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Índice

Introdução ................................................................................................................................... 3

1. CÁLCULO INTEGRAL ........................................................................................................ 4

1.1. Função Primitiva ................................................................................................................. 4

1.1.1. Definição .......................................................................................................................... 4

1.1.2. Notação de integração ...................................................................................................... 4

1.1.3. Interpretação geométrica da constante C .......................................................................... 4

1.2. Integrais Indefinidas ............................................................................................................ 5

1.2.1. Fórmulas e propriedades de integrais (integrais imediatas) ............................................. 5

1.3. Métodos de Integração......................................................................................................... 7

1.3.1. Método de substituição ..................................................................................................... 7

1.3.2. Método de integração por partes ...................................................................................... 9

1.3.3. Mais métodos de integração ........................................................................................... 10

1.3.3.1. Substituição de Euler ................................................................................................... 11

1.3.3.2. Método ou condições de Tchebichev .......................................................................... 14

1.3.3.3. Integração de certas funções trigonométricas .............................................................. 15

1.3.3.4. Integração de funções irracionais com auxílio de transformações .............................. 18

1.3.3.5. Fórmulas de recorrências (redução) ............................................................................ 23

1.4. Integral Definida ................................................................................................................ 25

1.4.1. Definição ........................................................................................................................ 25

1.4.2. Teorema Fundamental do Cálculo.................................................................................. 25

1.5. Aplicação de Integrais: Economia e engenharia de produção .......................................... 26

Conclusão ................................................................................................................................. 34

Referências bibliográficas ........................................................................................................ 35

ii
Introdução
Em muitos problemas, embora a derivada de uma função seja conhecida, torna-se necessário
determinar a própria função.
É o caso dos seguintes exemplos:
 Um sociólogo que, conhecendo a taxa de crescimento da população, poderá usar tal
dado para prever futuras taxas de crescimento daquela população;
 Um físico que, conhecendo a velocidade de um corpo, será capaz de determinar a
posição futura do corpo;
 Um economista que, conhecendo a taxa de inflação, poderá fazer estimativas de
preço, no futuro.
Ao processo de determinação de uma função a partir de sua derivada, como veremos ao longo
deste trabalho, dá-se o nome de cálculo das primitivas ou integração.
O presente trabalho da cadeira de Matemática II, fala sobre “Cálculo Integral”, focando-se nos
seguintes pontos:
 Função primitiva;
 Integrais indefinidas;
 Métodos de integração;
 Integral definida; e,
 Aplicação económica de integrais.
O mesmo foi orientado no ISGECOF no âmbito curricular de formação do Curso de
Licenciatura em Administração Pública, Comércio e Finanças 1º Ano, 2020, e tem como
objectivo geral compreender a aplicação do cálculo integral na resolução de problemas do
nosso dia-a-dia. Os objectivos específicos do trabalho são: Definir primitiva de uma função;
Identificar as propriedades da primitiva da soma e do produto por constante; transformar
integral com uma expressão complexa em uma expressão simples e fácil de integrar; utilizar
as técnicas de integração para resolução de exercícios e, mostrar a aplicação económica de
integrais definidas.
O trabalho foi compilado com recurso a uma pesquisa bibliográfica e em termos de estrutura,
o trabalho está organizado em uma capa e contracapa, um índice completo, esta introdução,
segue-se o desenvolvimento, conclusão e termina com uma referência bibliográfica.

3
1. CÁLCULO INTEGRAL
1.1. Função Primitiva
1.1.1. Definição
Uma função 𝐹(𝑥) para a qual 𝐹 ′ (𝑥) = 𝑓(𝑥) para todo 𝑥 pertencente ao domínio de 𝑓 é uma
primitiva (ou antiderivada ou ainda integral indefinida) de 𝑓. Assim, se a derivada é
representada por f(x), a sua primitiva F(x) deverá satisfazer F´(x) = f(x) para qualquer x onde f
esteja definida e seja contínua.
1 3
Exemplo: Mostre que F(x) = x  5 x  2 é uma primitiva de f(x) = x2 + 5
3
Solução: F(x) é uma primitiva de f(x)  F ’ (x) = f(x). Assim, derivando F(x), temos:
F ’(x) = x2 + 5 = f(x)
1.1.2. Notação de integração
Costuma se escrever:  f ( x) dx  F ( x)  C para exprimir o facto de toda primitiva de f(x) ser

da forma F(x) + C.

O símbolo  chama-se sinal de integração e indica que queremos encontrar a forma mais

genérica (geral) da primitiva da função que o segue. Esse sinal de integração lembra um “S”
alongado, e foi assim escolhido porque uma integral é um limite de “SOMAS”.

Na expressão  f (x) dx  F(x)  C :


 A função f(x) a ser integrada denomina-se integrando.
 A constante C ou K (não especificada), acrescentada a F(x) a fim de tornar mais
genérica a expressão da primitiva, denomina-se constante de integração.
 O símbolo dx que segue o integrando serve para indicar que x é a variável em relação
a qual efectuaremos a integração. Se, por exemplo, a variável independente, ao invés
de 𝑥, fosse 𝑡 a integral seria ∫ 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 = 𝐹(𝑡) + C.

Exemplo: para expressar o facto de toda primitiva de 3x2 ser da forma x3 + C, escrevemos:

 3x dx  x 3  C
2

1.1.3. Interpretação geométrica da constante C


Existe uma explicação geométrica simples para o facto de duas primitivas quaisquer de uma
função diferirem entre si de um valor constante. Se F for uma primitiva de f, então F ’ (x) =

4
f(x). Isto significa que, para cada valor de x, f(x) é o coeficiente angular da recta tangente ao
gráfico de F(x). Se G for outra primitiva de f, o coeficiente angular de sua recta tangente
também é f(x). Logo, o gráfico de G é “paralelo” ao gráfico de F e pode ser obtido
transladando-se verticalmente o gráfico de F. Assim, existe uma constante k, tal que G(x) =
F(x) + k. A figura a seguir ilustra esta situação para várias primitivas da função f(x) = 3x2.

y = x3 + k

Figura: Alguns exemplos das primitivas de 3x2

1.2. Integrais Indefinidas


Chama-se integral indefinida da função 𝑓(𝑥), escreve-se ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 toda aquela função 𝐹(𝑥),
que como vimos, satisfaz a igualdade/condição 𝐹 ′ (𝑥) = 𝑓(𝑥), que como vemos não apresenta
os limites de integração. Nestas condições, o resultado é uma expressão analítica de variáveis
adicionada por uma constante C.
Usa-se o adjectivo indefinido pois representa uma família de antiderivadas/primitivas e não
uma função específica, através da constante C que se acresce à F(x).

Observação: o termo integral em termos de seu género é bivalente, ou seja, pode-se dizer o
integral ou, a integral.

1.2.1. Fórmulas e propriedades de integrais (integrais imediatas)


1.  k  f ( x) dx  k  f ( x) dx
2.  [ f ( x)  g ( x)] dx  f ( x) dx   g ( x) dx (sendo válida para mais de duas funções)

Portanto, a integral do produto não é o produto das integrais, assim como a integral do
quociente também não é o quociente das integrais.

xn 1
 x dx 
3. n  k (para n  1)
n 1
1
x dx   dx  ln | x |  k (para x  0 )
-1
4.
x
 xn 1

5.  x dx  n  1  k , se n  -1 (resumindo as fórmulas (3) e (4))
n
ln | x |  k , se n  -1

5
6.  dx  x  k (caso particular da fórmula (3))

u' 1
7.  u
du  ln | u |  k (extensão da fórmula (4)  u du  ln u  k )
e dx  e x  k ou  e u du  e u  k
x
8.

e .x
 e dx 
 .x
9. 
 k (consequência da fórmula (8))

ax
10.  a x dx   k (caso geral da fórmula (8))
ln a
11.  e u  u' du  e u  k (extensão da fórmula (8))

12.  sen u du  - cos u  k

13.  cos u du  sen u  k

14.  tg u du  - ln | cos u |  k

15.  cotg u dx  ln | sen u |  k

16.  sec2 u du  tg u  k

17.  cossec2 u du  - cotg u  k

18.  sec u  tg u dx  sec u  k

19.  cossec u  cotg u du  - cossec u  k

1
20. 1 u 2
du  arc tg u  k

1 1 u
21. a 2
u 2
du  arc tg  k (extensão da fórmula (20))
a a
1
22.  1 u2
du  arc sen u  k

1 u
23.  a2  u2
du  arc sen
a
 k (extensão da fórmula (22))

1
24.  x  a dx  ln | x  a | k
25.  sec u du  ln | sec u  tg u |  k

26.  sec3 u du =
1
secu  tg u  ln | secu  tg u |  k
2
6
Essas regras de integração imediatas, muitas delas (até a fórmula 23), devem ser
memorizadas; elas servem de base para o cálculo de outros casos considerados complexos.

Exemplos:
a)  5 dx  5 1dx  5x  k
1 3
1 1 3
x2 x2 2
b)  x dx   x dx 
2
k   k  x2  k
1 3 3
1
2 2
x3 x3
c)  [ x 2  e x ] dx   x 2 dx   e x dx   k1  e x  k 2   e x  k
3 3
d)
 x 2 1 2 1 1 2 1 x3 1
               k  3e x  2 ln | x |  x 3  k
x x
3e x  dx 3 e dx 2 dx x dx 3e 2 ln | x |
x 2  x 2 2 3 6
Nota: pelo exemplo da alínea d), temos que ao invés de adicionarmos uma constante a cada
uma das 3 primitivas, basta adicionar apenas uma constante k ou C ao final do resultado
encontrado.

1.3. Métodos de Integração


Nem toda função possui primitiva, ou seja, existem algumas funções para as quais não
conseguimos escrever suas integrais indefinidas em termos de funções elementares. A
integração é a operação inversa da diferenciação. Logo, podemos formular várias regras de
integração partindo das correspondentes (porém no sentido inverso) regras de diferenciação
(derivadas).

Existem dois métodos básicos de integração, a saber: o Método de Substituição e o Método


de Integração por Partes. A aplicação de cada um deles depende da natureza da expressão a
integrar, porém a seguir apresentam-se situações nas quais se pode aplicar cada um dos
métodos de maneira mais estratégica e viável.

1.3.1. Método de substituição


Algumas integrais não têm soluções imediatas, porém, através de uma mudança de variável
adequada, muitas dessas integrais podem ser calculadas com uso das regras conhecidas.
Considere a integral

7
O objectivo desta técnica é transformar o integrando, que é uma função composta, em uma
função simples. Entretanto, a técnica só funciona se no integrando aparece uma função (u) e
sua derivada (c . u’), onde c  *.

 Passos do método/técnica

Passo 1: Introduz-se a letra u para substituir alguma expressão em x que seja escolhida para
simplificar a integral.
du
Passo 2: Reescreve-se a integral em termos de u. Para reescrever dx, calcule e resolve-se
dx
du
algebricamente como se o símbolo fosse um quociente, lembrando dos
dx
diferenciais.
Passo 3: Calcula-se a integral resultante e então substitui-se u por sua expressão em termos de
x na resposta.
Nota bem: Se o integrando é um produto ou quociente de dois termos e um termo é múltiplo
da derivada de uma expressão que aparece no outro, então esta expressão é
provavelmente uma boa escolha para u.

Exemplos:
1. Calcule:  ( x  1) 5 dx

Solução:
du
Fazendo: u = x +1, temos:  1  du  dx
dx
u6 u6 (𝑥+1)6
Logo,  ( x  1) 5 dx   u 5 du  k  k= + C.
6 6 6

Note que a mesma integral poderia ser calculada da seguinte maneira:


(𝑥+1)6
∫(𝑥 + 1)5 𝑑𝑥 = ∫(𝑥 + 1)5 𝑑(𝑥 + 1) = 6
+ C.

Essa maneira de aplicar o método de substituição, Demidovitch (1978) chama de método de


introdução sob sinal de diferencial.

8
x 1 1 1  x
2. x 2
9
dx = ... = ln( x 2  9)  arc tg    k
2 3 3

x 1 x 1 * 1 du 1 1 ** 1 1
Solução:     u 2 9 2u
dx = dx + dx  + dx  du +
x 9
2
x 9
2
x 9
2
 x
2

1  
3
1 1

9 1 v2
3dv =
1 1 1 1 1 1 1 1 x
=  dx +  dv = ln | u |  arc tg v  k  ln ( x 2  9)  arc tg  k
2 u 3 1 v 2
2 3 2 3 3
*
Fazendo: u  x 2  9  du  2 x  du  x dx e * * v  x  dv  1  3dv  dx
dx 2 3 dx 3

Por razões sintéticas não serão apresentados muitos exemplos, pois não se trata de um
compendio, mas sim um trabalho, que mercê uma brevidade.

1.3.2. Método de integração por partes


Suponhamos f e g funções definidas e deriváveis em um mesmo intervalo I. Temos, pela regra
do produto:
[ f(x).g(x)] ' = f ' (x).g(x) + f(x).g ' (x)
ou
f(x).g ' (x) = [ f(x).g(x)] ' – f ' (x).g(x)
Supondo, então, que f ' (x).g(x) admita primitiva em I e observando que f(x).g(x) é uma
primitiva de [f(x).g(x)] ' , então f(x).g ' (x) também admitirá primitiva em I e

 f ( x)  g ' ( x) dx  f(x)  g(x) - f ' ( x)  g ( x) dx (1)

que é a regra de integração por partes.

Fazendo u = f(x) e v = g(x), teremos du = f ' (x) dx e dv = g ' (x) dx, o que nos permite
escrever a regra (1) na seguinte forma usual:

 u  dv  u  v - v  du
Observação: a integração por partes exige do resolvedor a capacidade de separar a função
que se pretende integrar em duas e, escolher uma delas para derivar e a outra para integrar.
Assim, a função a integrar levará o sinal de integração e o símbolo de diferenciação (𝑑𝑥) e
ao se derivar a outra pretende-se encontrar (𝑑𝑢).

9
Suponha, agora, que se tenha que calcular   ( x)   ( x) dx . Se você perceber que,

multiplicando a derivada de uma das funções do integrando por uma primitiva da outra,
chega-se a uma função que possui primitiva imediata, então aplique a regra de integração por
partes.

Exemplo:
Calcule a integral:  x  cos x dx

Resolução:
No caso em que temos uma função polinomial dessa natureza a multiplicar por uma
trigonométrica ou exponencial é conveniente que a função a derivar 𝑢 seja a polinomial com
vista a reduzir a sua potência e a função a integrar seja a trigonométrica; desta maneira
simplifica-se a integral facilitando-a a resolvê-la.
Seja 𝑢 = 𝑥, e 𝑑𝑣 = 𝑐𝑜𝑠𝑥, ou mais simplesmente, 𝑣 = ∫ 𝑐𝑜𝑠𝑥 𝑑𝑥, conforme o
comentário/observação acima. Com isso, temos: 𝑑𝑢 = 𝑑𝑥 e, 𝑣 = 𝑠𝑒𝑛𝑥.
Assim, pela fórmula acima: ∫ 𝑢 ∙ 𝑑𝑣 = 𝑢 ∙ 𝑣 − ∫ 𝑣 ∙ 𝑑𝑢 .
∫ 𝑥 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝑥𝑑𝑥 = 𝑥 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝑥 − ∫ 𝑠𝑒𝑛𝑥 𝑑𝑥 = 𝑥 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝑥 − (−𝑐𝑜𝑠𝑥) = 𝑥 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝑥 + 𝑐𝑜𝑠𝑥 + C.

Observação:

Não existe uma receita para facilitar o cálculo através desses métodos ou outros, mas uma boa
dica é sempre chamar de dv a parte do integrando mais complicada que possa ser prontamente
integrada. Uma outra dica é, quando se tem uma função logarítmica ou trigonométrica inversa
é conveniente que sejam as mesmas as serem derivadas. Contudo, um bom domínio das regras
de derivação é um bom aliado para logo descobrir a expressão a escolher para derivar ou
integrar, consequentemente para substituir ou “repartir”. E isso, pode-se facilitar/aperfeiçoar
resolvendo muitos e diversos exercícios.

1.3.3. Mais métodos de integração


Todavia, para calcular as primitivas daquelas funções que são integráveis, nos valemos de
vários métodos, cada um deles adequado a um tipo de função. Existem vários deles, porém
trataremos aqui somente daqueles que julgamos mais necessários para o desenvolvimento das
teorias seguintes, como resolução de Equações Diferenciais, por exemplo.

10
1.3.3.1. Substituição de Euler

Segundo Psikounov (2000, p.401) o integral  Rx, 


ax 2  bx  c dx pode ser reduzido ao

duma função racional pelas substituições de variáveis de Euler.


a) Primeira substituição de Euler
Se a>0, faz-se:

ax 2  bx  c   a x  t

Tomemos, para fixar ideias, o sinal mais antes de a . Então,

ax 2  bx  c  ax 2  2 a xt  t 2 ,
Donde x é definido como uma função racional de t:
t2  c
x
b  2 at
(dx é também uma função racional de t), por conseguinte,
t2  c
ax 2  bx  c  a x  t  a t ,
b  2t a

Isto é, que ax 2  bx  c é reduzida a uma função racional de t, visto que ax 2  bx  c , x e

dx se exprimem por funções racionais de t, o integral  Rx, 


ax 2  bx  c dx é, pois, reduzido

ao duma função racional de t.


dx
Exemplo: calcule o integral 
x2  C
Resolução:

Como a = 1 > 0, fazendo x 2  C   x  t , então, x 2  C  x 2  2 xt  t 2 ,


Donde
t2  C
x .
2t
Por conseguinte,
t2  C
dx  dt .
2t 2
Voltando ao integral inicial, temos:
t2  C
dt
dx 2 dt
  2    ln t  ln x  x 2  C  C1
2t
x2  C t C t
2t
11
b) Segunda substituição de Euler
Se c > 0, fazemos:

ax 2  bx  c  xt  c ;
Então,
ax 2  bx  c  x 2t 2  2xt c  c
(tomamos, para fixar ideias, o sinal mais antes da raiz), donde x é definido como uma função
racional de t:

2 ct  b
x .
a t2

Visto que dx e ax 2  bx  c se exprimem igualmente por funções racionais de t, então

substituindo os valores de x, ax 2  bx  c e de dx em função de t no integral

 Rx, 
ax 2  bx  c dx reduz-se este ultimo ao integral duma função racional de t.

Exemplo: Calcule o integral 


1  1 x  x2  dx2

x2 1 x  x2
Resolução:
2t  1 2t 2  2t  2
Seja 1  x  x 2  x 2 t 2  2 xt  1 ; x  ; dx  dt
1 t2 1  t 2 2
t 2  t 1
1  x  x  xt  1 
2

1 t 2
 2t 2  t
1 1 x  x  2

1 t 2
Substituindo as expressões assim obtidas no integral que desejamos calcular obtemos:


1  1 x  x2  dx    2t
2
2
   1  t 2t  2t  2 dt
2
 t 1 t2
2 2 2

x2 1 x  x2 1  t  2t  1 t  t  11  t 
2 2 2 2 2 2

t2 1 t
 2 dt  C  2t  ln C=
1 t 2
1 t



2 1  x  x2 1
 ln

x  1  x  x2 1
C =
x x  1 x  x2 1

12


2 1 x  x2 1 
 ln 2 x  2 1  x  x 2  1  C
x
c) Terceira substituição de Euler

Sejam  e  as raízes reais do trinómio ax 2  bx  c . Façamos: ax 2  bx  c  x   t

Como ax 2  bx  c  ax   x    , resulta:

a x    x      x   t

ax   x     x    t 2
2

ax     x   t 2
X exprime-se, então, por uma função racional de t:
  t 2
x
 t2
Dado que dx e ax 2  bx  c são igualmente funções racionais de t, o integral considerado,
reduz-se por consequência, ao duma função racional de t.

NB.: a mudança de variáveis indicada na terceira substituição pode ser aplicada não somente
quando a < 0, mas também quando a > 0, se somente o trinómio ax2  bx  c tiver raízes
reais.
dx
Exemplo: Calcule o integral  x 2  3x  4
Resolução:

x 2  3x  4  x  4x  1 . Seja x 2  3x  4  x  4t


Então,
x  4x  1  x  42 t 2 , x-1=(x+4)t2
1  4t 2 10t
x , dx  dt
1 t 2

1 t2 
2

 
x  4x  1  1  4t2
2
5t
 4 t 
 1 t  1 t
2

Voltemos ao integral considerado; temos:

13
x 1
dx 
10t 1  t 2  dt  2 1 t
1
x4
 x 2  3x  4

1  t  5t
2 2  1  t 2 dt  ln 1  t  C   ln x 1
C
1
x4

x  4  x 1
 ln C
x  4  x 1

1.3.3.2. Método ou condições de Tchebichev

 x a  bx  dx onde m, n e p são números


m n p
Segundo Demidovitch (1978, p.130) a integral

racionais; pode ser expressa por meio de uma combinação finita de funções elementares
somente nos seguintes casos:
i. Quando p é um número inteiro.
m 1
ii. Quando é um número inteiro. Aqui se emprega a substituição a  bx n  z s ,
n
onde s é o denominador da fracção p.
m 1
iii. Quando  p é um número inteiro. Neste caso emprega-se a substituição
n
ax n  b  z s
3
1 4 x
Exemplo: Achar  x
dx  I

Resolução:
1
 
1 3
1  x 4  1

1 x   1
 1 3

 
3 4 
 x dx   1 dx   x 2 1  x 4  dx
x2
1 1
 1
1 1 1 m 1 2 2  2 . Logo tem lugar o 2º caso de
Onde temos m=− 2, n=4, p=3 e,  
n 1 1
4 4
integrabilidade.

   
1
4 3
A substituição será 1  x  z 3 , que nos dá: x  z 3  1  dx  12z 2 z 3  1 dz . De forma
4

que

14
1 
z3 z3 1
dx

3

   
1 13 2

1  x 4  dx  12 z  1
3
I  x 2
 
 
 12

 12 z 6  z 3 dx  z 7  3z 4  C
7

Onde z  3 1  4 x

1.3.3.3. Integração de certas funções trigonométricas


Veremos alguns poucos tipos de integrais cujos integrandos são formados por funções
trigonométricas.
1º) O integrando é o produto de seno e co-senos
Refere-se a integrais do tipo

 sen (mx) cos(nx)dx ,  sen (mx)sen (nx)dx e  cos (mx) cos(nx)dx


Nestes casos se usam as formulas:

 sen (mx ) cos(nx) 


1
senm  nx  senm  nx
2

 sen (mx ) sen (nx) 


1
cosm  nx  cosm  nx
2

 cos (mx) cos(nx) 


1
cosm  nx  cos(m  n) x
2
Exemplo 1: Achar a integral  sen (3x) cos(4 x)dx
Resolução:

 sen (3x) cos(4 x)dx   2 sen(3  4) x  sen(3  4) xdx


1

1 1

2  sen(7 x)dx   sen( x)
2
   sen(7 x)d (7 x)    senxdx
1 1 1
2 7 2
1 1
  cos(7 x)  cos x  C
14 2
Exemplo 2: Achar a integral  sen (3x)sen(4 x)dx

15
Resolução:
1 1
 sen (3x)sen(4 x)dx   2  cos(7 x)dx  2  cos( x)dx
1 1 1
    cos(7 x)d (7 x)   cos xdx
2 7 2
  sen7 x   senx  C
1 1
14 2

 sen x cosn xdx  I m ,n onde m e n são números inteiros


m
2º) Integrais da forma

O procedimento é separado em quatro casos, a seguir:


a) Se m é impar e positivo, separe o factor senxdx  d (cosx) ; aplique a identidade
sen2x = 1 – cos2x, e faça u = cos x.
b) Se n é impar e positivo, separe o factor cos xdx  d (senx) ; aplique a identidade cos2x
= 1 – sen2x, e faça u = sen x.

Exemplo 1:

 sen
10
 
x cos3 xdx   sen10 x 1  sen2 x d senx
  sen10 xd senx   sen12 xd senx 
sen11 x sen13 x
  C
11 13
Exemplo 2:
1 1  1 1 sen 2x x sen 2x
 cos x dx     cos 2x  dx  x  . k   k
2

2 2  2 2 2 2 4
Nota de revisão:
cos 2x = cos (x + x) = cos x . cos x - sen x . sen x = cos2 x - sen2 x = cos2 x - (1 - cos2 x) = 2
1 1
cos2 x - 1, logo cos 2x = 2 cos2 x - 1  cos2 x =  cos 2 x
2 2
Exemplo 3:
 x sen 2x  x sen 2x
 sen x dx   (1 - cos 2 x) dx  x -   k   k
2

2 4  2 4

c) Se m e n são ambos pares e positivos, use as identidades


1  cos(2 x) 1  cos(2 x) 1
cos2 x  ; sen2 x  e senx cos x  sen(2 x) para reduzir
2 2 2
potências de senx e cosx.

16
Exemplo:

 cos 3xsen4 3xdx   cos 3xsen3x  sen2 3xdx 


2 2

1 sen2 6 x 1  cos 6 x
dx   sen2 6 x  sen2 6 x cos2 6 x dx 
1

8  4 2 8
1  1  cos12x 
   sen2 6 x cos 6 x dx 
8  2 
1  x sen12x 1 
    sen3 6 x   C
8 2 24 18 
d) Quando m=-u e n=-v são números inteiros, negativos e pares da mesma ordem, sendo
u+v≥2, teremos

  cos secu x secv  2 xd tgx 


dx
I m,n   u v
sen x cos x

1  tg x 
u u v
1
 1 2
 
v2 2
d tgx   d tgx
2
  1  2  1  tg 2 x 2

 tg x  tg u x
A estes casos se reduzem, em particular, as integrais:
 x  
d  d x  
dx 1 2 dx  2
 senu x  2u 1  u  x  u  x  e  cosv x   v   
sen   cos   sen  x  
2 2  2
Exemplo:

 cos
dx
4
x

  sec2 xd tgx   1  tg 2 x d tgx  
1
 tgx  tg 3 x  C
3

 tg  cot g
n n
xdx ou xdx
3º) Integrais do tipo , onde 𝒏 é um número inteiro e
positivo.
Essas integrais se calculam separando os factores tg 2 x, tg 2 x  sec2 x  1, ou

correspondentemente cot g 2 x, cot g 2 x  cos ec 2 x  1. Desta forma as integrais se separam em


duas.

Exemplo 1:

 tg
4
xdx   tg 2 x.tg 2 xdx   tg 2 x sec2  1 dx  
  tg 2 x. sec2 xdx   tg 2 xdx   tg 2 xd tgx   sec2 x  1 dx  
17
  tg 2 xd tgx   sec2 xdx   dx 
tg 3 x
  tgx  x  C
3
Exemplo 2:

 tg x dx   (sec2 x - 1) dx  tg x  x  k
2

Nota de revisão:
sen2 x cos2 x  sen2 x 1
sen2x+cos2x=1 e 1+tg2x = sec 2 x , pois: 1  2
 2
  sec2 x
cos x cos x cos2 x
4º) Integrais do tipo  R  senx, cos x dx , onde R é uma função racional
Esse tipo de integrais calcula-se aplicando a substituição
x
tg    t ,
2
Donde
2t 1 t 2 2dt
senx  , cos x  , dx 
1 t 2
1 t 2
1 t2
Mediante essa substituição as integrais da forma  R  senx, cos x dx se reduzem as integrais

de funções racionais da nova variável t.

dx
Exemplo: Achar  1  senx  cos x
Resolução:
2dt
dx 1 t dt  x
 1  senx  cos x   2t 1 t 2

1 t
 ln 1  t  ln 1  tg    C
2
1 
1 t 2
1 t 2

NB.: caso verificar-se a identidade R(-senx, -cosx)≡R(senx, cosx),


Então para reduzir a integral  R  senx, cos x dx a forma racional, se pode usar a

substituição tgx = t.

1.3.3.4. Integração de funções irracionais com auxílio de transformações trigonométricas


Segundo Lima (2012, p.61) “o objectivo específico da mudança de variável trigonométrica é:
Transformar expressões com radicais, em uma expressão trigonométrica sem radicais.”

18
Nota: A ocorrência de raiz no integrando é algo muito desagradável. Se perceber uma
mudança de variável que a elimine, não ignore.

Segundo Boulos (1999, p.341) “um integrante que contenha uma das formas:

sendo a uma constante positiva e não tendo nenhum outro factor irracional, pode ser
transformado numa integral trigonométrica mais familiar, utilizando substituições
trigonométricas ou com o emprego de uma nova variável”.
Para os três casos acima, utilizamos as identidades trigonométricas:

Vamos ver cada um desses casos separadamente.


Caso I:

Para uma integral que envolva um radical do tipo , fazemos a mudança de variável
de x para θ. A substituição deve ser apropriada e fica melhor observada no triângulo
rectângulo:

Temos que:

Assim, substitui por , pois:

19
E pela identidade trigonométrica dada em (1), obtemos:

Extraindo a raiz de ambos os membros da equação acima, obtemos:

Justificando a substituição.
Caso II:

Para uma integral que envolva um radical do tipo , fazemos a mudança de variável
de x para θ. Observando o triângulo rectângulo:

Temos que:

Assim, substitui por , pois:

E pela identidade trigonométrica dada em (2), obtemos:

Extraindo a raiz de ambos os membros da equação acima, obtemos:

Justificando a substituição.
Caso III:

Para uma integral que envolva um radical do tipo , fazemos a mudança de variável
de x para θ. Observando o triângulo rectângulo:

20
Temos que:

Assim, substitui por , pois:

E pela identidade trigonométrica dada em (3), obtemos:

Extraindo a raiz de ambos os membros da equação acima, obtemos:

Justificando a substituição.
Com base nos resultados obtidos, podemos montar uma tabela resumo:

Vejam que, para representar graficamente as substituições sugeridas no triângulo rectângulo,


o radical ficará sempre no lado do triângulo que não é utilizado pela relação trigonométrica:
21
Caso I: Usa-se x = a sen(θ); logo, o radical aparece no cateto adjacente a θ.
Caso II: Usa-se x = a tg(θ); logo, o radical aparece na hipotenusa.
Caso III: Usa-se a sec(θ); logo, o radical aparece no cateto oposto a θ.

Nota: Ao fazer uma substituição trigonométrica, admitimos que  esteja no contradomínio da


função trigonométrica inversa correspondente. Assim, para a substituição x  sen  , temos
     
      , ou seja,     ,  , ou ainda, o ângulo está no 1 ou 4 quadrante. Neste
o o

 2 2  2 2
caso, cos   0 e:

r 2  x 2  r 2  r 2 sen2  r 2 (1  sen2 )  r 2 cos2   | r |  | cos  |  r  cos 

Exemplos:

1. Calcule:  1  x 2 dx

Solução: Fazendo as mudanças:


 x  sen    arc sen x
dx
  cos   dx  cos  d
d

 1  x 2  1  sen2  cos2   | cos  |  cos 


Assim,
1 1 1 1
 1  x 2 dx =  cos   cos  d =  cos 2  d =  2  2 cos 2 d =
2
  sen 2  k = =
4
1 1 1 1
   2 sen  cos   k =   sen  cos   k
2 4 2 arc sen x 2 
x
 
2
1- x



1 1 1

1  x 2 dx = arc sen x  x  1 - x 2  k = arc sen x  x  1 - x 2  k
2 2 2

2. Calcule:  r 2  x 2 dx

Solução:
Fazendo as mudanças:
 x  rsen
22
 r cos   dx  r cos d
dx

d

 r 2  x 2  r 2  r 2 sen2  r 2 (1  sen2 )  | r | . cos2   r. | cos  |  r .cos 

Assim,
1 1
 r 2  x 2 dx =  r. cos  .r cos  d = r 2 . cos 2  d = r 2 .  cos 2 d
2 2
=

1 1 
r 2 .   sen2  +k =
2 4 

 
 1 1   1 1 
= r 2 .   .2 sen  cos  + k = r 2 .   .2 sen  cos
  + k =
2 4   2 arc sen  x  4 x r2  x2 
 r r r 

1 x 1 x r x  2  
 + k = r  arc sen  x   x. r  x
2 2 2 2
= r 2  arc sen    . . + k
2 r 2 r r  2  r r2 
  

 
r2  arc sen  x   x. r  x
2 2
 +k

 r 2  x 2 dx =
2  r r2 
 

Vejamos mais alguns exemplos de substituições trigonométricas:


a
 Para  a 2  b 2 x 2 dx faça a substituição x 
b
sen 

a
 Para  b 2 x 2  a 2 dx faça a substituição x 
b
tg 

a
 Para  b 2 x 2  a 2 dx faça a substituição x 
b
sec 

1.3.3.5. Fórmulas de recorrências (redução)


Segundo Boulos (1999, p.334) “o método de integração por partes se presta a determinar
fórmulas de redução, que exprimem uma integral dependente de um número n a uma
integral do mesmo tipo, dependente de um número inferior a n.”

23
“No caso mais geral as integrais Im, n de forma  sen x cosn xdx  I m ,n , onde m e n são
m

números inteiros se calculam através de fórmulas de redução (formulas de recorrência), que se


deduzem comummente pela integração por partes”, (Demidovitch, 1978, p.133).

Exemplo: Ache uma fórmula de redução para  secn xdx, n3

Resolução:
Vamos separar o integrando em dois factores, um dos quais saibamos integrar:
secnx=secn-2x.sec2x. Então escolhemos u= secn-2x e dv= sec2x
Logo,
u ´ n  2secn2 xtgx e v   sec2 xdx  tgx

Portanto, pela regra de integração por partes  udv  uv   vdu , temos

 sec
n
xdx  secn  2 x  tgx  n  2 secn  2 x  tgx  tgxdx
 secn  2 x  tgx  n  2 secn  2 x  sec2 x  1dx
 secn  2 x  tgx  n  2 secn x  secn  2 x dx
 secn  2 x  tgx  n  2 secn xdx  n  2 secn  2 xdx

Passando a segunda parcela do segundo membro para o primeiro, podemos tirar o valor de

 sec
n
xdx, para obter:

1 n2
 sec xdx  secn 2 xtgx   secn 2 xdx . A este resultado chama-se fórmula de
n

n 1 n 1
redução ou de recorrência.

Exemplo: Achar  sec3 xdx

Resolução:
1 32
 sec xdx  sec3 2 xtgx 
3 1 
sec32 xdx
3

3 1
1 1
 sec sec xtgx   sec xdx 
xdx 
3

2 2
1 1
 sec xtgx  ln sec x  tgx  C
2 2

24
Existem mais fórmulas de redução:
 x e x dx  x n e x  n  x n 1e x dx
n

n 1
 sen xdx   n sen x cos x  n  sen
1 n 1 n2
 n
xdx, n2

n 1
  cos
n
xdx 
1
n
 
cosn 1 x senx 
n  cosn 2 xdx, n2

1.4. Integral Definida


1.4.1. Definição
Chama-se integral definida da função 𝑓(𝑥) toda aquela que apresenta os limites de integração.
Nestas condições, o resultado é um valor ou expressão analítica de variáveis substituíveis.

A integral definida baseia-se numa relação tão importante entre derivadas e somas, que recebe
o nome de Teorema Fundamental do Cálculo.

1.4.2. Teorema Fundamental do Cálculo


Se f for integrável em [a, b] e se F for uma primitiva de f em [a, b], então:


b
f ( x) dx  F(b) - F(a) .
a

Portanto:
 A integral definida é igual à diferença entre os valores numéricos da integral indefinida,
obtidos para x = a e x = b, respectivamente.

 É possível provar que toda função contínua em [a, b] é integrável em [a, b].

25
 Temos então pelo TFC que, se f é contínua em [a, b] e F é uma primitiva de f em [a , b],
então:


b
f ( x) dx  F(b) - F(a)
a

 É usual denotar a diferença [ F (b)  F (a)] por [ F ( x)] ab . Assim,


b
f ( x) dx  [ F ( x)] ab  F(b) - F(a)
a

Neste caso, a última expressão representa a definição da integral definida e, como vemos ela
contem limites 𝑎 e 𝑏. Assim, 𝑏 constitui o limite superior e, 𝑎 é o limite inferior da integral.
7

2
Exemplo: Calcule: x 2 dx = ... =
1 3
x3
Solução: F ( x)  é uma primitiva de f(x) = x2 e f é contínua em [1 , 2]
3
2
 x3  8 1 7

2
Assim, x dx =    - =
2
1
 3 1 3 3 3
Observação: a integral definida é dependente da integral indefinida, porém é necessário
prestar muita atenção aos limites. À mudança de colocação deles implica a mudança de sinal
do resultado da integral. Além, disso a integral definida geralmente é um número positivo
(pela figura acima nota-se que a integral representa área de uma região abaixo da função em
causa, porém delimitada por 𝑎 e 𝑏), caso encontrar-se um número negativo é necessário a
verificação dos cálculos e do problema em causa.

1.5. Aplicação de Integrais: Economia e engenharia de produção


Nas aplicações à economia, se conhecemos a função marginal então podemos usar a
integração indefinida para determinar a função custo total, conforme ilustram os exemplos a
seguir:

Exemplos:
1. Um fabricante calculou que o custo marginal de uma produção de q unidades é de 3q2 –
60q + 400 reais por unidade. O custo de produção das duas primeiras unidades foi de R$
900,00. Qual será o custo total de produção das cinco primeiras unidades?
Solução:
Vale lembrar que o custo marginal é a derivada da função custo total c(q). Logo,

26
c’(q) = 3q2 – 60q + 400
e, portanto, c(q) deve ser a primitiva

c (q)   c' (q) dq   (3q 2  60q  400) dq  q 3  30q 2  400q  k , para alguma constante k.

O valor de k é determinado com base no fato de que c (2) = 900.

Em particular, 900 = (2)3 – 30(2)2 + 400(2) + k  k = 212

Então, c(q) = q3 – 30q2 + 400q + 212


e o custo de produção das 5 primeiras unidades é de:
C(5) = (5)3 – 30(5)2 + 400(5) + 212 = R$ 1.587,00
2. Um fabricante constata que o custo marginal da produção de x unidades de uma
componente de copiadora é dado por 30 – 0,02x. Se o custo da produção de uma unidade é R$
35,00, determine a função custo e o custo de produção de 100 unidades?

Solução: Seja C a função custo, então o custo marginal é a taxa de variação de C em relação a
x, isto é:
C ’ (x) = 30 – 0,02x
Logo

 C ' ( x) dx   (30  0,02x) dx  C(x)  30x - 0,01x2  k

para algum k.

Com x = 1 e C(1) = 35, obtemos:


35 = 30 – 0,01 + k, ou k = 5,01
Consequentemente
C(x) = 30x – 0,01x2 + 5,01
Em particular, o custo da produção de 100 unidades é

C(100) = 3.000 – 100 + 5,01 = R$ 2.905,01

3. Um fabricante de bicicletas espera que daqui a x meses os consumidores estarão adquirindo


F(x) = 5.000 + 60 x bicicletas por mês ao preço de P(x) = 80 + 3 x u.m. (unidades
monetárias) por bicicleta. Qual é a receita total que o fabricante pode esperar da venda das
27
bicicletas durante os próximos 16 meses? Resposta: R’ (x) = F(x).P(x)  R (x) = ... assim,
R(x) = 7.267.840

Solução:
R’ (x) = F(x).P(x)  R’ (x) = [5000 + 60 x ] . [80 + 3 x ]

R’ (x) = 400.000 + 15.000 x + 4800 x + 180x  R’ (x) = 400.000 + 19.800 x + 180x


Assim,
3
3
x 180x 2
2

 ( 400.000  19.800 x  180x ) dx = 400.000x+19.800


3
+
2
+k=400.000x + 13.200 x 2 +

2
90x2 + k
3

R(x) = 400.000 x + 13.200 x 2 + 90x2 (produção nula  k = 0)


Logo,
3

R(16) = 400.000  (16) + 13.200  (16) 2


+ 90  (16)2  R(16) = 6.400.000 + 844.800 +
23.040
 R(16) = 7.267.840 unidades monetárias.

1.5.1. Aplicações das integrais indefinidas à engenharia de produção

Foi visto nas aplicações de derivadas que as derivadas da função custo total e da receita total
representam, respectivamente, as funções custo marginal (CMg) e receita marginal (RMg).
Conhecendo-se o custo marginal e a receita marginal, através da integração dessas funções,
podemos obter o custo total e a receita total, ou seja,

 Função custo total: C ( x)   CMg ( x) dx

 Função receita total: R( x)   RMg ( x) dx

Como a integral indefinida contém uma constante arbitrária, no cálculo do custo total essa
constante pode ser calculada conhecendo-se o custo fixo de produção. No caso do cálculo da
receita total, como geralmente a receita total é zero quando o número de unidades produzidas
é zero, este resultado pode ser usado para calcular a constante de integração.

Exemplos ilustrativos:

28
1. Se a função receita marginal é dada por RMg(x) = 80 - x + x2. Determine a função receita
total e a função demanda.

Solução:
Função receita total:
x2 x3
R( x)   RMg ( x) dx   (80  x  x 2 ) dx  80x   k.
2 3
Como, para x = 0, R(0) = 0, então k = 0.

Portanto,
x2 x3
R( x)  80x   .
2 3
Função demanda:
x2 x3
80 x   2
R ( x) 2 3  80  x  x .
p 
x x 2 3

2. Uma empresa sabe que o custo marginal de produção de x unidades é de R$ 6x2 - 2x +


200 / unidade. O custo para produzir as três primeiras unidades foi R$ 1.200,00. Calcular
o custo para produzir as 10 primeiras unidades.
Solução:

Função custo total:

6x 3 2x 2
C ( x)   CMg ( x) dx   (6 x 2  2 x  200) dx    200x  k  2 x 3  x 2  200x  k
3 2

Para x  3, C(3)  1200  2  33  32  200  3  k  1200  k  555.

Portanto, a função custo total é:

C( x)  2x 3  x 2  200x  k

Custo para produzir

x  10, C(10)  2  103  102  200  10  455  4455

3. A função custo marginal de determinado produto é dada por CMg(x) = 20 + 40x - 6x2. O
custo fixo é 60. Determine: a) a função custo total; b) a função custo médio; c) a função
custo variável.

Solução:
29
4. Para determinado produto, a função receita marginal é RMg(x) = 25 - 5x. Determine: (a) a
receita total; (b) a função demanda.

Solução:

5. Em certa indústria, para um nível de produção de x unidades sabe-se que o custo marginal
de produção de cada uma é CMg(x) = 3x2 - 12x + 36 reais. Calcule a função custo total
sabendo-se que o custo fixo é igual 50.

Solução:

6. Determine a função receita total se a função receita marginal é dada por RMg(x) = 0,75x2-
20x+10.
30
Solução:

1.5.2. Excedente do consumidor


Seja y = f(x) a função de demanda, representando os diversos preços (y) que os consumidores
estão dispostos a pagar pelas diferentes quantidades (x) de um produto. Considere o ponto de
equilíbrio (xo, yo), sendo que os consumidores dispostos a pagar mais do que yo pelo
produto são beneficiados. Esse benefício global dos consumidores é representado pela área
colorida da Figura abaixo e é chamado de excedente do consumidor (EC).

Portanto, o excedente do consumidor (EC) é dado por: EC   f ( x) dx  x 0  y 0 .


xo

Exemplo ilustrativo: A função de demanda para uma certa mercadoria é y = 20 -2x, e


supondo-se que o preço de equilíbrio é R$ 12,00, determine o excedente do consumidor e
represente graficamente a região cuja área determina o excedente do consumidor.
Solução: Sendo y = 12, a quantidade de equilíbrio será dada por 12 = 20 - 2x, ou seja, 2x = 8,
que resolvendo, resulta: x = 4. Portanto, o ponto de equilíbrio é dado por (xo, yo) = (4, 12).
x4
 2x 2 
EC   f ( x) dx  x 0  y 0  
xo 4
(20  2 x) dx  4  12  20x    48  20  4  4  48  16
2
0 0
 2  x 0

Portanto, o excedente do consumidor é R$ 16,00. O gráfico correspondente é mostrado na


Figura abaixo.

31
1.5.3. Excedente do produtor
Seja y = f(x) a função de oferta, para determinados artigos, onde y é o preço unitário para x
unidades ofertadas. Considere o ponto de equilíbrio (xo, yo), sendo que os produtores que
ofertariam os artigos a um preço inferior a yo lucram. Esse ganho total dos produtores é
representado pela área colorida da Figura abaixo e é chamado de excedente do produtor
(EP).

Portanto, o excedente do produtor (EP) é dado por: EP  x0  y 0   f ( x) dx .


xo

Exemplo ilustrativo: A função de demanda para uma certa mercadoria é y = 36 – x2 e a


função de oferta y = 2x + 1 onde y é o preço unitário e x a quantidade. Determine o excedente
do produtor e consumidor e faça os gráficos correspondentes.
Solução: O ponto de equilíbrio é determinado resolvendo-se o sistema:
 y  36  x 2
  36  x 2  2 x  1  x 2  2 x  35  0  x  7 ou x  5
 y  2 x  1
32
Para x = 5 resulta y = 2.5 + 1 = 11, ou seja, o ponto de equilíbrio é (xo, yo) = (5, 11).

0 0
5

EP  x0  y 0   f ( x) dx  5  11   (2 x  1) dx  55  x 2  x
xo

x 5
x 0  55  30  25

Portanto, o excedente do produtor é R$ 25,00. O gráfico correspondente é mostrado na Figura


abaixo.

x 5
 x3  415 250
EC  
xo
f ( x) dx  x 0  y 0   (36  x ) dx  5  11  36x    55 
5
2
 55   83,33
0 0
 3  x 0 3 3

Portanto, o excedente do consumidor é R$ 83,33. O gráfico correspondente é mostrado na


Figura abaixo.

33
Conclusão
De acordo com o que foi exposto no trabalho concluímos que integrar é uma técnica, assim
como derivar. Certas funções possuem integrais imediatas ou que podem ser calculadas
através de uma substituição simples da variável. Porém, há casos complexos cuja resolução
necessita da aplicação de técnicas de integração. Existem muitas técnicas de integração:
integração por substituição, integração por substituição trigonométrica, integração por
fórmulas de redução. Todas bem simples, é só ser mais esperto e aplicado. Para cada integral,
devemos identificar qual o melhor dos métodos a aplicar. Somente resolvendo diversos
exemplos para podermos nos familiarizar com cada um desses métodos.

Nas substituições trigonométricas obteremos integrais na variável  , ou outra que indique o

argumento. A expressão da integral na variável original x pode ser obtida por meio do auxílio
de um triângulo rectângulo.

Notamos ainda que as fórmulas de redução ou de recorrência exprimem uma integral


dependente de um número n a uma integral do mesmo tipo, dependente de um número
inferior a n. Elas são mais convenientes quando a integral envolve um integrando composto
por uma potência duma função trigonométrica.

Resta-nos dizer que dos exercícios resolvidos relacionados com os temas tratados notamos
que para ter sucessos e resolver correctamente os exercícios sobre integrais por meio das
técnicas de integração descritas neste trabalho é indispensável conhecer as integrais imediatas,
a álgebra linear, a geometria plana e analítica e, a trigonometria.

Terminando, pelo reconhecimento da ausência de obras perfeitas, todas as contribuições,


sugestões e críticas deste trabalho, visando o melhoramento de trabalhos futuros serão
recebidas com zelo e apreço.

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Referências bibliográficas
Boulos, P. (1999). Cálculo Diferencial e Integral. Volume 1. Editora Pearson Makron
Books. São Paulo.

Demidovitch, B. (1978). Problemas e Exercícios de Análise Matemática. 2ª Edição.


Editora Mir. Moscou.

Flemming, D. M. & Gonçalves, M. B. (1992). Cálculo A: funções, limite, derivação,


integração. (5ª ed.). rev. e ampl. São Paulo, SP: Makron; Florianópolis: Ed. da UFSC.

Guidorizzi, H. L. (2006). Um Curso de Cálculo. Vol. 1 e 2. (5ª Ed.). Rio de Janeiro: LTC.

Lima, J. D.. (2012). Cálculo diferencial e integral-Material de apoio. (1ª Edição).


Brasil.

Piskounov, N.. (2000). Cálculo Diferencial e Integral. Volume 1. Editorial MIR. Porto.

Stewart, J. (2009). Cálculo. Vol. 2. (6ª Ed.). São Paulo: Pioneira Thomson Learning.

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