Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Não só isso, mas ele está saindo da sua feliz vida de solteiro para viver
com a mulher de seu irmão. Uma advogada tensa e arrogante.
****
Charlotte Rose Carter não tem tempo para diversão e brincadeira. Ela
se formou com honras e fez todos os movimentos certos fora da faculdade
para alavancar sua carreira como uma jovem advogada de sucesso. Ela
ainda conseguiu o solteiro mais cobiçado do mundo corporativo de New
York.
Mas ela não tem ideia sobre os truques sendo jogados bem debaixo do
seu pequeno e alegre nariz.
ealeza
PRÓLOGO
Max
—No meu carro. Eles estão me seguindo. Tenho certeza que eles
não querem conversar.
Os airbags não haviam sido acionados. Isso era bom, certo? Isso
significava que o carro não estava tão mal que eu não conseguiria continuar
dirigindo.
Tentando me livrar da dor de cabeça e náusea que estavam me
atingindo com força, olhei através do para-brisa para frente do meu carro.
Foi destruído. Uma bagunça quebrada. Um dos faróis quebrou e não
funcionava mais e o motor estava fazendo um som estranho de chiado.
Eu virei minha cabeça para o lado, olhando pela janela, e vi. O sedã
preto estava parado não muito longe. As janelas estavam tão escuras que
ver o interior era impossível. Mas não importava quem era.
Eu sabia que tinha que contar a ele. Eu não poderia usar minha vida
como moeda de troca pela verdade. Eu sabia que isso era perigoso quando
assinei. Eu sabia que isso era uma possibilidade.
—Está a caminho.
Eu abri minha boca para contar a ele. Para dizer a ele exatamente o
que ele queria saber.
Eu não podia morrer por nada. Eu não podia deixá-los fugir com o
que eles fizeram.
Tucker
Deve ter sido pressa para ficar nu. Eu sorri. Eu estava sempre com
pressa de ficar nu. Especialmente quando eu estava com uma mulher com
uma bunda assim.
Seu cabelo era escuro, suas feições exóticas e seus lábios eram
cheios.
Claro, ela claramente não era o tipo de garota que se ofenderia com
meus olhos errantes. Ela caminhou até mim, passou os braços em volta da
minha cintura nua e apertou os seios perfeitos contra o meu peito. Então
ela se esfregou como se fosse um gato e eu o seu poste sendo arranhado.
Bunda Gostosa (eu tive que chamá-la de algo) balançou seus quadris
atravessando o quarto e estendeu um pedaço de papel para mim. —Ligue
para mim. —Disse ela, jogando o cabelo atrás do ombro.
Eu olhei para os seios dela mais uma vez, então enfiei o pedaço de
papel no bolso da frente da minha calça jeans.
Ela se inclinou e pressionou os lábios nos meus, passando a língua
entre eles. Eu a beijei de volta rapidamente e então lentamente me afastei.
Contornando-a, eu espalmei sua bunda. —Obrigado pela noite passada. —
Eu disse e saí de seu quarto sem sequer olhar para trás.
Rachel.
Charlotte
Meus olhos se fecharam pela quinta vez desde que me sentei no sofá
e liguei o noticiário noturno. Com um suspiro, apertei o botão do meu
celular para iluminar a tela e verificar a hora. Já passava das onze. Ele não
voltou para casa.
Novamente.
Havia fogo?
No corredor do prédio, eu podia ouvir portas se abrindo e
fechando, o murmúrio de vozes enquanto as pessoas iam em direção às
saídas.
Que diabos?
1
Fibra obtida do pelo da cabra angorá
Eu fiquei imóvel, parcialmente em choque. Havia realmente um
incêndio? Ou o alarme era apenas para que os ladrões pudessem roubar
esse prédio com a distração de uma emergência?
—Se você queria roubar o prédio, você deveria ter feito isso no
meio do dia, quando quase todo mundo estava no trabalho. —Eu disse a
ele.
Não achei que seria assim tão fácil, mas pelo menos tentei.
—Você está aqui para o quê? —Eu perguntei, orgulhosa por minha
voz não estar tremendo.
Ele riu. Era mal e vil. Um arrepio começou na ponta dos meus pés e
lentamente percorreu todo o meu corpo.
—Você.
Ou
Ele riu.
—Só por isso, vou ter que me divertir um pouco com você antes de
te entregar.
Comecei a lutar por baixo dele, que puxou com mais força o meu
cabelo, fazendo o couro cabeludo arder e queimar. O joelho pressionando
minhas costas de repente se foi, e eu comecei a girar, mas antes que eu
pudesse virar completamente, ele me escarranchou, prendendo minhas
mãos contra mim e afundando sua virilha contra elas.
Eu caí no chão, fingindo que meu pé ficou preso nas minhas calças.
Eu bati minhas mãos e joelhos e mantive meu corpo rígido.
Nenhum sinal.
Segurei a faca com força e olhei para a porta. Meu peito arfava com
a respiração irregular, e o pijama de seda estava preso à minha pele suada e
escorregadia.
Eu esperei. Eu observei.
Eles se foram.
Tucker
2
Men in Black, no Brasil o filme é conhecido como MIB – Os homens de preto
O homem que dirigia exibiu um distintivo de ouro com as letras do
FBI à vista na frente.
Max era mais do que apenas meu irmão. Ele era meu irmão gêmeo.
Nós nascemos a poucos minutos de distância, eu sendo o “mais novo”, e
apesar de parecermos exatamente iguais, nossas personalidades eram como
dia e noite. Mamãe costumava brincar que alguém errou quando estava nos
dando traços, porque em vez de cada um ter uma personalidade
equilibrada, nós dois éramos extremos.
Foi por causa do grande desvio da diferença entre nós que Max e eu
não éramos tão próximos quanto a maioria dos gêmeos. Eu não via Max
desde que entrei para o Exército, mas mesmo assim achei muito difícil (se
não impossível) acreditar que Max estava com problemas com a lei.
Destroçada.
Esvaziada.
—Você veio aqui para me dizer que meu irmão foi assassinado? —
Eu perguntei com calma mortal. Eu poderia não estar perto de Max, mas
ele era meu irmão, minha família e eu o amava.
Eles não disseram nada, mas senti a mudança na sala. Eu olhei para
cima, diretamente nos olhos de um dos agentes. Havia uma razão pela qual
eu estava sendo informado primeiro. Havia uma razão para que ninguém
mais tivesse sido notificado sobre sua morte.
—Foi limpa.
—O que ele disse? —Quais foram as últimas palavras que meu irmão
falou?
Ele chamou por mim. O último pensamento de Max, seu último pedido
foi para mim.
Charlotte
Uma vez que eu tive certeza de que Hálito de Alho e seu amigo
foram embora, eu saí do apartamento do meu vizinho (Eles precisavam de
uma aula de organização) de volta para o corredor. Eu podia ouvir os
bombeiros subindo as escadas e experimentei um momento de pânico.
Ótimo. Não só eu era uma loira burra com cabelo despenteado hoje,
mas eu também era uma senhora. Eu deveria ir até a prefeitura municipal e
pedir meu cartão de idoso enquanto eu estava assim.
—Eu moro aqui. —Eu disse, piscando os olhos para eles como se
estivesse confusa. Então eu olhei por cima de seus trajes à prova de fogo e
equipamentos. —Há fogo?
Eu não dei uma boa olhada nos homens no andar de cima, mas eu
sabia que se eu visse Hálito de Alho de novo eu o reconheceria. Ele não
estava à vista, não dentro e não do lado de fora, na multidão de pessoas na
calçada.
Você.
Foi isso?
Por quê?
Tucker
Eu quase ri.
—Eu vou fazer o meu trabalho. —Eu disse, não deixando espaço
para mais pedidos que eles quisessem apresentar como sugestões. Eu
provavelmente queria os homens que os federais estavam atrás mais do que
eles. Este era apenas um caso para eles, um cheque na caixa, um trabalho
bem feito.
—Como você sabe que não foi destruído no acidente de carro que
matou meu irmão?
Senti uma pontada de tristeza pelo meu irmão. Por sua perda. Eu
desejei que ele estivesse em algum lugar seguro.
Espalmei as chaves do apartamento e preparei-me para sair do
carro. Eu precisava de um pouco de ar. Precisava de algum tempo para
pensar. Sofrer.
Então não teria como enterrar meu irmão. Ele foi roubado da vida e
de um funeral apropriado. A raiva inflamou minhas entranhas,
percorrendo-me como um fogo violento. Eu queria dar um soco em
alguma coisa.
Não era realmente uma pergunta; foi dito mais como uma
declaração, como uma confirmação de um conhecimento.
Porra.
—Então, eu tenho que brincar de namorado com... —Minha voz
sumiu quando percebi que não sabia o nome da mulher que estava
morando com meu único irmão.
Ainda não pronto para entrar, peguei o celular que recebi e disquei
um número que conhecia de memória. Quando a linha tocou, aproximei-
me do edifício, percebendo que alguém poderia me reconhecer se eu
ficasse no meio da calçada.
Nathan tapou o celular para que sua voz fosse um pouco abafada.
—Patton quer que eu mantenha o seu trabalho. —Disse ele com um toque
de humor em seu tom.
—Você sabe.
Ela riu, mas então sua voz ficou séria. —Ligue se você precisar dele.
Por ele, eu sabia que ela se referia a Nathan. Um cara pensaria que
depois de tudo que ela passou, ela não iria querer que Nathan se envolvesse
em algo perigoso. Isso só mostra o quanto a Honor era realmente forte.
—Não tenho dúvidas, cara. —Ele disse. —Você sabe que tem um
lugar aqui. Eu apenas irei falar suavemente com Honor para sair de trás
daquele computador e ela poderá me ajudar com os primeiros dois casos.
—Tudo bem.
Charlotte
Não havia nada como uma ducha quente para liberar a tensão que
sempre parecia penetrar nos meus músculos durante o dia. Massagens
também eram boas, mas quem tinha tempo para isso?
Não haveria filme bobo, doce ou até mesmo pijama para mim hoje à
noite. Eu tinha que trabalhar. A única razão pela qual eu estava em casa, era
porque eu queria me trocar antes de encontrar um cliente para jantar, em
um dos cafés perto da Times Square.
Eu.
Não tranquei?
Gritar por ajuda só alertaria o intruso que eu sabia que estava lá.
Eu não perguntei e não consegui pensar muito sobre isso. Isso não
era sobre ela. Eu não precisava conhecê-la para fazer esse trabalho. De
fato, quanto menos eu soubesse dela, menos eu a visse, melhor para todos.
Como eu pude deixar passar tantos anos sem estender a mão para
ele?
Por que diabos um homem precisa de um abajur? Era para isso que
serviam as luzes do teto.
Derrubando-me no chão.
Santa mãe de Deus, ela não estava usando nada além de uma toalha.
Ela estava molhada. Ela estava quase nua. Ela estava sentada no meu
colo.
Minha mão pegou seu pulso pouco antes de ela me bater com
alguma coisa.
Era uma escova de cabelo gigante. Era grande e redonda com cerdas
que realmente pareciam deixar uma marca se ela conseguisse um bom
golpe. E a julgar por suas ações apenas alguns segundos antes, se eu tivesse
sido mais lento na captação, estaria ostentando um ferimento daquela coisa
e uma dor de cabeça.
Meus olhos deslizaram para seu peito, onde a toalha branca enrolada
em seu corpo estava se soltando.
Porra, sua pele estava lisa. E úmida. Eu assisti com a devida atenção
quando outra gota de água escapou dos fios e deslizou para baixo,
deixando uma trilha úmida sobre o volume de seu seio e desaparecendo
sob o pano branco.
Merda.
—Eu tenho uma reunião de negócios durante o jantar e eu queria
me trocar antes de conhecer o cliente. —Ela respondeu com um aceno de
cabeça.
Eu sorri. Não era a primeira vez que via aquela expressão. Todas as
garotas pensaram que eu era digno delas, uma vez ou outra.
3
- Série norte americana do fim da década de 50 e início da década de 60, traduzida para” Além da Imaginação”.
Era famosa por tratar de temas sobre ficção científica, suspense, fantasia e terror.
4
A Snapple é uma marca de bebidas à base de chá e sucos que é de propriedade da Keurig Dr Pepper
Quero dizer, que tipo de mulher simplesmente desfila molhada e
praticamente nua?
Uma mulher que acha que está em casa com o homem dela.
—Sim. Eu pensei que seria mais fácil, você sabe, com o meu
horário. —Eu disse, esperando que ela acreditasse em mim.
Onde ela achou que eu fiquei a noite toda? Ela não parecia
preocupada, nem um pouco. Isso meio que me irritou. Ela deveria estar
preocupada, frenética até, que Max não tivesse voltado para casa ontem à
noite. Quero dizer, merda, era final da tarde e ela ainda não ouvira nada
dele. No entanto, ali estava ela, tomando banho e se preparando para sair
para jantar. Eu peguei a água e tomei um longo gole, esperando reprimir
minha irritação. Eu sabia com certeza que Max não era do tipo que ficava
irritado facilmente. Eu era o cabeça quente, não ele.
Atrás de mim, ouvi ela se mover para a cozinha, seus pés descalços
quase fazendo um som contra o azulejo. Eu me virei quando ela estendeu a
mão e pegou a garrafa de água que eu tinha acabado de beber. Eu assisti
seus lábios em forma de coração envolverem a garrafa enquanto ela tomava
um gole delicado.
Então ela pensou que eu passei a noite no trabalho. Ela não ficou
surpresa também. Isso era uma coisa normal?
Eu nunca soube que uma pessoa poderia ter o cheiro de calma. Ela
tinha essa quietude sobre ela; não calma em sentido literal, mas de forma
figurada. De maneira estável. Como se ela fizesse parte de um painel
elétrico, ela seria o fio terra. Ela seria o fio que impediria os outros fios ao
seu redor de eletrocutar todos com quem entrassem em contato.
—Sim. —Ela estava dizendo. —Eu vejo, sim, claro. Amanhã está
ótimo...
Era sexy.
Mas isso foi antes de ela me atacar, meio nua, e me acalmar com um
único olhar de seus olhos dourados.
—Jantar? —Ela perguntou. O jeito que ela disse me fez pensar que
essa sugestão foi uma surpresa. Meu irmão nunca a levou para comer fora?
A julgar pelo olhar em seu rosto, eu fiz e disse algo que não era
como Max agiria, novamente. Porra, ser outra pessoa era difícil.
Bem, merda. Não apenas falei algo fora do personagem, mas cometi
o pecado principal que todo homem sabia que nunca deveria cometer. Eu
comentei sobre o peso de uma mulher.
Suspirei pesadamente. —Eu não acho que você está muito magra.
Eu acho que você é linda. Vá se vestir para que possamos ir.
Certo.
Era hora de trocar minha jaqueta de couro por algo muito menos
confortável. —Claro. —Eu segui atrás dela, em direção ao quarto, que
estava ao lado da sala de estar.
Charlotte
Então, por que meu corpo reagiu com tamanha surpresa quando vi
Max? Era quase como se meu cérebro não o tivesse reconhecido
imediatamente. Eu estava prestes a espancá-lo com a minha escova de
cabelo. Ele provavelmente pensou que eu era louca porque eu nunca agi
tão impulsivamente durante este ano em que estamos juntos.
Ele parecia diferente esta noite, começando com o jeito que ele
estava. O penteado mais curto definia sua mandíbula, fazendo com que
parecesse mais quadrada, suas feições mais angulosas. Também parecia que
ele não havia se barbeado naquela manhã, o que era muito diferente dele.
Eu gostei.
Claramente os eventos da noite passada me afetaram muito mais do
que eu percebi. Além de me tornar exageradamente paranoica, eu também
me tornara... Bem, eu não tinha certeza. Mas se eu continuasse de pé aqui
examinando tudo que eu sentia, eu nunca estaria pronta para o jantar.
Eu esqueci de esportes.
O terno que ele usava não era nada que eu não tivesse visto antes.
Na verdade, era apenas um terno azul comum com um paletó e calça
combinando.
E ele pegou. Era como se seu corpo tivesse se tornado minha rede
de segurança e eu soubesse que, enquanto seus braços estivessem ao meu
redor, nada de ruim iria acontecer.
—Eu quebrei meu sapato. —Eu disse, então me perguntei por que
eu estava dizendo o óbvio.
Nós nos olhamos por longos segundos antes que ele me liberasse
para abrir a porta novamente. —Eu esperarei enquanto você troca.
Claro, isso não foi o que mais me incomodou, porque essas coisas
podem ser explicadas depois da noite passada.
O que mais me incomodou foi a minha reação toda vez que Max me
tocou.
Até agora.
A advogada em mim ficou perplexa com isso. Minha lógica interna
me dizia que não era possível. No entanto, a evidência estava girando
dentro de mim com cada batida irregular do meu coração.
Por quê?
CAPÍTULO 9
Tucker
Meus dedos se contraíram, e foi então que percebi que meu braço
estava em volta de sua cintura, minha mão estava estendida sobre sua
barriga e sua barriga estava nua.
Pijama.
Sim. E julgando pelo interior das gavetas de Max, ele também. Que
diabos era isso, Leave it to Beaver 5?
5
Série de TV Americana, de 1957, sobre um garoto (Cleaver) curioso e muitas vezes ingênuo
O pensamento de usar uma camisa de manga comprida de cetim
para dormir, ofendeu a minha masculinidade, então me comprometi
vestindo as calças (Graças a Deus elas eram azuis; ultrapassaria o meu
limite se fosse uma cor feminina) e uma camiseta branca.
Tanto quanto eu poderia dizer, ela não sabia nada sobre um pen
drive. Ela nem parecia perceber que Max estava tendo problemas no
trabalho (o problema era que seus colegas de trabalho queriam matá-lo).
Francamente, eu estava pronto para descrevê-la como inútil para o
caso, mas algo me impediu disso.
Mas do quê?
Ela meio que agiu como se não quisesse que eu visse seu medo.
Oh, Charlotte, o que está acontecendo nessa linda cabeça? Minha mão se
moveu com o pensamento, gentilmente roçando seu cabelo, meus dedos
emaranhando um pouco nos fios macios.
Eu congelei.
Nunca.
A ação deve ter parecido estranha para ela também, porque ela
acordou imediatamente e, a julgar pela forma como seu corpo ficou tenso,
nossa pequena posição de dormir não era uma coisa típica.
Elas pintavam?
Ela inclinou a cabeça para trás, sua bochecha roçando meu músculo
peitoral, fazendo meu mamilo endurecer como uma pedra. Havia um
pouco de surpresa em seus olhos. —Bom dia. —Ela disse, com a voz
rouca de sono.
Eu estava afetando-a.
—Oh! —Ela disse, balançando para fora de mim para rolar e apertar
um botão no despertador ao lado da cama.
—Eu não estou bravo com você. É do alarme que estou com raiva.
—Eu fui um idiota antes. Normalmente eu não me importo, mas eu teria
que viver com ela por mais algum tempo e, ela não sabia disso ainda, mas
ela teria que passar por um péssimo momento. Descobrir que meu irmão
estava morto seria o suficiente para ela lidar.
Eu não queria que ela pensasse que ela tinha feito algo errado, algo
que me fez não a querer. A verdade era que se aquele alarme não tivesse
disparado, eu provavelmente estaria profundamente nela neste momento.
A realização fez meus dentes rangerem. Eu não conseguia lembrar da
última vez que eu quis tanto uma mulher.
Ela olhou por cima do ombro. Parte do cabelo dela havia caído
daquele coque ridículo que ela fez ontem e emoldurou seu rosto. —
Está bem.
Pensei em afastar os fios loiros para poder ver melhor os olhos dela.
Eu não fiz isso. Eu não confiava em mim para tocá-la agora.
Depois de ajustar meu pau (eu juro que é tudo que eu faço por
aqui), eu fui em direção ao armário. Eu dei dois passos.
Ela não sabia que tinha que guardar as coisas se não queria que eu
avançasse em cima dela?
Ela se abaixou um pouco mais, puxando as leggings sobre os pés.
Sua bunda era em forma de coração assim como sua boca...
6
Ela com certeza agia como se nunca tivesse feito sexo, e enquanto
eu sentia pena do meu irmão, eu não pude deixar de lembrar o jeito que ela
reagiu ao meu toque esta manhã, quando ela estava presa embaixo de mim.
Houve um incêndio dentro de Charlotte. Estava enterrado sob suas roupas
fechadas, cabelo preso e comportamento adequado.
Charlotte
Nada funcionou.
Meu corpo reviveu a sensação das pontas dos dedos de Max contra
a minha pele. A sensação de arrepios subindo em minha pele quando seus
lábios roçaram meu couro cabeludo foi um eco recorrente em todo o meu
corpo.
Nunca, ele nunca me fez sentir assim. Ninguém nunca me fez sentir
assim.
Eu não tinha certeza do que isso dizia sobre mim, que o meu tempo
“tranquilo” acontecia nas ruas lotadas e barulhentas da cidade de New
York, e foi a única coisa que eu não tentei analisar. Provavelmente porque
temia a resposta a que poderia chegar.
Não pelas memórias do meu tempo na cama com Max esta manhã.
Eu sabia que Max não estaria em casa, ainda era cedo demais, mas
eu esperava vê-lo novamente. Eu me perguntei se ele me daria aquela
sensação de vibração dentro de mim. Eu me perguntei se ele me tocaria... e
qual seria o efeito desse toque.
—Bela jogada, mãe. —Eu disse para mim mesma. —Bela jogada.
7
Empresa de transporte expresso e entrega de pacotes, também é uma fornecedora líder em transporte
especializado, logística, capital e serviços de e-commerce.
O tempo todo em que eu lia, meus olhos se desviavam para a porta
da frente. Fiquei me perguntando sobre Max, sobre a que horas ele estaria
em casa hoje à noite.
Mesmo em um sábado.
Eu mal notei o frio quando saí para a calçada e levantei o braço para
pegar um táxi. Meus pensamentos conturbados eram muito mais
arrepiantes do que o vento jamais poderia ser.
Se eu estava tão feliz, então por que a ideia de Max terminar nosso
relacionamento não me reduziu a um monte de lágrimas?
CAPÍTULO 11
Tucker
Este foi o prédio onde meu irmão encontrou sua morte. Este foi o
edifício que em alguns aspectos, em última análise, reivindicou sua vida.
Sim, ok, então os edifícios não podiam matar pessoas... mas as coisas que
aconteciam dentro das paredes dos edifícios certamente podiam.
Inclinei a cabeça e olhei para o prédio mais uma vez, vendo-o sob
uma nova perspectiva.
Filhos da puta.
—Eu só não queria que nada acontecesse com seus itens enquanto
estávamos descobrindo onde você estava.
Aham.
—Não, mas meu carro foi destruído. Foi uma grande bagunça para
limpar. —Eu disse, calmo. —E meu celular foi destruído, então eu não
pude ligar. Tenho certeza que você vai entender. —Eu olhei diretamente
nos olhos dele, não recuando, nem mesmo desviando o olhar.
Eu precisava me controlar.
—Desculpe?
—Você estava mexendo na minha mesa. Existe algo que você
precisava? Um arquivo? Um número de telefone? —Um pen drive.
Seu rosto empalideceu. —Você tem muita sorte de não ter sido
ferido.
—Você chamaria?
Idiota.
Eu sorri.
Seu rosto corou e ele deu um passo para frente. Eu não podia
esperar para ouvir a ameaça que ele estava prestes a soltar. Isso me fez
desejar estar usando uma escuta.
Antes que ele pudesse falar, alguém entrou no meu escritório atrás
dele. Era um homem de cerca de sessenta anos, com cabelos grisalhos e
um terno impecável.
Sr. Wallace pai, era a força motriz por trás desta empresa. Ele estava
no comando há quase trinta anos. Nos últimos cinco anos, seu filho,
Johnathan Wallace (o pequeno merdinha que eu queria socar), veio a bordo
e foi aí que a lavagem de dinheiro, a fraude e a espionagem começaram a
acontecer. Foi o que o FBI me disse.
Sr. Wallace olhou para Sr. Wallace Jr. Eles trocaram uma palavra
silenciosa.
Eu sorri.
Eu não tinha que entender. Eu só tinha que fazer o que vim fazer
aqui.
A julgar pelo olhar no rosto de Wallace Jr., ele não encontrou o pen
drive. O que significava que eu ainda tinha tempo para chegar primeiro.
Charlotte
8
O Dia da Marmota (Groundhog Day) é uma festa tradicional nos Estados Unidos e no Canadá, que se celebra no
dia 2 de Fevereiro. Segundo a tradição, as pessoas devem observar uma toca de uma marmota: se o animal sair da
toca por estar nublado, isso significa que o inverno terminará mais cedo; se, pelo contrário, o sol estiver brilhando
e o animal se assustar e voltar para a toca, então o inverno durará mais seis semanas.
enviei um e-mail para os parceiros e seus assistentes para que eles
pudessem preparar a papelada, então tudo que precisava eram algumas
assinaturas.
Eles ficariam satisfeitos. Esta era uma grande conta, a maior que eu
fechei. Eu estava esperando que eles me deixassem participar da reunião de
amanhã. Afinal de contas, fui eu quem fez o trabalho para conseguir que
eles assinassem. Era meu direito estar lá pelo bom serviço.
—Você está usando colônia nova? —Eu falei quando inalei. Seu
perfume era mais masculino do que o habitual. Isso atormentou meus
sentidos e fez com que algo dentro de mim acordasse.
Ele ergueu o canto do seu lábio com o que parecia ser uma diversão
velada. —Sim.
—Que bom que você aprova. —Sua voz era baixa e ele invadiu meu
espaço. Em vez de ir para o lado, ele ficou ali, bem perto de mim, e mais
uma vez pequenos arrepios subiram pela minha espinha. Era uma delícia.
Ele fez uma cara como se tivesse bebido um pouco de leite azedo.
—Normalmente não. Esta noite parece uma noite para cerveja.
Ele fez um som rude. —Ok, uma taça de vinho. —Ele emendou.
—Dia difícil?
—Venha comigo.
Ele jogou minha pasta atrás de uma planta. Ele queria que eu
deixasse lá. Eu ri. Ele não riu comigo. Eu dei a ele um olhar incrédulo. —
Você está falando sério.
Ele não respondeu, o que me fez pensar que ele tinha batido a
cabeça. Então pensei em outra coisa. —Onde está o seu carro? —Eu não o
tinha visto estacionado na rua perto do prédio ultimamente.
Eu parei de andar.
9
Expressões. couvert artístico: quantia que se cobra a mais num restaurante ou em casas de diversão para o
pagamento de uma apresentação artística.
A advogada em mim estava pronta para dar um motivo forte do
porquê deveríamos sair.
O resto de mim...
Ele deve ter visto o olhar de rendição no meu rosto porque seu
sorriso se tornou presunçoso quando ele me levou mais para dentro do
bar.
CAPÍTULO 13
Tucker
E o telefone.
Mas claramente Max tinha sido bom em seu trabalho. Seu escritório
era meticulosamente organizado, suas anotações eram completas e todos
no escritório pareciam gostar dele e respeitá-lo.
Exceto, claro, os homens Wallace. Com certeza foi bom dizer que
eu sabia que ele tentou me matar e que eu ainda tinha o pen drive que ele
queria. Era como mergulhar uma faca em um terrorista e torcer um pouco
para vê-lo se contorcer.
Eu estaria pronto.
Era improvável. Eles iam querer me manter por perto para que
pudessem me vigiar.
Ela parecia tão exausta quanto eu me sentia. Mesmo assim, meu pau
endureceu em minhas calças. Eu deveria ter inventado uma desculpa e
deixado ela sozinha. Eu deveria ter saído de lá rapidamente.
Ela colocou a taça à sua frente como se fosse algum tipo de escudo.
—Você está tentando terminar comigo? —Ela perguntou, à queima-roupa.
—Eu realmente não quero falar sobre isso. —Eu disse, sabendo que
essas palavras a fariam praticamente espumar pela boca por respostas. Era
a minha maneira de realmente manter a conversa sem ter que dar
informações. Eu queria que ela dissesse o que sabia.
Eu usei minha mão livre para fornecer mais cerveja ao meu sistema,
esperando que isso me tranquilizasse. O jeito que ela me fazia sentir era
inquietante. Eu não gostei disso.
—Você sabe que pode falar comigo. Você mencionou antes sobre
algumas coisas acontecendo na empresa. Isso ainda está acontecendo?
Então ele não disse nada a ela. Ele estava tentando protegê-la. Se eu
já não estivesse me sentindo ferozmente protetor com ela, então estaria
agora. Saber que ele a queria segura, era apenas mais um incentivo para
garantir que ninguém a machucasse.
—O quê?
Era uma pergunta invasiva, uma que Max nunca fez, a julgar pelo
olhar assustado que eu estava recebendo. Ela bebeu um pouco de vinho,
terminando sua primeira taça e pegando a segunda.
—Você já tentou?
Eu revirei meus olhos. —Então, como você pode dizer que não
gosta se nunca tentou? —Eu empurrei a garrafa de cor âmbar pela mesa
em direção a ela. —Tente.
Ela olhou para mim como se eu fosse louco. Eu fiz o que sempre
fazia quando uma garota não queria fazer a minha vontade.
Ela engoliu em seco. Ficou claro que eu tinha um efeito sobre ela.
Ela olhou para mim por longos momentos, nossos olhos não
interrompendo o contato. Então ela pegou a garrafa.
—Fique com ela. —Eu disse. —Ver você colocar seus lábios em
torno dessa garrafa é muito mais prazeroso do que beber dela.
—Sua pergunta?
—Estou feliz por ter realizado quase tudo que me propus a fazer.
Eu gosto de pensar que meu pai estaria feliz também.
Ah, merda. Ela tinha problemas com o papai. Isso explicava muito.
Dez para um, tudo que ela fez na vida foi obter a aprovação de um
cara que não se importava. Mas ela tentou de qualquer maneira, pensando
que algum dia ele perceberia tudo o que estava perdendo.
—Eu queria ligar para ele hoje, depois que eu fechei o negócio. —
Ela disse suavemente, tomando outro gole da cerveja. Estava vazia, então
eu empurrei outra para ela. —Às vezes eu esqueço que ele se foi.
Bem, merda.
—Tenho certeza que onde quer que ele esteja, Charlie, ele está
orgulhoso.
Ela olhou para cima quando o apelido saiu. Eu achei que ela gritaria
comigo por chamá-la por um “nome de menino”, mas ela só deu outro
gole na cerveja.
—Você acha que eles podem nos ver? Você sabe, do céu? —Sua
voz era tão suave que tive que me inclinar para ouvir sobre a música. Eu
sabia que este não era um tópico que ela mencionava com frequência, e
algo no meu peito se expandiu percebendo que ela confiava em mim o
suficiente para falar comigo.
Ela acha que você é o Max. Eu me lembrei. Eu mal ouvi isso, porque
ela estava me fascinando com o efeito daqueles olhos. Eu entrelacei nossos
dedos. —Sim. Eu acho que eles podem.
Eu dei aos seus dedos um aperto suave. Ela olhou para cima. —Eu
já disse a você que fui eu quem o encontrou?
Eu tinha a sensação de que era por isso que ela se levantava todos os
dias ao amanhecer para se exercitar.
Seu cabelo era tão comprido que alguns dos fios caindo sobre o
ombro pendiam sobre a mesa enquanto ela se inclinava para perto de mim.
Parecia brilhante, mesmo neste piano bar escurecido.
Peguei um fio que estava perto de nossas mãos e enrolei nos meus
dedos, deixando a suavidade envolver minha pele.
Charlotte
Em um piano bar.
Em um dia de semana.
Mas seu toque parecia como um adubo milagroso para uma flor.
Senti minhas pétalas, meus sentimentos se desenrolando de dentro de mim
e abrindo-se, florescendo bem na frente dele.
E ele não olhou para mim como se eu fosse fraca. Ele não olhou
para mim como se meus sentimentos fossem bobos.
Eu não cantava.
Ele cantava?
Ele.
Sua voz era rouca e sensual. Havia tanta emoção por trás das
palavras, que eram sobre amor e perda, que meu coração começou a doer.
Cada pessoa no bar estava completamente fascinada.
Meu Deus, como eu vivi com esse homem por quase um ano e
nunca o vi assim? Deveria começar a abastecer a geladeira com cerveja?
Não sobressaía sobre sua voz porque ele era tão dominante que nem
uma bomba faria isso. A música apenas o acompanhava; flutuava através
dele como a carícia de um amante.
O olhar fugaz que passou por seus olhos era de alarme e tristeza.
Mas foi tão rápido que não pude perguntar a ele o que foi aquilo.
—O quê?
—Agora eu sei que estava errada. Não há como alguém ter esse tipo
de coragem, esse tipo de alma em sua voz, se não tivesse vivido a dor. Não
há como esse tipo de emoção poder ser tirado do ar. Você não é perfeito,
não é, Max? —Sussurrei a última parte, deslizando a mão pela mesa em
direção a ele.
—Não. Não, definitivamente não sou perfeito. Eu acho que não sou
o cara que você pensou que eu fosse. Eu não sou o cara que você queria.
—Sim.
Ele recuou com tanta força que sua mão se afastou da minha e sua
cadeira deslizou alguns centímetros para trás. Então ele pegou uma garrafa
da mesa e bebeu o resto.
Tucker
Ok, tudo bem. Meu pau não estava quebrado. Claramente, estava
funcionando muito bem.
Eu precisava transar.
Tipo, imediatamente.
Pensei em algumas das garotas que notei sentadas no bar. A loira era
bem gostosa. Uma imagem de Charlotte surgiu em minha mente.
Caramba.
Ela parecia um pouco surpresa com o meu tom áspero, mas eu não
me importei.
Ela parecia muito infeliz com isso. Ela terminou sua cerveja e se
levantou. Acho que ela não estava com ciúmes; ela estava puta. Ela
provavelmente estava indo embora.
—Não.
—Isso é uma coisa sobre nós, advogados. —Disse ela. —Nós não
gostamos de perder.
Eu ri.
—Foi?
Ela assentiu. —Sua voz é incrível. Eu não sabia que você podia
cantar tão bem.
—Eu tenho que fazer xixi. —Ela anunciou, mas não se levantou.
—Você sabe que precisa ir ao banheiro, certo?
Ela ergueu uma das suas longas pernas para o ar. —Eles fazem
minhas pernas ficarem boas.
Foi bom.
—Oh, sim.
—Eu não sou irmã dele. —Uma voz veio de trás de nós.
Elas me ignoraram.
Então ela começou a puxar os saltos de que ela reclamou, para usá-
los um como uma arma.
Hora de ir.
—Está congelando!
—Você acha?
Ela caiu contra mim e inclinou sua cabeça para trás de forma que ela
pudesse olhar para o meu rosto. —Eu te disse que eu gostei da sua música?
Ela me observou olhando para eles. —Você pode, você sabe. —Ela
disse suavemente.
Uma de suas mãos deslizou pela minha nuca, seus dedos enfiando-
se no meu cabelo curto e criando atrito contra o meu couro cabeludo.
—Aqui. —Eu disse, minha voz soando estranha aos meus próprios
ouvidos. Eu levantei o blazer e o segurei para que ela pudesse deslizar os
braços para dentro.
Não era uma caminhada longa, mas era tarde e estava frio aqui fora.
É claro que essa seria a única noite em que eu não via nenhuma das
dezenas habituais de táxis voando perigosamente pelas ruas. —Parece que
teremos que andar por todo o caminho.
Charlotte
Eu adorava vê-lo se mover. Ele tinha esse jeito, essa confiança que
chamava a atenção. Seus ombros pareciam mais quadrados, sua postura um
pouco mais ereta. Além do mais, eu amava a sensação dele quando se
movia contra mim.
Meu corpo doía por dentro. Parecia pulsar com necessidade. Ele
implorava pelo clímax como se soubesse que da próxima vez que Max e eu
estivéssemos juntos, seria muito mais satisfatório do que antes.
Ele tinha uma arma. Ele estava apontando para a minha cabeça.
Para sempre.
Com os olhos já cheios de lágrimas, olhei para Max onde ele estava
na rua, com o braço no ar. Eu não estava pronta para morrer.
Eu sei que meu cabelo estava sendo puxado com muita força, mas
tenho certeza que meu cérebro ainda funcionava e essa frase não fazia
sentido. Eles queriam nosso dinheiro, não a ele.
Esta tinha que ser a única rua de New York que tinha calçadas
impecáveis?
Max olhou para mim de novo, tentando me dizer alguma coisa com
os olhos. Prepare-se para se mover.
Então ele desviou o olhar. —Vou alcançar meu bolso de trás e
pegar minha carteira. —Ele disse devagar. Pareceu demorar uma eternidade
para que seu braço finalmente encontrasse seu bolso de trás.
Eu não pensei.
Tão desagradável.
Mas uma garota tinha que fazer o que devia ser feito.
Max investiu contra ele por trás, vindo para baixo como uma
espécie de linebacker10 fora de controle. Ele passou os braços ao redor da
cintura do homem e o puxou pela calçada, empurrando o atirador para
dentro do prédio de tijolos.
10
Posição de jogadores no futebol americano
Eu corri, segurando a minha arma, pronta para atacar, quando Max
sacudiu o homem maior e deu um soco no rim dele. O homem fez um
som de chiado e Max pegou a arma, girando-a para tirá-la.
Tucker
Idiota.
—Charlie...
—Oh meu Deus, você está sangrando. Você está sangrando! —Ela
engasgou, colocando as mãos sobre a frente da minha camisa branca, que
agora estava saturada de vermelho.
—O sangue…
Era estranho eu achar que era fofo o jeito que ela parecia lembrar
que estávamos em uma situação mortal?
O homem que atirou em si mesmo (que estúpido) gemeu e se
ajoelhou. Eu me virei, colocando Charlotte entre mim e a parede, meus
músculos tensos.
Eu o chutei de novo.
Eu a ignorei.
—Está maluco?
Eu ri.
Por agora.
—Como você está lidando com todo o álcool que você bebeu mais
cedo? —Eu perguntei, querendo ter certeza de que ela não passaria a noite
colocando os bofes para fora.
Ela ofegou.
Eu me virei de frente para ela, mas pelo olhar em seu rosto, eu sabia
que ela tinha visto.
—Quando você fez uma tatuagem? —Ela perguntou, sua voz baixa
e ligeiramente confusa.
Eu assenti.
Charlotte
Eu sabia.
Eu sabia.
Eu tinha que ter certeza que o que eu sabia era real e não estava
perdendo minha sanidade. Eu caí de joelhos, ignorando uma dor
penetrante, na frente da mesa de cabeceira e abri a gaveta de baixo.
Procurei no fundo e tirei um envelope branco e despejei o conteúdo no
chão.
Seu rosto parecia mais afiado, mais esculpido, e não era porque seu
cabelo estava mais curto. Seus olhos tinham algum tipo de dureza que uma
pessoa só obtinha com a experiência. Seus ombros estavam mais largos, o
peito ligeiramente mais musculoso. E seu abdômen... muito mais definido.
Junto com a tatuagem que eu sabia que decorava suas costas, ele
tinha uma faixa em torno de seu bíceps esquerdo. Uma faixa preta e sólida
envolvia o músculo e no centro estavam as palavras Sempre Fiel.
Ele olhou para ela, mas não fez nenhum movimento para tirá-la da
minha mão. Quando ele olhou, eu vi uma dor severa atravessar suas feições
e seu peito se expandiu com respirações ofegantes.
—Onde ele está! —Eu exigi, batendo em seu peito com os lados
dos meus punhos.
A dor por trás de suas palavras não era algo que pudesse ser fingido.
A dor brutal que ele não se incomodou em esconder em seus olhos de
chocolate não podia ser negada.
Eu gostei.
A dor de perder alguém que você amava é poderosa demais para ser
mantida dentro de você.
Meu namorado morreu e seu irmão veio para esta casa, fingindo ser
ele, e eu nem sabia disso.
E mais, eu disse a ele mais cedo que eu gostava mais do “novo” ele.
Minhas costas tremeram com cada soluço, soluços que agora saíam
em silêncio. Era como se meu corpo não tivesse energia para produzir
sons.
Minhas lágrimas caíam por toda sua pele, umedecendo seu peito que
servia como um lenço para o meu sofrimento. Ele não reclamou. Na
verdade, parecia que ele estava me segurando mais forte. Era o tipo de
abraço que ancorava uma pessoa, o tipo de apoio que me fez sentir que
mesmo que eu estivesse desmoronando, todas as minhas peças iriam ficar
onde elas pertenciam.
Ele colocou o kit aos meus pés e sentou-se ao meu lado. Ele não se
inclinou para trás, mas sentou-se para frente, apoiando os cotovelos nos
joelhos. Deste ângulo, eu podia ver a ampla extensão de suas costas
musculosas e uma visão clara da tatuagem que me fez perceber que ele não
era Max.
Ele assentiu.
—Max não morreu apenas, não foi? Ele foi assassinado. —O FBI
não bate, sem motivos, na porta de ninguém.
—Eu não acho que os Federais lhe deram muita escolha. —Disse
Tucker, sombrio.
—Sim.
—Porque os federais não sabem onde ele escondeu o pen drive com
as provas.
Eu parei de andar e olhei para ele. —E eles enviaram você aqui para
encontrá-lo.
Ele assentiu.
Tucker
Eu ouvi uma fungada e olhei para ela. Ela estava chorando de novo.
Não havia nada que eu pudesse dizer, então mantive minha boca
fechada. Eu provavelmente estava fazendo um favor a ela, de qualquer
maneira. Eu não era o tipo de cara que tinha um arsenal de palavras bonitas
para fazer uma garota se derreter. Meu arsenal estava carregado de armas.
E granadas.
Ela sorriu, mas depois ficou séria rapidamente. A culpa nublou seus
olhos.
—Sorrir não faz você menos triste por ele. —Eu disse a ela
baixinho, sentando-me na mesa diretamente na frente dela e pegando sua
perna.
Imbecis.
Usei dois lenços para limpar a área e, em seguida, sequei-a
suavemente com um pedaço de gaze. Como ainda estava escorrendo
sangue, escolhi um band-aid grande e o cobri com uma fina camada de
pomada. Ela não disse nada enquanto eu alisava a grande mancha sobre a
área ralada e machucada com cuidado. Se meus dedos se demoraram sobre
sua pele sedosa, nenhum de nós reconheceu isso.
Eu não olhei para ela, com medo de que apenas me fizesse palpitar
ainda mais. Em vez disso, concentrei-me apenas nos arranhões dela e na
limpeza da lesão. Ela fez um ligeiro assobio quando passei na ferida aberta,
e suavizei meu toque, percebendo que estava sem querer descontando
minha frustração sexual nela.
—Eu não posso acreditar que ele realmente foi embora. —Ela
sussurrou.
—Eles não vão parar até nós estarmos mortos ou eles estarem na
cadeia.
Charlotte
Eu não o parei.
Ele não precisou ser informado duas vezes. A seda foi levantada e
desapareceu, onde eu não podia ver. Suas mãos se curvaram ao redor dos
meus quadris enquanto seus olhos sorriam para mim.
—Puta merda, Charlie. Você é linda. —Ele disse isso como uma
oração, como se de alguma forma ele tivesse tropeçado em algo sagrado.
Ele usou as costas das mãos para empurrar meu cabelo para trás e
colocou seus polegares em cada um dos meus mamilos duros. Eu me
contorci com felicidade e sua boca se curvou em um sorriso onisciente.
Era como se ele soubesse todos os segredos do meu corpo e ele não
pudesse esperar para compartilhá-los comigo.
Ele inclinou a cabeça morena para levar sua boca ao meu seio.
Eu parei de pensar.
Ele sugou a pele delicada, puxando-a em sua boca e esfregando-a
com a língua. Então ele soltava para lamber meu mamilo como se fosse
uma sobremesa deliciosa. Quando eu pensei que ele iria passar para o
próximo, ele estendeu a mão para desatar habilmente o material e jogá-lo
para longe, desnudando meu torso completamente. Meu seio encheu sua
mão completamente quando ele espalmou, levantando-o para que ele
pudesse inclinar-se para lamber e chupar a parte de baixo.
—Vou abrir suas pernas e você vai sentir cada centímetro de mim.
Eu tentei apertar minhas coxas juntas, mas ele não deixou. Em vez
disso, ele puxou o joelho para cima, empurrando-o para a minha calcinha
molhada e usando a pressão de sua coxa para adicionar calor ao fogo. Sua
boca aumentou a pressão quando ele puxou um monte de pele da minha
barriga em sua boca e chupou, criando uma dor mínima que me fez ofegar
por mais.
Enquanto ele chupava aquele determinado local, ele moveu seu
joelho, esfregando-se contra mim enquanto meus músculos do estômago
se apertavam.
Usando suas mãos, ele abriu minhas coxas até onde minha saia
permitia e pressionou beijos suaves no interior das minhas pernas. Ele
passou a língua por minha virilha, e eu gemi seu nome, enfiando meus
dedos profundamente em seu cabelo escuro.
Meu desejo e minha necessidade eram tão intensos que fizeram meu
corpo pesar. Fez meu cérebro ficar lento. A única coisa que eu podia fazer
era deixar onda após onda de prazer passar por mim.
Ele não disse uma palavra quando tirou minha calcinha, arrastando-
a sobre o meu corpo até que ela se foi completamente e eu estava
totalmente exposta.
Ele fez um som profundo e mergulhou seus dedos entre meus pelos
curtos e arrumados, logo acima da minha entrada. Ele acariciou levemente
a pele, como se estivesse estudando algum tipo de mapa.
Peguei seu cinto, querendo ver o que estava criando uma tenda na
frente de suas calças. Ele pegou minha mão e trouxe-a para cima,
pressionando um beijo na ponta dos meus dedos e balançando a cabeça
negativamente.
Tão. Bom.
Seu pau estava duro como pedra e esticou as paredes da minha
boceta, esticando-me e enchendo-me.
Então ele se afastou e fiquei com uma tristeza dolorosa que quase
me fez chorar. —Vire-se para mim, querida. —Disse ele.
Eu nunca soube.
Eu nunca imaginei.
Este era o tema sobre o qual os filmes foram escritos. Essa era a
coisa que eu achava que só vivia em livros.
Era real.
CAPÍTULO 21
Tucker
E eu tive muito sexo na minha vida, então para eu estar deitado aqui
(ainda em cima da mulher) e estar instantaneamente desejando mais,
significa alguma coisa.
Porra, ela era o par perfeito. Ela me deixou assumir a liderança, ela
me deixou arrebatar seu corpo, e os sons que ela fez... os sons me deixaram
louco. Seu corpo era apertado e meu pau se encaixava dentro dela como
um carro esportivo em uma garagem personalizada. Como se ela fosse feita
apenas para mim.
Eu não tinha que dizer nada. Nenhuma palavra bonita iria competir
com o que acabamos de fazer... e como esse toque singular me fez sentir.
Então me acomodei apenas observando-a, para os vislumbres que eu podia
pegar no escuro.
Todas essas razões eram muito melhores do que admitir para mim
mesmo que eu era o maior idiota do mundo.
Eu não conseguia ver seus olhos nesse tipo de luz, mas os senti.
Eu as ignorei.
Eu não ia me vestir.
—Nós não deveríamos ter feito isso. —Disse ela, virando as costas
para mim completamente. Eu tinha uma boa visão da bunda dela.
—Me dê uma noite com você. Uma noite para nós tirarmos essa
atração do nosso sistema. Uma noite sem culpa, sem nos dizer como
somos horríveis. —Isso fazia todo o sentido. Charlotte estava fora dos
limites para mim, e é exatamente por isso que eu a queria tanto.
Tudo o que tínhamos que fazer era remover as barreiras entre nós,
as tentações. Nossas sedes seriam saciadas e, de manhã, nenhum de nós iria
querer o outro.
—Eu o amava. —Disse ela, como se tivesse que ter certeza de que
eu sabia.
—Isso não vai ser como da última vez. Eu não vou demorar. Eu te
quero tanto que dói. Eu quero você aqui. Agora.
—Então me tome.
Quase.
Eu queria mais.
Charlotte
Ele me pediu uma noite e eu estava incrivelmente feliz por ter dado
a ele. Por horas e horas eu não pensei em prazos ou trabalho. Eu não me
preocupei com o fato de meu blazer ficar amassado ou o meu cabelo ficar
bagunçado. Eu não chequei meu e-mail a cada dez minutos e senti que
podia respirar.
E agora a escuridão no céu estava dando lugar à nova luz do dia,
lentamente se espalhando pelo horizonte e transformando o céu em um
tom profundo de damasco.
Você não está namorando ele. Eu me lembrei. Você está namorando o irmão
dele.
Minha pele estava corada e rosada com marcas suaves do rosto não
barbeado de Tucker. Meus lábios estavam inchados e cheios, meus olhos
claros e brilhantes como eu nunca tinha visto. Meu cabelo loiro dourado
estava uma bagunça emaranhada, caindo nos meus ombros e no meu peito.
Mais ainda, como eu poderia ter dormido com seu irmão, seu irmão
gêmeo?
Eu era uma vadia depravada e desprezível.
Durante dias eu estive morando aqui com Tucker, tão cega pela
minha atração por ele, tão admirada com o súbito ataque de desejo que me
consumia por dentro que eu não parei para realmente examinar as
evidências. Se eu tivesse, saberia que não era o Max. Eu saberia que algo
estava errado.
Meu café estava preso em seus dedos longos e grossos. Algo dentro
de mim formigou com a memória de quão bem ele usou aqueles dedos...
E uma camisa que não fosse a dele. Uma camisa que não cheirava
como ele.
Mesmo que ele tivesse ido embora, ainda havia algo que eu poderia
fazer por ele. Ainda havia uma maneira que eu poderia pelo menos tentar
compensar o que eu fiz.
Tucker esticou a caneca para mim quando passei por ele. Alternei
meu olhar entre ele e a caneca. A caneca que ele tinha praticamente
esvaziado.
Tucker
Eu sentia falta dele, e o fato de nos separarmos nos últimos anos era
algo que eu nunca me perdoaria. A distância entre nós era minha culpa, um
fato que eu nunca quis admitir para mim mesmo até agora.
Era óbvio que Charlie se importava com ele. Eu podia ver as linhas
de dor gravadas em suas feições bonitas. Eu observei seus ombros caírem
toda vez que ela encontrava algo que significava muito para Max.
—O lugar não abre tão cedo. —Ela olhou para o relógio e suspirou.
—Além disso, vou me atrasar para o trabalho.
Ela se empertigou mostrando toda a sua altura (que ainda era menor
do que eu) e me deu um olhar. —Como ousa dizer uma coisa dessas para
mim?
—Não vou entrar em seu escritório e fingir ser ele. Aquele lugar é
uma merda.
Com uma braçada de roupas, ela se virou para mim. —Eu vou,
participarei da reunião, e então direi aos parceiros que vou descer para
fazer alguma coisa e voltarei para casa. Até lá, o restaurante estará aberto e
veremos se Max foi para lá.
—É em um restaurante?
Alguns minutos depois, ela saiu vestida com um par de calças pretas
folgadas e o que parecia ser uma camisa verde-escura encaixada por dentro
do cós da calça. Isso acentuava sua barriga lisa e a forma como sua cintura
se curvava como uma ampulheta. Seu cabelo estava puxado para trás
naquele coque estúpido.
Ela correu para a porta, colocando um par de saltos altos pretos nos
pés e pegando um blazer preto acinturado. Sua pasta de trabalho estava ao
lado da porta onde ela a deixava junto com a bolsa.
Ela voltou-se.
—Sobre a noite passada... —Eu comecei não tendo certeza por que
eu queria trazer isso à tona, mas incapaz de deixá-la sair daqui sem falar
sobre isso. Nós não falamos sobre isso. Fiel ao nosso acordo, quando o sol
apareceu, nosso foco mudou para Max.
—Eu deveria ter ligado com antecedência para uma reserva? —Ele
perguntou, inclinando-se para sussurrar no meu ouvido. Sua respiração
roçou a parte externa da minha orelha e eu queria gemer.
Eu também estava com fome. Eu não tinha comido nada o dia todo.
—Estamos aqui. Nós também podemos comer.
Depois que nós fizemos os pedidos (uma salada verde fresca com
camarão para mim e um bife para ele), ficamos em silêncio, sem saber
realmente o que dizer. Parecia que já tínhamos vivido muito juntos, mas eu
mal o conhecia.
—Mas por que? —Eu questionei. —Eu pensei que gêmeos eram
inseparáveis.
—Eu estava. Sai no mês passado. Eu fiquei por cerca de seis anos.
—Parece sufocante.
Ele levantou o canto da boca. —Se você diz. —Ele disse, pegando
seu copo de chá gelado. Depois que ele engoliu, ele fez uma careta para o
copo. —Eu não posso esperar para ir ao sul.
—Você está indo para o sul?
—Onde?
Eu poderia dizer que ele estava ansioso para chegar lá, estar em um
lugar que ele realmente queria estar. Por alguma razão, isso me deixou com
uma sensação ruim no estômago.
—Nem sempre foi fácil. —Ele disse com um olhar distante em seus
olhos.
Eu assenti.
—Foi por pouco, mas não, ele não morreu. Ele ainda está vivo. Ele
saiu do exército depois disso e vive em Dakota do Norte com sua esposa e
filho.
Tucker olhou para as nossas mãos unidas e então olhou para cima.
—Essa experiência me mudou. Observar homens com quem eu me
importava, homens que eu considerava família, morrerem.... Deixou uma
marca na minha alma, algo que sempre estará lá. Eu meio que me afastei
das pessoas depois disso. Eu não me aproximei. Eu deixei os
relacionamentos, como o que eu tinha com Max, escaparem. Era muito
difícil estar perto das pessoas, muito difícil amá-las.
Ele riu.
—Se isso faz diferença. Max nunca pareceu zangado com você. Ele
nunca pareceu se sentir traído.
—Eu tenho que dizer que estou surpreso em ver você aqui. É tão
cedo. Eu pensei que vocês dois viciados em trabalho não sairiam do
escritório até pelo menos às sete.
Cavalli sorriu. —Eu saí do mundo corporativo para não ter que
trabalhar tanto, mas aqui estou trabalhando tanto quanto antes. Quem diria
que administrar um restaurante seria difícil?
Tucker sorriu. —Quando você está fazendo o que ama, não é
trabalho.
Para seu crédito, Cavalli não agia como se a pergunta fosse louca.
Ele pareceu levar isso em consideração e meu coração começou a bater de
excitação. Ele devia saber o que estávamos perguntando!
Ele estava agradecendo a esse homem por ser tão bom com seu
irmão. Por estar lá para ele mesmo quando ele não estava. Eu senti a
ameaça de lágrimas nos meus olhos e as contive.
Cavalli sorriu. —Nada que você não teria feito por mim. —Ele se
levantou e bateu nas costas de Max. — A refeição é por conta da casa.
—Bem, eu estava aqui e nem sabia que ele estava em apuros. —Eu
adicionei.
Eu senti meus lábios se inclinarem. —Isso foi difícil para você, não
foi?
—O quê?
—Pedir desculpas.
Espera.
Tucker abriu a porta para o lado de fora e eu saí para a fria calçada
da cidade de New York. Se minha mãe não tinha me enviado um pacote,
quem enviou?
Havia alguém em quem Max confiasse, realmente confiasse, que ele pudesse ter
entregue para guardar? A pergunta de Tucker saltou ao redor na minha mente
rodopiante.
Eu.
Tucker
—Se não estiver, então eu estou sem ideias sobre onde procurar.
—Respondeu Charlotte, vasculhando em sua bolsa em busca de um papel
de tentativa de entrega que a UPS deixou na porta do apartamento
referente a um pacote há apenas alguns dias.
—Aqui?
Caramba, sim, aqui. Eu não podia esperar mais um minuto para ver
se era o que estávamos procurando. —Aqui é tão bom como qualquer
outro lugar.
Senti um sorriso sádico curvar minha boca. Peguei vocês, filhos da puta.
Fiz uma pausa, usando meus dedos para habilmente liberar seu
cabelo do estilo frígido. O coque se desfez rapidamente, caindo pelas
costas. Eu enfiei uma das mechas atrás da orelha dela. —Você estará
segura.
Não entendendo realmente quem era esse homem, mas sabendo que
não era bom, olhei de volta para o homem a quem Charlie se referia como
hálito de alho. Seus olhos estavam fixos nela e seu olhar era frio e
calculado.
Ela assentiu.
—Vá! —Eu gritei, virando meu corpo para que ele criasse um
escudo na frente de Charlie enquanto eu me impulsionava no chão de
ladrilhos para longe da janela.
De novo não.
Uma bala atingiu o ladrilho, bem ao nosso lado, muito perto de nós,
e fez o chão se quebrar e explodir, chovendo ainda mais objetos
contundentes em nosso caminho.
Ela não precisou ouvir duas vezes e correu para trás do balcão,
derrapando nos escombros do vidro quebrado e se protegendo antes de
quase ser atingida. Eu não estava muito atrás dela, sabendo que os homens
que estavam dispostos a causar tal cena em público não iriam parar até que
estivéssemos mortos e o pen drive fosse deles.
Desta distância, eu podia ver o suor na testa e eu sabia que ele nunca
pensou que teria que usar essa arma. Ninguém nunca achava que teria que
usar uma.
Sua bala foi fiel ao seu alvo e dentro de segundos atingiu bem no
centro da cabeça do homem. Sangue espalhou-se pelo balcão e espirrou na
parede.
Charlotte gritou.
Eu apontei e disparei.
Nós estávamos muito perto do homem que foi morto bem na nossa
frente. Eu provavelmente tinha um pouco do seu sangue no meu rosto
também.
Nós saímos correndo. O som dos nossos pés batendo contra o chão
parecia longe comparado com o som do meu coração nos meus ouvidos.
—Deixe-a ir. —Eu disse, mais uma vez mostrando que eu iria me
render.
Rangendo meus dentes, eu fiz o que ele pediu, chateado que isso
estava acontecendo. Eu mal podia pensar porque o medo tomava meu
corpo, lentamente se espalhando como algum tipo de doença contagiosa.
Eu vi homens mortos bem na minha frente. Homens que eu considerei
meus amigos. Isso me assombrava até hoje, mas eu sobrevivi.
Ele bateu nela com a coronha da arma, fazendo sua cabeça balançar.
Eu pulei para frente e a arma se virou para mim.
Ele nivelou a arma nas costas dela, um sorriso sádico em seu rosto
pálido.
Senti o sangue começar a sair do meu corpo, mas não sabia onde
tinha sido atingido. Estava machucado em todos os lugares.
A arma desapareceu.
Um taser.
Charlotte
Mas para fazer isso, teríamos que sair daqui. Desistindo da ideia de
que esses homens apenas cortariam as cordas que prendiam meus pulsos,
comecei a analisar nosso entorno. Procurei por todas as saídas e por
qualquer coisa que pudesse ser usada como uma arma.
Parecia que ele estava com muita dor e qualquer tipo de primeiros
socorros que seus amigos de bandidagem estivessem administrando não
estava ajudando.
Eu estremeci.
Como se isso de alguma forma fizesse tudo o que ele fez estar certo.
Sua atitude arrogante e soberba me deixou tão brava que tudo que
eu conseguia pensar era enfiar as unhas em seus pequenos olhos redondos.
Em resposta, ele virou a tela para que Wallace pudesse dar uma
olhada no que estava no arquivo. Enquanto ele lia, seu rosto ficou
vermelho de raiva. —Você certamente tem sido um menino ocupado, Max.
Ok, sim, aqueles eram insultos horríveis, mas era tudo que eu tinha.
Quando Tucker não obedeceu, o homem usou sua mão livre para
enfiar dois dedos na ferida de bala ainda sangrando.
Determinação.
Foco.
Quantas vezes uma garota poderia ser mantida sob a mira de uma
arma antes de enlouquecer (ou ser baleada)?
—Se você quer que ela viva, é melhor você deixá-lo ir. —Wallace
disse calmamente.
Ok, este não era o momento para gestos românticos, mas isso fez
meu coração acelerar totalmente. Talvez ele estivesse apenas atuando.
Talvez ele estivesse fazendo o papel de Max. Mas Max nunca me telefonou
durante o ano inteiro em que namoramos. Max nunca havia levado uma
bala por mim também.
—Não.
Tucker
Ela devia ser a primeira pessoa desde o colegial a passar por minhas
defesas e ganhar meu afeto tão rápido. Nem mesmo Nathan conseguiu se
tornar tão familiar para mim tão rapidamente.
Como diabos uma pessoa mandona, tensa, com uma agenda tão
rígida como ela poderia virar minha cabeça, estava completamente além da
minha compreensão.
E sim, eu estava fraco por causa da perda de sangue, nervoso por ter
sido desmascarado, e realmente irritado pra caralho.
E agora, aqui, fiquei de frente para o Sr. Wallace, um cara velho que
abusava do poder, e mais uma vez ele estava me irritando segurando uma
arma na cabeça de Charlie.
Eu era alguém que não queria admitir ser há muito tempo. E essa
falta de admissão me assombraria pelo resto da minha vida.
Eu parei de esconder essa parte de mim. Fazer isso não me deixava
nada além de arrependimento.
Atrás de mim, Charlotte lutava, então eu fui até ela, soltei as amarras
que a seguravam, e ela se levantou da cadeira e correu para o meu peito.
—Eu vou ficar bem, querida. —Eu disse, mesmo que estivesse me
sentindo péssimo.
—Eu não p-posso deixar você sair com esse pen drive. —Disse
ele, a arma tremendo ligeiramente em sua mão. Ele provavelmente me viu
derrubando todos os outros na sala, e se minhas suspeitas estivessem
corretas, é provável que tenha sido ele quem matou o cara em que eu havia
atirado. Ele provavelmente não tinha planejado sair do seu canto até que
percebeu que ele era a última esperança de Wallace manter esse pen drive.
Ele não poderia ter mais de dezenove anos de idade. Um garoto que
foi pego em algo que ele não sabia como sair.
O jeito que sua pele suave praticamente saiu do topo das taças fez
minha boca salivar.
Não seja um bebê, ela disse. —Eu tenho uma bala embutida no meu
corpo e você está apertando isso.
Suas mãos estavam quentes. Era bom. —Você sabe. —Eu disse,
inclinando a cabeça contra a parede. —Em um filme, geralmente é o cara
que tira a camisa para parar o sangramento de sua garota.
—Se fosse, você seria minha garota. —Eu disse, puxando a ponta
do cabelo dela.
Charlotte gritou.
Charlotte
Toda vez que eu fechava meus olhos e tentava dormir, ouvia o som
de tiros e sentia Tucker se mover contra mim enquanto a bala destinada a
mim rasgou em seu lado. Depois de um tempo lutando para dormir, eu
desisti, em vez disso me inclinei para trás na cadeira e o observei dormir.
Sim, ele parecia com Max. No entanto, quando olhava para ele, tudo
o que via era Tucker. Ele era um homem diferente, uma versão não
replicada de si mesmo.
Culpada por não me sentir assim por Max. Culpada que meu
primeiro pensamento quando soube que Max morreu foi que eu tinha
perdido meu amigo. Eu não deveria ter sentido mais? Observar Tucker
sucumbir à sua ferida na noite passada me assustou profundamente. O
medo implacável dele morrer ainda deixava meu estômago dolorido e
fraco.
Era verdade.
—Contato humano.
Eu não podia negar nada a um homem que quase morreu por mim.
Eu levantei da cadeira torturante e andei até o lado da cama. Ele deslizou,
fazendo uma careta quando se moveu. Mordi o lábio, pensando que
precisava chamar a enfermeira.
—Levar uma bala foi fácil. —Disse ele. —Você tem o trabalho
duro.
Eu não entendi o que ele quis dizer. Talvez ele estivesse confuso de
todos os remédios. —Meu trabalho não é difícil.
Seus olhos estavam fechados e um leve ronco saía de sua boca. Ele
estava dormindo. Eu me abaixei contra ele, com cuidado para não bater em
nenhum dos fios e tubos.
Tucker
Tensão latente.
Eu esperava que onde quer que ele estivesse, ele soubesse o quanto
significava para mim.
—Esse é o problema. —Eu disse a ele. —Não sinto que faço por
obrigação. Eu sinto isso porque é real.
Logo antes de ele sair naquele dia, ele me deu um abraço muito
másculo. —O amor nunca é um erro, meu irmão. Não deixe com quem ela
estava no passado mantê-lo distante no futuro. —Ele disse em meu
ouvido. —Vejo você em casa.
Eu poderia ser capaz de superar o fato de que ela era do meu irmão,
mas eu não tinha certeza se ela poderia.
Eu entendi isso.
13
Investigação Particular
A chave na porta era um som distinto, e eu olhei para a minha
posição no sofá, vendo Charlotte entrar.
Eu sabia que não poderia sair daqui sem pelo menos tentar. Eu a
queria muito e esperava que ela também me desejasse.
—Eu suponho que você esteja certo. —Disse ela, voltando para a
cozinha.
Voltar = fugir.
Alguns armários se abriram e fecharam, e ouvi um pouco de líquido
sendo despejado em um copo. Eu me levantei e olhei para ela. Ela estava
enchendo uma taça de vinho.
Eu abafei um sorriso.
—Eu queria ver como foi a sua consulta. —Ela tomou um gole de
vinho. —E agora eu sei. —Outro gole de vinho desceu pela garganta.
—Tenho certeza que você vai ficar feliz em me tirar do seu sofá e
ter o banheiro para você.
Eu ri.
Quando ela ficou de costas para mim, eu sabia que ela estava
chateada.
Eu estava errado.
O brilho das lágrimas cobria seus olhos, fazendo-os brilhar contra o
sol da tarde que entrava pela janela da cozinha. —Eu não posso. —Disse
ela, sua voz saindo com dificuldade.
Charlotte girou outra vez, virando-se para que eu não pudesse ver
seu rosto. O apartamento ficou quieto e silencioso. Nenhum de nós se
mexeu.
Que. Porra.
—Há mais para viver do que apenas estar vivo. —Eu disse
suavemente. Minha voz era como a gota que você podia ouvir em uma sala
silenciosa.
Sua respiração ficou presa e eu sabia que tinha uma audiência cativa.
Sem delicadeza, eu puxei a cabeça dela para trás para me dar melhor
acesso, e eu passei minha língua em sua boca, liberando seu rosto e
deixando minhas mãos vagarem sobre seu corpo. Eu não me incomodei
com os botões na frente de seu blazer, em vez disso rasguei-o. O som de
botões batendo pelo chão.
Meus lábios deslizaram pelo seu pescoço, descendo mais, até que eu
consegui fechar minha boca em torno de seu mamilo rígido perfurando
suas roupas. Ela gritou quando eu apertei em torno dele, a umidade da
minha boca encharcando suas roupas e deixando um anel de desejo em seu
seio.
Seus dedos passaram pelo meu cabelo, apertando meu couro
cabeludo e me incentivando, pedindo-me mais.
Ela estava longe demais para o tipo de contato que eu queria, então
eu agarrei seus joelhos e puxei sua virilha para o meu pau latejante e
ansioso. Ela gritou e sua cabeça caiu para trás, derramando longas ondas de
cabelos sobre minhas mãos, onde eu apertava sua cintura.
—Não.
—Ele era meu melhor amigo. Eu não posso traí-lo. Nem mesmo a
memória dele.
—Tucker. —Disse ela, uma única lágrima rolando pelo seu rosto.
—Não há nada sobrando para mim aqui, então vou para minha
casa. —Eu não estava prestes a arrastar isso mais ainda. Esse não era meu
estilo.
Eu dei uma última olhada para ela, então me virei e fui embora.
Charlotte
Eu o deixei ir.
Não haveria mais bagunça na cozinha. Não haveria mais música que
chegava à minha alma. Não haveria mais risos.
Meu corpo ainda iria querê-lo. Meu corpo iria implorar até que eu
morresse. Era uma afirmação ousada, mas eu sabia que era verdade, porque
ele foi o primeiro homem que me ensinou sobre paixão, sobre o tipo de
prazer que um homem poderia provocar em uma mulher.
Charlotte,
Eu te amarei sempre,
Max
A carta escorregou de minhas mãos e caiu no chão. Quão horrível
deve ter sido pensar que ele ia morrer. No entanto, Max abordou da
mesma forma que fez com tudo: com planejamento direto e metódico.
Meu coração doeu por ele; meu peito inteiro fisicamente latejava.
E em face de sua morte, Max sabia que ele tinha que me dizer. Ele
entendeu que eu seria leal a ele, mesmo que isso significasse ficar sozinha.
Eu o deixei ir embora.
—Eu nunca deveria ter deixado você sair. —Eu chorei contra seu
peito.
—Eu sei.
—Eu pensei que estava traindo Max. —Eu enterrei meu rosto no
couro macio e inalei. Ele cheirava tão bem.
—Eu sei.
O sutiã foi jogado de lado e ele abriu o zíper na minha saia, tirando-
a do meu corpo, puxando minha calcinha ao mesmo tempo. Quando eu
estava completamente nua, ele deu um passo para trás e me incendiou com
seu olhar semicerrado.
E então ele saiu. Foi tão abrupto e tão repentino que eu gritei. Eu
procurei por ele, tentando arrastá-lo de volta. Eu o queria dentro de mim.
Eu queria sentir o desejo dele.
Ele balançou a cabeça e nivelou seu corpo para que ele roçasse no
meu e seu pau estivesse explorando minha entrada, prometendo mais
prazer.
Meus olhos se abriram. Ele estava me pedindo para ser dele. Para
sempre. Eu nem precisei pensar a resposta. Eu sabia. Eu sentia.
—Hmm?
Tucker
Foi por isso que decidimos tirar o dia de folga, para aproveitar os
espólios de nossas riquezas. Bem, isso e o fato de que Honor e Nathan
tinham uma casa de praia na areia.
Agora que o acordo foi assinado, Charlotte e eu planejávamos
construir uma bem ao lado da deles. Pensamentos de Charlie aqueceram
meu sangue, e eu tive a conhecida sensação de felicidade e desejo que
sentia quando pensava nela. Ela foi a melhor coisa que já me aconteceu.
Um fato que Honor me lembrava todos os dias.
Uma sombra caiu na areia e eu sorri. —Até que enfim. Você teve
que ir até a loja buscar a cerveja? —Eu disse, olhando para quem eu pensei
ser Nathan.
Sua mão foi protetora para sua barriga, a barriga que agora segurava
meu filho. —Tucker? —Ela perguntou, sua voz um pouco insegura.
—Você está feliz? —Ela perguntou. —Eu sei que não foi planejado.
Ela riu.
—Eu não consigo pensar em nada que eu queira mais do que meu
filho crescendo dentro de você.
Eu a beijei.
Afastei meus lábios da mãe do meu filho e olhei para onde Nathan e
Honor estavam abraçados, olhando para nós.
...E foi...
FIM