A t u a ç ã o
Revista Jurídica do
A t u a ç ã o
Revista Jurídica do
Quadrimestral
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3
PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA
Procurador-Geral de Justiça
Pedro Sérgio Steil
Subprocurador-Geral de Justiça
Narcisio Geraldino Rodrigues
Assessoria do Gabinete do Procurador-Geral de Justiça
Ary Capella Neto
Francisco Bissoli Filho
Sandro José Neis
Secretário-Geral do Ministério Público
Rui Carlos Kolb Schiefler
Colégio de Procuradores
Moacyr de Moraes Lima Filho Sérgio Antônio Rizelo
Anselmo Agostinho da Silva João Fernando Quagliarelli Borrelli
Hipólito Luiz Piazza Hercília Regina Lemke
Valdir Vieira Francisco de Assis Felippe
Paulo Antônio Gunther Mário Gemin
Luiz Fernando Sirydakis Gilberto Callado de Oliveira
Demétrio Constantino Serratine Antenor Chinato Ribeiro
José Galvani Alberton Narcísio Geraldino Rodrigues
Robison Westphal Nelson Fernando Mendes
Odil José Cota Jacson Corrêa
Paulo Roberto Speck Anselmo Jerônimo de Oliveira
Jobel Braga de Araújo Basílio Elias De Caro
Raul Schaefer Filho Aurino Alves de Souza
Pedro Sérgio Steil Paulo Roberto de Carvalho Roberge
Vilmar José Loef Tycho Brahe Fernandes
José Eduardo Orofino da Luz Fontes Guido Feuser
Raulino Jacó Brüning Plínio Cesar Moreira
Humberto Francisco Scharf Vieira Francisco José Fabiano
Antônio Gercino Ramos de Medeiros André Carvalho
4
PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA
PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA
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ASSOCIAÇÃO CATARINENSE
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DO MINISTÉRIO PÚBLICO
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RIO PÚB
DIRETORIA
Presidente
Lio Marcos Marin
Vice-Presidente
Nazareno Furtado Köche
1º Secretária
Havah Emília P. De Araújo Mainhardt
2º Secretário
Fabiano David Baldissarelli
Tesoureira
Walkyria Ruicir Danielski
Diretor de Patrimônio
Hélio José Fiamoncini
Diretor Cultural e de Relações Públicas
Andrey Cunha Amorim
CONSELHO FISCAL
Presidente
Sonia Maria Demeda Groisman Piardi
Secretária
Kátia Helena Scheidt Dal Pizzo
Membros
Eduardo Mendonça Lima
Marcílio de Novaes Costa
Nuno de Campos
8
9
APRESENTAÇÃO
PARCERIA CONSTRUTIVA
6
Ao silenciar sobre tal circunstância, remetendo tal disciplina ao Código de Processo
Penal, o numero a ser adotado, doravante, será aquele atinente aos crimes apenados com
reclusão - não obstante daí decorra certo prejuízo da concentração que caracteriza a instrução
judicial nos crimes de tóxicos. De outro lado, permanece, a nosso ver, o exame de depen-
dência toxicológica enquanto diligência destinada a provar a inimputabilidade total ou parci-
al do agente, portanto enquanto elemento relacionado ao conhecimento potencial da ilicitude
e eventual exigibilidade de conduta diversa por parte do mesmo.
21
APRESENTAÇÃO
1
Complexo Jurídico Damásio de Jesus
INTRODUÇÃO
2
Lei n. 3.071, de 1.º de janeiro de 1916.
3
Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que entrou em vigor no dia 11 de janeiro de
2003.
23
4
Inicialmente, para estudo da matéria, valemo-nos da relação de artigos apresentada
por Marcus Vinicius de Viveiros Dias (Nova maioridade reflete também no âmbito penal.
Revista Consultor Jurídico, São Paulo, 9 jan. 2003. Disponível em: <http://
www.conjur.uol.com.br/view.cfm>). Posteriormente, aumentamos o rol de dispositivos
criminais atingidos pelo art. 5.º do novo CC.
5
Marcus Vinicius de Viveiros Dias entende que os efeitos penais e processuais pe-
nais do novo Código Civil dependem de leis novas, não tendo havido ab-rogação ou
derrogação tácitas (Nova maioridade reflete também no âmbito penal. Artigo citado). Para
ele, a sistemática do novo Código Civil produz efeitos no âmbito criminal, mas há necessi-
dade de leis novas alterando o Código Penal e o Código de Processo Penal, tendo em vista
que “uma lei civil não pode intervir numa penal” (Código Civil muda situação penal de
menor de 21 anos. O Estado de S. Paulo, 14 jan. 2003. Cidades, p. C4). Em sentido contrário,
Fernando Fulgêncio Felicíssimo considera que os dispositivos do Código Penal e do Códi-
go de Processo Penal atinentes à matéria foram tacitamente derrogados pelo novo estatuto
civil (A redução da maioridade civil e seus reflexos no sistema jurídico-penal. Instituto Brasi-
leiro de Ciências Criminais, São Paulo, 17 set. 2002. Disponível em: <http://
www.ibccrim.org.br>. www.ibccrim.org.br, 17.9.2002).
24
6
Elementos de Direito Processual Penal. Campinas: Bookseller, 1997. vol. II, p. 64, n.
255. SÉRGIO DEMORO HAMÍLTON, abordando o tema do fundamento da exigência de curador
ao indiciado ou réu menor, afirma que “a providência tem por fim suprir a relativa incapaci-
dade do menor, já imputável penalmente (art. 27 do CP), mas ainda incapaz perante a lei
civil (art. 6.º, I, do Código Civil)” (Reflexão sobre o exercício da curadoria no processo penal. Rio de
Janeiro: Instituto Brasileiro de Atualização Jurídica, 1996. (Ensaios Jurídicos, vol. 2, p. 26)).
A função do curador no interrogatório do réu menor, considerou o STF, “consiste em com-
plementar a vontade do acusado, relativamente incapaz, para decidir sozinho sobre os seus
próprios atos” (RTJ 103/993). Sobre a função do curador do menor: FRAGOSO, Heleno
Cláudio. Jurisprudência criminal. Rio de Janeiro: Borsoi, 1973. vol. II, p. 329, verbete n. 312).
7
Essas disposições guardam relação com o processo, “não se vinculando ao ato
delitivo” (SÉRGIO DEMORO HAMÍLTON, artigo citado, p. 27).
8
Nos textos legais, colocamos em itálico as partes em discussão.
25
11
Não existe mais “renúncia do representante legal daquele que completou 18 anos
de idade”.
12
RT 720/492. Na observação de SÉRGIO DEMORO HAMÍLTON, “a posição do curador
consiste, assim, na fiscalização do ato” (do interrogatório), “cabendo-lhe aconselhar o me-
nor, denunciando, nos autos, qualquer ilegalidade ou abuso de poder” (artigo citado, p. 28).
27
16
Sobre o assunto: MAGALHÃES NORONHA, E. Direito Penal: Parte Geral. São
Paulo: Saraiva, 2000. vol. I, p. 266.
29
17
Comentários ao Código Penal. Rio de Janeiro: Forense, 1969. vol. II, p. 135. Como
decidiu o TJSP, o delinqüente menor não está em condições iguais ao delinqüente adulto
para suportar o rigor da condenação (RT 427/379).
18
Curso de Direito Penal: Parte Geral. Rio de Janeiro: Impetus, 2002. p. 561.
19
BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal comentado. São Paulo: Saraiva, 2002.
p. 229. No sentido do fundamento da “imaturidade”: FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições
de Direito Penal: Nova Parte Geral. Rio de Janeiro: Forense, 1985. p. 356, n. 339; NUCCI,
Guilherme de Souza. Código Penal comentado. São Paulo: RT, 2000. p. 252, n. 78.
20
Nesse sentido: ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique.
Manual de Direito Penal brasileiro: Parte Geral. São Paulo: RT, 1997. p. 838, n. 520; REALE
JÚNIOR, Miguel; DOTTI, René Ariel; ANDREUCCI, Ricardo Antunes; PITOMBO, Sér-
gio M. de Moraes. Penas e medidas de segurança no novo Código. Rio de Janeiro: Forense, 1985. p.
183, § 7.º, n. 18.
30
21
Nesse sentido: LYRA, Roberto. Comentários ao Código Penal. Rio de Janeiro:
Forense, 1958. vol. II, p. 367, n. 58. Melo Matos, no preâmbulo do Decreto de 24 de
fevereiro de 1933, que incluiu em nossa legislação a redução dos prazos prescricionais
em face da menoridade relativa do agente, afirmava: “... Há uma idade de transição
entre a adolescência e a maioridade penal, que vai dos 18 aos 21 anos feitos, na qual a
responsabilidade do delinqüente é atenuada, sendo diminuídas as penas previstas pelas leis
penais (Código Penal, art. 42, § 11; Código de Menores, art. 76); atendendo a que, se as
leis assim determinam nesse período de transição, por ainda não ser completo o desenvolvimento
mental e moral do indivíduo pelas suas condições psicológicas e éticas, é lógico e justo que, do
mesmo modo que ele não é punido com todo o rigor da pena, também sejam diminuídos os
prazos da ação e da condenação; atendendo a que, por esse ato de clemência, o Estado
proporciona ao indivíduo, em plena maioridade, libertar-se mais depressa das más
conseqüências da infração da lei, por ele praticada na menoridade, quando era ainda forte-
mente influenciável no sentido do bem e do mal, por falta de reflexão perfeita e de plena força de
resistência aos maus impulsos.”
22
Op. cit. p. 725.
31
RAPTO CONSENSUAL
BIBLIOGRAFIA
ABREVIATURAS
art(s). – artigo(s)
CC – Código Civil
CP – Código Penal
CPP – Código de Processo Penal
i.e. – id est (isto é)
n. – número(s)
op. cit. – opus citatum (obra citada)
p. – página(s)
RHC – Recurso em Habeas Corpus
RT – Editora Revista dos Tribunais
RT – Revista dos Tribunais
RTJ – Revista Trimestral de Jurisprudência
STF – Supremo Tribunal Federal
TJSP – Tribunal de Justiça de São Paulo
vol. – volume
33
quele princípio tão seriamente definido por Leão XIII: “A covardia dos
bons fomenta a audácia dos maus”.
Diante desse alarmante quadro de conjunto, muito mais realista do
que possam os otimistas tê-lo como fantasioso ou mesmo imperfeito, surge o
problema da punibilidade, que se presta a interpretações mais variadas.
Os dogmas defendidos pelos intelectuais de vanguarda da ciência
penal, com indisfarçável apego ao normativismo jurídico e propensos à
livre interpretação utilitária e garantista, são oriundos da ideologia
iluminista, segundo a qual o indivíduo é passível de ser corrompido pela
sociedade, mediante a limitação de suas liberdades individuais. Antes do
contrato social que os homens teriam feito na condição de participantes,
sua liberdade era plena, tendo em vista o estado de natureza pura em que
viviam. A passagem do estado completamente livre para a condição de
ser gregário teria introduzido os males do pecado original contratual, e,
assim, aplicando o mito rousseauniano ao campo da política criminal, terí-
amos a inevitável liberalização: quanto mais liberto de deveres e de pe-
nas, melhor será o indivíduo, pois livre estará da pressão coercitiva e
corruptora da sociedade. Não é de estranhar, por isso, que os nossos
ideólogos de plantão, políticos defensores de um duvidoso direito penal
alternativo, venham solapando no parlamento os verdadeiros alicerces do
sistema jurídico-penal com um argumento sofístico e antimetafísico de
perigosas conseqüências amerceadoras: se a pena não faz recobrar no in-
divíduo o estado de natureza livre, se não o liberta da alienação social,
melhor será eliminar a própria pena.
O cerne do problema da criminalidade não está, evidentemente,
num contrato imaginário recheado de cláusulas cerceadoras. E um fato
social bastaria a comprová-lo. Quando hoje vemos legiões de criminosos
movidos por uma psicologia indiferentista ou até obstinada na prática de
suas injustiças, também vemos, paralelamente, em muitos casos perten-
centes à mesma classe social, legiões muito mais numerosas de homens
não criminosos que trabalham, que estudam, que mantêm vida decente
em seus lares e em seus ambientes profissionais, contra os quais não po-
demos contrapor o estado de natureza pura responsável pelo ideal de
vida que os infratores contumazes da lei deveriam antes estar. É pura
ficção sustentar que o homem honesto constitui a exceção de resistência
a um contrato alienante e corruptor. Se assim fosse, por que a sociedade
só corrompe os homens maus?
35
10
João Alfredo Medeiros Vieira. Noções de Criminologia. Florianópolis: Ledix, 1997,
p. 278.
41
A ATUAÇÃO DE UM PROMOTOR DE
JUSTIÇA NO TRIBUNAL DO JURI
ros, trajetória do projétil (trás para frente etc), ranhuras ou tiros nos ante-
braços (que indica tentativa de defesa da vítima) etc.
Devemos tentar ter em mente as datas aproximadas dos interroga-
tórios, depoimentos de testemunhas (delegacia e juízo), laudos, data e
hora do crime, data da portaria de instauração do inquérito etc, pois tudo
pode ser objeto de discussão por ocasião dos debates.
Deveremos ainda observar os antecedentes do acusado e vítima,
inclusive os comentários de suas condutas sociais nos depoimentos, pois
explorar a personalidade do agente é muito importante nos debates, uma
vez que os jurados costumam analisar sobremaneira estas circunstâncias.
É importante também não esconder nada, mesmo que desfavorável, pois
a defesa não será tão incipiente ao ponto de deixar de explorar tal peculi-
aridade e, com muito mais vigor, dizer que o Ministério Público está omi-
tindo fatos, o que nos é extremamente desfavorável.
Hoje, temos plena convicção de que, salvo raras exceções, tal me-
dida é muito mais vantajosa à defesa, pois, a ela, quanto mais dúvida
melhor; ou seja, existindo uma testemunha que deu dois bons depoimen-
tos (delegacia e juízo), ao submetê-la aos questionamentos em público, e
diretamente pelo defensor, como permite a legislação, tem ele a possibili-
dade de fazê-la entrar em contradição, pois quem tem experiência em júri
sabe como fazer uma testemunha se contradizer, ridicularizando-a peran-
te o corpo de sentença e fazendo-a perder toda a credibilidade, mesmo
que a contradição seja ínfima.
Portanto, além de não arrolar, cabe ao promotor de Justiça quando
for aberto o questionamento da testemunha da defesa, fazer o mesmo
trabalho que o advogado faria, ou seja, desacreditar a testemunha, mos-
trando que ela mente e foi “plantada” na fase de plenário apenas para
ajudar o amigo acusado, que com ela contatou. E como desacreditá-la?
Uma das formas é, na pergunta, fazer considerandos com os depoimentos
de outras testemunhas, mostrando aos jurados que a versão dela é contra-
riada por outras testemunhas e fazendo-a dizer: não sei explicar.
Devemos, entre outros questionamentos circunstanciais, perguntar
onde andava que não prestou depoimento na Delegacia de Polícia; onde
estava no momento do crime, com a localização exata; qual a cor da rou-
pa, do carro, da casa, quantos metros, quantos tiros, houve briga, quem
estava, viu a outra testemunha comprovadamente presente, entre outras
que as circunstâncias indicarem. É quase impossível uma pessoa que foi
instruída não entrar em contradição com alguns aspectos descritos pelas
demais testemunhas e pelo acusado em seus interrogatórios.
Se a mentira for absurda, havendo a necessidade de diligências imediatas
para comprovar a farsa, deve o promotor de Justiça pedir a suspensão do feito
para que seja incontinente implementada. Em caso de indeferimento, conse-
guimos, ao menos, demonstrar aos jurados que aquela testemunha é uma far-
sante. Fato que posteriormente, nos debates, será comprovado, justificando o
pedido de inserção de quesito especial sobre a falsidade testemunhal.
Quando o defensor quiser que a testemunha manifeste sua posição
pessoal sobre determinada peculiaridade – tal como: O que acha? O que
pensa? O que entende? – deve o promotor de Justiça insurgir-se através de
questão de ordem, protestando pelo indeferimento da pergunta, pois a
testemunha depõe sobre fatos, e a manifestação pessoal é vedada pelo
art. 213, do CPP.
48
deste julgamento, você será julgado por sua própria consciência, que lhe
acompanhará até o final de seus dias e, após, certamente não escapará do
julgamento final, do julgamento de Deus. Mas como disse, tenho certeza
de que será condenado e espero que o tempo que ficará preso lhe seja útil
para que reflita sobre o seu comportamento e saia da prisão melhor do
que entrou, respeitando seu semelhante.
“Acusado. Você errou. E que erro, o pior e maior, você matou!
Contrariou a lei dos homens e a lei de Deus: Não matarás! Você
matou e, matando a vítima, mata um pouco e lentamente os seus
pais, a viúva, os filhos, condenando-os ao sofrimento, à ignorância,
à doença e, talvez, condenando à fome os orfãozinhos. Talvez terão
eles que abandonar o colégio para auxiliar nas despesas da casa.
Privará os filhos dos mimos de um pai quando a mãe, morta de
cansaço, já não consegue sequer erguer-se da cama. Não haverá
mais alegria naquela família. Família? E ainda serão considerados
uma família a viúva e os orfãozinhos? Ponha a mão na consciência,
“fulano”. Você merece absolvição? Seu ato merece o prêmio da
impunidade? Não, você não tem direito à liberdade, mas à prisão.
Este mesmo promotor de Justiça que o acusa nesta oportunidade,
poderá defendê-lo em uma outra oportunidade, num momento
que você ou sua família tiver sido vítima de qualquer crime” (vide
Roberto Lyra).
DEBATES
PUNIÇÃO/DÚVIDA
CRIME PASSIONAL
O ADVOGADO
SENSIBILIDADE
ficar atento quando o defensor fizer uso de tais expressões, pois, no exemplo
em questão, poderá lembrar aos jurados que está cientificamente provado
que tal problema é causado pelos mais variados fatores, sendo o drogado
uma vítima da sociedade e que necessita de tratamento, acrescentando
que a defesa é insensível ao sofrimento alheio, especialmente dos famili-
ares, grandes vítimas da doença em questão.
Durante sua argumentação, ao observar que algum jurado está meio
apático às suas ponderações, dispensar especial atenção a ele, intimando-o
com os olhos a se atentar e, se necessário for, chamá-lo pelo nome e colocá-
lo em uma situação que o faça raciocinar de acordo com a sua linha de
pensamento, cativando sua amizade e incentivando-o ao voto desejado.
Sabemos que chamar jurados pelo nome, dizendo inclusive sua pro-
fissão, é uma técnica argumentativa muito utilizada, mas, quando o de-
fensor fizer uso de tal artifício, o promotor deve dizer aos jurados – espe-
cialmente nas grandes cidades onde as pessoas não possuem tanta afini-
dade – o porquê da aproximação, explicando que esta é uma fórmula pré-
elaborada para convencer, querendo se fazer de amigo do jurado. O Mi-
nistério Público não precisa “bajular”, pois a certeza da condenação não
vem de amizades ou mimos pessoais, mas da verdade, das provas e da
confiança que tem no senso de Justiça dos jurados.
É importante ter em mente que nenhum jurado é bobo e, se fatos
forem omitidos, a defesa os mostrará e dirá que o promotor os omitiu.
Antecipar uma peculiaridade que é desfavorável à acusação poderá ame-
nizar as conseqüências e, quando a defesa quiser explorar o problema, os
jurados, além de concluírem que isso já foi dito, terão a impressão de que
tal fato não é tão grave, justamente porque foi exposto de forma mais
amena.
A leitura de doutrina e jurisprudência costuma cansar os jurados,
motivo pelo qual, antes de procedê-la, devemos explicar e justificar a
leitura, que deve se limitar a pequenos trechos que entendemos impres-
cindíveis. Por exemplo: co-autoria e participação. Em tal caso, é difícil
aos jurados entenderem como uma pessoa pode ser condenada, mesmo
não tendo atirado; a jurisprudência, todavia, mostra-se esclarecedora.
Ao fazer a peroração (fechamento), dar a última mexida nos senti-
mentos dos jurados sobre o compromisso com a verdade, sobre o que a
sociedade espera, sobre a repressão ao crime, sobre o sofrimento dos fami-
59
liares da vítima que, ao invés de fazer justiça com as próprias mãos, espera-
ram por longo tempo para ver justiçada a morte de um ente querido.
Não pode o promotor de Justiça transmitir insegurança, ou qual-
quer dúvida sobre os fatos e as provas do processo. Deve olhar firmemen-
te nos olhos dos jurados e pedir a condenação, falando com certeza, sem
brincadeira. Também, por ocasião da argumentação da parte adversa, não
deve demonstrar descaso, pois isto causa antipatia aos jurados.
Deve o promotor de Justiça ter consciência de que dois são os fato-
res que os jurados mais levam em consideração por ocasião dos trabalhos
de plenário. Um é a apresentação das provas, que deve ser feita da forma
mais clara e objetiva possível, repetindo algumas vezes determinadas cir-
cunstâncias importantes, tais como um ou dois depoimentos ou uma pe-
culiaridade do laudo que afasta a tese principal, que pode ser absolutória
e colocar a perder todo o trabalho; dois é a credibilidade das partes, ou
seja, se conseguirmos apresentar as provas convenientemente e desacre-
ditarmos a defesa e o defensor, com respeito, evidentemente, teremos
êxito no resultado do julgamento. Agora, mesmo que tenhamos apresen-
tado bem as provas, se nos deixarmos cair nas “graças” do defensor, o
julgamento, por certo, nos será desfavorável.
Às vezes, costuma-se dizer que a cabeça de jurado é uma “caixinha
de surpresa”, o que não concordamos, pois um tribuno, conforme o de-
senvolvimento dos trabalhos, deve ter senso de autocrítica, não para ficar
se penitenciando, mas sim para crescer e, no julgamento seguinte, buscar
um resultado justo.
Na hora da explicação dos quesitos pelo magistrado e da votação,
deve o promotor de Justiça se fazer mostrar, procurar olhar nos olhos dos
jurados e demonstrar a mesma sinceridade dos debates, evidentemente
que sem amedrontá-los.
APARTES
não mais teremos a palavra, pode ser determinante o uso do aparte para
lembrar aos jurados fator de importância ímpar que pode pôr por terra,
inclusive, eventual argumento deixado na manga do advogado para ser
usado por último, quando o promotor de Justiça não puder mais fazer uso
da palavra. Inclusive, quando pedido pelo promotor de Justiça e estrategi-
camente negado pela defesa, deve o acusador falar em alto e bom tom o
que pensa, justificando ao magistrado que os jurados estão sendo induzi-
dos a erro e, mesmo que lhe seja cassada a palavra, já disse o que neces-
sitava ser dito. Não podemos nos amedrontar com um grito de protesto
do defensor, sob pena de os jurados pensarem que, por termos nos cala-
do, equivocamo-nos na colocação.
Se o advogado tiver por costume fazer uso freqüente de tal artifí-
cio, devemos deixar ele fazer umas três interrupções para não parecermos
mal educados e para que a defesa não afirme que desejamos esconder
fatos, até porque talvez o aparte será por nós utilizado posteriormente.
Após, observando que a defesa quer é perturbar, devemos dizer
não ao aparte, cientificando os jurados de que o objetivo da defesa é
justamente atrapalhar o trabalho do Ministério Público, pois terá seu tem-
po para falar e, mesmo assim, quando vê que os jurados estão atentos a
determinada questão, faz a intervenção para fazer com que percam a li-
nha de raciocínio. Cabe ao promotor de Justiça a hora do “bote”, o mo-
mento certo, desprestigiando a defesa com sua intervenção inoportuna e
deselegante, que não objetiva esclarecer fatos, mas tumultuar o julga-
mento, pois para a defesa quanto mais embrulhado melhor.
Não é demais lembrar de que, se os apartes estiverem atrapalhando o trabalho,
poderá requerer ao presidente da sessão que lhe assegure a palavra sem intervenções.
Quando ele insistir novamente no aparte, agora sem a sua autoriza-
ção, o que certamente acontecerá, o promotor deverá parar de falar e ficar
olhando fixamente o defensor e, quando ele também parar, pois ele ficará
sem graça, poderá dizer: “O Sr. está atrapalhando..., deu..., o Sr. Terá duas
horas para falar, já terminou..., posso continuar? muito obrigado! ”. E, em
seguida, demonstrar aos jurados a falta de educação do defensor, inclusive
enfatizando o quanto ele é deselegante, pois, mesmo com a palavra cassa-
da, continua perturbando e atrapalhando a função do Ministério Público.
É importante não esquecer de que tais apartes são feitos, por regra,
quando se está abordando um fato importante, sendo que, após a parada,
61
USO DA RÉPLICA
1 - Introdução.
2 - O Homem como ser real.
3 - Da objetividade metafísica na produção da norma.
4 - Considerações finais
1 - INTRODUÇÃO
1
STRECK, Lenio Luiz e MORAIS, José Luis Bolzan de. Ciência política e teoria
geral do estado. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2000.
2
MARMOR, Andrei. Direito e interpretação: ensaios de filosofia do direito. Trad.
Luís Carlos Borges. São Paulo: Martins fontes, 2000, p. 305.
3
CRUZ, Paulo Márcio. Política, poder , ideologia e estado contemporâneo.
Florianópolis: Diploma Legal, 2001. p. 89.
4
CONSTITUIÇÃO da República Federativa do Brasil. X ed. São Paulo: Saraiva,
1999.
67
5
O autor não se preocupa em definir o que seria uma resolução de disputa de manei-
ra justa.
6
HÖFFE, Otfried. Justiça política: fundamentação de uma filosofia crítica do direito
e do estado. Trad. Ernildo Stein. Petrópolis: Vozes, 1991. p. 39.
68
12
HÖFFE, Otfried. Op. cit. p. 155-303.
71
13
Para Protagoras, o homem seria medida de todas as coisas.
72
14
LOPES,Emílio Mira y. Manual de psicologia jurídica. Campinas: Péritas Livros,
2000. p. 97.
15
Ib Ibid. p. 97.
73
16
MARMOR, op. cit. 409.
17
MARMOS, op. cit. 410/411.
74
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
18
JUNIOR, José Alcebíades de Oliveira. Bobbio e a filosofia dos juristas. Porto
Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1994. p. 44.
75
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Ivo Zanoni
Fiscal de Tributos Estaduais - SC
SUMÁRIO
Introdução
1. Obrigação tributária.
1.1. Estado.
1.2. Tributo e obrigação tributária.
1.3. Hipótese de incidência tributária e fato gerador.
1.4. Obrigação principal e obrigação acessória.
1.5. Crédito tributário.
2. Sanção tributária.
2.1. Ilícito tributário e infração tributária.
2.2. Conformação normativa da sanção tributária.
3. Multa pecuniária e outros acréscimos legais
3.1. Juros e correção monetária.
3.2. Multa por infração tributária.
3.3. Multa de mora.
4. Casos de exclusão da multa
4.1. Exclusão da multa como incentivo ao pagamento.
4.2. Exclusão da multa pela denúncia espontânea.
Considerações finais.
INTRODUÇÃO
1.OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
1.1. O ESTADO
4
BECKER , Alfredo Augusto. Teoria geral do direito tributário. 3 ed. S. Paulo: Le
Jus, 1998. p. 57.
82
5
Ver: ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 5 ed. S.Paulo: Malheiros,
1998.
83
2. SANÇÃO TRIBUTÁRIA
6
HABERMAS, Jürgen. Passado como futuro. Trad. Flávio Beno Siebeneicher. Rio:
Tempo Brasileiro. p. 105.
85
16
Op. Cit. p. 188.
17
SÚMULA 191: “Inclui-se no crédito habilitado em falência a multa fiscal simples-
mente moratória”. SÚMULA 192: “Não se inclui no crédito habilitado em falência a multa
fiscal com efeito de pena admnistrativa”. SÚMULA 565: “A multa fiscal moratória constitui
pena administrativa, não se incluindo no crédito habilitado em falência”. Fonte: ASSOCI-
AÇÃO DOS ADVOGADOS DE SÃO PAULO. Súmulas. 1994. p. 61-164. 15 Ver
TEUBNER, Gunther. O Direito como sistema autopoiético. Trad. José Engrácia Antunes.
Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1989. p. 160, 183.
91
18
Ver nota inserida em: BALEEIRO, Aliomar. Direito tributário brasileiro. 11 ed.
Rio: Forense, 2000. p. 769.
92
19
BALEEIRO, Aliomar. Direito tributário brasileiro. Cit. p. 769.
93
161 da mesma lei e os artigos 146, 150, § 6º e 155,§ 2º, inciso XII, da
Constituição Federal.
Para Amaro, “Considera-se denúncia espontânea o procedimento
adotado que regularize a obrigação que tenha configurado uma infração,
dispensada a comunicação da correção da falta...”22 .
Amaro coloca aqui uma interrogação: “Poder-se-ia, então, concluir
que a multa de mora teria sido proscrita pelo Código Tributário Nacional,
sendo inexigível em qualquer situação? Parece que não, pois o próprio
Código se reporta às multas de mora no parágrafo único do art. 134, para
dizer que, nas hipóteses ali referidas, somente são devidas penalidades de
caráter moratório”23 .
A fazenda pública vem desposando o entendimento de que a falta
de pagamento de tributo não exclui a responsabilidade do devedor em
pagá-lo com os acréscimos legais, inclusive o da multa moratória.
A multa de mora tem mais relação com o valor do tributo e o lapso
de tempo transcorrido, que com a conduta do contribuinte.
É Carvalho quem ensina: “as multas de mora são também penali-
dades pecuniárias, mas destituídas de nota punitiva. Nelas predomina o
intuito indenizatório, pela contingência de o Poder Público receber a
destempo, com as inconveniências que normalmente acarreta, o tributo a
que tem direito”24 .
Entre essas sanções, como se verá, está aquela que incide sobre o
comportamento, considerado irregular, de pagar-se o tributo fora do prazo,
para o qual fixa-se a multa de mora proporcional ao atraso e independente
de lavratura do auto de infração ou de notificação pelo agente fiscal.
Esta postura não exclui o benefício, entretanto, assume que existe
um prazo, ultrapassado o qual ocorre a preclusão para seu exercício
(preclusão, no sentido de perda da oportunidade para exercício de um
direito), fixado na lei ordinária que instituiu o tributo, em relação à multa
de mora, até o vencimento do tributo, considerando ser o transcurso de
tempo inexorável, retirando a eficácia do arrependimento do sujeito pas-
sivo.
22
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro.5 ed. S. Paulo: Saraiva, 2000. p. 431.
23
AMARO, Luciano. Op. Cit. p. 432.
24
CARVALHO, Paulo de Barros. Op. Cit. p. 354.
96
25
ESTADO DE SANTA CATARINA. Diário Oficial. Ed. 26/12/96.
26
A respeito, ver REQUIÃO, Rubens. Curso de direito falimentar. 8 ed. S. Paulo:
Saraiva, 1983. p. 131 (v.1).
27
Revogadas pela SÚMULA 565. Vide item 3.3, p. 70.
97
28
GOMES DE SOUSA, Rubens. Compêndio de legislação tributária. 4 ed. S. Paulo:
Resenha Tributária, 1982. p.139-140.
29
GOMES DE SOUSA, Rubens. Op. Cit. p. 142.
30
FANUCCHI, Fábio. Curso de direito tributário brasileiro. 4 ed. S. Paulo: Resenha
Tributária, 1986. p. 411 (v. 1).
31
ROSA JR., Luiz Emygdio F. da. Manual de direito financeiro e direito tributário.
11 ed. Rio: Renovar, 1997. p. 517.
32
Acórdãos também publicados na página da internet “http://juris.trf1.gov.br”.
98
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A DESNECESSIDADE DA ATRIBUIÇÃO
DE CULPA PARA A SEPARAÇÃO JUDICIAL
A SITUAÇÃO DO PRESIDIÁRIO
E OS DIREITOS HUMANOS
1. INTRODUÇÃO
1
HERKENHOFF, João Baptista. Direitos Humanos – A construção Universal de
uma utopia. São Paulo: Ed. Santuário, 1997.
111
2
ALMEIDA, Fernando Barcellos de. Teoria Geral dos Direitos Humanos. Sérgio
Antônio Fabris Editor. Pg. 24.
3
MORAIS, Alexandre. Direitos Humanos Fundamentais. Coleção Temas Jurídicos
– Vol. 3. São Paulo : Ed. Atlas, 1998. 2ª Edição. Pg. 20.
4
J. S. Fagundes Cunha – Juiz de Direito do Paraná e Professor da Universidade
Estadual de Ponta Grossa e da Escola Superior de Magistratura do Paraná, Mestre em Direi-
to pela PUC/SP e doutorando pela UFPR, em artigo publicado no site www. jus.com.br.
5
HERKENHOFF, João Baptista. Curso de Direitos Humanos – Gênese dos
Direitos Humanos. Volume 1. São Paulo : Ed. Acadêmica, 1994. Pg. 30.
112
Do mesmo modo a nossa Carta, em seu artigo 5º, inciso XLI, deter-
mina que “a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e
liberdades fundamentais”.
É evidente que qualquer diferenciação prejudicial de tratamento
entre as pessoas já caracteriza discriminação. Mas além de não discrimi-
nar, é preciso, também, criar normas e políticas públicas que promovam a
inclusão das maiorias marginalizadas, dando-lhes a condição de consumi-
doras dos bens e serviços que permitem conferir aos indivíduos a nature-
za de seres humanos, como comida, casa, saúde, escola, segurança e jus-
tiça.
Flávia Piovesan elucida: “Com efeito, a igualdade e a discriminação
pairam sob o binômio inclusão – exclusão. Enquanto a igualdade pressu-
põe formas de inclusão social, a discriminação implica na violenta exclu-
são e intolerância à diferença e diversidade. O que se percebe é que a
proibição da exclusão, em si mesma, não resulta automaticamente na in-
clusão. Logo não é suficiente proibir a exclusão, quando o que se preten-
de é garantir a igualdade de fato, com a efetiva inclusão social de grupos
que sofreram e sofrem um consistente padrão de violência e discrimina-
ção.”
5. REFLEXÃO CONCLUSIVA
humanos”, como se os direitos dos presos fossem mais que direitos, fos-
sem privilégios contra os quais se rebelam. Não compreendem que os
direitos humanos dos presos são também os direitos humanos dos ho-
mens livres ainda não criminalizados.
117
1. ABORDAGEM DO TEMA
7
“Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalida-
de, para orientar a individualização da execução penal”.
122
4. CONCLUSÃO
OBRIGATORIEDADE DA REMESSA NO
MANDADO DE SEGURANÇA: NÃO APLICAÇÃO
DO DISPOSTO NO § 2º DO ARTIGO 475 DO CPC
5
É do seguinte teor o artigo 2º da Lei de Introdução ao Código Civil:
“Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue.
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja
com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes,
não revoga nem modifica a lei anterior.
§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei
revogadora perdido a vigência.”
6
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 9. ed. Rio de Janei-
ro : Forense, 1979. p. 135.
7
BATALHA, Wilson de Souza Campos. Direito intertemporal. Forense : Rio de
Janeiro, 1980. p. 42.
126
12
WALD, Arnold. Op. cit. p. 115.
13
Trata-se da Apelação Cível em Mandado de Segurança n. 2001.024070-0, de Tuba-
rão, julgada em 15 de abril de 2002, que tem a seguinte ementa aditiva do relator: “Se o ato
da autoridade pública (ou no exercício de função pública delegada) decorre do
descumprimento de obrigação de natureza pecuniária – v.g., indeferimento de matrícula por
não ter o aluno pago a taxa correspondente; licenciamento de veículo condicionado a prévio
pagamento de multa – e sendo ela de valor não excedente a sessenta salários mínimos, a
sentença concessiva de mandado de segurança não se submete a reexame necessário (CPC,
art, 475, § 2º, com a redação da Lei 10.352/01).”
128
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, José Rubens. Duplo grau de jurisdição obrigatório – alteração da lei n.º
14
TESES APRESENTADAS
NO CONGRESSO NACIONAL
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
OCORRIDO ENTRE OS
DIAS 1º E 5 DE OUTUBRO DE 2003
132
133
RACIONALIZAÇÃO DA ATIVIDADE
MINISTERIAL NA DEFESA DO CONSUMIDOR
1. INTRODUÇÃO
3. PROPOSTAS DE RACIONALIZAÇÃO
1
Vide nota 1.a ao art. 1105 do CPC de Theotônio Negrão, 30ª ed.
138
4
Neste sentido já se manifestou o TJSC ao apreciar a apelação criminal nº 98.018386-
3 e o TACRIMSP, conforme julgado inserto in RT 753/637-640, com citação de lição de Ada
Pellegrini Grinover na obra Juizados Especiais Criminais – Comentários à Lei 9.099, de
26.09.1995, 2ª ed. RT, p. 236.
144
mais completo das violações aos direitos dos consumidores de sua comarca,
permitindo que escolha a melhor estratégia para combater os problemas.
Podemos destacar três alternativas para a atuação civil e criminal
ao mesmo membro do MP, ficando a critério de cada Ministério Público
analisar qual seria mais adequada: 1 – atuação do promotor cível na esfe-
ra criminal somente nos crimes contra as relações de consumo definidos
como puros, como aqueles previstos no CDC, na lei 8137/90 e na Lei de
Crimes Contra a Economia Popular; 2 – a atuação do promotor cível na
esfera criminal em todos os crimes contra as relações de consumo, inclu-
sive de legislações extravagantes; 3 – somente nos crimes relacionados a
procedimentos em andamento na Promotoria de Justiça do consumidor.
4. CONCLUSÃO:
INTRODUÇÃO
2
in Infância e Juventude – Jurisprudência, Escola Superior do MP, Goiás, 1998
153
parte geral, art. 23, fixa em dezoito anos a capacidade penal e, com esse
limite, seguiu ‘de perto, sem exagerar, a média das conclusões tidas por
cientificas, a respeito do momento de maturidade do indivíduo”.
O Psiquiatra Forense Guido Arturo Palomba, em artigo publicado
na Folha de São Paulo, tecendo comentários a respeito dos limites da
menoridade, demonstrando, contudo, desconhecer a responsabilização
estatutária traça, do ponto de vista médico os critérios definidores da
maturidade, dizendo que entre os 13 e 17 anos, quando ocorrem o
espermatozóide no homem e a menarca na mulher, o cérebro ainda não
está totalmente desenvolvido, embora já ofereça condições para, no meio
social, o indivíduo formar seus próprios valores ético-morais e ter seus
interesses particulares. Aqui cabem , juridicamente, a semi-imputabilidade
penal e a incapacidade relativa para certos atos da vida civil. A partir dos
18 anos, a pessoa já tem suas estruturas suficientemente desenvolvidas,
biológica e psicologicamente; tem capacidade para entender o caráter ju-
rídico, civil e/ou penal de um determinado ato e está apto para determi-
nar de acordo com esse entendimento. Maioridade, imputabilidade penal
e capacidade civil. Ao adotarmos a zona fronteiriça na graduação da ida-
de civil e penal, daremos grande salto qualitativo em matéria de direito.
Por analogia, entre a infância e o adequado controle das funções inte-
lectuais e emocionais há a adolescência, dos 13 aos 18 anos. Ela dá à pessoa
o “tom” psicológico entre irresponsabilidade e responsabilidade, estado fun-
damental que poderia ser contemplado nas leis que os homens fazem.
Então, demonstrado que o critério dos 18 anos não é mero critério
de política criminal, tem sua lógica no ser em desenvolvimento, na matu-
ridade psicológica e biológica, o que legitima a opção da Constituição e
do Estatuto pela pedagogia.
6
In J. Cretella Jr., Comentários à Constituição de 1988, Forense Universitária, RJ, 1
ed. 1991, p. 2720
7
idem
157
“Art. 5o –
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;”
O legislador deixou claro que as penas ali constantes não serão apli-
cadas e, no caso do 228, da Constituição, ficou mais claro ainda, ao afir-
mar que os menores de 18 anos não receberão pena, posto que penalmen-
te inimputáveis.
Assim, quando afirma isto, o artigo 228 garante ao adolescente sua
inimputabilidade, da mesma forma que o artigo 5o garante a todos os
cidadãos a não-aplicação das penas de morte, perpétua, de trabalhos for-
çados, de banimento ou cruéis.
Então, se a legislação máxima não permite, por exemplo, a aplicação
da pena de morte ou de prisão perpétua e isto se consubstancia em garanti-
as dos cidadãos, insofismável afirmar que tais garantias são cláusulas pétreas.
Pinto Ferreira9 diz que em relação às garantias criminais repressi-
vas, elas são várias, “destacando-se entre elas inicialmente a
individualização da pena, impondo a pena de acordo com as condições
pessoais do delinqüente, a fim de suavizá-la, numa conquista que foi trazida
pela Constituição vigente de 1988...”.
O artigo 228, nada mais é do que a garantia da não-responsabilização
criminal da pessoa menor de 18 anos, justamente em razão da sua condi-
ção pessoal de estar em desenvolvimento físico, mental, espiritual, emo-
cional e social, sendo que, nada mais justo, que esta garantia se aplique
aos adolescentes.
Traçando um paralelo com a responsabilização especial do adoles-
cente e sua inimputabilidade, temos que quando a Constituição Federal,
no caput do artigo 228 afirma que as pessoas menores de 18 anos são
inimputáveis, ela garante a toda pessoa menor de 18 anos que ela não
responderá penalmente por seus atos contrários a lei.
9
in Curso de Direito Constitucional, Saraiva, 5 ed., 1991, p. 153
161
CONCLUSÃO
Diante disto, só nos resta reafirmar o dito até aqui, ou seja, que a
alteração da inimputabilidade penal das pessoas menores de 18 anos e a
forma de sua responsabilização (sócio-educativa) é constitucionalmen-
te proibida ao legislador infraconstitucional e ao reformador constituci-
onal.
O direito constitucional e da criança brasileiros não recepcionam a
imputabilidade/responsabilidade (penal juvenil).
Primeiro, como dito, é inconstitucional o Direito Penal Juvenil.
164
BIBLIOGRAFIA
DELITOS FISCAIS:
VALIDADE DA PROVA OBTIDA EM MEIO ELETRÔNICO
INTRODUÇÃO
cípio, de acordo com o art. 5º, XII, CF/88 não seria possível a violação
do fluxo de comunicação de dados.
No entanto, não obstante o sigilo das comunicações ser constituci-
onalmente garantido, é possível que os dados comunicados sejam, poste-
riormente, objeto de prova, sem que tal circunstância implique afetamento
ao direito à intimidade, pois caso contrário qualquer registro de dados,
seja em meio magnético ou eletrônico, ou mesmo qualquer rabisco em
um pedaço de papel, não poderia ser admitido como prova em qualquer
processo, fosse ele de natureza civil ou mesmo criminal, pois estaria vio-
lando o direito à intimidade e o sigilo da comunicação de dados.
Essa interpretação esdrúxula dos dispositivos constitucionais que
tutelam a intimidade e o sigilo da comunicação de dados não é adequada
e tampouco decorre do nosso ordenamento jurídico, tanto que o Código
de Processo Penal (arts. 231 e seguintes), quanto o Código de Processo
Civil (arts. 364 e seguintes), possuem regramentos tidos como válidos
perante nossa Constituição para a produção de provas documentais, den-
tre as quais, necessariamente, encontram-se as provas documentais
registradas em meio magnético.Nos códigos de Processo Penal e Civil, o
documento é conceituado como sendo “ a coisa que representa um fato,
destinada a fixá-lo de modo permanente e idôneo, reproduzindo-o em
juízo” 3 ou ainda “na definição de Carnelutti, documento é ‘uma coisa
capaz de representar um fato’… …em sentido lato, documento compre-
ende não apenas os escritos, mas toda e qualquer coisa que transmita
diretamente um registro físico a respeito de algum fato, como os dese-
nhos, as fotografias, as gravações sonoras, filmes cinematográficos etc.”4
Ao versarem sobre as provas documentais estes diplomas dão valor
probatório aos instrumentos ou papéis públicos ou particulares (art. 232,
CPP), tanto que o art. 376 do CPC estabelece que as cartas, bem como os
registros domésticos, provam contra quem os escreveu quando enunciam
o recebimento de um crédito; contêm anotação, que visa suprir a falta de
título em favor de quem é apontado como credor ou expressam conheci-
mento de fatos para os quais não se exija determinada prova.
Com base nestes preceitos, as mais diversas provas foram produzi-
das e utilizadas em processos penais sem que se levantasse a eiva de ilicitude
3
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2.000. 5 ed., p. 285.
4
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol. I. Rio de
Janeiro: Forense, 2.001, p. 393.
174
3. DESMISTIFICANDO A TÉCNICA
4. CONCLUSÃO
5. BIBLIOGRAFIA
AN, Robert C. Intelligence Led Policing and the Key Role of Criminal Intelligence
Analysis: Preparing for the 21st Century. Disponível em: < HREF=”http:/
/www.interpol.com/Public/cia/fahlman.asp” MACROBUTTON
HtmlResAnchor http://www.interpol.com/Public/cia/fahlman.asp>
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional. Coimbra: Livraria
Almedina, [s.d]. 4. ed. p. 1234-1240
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2.000. 5
ed., p. 285.
CPP - Código de Processo Penal.
180