e pelos vermes, o mesmo cenário do
destino final dos pecadores!

É evidente que tal quadro será completamente transformado por Deus para dar lugar aos
“novos céus e nova terra”, prometidos por Deus tanto em Isaías como no Apocalipse (cf.
Is.66:22; Ap.21:1). Nesta nova ordem não existe geena e nem algo que seja repugnante,
mas “Deus é tudo em todos” (cf. 1Co.15:28), e Ele fará novas todas as coisas (cf.
Ap.21:5), não havendo mais “morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga
ordem já passou” (cf. Ap.21:4)

e Lázaro

Estudo completo e aprofundado sobre a parábola do rico e Lázaro

Lucas Banzoli20:44 56 comentários

*Obs: O que vocês lerão a seguir é o mais aprofundado estudo sobre o tema em toda a internet e é
fruto de anos de estudo e trabalho, estando contido em meu livro: “A Lenda da Imortalidade da
Alma”.

INTRODUÇÃO À PARÁBOLA LAZAROE O RICO


Um argumento bastante usado pelos dualistas é de que não se trata de uma parábola, pois ela
possui nomes. Ora, isso é totalmente compreensível pelo fato de que os judeus colocavam Abraão
acima de Jesus: “Nosso pai é Abraão ... És maior do que o nosso pai Abraão?” (cf. Jo.8:39,53;
Mt.3:9). O que simplesmente Jesus faz é pôr na boca Abraão exatamente as palavras que ele teria
dito em pessoa: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda que
ressuscite alguém dentre os mortos” (cf. Lc.16:31).

Para isso é evidente que teria que citar nomes. Além disso, não há absolutamente nenhuma regra
que obrigue que uma parábola não tenha nomes. Jesus contou parábolas sem precisar dizer para as
pessoas: “Atenção, isso é uma parábola...”! A parábola do rico e do Lázaro fica entre parábolas,
como podemos ver a seguir:

CAP.14 DE LUCAS – A PARÁBOLA DA GRANDE FESTA

CAP.15 DE LUCAS – A PARÁBOLA DA OVELHA PERDIDA

CAP.15 DE LUCAS – A PARÁBOLA DA MOEDA PERDIDA

CAP.15 DE LUCAS – A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO

CAP.16 DE LUCAS – A PARÁBOLA DO ADMINISTRADOR DESONESTO

CAP. 16 DE LUCAS – A ******** DO RICO E LÁZARO

CAP.17 DE LUCAS – A PARÁBOLA DO EMPREGADO

CAP.18 DE LUCAS – A PARÁBOLA DA VIÚVA E DO JUIZ

Nisso fica claro que a história tratava-se realmente de uma parábola. A parábola diz que "havia
também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele; e desejava
alimentar-se das migalhas que caiam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber as úlceras"  (cf.
Lc.16:20,21). Igualmente, vemos que o homem rico da parábola não era apenas rico, mas vaidoso e
se vestia do melhor daquilo que podia usufruir: "púrpura e linho finíssimo" (cf. Lc.16:19). Ele “todos
os dias se regalava esplendidamente” (cf. Lc.16:19), ou seja, era de absolutamente alta classe.

Ponderamos: onde é que você já viu um banquete de alta classe de um rico que permitisse que um
mendigo cheio de chagas ficasse sentado à sua porta, e que, além disso, ainda deixava que comesse
das migalhas de sua mesa? Se isso já é uma possibilidade altissimamente improvável nos nossos
dias, isso era completamente  impossível de acontecer naquela sociedade judaica.

O rico de jeito nenhum iria permitir que os seus visitantes (também ricos tais como ele) passassem
pela porta com um mendigo, que, além disso, ainda estava coberto de chagas, em uma doença
contaminosa, possivelmente a própria lepra, comum naqueles dias. Isso não faz a personalidade de
um judeu rico daquela época (muito menos um que teria sido mandado para o inferno em seguida).
Como se esse cenário não fosse suficientemente improvável, ainda vemos também cachorros que
lambiam as suas chagas! Quando vemos tal cenário, vemos que isso era impossível!

Tratava-se somente de uma história que Jesus criou do mesmo modo que ele criou outras histórias
(parábolas) com uma lição moral a ser dela retirada. E, de fato, Cristo tinha um ponto muito
importante para chamar a atenção de seus ouvintes, como veremos mais adiante. Para isso ele
usava uma parábola, como é a do rico e do Lázaro. Cristo não precisava dizer: “Olha, gente, isso é
uma outra parábola”; pelo simples fato de que ele “nada lhes dizia sem usar alguma parábola” (cf.
Mt.13:34).

Em Lucas 12:41 os seus discípulos interpretaram um ensinamento de Cristo como sendo uma
parábola,mas em lugar nenhum vemos Cristo dizendo que aquilo era uma parábola (ver Lucas
12:35-41). Os seus discípulos sabiam que ele lhes falava por meio de parábolas ao contar histórias,
e não precisavam questioná-lo quanto a isso, muito menos quando tal história localiza-se
exatamente no meio de outras histórias parabólicas! O mesmo quadro ocorre em Mateus 7:17,
quando os seus discípulos interpretam os seus ensinos como sendo uma parábola (cf. Mt.7:15-17),
embora em lugar nenhum Cristo tenha feito qualquer questão de mencionar que aquilo tratava-se
realmente de uma parábola.

Em outra ocasião, em Mateus 15:14, Pedro identifica um ensinamento de Cristo como sendo uma
parábola, embora em lugar nenhum Jesus tenha feito questão de ressaltar que aquilo era mesmo
uma parábola, e em Lucas 6:39 o evangelista conta o mesmo ensinamento mas omite que aquilo
tratava-se de uma parábola. Se Lucas conta o mesmo relato encontrado em Mateus e não diz que se
tratava de uma parábola (sendo que em Mateus está bem claro que era), então vemos que Lucas
citava parábolas de Cristo sem necessariamente afirmar estar se tratando de uma parábola. Mas se
toda vez que Cristo contasse parábolas tivesse que haver a menção de que aquilo é uma parábola,
então Mateus entraria em contradição com Lucas, pois ambos contam a mesma história, mas um diz
que é uma parábola e o outro não diz nada!

Do mesmo modo, em Lucas 5:36 o autor diz que Cristo dizia uma parábola aos seus seguidores,
mas em Marcos 2:21 a mesma história aparece sem qualquer menção de estar ligada a uma
parábola. Tudo isso nos faz ter a certeza de que, realmente, Jesus ensinava aos seus discípulos por
meio de parábolas, que não tem qualquer necessidade de serem mencionadas como tal. Se até
mesmo nestes contextos os seus discípulos sabiam que aquilo era parábola, mesmo sem ninguém
ter dito expressamente que era uma, quanto mais quando vemos que tal história parabólica de
Lucas 16 está exatamente entre várias outras parábolas que Jesus estava contando!

Se você está contando várias piadas numa roda de amigos, não precisa repetir o tempo todo que ao
término de uma você estará iniciando outra piada. Todos já saberão disso. Da mesma forma, se
Cristo estava contando várias parábolas uma em seguida da outra, era completamente
desnecessário dar um aviso de alerta avisando que aquilo era parábola e não um relato real. Isso já
era simplesmente óbvio. Os únicos que não conseguem entender isso são os imortalistas, que por
não compreenderem nem o contexto nem o significado de uma parábola precisam ignorar tudo isso
e fazerem de conta de que não é parábola, é realidade, e de que, se não fosse uma história real,
Jesus precisaria ter parado a conversa, avisado que era outra parábola, e só assim eles ficariam
satisfeitos!

Ademais, vários detalhes na parábola nos mostram que aquilo não era um relato real, mas uma
ficção. Por exemplo, veremos que o rico possui um corpo físico com língua e todos os outros
membros do corpo, que ele sentia sede, que precisava beber água, que conseguia conversar com
quem estava no Céu mesmo enquanto queimava em meio às chamas de fogo, dentre outros tantos
fatos que nos mostram claramente que tudo aquilo não passava de mera parábola assim como todas
as outras, cuja significância estava baseada no ensinamento moral por trás dela, e não no
relato em si como sendo algo literal. Veremos que uma parábola nunca, jamais e em
circunstância alguma pode ser fundamentada como regra de doutrina pelos seus meios parabólicos.
PARÁBOLAS NÃO TÊM MEIOS LITERAIS

É mais especificamente neste ponto que colocamos um fim na superstição de que existe um estado
intermediário das almas porque os meios de uma parábola tem que ser literais. É aí que muita gente
se engana: parábolas não necessitam de meios literais, ao contrário, apresentam uma lição
moral valiosa por detrás de meios não necessariamente literais. Uma prova muito forte disso
é o simples fato de que Jesus contou muitas parábolas, e se fôssemos tomar literalmente todos os
meios que ele usa, iríamos encontrar inúmeros “absurdos”.

Por exemplo: neste mesmo contexto da parábola do rico e Lázaro há a parábola do administrador
desonesto (cf. Lc.16:1-12). Veja o que o verso 8 diz: “O senhor elogiou o administrador desonesto,
porque agiu astutamente. Pois os filhos deste mundo são mais astutos no trato entre si do que os
filhos da luz” (cf. Lc.16:8). Analisando a parábola literalmente, poderíamos chegar à infeliz
conclusão de que Cristo aprovava a administração desonesta. Contudo, ele não estava incentivando
a prática de administração desonesta, até mesmo porque em parte alguma a Bíblia aprova tal
prática, mas a lição moral da parábola não é sobre administrar desonestamente (cf. Lc.16:9). Os
meios da parábola não são reais e não influenciam sua lição moral!

Do mesmo modo, Jesus contou uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca desfalecer (cf.
Lc.18:1-8). Nela, o juiz (que representa Deus, aquele que atende as nossas orações) é tratado
como“um homem mau que nem ao homem respeitava” (cf. Lc.18:2). É óbvio que o que Cristo
queria realmente ensinar não era que Deus é um homem mau, mas sim que se até um homem mau
atende aos nossos pedidos, quanto mais o nosso Pai que está no Céu nos atenderá (que não é mau
coisa nenhuma, mas poderíamos chegar a essa conclusão caso tomássemos os meios dessa
parábola como reais). Novamente, vemos uma lição moral (de orar sempre e nunca desfalecer)
sendo ensinada através demeios não reais/literais.

A mesma coisa veremos que sucede também na parábola do rico e Lázaro. Uma lição moral (de
advertência à incredulidade dos fariseus e às tradições da época) sendo ensinada através de meios
não reais/literais. Essa é uma regra comum em todas as parábolas, que os imortalistas só não
admitem que possa valer também para Lucas 16:19-31, porque implicaria em abrir mão de uma das
únicas passagens bíblicas que supostamente favoreceriam a doutrina grega da imortalidade da
alma.

Em outra parábola, Deus é retratado como “um homem severo que ceifas onde não semeaste e
ajuntas onde não espalhaste” (cf. Mt.25:24). Diante do contexto, este “homem” é Aquele que
distribui os dons (talentos) aos homens e a quem nós devemos prestar contas um dia. Quem ele é?
Óbvio: Deus. Mas será que Deus é “um homem severo que ceifa onde não semeou e ajunta onde
não espalhou”? Claro que não. Tomemos os meios de uma parábola como reais e mudamos
totalmente a visão de um Deus de amor e justiça que a Escritura nos revela do início ao fim!

Vejam que curioso: se tomarmos os meios dessa parábola como reais, todo o conceito de Deus
apresentado em toda a Escritura muda. Da mesma forma, se tomarmos a parábola do rico e
Lázaro como literal, todo o conceito sobre a natureza humana e seu destino pós-morte
apresentado em toda a Escritura muda. Mas no primeiro caso os imortalistas aceitam facilmente
que se trata de meros meios não-literais e irreais característicos de uma parábola, enquanto que no
segundo caso não aceitam de jeito nenhum, pois estão presos em seus sofismas sobre a existência
de uma alma imortal e precisam se apegar a todo e qualquer custo a passagens claramente
parabólicas como a de Lucas 16 para fundamentar as suas teses!
Tome também, por exemplo, outro meio de parábola contada por Cristo: “Então o senhor disse ao
servo: Vá pelos caminhos e valados e obrigue-os a entrar, para que a minha casa fique cheia” (cf.
Lc.14:23). Será que as pessoas são forçadas a entrar no Céu, sendo obrigadas a isso, contra a
vontade delas? É claro que não, pois Deus nos concedeu o livre arbítrio. Ninguém é obrigado ou
forçado por Deus a ser salvo, pois a salvação é algo que implica em perseverança (nossa) até o fim
(cf. Mt.24:13), ninguém vai pro Céu contra a sua própria vontade.

Mas se as parábolas são reais em seu todo e seus meios são apresentados literalmente,
então somos obrigados a entrar no Reino de Deus, não há escapatória, seremos salvos
querendo ou não! O que é mais razoável de se aceitar? Que Deus nos obriga a entrar em Sua casa,
ou que as parábolas não possuem meios reais, mas apenas uma verdade moral por detrás de um
ensinamento com meios simbólicos?  

Evidentemente que as parábolas não tem meios literais, jamais podemos fundamentar uma doutrina
bíblica sustentada por meios de parábolas. Se dissermos que a parábola de Lucas 16 (do Rico e do
Lázaro) obrigatoriamente tem que ter meios reais e literais, consequentemente as demais parábolas
de Cristo também devem ter meios reais e literais. Por que a parábola do rico e Lázaro teria que ser
exatamente a única exceção à regra? Será que é porque somente deste jeito que os imortalistas
conseguem sustentar a doutrina da imortalidade da alma baseando-se em tal parábola?

Ora, se fôssemos literalizar a parábola, encontraríamos, como vimos, uma série de problemas e
contradições de primeira ordem à frente. As parábolas não podem jamais serem tomadas
literalmente pelos seus meios, pois se fosse assim deveríamos chegar à infeliz conclusão de que
Deus é um juiz mau e que não respeita ao homem, que é um homem severo que planta aonde não
semeou, que aprova a prática de administração desonesta e que obriga as pessoas a entrarem no
Céu!

É óbvio que Deus não é nenhuma dessas coisas porque as parábolas nunca podem ser tomadas
literalmente – em circunstância nenhuma – mas devemos retirar delas a sua lição moral. O mesmo
deve ser dito também com relação à parábola do rico e do Lázaro. Qual é a sua lição moral? Ela se
encontra no verso 31:

“Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite
alguém dentre os mortos” (cf. Lucas 16:31)

Vemos, portanto, que a lição moral da parábola contada por Cristo em Lucas 16:19-31 em nada tem
a ver com a imortalidade da alma, mas, ao contrário, tem relação com a incredulidade dos fariseus
em rejeitarem os ensinamentos de Cristo – nem sequer uma ressurreição os faria persuadir. Quando
tratamos de descrições bíblicas claras e reais (não em textos parabólicos ou simbólicos), os meios
são necessariamente reais e literais ao todo. Contudo, isso não acontece quando estamos tratando
de uma parábola. Parábola não necessita de meios reais, mas sim de lições morais que levam o
ouvinte à reflexão. O principal problema daqueles que pregam a existência da alma imortal é não
saberem ao certo o que é uma parábola:

PARÁBOLA
Acepções ■substantivo feminino
1 narrativa alegórica que transmite uma mensagem indireta, por meio de comparação ou analogia
1.1 narrativa alegórica que encerra um preceito religioso ou moral, esp. as encontradas nos
Evangelhos
Ex.: a p. do filho pródigo

Vejamos então o significado de alegoria:

ALEGORIA
Acepções

■substantivo feminino

1 modo de expressão ou interpretação us. no âmbito artístico e intelectual, que consiste em


representar pensamentos, ideias, qualidades sob forma figurada e em que cada elemento funciona
como disfarce dos elementos da ideia representada.

Como o próprio dicionário atesta, parábolas são estórias de ficção, que Jesus frequentemente
empregava para ensinar alguma coisa aos seus ouvintes. Parábolas não são e nem nunca foram
histórias contadas com a intenção de passar meios reais. Se fosse assim, não faria uso de uma
parábola. Parábola é quando o autor utiliza-se de meios ou cenários quaisquer, sem a
obrigatoriedade de serem verdadeiros ou literais, para ensinar uma lição moral por finalidade,
mediante a metaforização ou personificação de personagens inanimados, como é o caso da conversa
entre árvores registrada em 2ª Reis 14:9.

Isso nós podemos ver ao longo de várias parábolas contadas por Cristo, que claramente não são
fatos reais – são parábolas. Por exemplo, é extremamente improvável que houvesse um homem que
vendeu todos os seus bens para comprar uma pérola de grande valor (cf. Mt.13:46), pois isso não
faria sentido. Também não houve um administrador infiel elogiado pelo seu senhor (cf. Lc.16:8). Da
mesma forma, Cristo também afirmou sobre ter de arrancar os olhos ou cortar pernas e braços para
entrar no Reino dos céus. Será que por isso no Reino haverá caolhos, manetas e pernetas – tudo
isso literalmente? É claro que não. Tudo isso é obviamente uma linguagem altamente metafórica,
tanto quanto a parábola  do rico e do Lázaro.

Mais ainda que isso, uma outra prova fatal que nos faz concluir que Cristo não estava como
finalidade dado uma aula sobre o estado dos mortos, é o fato de que nem mesmo as palavras
“alma-psiquê” ou “espírito-pneuma” aparecem nesta parábola. Pelo contrário, o rico possuía
um corpo físico com dedo, língua e que sente calor e pede água para matar a sede (cf. Lc.16:24).
A própria sede é uma característica do corpo, e não de um espírito “imaterial”, “fluídico”.

Um espírito desprovido de corpo não tem nada disso, e a Bíblia diz que nós só teremos um corpo
novamente após ressurgirmos dos mortos (cf. 1Co.15:42-44). Jesus disse claramente que um
espírito não tem nem carne e nem ossos (cf. Lc.24:39). Será que Cristo se enganou dizendo
que o rico possuía língua no Hades ou os corpos dos personagens foram parar no Hades
por engano?Nenhuma das duas, era mera parábola: não exigia meios reais! Se o objetivo de Cristo
ao contar esse parábola fosse exatamente anunciar a imortalidade da alma, então seria
completamente indispensável a menção de “almas” ou de “espíritos” deixando o corpo e partindo
para o “além”.

Contudo, os personagens ali citados vão com os seus corpos para o Hades, tudo nos mostra que o
que aconteceu foi a personificação de personagens inanimados e, por este motivo, não eram os
“espíritos” que desciam ao Hades, mas sim os próprios corpos.
Como bem assinalou o doutor Samuelle Bacchiocchi: “Os que interpretam a parábola como uma
representação literal do estado dos salvos e perdidos após a morte defrontam problemas
insuperáveis. Se a narrativa for uma descrição real do estado intermediário, então deve ser
verdadeiro em fato e coerente em detalhe. Contudo, se a parábola for figurada, então somente a
lição moral a ser transmitida deve nos preocupar. Uma interpretação literal da narrativa se
despedaça sob o peso de seus próprios absurdos e contradições, como se torna evidente sob exame
detido” [“Immortality or Resurrection?”]

A questão aqui é muito simples: se a intenção de Cristo em contar essa parábola fosse de alguma
forma fazer uma descrição fiel do atual estado dos mortos, então é óbvio que os personagens
estariam no Hades em forma de espíritos incorpóreos, e não com os próprios corpos físicos, como
um exame da parábola nos indica claramente. O fato de eles estarem lá com seus próprios corpos
prova inequivocadamente que o que ocorreu neste caso nada mais foi senão a personificação de
personagens inanimados, o que é muito comum na Bíblia. Corpos já mortos foram personificados
e ganharam vida dentro de um contexto parabólico, isto é, de uma estória alegórica para ensinar
alguma lição moral como finalidade.

O que ocorreu, portanto, não foi uma descrição do atual estado dos mortos como “espíritos
incorpóreos” em um estado intermediário entre a morte e a ressurreição, mas sim a
personificação de corpos mortos como se estivessem vivos, e do que aconteceria neste
contexto parabólico. Tanto quanto a linguagem parabólica da conversa entre árvores em 2ª Reis
14:9 não significa que as árvores realmente conversam entre si, a parábola do rico e Lázaro não
prova que espíritos incorpóreos mantém consciência no pós-morte, mas apresenta a mesma
personificação de personagens inanimados que ocorre tanto em 2ª Reis 14:9 como em diversas
outras ocorrências bíblicas num mesmo contexto alegórico ou parabólico.

Isso também é constatado pelo fato de que o rico pede que joguem um pingo água para molhar a
sua língua, enquanto ele queimava em meio às chamas! Além da sede literal (por água) ser uma
característica corporal (e não de um “espírito”, como anjos ou demônios, por exemplo), de que
serviria um “dedo” molhado “em água” para aliviar tamanhos rigores extremos de um fogo
devorador e literalmente verdadeiro que o rico estaria passando naquele exato momento e também
por toda a eternidade?

Ademais, a própria parábola diz que havia um abismo muito grande entre ambas as partes, motivo
pelo qual o rico não podia ser molhado com água. Contudo, ele conversava com Abraão como se
estivesse face-a-face com ele! Ora, se ele conversava tão perfeitamente com Abraão, então ele
também poderia perfeitamente ser molhado com água, pois a distância assim o permitiria.

E será possível compreender absolutamente o que cada pessoa da cena diz sendo que neste mesmo
cenário havia um barulho horrivelmente aterrorizante de fogo em atividade e milhões ou bilhões de
pessoas queimando e gritando aos prantos naquele mesmo momento? Quem iria compreender o que
alguma pessoa fala em tal cenário? Como se tudo isso não fosse suficientemente claro, será que no
Reino poderemos conversar com os não-salvos enquanto eles queimam em meios às chamas? Pois,
pela parábola, tal comunicação entre os salvos e os não-salvos seria perfeitamente plausível.

Poderíamos, caso tomássemos os meios da parábola como literais, ver e conversar com os nossos
parentes não-salvos enquanto eles queimam no inferno! Certamente bater papo com alguém nestas
condições e neste cenário, é uma terrível falta de bom senso. Os que não forem salvos jamais
poderão se unir novamente com os que forem salvos (por meio de uma conversa, por exemplo),
pois a morte significa a separação total entre ambos os grupos. É isso o que também é ilustrado
nesta parábola.

Não, meus amigos, definitivamente não foi o estado dos mortos que foi ilustrado nesta parábola,
não houve nenhuma descrição de “estado intermediário” algum, mas apenas e tão somente a
personificação de personagens inanimados ganhando vida (típico de parábola), em um cenário
corrente na época, como veremos mais a seguir. Com toda a clareza, os imortalistas que insistirem
em admitir a parábola do rico e Lázaro como sendo “prova” do dualismo platônico na Bíblia,
encontrarão tamanhos dilemas insuperáveis pela frente a tal ponto de terem que reformular toda a
sua teologia acerca de como é o pós-morte.

Outro fato que ajuda ainda mais a derrubarmos a má interpretação dos dualistas é o lugar para
onde teria ido o rico:

“E, no Hades, viu Abraão e Lázaro, em seu seio” (cf. Lucas 16:23)

A clareza da linguagem é evidente: o rico estava no Hades. E é a partir desta parábola que surge a
idéia de que todos os “espíritos” desencarnados vão para o Hades após a morte, com divisão para
justos e ímpios. Ora, qual doutrina básica da fé cristã que tem por base uma parábola? Nenhuma.
Mas a parábola do rico e Lázaro (como única suposta “descrição” do “estado intermediário”
encontrada na Bíblia) obrigatoriamente tem que ser literalizada e fundamentada como doutrina
bíblica (para eles).

Afinal, a maior base da doutrina imortalista é justamente os meios de uma parábola, em que os


corpos descem junto para o “estado intermediário” conversar com os que já morreram enquanto se
queimam entre as chamas. Pasme! Mas, mesmo que este fosse o caso, a História nos mostra que o
Hades, como um local de tormento em que o rico estava, é de origem totalmente pagã, e não
bíblica. Veremos a seguir onde nasceu o Hades e como entrou de braços abertos na doutrina
imortalista.

A ORIGEM PAGÃ DO HADES

Na literatura hebraica, o Sheol (transliterado para “Hades” no grego), não era um local de habitação
de espíritos vivos e conscientes em estado desencarnado. Já vimos que os autores do Antigo
Testamento não tinham a mínima ideia de vida consciente antes da ressurreição, muito menos de
almas imortais ou espíritos em um estado intermediário.

A vida pós-morte na visão do Antigo Testamento era que os mortos não louvam a Deus (cf. Isaías
38:19; Salmos 6:5), não sabem de nada (cf. Eclesiastes 9:5), valem menos do que um cachorro
vivo (cf. Eclesiastes 9:4), sua memória jaz no esquecimento (Eclesiastes 9:5), não tem lembrança
de Deus (cf. Salmos 6:5), não confiam na fidelidade de Deus (cf. Isaías 38:18), não falam da Sua
fidelidade (cf. Salmos 88:12), estão numa terra de silêncio - e não de gritaria do inferno ou de altos
louvores do Céu (cf. Salmos 115:17), não podem ser alvos de confiança (cf. Salmos 146:3), não
pensam (cf. Salmos 146:4), não tem proveito nenhum para Deus depois de morto (cf. Salmos
30:9), são comparados com o pó (cf. Salmos 30:9), etc.
Mesmo assim, eles falavam constantemente em Sheol (Hades), como o local para onde vão os
mortos. Algumas referências são: Jó 7:9, Salmos 18:5, Salmos 86:3, Salmos 139:8, Provérbios
30:16, Gênesis 37:35, Eclesiastes 9:10, entre outros. Ora, como podem os escritores do Antigo
Testamento desacreditarem completamente no estado intermediário mas falarem tanto no Sheol? É
evidente que, para eles, Sheol estava longe de ser um local de habitação consciente de espíritos
incorpóreos, mas era meramente uma figura para a sepultura.

Na passagem de Malaquias (último livro do AT) para Mateus (o primeiro do NT) há um período de
quatrocentos anos (conhecido como “período intertestamentário”). Neste período é que os hebreus
estiveram dispersos para as nações influenciadas pelo dualismo grego que estabelecia nelas uma
forte ligação ética, cultural, social e filosófica, por meio da doutrina helenista. Tais filosofias
correntes na Grécia Antiga (especialmente a amplamente difundida doutrina da “imortalidade da
alma”) acabaram entrando no judaísmo helenista.

Tal impacto do helenismo sobre o judaísmo é evidente em muitas áreas, incluindo na adoção do
dualismo grego por algumas obras literárias judaicas (inclusive vários “livros apócrifos”) produzidas
nessa época.De acordo com os professores Stephen L. Harris e James Tabor, Sheol é um lugar de
“vazio” que tem suas origens na Bíblia Hebraica e no Talmud:

"Seres humanos, como os animais do campo, são feitos de ‘pó da terra’ e na morte eles retornam ao
pó (Gênesis 2:7; 3:19). A palavra hebraica Alma (Nephesh, Psyche), tradicionalmente traduzida por
‘alma viva’, mas mais adequadamente compreendida como ‘criatura vivente’ é a mesma para todas
as criaturas viventes e não se refere a nada imortal... Todos os mortos descem ao Sheol, e lá eles
jazem no sono juntos. Seja bom ou mau, rico ou pobre, escravo ou liberto (Jó 3:11-19). Ele é
descrito como uma região ‘escura e profunda’, ‘a cova’, e ‘a terra do esquecimento’, interrupção da
vida (Salmos 6:5; 88:3-12). Se se encara situações extremas de sofrimento no mundo dos vivos
acima, como aconteceu com Jó, o Sheol pode ser visto como um alívio bem-vindo à dor - basta ver
o terceiro capítulo de Jó. Mas, basicamente, ele é um tipo de ‘nada’ (Salmo 88:10)”.

Harris partilha observações similares em seu “Compreendendo a Bíblia”, e acentua o fato de que


houve uma associação com as religiões pagãs no período helenista que modificou o real significado
de “Sheol” bíblico: “Quando os escribas judeus helenistas traduziram a Bíblia para o grego,
eles usaram o termo ‘Hades’ para traduzir Sheol, trazendo uma associação mitológica
completamente nova à ideia de existência póstuma. Nos mitos da Grécia Antiga, o Hades,
nomeado a partir da deidade sombria que o reinava, era originalmente similar ao Sheol hebraico,
um submundo escuro no qual todos os mortos, a despeito do mérito individual, eram
indiscriminadamente colocados" (Grifo meu)

Esta é uma verdade indiscutível: o Sheol estava longe de ser uma habitação consciente de espíritos.
Contudo, houve uma associação mitológica com as filosofias gregas (de imortalidade da alma).
Em outras palavras, o sentido bíblico de Sheol foi totalmente deturpado pelo sincretismo com a
mitologia pagã. Na mitologia grega o mundo dos mortos, chamado apenas de Hades, era o local
no subterrâneo para onde iam as almas das pessoas mortas (sejam elas boas ou más), guiadas por
Hermes, o emissário dos deuses, para lá tornarem-se sombras. É um local de tristeza. No fim da
luta dos deuses olímpicos contra os Titãs (a Titanomaquia), os deuses olímpicos saíram vitoriosos.

Então, Zeus, Posídon e Hades partilharam entre si o universo: Zeus ficou com os céus e as terras,
Posídon ficou com os oceanos e Hades ficou com o mundo dos mortos. Os titãs pediram socorro
a Érebo do mundo inferior; Zeus, então, lançou Érebo para lá também, assim tornou-se a noite
eterna do Hades (Érebo também é outra designação do mundo inferior). Das Idades do Homem e
suas raças, a raça de bronze, raça dos heróis, e a raça de ferro vão para o Hades após a morte.

Este sincretismo com as religiões pagãs que resultou em uma aplicação totalmente diferente de
Sheol/Hades: a de um local no subterrâneo para onde vão as almas das pessoas mortas (sejam elas
boas ou más), no “Mundo dos Mortos”, denominado Hades. Querendo ou não, gostado ou não, é
uma clara deturpação imortalista do que realmente é o Sheol. Tirando os maiores absurdos, que
jamais seriam assumidos pelos cristãos (como, por exemplo, o fato de serem guiadas por Hermes, o
emissário dos deuses, ou dos Titãs pedirem a ajuda de Érebo), a essência pagã de Hades, como
um local de habitação de espíritos, foi absorvida da mitologia pagã direto para a teologia bíblica dos
imortalistas.

O QUE É O SHEOL?

Como já vimos acima, antes da mitologia pagã se infiltrar dentro dos moldes do Cristianismo, Sheol
era puramente sepultura. É claro que a sua aplicação varia de passagem a passagem, mas nunca no
sentido mitológico de “habitação de espíritos”. O Sheol bíblico é um local de silêncio, e não de
gritaria do inferno:

“Os mortos, que descem à terra do silêncio, não louvam a Deus, o Senhor” (cf. Salmos 115:17)

“Se o Senhor não fora em meu auxílio, já a minha alma habitaria no lugar do silêncio” (cf. Salmos
94:17)

Mais claro ainda é o Salmo 94:17, que diz de forma enfática que o que habita no silêncio é a própria
alma, derrubando a toda e qualquer tentativa de vulgarizar o termo como se fosse “silêncio somente
para o corpo”. O salmista sabia muito bem que o local para onde iria após a morte seria de silêncio,
e não de louvores entre os salvos ou de gritaria do inferno. Convenhamos: qual é o lugar do
“silêncio” que o salmista fala? Claramente a sepultura. O local para onde a alma vai após a morte
(cf. Sl.94:17), em estado de total inconsciência (cf. Ec.9:5,6; Ec.9:10; Sl.146:4; Sl.6:5; Sl.30:9;
Sl.88:12). Outra prova clara de que os hebreus do Antigo Testamento sabiam muito bem que Sheol
não era inferno, mas sim sepultura, é Jacó enterrando o seu filho José:

“E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; ele, porém, recusou
ser consolado, e disse: Na verdade, com choro hei de descer para meu filho até o Sheol. Assim o
chorou seu pai” (cf. Gênesis 37:35)

Jacó evidentemente ainda não sabia que na mitologia pagã grega (de imortalidade da alma) o Hades
ficava no centro da Terra. Jacó foi cavando até o inferno para enterrar o seu filho José? Não, Jacó
sabia muito bem que Sheol era puramente sepultura. Ele sabia disso porque essa era a crença da
época, o sentido puro de Sheol.

Ademais, Jacó foi enterrar o corpo morto de José e não uma alma ou espírito incorpóreo. Sheol
não é um local de espíritos sem corpo, mas sim de corpos mortos. Sheol é claramente identificado
como sendo sepultura, o pó da terra. Outras inúmeras passagens nos trazem um sentido completo
de que Sheol não era habitação consciente de espíritos desencarnados. Alguns exemplos, por
exemplo, podem ser encontrados em Jó e em Salmos:

“Porventura não são poucos os meus dias? Cessa, pois, e deixa-me, para que por um pouco eu
tome alento. Antes que eu vá para o lugar de que não voltarei, à terra da escuridão e da sombra
da morte” (cf. Jó 10:20,21)

“Será que fazes milagres em favor dos mortos? Será que eles se levantam e te louvam? Será que no
Sheol ainda se fala do teu amor? Será que naquele lugar de destruição se fala da tua fidelidade?
Será que naquela escuridão são vistos os teus milagres? Será que na terra do esquecimento se
pode ver a tua fidelidade?” (cf. Salmos 88:10-12).

Como podemos ver, a terra era claramente descrita como uma “escuridão”. Ora, se o Hades é um
local de tormento, com fogo e tudo, então o fogo remeteria à luminosidade. O local não seria nem
lugar de “escuridão” e muito menos lugar de “densas trevas”. Onde há fogo, há luz. Essa descrição
do Sheol bíblico anula a concepção pagã em um Hades cheio de fogo e espíritos vivos ali queimando.

O Salmo 49:14 também deixa claro que até as ovelhas vão para o Sheol na morte: “Como ovelhas
são postas na sepultura [Sheol, no original hebraico]...” (cf. Sl.49:14). É óbvio que o Sheol é
apenas o pó da terra, o destino de todas as criaturas viventes. Jó também nos esclarece que o Sheol
bíblico está longe de ser morada de espíritos queimando em meio às chamas, ao dizer que naquele
lugar ele “já agora repousaria tranquilo; dormiria, e, então, haveria para mim descanso... Ali, os
maus cessam de perturbar, e, ali, repousam os cansados; os prisioneiros também desfrutam
sossego, já não ouvem mais os gritos do feitor de escravos” (cf. Jó 3:13,17,18).

Já não se ouve mais gritos, algo inconcebível caso Jó tivesse a ideia de que aquele local era um
lugar de tormento ou de gritos de espíritos em meio às chamas. Também no livro de Eclesiastes,
lemos: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças; porque no
além [Sheol], para onde tu vais, não há obra, nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria
alguma” (cf. Ec.9:10). Como se não fosse suficientemente claro o fato de que no Sheol não há obra,
nem projeto, nem conhecimento, e nem sabedoria, o salmista afirma que “quem morreu não se
lembra de ti; e no Sheol quem te louvará?” (cf. Sl.6:5). É evidente que no Sheol não se pode louvar
a Deus. Fica a pergunta: que tipo de “espírito” que é salvo e vai para este lugar sem poder louvar a
Deus?

A palavra usada em Eclesiastes 9:10 com relação ao Sheol é que não há chokmah [inteligência,
razão]. Morre o homem e o ser racional se vai. Não há inteligência, não há consciência.
Biblicamente, Sheol não é, e nunca foi, uma morada de espíritos vivos e conscientes em alegria ou
em tormento com fogo. O maior (e talvez o único) argumento dos imortalistas para tentar negar que
Sheol em sua aplicação é o mesmo que “sepultura”, é o fato de que os hebreus possuíam uma
palavra própria para “Sheol” e para “sepultura”.

Este argumento, contudo, é falacioso, além de ignorar todas as provas e evidências bíblicas, sendo
nulo e sem sentido. Por exemplo: nós temos em nossa língua as palavras “exterminar” e “aniquilar”,
não temos? Sim, temos. Mas na prática exterminar e aniquilar é o mesmo. No dicionário existem
inúmeras palavras sinônimas, sem de modo algum uma delas invalidar a outra ou exigir dela um
significado distinto. O mesmo pode ser dito quanto ao Sheol. Uma vez que a Bíblia negue
enfaticamente que o Sheol possa ser uma habitação consciente de espíritos desencarnados, logo ele
não é.

Sheol é o sentido figurado de sepultura, tendo a mesma aplicação prática desta, é o “mundo dos


mortos”, não como um local de habitação de espíritos conscientes, mas de almas mortas (cf.
Nm.31:19; 35:15,30; Js.20:3,9; Gn.37:21; Dt.19:6,11; Jr.40:14,15; Jz.16:30; Nm.23:10), em local
de total silêncio (cf. Sl.115:17; Sl.94:17), e em estado de total inconsciência (cf. Sl.146:4; Sl.6:5;
Ec.9:5,6; Ec.9:10).

No caso da revolta de Coré, por exemplo, relatada em Números 16, a terra “abriu a sua boca” e os
seus seguidores “desceram vivos ao Sheol” (cf. Nm.16:30; Nm.16:33). Seria extremamente
inimaginável pensarmos que a terra abriu a boca para eles caírem até o centro da terra onde ficaria
o Sheol, sendo que no meio dessa queda os seus corpos foram transformando-se automaticamente
em espíritos desencarnados. A evidência aqui é tão forte que os próprios imortalistas admitem que
Sheol aqui significa o pó da terra, corpos físicos sendo esmagados pela força da natureza através da
ação divina (embora eles afirmem que este caso é uma “exceção”, o que vemos que não – é a
regra!).

Obviamente que o que aconteceu realmente é que a terra abriu a boca e os tragou enquanto ainda
estavam vivos, descendo para a “cova” (ou “pó”), o que mostra a total correspondência entre estes
dois termos. Mais forte ainda do que isso é o paralelismo evidente que constatamos em Jó: “Descerá
ela às portas do Sheol? Desceremos juntos ao pó?” (cf. Jó 17:16). Aqui vemos Jó fazendo o uso de
um paralelismo entre o “Sheol” e o “pó”. Paralelismo é a sucessão de partes do discurso que tem
entre si uma relação de similaridade de conteúdo; um encadeamento de funções sintáticas idênticas
de valores iguais. Jó identifica o Sheol como sendo a mesma coisa que o pó da terra, ao
relacionar ambos na mesma sentença expondo tal paralelismo. Após afirmar que ele desceria ao
Sheol, afirma categoricamente que este lugar é o pó (cf. Jó 17:16).

Ainda que os escritores do Antigo Testamento falassem constantemente em Sheol, desacreditavam


completamente em qualquer estado intermediário. Talvez seja por isso que o apóstolo Paulo, em
suas epístolas, não tenha mencionado absolutamente nenhuma vez a palavra “Hades” – o termo já
estava paganizado. Aliás, nem Paulo, nem Tiago, nem Pedro, nem Judas, e nem o desconhecido
autor de Hebreus: todos pareciam desconhecer tal palavra, não sendo mencionada em parte
nenhuma de suas epístolas. Só há uma única razão mais provável para isso, que é exatamente não
querer confundir os leitores dualistas com o sentido pagão de Hades, já em vigor em sua época.

O Sheol também é caracterizado como “a terra das trevas e da sombra da morte” (cf. Jó 10:21,22),
onde os mortos nunca mais vêem a luz (cf. Sl.49:20; 88:13). É também, como vimos, a “região do
silêncio”, e não de gritaria do inferno ou de louvores do Paraíso (cf. Sl. 94:17; 115:17), para onde
caminha a alma rumo ao local do silêncio (cf. Sl.94:17). A ideia de descanso ou sono no Sheol fica
evidente no livro de Jó que clama em meio a seus tormentos físicos: “Por que não morri eu na
madre? Por que não expirei ao sair dela? [...] Porque já agora repousaria tranquilo; dormiria, e
então haveria para mim descanso [...] Ali os maus cessam de perturbar, e ali repousam os
cansados” (cf. Jó 3:11,13,17).

No Salmo 141:7 também fica mais do que evidente que Sheol é claramente identificado como
sepultura:“Ainda que sejam espalhados os meus ossos à boca da sepultura [Sheol] quando se
lavra e sulca a terra”. Até os ossos desciam para o Sheol! Se Sheol fosse um local de morada de
“espíritos”, o salmista certamente mencionaria isso, mas além negar tal fato ele acentua que são
os ossos que descem ao Sheol, o que nos revela que é um local não de “espíritos”, mas de  corpos
mortos, que jazem na sepultura.

De igual modo, Davi adverte seu filho Salomão com relação a Simei: “Mas, agora, não o considere
inocente. Você é um homem sábio e saberá o que fazer com ele; apesar de ele já ser idoso, faça-o
descer ensangüentado à sepultura [Sheol]” (cf. 1Rs.2:9). Novamente, o original hebraico verte a
palavra “Sheol”, e não “sepultura” como a maioria dos tradutores preferiram traduzir. Aqui vemos
que alguma pessoa pode descer ensanguetada ao Sheol, o que nos mostra claramente que o Sheol
não é uma morada de espíritos incorpóreos, mas sim a própria sepultura, para o qual é o destino
dos corpos que morreram (espírito não sangra!).

Por isso, até mesmo o sangue das pessoas descem ao Sheol [sepultura]. Isso explica o porquê que
em absolutamente nenhuma parte das Escrituras é mencionado espírito-ruach/pneuma no
Sheol/Hades. Este nunca foi algum tipo de “morada de espíritos”! Fica mais do que claro que
nenhum escritor bíblico pensava em Sheol como uma morada consciente de espíritos
desencarnados, como um local de tormento ou suplício. Se fosse esse o sentido primário de Sheol,
então veríamos uma infinidade de passagens bíblicas que relatam tal fato, o que não é verdade.
Aliás, nem sequer o elemento “fogo” aparece relacionado em qualquer descrição bíblica do
Sheol. Que maneira “estranha” de descrever o inferno!

Portanto, vemos que o Sheol bíblico não é um lugar onde Caim está queimando há seis mil anos até
hoje, mas sim uma figura da sepultura, o lugar para onde parte a alma após a morte (cf. Is.38:17;
Sl.94:17; Jó 33:18; Jó 33:22; Jó 33:28; Jó 33:30). Sheol é sepulcro, pó, profundezas da terra,
morte, vazio, túmulo. Jamais foi morada de espíritos em plena atividade e consciência, em regozijo
ou em tormento. Nunca é mencionado tormento no Sheol. Na parábola do rico e do Lázaro,
o que ocorreu foi uma metaforização e personificação dos personagens (Abraão, Lázaro, o
rico) bem como do próprio cenário onde se passava a parábola (Sheol), que não exige
meios literais.

Prova forte disso é que a própria parábola retrata o rico indo para a sepultura (v.22), e depois
mostra ele no Hades (v.23) sem fazer menção de “almas” ou “espíritos”, mas com o seu
próprio corpo natural(v.24), o que nos mostra a correspondência entre a sepultura e o Hades, e que
nos revela que o que de fato ocorreu foi uma metaforização e personificação própria dos meios de
uma parábola, como é no caso de 2ª Reis 14:9 em que as árvores falam.

Entender o significado bíblico e puro de Sheol é profundamente necessário para compreendermos


que o que ocorreu em Lucas 16 nada mais foi senão a personificação não apenas dos personagens
ali presentes, como também do próprio cenário em que aquilo tudo se passava. Como já vimos,
eram corpos físicos que desceram ao Hades na parábola, e conferimos também que o Hades
(Sheol) bíblico é a sepultura, que nada mais é senão o local de corpos físicos. A única coisa que
muda é a personificação de tais personagens, ganhando vida neste lugar, como um fundo parabólico
onde se passa aquilo que realmente Jesus queria ensinar como a lição moral da parábola.

O SIGNIFICADO DA PARÁBOLA

Já vimos que a parábola não pode ser analisada literalmente. Vários fatores corroboram para isso,
incluindo o fato de que os personagens possuem corpos reais, com língua, dedo, sentimento de
sede, o local onde a parábola se passava e outras parábolas que claramente também não
necessitam de meios reais. Observe esta outra parábola bíblica:

“Porém Jeoás, rei de Israel, enviou a Amazias, rei de Judá, dizendo: O cardo que está no Líbano
enviou ao cedro que está no Líbano, dizendo: Dá tua filha por mulher ao meu filho; mas os animais
do campo que estavam no Líbano, passaram e pisaram o cardo” (cf. 2ª Reis 14:9). Analisando
literalmente (assim como fazem com a parábola do Lázaro), cardo e cedro (que são árvores) falam.
Creio que a maioria das pessoas concorde comigo que as árvores não falem.

São parábolas, e parábolas são metáforas, alegoria, estória, ficção, que não podem ser classificadas
literalmente. Se pretendêssemos usar as parábolas literalmente, deveríamos – usando a mesma
lógica que os imortalistas fazem com a parábola do Lázaro – dizer que as árvores também falam e
fundamentarmos isso como doutrina. Felizmente, parábolas não são relatos literais, e sim metáforas
com uma lição moral.

Sendo assim, podemos ficar tranquilos sabendo que as árvores realmente não falam, pois parábolas
não apresentam meios reais, mas apenas lições morais por detrás de um cenário fictício. É evidente
que cada elemento na parábola acima de 2ª Reis tinha o seu devido significado e a sua devida lição
moral. Nada mais que dois reis: o de Judá (Amazias), e o de Israel (Jeoás) são personificados pelas
árvores. Jeoás compôs a parábola para Amazias. Este não a atendeu (cf. 2ª Reis 14:11), e por isso,
o povo do “cardo” (Amazias) foi ferido pelos “animais do campo” (exército do “cedro” – Jeoás). A
lição da parábola não era que as árvores falam, mas sim uma mensagem aos que lessem a metáfora
a partir da personificação de personagens inanimados. A mesma linguagem vemos em várias outras
partes da Bíblia:

“Foram uma vez as árvores a ungir para si um rei; e disseram à oliveira: Reina tu sobre nós. Mas a
oliveira lhes respondeu: Deixaria eu a minha gordura, que Deus e os homens em mim prezam, para
ir balouçar sobre as árvores? Então disseram as árvores à figueira: Vem tu, e reina sobre nós. Mas a
figueira lhes respondeu: Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto, para ir balouçar sobre as
árvores? Disseram então as árvores à videira: Vem tu, e reina sobre nós. Mas a videira lhes
respondeu: Deixaria eu o meu mosto, que alegra a Deus e aos homens, para ir balouçar sobre as
árvores? Então todas as árvores disseram ao espinheiro: Vem tu, e reina sobre nós. O espinheiro,
porém, respondeu às árvores: Se de boa fé me ungis por vosso rei, vinde refugiar-vos debaixo da
minha sombra; mas, se não, saia fogo do espinheiro, e devore os cedros do Líbano” (cf. Juízes 9:8-
15)

Novamente, a lição não era que as árvores ou os espinheiros falem ou dialoguem entre si. Tudo não
passava de mera parábola em que as oliveiras, a figueira e a videira representavam aqueles que não
quiseram reinar sobre as “árvores” (povo de Siquém). As mais valiosas árvores do Oriente Médio
aqui simbolizam os homens principais de Siquém, e o espinheiro era um arbusto farpado comum nas
colinas da Palestina e representava apropriadamente Abimeleque, que nada produzia de valor. Os
meios eram puro simbolismo e representação comum na Bíblia Sagrada, não eram verdades literais
porque nem árvores, nem cedros, nem cardos, nem oliveiras, nem figueiras, nem videiras e nem
espinheiros falam!

É óbvio que a única coisa que devemos tirar como verdade literal é a sua lição moral, e não os seus
meios. O mesmo deve ser dito com relação à parábola do Lázaro, em que houve uma
personificação, vivificação dos personagens ali apresentados (Lázaro, o rico e Abraão) bem como
uma metaforização do cenário (Hades) que, como vimos, é puramente sepultura. É comum a Bíblia
personificar personagens inanimados.
A PERSONIFICAÇÃO BÍBLICA DE PERSONAGENS INANIMADOS

1º “Foram uma vez as árvores a ungir para si um rei; e disseram à oliveira: Reina tu sobre nós” (cf.
Juízes 9:8-15)

2º “O cardo ... mandou dizer ao cedro ... Dá tua filha por mulher a meu filho” (cf. 2ª Reis 14:9)

3º “Disseram então as árvores à videira: Vem tu, e reina sobre nós” (cf. Juízes 9:12)

4º “Porque a pedra clamará da parede, e a trave lhe responderá do madeiramento” (cf. Habacuque
2:11)

5º “Se eles se calarem, as próprias pedras clamarão” (cf. Lucas 10:40; Mateus 3:9)

6º “O ouro e a prata de vocês enferrujaram, e a ferrugem deles testemunhará contra vocês e como
fogo lhes devorará a carne” (cf. Tiago 5:3)

7º “A voz do sangue do teu irmão clama da terra a mim” (cf. Gênesis 4:10)

8º “Quando ele bradou, os sete trovões falaram” (cf. Apocalipse 10:3)

9º “Ao sangue aspergido, que fala melhor do que o sangue de Abel” (cf. Hebreus 12:24)

10º “E ouvi o altar responder: Sim, Senhor Deus todo-poderoso, verdadeiros e justos são os teus
juízos” (cf. Apocalipse 16:7)

11º “Vejam, o salário dos trabalhadores que ceifaram os seus campos, e que por vocês foi retido
com fraude, está clamando contra vocês” (cf. Tiago 5:4)

12º “Então jubilarão as árvores dos bosques perante o Senhor, porquanto vem julgar a terra” (cf. 1
Crônicas 16:33)

13º “Pois com alegria saireis, e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão em
cânticos diante de vós, e todas as árvores de campo baterão palmas” (cf. Isaías 55:12)
14º “Mas, pergunta agora às alimárias, e elas te ensinarão; e às aves do céu, e elas te farão saber;
ou fala com a terra, e ela te ensinará; até os peixes o mar to declararão” (cf. Jó 12:7,8)

15º “Ressoe o mar, e tudo o que nele existe; exultem os campos, e tudo o que neles há!” (cf. 1
Crônicas 16:32)

16º “Os rios batam as palmas; regozijem-se também as montanhas” (cf. Salmos 98:8)

Tudo isso acima tem um nome: alegoria. Tudo tem uma lição moral para aprendermos por detrás de
um cenário com personagens inanimados, sem vida, que ganham vida na parábola ou na alegoria
que está sendo dita, com a finalidade de ensinar alguma coisa aos ouvintes. Obviamente, essa
“alguma coisa” que se quer ensinar aos ouvintes não é o próprio cenário em si ou seus meios (que
árvores, rios, altares, trovões, sangue, pedra, ouro ou pessoas após a morte falem), mas sim aquilo
que moralmente podemos depreender por meio destas alegorias.

Nada indica que o salmista esteja querendo passar a ideia de que rios batem palmas e as
montanhas se regozijam (cf. Sl.98:9), nada indica que Jó queria passar a ideia de que a terra e os
peixes falam (cf. Jó 12:7,8), nada indica que João cria que altares e trovões falam (cf. Ap.10:3;
16:7), nada indica Moisés cria que o sangue tem voz (cf. Gn.4:10), nada indica que o escritor bíblico
cria que as árvores conversam entre si (cf. Jz.9:8-15; 2Rs.14:9), nada indica que Cristo pensava
que as pedras falavam (cf. Lc.10:40), e da mesma forma nada indica que esse mesmo Jesus
cria que corpos mortos que desciam ao Hades ganhavam vida literalmente (cf. Lc.16:19-
31).

As pessoas se esquecem que é comum a Bíblia personificar personagens inanimados, ainda mais em
um contexto parabólico ou simbólico! Biblicamente, as árvores, sangue e trovões falam mais do que
os mortos, que, quando falam, é em um contexto claramente metafórico, inserido em um contexto
alegórico que dá margens a isso. Os meios de uma parábola nunca podem ser considerados literais
e, por isso, o nosso próximo passo a partir de agora é descobrirmos o que representa cada elemento
personificado na parábola do Lázaro.

ENTENDENDO A PARÁBOLA

A Bíblia não diz que o rico era um rico ímpio. Diz apenas que era “um homem rico e... morreu” (cf.
Lc.16:22). E isso nunca, jamais, em circunstância nenhuma, pode ser considerado um “pecado”
digno de lançar uma alma no fogo do inferno. Se fosse assim, então muitos homens por serem ricos
deveriam partilhar do inferno também, incluindo Abraão, Isaque, Jacó, Jó, José de Arimateia, etc.
Lembre-se que estamos analisando a parábola literalmente, como os imortalistas o querem que
façamos para fundamentar uma doutrina bíblica. A parábola diz apenas que era um homem rico. Em
momento nenhum diz que era um homem mau ou profano.

E quanto a Lázaro? A situação piora ainda mais para o lado dos imortalistas, pois a parábola diz
apenas que ele “era um homem pobre e... morreu”. Ora, jamais poderíamos pressupor que ser
pobre ou mendigo é passaporte para a salvação. Não. A Bíblia não ensina, em nenhum lugar, que
por ser pobre ou ter sofrido muitas dores, alguém tem a garantia celestial. Isso não é bíblico! E a
parábola nada diz de ser Lázaro um mendigo do “bem”, diz apenas ser um mendigo. Pense: se o
rico fosse uma representação de todos os ímpios e Lázaro representasse todos os justo (como
querem os imortalistas), então não seria estranho que em momento nenhum Jesus dissesse que o
rico era ímpio ou que o pobre Lázaro era justo?

Afinal, isso seria da maior fundamental importância caso fosse este o caso que Cristo quisesse
ilustrar. Se fosse este o caso, então nos seria dito claramente que o rico era ímpio e o mendigo era
justo. Mas isso não nos é relatado, porque, como veremos, não era isso o que Jesus ilustrar.
Ademais, se a parábola deve ser analisada literalmente, então deveríamos colocar todos os pobres
no Céu e todos os ricos no inferno. Irmão, são parábolas, e parábolas não tem meios reais, jamais
podem entendidas literalmente.

Além disso, a parábola nos indica que Lázaro era do pior tipo de gente, com o corpo todo carcomido
e cheio de chagas por uma doença terrível, presumivelmente a lepra. A obrigação, por Lei, de
qualquer leproso (ou nestas condições do Lázaro da parábola) era de passar longe das demais
pessoas e ainda gritar: “Imundo! Imundo!” (cf. Lv.13:44-46). Isto quando não eram apedrejados.
Pobres criaturas!

Agora continue imaginando o cenário: um rico, de alta classe, de repente se depara com esse pobre
“farrapo” de gente, com cães lambendo as feridas em carne viva, devorada pela lepra. Qual seria
sua reação? Deixaria ele comer da comida ou o expulsaria dali? Lembrem-se, pessoas como o pobre
Lázaro nem mesmo podiam chegar perto de alguma pessoa da sociedade! Quanto mais comer das
migalhas de algum homem rico!

Qual seria sua atitude ao encontrar, na porta de sua casa um leproso, em tamanho avançado grau
de enfermidade? Sua reação é uma incógnita, mas a do Rico da parábola, não. Não só o permitiu
comer das migalhas, como também não o expulsou dali (o que estaria de acordo com a própria Lei
dos judeus) e, além disso, pelo relato percebemos que tal fato deve ter durado dias de
benevolência! Portanto, esse Rico da parábola não era um homem mau, mas bom, de coração e
inclinado a fazer tal “caridade”.

Ora, se Lázaro por ser mendigo foi para o Seio de Abraão, por que o rico também não foi, uma vez
que não é nenhum “pecado” ser rico e esse da parábola demonstrou genuína humanidade? Por que
o rico também não foi salvo, se a parábola deve ser analisada literalmente ou se a intenção de
Cristo era representar os homens ímpios que vão para o inferno a partir dessa parábola? Se essa
fosse a intenção de Cristo, deveríamos esperar que ele narrasse um homem rico completamente
desumano, ímpio, ladrão, que merecesse verdadeiramente um inferno para si.

Esperaríamos realmente a descrição de alguém que nem ao menos deixa o pobre comer das
migalhas e que ainda o chutaria para fora, ou que consegue a sua riqueza por meios desonestos.
Contudo, isso está muito longe de ser o caso! Ademais, se os salvos personificados pelo mendigo
conversam com os ímpios no inferno, personificados pelo Rico, imaginemos, por exemplo, que você
esteja no Céu, gozando a bem-aventurança, quando, de repente, você ouve gritos, e estes
aumentam gradativamente.

Você então contempla seu parente ou amigo no inferno, com o fogo o consumindo por completo,
sob gritos e torturas horríveis. Medite: como você se sentiria, vendo-o do lado de lá, um amigo ou
parente nesta condição terrível? Afinal, se a parábola deve ser analisada literalmente, então o Céu e
o inferno são separados por uma “parede-de-meia”, certo? Ora, é impossível acreditarmos numa
coisa dessas, mas tal cenário insuportável é o que deveríamos admitir em caso de aceitar que os
meios da parábola são literais.

Selecionei uma lista com apenas vinte de todos os absurdos a que chegaríamos caso
fundamentássemos a parábola como uma doutrina bíblica:

ERROS E CONSTATAÇÕES DA ANÁLISE LITERAL DA PARÁBOLA PELOS SEUS MEIOS

1º Os mortos partem para o outro mundo não como “espíritos”, mas com o seu próprio corpo com
dedos, línguas, etc.

2º Os “espíritos” sentem sede (v.24).

3º Ser rico é motivo de ser mandado ao inferno, apesar de ter demonstrado tão grande
benevolência para com o pobre Lázaro e a própria parábola nada dizer de que o rico era um homem
mau!

4º Ser mendigo é passaporte para o Céu, uma vez que a parábola em nada indica que o mendigo
era um homem justo ou que cria no Senhor.

5º O Céu e o inferno ficam um bem do lado do outro (veríamos os nossos amigos ou parentes
queimando lá do outro lado!).

6º Apesar de haver um “abismo intransponível” entre ambas as partes, os salvos podem ficar
conversando a vontade com os ímpios que estão queimando no inferno (vs. 25 e 26). A
comunicação entre os justos do Céu e os ímpios do inferno é perfeitamente possível (poderíamos
ficar conversando com os nossos amigos ou parentes enquanto estes estão entre as chamas de um
fogo eterno e devorador).

7º É possível falar perfeitamente como em uma conversa normal enquanto queima-se entre as
chamas de um fogo verdadeiro (vs. 23-31).

8º O mediador não é Jesus, mas Abraão, para atender o chamado do rico (ver 1ª Timóteo 2:5; João
14:6; Efésios 2:18, etc).

9º Usando a mesma lógica que os imortalistas usam com a análise literal dos meios de uma
parábola, concluímos que as árvores falam (cf. 2ª Reis 14:11).

10º O rico pedia que Lázaro molhasse apenas a língua dele enquanto queimava entre as chamas, ao
invés de lhe dar um verdadeiro “banho de água”!
11º Se os mortos justos partem para o “Seio de Abraão” na morte, para onde partiu Abraão quando
morreu?

12º Para onde iam os que morriam antes de Abraão?

13º Caim inaugurou o tormento do Hades e está queimando há seis mil anos até hoje.

14º Os meios de uma parábola são reais e, portanto, deveríamos chegar à infeliz conclusão de que
Deus é um juiz mau que nem ao homem respeita (meios da parábola de Lucas 18:1-8).

15º Os meios de uma parábola são reais e, portanto, deveríamos chegar à infeliz conclusão de que
a Bíblia aprova a prática de administração desonesta (meios da parábola de Lucas 16:1-12).

16º Os meios de uma parábola são reais e, portanto, deveríamos chegar à infeliz conclusão de que
Deus é um homem severo que ceifa onde não semeou e ajunta onde não espalhou (meios da
parábola de Mateus 25:24).

17º Se o Hades/Sheol é o inferno ou algum local de tormento, então Jacó foi sepultar o seu filho
José no inferno (cf. Gn.37:35).

18º Se o Hades/Sheol é alguma “morada de espíritos”, então Davi estava enganando-se a si mesmo
e aos outros ao escrever que são os ossos que descem ao Sheol (cf. Sl.141:7 – “Sheol”, no original
hebraico).

19º Como explicar que na própria lição moral da parábola (ou seja, o que realmente devemos
retirar dela como fonte de doutrina teológica), o personagem Abraão fala em “ainda
que ressuscite alguém dentre os mortos” (vs. 30 e 31), confirmando que só a ressurreição é o
caminho do retorno de quem morreu à existência?

20º O rico reconhece Abraão (v.23), o que demonstra que tinha familiaridade com ele, mas na
própria parábola Abraão cita Moisés (v.29), que é de séculos posteriores.

É evidente, portanto, que se trata de mera parábola e como as outras devemos tirar dela a sua lição
moral e não analisá-la literalmente e muito menos podemos sair por aí fundamentando importantes
doutrinas bíblicas edificando-as sobre meios de parábolas! Assim como na parábola de 2ª Reis a
lição não era que as árvores falam, mas cada elemento tem o seu devido significado, assim também
o é na parábola do rico e Lázaro. O nosso próximo passo, então, será desvendarmos o que cada um
representava na parábola. Antes, porém, um pequeno adendo para a refutação de outros
argumentos imortalistas comumente enfrentados.
                                                     AS CONTRADIÇÕES IMORTALISTAS

As contradições imortalistas – Os imortalistas, ao sustentarem essa parábola como sendo real e


literal quando querem refutar os mortalistas, incorrem em uma série de contradições bíblicas com a
doutrina deles mesmos. Um dos exemplos mais claros que podemos citar é a interpretação deles
sobre o “espírito” que volta a Deus após a morte. À luz da Bíblia, esse espírito nada mais é senão o
sopro de vida que volta a Deus após a morte porque provém dEle, mas os imortalistas precisam
sustentar que esse espírito que volta para Deus é a própria alma imortal, um ser consciente com
personalidade que vai para o Céu imediatamente após a morte.

Sendo assim, a interpretação deles de textos como Eclesiastes 12:7 é de que logo ao morrermos
nossa alma deixa o corpo e vai para a presença de Deus. Mas, sabendo que Deus está no Céu, como
é que nesta parábola Abraão e Lázaro estavam no Hades, que fica nas profundezas da terra e não
no Céu, como o próprio Senhor Jesus deixou claro em Mateus 11:23? Pois ele disse: “E tu,
Cafarnaum, será elevada até ao Céu? Não, você descerá até o Hades! Se os milagres que em
você foram realizados tivessem sido realizados em Sodoma, ela teria permanecido até hoje” (cf.
Mt.11:23).

Se o Hades não é o Céu, mas fica em oposição a este (um está “acima” de nós e outro “abaixo”) e
o espírito volta a Deus após a morte (cf. Ec.12:7), como é que Abraão, Lázaro e o rico estavam no
Hades na parábola, e não no Céu ou em alguma dimensão celestial? Isso fica claro na própria
parábola, que diz:

“No Hades, onde estava sendo atormentado, ele olhou para cima e viu Abraão de longe, com
Lázaro ao seu lado” (cf. Lucas 16:23)

Como vemos, o rico estava no Hades, e não com Deus nas regiões celestiais. E Abraão, por sua vez,
também não poderia estar no Céu, porque estava tão próximo do rico que podia vê-lo e
conversar com ele! Se tudo isso se passava no Hades, que para os imortalistas é um local
embaixo da terra onde espíritos sobrevivem conscientemente à parte do corpo, como conciliar isso
com o texto de Eclesiastes 12:7, que diz que o espírito volta para Deus na morte, e não que desce
ao Hades? Na teologia bíblica mortalista é fácil responder a esta pergunta, pois o Hades é uma
figura da sepultura para onde vamos ao morrer, e o espírito não é uma “alma imortal” ou um ser
consciente e racional à parte do corpo, mas apenas o sopro de vida de Deus.

Mas como os imortalistas interpretam que a alma é imortal e o espírito é uma entidade consciente,
teriam que explicar como é que o espírito sobe para Deus, como disse Salomão (cf. Ec.12:7), Jesus
(cf. Lc.23:46) e Estêvão (cf. At.7:59), e a alma vai parar no Hades, que é onde estava Abraão e
Lázaro nesta parábola. Ou eles interpretam a parábola alegoricamente (como deveriam fazer) ou é a
própria teologia deles próprios que vai por água abaixo.

Outra passagem que refuta a interpretação imortalista de Lucas 16 é a de Hebreus 9:27, que diz
que imediatamente após a morte segue-se o juízo, e não o Céu ou o inferno. Ou seja: a próxima
experiência consciente que alguém desfrutará após a morte será o imediato encontro com o tribunal
de Cristo (para os justos) ou o grande trono branco (para os ímpios). Mas nessa parábola contada
por Cristo não há qualquer menção ao juízo seguindo-se à morte. Não é nos dito que o rico
morreu, foi julgado e depois condenado a sofrer no Hades, mas que ele foi direto para o Hades.
Sendo assim, ou o autor de Hebreus errou ao dizer que logo após a morte vem o juízo, ou a
parábola não é uma história real contada por Jesus, mas uma alegoria.
Ora, sabemos que este juízo só ocorrerá na volta de Jesus (cf. 2Tm.4:1) e que os ímpios só serão
julgados após o término do milênio (cf. Ap.20:11-15), seguindo-se, portanto, que o rico não foi
literalmente enviado ao Hades conscientemente para ser atormentado, mas espera o dia do juízo,
que é de fato a próxima experiência que alguém tem depois de morrer. Portanto, as verdades
literias da Bíblia anulam qualquer possibilidade de essa parábola ser um acontecimento real ou
retratar algo que de fato ocorra com alguém após a morte, e de quebra põe a própria teologia
imortalista em confusão consigo mesma.

REFUTANDO CONTRA-ARGUMENTOS

A contra-argumentação mais famosa utilizada pelos imortalistas é que, mesmo que Lucas 16 seja
uma parábola e não necessariamente precise relatar meios literais, a imortalidade da alma deve
mesmo assim ser considerada através desta passagem porque Jesus não iria “confundir” os seus
ouvintes judeus incrédulos, que poderiam pensar que realmente aquele estado intermediário existia.
Para eles, se aquela descrição da parábola fosse fictícia, isso causaria enorme confusão na mente
daquelas pessoas e muitos poderiam tomar aquilo como sendo um retrato da verdade. A vista deste
argumento, temos que fazer as seguintes considerações:

1º Em primeiro lugar, o povo daquela época, diferentemente do atual, já estava habituado com o


uso de parábolas e sabiam que elas não poderiam ser levadas ao pé da letra. Jesus só lhes falava
por meio de parábolas (cf. Mt.13:34), e, se eles fossem literalizar cada uma delas, poderiam ter
depreendido vários erros teológicos dos quais já constatamos aqui, como, por exemplo, a alegação
de que Deus é um juiz ímpio (cf. Lc.18:2), que colhe onde não semeou (cf. Mt.25:24), que obriga as
pessoas a irem para o Céu (cf. Lc.14:23), ou que aprova a prática da administração desonesta
(cf. Lc.16:8). Mas nunca vemos alguém acusando Jesus por insinuar que ele aprovava a
administração desonesta, que colocava um caráter ímpio em Deus ou que não respeitava a nossa
própria liberdade. Portanto, podemos perceber claramente que o próprio povo da época entendia
que as parábolas não podiam ser interpretadas literalmente. Se eles não faziam isso com as outras
parábolas, também não iriam aplicar este princípio na do rico e Lázaro para serem “confundidos”!

2º Em segundo lugar, se Jesus não poderia fazer uso dessa parábola em função da “confusão” que
causaria em seus ouvintes, então ele não obteve tanto sucesso, visto que o Hades que ele
mencionou era totalmente diferente daquele que é crido hoje pelos imortalistas. Por
exemplo, na parábola Céu e inferno ficam lado a lado, já na teologia imortalista ficam em dimensões
diferentes. Na parábola, os salvos e os perdidos conversam numa boa, já na teologia imortalista não
há contato entre os salvos e perdidos que se foram. Na parábola, o rico tinha um corpo físico com
língua, dedos, e sentia sede. Já na teologia imortalista, é apenas um espírito incorpóreo que desce
ao Hades. Sendo assim, se este argumento imortalista realmente procede, certamente se volta
contra eles mesmos quando analisado mais de perto.

3º Em terceiro lugar, temos que ressaltar que Jesus não estava contando essa parábola aos
incrédulos (multidão), mas aos seus próprios discípulos. Isso por si só já fulmina com esse
argumento imortalista, pois, se Cristo contou essa parábola aos seus próprios discípulos (e estes já
estavam muito bem doutrinados por Cristo), não haveria possibilidades de “confundir a multidão”
que vivia em trevas. Podemos perceber que Jesus falava em particular com os seus discípulos e não
com toda a multidão através da leitura do verso seguinte, que deixa claro que Jesus estava falando
“aos discípulos” – Lucas 17:1. Temos que lembrar que o original da Bíblia não continha a divisão
por capítulos e versículos, e, portanto, Lucas 17:1 era simplesmente a continuação direta e imediata
do relato descrito até o verso 31 em Lucas 16, que deixa evidente que a conversa era entre Jesus e
seus discípulos, e não entre Jesus e a multidão.

4º E, em quarto lugar, devemos lembrar que seus discípulos, evidentemente, já eram muito bem
doutrinados por Cristo, e portanto não teriam qualquer problema com essa parábola. O pastor
adventista Valdeci Junior costuma contar aos seus ouvintes uma história semelhante a que Jesus
contou em Lucas 16:19-31, dizendo:

«Certa vez, morreram, na mesma hora, em lugares diferentes mas não muito distante um do outro,
dois homens. O primeiro era um senhor simples, sem estudos, motorista de ônibus na pequena
região onde morava. Era conhecido de todos, principalmente pela má execução de sua tarefa
profissional. Era muito, mas muito barbeiro. Foi assim a vida toda, até que morreu em acidente de
transito. O segundo homem era o pastor da cidadela.

Pois bem, chegaram na porta do céu praticamente juntos. São Pedro atendeu primeiro o motorista.
No questionário de admissão para entrar no céu, quando São Pedro queria saber quem ele era,
aquele homem começou a explicar: eu sou aquele conhecido motorista de ônibus, da empresa tal,
de tal cidade, e tal e tal... Ah, ta! Disse São Pedro. Você é o motorista barbeiro! “Justamente”,
respondeu o homem! Pois bem! Disse São Pedro. Entre! O Céu é todo seu!

O pastor, que estava assistindo a entrevista enquanto esperava para ser também atendido,
pensava: “Se este homenzinho foi admitido ao Céu, imagine eu, o pregador”.

São Pedro se virou para o pastor: “Você é o próximo?”

“Sim”, respondeu o pastor, todo empolgado: “Sou o pastor, da mesma cidade deste barbeiro que
acabou de entrar...”

São Pedro cortou: “Olha, eu sei quem você é. Infelizmente, você não tem entrada livre ao Céu. Não
poderá ficar aqui”.

“Mas como?”, contestou o pastor. “Este homenzinho ignorante, iletrado, que fazia seu trabalho mal
feito, que não pregava, que vivia dando prejuízo pra empresa, que sempre deixava todos os seus
passageiros tensos e temerosos, vai entrar no Céu, e eu, o pregador, que vivia na igreja, que falava
da palavra de Deus, que procurava deixar todos em paz, não poderei entrar?”

“É justamente nesta diferença que está a razão da rejeição de sua entrada em face da admissão do
motorista”, respondeu São Pedro.

“Não entendi”, disse o pregador.


O apóstolo porteiro do Céu explicou: “É que enquanto você estava na igreja, com seus sermões sem
vida, colocando todos os seus fiéis para dormir, o motorista estava colocando todos os seus
passageiros para rezar”»

Depois que ele conta a história, ainda antes de revelar ao auditório qual será o assunto do dia,
começa a perguntar às pessoas quais são as lições que elas tiraram desta história. É interessante
notar alguns pontos da reação do auditório. Assim que termina a história, os ouvintes sorriem e vão
fazendo a lista das lições aprendidas:

“Nem todo o que me diz Senhor, Senhor entrará no reino dos céus”

“Os simples também têm entrada no Céu”

“É melhor a devoção do que o formalismo”

“Ser pastor não garante a salvação”

“O pregador deve fazer bons sermões”

“O Céu não admite só pela aparência”

“As aparências enganam”

“Devemos vigiar e orar”

E por aí vai...

Interessante é que absolutamente ninguém até hoje diz que viu nesta história lições como:

“São Pedro está lá na porta do Céu esperando por nós”

“Antes de entrarmos no Céu teremos que passar por uma entrevista”

“Assim que morremos chegamos ao Céu”

“Pode ser que cheguemos à porta do Céu e não sejamos admitidos”

“A alma é imortal”

Ninguém se escandaliza por isso ou ridiculariza a história. Esperam então que ele introduza o
assunto da palestra baseado em alguma das lições que conseguiram tirar dela. Começam a imaginar
qual será o tema da noite. Jamais pensam que ele iria falar da parábola do rico e do Lázaro. Ele se
aproveitou de uma crendice popular apenas como um cenário onde se passava uma historia
inventada, a fim de ensinar algumas lições. Por que?

1º O auditório sabe que esta não é uma historia verdadeira.

2º Eles conhecem a crendice popular de que quem morre vai pro Céu, e na entrada encontra São
Pedro.
3º Eles não creem nesta crendice como doutrina. Sabem que isto não é verdade (ele já conhece o
auditório e sabe que eles creem como ele crê, sobre o destino do homem após a morte).

4º O auditório vai conseguir captar as lições que ele quer ensinar com mais facilidade, pois, através
de uma metáfora, está figurando o ensino. Isto é didática. A primeira vez que ele ouviu esta
historia, ela foi contada por um palestrante que não cria na imortalidade da alma, para um publico
que também não cria. Na ocasião, todos entenderam a mensagem. A questão de mortalidade ou
imortalidade nem foi cogitada por ninguém. Não era este o assunto.

Isto foi o que Jesus fez. Ele se utilizou de um cenário popular como um fundo fictício onde se
passava a parábola do rico e Lázaro, na qual ele ensinou aos seus discípulos as lições morais que
iremos analisar a partir de agora. Isso obviamente não confundiria os discípulos nem a ninguém que
entendesse um pouco de Bíblia para saber que a natureza humana é holista, que a morte é a
cessação da existência e a ressurreição é o antídoto para a vida eterna, tanto quanto a palestra do
pastor Valdeci Junior, que vimos acima, não levou ninguém a tirar a conclusão de que aquela
história ensina a imortalidade da alma, nem tampouco chegou a “confundir” alguém.

O SIGNIFICADO DOS ELEMENTOS DA PARÁBOLA

O homem rico representava a nação judaica, que se orgulhava de se auto-considerar “os filhos de


Abraão” (cf. Jo.8:33). Eram o povo escolhido de Deus, a nação eleita, sacerdócio real, tinham a Lei
de Deus, os Mandamentos, eram os filhos legítimos de Abraão. Deus lhes computou todas as
responsabilidades do Reino como os Seus filhos, como a Sua nação eleita.

Contudo, rejeitaram o Messias, rejeitaram o Filho de Deus encarnado, preferiram seguir os seus
caminhos e as suas tradições, fundamentando-as na segurança de serem os filhos de Abraão, a
nação de Jeová e, portanto, os filhos legítimos do Reino. Em contraste, como eles consideravam os
gentios? Os consideravam como os coitados, considerados como cães, imundos e indignos do favor
do Céu, pelos judeus. Não foram os “escolhidos de Deus”, eram, portanto, os “Lázaros espirituais”.

Enquanto os judeus receberam tudo de bom nesta vida, recebendo o favor de Deus como a nação
eleita e sacerdócio real, para lhes ser computada como justiça, os gentios (representados pelo
mendigo Lázaro) eram os “pobres” do Reino. Ficavam para trás, o máximo que faziam era “comer as
migalhas” daqueles que faziam parte do Reino, os judeus, representados pelo Rico.

Como o rico, os judeus não estendiam a mão para auxiliar os gentios em suas necessidades
espirituais. Permitia apenas comer das migalhas. Cheios de orgulho, consideravam-se o povo
escolhido e favorecido de Deus; contudo, não serviam nem adoravam a Deus. Depositavam
confiança na circunstância de serem filhos de Abraão, dizendo: “Somos descendência de
Abraão” (cf. Jo.8:33), e diziam isso orgulhosamente.

Assim, foram os judeus comparados ao homem Rico da parábola, pelo fato de que possuíam as
riquezas do evangelho, mas, no entanto, não cumpriram a vontade de Deus a respeito deles, que
era de ser a luz dos gentios. No campo religioso, os pobres gentios pegavam mesmo apenas as
migalhas. Uma cena que exemplifica bem esse quadro encontra-se no evangelho de Mateus:

“E, partindo Jesus dali, foi para as bandas de Tiro e Sidom. E eis que uma mulher cananéia, que
saíra daquelas cercanias, clamou dizendo: Senhor, filho de Davi, tem misericórdia de mim, que
minha filha está miseravelmente endemoniada. Mas Ele não lhe respondeu palavra. E os discípulos,
chegando ao pé dEle, rogaram-lhe dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. E Ele
respondendo disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então chegou
ela e adorou-O dizendo: Senhor, socorre-me. Ele porém, respondendo disse: Não é bom pegar no
pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor, mas também os
cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. Então respondeu
Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé: Seja isto feito para contigo como tu desejas. E
desde aquela hora a sua filha ficou sã” (cf. Mateus 15:21-28).

Aquela mulher cananéia (gentios) também queria compartilhar das “migalhas” da mesa, assim como
o mendigo Lázaro. Uma descrição perfeita daquele cenário. O que Jesus fez? Elogiou a sua fé.
Apesar de ele ter sido chamado para a “casa de Israel”, ficou impressionado com a fé dos gentios,
pois “nem mesmo em Israel encontrou tamanha fé”. Aquela gentia contentava-se em comer das
migalhas da mesa, como é o caso de Lázaro na parábola.

Outro exemplo disso encontra-se em Mateus 8:5-13. Nesta experiência, o centurião expressou
exatamente o que os judeus pensavam dos gentios: “Não sou digno de que entreis em minha
casa”(v.8). No entanto, o centurião demonstrou grande fé quando disse: “Diga somente uma
palavra e meu criado sarará” (v.8). Jesus curou o servo daquele gentio e publicamente elogiou sua
fé com estas palavras: “Nem mesmo em Israel encontrei tanta fé” (v.10), e, por fim, assegurou que
muitos gentios irão se assentar na mesa com Abraão (cf. Gl.3:27-29; Rm.10:12).

Apesar de serem considerados “a descendência de Abraão”, os gentios demonstravam uma fé muito


superior do que a dos próprios israelitas! Embora estes fossem “os ricos do Reino”, devendo ser a
luz das nações e os reis da terra deveriam caminhar vendo a glória de Deus que paira sobre eles (cf.
Is.60:3), não aproveitaram essa sua riqueza. Os gentios, contudo, mesmo sendo os “Lázaros
espirituais”, desprezados pelos judeus por não serem os “filhos de Abraão”, demonstraram uma fé
muito superior a dos próprios judeus.

No pátio do Templo de Jerusalém havia uma linha demarcatória que, no caso de ali algum gentio
passar, morria imediatamente (cf. At.21:29), isso porque eram considerados indignos pelos judeus
de cultuar a Deus no Seu Templo. Portanto, Cristo quis ensinar nesta parábola que os judeus (Rico)
banqueteavam-se na mesa da verdade, enquanto os gentios (Lázaro), eram como os cachorrinhos
que procuravam a todo custo apanhar ao menos das migalhas do evangelho.

E, de fato, eles passaram a fazer parte da mesa de Deus, unidos em “um só povo” (cf. Jo.11:52).
Isso serviu de lição moral ao grupo dos fariseus, que eram exatamente aqueles a quem Cristo
condenava nesta parábola (v.14,15). A maior prova de que o Rico (nação judaica) recebeu “seus
bens em sua vida”, como nos informa a parábola, foi o fato de ter sido chamada para ser o
sacerdócio real de Deus na Terra, nação santa, peculiar.

Sobre ela o Senhor dispensou, por séculos, bênçãos sem limites, além de dar-lhes uma terra onde
mana leite e mel e, finalmente, deu-lhes o próprio Messias, o Salvador. A reação do rico (judeus),
contudo, foi esta: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (cf. Jo.1:11). Os judeus,
portanto, rejeitaram o Messias (o Rico morre). Assim sendo, perderam a soberania divina sobre as
demais nações.

O evangelho haveria de ser então anunciado em seu poder aos gentios (Lázaro), a fim de que
também eles participassem da mesa do Reino. Não comeriam mais migalhas da mesa do Senhor,
mas fariam parte do banquete do Reino (cf. Lc.13:29). O que Jesus faz? Ele tira do próprio Abraão,
sobre o qual aquela nação judaica se orgulhava em sua chamada “superioridade”, as palavras que
este haveria de ter dito em pessoa: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão,
ainda que algum dos mortos ressuscite” (cf. Lc.16:31).

Essa é a lição moral da parábola. Nada, nem mesmo uma ressurreição, poderia converter aquela
nação novamente. Tornaram-se cegos espirituais, cavaram-se a si mesmo um abismo intransponível
entre eles e Deus, entre eles e a salvação (cf. Lc.16:26). A parábola, portanto, não deve ser
interpretada literalmente pelos seus meios fundamentando-a como doutrina, pelo contrário, tem
cada elemento o seu devido significado ao exemplo das outras parábolas que também não
apresentam meios literais, mas uma verdade moral por detrás de um cenário fictício.

Ele contou a parábola do Rico e do Lázaro, em que o homem rico representava o próprio povo judeu
que teve todas as oportunidades nesta vida, mas a desperdiçou, enquanto, em contraste, os gentios
(representados por Lázaro na parábola) eram os “Lázaros espirituais”, desprezados pelos judeus,
mas que desfrutariam de muito maior bem-aventurança do que a própria nação judaica que se
autoproclamava os “filhos de Abraão”. O quadro todo representava aquela nação judaica que se
orgulhava por serem os filhos de Abraão escolhidos de Deus (representados pelo Rico), quando, na
verdade, os que são da fé é que são os verdadeiros filhos de Abraão (representados pelo pobre
Lázaro), como disse o apóstolo Paulo: “Estejam certos, portanto, de que os que são da fé, estes é
que são filhos de Abraão” (cf. Gl.3:7).

Por fim, a lição moral da parábola é que, “se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco
acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite” (cf. Lc.16:31). Os fariseus desprezavam Jesus,
não acreditavam nele, o perseguiam, apesar de todos os feitos milagrosos de Cristo, incluindo o de
ressuscitar os mortos. Jesus havia ressuscitado exatamente um homem chamado Lázaro (cf.
Jo.11:43,44), que havia voltado à vida após quatro dias em que esteve morto, mas nem mesmo
assim os fariseus acreditaram nele, e ainda continuavam a o perseguir!

Os que não escutam Moisés e os profetas também não vão acreditar em Cristo, nem mesmo se os
mortos ressuscitarem. De fato, essa verdade foi ainda mais ressaltada pela reação dos dirigentes
dos judeus quando Jesus ressuscitou Lázaro, no relato de João 11. Ao invés de eles passarem a
acreditar em Cristo, começaram a persegui-lo ainda mais do que antes:

“Depois os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho, e diziam: Que faremos?
Porquanto este homem faz muitos sinais. Se o deixarmos assim, todos crerão nele, e virão os
romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação (...) Ora, os principais dos fariseus tinham dado
ordem para que, se alguém soubesse onde ele [Jesus] estava, o denunciassem, para o
prenderem” (João 11:47-48,57)

“E os principais dos sacerdotes tomaram a deliberação para matar também a Lázaro; porque muitos
dos judeus, por causa dele, iam e criam em Jesus” (João 12:10-11)
Então, Cristo ensina que para aqueles que se proclamavam os “filhos de Abraão”, nenhuma prova –
nem mesmo sequer uma ressurreição, como foi a de Lázaro – os fariam mudar de opinião e
converter-se. O próprio Abraão que os condenava!

Jesus não estava dizendo que literalmente algum morto teria que voltar a vida para contar sobre os
tormentos do Hades, convertendo assim aquela nação judaica, pois a Bíblia traz um relatório de sete
pessoas que foram levantadas dentre os mortos (cf. 1Rs.17:17-24; 2Rs.4:25-37; Lc.7:11-15; 8:41-
56; At.9:36-41; 20:9-11), mas absolutamente nenhuma delas teve uma experiência de pós-morte
para compartilhar. Lázaro, que foi trazido à vida após quatro dias morto não teve nenhuma
experiência fora do corpo, e muito menos alguma “mensagem” para trazer a família nenhuma.

O que Jesus estava fazendo era uma exortação à comunidade: ouvirem a Moisés e aos profetas (i.e,
a Escritura da época), antes que seja tarde demais.  Isso porque as tradições humanas daquele
povo já estavam se sobrepondo a “Moisés e os profetas”, já estavam tomando o lugar da Sagrada
Escritura (cf. Mc.7:13). Se considerando filhos de Abraão (Rico) que são beneficiados no banquete
do Reino de Deus, desprezavam os gentios (Lázaro), que tinham que comer das migalhas que caíam
de suas mesas. Mas este quadro estava se revertendo. A partir do período da Graça, eram os
gentios que desfrutariam das bem-aventuranças do Reino, ao passo que aqueles que se apoiavam
na descendência natural de Abraão seriam condenados pelo próprio Abraão.

CONCLUSÃO

A parábola apresenta através de meios não-literais (fictícios) diversos princípios morais que estavam
sendo rejeitados pelos judeus da época de Cristo, em especial o repúdio aos gentios, que haveriam
de desfrutar muito maior bem-aventurança que os próprios judeus. Eles “virão do oriente, e do
ocidente, e do norte, e do sul, e assentar-se-ão à mesa no reino de Deus” (cf. Lc.13:29), junto a
Abraão e os patriarcas (cf. Lc.13:28), enquanto os incrédulos ficarão de fora:

“Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó, e todos os profetas
no reino de Deus, e vós lançados fora. E virão do oriente, e do ocidente, e do norte, e do sul, e
assentar-se-ão à mesa no reino de Deus” (cf. Lucas 13:28-29)

O quadro descrito em Lucas 13:28-29 é tipificado na parábola do Rico e Lázaro. Na parábola, o


pobre, representando a multidão de gentios convertidos, está ao lado de Abraão (cf. Lc.16:22),
exatamente como em Lucas 13:28, ao passo que os incrédulos estão de fora do Reino, o que
também é tipificado na parábola (cf. Lc.16:23). Assim como em Lucas 13:28-29, na parábola os
gentios convertidos representados por Lázaro desfrutam das bem-aventuranças do Reino como em
um verdadeiro banquete, após terem desfrutado apenas das “migalhas” enquanto estiveram aqui na
terra (cf. Lc.16:21).

Sendo assim, podemos dizer que a parábola do Rico e Lázaro é uma tipificação do ensino de Cristo
descrito em Lucas 13:28-29, mas com maior riqueza de ensinos morais a serem obtidos dela, como
vimos acima. Note que o verbo em Lucas 13:28-29 está em todo o momento no  tempo futuro.
Cristo diz que “haverá” choro e ranger de dentes (v.28), e não que está havendo choro e ranger de
dentes. Da mesma forma, diz que muitos virão do oriente e do ocidente para fazerem parte do
Reino, e não que já estejam lá (v.29). Eles se assentar-se-ão à mesa de Deus, como em um
acontecimento futuro (v.29).
Portanto, aquilo que acontecerá futuramente foi tipificado na parábola do Rico e Lázaro, não de
forma literal, mas com a personificação dos personagens ali citados e transmitindo um ensinamento
moral aos seus discípulos. A parábola em si não é a descrição de como será o pós-vida, mas
uma tipificação desta.  Na parábola é tipificado aquilo que virá a ser, isto é, gentios de todas as
nações fazendo parte do Reino junto a Abraão, incrédulos de fora, reforço ao apego às Escrituras
(“Moisés e os profetas” – cf. Lc.16:31) e a rejeição à incredulidade dos líderes dos judeus. De fato, à
exemplo da lista de lições aprendidas na história do pastor Valdeci Junior, podemos listar também
aquilo que aprendemos com a parábola do Rico e Lázaro:

1º Que, diferentemente dos fariseus que pensavam que as riquezas eram um sinal da aprovação
divina (e estes eram extremamente apegados ao dinheiro - cf. Lc.16:14), haverão homens ricos
(v.19) que estarão de fora do Reino (vs.22-23).

2º Que, diferentemente da crendice popular de que a pobreza e a doença eram coisas do diabo,
haverão homens extremamente pobres e doentes que serão salvos (vs.20-21).

3º Que os gentios que na época comiam apenas das migalhas passarão a desfrutar da mesa do
Reino de Deus ao lado de Abraão (v.21).

4º Que o simples fato de se apoiar na descendência natural de Abraão em nada significa que é
realmente filho de Deus (v.24).

5º Que os que desprezam a Cristo estão cavando para si mesmos um “abismo intransponível” entre
eles e Deus (v.26).

6º Que nem todo aquele que reivindica para si mesmo o direito de ser chamado filho de Abraão ou
de Deus é realmente um convertido (vs.24-25).

7º Que a ressurreição é o único caminho para quem morreu voltar à existência (v.31).

8º Que até mesmo um grande sinal miraculoso como ressuscitar os mortos não é suficiente para
fazer que os descrentes creiam em Cristo Jesus (vs.30-31).

9º Que a oportunidade de salvação se limita ao “hoje”, e não depois da morte, quando nada mais
pode ser feito (v.s.24-31).

10º Que a Sagrada Escritura (“Moisés e os profetas” – v.31) é o único meio através do qual um


incrédulo pode se se arrepender e se converter de seus maus caminhos.

Na parábola do Rico e Lázaro, Cristo mostra que é nesta vida os homens decidem seu destino
eterno, porque, depois, será apenas por meio da ressurreição que voltaremos à existência (cf.
Lc.16:31) e seremos ressurretos para a vida eterna ou para a condenação (cf. Jo.5:28-29), de
acordo com os atos praticados em vida (cf. 2Co.5:10), sem segunda chance após a morte (cf.
Hb.9:27). Durante o presente momento, essa salvação é oferecida por Deus a toda criatura, sem
distinção entre ricos e pobres, judeus ou não-judeus. Mas, se os homens desperdiçam as
oportunidades se apoiando em tradições humanas antes que nas Escrituras, acabam por si mesmos
cavando entre eles e Deus um abismo intransponível.

Lucas Banzoli (www.facebook.com/lucasbanzoli1)

As visões teológicas sobre o inferno

Tem se falado tanto a respeito do inferno nos últimos dias que eu decidi tecer alguns comentários a
respeito das principais visões teológicas quanto ao inferno, que vão além daquilo que eu escrevi em
meu livro “A Verdade sobre o Inferno”. Há historicamente quatro visões predominantes sobre este
tema, sendo elas:

• Tormento eterno

• Universalismo

• Aniquilacionismo direto

• Aniquilacionismo posterior ao castigo

DE UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA

Alguém que vive em pleno século XXI naturalmente irá pensar que a opção número 1, por ser a
mais famosa hoje em dia, foi a que mais predominou nos primeiros séculos da Igreja, mas isso não
é verdade. Uma leitura básica nos escritos dos Pais da Igreja nos mostra que a visão de um
tormento eterno só passou a existir em finais do século II d.C[1], sendo precedida pela visão
aniquilacionista e universalista. Isso é reconhecido até mesmo pelo maior pregador do tormento
eterno que já existiu na Igreja antiga – Agostinho de Hipona –, que em sua época reconheceu
que “existem muitíssimos que apesar de não negarem as Santas Escrituras não acreditam em
tormentos eternos”[2]. A palavra “muitíssimos”, no original, é imo quam plurimi, que também pode
ser traduzida como “maioria”. Portanto, Agostinho reconhece que em seus dias a maioria dos
cristãos não cria em um tormento eterno.

Basílio, o Grande (329-379 d.C), que foi contemporâneo de Agostinho, também reconheceu isso. Ele
disse: “grande parte dos homens afirma que haverá um fim à punição daqueles que foram
punidos”[3]. A posição predominante nos primeiros Pais, do primeiro século até meados do
segundo, era aniquilacionismo subsequente à punição. A partir de Orígenes, o primeiro grande
universalista, muitos outros Pais adotaram tal postura, como Ambrósio (o tutor de Agostinho),
Clemente de Alexandria, Gregório de Nissa, Gregório Nazianzeno e até mesmo Jerônimo, antes de
mudar de opinião e passar a atacar severamente Orígenes.
Dos Pais que criam no tormento eterno, destaca-se Irineu, que difundiu tal doutrina em finais do
século II, e o próprio Agostinho, que tornou essa doutrina a mais famosa nos séculos seguintes,
como a visão predominante que marcaria as próximas eras. Por isso, foi somente depois da época
de Agostinho, o bispo mais famoso da história da Igreja, que a visão de tormento eterno se tornou
predominante na Igreja, como diz J. N. D. Kelly: “por volta do quinto século, em todos os lugares
imperava a rígida doutrina de que, depois desta vida, os pecadores não terão uma segunda chance
e que o fogo que os devorará jamais se apagará”[4].

Antes disso, como diz a Enciclopédia de Conhecimento Religioso, de Schaff-Herzog, “nos primeiros


cinco ou seis séculos do Cristianismo haviam seis escolas teológicas, no qual quatro (Alexandria,
Antioquia, Cesaréia e Edessa ou Nisibis) eram universalistas, uma (Éfeso) aceitava imortalidade
condicional (aniquilacionismo); uma (Cartago ou Roma) ensinava punição eterna do ímpio. Outras
escolas teológicas são mencionadas como fundadas por universalistas, mas a doutrina real delas
nesta questão é desconhecida”[5].

Tendo em vista a perspectiva histórica, iremos analisar brevemente cada uma delas, a partir de
agora, sob uma perspectiva ideológica.

DE UMA PERSPECTIVA BÍBLICA

• Tormento eterno. Seus adeptos (Igreja Católica e maioria protestante) creem que o tormento no
inferno não terá fim, será eterno, pelos séculos dos séculos, independentemente do pecador e não
fazendo distinção entre aqueles que pecaram mais e aqueles que pecaram menos, pois ambos serão
punidos com tormentos eternos na vida futura. Usam passagens bíblicas que, para eles, favorece a
perspectiva imortalista, como o texto de Mateus 25:46, que falaria sobre “vida eterna” para os
justos e “tormento eterno” para os ímpios. Se apegam também a textos apocalípticos (Ap.14:11;
20:10) que sustentariam tal tese, e às passagens que falam sobre o “fogo eterno” (Mt.18:8; 25:41;
Jd.7).

O problema com essa interpretação é que, em primeiro lugar, Mateus 25:46 não fala de “tormento”
(basanos), mas de “punição” (kolasin)[6]. Todos os léxicos do grego concordam que essa punição,
decorrente da palavra grego kolasis, é a pena capital – a morte –, significando literalmente “mutilar,
cortar fora”[7], “morte e destruição”[8], “mutilar, deceptar”[9], “extirpar alguém da vida”[10]. Ou
seja: o texto está falando sobre vida eterna e morte eterna, e não sobre vida eterna
ou tormento eterno. O contraste é entre existência e inexistência para sempre, e não entre
existência eterna em ambos os casos.

Outro problema nessa interpretação é a identificação literal de elementos apocalípticos, que por
definição é um livro hiperbólico, e não literal[11]. Além disso, a comparação de passagens, como
Apocalipse 14:11 com Isaías 34:9,10, nos mostra que a “fumaça que sobe para sempre” não é
sinônimo de um fogo queimando para sempre, pois este mesmo texto de Isaías fala que “os ribeiros
de Edom se tornarão em pez, e o seu pó em enxofre, e a sua terra em pez ardente. Nem de noite
nem de dia se apagará; para sempre a sua fumaça subirá; de geração em geração será assolada;
pelos séculos dos séculos ninguém passará por ela” (Is.34:9,10), mas não há fumaça subindo até
hoje em Edom.

Finalmente, a interpretação sobre o “fogo eterno” falha em não considerar que o fogo é eterno
pelos efeitos da destruição eterna, e não pelo processo. Foi assim em todas as vezes que a Bíblia
usou tal linguagem para algo que aconteceu no mundo real. Como vimos, Isaías 34:9-10 fala de
uma fumaça subindo para sempre em Edom, mas não há fumaça subindo literalmente até hoje.
Semelhantemente, Jeremias fala de um fogo que consumiria os palácios de Jerusalém e que “não se
apagará” (Je.17:27), mas não há nenhum fogo queimando até hoje ali. Em Ezequiel vemos que a
floresta do Neguebe seria incendiada por uma chama abrasadora que “não será
apagada” (Ez.20:47,48), e Judas fala das cidades de Sodoma e Gomorra sofrendo a pena do “fogo
eterno” (Jd.7), ainda que o fogo que consumiu estas cidades em Gênesis 19:24 tenha sido
temporário, e não eterno. Tais exemplos nos mostram claramente que a linguagem de “fogo eterno”
sempre se referiu aos efeitos da destruição total, e não a um processo sem fim.

• Universalismo. Seus adeptos defendem essa tese em passagens como 1ª Coríntios 5:5, que
diz:“seja, este tal, entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no
dia do Senhor Jesus”, e Filipenses 2:10-11, que diz: “para que ao nome de Jesus se dobre todo o
joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus
Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (veja também: Rm.14:11). Para eles, isso significa que
todos os perdidos um dia se dobrarão aos pés de Cristo e serão salvos por ele. Ou seja: que, no fim
das contas, todos irão para o Céu.

Essa interpretação falha em dois aspectos principais: (a) pouca evidência bíblica de apoio; (b) pouca
capacidade de refutação às evidências contrárias. A pouca evidência se vê pelo fato de que tal tese é
apoiada muito mais pelo sentimentalismo de argumentos passionais do que por evidências
Escriturísticas, e de tais referências oferecidas poderem ser perfeitamente interpretadas de outra
forma. A “destruição da carne” não indica que o pecador de 1Co.5:5 não teria passado por um
arrependimento futuro ainda em vida, mas implica apenas na morte corporal. Portanto, o espírito
salvo no dia do Senhor (ressurreição/volta de Jesus) não se refere, necessariamente, a um perdido,
mas a um salvo.

Textos que mostram todo o joelho se dobrando diante de Cristo também não implicam
necessariamente no universalismo, mas apenas que todos reconhecerão que Jesus, a quem eles
condenaram em vida, realmente é o Senhor. O que será dessas pessoas depois disso não é dito
nestes textos. Passagens como 2ª Coríntios 6:1-2, Hebreus 3:13 e Hebreus 9:27 indicam que não
existe segunda oportunidade de salvação após a morte. Além disso, se o universalismo é verdadeiro,
não existiria fogo eterno nem pelo processo e nem pelo efeito, já que o efeito não seria eterno nem
irreversível. Seria, então, uma linguagem inapropriada. Eles também têm grande dificuldade em
explicar as 152 passagens bíblicas que falam em aniquilamento dos ímpios e as dezenas de
passagens que falam em castigo, já que, segundo eles, não ocorrerá nem uma coisa e nem outra
com os ímpios.

• Aniquilacionismo direto. Essa visão é compartilhada principalmente pelas testemunhas de


Jeová, e se apoia em centenas de passagens bíblicas que retratam aniquilacionismo, mas falha em
desconsiderar passagens que falam em castigo, como Lucas 12:47-48, que se refere a pessoas que
receberão poucos açoites e outras que receberão muitos açoites. Se ninguém
recebe nenhum açoite, tal texto não faria sentido. Além disso, a linguagem expressa por Cristo aos
fariseus, de que “estes receberão maior castigo” (Lc.20:47) também não se enquadra no
aniquilacionismo direto, em que os ímpios são destruídos sem serem castigados antes, pois, desta
forma, não haveria um castigo maior para uns em detrimento dos outros.

Finalmente, a tese do aniquilacionismo direto falha em um aspecto filosófico. Para que haveria
ressurreição de ímpios, se eles serão destruídos imediatamente em seguida, sem serem castigados
antes? As testemunhas de Jeová respondem a tal argumento alegando que não há ressurreição de
ímpios, mas apenas de justos. Isso, porém, ignora uma série de passagens bíblicas que afirmam
claramente que os ímpios também ressuscitarão, assim como os justos (ex: Dn.12:2; Jo.5:28,29).

• Aniquilacionismo posterior ao castigo. É a visão mais plausível biblicamente. Ela é apoiada por
pelo menos 152 versículos que ensinam que os ímpios serão destruídos na vida futura[12], ao invés
de serem atormentados para sempre. Há literalmente dezenas de formas de expressar este fato,
usadas no AT e no NT, como, por exemplo, que os ímpios serão:

a)    eliminados (cf. Pv.2:22; Sl.37:9; Sl.37:22; Sl.104:35; Is.29:18-20); 

b)  destruídos (cf. 2Pe.2:3; 2Pe.2:12,13; Tg.4:12; Mt.10:28; 2Pe.3:7; Dt.7:10; Fp.1:28; Rm.9:22;


Sl.145:20; Gl.6:8; 1Co.3:16,17; 1Ts.5:3;2Pe.2:1; Sl.145:20; Sl.94:23; Pv.1:29; 1Ts.5:3; Jó 4:9;
Sl.1:4-6; Sl.73:17-20; Sl.92:6,7; Sl.94:23; Pv.24:21,22; Is.1:28; Is.16:4,5; Is.33:1; Lc.9:25;
Gl.6:8; 1Ts.1:8,9); 

c)    arrancados (cf. Pv.2:22);

d)  mortos (cf. Jo.8:24; Jo.11:28; Jo.6:47-51; Is.65:15; Rm.6:23; Is.11:4; Pv.11:19; Sl.34:21;


Rm.8:13; Sl.62:3; Pv.15:10; Tg.1:15; Rm.8:13; Pv.19:16; Is.66:16; Jr.12:3; Rm.1:32; Ez.18:21;
Ez.18:23,24; Ez.18:16,28; 2Co.7:10; Rm.6:16; 2Co.3:6; Hb.6:1);

e)    exterminados (cf. Sl.37:9; Mc.12:5-9; At.3:23);

f)    executados (cf. Lc.19:14,27);

g)    devorados (cf. Ap.20:9; Jó 20:26-29; Is.29:5,6; Sl.21:9);

h)    se farão em cinzas (cf. 2Pe.2:6; Is.5:23,24; Ml.4:3);

i)    não terão futuro (cf. Sl.37:38; Pv.24:20);

j)    perderão a vida (cf. Lc.9:24); 


k)  serão consumidos (cf. Sf.1:18; Lc.17:27-29; Is.47:14; Sl.21:9; Jó 20:26-29; Ap.20:9; Is.26:11;
Naum 1:10; Sl.21:9; Lc.17:27-29);

l)  perecerão (cf. Jo.10:28; Jo.3:16; Sl.37:20; Jó 4:9; Is.66:17; Sl.37:20; Sl.68:2; Sl.73:27;


At.13:40,41; Is.1:28; Is.41:11,12; 1Co.1:18; Rm.2:12; 2Co.4:3; 2Co.2:15,16; Lc.13:2,3;
Lc.13:4,5; 2Ts.2:10);

m)  serão despedaçados (cf.Lc.20:17,18; Mt.21:44; 1Sm.2:10);

n)    virarão estrado para os pés dos justos (cf.At.2:34,35);

o)    desvanecerão como fumaça (cf. Sl.37:20; Sl.68:2; Is.5:24);

p)    terão um fim repentino (cf. Sf.1:18; Pv.24:21,22; Is.29:5,6; 1Ts.5:3; Is.29:18-20; 2Pe.2:1);

q)  serão como a palha que o vento leva (cf. Sl.1:4-6; Is.5:24; Is.29:5,6);

r)  serão como a palha para ser pisada pelos que vencerem (cf. Ml.1:1,3; Mt.5:13; Hb.10:12,13);

s)    serão reduzidos ao pó (cf. Sl.9:17; Is.5:24; Is.29:5,6; Lc.20:17,18; Mt.21:44; 2Pe.2:6);

t)     desaparecerão (cf. Sl.73:17-20; Is.16:4,5; Is.29:18-20);

u)    deixarão de existir (cf. Sl.104:35);

v)    serão apagados (cf. Pv.24:20);

w)   serão reduzidos a nada (cf. Is.41:11,12; 1Co.2:6);

x)    serão como se nunca tivessem existido (cf. Ob.1:16);

y)    serão evaporados (cf. Os.13:3);

z)    será lhes tirada a vida (cf. Pv.22:23; Jo.12:25);


aa) não mais existirão (cf. Sl.104:35; Pv.10:25).

Ao mesmo tempo, essa visão não ignora passagens que mostram os ímpios sendo castigados, pois
eles só serão mortos depois de passarem pelo castigo respectivo aos seus pecados, o tanto
correspondente a cada um. Assim sendo, os ímpios ressuscitarão e serão julgados e condenados,
uns a “poucos açoites” (Lc.12:48) e outros a “muitos açoites” (Lc.12:47), para só depois deste
castigo, merecido e proporcional, serem eliminados.

DE UMA PERSPECTIVA MORAL

• Tormento eterno. Se perguntassem a cem pessoas quantas delas achariam justo condenar um
pecador a blocos intermináveis de bilhões e bilhões de anos sofrendo tormentos e torturas colossais
dentro de um lago de fogo que arde com enxofre (e para todo o sempre), cem pessoas
responderiam que isso é injusto. De fato, os próprios imortalistas reconhecem isso quando
dizem: “Nós certamente não gostamos daquilo que a Bíblia diz sobre o inferno. Gostaríamos que
não fosse verdade”[13]. Isso atesta que o próprio senso de moralidade presente na consciência
humana contradiz a noção de um tormento eterno, mesmo para aqueles que creem que esse
tormento eterno é bíblico.

Se ainda há alguma dúvida sobre isso ser justo e correto, basta pensarmos na analogia de um pai
com um filho. Se seu filho o desobedece, você não vai pegar uma cinta e descer em cima dele para
sempre. Você obviamente vai castigá-lo por algum tempo, isto é, pelo tanto correspondente aos
seus erros. Se nem nós, meros seres humanos, somos capazes de castigar alguém a um
tormento eterno, quanto menos Deus, que é muito mais justo e amoroso que nós.

Ele não é um deus sádico que pega uma cinta e bate no filho para sempre, que faz questão de
conceder imortalidade a essa criatura só para que ela passe a eternidade inteira sofrendo, com a
única finalidade de perpetuar o sofrimento. Deus castigará os ímpios até que eles paguem o último
centavo (Lc.12:59; Mt.5:26), e depois irão para a segunda morte, a morte final e irreversível
(Ap.20:14; 21:8), o completo fim da existência.

Robert Leo Odom discorreu sobre essa mesma questão usando outra analogia:

"Suponha, por exemplo, que o juiz de sua comarca sentenciasse um homem declarado culpado de
assassinato a ser torturado continuamente dia e noite com água escaldante e ferros em brasa, a fim
de mantê-lo sofrendo constantemente a mais torturante dor. O que os meios de comunicação teriam
a dizer sobre isso? Qual seria a reação das pessoas em geral para com esse tipo de punição? Faz
sentido dizer que o nosso Criador, que é um Deus de justiça e amor, poderia ser um monstro de
crueldade pior do que o mencionado?"[14]

Além disso, a teoria do tormento eterno falha em desconsiderar penas distintas para pecados
distintos. No tormento eterno não há diferenciação: todos serão punidos com a mesma pena, a de
sofrerem eternamente. Assim sendo, não há qualquer diferença entre Adolf Hitler, que foi
responsável pela tortura e assassinato de pelo menos seis milhões de judeus, e um índio de 12 anos
que morreu sem conhecer a Jesus: ambos seriam condenados para um tormento eterno e
indiscriminado. Mas a Bíblia não ensina isso. Ela faz clara diferença entre os pecadores, ao ponto do
próprio Senhor Jesus dizer:

“Aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, nem o
realiza, receberá muitos açoites. Mas aquele que não a conhece e pratica coisas merecedoras de
castigo, receberá poucos açoites” (Lucas 12:47-48)

Se alguém receberá “poucos” açoites significa, obviamente, que esse castigo não será eterno, pois o
“pouco” presume um fim, ou senão não seria “pouco”! O contraste que Cristo estabelece aqui
demonstra que não haverá uma mesma punição indiscriminada a todos os pecadores, como um
tormento eterno para todo mundo, mas um castigo que é proporcional aos pecados cometidos por
cada um. Sendo assim, Hitler queimaria muito mais tempo do que aquele índio de 12 anos do
exemplo acima. Isso torna esse mundo justo e respeita o princípio da proporcionalidade estabelecido
em toda a Bíblia, algo que não existe dentro da visão de tormento eterno.

• Universalismo. A visão universalista é o exato contraponto ao tormento eterno. Enquanto


aqueles falham em desconsiderar penas relativas a pecados relativos, esta falha no mesmo aspecto,
mas, ao invés de condenar todos indistintamente a um mesmo tormento eterno, dá a vida eterna
para todo mundo. Assim sendo, qualquer pessoa ímpia deste mundo, incluindo os maiores déspotas
e genocidas da humanidade, não sofreriam qualquer punição após a morte, pois no fim alcançariam
a vida eterna com Deus. Não haveria qualquer vantagem em ser justo aqui na terra, pois ambos
acabariam no Céu com Deus, no fim das contas.

Tome como exemplo uma prova de vestibular, cuja faculdade decidiu que apenas os 30 melhores
alunos, com nota superior a 7, seriam aprovados. Então, 30 alunos que fizeram o vestibular
estudaram o ano inteiro para isso, se dedicaram ao máximo, doaram o melhor de si, abriram mão
de muita coisa para passarem neste vestibular, e, finalmente, conseguiram passar. Por outro lado,
havia 100 vestibulandos incompetentes, preguiçosos, irresponsáveis e desleixados, que não
estudaram nada, que ficavam zombando daqueles que estudavam, que preferiam ir “curtir a vida” e
que, no fim das contas, tiraram nota inferir a 2. Mas depois a faculdade decide aprovar ambos!

Se você fosse o aluno que se aplicou e estudou o ano todo, como se sentiria diante disso? Sentiria
que a justiça foi feita? É claro que não. O universalismo não estabelece um padrão de mundo justo,
mas apenas o sonho de todo e qualquer pecador. Um mundo justo exige uma pena proporcional a
cada um que cometeu injustiças. Se o universalismo fosse real, não valeria a pena abrir mão desta
vida por amor a Cristo, aceitando sofrimento, tribulação e martírio nesta terra, se os que não fazem
nada disso o alcançarão da mesma forma. Ainda, o sangue de Cristo e a aceitação pela fé seriam
ineficazes em última instância, pois aquele que não tinha fé em Jesus, que desprezava a Cristo e
que zombava de Deus seria salvo tanto quanto aquele que foi justificado pela fé. Desta forma, teria
sido inútil servir e crer em Jesus. O que mostra que o universalismo não pode ser moralmente
justificável.

• Aniquilacionismo direto. O principal problema moral na tese do aniquilacionismo direto é o fato


de que, nele, não há graduação de penas para os que cometeram atos ímpios aqui na terra. Em
outras palavras, um assassino frio e sanguinário seria condenado à mesma pena de um ladrão de
frangos: ambos morreriam eternamente, sem serem castigados nem mesmo por um segundo. Essa
visão passa claramente a noção de impunidade, já que até mesmo nesta vida sabemos que é justo e
correto punir os criminosos por um tanto correspondente ao crime. Da mesma forma, aqueles que
transgridem a Lei de Cristo também não merecem passar impunes.

O aniquilacionismo direto (assim como o universalismo) é, assim dizendo, o lado inverso da moeda
do tormento eterno, pois em ambos os casos não haveria distinção entre os pecadores, nem
graduação de pecados ou punição proporcional. A diferença é que, no primeiro caso, essa
impunidade seria em fatores nulos – sem punição para ninguém – enquanto no outro seria em
fatores extremos – punição para sempre e para todos. Nenhuma das três visões anteriores responde
em termos proporcionais aos pecados de cada um, como a Bíblia parece estabelecer
frequentemente (Lc.12:47,48; Os.12:2; Is.58:18; Sl.62:2; Pv.12:24; Rm.2:5-7; Lc.20:47;
Lc.12:58,59; Mt.12:32-35; Ap.22:12; 2Co.11:15; Dt.25:2; 2Tm.4:14).

• Aniquilacionismo posterior ao castigo. É a única visão moralmente justificável e que supre as


carências das outras visões. Ela não ensina um tormento eterno desproporcional aos pecados
cometidos, nem um castigo infinito por pecados finitos. Por outro lado, ela também não ensina que
todo mundo será salvo no final, tornando inútil a fé em Cristo, nem um aniquilacionismo direto, que
nada mais é senão impunidade. Ela ensina que primeiro os ímpios serão castigados, cada um pelo
tanto correspondente aos seus pecados, uns mais e outros menos, uns receberão “muitos
açoites” (Lc.12:47) e outros receberão “poucos açoites” (Lc.12:48), e, somente depois disso, senão
eliminados.

Essa visão é a única que trabalha em cima do princípio da proporcionalidade, que é claramente
atestado pela Bíblia. A proporcionalidade é, como sabemos, a base do padrão de justiça que rege o
mundo. Nenhuma das outras três visões respeita o princípio da proporcionalidade, seja por pregar
um tormento eterno para todo mundo, seja por pregar a salvação final para todos ou então por
ensinar uma morte sem castigo para ninguém. Deus, sabendo que os pecados dos ímpios não
poderiam passar impunes, os castiga pelo tanto correspondente e justo – proporcional aos pecados
de cada um – e em seguida tais vão para a morte eterna, já que um tormento eterno seria injusto,
moralmente injustificável e contra a lei da proporcionalidade, ao mesmo tempo em que salvar todo
mundo seria igualmente injusto.

Nessa visão não há uma perpetuação do pecado e do sofrimento, como seria caso para sempre
existissem criaturas blasfemando, murmurando e brigando com Deus, nem ensina a existência de
um “ponto negro” em alguma parte do universo, em um verdadeiro lago de fogo literal onde bilhões
de seres humanos sofrem em tormentos eternos. Ela ensina a total e completa erradicação do
pecado na nova criação, o que só poderia ocorrer caso existisse a completa extinção dos pecadores,
pois o pecado só existe em função da existência de pecadores. Ela também ensina a total
transformação do universo, para uma nova criação onde não existe mais morte, pecado, blasfêmia,
demônios ou ímpios, mas onde Deus é tudo e está em todos (1Co.15:28), quando “não haverá mais
morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap.21:4)

Desvendando a Lenda
Estudo completo sobre Lucas 23:43 - 'Hoje estarás comigo
no Paraíso"?
Este é um estudo completo e aprofundado sobre o tema da imortalidade da alma e do destino
humano após a morte, extraído de meu livro: "A Lenda da Imortalidade da Alma". O seguinte
capítulo trata sobre a famosa declaração de Jesus ao ladrão ao seu lado da cruz, registrada em
Lucas 23:43. Foi inicialmente escrito por mim em 2010 e revisado em Julho de 2013, após anos de
estudo e trabalho sobre o tema em questão. Boa leitura a todos.

ESTUDO COMPLETO SOBRE LUCAS 23:43 - "HOJE ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO"?

Uma das mais falsas interpretações verdadeiros ensinos de Cristo por parte dos defensores da
doutrina platônica da imortalidade da alma é uma das últimas mensagens que Cristo trouxe
enquanto ainda estava em vida. Segundo os dualistas, o que Jesus disse ao ladrão ao seu lado na
cruz foi que estaria naquele mesmo dia com ele no Paraíso: “Em verdade te digo que hoje estarás
comigo no Paraíso” (cf. Lc.23:43).  

O que poucas pessoas sabem, contudo, é que temos muitas evidências de que o ladrão, realmente,
não esteve no Paraíso naquele dia. Mas como não? A Bíblia não diz claramente isso? Na verdade,
não. O fato é que o original grego não tinha vírgulas, e o texto original assim reza: “Kai eipen autw
amhn soi legw shmeron met emou esh en tw paradeisw” (cf. Lc.23,43).

Em primeiro lugar, é bom mencionarmos logo que a adição presente em muitas Bíblias, da palavra
“QUE”, não existe nos originais. O que Jesus realmente disse ao ladrão da cruz foi: “Em verdade te
digo hoje estarás comigo no Paraíso”. Como o texto original não possui vírgulas e o texto deixa em
aberto a questão, poderíamos colocá-la em dois lugares diferentes, entretanto é algo que mudaria
completamente o significado da frase.

Esta poderia ser: “Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso” (dando a entender que
estaria naquele dia no Paraíso com o ladrão da cruz) ou então: “Em verdade te digo hoje, estarás
comigo no Paraíso” (ele garantia “hoje” que o ladrão estaria no Paraíso).

É algo parecido com uma rebelião em determinada cidade, em que o governante comunicou a


revolta ao seu superior, dizendo: “Devo fazer fogo ou poupar a cidade?” A resposta do superior foi:
“Fogo não, poupe a cidade”. Infelizmente, o funcionário do correio trocou a vírgula e escreveu o
seguinte na resposta do telegrama: “Fogo, não poupe a cidade”.

E assim cidade foi totalmente destruída.

Mas como podemos saber que Jesus realmente não disse: “Em verdade te digo, hoje estarás comigo
no Paraíso”? Temos muitos motivos para desacreditar que o ladrão esteve naquele mesmo dia com
Cristo no Paraíso. Algumas das principais razões são:

APÓS TRÊS DIAS, JESUS AINDA NÃO HAVIA SUBIDO AO PAI


Após três dias, Jesus ainda não havia subido ao Pai – Uma verdade que nos é reveladora para
concluirmos que Cristo não esteve com o ladrão da cruz naquele mesmo dia no Paraíso é o fato de
que, após três dias morto, Jesus ainda não havia subido ao Pai, e declarou a Maria Madalena: “Não
me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai” (cf. Jo.20:17). Ora, se Jesus ainda não havia
subido ao Pai após três dias, então não poderia ter estado naquele mesmo dia com o ladrão da cruz
no Paraíso!

Alguns imortalistas rejeitam essa evidência pela alegação de que Jesus esteve no Paraíso "em
espírito" nesses dias, mas não corporalmente. Se isso fosse verdade, porém, Cristo teria  mentido a
Maria Madalena, já que o texto em questão não faz menção ao corpo de Nosso Senhor, mas sim
ao ser racional dele. O texto não diz que ele não subiu “apenas corporalmente”, o texto fala da
pessoa de Cristo, do ser racional, que o próprio Cristo não passou pelo Paraíso nos dias em que
esteve morto. Admitindo-se que o ser racional seja a "alma" ou o "espírito", como alegam os
imortalistas, seria incoerente crer que Jesus estivesse apenas se referindo ao corpo. Essa
interpretação também fere as regras da lógica e do bom senso, como observa o prof. Azenilto Brito:

“Para os imortalistas, quando Jesus declarou que não subiu para o Pai em João 20:17 Ele quis dizer
— minha alma é que subiu; agora é que vou completo, corpo e alma... Conclusão absurda, para
dizer o mínimo”

É evidente que, caso Cristo tivesse subido ao Paraíso, então ele relataria isso a Maria Madalena ou,
no mínimo, omitiria tal declaração tão categórica de que ele não esteve no Paraíso, optando por
dizer algo como “já subi e subirei de novo”. Infelizmente para os imortalistas, a única coisa que
Cristo disse é que ainda não havia subido ao Pai, algo que não seria verdade caso o “verdadeiro eu”
de Cristo já tivesse subido.

Alguns imortalistas, em uma outra tentativa em demonstrar alguma objeção ao argumento baseado
em João 20:17, dizem que o fato de Jesus ter subido ao Pai não implica que ele tenha ido ao
Paraíso, como se o Paraíso ficasse em um lugar e Deus em outro! Esse “Paraíso sem Deus” que eles
creem certamente não é o Paraíso bíblico, mas um que eles inventaram no desespero em
oferecerem alguma refutação decente ao texto de João 20:17, que por si mesmo é óbvio e refuta as
teses imortalistas. Eles creem que Paulo foi “arrebatado ao Paraíso” (cf. 2Co.12:4) e não viu nem
Deus por lá (seria o mesmo que eu o convidasse a estar na minha casa e eu mesmo não estivesse
lá), e inacreditavelmente interpretam que a “árvore da vida, que está no Paraíso de Deus” (cf.
Ap.2:7), está em um lugar onde nem Deus está!

Ou seja: que o Paraíso é chamado de “Paraíso de Deus” mas não é onde Deus está! É a mesma
coisa de a minha casa se chamar de “casa do Lucas” mas o Lucas não mora lá. Eles pensam que
Deus estava de “férias” naqueles três dias, longe do Paraíso dele mesmo! Além disso, notemos que
Jesus entregou o seu espírito ao Pai ao morrer (cf. Lc.23:46), e para os imortalistas esse espírito é a
alma imortal que deixa o corpo com consciência e personalidade após a morte. Sendo assim, é
imprescindível que Jesus estivesse com o Pai naquele mesmo dia, ou senão eles teriam que
reformular toda a teologia deles acerca daquilo que é o “espírito”.

Portanto, a declaração categórica de que Jesus não subiu ao Pai (cf. Jo.20:17) entra em choque com
a crença deles de que o espírito é um ser consciente e racional, visto que por essa lógica Cristo
deveria ter subido ao Pai imediatamente na morte já que havia entregado o seu espírito a Ele. Ou
esse espírito não é um ser consciente e racional como os imortalistas creem, ou Jesus fez uma
encenação ao entregar o seu espírito ao Pai na morte para depois dizer que ainda não havia subido
ao Pai.
JESUS DESCEU, NÃO SUBIU

Jesus desceu, não subiu – Outro fator de clareza fundamental para concluirmos que Cristo
realmente não subiu ao Pai no dia em que morreu é o fato de que, nos três dias em que ele esteve
morto, ele esteve no Sheol, e não no Paraíso. Tal fato é relatado no livro de Atos, quando Pedro
falava a respeito da ressurreição de Jesus: “Porque não deixarás a minha alma no Sheol, nem
permitirás que o teu Santo veja corrupção” (cf. At.2:27). Pedro na realidade usou a passagem do
livro dos Salmos em que Davi citava tal passagem, que diz: “Pois não abandonarás a minha alma
no Sheol, nem permitirás que o teu santo veja a corrupção” (cf. Sl.16:10). De acordo com o léxico
da Concordância de Strong, a palavra traduzida por "deixar" vem do grego "egkataleipo", que tem o
sentido de abandonar:

1459 εγκαταλειπω egkataleipo

de 1722 e 2641; v

1) abandonar, desertar.

1a) deixar em grandes dificuldades, deixar abandonado.

1b) totalmente abandonado, completamente desamparado.

2) deixar para trás, desistir de sobreviver, falecer.

Como vemos, a alma de Jesus foi retirada do Sheol ao ser ressuscitado, e não do Paraíso. Ele não
viu a corrupção pois não foi deixado abandonado no Sheol, onde esteve enquanto morto, mas foi
retirado de lá apenas três dias depois. Aqui vemos mais uma vez que Sheol significa sepultura,
a "cova da corrupção" (cf. Is.38:17), e o detalhe é que Pedro e o salmista declaram que foi o local
para onde a alma de Cristo — e não apenas o corpo — esteve na morte.

No grego de Atos 2:27:

"oti ouk egkataleipseis tên psuchên mou eis a=adên tsb=adou oude dôseis ton osion sou idein
diaphthoran" - Atos 2:27

No hebraico do Salmo 16:10:

"iy lo'-tha`azobh naphshiy lish'ol lo'-thittênchasiydhkha lir'oth shâchath" - Salmos 16:10

O próprio Cristo afirmou que esse Sheol (transliterado ao grego como "Hades") fica nas regiões
inferiores da terra, em oposição ao Paraíso: “E tu, Cafarnaum, será elevada até ao céu? Não,
você descerá até o Hades! Se os milagres que em você foram realizados tivessem sido realizados
em Sodoma, ela teria permanecido até hoje” (cf. Mt.11:23; ver também: Ef.4:9; Mt.12:40).
Portanto, vemos que a alma de Cristo passou os três dias em que esteve morto no Sheol, que não
é o Paraíso, muito pelo contrário, está em um local em oposição a ele (cf. Mt.11:23). O Filho do
homem estaria “três dias e três noites no coração da terra” (cf. Mt.12:40), não apenas de forma
corporal, mas como alma, conforme diz a profecia do salmista (cf. Sl.16:10) e a confirmação do
apóstolo Pedro (cf. At.2:27), e não no Paraíso. Tendo isso em mente, até aqui podemos perceber
que:

• O ser racional de Cristo não passou pelo Paraíso nos três dias em que esteve morto (cf. João
20:17).

• A alma de Cristo não esteve no Paraíso nos dias em que este esteve morto, mas no Sheol (cf.
At.2:27; Sl.16:10), que fica nas regiões inferiores da terra (cf. Ef.4:9; Mt.12:40), em oposição ao
Paraíso (cf. Mt.11:23), e não no próprio Paraíso.

Tudo isso já nos mostra que Jesus não pode ter dito que o ladrão estaria com Ele naquele mesmo
dia no Paraíso, se nem o próprio Cristo esteve no Paraíso nos dias de sua morte. A
interpretação correta de Lucas 23:43 deve estar de acordo com as regras da hermenêutica, que
afirma que a Bíblia explica a própria Bíblia. Sendo que é tão nítido biblicamente que Cristo não
esteve no Paraíso quando morreu, a interpretação correta de Lucas 23:43 é contrária à oferecida
pelos imortalistas.

Numa tentativa desesperada em negarem o óbvio e tentarem conciliar suas teses com aquilo que a
Bíblia declara taxativamente sobre para onde Cristo foi após a morte, alguns imortalistas afirmam
que Jesus esteve no Sheol mas ao mesmo tempo esteve com o ladrão da cruz no Paraíso, fazendo
uso de sua onipresença. Tais malabarismos exegéticos só são feitos para negar a clareza da
linguagem bíblica sobre a mortalidade da alma, pois em outras circunstâncias nenhum deles diz que
Jesus, enquanto esteve entre nós, vivia em dois lugares ao mesmo tempo.

Ninguém afirma que Jesus viva em Nazaré mas simultaneamente estava no Egito, na América, no
Paraíso e no Hades. Enquanto Jesus esteve limitado a um corpo, ele jamais fez uso do atributo da
onipresença. Ele era um homem, e, assim como nós, se estava em um lugar, não estava em outro.
Jesus não nasceu em todos os lugares do mundo por ser onipresente, ele nasceu em Belém. Jesus
não cresceu em todos os lugares do mundo por ser onipresente, ele cresceu em Nazaré. Jesus não
pregava em todos os lugares do mundo por ser onipresente, ele pregava no Templo. Jesus não
morreu em todos os lugares do mundo por ser onipresente, ele morreu no Gólgota.

Da mesma forma, após a morte Jesus não estava no Sheol e ao mesmo tempo no Paraíso por ser
onipresente, a Bíblia diz que ele passou os três dias e três noites no Sheol. Jesus esvaziou-se a si
mesmo ao se fazer humano (cf. Fp.2:6,7), ele só voltou a fazer uso de seus atributos divinos na
glorificação. Nasceu, cresceu, viveu e morreu como homem. E, como homem, não esteve em dois
lugares ao mesmo tempo, seja na vida ou na morte. Isso por si só já é mais que o suficiente para
liquidar com a antibíblica tese de que o ladrão esteve com Cristo naquele mesmo dia no Paraíso,
mas prosseguiremos com mais provas em diante para enriquecermos ainda mais as evidências deste
estudo sobre Lucas 23:43.

O CONTEXTO
O contexto – O que foi dito pelo ladrão da cruz no verso anterior a esta resposta de Cristo (no verso
42), no original grego foi: μνήσθητί = Lembra-te \ μου = de mim \ ὅταν = quando \ ἔλθῃς
= vier \ εἰς = em \ τὴν = o \ βασιλείαν = Reino \ σου = de ti. Ou seja, “Lembra-te de mim quando
vieres no teu Reino”. Tal é o texto original no grego e confirmado pelas melhores versões a nossa
disposição, tais como a versão Trinitariana, a Versão Italiana de G. Deodatti, a Francesa L. Segond,
a Inglesa de King James, Almeida Revisada e Atualizada, entre outras.

Cristo buscava assegurar ao ladrão da cruz que não precisava pensar em termos de tempo tão
remoto para ser lembrado por Ele. “Hoje lhe garanto que estarás comigo no Paraíso”, é o
sentido lógico diante de tal contexto. O ladrão pediu a Jesus para lembrar-se dele no futuro quando
Ele viesse no Seu Reino visível (v.42), mas Jesus respondeu o lembrando imediatamente - “hoje” -
assegurando que estaria com Ele no Paraíso.

“Em verdade te digo hoje”, isto é, eu lembro agora mesmo, não precisa pensar em um tempo tão
distante, hoje mesmo eu te digo que você estará comigo no Paraíso. Esse é o sentido lógico pelo
contexto. Note que o próprio ladrão sabia que não iria ao Céu imediatamente após a morte,
já que pediu para Cristo se lembrar dele “quando viesse em seu Reino”, ou seja, na segunda vinda
de Cristo.

O LADRÃO NÃO MORRIA NAQUELE MESMO DIA

O ladrão não morria naquele mesmo dia – Um condenado a morte de cruz geralmente demorava
dias para morrer na cruz. Lemos em João 19:31-33 um costume antigo realizado pelos judeus:  “Os
judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a Preparação (pois
era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas, e que fossem
tirados. Foram, pois, os soldados e, na verdade, quebraram as pernas do primeiro, e ao outro que
com ele fora crucificado; mas vindo a Jesus, e vendo-O já morto, não lhe quebraram as pernas”  (cf.
Jo.19:31-33).

Qual seria a razão pela qual devia-se quebrar as pernas dos crucificados? Porque o crucificado não
morria no mesmo dia. Cristo foi exceção ao caso porque expirou antes (cf. Lc.23:46), ele não
morreu como resultado da hemorragia. Os outros, contudo, ainda ficavam vivos agonizando durante
dias – não poderiam estar com Cristo naquele mesmo dia em questão. Isso é o que a História e a
Bíblia Sagrada nos mostram. Diz o comentário de J. B. Howell:

“O crucificado permanecia pendurado na cruz até que, exausto pela dor, pelo enfraquecimento, pela
fome e a sede, sobreviesse a morte. Duravam os padecimentos geralmente três dias, e às vezes,
sete” [Comentário a S. Mateus, pág. 500]

Arnaldo B. Christianini segue na mesma linha e afirma:

“Depois do sábado haver passado, sem dúvida esses dois corpos foram outra vez amarrados na
cruz, e lá ficaram diversos dias, até morrerem (...)  Se era necessário quebrar as pernas aos dois
malfeitores, antes do pôr do sol, é porque não haviam morrido ainda. Na pior das hipóteses viveram
ainda, pelo menos, um dia a mais do que o Mestre. Como podia, um deles, estar no mesmo dia
junto de Jesus?” [Subtilezas do Erro, pág  222]

Vemos, portanto, que historicamente os ladrões que morriam na cruz não faleciam no mesmo dia da
crucificação. E a Bíblia confirma isso? Sim, confirma. Na passagem anteriormente citada, vemos
que “os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto que era véspera do
sábado, pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados” (cf. Jo.19:31). Por
que as pernas dos crucificados foram quebradas? Para matá-los logo? Se alguém quisesse matá-los,
bastaria uma lancetada no coração ou no fígado deles (como foi feita com Cristo porque viram que
já estava morto).

A finalidade em quebrar as pernas deles não era para matá-los, mas porque havia uma tradição
entre os judeus que não permitia que o condenado ficasse dependurado na cruz no dia de sábado.
Por isso, lhes quebravam as pernas e era descido do madeiro e assim permanecia até o fim do
sábado. Prova ainda mais forte de que tal procedimento não resultava em morte imediata dos
crucificados é a grande surpresa de Pilatos (experiente em crucificações) em ver que Jesus já havia
morrido:

“E Pilatos se admirou de que {Cristo} já estivesse morto” (cf. Marcos 15:44)

Pilatos ficou pasmo em ver que Jesus já estivesse morto. Certamente deveria ter dito algo como: “Já
morreu?!”  Por que Pilatos “se admirou”? Por certo, Pilatos, veterano em mandar pessoas para cruz,
já familiarizado com as crucificações, admirou-se diante de um fato inusitado: era algo incomum
alguém morrer no mesmo dia da crucificação! O léxico de Strong define a palavra aqui traduzida por
"admirou-se" como sendo:

2296 θαυμαζω thaumazo

de 2295; TDNT - 3:27,316; v

1) admirar-se, supreender-se, maravilhar-se.

2) estar surpreendido, ser tido em admiração.

Assim vemos que o fato de alguém morrer naquele mesmo dia da crucificação era algo
extraordinário, bem fora do normal, um fato que causa espanto, surpresa, admiração. Foi assim com
Jesus, mas nada indica que tenha assim sido também com os ladrões ao seu lado na cruz. Ao
contrário, a evidência indica que eles permaneceram vivos depois da morte de Cristo, pois este foi o
único a ter o lado furado por uma lança por já ter morrido naquele mesmo dia (cf. Jo.19:33-34), os
demais permaneceram vivos dependurados do madeiro até o fim do sábado para depois serem outra
vez amarrados à cruz. Não era intenção dos romanos matá-los, mas deixá-los sofrendo
(cf.Jo.19:32).

Concluímos, pois, que historicamente e biblicamente o ladrão não morria naquele mesmo dia, e isso,
unido às razões já apresentadas, nos mostra claramente que o ladrão não poderia estar naquele
mesmo dia com Cristo no Paraíso – que, por sinal, também não subiu por lá enquanto esteve morto
(cf. Jo.20:17; At.2:27).
EVIDÊNCIAS HISTÓRICAS

Evidências Históricas – Como já foi demonstrado, no original grego (Koiné) em que a Bíblia foi
escrita não existia vírgulas, o que dá margens para os tradutores as colocarem de acordo com as
suas tradições religiosas. Mas, posteriormente, o grego passou a ter vírgula, e como era costume
dos Pais da Igreja citarem constantemente as Escrituras em seus próprios escritos, eles
transcreveram o texto de Lucas 23:43 da forma mais coerente que vimos acima: “Em verdade te
digo hoje: estarás comigo no Paraíso”. Por exemplo, Hesíquio de Jerusalém, que foi um cristão
presbítero e exegeta do quinto século d.C, transcreveu essa passagem de Lucas 23:43 da seguinte
maneira: 

“Verdadeiramente eu lhe falo hoje” (Hesichius de Jerusalem, em Patrologia Grega, Volume


Noventa e Três, 1433)

Teofilacto declarou o mesmo ao escrever Lucas 23:43 do seguinte modo: 

 “Verdadeiramente eu lhe falo hoje” (Teofilacto em Patrologia Grega, em Patrologia Grega, Volume


Cento e Vinte e Três, 1104)

Como vemos, os próprios Pais da Igreja de épocas posteriores (onde já existia a vírgula)
reconheciam que Jesus lhe falava “hoje” que o ladrão estaria com Ele no Paraíso, e não que o ladrão
estaria no Paraíso naquele mesmo dia. Vale ressaltar um detalhe importante: a maioria dos Pais da
Igreja, especialmente a partir do terceiro século d.C, começaram a adotar a tese da imortalidade da
alma, contrariando a visão de dois séculos de Cristianismo (conforme já conferimos neste artigo).
Isso significa que estes Pais da Igreja, mesmo sendo imortalistas, reconheciam que a forma
gramatical do grego apontava que a vírgula deveria ser colocada depois do “hoje”.  

O mesmo acontece nos dias de hoje: vários imortalistas já abandonaram este “argumento de Lucas
23:43”, uma vez que perceberam que a passagem pode perfeitamente ser entendida e interpretada
dentro do prisma mortalista, sem qualquer problema. A interpretação de que Lucas 23:43 é uma
“prova” da imortalidade da alma só começou a surgir vários séculos depois, quando começaram a
pedir provas bíblicas que fundamentassem essa doutrina, e, sem encontrar quase nenhuma, tiveram
que apelar para passagens como essa, que nem mesmo os primeiros imortalistas lançaram mão
dela, entendendo que a pontuação realmente era contra, e não a favor da tese deles neste texto. 

Vale também ressaltar que não foram apenas os Pais da Igreja que entenderam que a vírgula em
Lucas 23:43 deve ser colocada antes do “hoje”, pois muitos outros manuscritos antigos atestam o
mesmo. Os Manuscritos Bc e Sy-C, Antigo Siríaco, que são grandemente respeitados na
comunidade acadêmica e apologética e que datam do terceiro século AD, sendo um dos manuscritos
do NT mais importantes que temos até hoje, verte o texto de Lucas 23:43 colocando a vírgula
depois do “hoje”: 

"Eu digo a você hoje, que Comigo tu deve estar no Jardim de Éden" (Manuscritos Bc e Sy-C -
Antigo Siríaco)
Por fim, o próprio Vaticanus 1209, um dos melhores manuscritos gregos do Novo Testamento, que
data do século IV d.C e que é uma das fontes pelas quais os estudiosos mais trabalham na
identificação do original do NT, traz o seguinte em Lucas 23:43: 

Note que no texto grego há um ponto depois da palavra “semeron” (dia), e não antes dela. Este
Condex Vaticanus foi considerado por Westcott e Hort como o melhor manuscrito grego do NT, e é
também um dos manuscritos mais antigos da Bíblia, sendo inclusive mais antigo do que o Codex
Sinaiticus. É interessante também os comentários do erudito Earle Ellis em sua obra “The Gospel of
Luke”, no comentário da Bíblia New Century: 

“Alguns manuscritos produzidos razoavelmente cedo colocam a vírgula depois de ‘hoje’ e assim,
continuam com a referência a parousia do verso 42” (Publicado por Wm.B.Eerdmans Publishing Co.
Grand Rapids Michigan, reprint of 1983)

Isto, sem dúvida, mostra que este erudito sabe a respeito da pontuação no Ms Vaticanus em Lucas
23:43, bem como em outros respeitados manuscritos antigos.

A GRAMÁTICA

A gramática – Ainda que o texto original não possua vírgulas, a forma linguística em que ele é
escrito nos ajuda a desvendarmos qual é o seu real sentido na passagem em pauta. No português,
quando traduzimos a frase podemos colocá-la em antes ou depois do advérbio “hoje” (como vimos
acima), e ambas as traduções aparentemente podem dar sentido real à frase.  Contudo, quando
pegamos os manuscritos originais no grego e ponderamos em onde colocar a vírgula, tal não faz
sentido se ela for colocada antes do “hoje”, como querem os imortalistas. Por quê? Simplesmente
porque isso criaria um dilema de primeira ordem por falta de lógica no próprio texto.

Grande parte dos tradutores simplesmente ignoram a palavra ἐμοῦ = de mim. Sem considerar esta
palavra o sentido original do foi dito se perde. Vejamos a tradução do verso palavra por palavra:

καὶ = E \ εἶπεν = disse \ αὐτῷ = a ele \ Ἀμήν = amém \ σοι = a ti \ λέγω = digo \ σήμερον
= hoje \ μετ᾿ = depois \ ἐμοῦ = de mim \ ἔσῃ = serás \ ἐν = em \ τῷ = o \ παραδείσῳ = paraíso.

A palavra μετ᾿ significa “comigo”, como também significa “depois”, se você considerar que μετ᾿ está
no sentido de “comigo”. Necessariamente, temos que ignorar a palavra ἐμοῦ = de mim. Comigo de
mim, não faz sentido algum. A vírgula não pode ficar antes de “hoje”. A vírgula deve ser colocada
após o “hoje” e também após o “depois”. Considerando todas as palavras como elas
são literalmente e traduzindo corretamente, o sentido original do foi dito fica muito claro:
“E disse a ele; Amém a ti digo hoje, depois, de mim serás em o paraíso”. Depois de todas as coisas
concluídas, o ladrão com certeza absoluta será do nosso Salvador. Jesus entregou ao ladrão da cruz
a promessa de que este estaria no Paraíso. ‘Hoje’ é o momento em que esta promessa lhe foi dita.
Naquele momento Cristo assegurou a ele tal promessa.

Mas em resposta a que foi feita a promessa?

Verso 42... μνήσθητί = Lembra-te \ μου = de mim \ ὅταν = quando \ ἔλθῃς = vier \ εἰς = em \
τὴν =o \ βασιλείαν = Reino \ σου = de ti.

“Lembra-te de mim quando vier em o reino de ti”. O ladrão tinha dúvida se aquilo poderia ser
possível e, por isso, seu pedido a Jesus foi que este se lembrasse dele, não quando morresse,
mas quando Ele viesse em seu poder visível. Então, naquele momento, o hoje, Cristo lhe deu
esta certeza. Ele lhe garantiu: “depois, de mim serás em o paraíso”.

A preposição μετὰ indica um tempo – depois; após; além de.  Depois que todas as coisas forem
concluídas, quando Cristo vier na Sua Glória, o ladrão estará na glória com o Senhor Jesus. Naquele
momento, o ‘hoje’ do verso, o ladrão recebeu a certeza de que, no futuro, estaria com Cristo no
Paraíso.

ἐμοῦ ou μου é um pronome na primeira pessoa do singular, que não pode ser ignorado. No grego a
pontuação não é absolutamente necessária para a compreensão textual, mas no português se você
não organizar as palavras da maneira correta e usando a pontuação, o texto fica sem nenhum
sentido, e ainda dá margens para más interpretações.

REFUTANDO OBJEÇÕES

Refutando objeções – A principal objeção sustentada pelos defensores da imortalidade da alma


neste texto é que seria inteiramente desnecessário a adição do "hoje", pois se Jesus dizia aquilo
naquele momento (o "hoje") não seria preciso adicionar que estava dizendo aquilo hoje. Em
resposta a essa objeção, devemos ressaltar, em primeiro lugar, que é muito comum na Bíblia a
utilização do "hoje" em construções de frases em muito semelhantes à de Lucas 23:43. Por dezenas
de vezes vemos declarações semelhantes que são precedidas pelo "hoje", como, por exemplo:

(Jeremias 42:21) - E vo-lo tenho declarado hoje; mas não destes ouvidos à voz do Senhor vosso
Deus, em coisa alguma pela qual ele me enviou a vós.

(Deuteronômio 6:6) - E estas palavras, que te ordeno hoje, estarão no teu coração.

(Deuteronômio 11:8) - Guardai, pois, todos os mandamentos que eu vos ordeno hoje, para que
sejais fortes, e entreis, e ocupeis a terra que passais a possuir.
(Deuteronômio 30:18) - Então eu vos declaro hoje que, certamente, perecereis; não prolongareis
os dias na terra a que vais, passando o Jordão, para que, entrando nela, a possuas.

(Deuteronômio 4:40) - E guardarás os seus estatutos e os seus mandamentos, que te ordeno
hoje para que te vá bem a ti, e a teus filhos depois de ti, e para que prolongues os dias na terra
que o Senhor teu Deus te dá para todo o sempre.

(Atos 20:26) - Portanto, eu lhes declaro hoje que estou inocente do sangue de todos.

As passagens acima são apenas alguns exemplos do emprego do "hoje" na mesma construção de
frase que observamos em Lucas 23:43. Constatamos facilmente que expressões semelhantes a essa
são utilizadas aos montões na Bíblia:

"...te ordeno hoje" (cf. Dt.6:6; 11:8; 4:40; 30:11; 27:10; 15:5; 30:8; 27:1; 10:13; 11:13; 15:5;
8:11; 28:14; 27:4; 13:18; 19:9; 8:1; 1:28; 28:1; 28:13)

"...declaro hoje" (cf. Je.42:21; Dt.30:18; At.20:26)

"...testifico hoje" (cf. Dt.8:19; 32:46)

"...ponho hoje" (cf. Dt.4:8)

"...proponho hoje" (cf. Dt.30:15; 11:32)

"...vos mando hoje" (cf. Dt.11:27)

"...vos anuncio hoje" (cf. Zc.9:12)

Lucas 23:43 não faz parte de uma exceção, faz parte de uma regra. De fato, o Dr. Rodrigo Silva, em
sua tese de doutorado na Pontífica Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, intitulada
"Análise Linguística do Sémeron em Lucas 23:43", provou com base em uma minuciosa investigação
das ocorrências do advérbio sémeron nos textos gregos do Antigo Testamento (tradução da
Septuaginta) e do Novo Testamento que “na maioria absoluta dos casos” em que existe uma
ambiguidade semelhante à de Lucas 23:43, “a ligação de sémeron com o primeiro verbo
demonstrou-se a mais natural”. A expressão "hoje" ligada ao verbo não é redundante, é enfática, e
ocorre aos montões na Bíblia. Mesmo se fosse uma exceção, isso de modo nenhum invalidaria o
argumento, visto que exceções também existem na Bíblia em grande quantidade.

Além disso, alegam também que Jesus se expressou diversas vezes dizendo "em verdade te digo"
além de em Lucas 23:43, mas que em nenhuma delas ele adicionou o "hoje", à exceção de Marcos
14:30. Sendo assim, se Jesus não teve uma boa razão para mudar sua forma habitual de dizer o
"em verdade te digo", ele deve ter se expressado conforme os imortalistas creem. O que eles não
são capazes de imaginar, porém, é que existe uma boa razão pela qual Jesus adicionou o 'hoje'. E
isso está totalmente relacionado ao verso anterior, em que o ladrão diz: “και ελεγεν τω ιησου
μνησθητι μου κυριε οταν ελθης εν τη βασιλεια σου”, corretamente traduzido por: “Lembra-te de mim
quanto vieres no teu Reino”.

A palavra grega aqui traduzida por "vir" (e que algumas versões traduzem por "entrar") é  erchomai,
que, de acordo com o NAS New Testament Lexicon grego, significa: "vir de um lugar para outro".
Ainda segundo o léxico do grego, na grande maioria das vezes em que essa palavra aparece no
Novo Testamento significa vir:

Vieram: 225 vezes.

Vêm: 222 vezes.

Vem: 64 vezes.

Chegando: 87 vezes.

Foi: 18 vezes.

Vai: uma vez.

Chegou: uma vez;

Entrou: duas vezes.

Esse verbo aparece mais de quinhentas vezes ligado a "vir" e apenas duas vezes ligado a
"entrar", e mesmo assim muitas traduções preferiram traduzir por "quando entrar no teu Reino",
para dar algum sentido à declaração posterior de Cristo de que estaria naquele mesmo dia com Ele
no Paraíso. O Thayer's Greek Lexicon afirma que essa palavra tem relação com: (a) a volta invisível
de Cristo do Céu; (b) equivalente a vir para fora, mostrar-se. De acordo com Buttmann, "quando é
usado com substantivos de tempo, expressa um sentido futuro, virá" (Buttmannm 204; Winer
Gramática § 40, 2). Alguns exemplos de quando esse verbo ocorre na Bíblia são:

(Mateus 3:7) - Mas, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham [erchomenous] para
o batismo, disse-lhes: 'Raça de víboras! Quem vos ensinou a fugir da ira vindoura'?

(Mateus 3:11) - Eu vos batizo com água para o arrependimento, mas aquele
que vem [erchomenos] depois de mim é maior do que eu e eu não sou digno nem mesmo de lavar
as suas sandálias.

(Mateus 3:14) - João, porém, tentou impedi-lo, dizendo: 'Eu preciso ser batizado por você, e
você vem [erche] a mim?

(Mateus 3:16) - Assim que Jesus foi batizado, saiu da água. Naquele momento os céus se abriram, e
ele viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo [erchomenon] sobre ele.
(Mateus 5:17) - Não pensem que vim [elthon] para abolir a lei ou os profetas; não vim [elthon]
para abolir, mas para cumprir.

(Mateus 6:10) - Venha [eltheto] o teu Reino, seja feita a tua vontade, assim na terra com no Céu.

A nota de rodapé da Nova Versão Internacional também faz uma importante observação em Lucas
23:42:

"Muitos manuscritos dizem: 'quando vieres no teu poder real'" (NVI)

Os judeus criam que a vinda do Messias acarretaria na vinda imediata do Reino em sua
forma visível, com um Cristo político e libertador. Contudo, a vinda de Jesus trouxe o Reino em sua
forma espiritual, dando-nos vitória sobre as forças das trevas. Quando o ladrão pede para ser
lembrado por Cristo “quando vieres [erchomai] no teu Reino”, ou "quando vieres no teu
poder real", conforme muitos manuscritos antigos trazem, ele revela a sua convicção de que ele só
voltaria à vida novamente quando a vinda visível do Reino de Cristo for consumada, pois é somente
neste momento (da segunda vinda de Cristo, a Sua Volta Gloriosa), que os mortos serão
ressuscitados.

O ladrão sabia que ele iria morrer e pede para ser lembrado por Cristo naquele dia tão esperado em
que Ele viesse em Seu reino em sua forma visível, destruindo o poder da morte e dando vida aos
mortos. É neste momento que o ladrão queria ser lembrado por ele, porque é somente neste
momento em que os mortos ressuscitam para estar com Cristo. Jesus, então, declara ao ladrão que
não precisava pensar em tempos tão remotos para ser lembrado por ele, mas que hoje mesmo lhe
garantia que com Ele estaria no Paraíso. Ele não precisaria ficar na ansiedade da volta de Jesus para
ser lembrado somente dois mil anos depois para saber de seu destino final, pois naquele mesmo
momento, o "hoje" em questão, Cristo lhe assegurava a salvação.

O verso 42, portanto, deixa claro que o próprio ladrão sabia que não entraria no Paraíso naquele
mesmo dia, por isso pediu para ser lembrado por Cristo somente quando na Sua Segunda Vinda.
Cristo, então, lhe assegurou naquele mesmo dia que o ladrão estaria com ele no Paraíso. O ladrão
pediu a Jesus para lembrar-se dele no futuro quando Ele viesse em seu poder visível, mas Jesus
respondeu lembrando a ele imediatamente, o “hoje” do verso, e garantindo que com Ele seria no
Paraíso. Sendo assim, o emprego do "hoje" no verso 43 não é desnecessário e nem redundante. Ele
não apenas serve para enfatizar como ocorre em outras dezenas de vezes na Bíblia, mas também
para antecipar a garantia da salvação ao crucificado.

MAS E AS TRADUÇÕES BÍBLICAS?

Mas e as traduções bíblicas? – É alegado também pelos imortalistas que, se a vírgula deve ser
colocada depois do "hoje", e não antes dele, como foi provado aqui tendo em vista todo o contexto
textual, a gramática do texto em grego, a hermenêutica, os documentos antigos e as evidências
históricas, então praticamente todas as versões que existem hoje estão todas adulterando a Bíblia, e
que a única versão correta das Escrituras seria a "Tradução Novo Mundo", das Testemunhas de
Jeová, que traduz o verso desta maneira.
Isso simplesmente não é verdade. É fato que as traduções que optaram por colocar a vírgula depois
do "hoje" erraram, mas elas não erraram por desonestidade (o que seria adulteração na Bíblia), pois
o verso realmente deixa em aberto as duas traduções no grego em primeira instância, mas por seus
próprios pressupostos teológicos, pois todas elas defendem a tese de imortalidade da alma. Bispo
Sandro, um erudito do grego bíblico, esclareceu sobre a questão das traduções bíblicas nas
seguintes palavras:

"Sabe-se que toda tradução é naturalmente interpretativa e hermenêutica. Ou seja, está sempre
submetida aos conceitos e ponto de vista do tradutor. Há os que sustentam uma 'imparcialidade' ou
'neutralidade' em traduções. Porém, cientificamente, sabe-se que a 'neutralidade' é um mito. O
tradutor pode tender à 'imparcialidade', porém sempre há algo de sua individualidade e
subjetividade que estarão presentes em sua produção textual. Nesta mesma linha, há o mito da
'tradução fiel', que é tratar a tradução como uma reprodução literal e precisa da fonte primária. Em
outras palavras, uma tradução da Bíblia em português (ou qualquer outra língua) que se diga 100%
fiel às fontes originais. O ideal de uma 'tradução fiel' é uma impossibilidade técnica, não há como
fazer uma tradução que reproduza fielmente, em todos os aspectos, o que o autor quis dizer. Pois é
óbvio, que o sentido de um texto só pode ser entendido em todas suas dimensões de significado,
quando inserido em sua língua e contexto originais. Ao passar este significado ou sentido para uma
outra língua, há perdas, limitações naturais que ocorrem pelo simples fato de ser uma tradução"

E ele conclui dizendo:

"Por isto, não existem traduções perfeitas, ou uma que possa ser considerada a melhor. Existem
boas traduções da Bíblia publicadas por editoras Evangélicas, Católicas e Judaicas, porém, estão
todas suscetíveis às críticas e às mesmas vulnerabilidades textuais que já foram mencionadas...
toda tradução tem seu valor, o que não anula obviamente, suas limitações"

Essas colocações são decididamente importantes porque nos ajudam a compreender a razão pela
qual a grande maioria dos tradutores optaram por colocarem a vírgula antes do "hoje": porque
estão tendenciados a isso em vista de seus próprios conceitos teológicos. Isso é muito diferente de
dizer que eles "adulteraram" a Bíblia. Significa apenas que, quando chega a um ponto de disputa
teológica, sempre optam por seguir a linha teológica que a determinada sociedade bíblica adota - na
maioria dos casos, a de imortalidade da alma. Por isso, é evidente que as traduções de imortalistas
(como as Almeidas ou as católicas) vão optar por colocar a vírgula antes do "hoje", ao passo que as
traduções de mortalistas (como TJS ou adventistas) vão optar por colocar a vírgula depois do "hoje".

Isso não representa nada em questão de exegese, porque a obrigação do tradutor não é de ser um
exegeta, mas meramente de traduzir. Quem terá o trabalho de reunir todas as evidências bíblicas na
busca da compreensão correta do texto são os eruditos bíblicos, os críticos textuais, não os
tradutores. Por isso, a grande quantidade de versões bíblicas com a vírgula colocada antes do
hoje apenas reflete que a grande maioria dos tradutores são imortalistas, nada a mais do que isso.
Se a maioria fosse mortalista (o que algum dia pode chegar a ser), a maioria colocaria a vírgula
depois do "hoje".

Isso obviamente não implica que as versões que se equivocaram colocando a vírgula antes do "hoje"
estejam erradas em seu todo, nem muito menos implica que as traduções que optaram pela vírgula
depois do "hoje" estejam certas em todo o resto. Todas as traduções bíblicas erram em alguns
pontos e acertam em outras, e todas as traduções bíblicas tendem pelo lado teológico aceito por
eles quando há uma passagem de tradução livre e fruto de interpretação bíblica.
Além disso, não é verdade que a Tradução Novo Mundo seja a única que coloca a vírgula depois do
"hoje". Outras versões, como a Tradução Trinitariana, em português, editada em 1883 pela
“Trinitarian Bible Society” de Londres, diz:

“Na verdade te digo hoje, que serás comigo no Paraíso”

Da mesma forma, o Emphasized New Testament, de Joseph B. Rotherham, impresso em Londres,


em 1903, assim traduz Lucas 23:43:

“Jesus! Lembra-te de mim na ocasião em que vieres no Teu reino. E Ele disse-lhe: Na verdade, digo-
te neste dia: Comigo estarás no Paraíso”.

O The New Testament, de George M. Lamsa, diz:

“Jesus lhe disse: Na verdade te digo hoje, estarás comigo no Paraíso”

A chamada Concordant Version, em inglês, assim traduz:

“E Jesus lhe disse: ‘Na verdade a ti estou dizendo hoje, comigo estarás no Paraíso'”

O famoso Manuscrito Curetoniano da Versão Siríaca, que está hoje no Museu Britânico, assim diz:

“Jesus lhe disse: Na verdade te digo hoje, que comigo estarás no Jardim do Éden”

O comentário da Oxford Companion Bible ainda diz:

“’Hoje’ concorda com ‘te digo’ para dar ênfase à solenidade da ocasião; não concorda com ‘estarás’”,

No Apêndice n°. 173, a famosa Oxford Companion Bible acrescenta:

“A interpretação deste versículo depende inteiramente da pontuação, a qual se baseia toda na


autoridade humana, pois os manuscritos gregos não tinham pontuação alguma até o nono século, e
mesmo nessa época somente um ponto no meio das linhas, separando cada palavra... A oração do
malfeitor referia-se também àquela vinda e àquele Reino, e não a alguma coisa que acontecesse no
dia em que aquelas palavras foram ditas".

E concluem dizendo:
“E Jesus lhe disse: ‘Na verdade te digo hoje’ ou neste dia quando, prestes a morrerem, este homem
manifestou tão grande fé no Reino vindouro do Messias, no qual só será Rei quando ocorrer a
ressurreição – agora, sob tão solenes circunstâncias, te digo: serás comigo no Paraíso”.

Por fim, a versão impressa da Nueva Reina Valera de 2000 assim traduz:

"Então Jesus lhe respondeu: ‘Eu te asseguro hoje, estarás comigo no paraíso’"

Portanto, é simplesmente falsa a afirmação de que a única versão da Bíblia que traduz Lucas 23:43
da maneira correta é a Tradução Novo Mundo das Testemunhas de Jeová.

De fato, Lucas 23:43 é uma mensagem em que Cristo diz ao ladrão da cruz: "Em verdade te digo
hoje, estarás comigo no Paraíso", mas que os tradutores bíblicos imortalistas preferiram por suas
próprias convicções teológicas traduzirem por: "Em verdade te digo, hoje estarás comigo no
Paraíso".

E assim exegese foi totalmente destruída.

Paz a todos vocês que estão em Cristo

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