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Faculdade de Direito
Luanda, 2020
APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO
Sala: B 2.5
Turma: A1
Grupo B
Integrantes do grupo:
Docente
----------------------------------------
DEDICATÓRIA
Aos nossos pais pelo apoio incondicional e aos nossos colegas com quem partilhamos
esta longa jornada académica.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente à Deus pela vida que nos concedeu, aos nossos País pelo apoio
financeiro e ao docente Adelino Yange por nos ter dado este trabalho investigativo que nos
ajudou a enriquecer os nossos conhecimentos em direito penal.
EPÍGRAFE
“Fiz tão bem o meu curso de direito que, no dia que me formei, processei a Faculdade, ganhei a
causa e recuperei todas as mensalidades que havia pago”
(Fred Allen)
ÍNDICE
Introdução……………………………………………………………………………...8
Extradição……………………………………………………………………………..18-19
Conclusão……………………………………………………………………………20
Bibliografia………………………………………………………………………….21
RESUMO
O estudo da lei penal no espaço visa entender, além da competência para julgar,
também o conceito de território, para especificar os casos em que, mesmo fora dele, são
considerados de competência da justiça angolana. Isso porque um mesmo fato pode vir a ser
considerado crime em um ou mais países, violando os interesses de ambos. A lei penal no
espaço, cuida do lugar onde o crime é praticado, servindo como parâmetro para solucionar
situações em que um crime inicia sua execução em um determinado território e a consumação
dar-se em outro.
A lei penal de um Estado soberano vige em todo o seu território. Contudo, visando o
combate eficaz à criminalidade, a lei pode ser aplicada fora de suas fronteiras, ou até mesmo
leis de outros estados podem atuar dentro do país. Por isso são necessárias limitações, para
definir qual lei será aplicada, dependendo da hipótese, de acordo com alguns princípios.
É possível que um fato desperte o interesse punitivo de dois países, como Angola e
Portugal. É importante saber qual país vai poder aplicar a sua lei no caso concreto.
A validade da lei penal no espaço e em relação às pessoas.
A par das normas que constituem o direito penal internacional, há verdadeiras normas
de direito internacional de fonte consuetudinária ou convencional e outras que têm por fonte
entidades supranacionais. Estas constituem o objecto da disciplina denominada Direito Penal
Internacional.
Para isso, a doutrina elaborou uma série de princípios de aplicação da lei penal no
espaço.
3. É também no lugar em que o crime foi cometido que melhor se pode fazer cumprir, a
função de intimidação e prevenção das penas.
É que, por um lado, existe uma criminalidade internacional que põe em perigo os
interesses e valores de mais de um Estado, por outro lado, os interesses fundamentais de um
1
Confira em ``Apontamentos de Direito Penal de Orlando Rodrigues”. Escola editora. 2014. Luanda, pag:67 e
69.
9
Estado podem ser lesados no estrangeiro e, além disso, há interesse e valores que pertencem
tanto à comunidade internacional como a cada um dos Estados que a integram.
2
O princípio da nacionalidade leva em consideração a nacionalidade do agente da infracção penal para
regular a incidência da lei. A lei nacional acompanha o súdito onde quer que ele se encontre, mesmo no
estrangeiro.
10
depender da celebração de acordos e convenções internacionais e além disso é
criticado pela sua impraticabilidade e por não tomar em consideração, as dificuldades
de natureza processual e as necessidades de certeza da prova.
qualquer que seja a nacionalidade do agente do crime ou da vitíma. Irmão gêmeo do princípio
da territorialidade é o princípio da bandeira ou pavilhão, segundo o qual o Estado em que está
registado navio ou aeronave pode sujeitar ao seu poder punitivo as infracções cometidas a
bordo, ainda que o facto haja sido cometido por estrangeiro em território de soberania
estrangeira ou no alto mar.
3
O nº 2 do art-53º, não se refere às naves aéreas, porque não existiam no tempo em que o Código foi
publicado. Para além do problema de saber se as naves aéreas podem considerar-se território nacional
quando se encontram no espaço aéreo internacional (tema de direito internacional público), ficando então
abrangidas pelo nº 1 do art-53º, põe-se o problema das naves aéreas em território estrangeiro, nas condições
do nº 2 do mesmo artº (parte final), pois, a lei só fala em navios.
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território nacional. O problema tem importância nos caos em que a actividade criminosa, em
termos naturalístico, se prolonga por mais do que um lugar de mais do que um país. 4
Pode acontecer que a actividade criminosa ocorra num país e o evento ou resultado se
venha a verificar noutro país.
Muitas soluções são possíveis. Umas radicam ma acção, outras no evento, outras no
interesse ofendido e outras ainda, na combinação da acção com o evento.
4
Art-46º do Código de Processo Penal. Se a infracção se praticou só em parte em território nacional, será
competente para conhecer dela o tribunal angolano em cuja área se praticou o último facto de consumação,
execução, preparação ou comparticipação, que seja punível pela lei angolana.
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No exemplo dado, o lugar da infracção seria Angola para a doutrina da actividade, o
Zaire para a doutrina do interesse, e Congo para a doutrina do evento e, tanto Angola como o
Congo, para a doutrina da ubiquidade.
Não seria razoável outra solução. Produzindo-se o resultado, deixa de haver diferença
entre crimes formais e crimes materiais ou de evento.5
Só que, pela aplicação da doutrina da ubiquidade, pode suceder que o infractor seja
punido em mais do que um país, dando origem a uma punição dupla, contrariando, assim, o
princípio penal e de processo penal (non bis in idem). E esse resultado tem de ser enviado.
5
Apontamentos de Direito Penal de Orlando Rodrigues. Escola editora. 2014. Luanda
julgado, não tenha cumprido ou não tenha cumprido totalmente a pena. Tais preceitos têm de
ser alvo de um processo de interpretação extensiva para abrangerem na sua letra as hipóteses
em que o lugar do crime se situa tanto em território angolano, como em território estrangeiro,
por força do princípio da ubiquidade.
A razão de ser, em ambos os casos é a mesma: evitar a violação da regra (non bis in
idem).
A lei penal angolana é aplicável aos crimes cometidos por angolanos e estrangeiros, em
país estrangeiro, contra a segurança interior ou exterior do Estado, de falsificação de selos
públicos, de moedas angolanas, de papéis de créditos públicos, de notas do Banco Nacional,
não tendo os criminosos sido julgados no país onde delinquiram. E a consideração da
importância dos valores enumerados no n.3 do art-53º que impõe a sua defesa mesmo fora dos
limites ds fronteiras do país.
O n.4 do art-53º estabelece uma difere,ça de regime, no que se refere a infractores não
nacionais. Para que se aplique a lei penal angolana a estrangeiros é necessário:
Isso significa que não podem ser julgados à revelia, através do processo de ausentes.
Os nacionais, estejam ou não em território nacional podem ser julgados por tribunais
angolanos, aplicando-se-lhes a lei penal angolana.
Presume a lei que os nacionais, dados os vínculos que têm com o seu país, a ele
regressem, mais cedo ou mais tarde.
Pese embora a letra do m-4 do art-53º tenham sido julgados no país onde delinquiram (por
igualdade ou até por maioria de razão).
Outra diferença resulta do n.3 do art-53º que limita, aos delinquentes nacionais a sua
regulamentação, excluindo os estrangeiros. Só o infractor nacional condenado no estrangeiro,
que se subtraiu total ou parcialmente ao cumprimento da pena é que pode ser de novo julgado
em Angola, pela lei penal angolana.
Com a Lei nº 4/77, de 25 de Fevereiro – Lei sobre a Prevenção e repressão dos Crime de
Mercenarismo- introduziu-se uma significativa correcção ao regime estabelecido nos nº 3 e 4
do art-53º do CP, pois,tal lei prevê a possibilidade, de ao infractor ser aplicada a lei penal
angolana por tribunal angolano, independentemente da comparência do criminoso, em
território nacional. Pode ser julgado mesmo estando ausente, à revelia, e de harmonia com as
regras especiais do processo de ausentes. Assim, a Lei nº 4/77, amplia o alcance do nº 4 do
art-53º do CP.
A lei penal angolana, aplica-se a qualquer outro crime dos não compreendido no nº3
do art-53º do CP, cometido por cidadão angolano, em país estrangeiro, desde que se
verifiquem os seguintes requisitos:
Os nacionais não são extraditados, pelo que, a tendência é refugiarem-se no seu país
de origem. Se não fossem aí julgados, o crime ficaria em impune. Entende-se, porem que é
razoável não se iniciar a perseguição penal antes do seu regresso, até porque o mais provável
é ele ser julgado e punido no lugar onde cometeu o crime.
Finalmente, o terceiro requisito está ligado ao princípio (non bis in idem). Julgar de
novo um criminoso, que já tenha sido julgado no país em que cometeu o crime, seria ofender
o referido princípio. Só não é assim, se o criminoso foi julgado e condenado no país em que
cometeu o crime, mas não cumpriu a pena ou não cumpriu totalmente, pois, nesse caso, como
já vimos, é julgado de novo no seu país, apenas levando em conta a pena já sofrida.
O princípio é, no entanto, acolhido pelo art-3º da Lei 4/77, segundo o qual, comete o
crime de mercenarismo, o cidadão angolano que, visando atentar contra a soberania e a
integridade territorial de um país estrangeiro ou contra a auto-determinação de um povo,
recrutar, organizar, financiar ou empregar mercenários, ainda que o faça em território
estrangeiro.
O princípio universalista foi também acolhido pela Lei 7/78, de 26 de Maio cujo art-
15º, no ser n.4º faz referência ao crime de pirataria cometido no mar ou no ar livres o que não
deixa dúvida sobre o reconhecimento do princípio universalista, por parte da citada Lei 7/78.
A lei angolana aplica-se, pois, aos crimes de pirataria, ainda que eles não tenham sido
cometidos em território nacional.
Os efeitos que uma sentença estrangeira, reconhecida, produz em Angola, são efeitos
próprios do caso julgado.
Mas mesmo assim, só no caso de os crimes não terem sido cometidos, em território
nacional.
Por outro lado, essa eficácia de caso julgado, quanto a delinquentes nacionais, fica
ainda dependente do cumprimento da pena, doe acordo com o n.3 do art-53º. Se a pena não
for cumprida ou não o for totalmente, opera-se a resolução do caso julgado e o processo pode
ser renovado.
/4.5 EXTRADIÇÃO
A extradição é activa do lado do Estado que a pode e é passiva do lado do Estado que
a concede.
O Estado que tem interesse em fazer cumprir a pena aplicada pelos seus tribunais a um
nacional que se refugiou noutro Estado ou que o quer julgar, formula o pedido de extradição
por via diplomática.
Em Angola não há lei que regula a extradição, mas isso não significa que não possa
ser concedida.
A lei penal no espaço, cuida do lugar onde o crime é praticado, servindo como
parâmetro para solucionar situações em que um crime inicia sua execução em um
determinado território e a consumação dar-se em outro.
A lei penal e sua aplicação no espaço também engloba a soberania nacional e sua
imposição em relação aos atos praticados em detrimento de sua autoridade, razão pela qual
adota tanto a territorialidade, como a extraterritorialidade em casos específicos.
O novo Código Penal Angolano, faz menção da aplicação da lei penal no espaço no
seu art-4º “A Lei Penal Angolana é aplicável a factos total ou parcialmente praticados em
território angolano ou a bordo de navios ou aeronaves de matrícula ou sob pavilhão
angolanos, independentemente da nacionalidade do agente, salvo convenção ou trabalho
internacional em contrário.”
A passo que o novo Código de Processo Penal Angolano, faz menção da aplicação da lei
penal no espaço no ser art-5º. nº1 “A Lei Processual Penal é aplicável em todo o território
nacional.” nº2 “Fora do território nacional, a Lei Processual Penal só é aplicável nos limites
definidos pelo direito internacional e pelos acordos, tratados e convenções internacionais de
que Angola é parte.”
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BIBLIOGRÁFIA
1. Código Penal Angolano
3. https://ambitojurídico.com.br/
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