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Olavo de Carvalho
O fato igualmente bem estabelecido de que a agressão haja começado em 1961 basta para
impugnar, “in limine”, qualquer tentativa de legitimar a explosão da violência esquerdista
pós-1964 como reação justa de facções excluídas do processo político. Bem ao contrário, o
golpe militar é que foi uma resposta à ascensão de um dos movimentos revolucionários
mais articulados e mais vastos já observados na história da América Latina.
Simplesmente não tem sentido classificar como vítimas de injusta perseguição política os
homens que, trabalhando para um país estrangeiro, nele buscaram refúgio quando seus
empreendimentos armados em território nacional fracassaram. Muitos desses atacantes
integraram-se à nação cubana, tornaram-se oficiais de seus serviços de inteligência e em
seguida voltaram ao Brasil como agentes camuflados de um governo estrangeiro hostil.
Tal foi o caso, precisamente, do deputado José Dirceu de Oliveira e Silva, que, graças à
proteção pessoal de Raúl Castro, fez uma bela carreira no serviço secreto militar de Cuba
e, ao contrário do que vem saindo na imprensa, não voltou ao Brasil só depois da anistia,
mas sim muito antes disso, para reorganizar a guerrilha em crise. Esses dados, jamais
desmentidos, constam do livro de Luís Mir, A Revolução Impossível.
Nada tenho, pessoalmente, contra o deputado José Dirceu, que foi meu companheiro de
Partidão nos anos 60 e com quem tive durante bom tempo relações cordiais.
Odeio ter de dizer isso, mas ninguém merece indenização de um país por ter servido a seus
agressores. O deputado e seus correligionários é que deveriam pagar indenização às
famílias de soldados brasileiros que morreram em combate contra os agentes de Cuba.
Apenas, essas famílias, diante do escândalo repetido dos prêmios dados ao inimigo, têm
medo de recorrer à Justiça para fazer valer seus direitos. E quem, hoje em dia, não tem
medo?
Quando o sr. José Alencar finge tranquila superioridade, alardeando que “não devemos ter
medo do comunismo” (apelo que chega ao cúmulo do “non-sense” no momento em que a
guerrilha colombiana tira de vez a máscara das intenções pacíficas), só o que ele prova é
que ele próprio está possuído desse medo, como um sequestrado com “síndrome de
Estocolmo”, ao ponto de se derreter em trejeitos de afeição na esperança vã de aplacar a
fúria de quem o aterroriza.
É o medo, o medo geral e avassalador, que está imbecilizando este país e levando-o a
aceitar como normas de boa conduta as mais cínicas exigências do sectarismo esquerdista.
É evidente que, desde o ponto de vista sectário, qualquer crime praticado a serviço da
esquerda é um mérito, e qualquer boa ação que favoreça o lado contrário é um crime.
Já conhecemos essa dualidade de pesos e medidas, que dá respaldo moral à ocupação
chinesa no Tibete, com seu milhão de vítimas civis até agora, enquanto se finge de
escandalizada ante o revide americano aos atentados de 11 de setembro.
Apenas, temos o direito de estranhar que mentira tão velha, tão conhecida, tão
abundantemente descrita e desmascarada seja de repente imposta como critério moral
oficial a todo um país, e que o seja pelas mãos de um governo que, de todos os que já
tivemos, é provavelmente o que foi mais odiado e achincalhado pela esquerda.
Só o medo, o medo soberano e paralisante, pode levar um governo a descer tão baixo,
abdicando de todo respeito por si mesmo.