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Sumário

1. O córtex cerebral e as funções intelectuais do indivíduo.........................................1


2. Hemisférios cerebrais................................................................................................2
3. Orientação espacial...................................................................................................2
4. Ambição e agressividade..........................................................................................4
5. Lobotomia pré-frontal................................................................................................4
6. Motivação..................................................................................................................5
7. Áreas da linguagem..................................................................................................6
7.1. A Fonação..........................................................................................................6
7.2. Afasia global.......................................................................................................6
7.3. Giro angular e a dislexia.....................................................................................7
7.4. Ouvido.................................................................................................................7
8. Memória.....................................................................................................................8
Fonte.............................................................................................................................9
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FUNÇÕES INTELECTUAIS DO CÉREBRO

1. O córtex cerebral e as funções intelectuais do indivíduo

A gente vai ver então exatamente aquela parte de nós que dá essa capacidade
de superação como ocorreu com o Guyton. Aquela parte de nós que nos faz mais ou
menos determinados, mais ou menos inteligentes ou mais ou menos agradáveis no
contato social ou não. Ou seja, o que cada um de nós é. A chamada personalidade,
que é o córtex. O córtex cerebral faz com que cada pessoa seja diferente da outra.
No córtex cerebral estão desenvolvidas as funções intelectuais do indivíduo.

O córtex cerebral se divide em três porções básicas em termos de função: as


áreas motoras, as áreas sensoriais e as áreas que não são nem motoras e nem
sensoriais são chamadas de áreas de associação. As áreas motoras podem ser
primárias ou secundárias. A única área motora primária que a gente tem é o giro
pré-central. A área motora secundária são aquelas áreas circunjacentes ao giro pré-
central e que assessoram o giro pré-central nas funções motoras do córtex. São as
porções mais de trás do lobo frontal, a área chamada pré-motora e motora
suplementar. Depois das áreas motoras, nós temos as áreas sensoriais. A área
sensorial, somatosensorial, uma área qualquer, giro pós-central. Então, uma área
sensorial primária pro tato, pra dor, pra vibração, pra pressão. Depois, a gente tem a
área sensorial primária pra visão, que é no lobo occipital; a área sensorial primária
pra audição, que é no giro temporal anterior. Além dessas áreas sensoriais
primárias, nós temos as áreas sensoriais secundárias, que são aquelas que ficam ao
redor das áreas sensoriais primárias e que auxiliam essas áreas sensoriais primárias
a interpretar os estímulos sensoriais. Tudo no córtex que não for área motora, nem
sensorial é área de associação. E essas áreas de associação, muito longe de ser
menos importantes do que as outras, são elas que produzem os processos
cognitivos. Então, são as áreas de associação que produzem a inteligência, o
pensamento, a memória e tantos processos cognitivos. Então eles estão situados,
estão sediados, são realizados pelas chamadas áreas de associação. São as
regiões do córtex, então. que não tem funções motoras e nem sensoriais.

Então, aqui, está mais ou menos dividido as áreas funcionais do córtex


humano, essa área azul aqui é a área sensorial primária, somatosensorial, a área
azul clarinha é o córtex motor primário. Essa área aqui, dessa cor ocre, é o córtex
motor secundário que assessora a área motora primária. Aqui nós temos o córtex
visual primário. Aqui nós temos um córtex auditivo e aqui nós temos uma área de
associação que se chama área de associação parietoocciptotemporal, que é a maior
área de associação que nós temos no córtex. Depois nós temos esse verde que é a
área de associação com o frontal e aqui por baixo uma outra área de associação
que se chama área de associação límbica. Essa mancha azul aqui é a chamada
área de associação parietoocciptotemporal, no hemisfério cerebral esquerdo dos
destros está sediada a maior parte da inteligência verbal. A inteligência verbal é
aquilo que a gente comumente chama de inteligência. E essa inteligência verbal está
situada predominantemente no lobo parietoociptotemporal, no hemisfério
ESQUERDO nos indivíduos DESTROS. Depois, aqui está a área frontal, que eu falei
pra vocês e esse verdinho de baixo aqui é a área de associação límbica.
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2. Hemisférios cerebrais

Vamos ver, então, essa área de associação parietoocipitotemporal. Vocês


sabem, que normalmente, os nossos hemisférios cerebrais, o direito e o esquerdo,
eles não são, digamos assim, perfeitamente simétricos, em termos funcionais. Não
existe uma simetria funcional entre os hemisférios cerebrais. Um hemisfério é
sempre mais desenvolvido pra algumas funções e o outro mais desenvolvido para
outras funções. O hemisfério esquerdo, por exemplo, que a gente costuma chamar
de hemisfério dominante, na verdade ele é dominante pra um tipo de inteligência,
que é a inteligência verbal. Então o hemisfério cerebral esquerdo, ele é mais
desenvolvido para a inteligência verbal. E o hemisfério cerebral direito, ao invés,
digamos assim de ser menos desenvolvido, na verdade ele é mais desenvolvido
para outras funções. O hemisfério direito a gente pode chamar de hemisfério
artístico, porque no hemisfério direito, está desenvolvida a inteligência musical,
orientação espacial e prosódia. São exatamente alguns tipos de inteligência
indispensáveis para o desenvolvimento das artes. Por exemplo, Bethoven. Ele devia
ter um hemisfério cerebral direito pra área da música, extremamente desenvolvido.
Então ele nasceu com uma aptidão natural pra música. Se um de nós quisesse se
transformar num Bethoven ou num grande músico, não vai ser só porque a gente
quer e entrar num curso de música,que nós vamos nos tornar num grande mestre da
música, certo? E com isso se nasce, é uma aptidão pro desenvolvimento de uma
determinada área cerebral, uma tendência inata, e essa área se localiza no
hemisfério cerebral direito, próximo do córtex de associação auditivo.

3. Orientação espacial

Orientação espacial, vocês acham que Van Gogh sabe pintar aqueles quadros
maravilhosos. O senso de orientação espacial nele, certamente, era acima da
média. E essa capacidade de orientação espacial, de captar perspectivas,
distâncias, sombras, isso é mais desenvolvido pelo hemisfério cerebral direito. Então
um grande pintor, certamente, tem alguma área do hemisfério cerebral direito mais
funcional que o das outras pessoas. Uma área, obviamente, tem que estar próxima
do córtex de associação e do outro. E essa área nasceu mais funcional nesse cara,
é claro que isso é aprimorado, estudando pintura, praticando, mas ele já saiu com
um nível basal superior à média da população. Ele já tinha essa área cerebral pronta
pra ser desenvolvida.

Prosódia, o que é prosódia? É a entonação, é a mímica, é a expressão corporal


do discurso. É todo aquele jogo de comunicação não-verbal. Gesticular, a entonação
de voz, é a entonação emocional do discurso. Isso está situado no hemisfério
cerebral direito. E isso é necessário também para a arte, para os atores. Então o
hemisfério cerebral direito, a gente pode considerar assim: o da inteligência artística.
E o hemisfério cerebral esquerdo, é o que a gente comumente chama de
inteligência, que é uma parte da inteligência na verdade. Agora, aqui na aula, que
tipo de inteligência a gente está usando? Musical, orientação espacial? Aqui na aula,
todos nós estamos utilizando a inteligência verbal.
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Porque eu estou transmitindo uma série de conceitos e eu estou forçando o


meu hemisfério cerebral esquerdo pra transmitir isso e vocês estão forçando o
hemisfério cerebral esquerdo pra acompanhar, concordar ou não concordar,
encaixar nos conhecimentos pré-existentes. Isso é inteligência verbal que a gente
está usando. Se a gente fizesse um exame que capta a atividade do cérebro, a
atividade maior do nosso cérebro seria maior do lado? Esquerdo. Então aquilo que a
gente comumente chama de inteligência, na verdade é um tipo de inteligência que é
a verbal. E sem dúvida é a que a gente mais usa no dia a dia. Nem todo mundo
precisa pintar super bem, compor música ou ser um artista, mas a inteligência verbal
faz mais falta pra gente no dia a dia. Eu tenho que entender fatos, entender recados,
isso é da inteligência verbal. Por que se chama verbal? Porque os nossos
pensamentos são sob a forma de palavras. Vocês pensam de uma forma verbal. Por
isso que isso aí se chama de inteligência verbal. Pra música, pra prosódia e pra
pintura isso não interessa. Um cara pode ser um retardado no aspecto da
inteligência verbal e pintar quadros maravilhosos. É outro hemisfério cerebral. E
essas área associação pra música, prosódia, tudo é mais desenvolvido no
hemisfério cerebral direito na área de associação parietooccipitotemporal. Já, leitura,
interpretação de pensamentos verbais, nos canais de Harvison, como a gente vai
ver agora, é inteligência verbal. A esterognosia, que faz parte da orientação espacial
também é no hemisfério cerebral direito.

Depois vem a área de associação pré-frontal, aquela figura que eu mostrei pra
vocês que fica bem no córtex frontal. A área de associação pré-frontal é considerada
sede da inteligência humana, até algum tempo atrás. Por quê? Porque quem
diferencia o homem dos demais primatas, do chipanzé e dos outros gêneros é a
área pré-frontal. O que o nosso cérebro tem de mais diferente do chipanzé? Lobo
frontal maior. Então quando os neuroanatomistas viram isso, eles perceberam que o
que faz do homem um homem e não um chipanzé é o lobo frontal, correto? O resto
do cérebro é igualzinho por fora, só que o homem tem o frontal maior. A partir daí se
passou a imaginar que inteligência humana era inicialmente centrada no pré-frontal.
Mas, depois se viu que na verdade a área de associação anterior que a gente viu, a
parietooccipitotemporal é muito mais importante pra inteligência do que o frontal
propriamente dito, embora o frontal diferencie o homem do macaco. Pra que serve
essa área de associação? Ela auxilia na motricidade, principalmente no
planejamento de padrões complexos de movimento, na formação e articulação da
palavra, tanto que nessa região está a chamada área de Broca, que a gente vai ver
mais adiante, que é uma área especialmente montada pra organizar a motricidade
necessária pra falar. Ela elabora os pensamentos, e ela tem uma região que é
especialmente implicada com a capacidade humana de planejar para o futuro. Uma
área pré-frontal tem uma capacidade especial de planejar para o futuro e organizar
condutas em cima desse planejamento. Por exemplo, hoje, a essa hora, teria
alguma coisa mais interessante pra fazer do que vir sentar aqui no escuro e ouvir
uma pessoa falar sem parar uma hora? Não é a coisa mais agradável pra se fazer
numa tarde como hoje. Mas, por que vocês estão aqui? Pelo prazer do momento?
Não. Vocês estão aqui porque vocês pensam o seguinte: eu preciso passar na
Fisiologia, pra poder terminar o segundo ano, pra poder chegar nos outros anos do
curso, me formar e depois ser médico, que é o que eu quero ser. Ter os meus
pacientes, trabalhar. Então o que é isso? Planejamento pro futuro.
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Quando vocês resolveram vir à aula, vocês usaram o lobo frontal, enquanto um
chipanzé não viria à aula, porque o frontal dele é pequeno. Ele não quer nem saber
se vai ser médico, não está afim não vai, não é uma coisa boa no momento. Então
essa coisa de se submeter a um momento que não é tão agradável assim, pra poder
ter o que quer no futuro, isso é lobo frontal.

4. Ambição e agressividade

A ambição. O que é ambição? Nada mais é do que um tipo de planejamento


pro futuro. É o querer coisas. A ambição está todinha no lobo frontal. Chipanzé não
tem ambição. Eu quero isso, eu quero conquistar aquele posto, eu quero me tornar
diretor de tal coisa, isso é o lobo frontal. E por trás da ambição vem uma outra coisa
chamada agressividade. Eu não estou falando agressividade no sentido de
agressividade física, bater nas pessoas. Eu to falando em agressividade na conduta,
em tomar atitude frente ao fato. Ter uma postura e tomar atitude pra resolver as
coisas e pra obter as coisas. Esse tipo de agressividade é do lobo frontal. Junto
dessa agressividade que eu chamo de não-física, que é uma agressividade em
termos de conduta, de tomar postura, de tomar atitudes, de ser agressivo na vida,
vem junto a agressividade física. Porque os animais menos inteligentes, pra eles
obterem as coisas eles precisam do físico. Nós vamos utilizar menos o físico, porque
nós temos outras maneiras de conseguir sem ser batendo. Se a gente sai batendo, a
gente sai perdendo a coisa que a gente quer, embora às vezes dê vontade de partir
pra coisa primitiva que nem o chipanzé. Mas então a agressividade também está no
córtex frontal, porque a agressividade está misturada com a ambição, com o
planejamento pro futuro, está tudo embolado ali. Eu quero conquistar coisas, então
eu vou ter que faze isso e no meio disso tudo, está à agressividade. Então, o que se
fazia no passado?

5. Lobotomia pré-frontal

Naqueles caras esquizofrênicos, ou com doença mental severa, que eram


muito agressivos, vocês sabem que não existiam os medicamentos potentes que
existem hoje. Hoje em dia tu pegas um agressivo, dá um remédio e tu o deixas um
doce, naquele tempo não existia remédios tão potentes. E como se controlava uma
gressivo desses? Então o que eles faziam? Uma coisa chamada lobotomia pré-
frontal. Eles abriam um buraco no crânio do indivíduo e passavam uma serra.
Quando eles faziam isso, o cara não sentia dor. Porque o cérebro, vocês sabem,
não tem reação nenhuma à dor. Só as meninges. No momento que cortou a
meninge o cara não sente mais dor. O parênquima cerebral não terminação pra dor.
Então o córtex conectava o frontal com o resto do cérebro e daí a agressividade se
ia. Também se ia à ambição, o planejamento pro futuro, o cara virava um vegetal,
mas pelo menos não era agressivo.E por baixo do frontal tem o límbico. Então essa
coisa da agressividade tem um pouco do frontal e um pouco do límbico. E o límbico
também controla, digamos assim, as condutas socialmente aceitas. Tipo assim: ah,
dá vontade de fazer xixi, daí eu to no meio de um monte de gente e eu seguro até a
hora de ir ao banheiro. Uma conduta socialmente aceita.
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O lobotomizado perdia essa preocupação. Porque quem controla essa função é


o córtex de associação límbico que estava por baixo, que era cortado na lobotomia
do pré-frontal também. Então se desse vontade de fazer alguma coisa, ele fazia, não
tinha essa preocupação da adequação social. Se ele sentia calor e ele queria tirar a
roupa, ele tirava. Isso tudo faz parte do córtex de associação límbico que fica por
baixo do frontal. Então eu estou ilustrando essa figura do lobotomizado pra ilustrar
as funções do córtex pré-frontal e do córtex de associação límbica que está por
baixo. Então essas são as principais funções do pré-frontal e da associação límbica
que está aqui em baixo. Está envolvido o comportamento e principalmente a
adequação social do comportamento, das emoções e importante: MOTIVAÇÂO.

6. Motivação

A motivação também está intimamente relacionada com aquelas outras


funções do pré-frontal que são o planejamento pro futuro e quando vocês saíram de
casa e vieram pra aula tinha que haver motivação. De manhã, quando a gente
levanta pra trabalhar ou pra ir pra aula, se não houver motivação, fica deitado o dia
todo. Quem é que determina a motivação? O límbico. Na verdade, as funções deles
são intercruzadas. Se tu precisas ter motivação para planejar para o futuro, da
ambição, está tudo mais ou menos inter-relacionado. Por exemplo, na aula, se vocês
não gostam da disciplina e acham que aquilo não vai adiantar pra nada no futuro,
que aquela disciplina não vai fazer de vocês um melhor médico, como é que fica a
capacidade de captar o conteúdo da disciplina e aprender? Lá em baixo. Falta o
quê? MOTIVAÇÃO. Vocês acham a disciplina uma porcaria, acham que essa
disciplina não vai acrescentar nada, como é que fica a motivação pra esse
conteúdo? Lá em baixo. Pra poder aprender pra prova é muito mais doloroso que
estudar uma disciplina que vocês gostem ou que vocês acham interessante. E a
motivação está envolvida com a fixação na memória. Quando a gente tem
motivação, a fixação na memória é muito mais rápida muito mais fácil. No entanto
que é assim, um evento importante na vida da pessoa, a pessoa não esquece.
Porque a motivação detecta a importância do momento, coloca um drive em cima da
memória e fixa na memória imediatamente. Se não gosta da matéria, acha
estressante, é doloroso fixar aquilo na cabeça, se gosta se acha que aquilo é
importante, entra facilmente graças à motivação,

Então, falando agora um pouco mais da inteligência verbal, da linguagem. Que


essa característica diferencia o humano dos demais. Não que os outros animais não
tenham uma linguagem. Vocês sabem que golfinho, baleia, cachorro, mais ou
menos se entendem pelo tom da linguagem, mas nenhum animal tem uma
linguagem tão desenvolvida quanto a nossa. A nossa é absurdamente mais
desenvolvida em relação aos outros animais. Então, na verdade, a linguagem é a
característica cognitiva que mais diferencia o homem dos animais.
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7. Áreas da linguagem

Vamos começar a falar das áreas da linguagem e uma delas é aquela de Broca
que eu falei pra vocês. A área de Broca, então, está no córtex frontal e ela está
envolvida no planejamento motor da fonação. Vejam bem, pra eu falar, eu contraio
um monte de músculos d laringe, da língua, do lábio e essa contração é
perfeitamente organizada, pra eu poder falar alguma coisa compreensível. Então, a
fonação é um processo motor extremamente complexo. Imaginem o monte de
músculo que eu tenho que contrair, numa seqüência exata, pra poder emitir um som
compreensível. Então a fonação é a atividade motora extremamente complexa.
Então ela tem uma área cortical, especialmente dedicada a ela.

7.1. A Fonação

E essa área foi descoberta por esse neurologista chamado Broca. Ele
descobriu essa área em 1871 e ele descobriu essa área como a maioria dos
neurologistas descobriu coisas na época. Como é que era? Existia tomografia,
ressonância? Não. Então descobriam como as coisas do cérebro? Eles
acompanhavam o paciente até morrer. Quando o paciente morria, eles abriam à
cabeça e olhavam onde era o defeito. O Broca acompanhou esse paciente aqui, que
era um paciente afásico. O que é um paciente afásico? Ele era incapaz de articular
qualquer palavra. A única palavra que ele articulava era Tam. O Broca acompanhou
ele a vida inteira. Ele não conseguia fonar, não conseguia falar nada, quando ele
morreu, o Broca abriu a cabeça dele e viu que ele tinha uma lesão de neurosífilis
que acometia exatamente o terceiro giro frontal. Daí o Broca descobriu que essa
área era a área de formação das palavras. Da elaboração da fonação. E isso depois
foi confirmado com outros pacientes e mais modernamente com estudos que
mostram a atividade cerebral. Então a gente tem essa área que ficou com o nome
de área de Broca e é responsável pela formação da palavra. Por exemplo, se a
gente tem um AVC que acomete essa área, ele entende tudo da linguagem, eu falo
com ele, ele entende, mas ele é incapaz de emitir palavras, porque ele é incapaz da
fonação. Então ele entende o que está escrito, ele é capaz de escrever
normalmente, ele só não consegue falar. Isso se chama afasia de expressão. Lesão
que acometam a área de Broca, que é esse terceiro giro frontal, provoca o que
chamam de afasia de expressão. Como é que a gente testa isso no paciente? A
gente pergunta, está tudo bem? Ele faz um sinal de positivo. Como é que é o seu
nome? Ele não consegue falar, mas escreve o nome dele. Isso é um paciente que
vocês vão saber que tem afasia de expressão. Onde é que vocês vão imaginar que
foi o derrame dele? Terceiro giro frontal e se ele for destro, à esquerda. Então, a
afasia de expressão ocorre quando alguma lesão acomete o terceiro giro frontal à
esquerda nos destros.

7.2. Afasia global

O neurologista Wernicke também estudou pacientes igual à Broca, só que os


pacientes que ele estudou eram incapazes pra qualquer tipo de linguagem. Eles não
conseguiam ler, não conseguiam escrever e não conseguiam entender o que se
falava e nem falar, eram incapazes pra linguagem. Isso se chama afasia global.
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Quando os pacientes morreram ele abriu a cabeça e viu que as lesões eram na
área de Wernicke. Área que recebeu o nome dele, e que se localiza na região de
associação parietooccipitotemporal. Essa área de Wernicke é considerada a área
mais importante da inteligência verbal. Uma lesão nessa área, para as nossas
atividades rotineiras, as pessoas ficam incapazes, retardadas.

7.3. Giro angular e a dislexia

Existe ainda uma outra pequena área do córtex de associação


parietooccipitotemporal, que é bem importante que é chamado o giro angular. O giro
angular está estrategicamente colocado entre o córtex visual e a área de Wernicke.
E o que o giro angular faz? Quando a gente vai ler, o que a gente enxerga no livro?
A gente enxerga uns riscos que se chama de letras e o nosso cérebro tem que
converter sinais gráficos em fonemas. Qual é a área do cérebro que converte esses
sinais gráficos em fonemas? Giro angular. Então eu só sou capaz de entender a
escrita, de achar uma lógica na escrita, pelo funcionamento do giro angular que
também é mais desenvolvido no hemisfério cerebral esquerdo nos destros. Tanto
que se eu tiver uma lesão nesse giro angular, eu passo a ter uma doença chamada
de DISLEXIA.

A leitura começa com a imagem do objeto em letras, passa a ser identificado


pelo giro angular, o giro angular então decodifica as letras em fonemas, do giro
angular vai para a área de Wernicke, a área de Wernicke então é a que compreende
a leitura, eu só vou entender o que eu estou lendo quando o estímulo chega para a
área de Wernicke. Então o cara que tem lesão da área de Wernicke não entende
nada, não é capaz de elaborar um discurso e nem entende nada do que lê. Da área
de Wernicke, fascículo arqueado, área de Broca, córtex motor primário daí eu falo
em resposta.

7.4. Ouvido

Vocês estão ouvindo o que eu estou falando e estão entendendo isso. O


estímulo entra no córtex auditivo primário, o córtex auditivo primário manda para a
área de Wernicke e a área de Wernicke interpreta o que eu estou ouvindo. Eu só
passo a entender o que eu estou ouvindo quando o sinal chega na área de
Wernicke. Se eu quero responder alguma coisa em resposta ao que eu estou
ouvindo, fascículo arqueado, Broca, córtex motor primário e fonação. Quando eu
disse que pra entender tanto a linguagem escrita quanto à linguagem verbal e
também pra falar, tudo envolve a área de Wernicke. A área mais importante da
linguagem. O hemisfério esquerdo é dominante pra linguagem, além da linguagem
ele dominante da aptidão motora manual, por isso que a maioria das pessoas são
destras, o hemisfério esquerdo é mais desenvolvido para a aptidão motora manual.
Então as fibras cruzam no tronco cerebral, a minha mão mias apta geralmente é à
direita. E o hemisfério direito, se ele for o dominante, ele é especialmente importante
pra música, relações espaciais, linguagem corporal, entonação de voz. Essas duas
últimas compõem a prosódia.
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Pro canhoto é tudo ao contrário. O hemisfério mais desenvolvido pra linguagem


passa a ser o direito.

8. Memória

O que é a memória na verdade? A gente está acostumado a pensar em


memória como aquela coisa assim: Eu digo alguma coisa aqui na aula e daí na hora
da prova vocês lembram o que eu disse aqui em aula. Isso é o que a gente chama
vulgarmente de memória. Mas a memória também tem um outro tipo: que é aquela
seguinte. Eu aprendo a andar de bicicleta e daqui a um ano eu vou andar de
bicicleta e ainda sei como andar. Isso também é memória. Então a memória existe
pra linguagem verbal e pra aptidão motora. A memória de conhecimentos verbais é
chamada memória declarativa e memória de procedimentos motores, andar de
bicicleta, operar, fazer uma apendicectomia, isso também é memória. Ela se chama
memória procedural. Então a gente nunca pensa na aptidão motora com um tipo de
memória. A gente cita a memória, normalmente, como sendo só declarativa. E o que
é a memória na verdade, em termos de funcionamento do SNC? A memória é o
seguinte: quando um percurso sináptico é percorrido várias vezes, ele se torna mais
facilitado. Isso é memória. A memória é causada pela alteração na capacidade de
transmissão sináptica de um neurônio como resultado da atividade neuronal prévia.
Quando eu digo assim pra vocês: O hemisfério dominante da linguagem é o
esquerdo. Essa é uma frase que eu disse. Essa frase quando entrou no ouvido de
vocês, chegou ao córtex, percorreu um circuito sináptico. Uma vez tendo passado
pelo circuito sináptico, quando eu disser pela segunda vez vai passar de novo.
Quando vocês pensarem pela terceira vez, só com o pensamento de vocês, vocês
vão conseguir ativar esse circuito sináptico. Isso é: LEMBRAR. Lembrar é ter o
circuito sináptico tão facilitado, que o meu pensamento ativa esse circuito sináptico.
Isso é memória. Então é facilitar o percurso sináptico, por esse percurso já ter sido
percorrido previamente. Então, se eu leio vinte vezes a página do Guyton, com
certeza eu vou acabar lembrando da informação, porque vinte vezes aquela
informação percorreu o circuito sináptico. Então a repetição fixa a memória. Se o
indivíduo tiver muita motivação, se a motivação for grande, se for uma coisa que ele
quer muito saber, uma única passagem já facilita maximamente esse circuito
sináptico. Quando é uma coisa que cria muita expectativa pra mim, uma vez que
passe, facilitou o circuito sináptico. Por exemplo, vocês estão num bar, vocês
chegam e se interessam por uma guria que está na mesa. Vocês chegam e
perguntam o nome dela. Se for uma pessoa que vocês estão realmente
interessados, vocês não vão esquecer o nome dela até o final da noite! É uma
passagem que fixou, por causa do sistema límbico. Agora, se é uma pessoa
irrelevante, e daí um amigo diz: Esse é o Joãozinho, aquele Joãozinho não tem
significado nenhum, daí a meia hora, tu não lembras mais o nome do João. A não
ser que o amigo diga vinte vezes Joãozinho.

Então, assim, a fixação da memória sofre influência do límbico. Quanto maior a


motivação em cima, mais facilmente fixa. Vocês já não notaram que é mais fácil
estudar uma disciplina que vocês gostam ao invés de uma disciplina que vocês não
gostam? É motivação. Quando a gente gosta, percorre duas vezes o circuito e fixou.
Quando não gosta, trinta vezes e não fixa, quarenta vezes e não fixa. Então, isso
que é memória. É facilitar o circuito sináptico pela passagem da idéia por aquele
circuito. Tem a declarativa ou fixa que é lembrar dos fatos e tem a memória
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procedural que é a memória da atividade motora. Eu aprendo a andar de bicicleta, e


quando eu andar de novo, eu lembro como andar.
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Eu faço uma apendicectomia, tiro um apêndice e quando eu vou operar de


novo eu sei. Então, lembrar de uma atividade motora que também é conseqüência
de uma atividade sináptica prévia, de um circuito sináptico prévio. Então, vocês
acham que o cirurgião faz melhor a décima apendicectomia ou a centésima? A
centésima. O circuito sináptico ta mais facilitado na centésima. E, além disso, a
memória tem diferentes categorias no tempo de duração. A memória pode ser de
curto prazo, intermediário e longo prazo e longo prazo.

A de curto prazo é aquela assim: eu quero um número de telefone, e guardo-o


até ir ali discar e depois eu esqueço. Como é que se forma essa memória de curto
prazo? Ou aquela memória que eu passo a noite antes da prova decorando o
conteúdo, vai lá e despejo tudo em cima da prova e daí depois eu esqueço tudo.
Isso se dá por circuito reverberativo. Não fica nada.

Intermédio-longo prazo ocorrem modificações químicas na sinapse.

E memória de longo prazo, se aquilo que vocês lembram quando ganharam à


primeira bicicleta, ou sei lá, algum fato significativo da infância. Isso é memória de
longo prazo. Isso é modificação estrutural da sinapse. Isso dura pro resto da vida.
Ocorre um aumento da síntese protéica do neurônio. Ou aumentam os números de
simples vibração dos neurônios pré-sinápticos. Então o neurônio libera mais
neurotransmissor em casa sinapse ou aumenta o número de ciclos do
neurotransmissor do neurônio pré-sináptico. Eles têm mais neurotransmissor
estocado, então ele facilmente transmite a informação pro outro, ou ainda aumenta o
número de receptores no neurônio pós-sináptico. Então ocorre uma alteração
estrutural, na estrutura da sinapse, envolvendo síntese protéica. Isso forma memória
de longo prazo e é capaz então de durar anos.

E a memória tem algumas fases, por exemplo, quando a memória passa de


curto prazo pra longo prazo chama-se consolidação da memória. A gente tem um
local, que especialmente consolida as memórias, que passa ela pro longo prazo, que
é o hipocampo. O hipocampo é o local do cérebro especializado em fixar a memória.
E coincidentemente foi o hipocampo que descobriu que existe neurogênese na vida
adulta. Então provavelmente esses novos neurônios estejam de alguma forma
relacionados com a memória. E a repetição acelera a consolidação. Quanto mais eu
leio à mesma coisa, mais fixa na memória.

Fonte

www.damedpel.com/CDD/2oAno/FISIO/AULA%20DE%20FISIOLOGIA%206.doc

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