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Disciplina: Fundamentos da Educação a Distância

Autores: D.r Roberto José Medeiros Junior

Revisão de Conteúdos: Thiago Costa Campos

Revisão Ortográfica: Esp. Murillo Hochuli Castex

Ano: 2019

Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas


páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de
Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em
cobrança de direitos autorais.

1
Roberto José Medeiros Junior

Fundamentos da Educação a
Distância
1ª Edição

2019

Curitiba, PR

Editora São Braz

2
Editora São Braz
Rua Cláudio Chatagnier, 112
Curitiba – Paraná – 82520-590
Fone: (41) 3123-9000

Coordenador Técnico Editorial


Marcelo Alvino da Silva

Revisão de Conteúdos
Thiago Costa Campos

Revisão Ortográfica
Murillo Hochuli Castex

Desenvolvimento Iconográfico
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério

FICHA CATALOGRÁFICA

MEDEIROS JUNIOR, Roberto José.


Fundamentos da Educação a Distância / Roberto José Medeiros Junior. –
Curitiba: Editora São Braz, 2019.
33 p.
ISBN: 978-85-5475-357-3
1.Acessibilidade. 2. Inclusão. 3. Tecnologia.
Material didático da disciplina de Fundamentos da Educação a Distância –
Faculdade São Braz (FSB), 2019.

Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870

3
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO

Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz!

Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier,


nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão
Universitária.
A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas
também brasileiros conscientes de sua cidadania.
Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e
grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e
estudantes.

Bons estudos e conte sempre conosco!


Faculdade São Braz

4
Sumário
Prefácio ................................................................................................................. 06
Aula 1 – A modalidade de ensino em Educação a Distância .................................. 07
Apresentação da aula 1 ......................................................................................... 07
1.1 A disseminação do Ensino a Distância ...................................................... 07
1.2 Bases da Educação a Distância ................................................................ 09
Conclusão da aula 1 .............................................................................................. 12
Aula 2 – História da Educação a Distância no Brasil .............................................. 13
Apresentação da aula 2 ......................................................................................... 13
2.1 Histórico da Educação a Distância no Brasil ............................................. 13
Conclusão da aula 2 .............................................................................................. 17
Aula 3 – Legislação da Educação a Distância no Brasil ......................................... 18
Apresentação da aula 3 ......................................................................................... 18
3.1 Processo de Regulamentação da Educação a Distância .......................... 18
Conclusão da aula 3 .............................................................................................. 22
Aula 4 – As Tecnologias da Informação e Comunicação ....................................... 23
Apresentação da aula 4 ......................................................................................... 23
4.1 A Tecnologia e a Educação a Distância .................................................... 23
4.2 Recursos de Aprendizagem e Mecanismos Complementares .................. 27
Conclusão da aula 4 .............................................................................................. 30
Referências ........................................................................................................... 32

5
Prefácio

Este material didático foi organizado com o objetivo de oferecer subsídios


que possam auxiliá-lo no desenvolvimento das suas atividades acadêmicas na
disciplina de Fundamentos da Educação a Distância, cujas diretrizes
metodológicas estão em conformidade com a proposta pedagógica dos cursos
da Faculdade São Braz na modalidade a Distância.
Nesta disciplina, você participará da discussão sobre o papel do tutor
presencial e do perfil do aluno a distância e conhecerá a história da Educação a
Distância (EaD), no Brasil e no mundo.
Durante o estudo dos temas abordados neste material, serão realizados
questionamentos que levarão você a refletir, a buscar soluções e, até mesmo, a
reformular conhecimentos. Eles cumprem um papel decisivo no processo de
autoavaliação, portanto, é interessante que você reserve um lugar adequado,
sem interferências externas, que permita registrar o seu pensamento e suas
ideias, de forma a organizar uma agenda de seus estudos.
É importante ressaltar que o conteúdo deste curso é imprescindível às
suas atividades de aprendizagem e as informações nele contidas vão ajudá-lo a
realizar um estudo eficiente e produtivo.

Tenha um bom estudo!

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Aula 1 – A modalidade de ensino da Educação a Distância

Apresentação da aula 1

Olá, estudante! Seja bem-vindo à nossa primeira aula da disciplina


Fundamentos da Educação a Distância (EaD). Nesta aula, você conhecerá a
teoria que fundamenta a inserção da Educação a Distância no currículo brasileiro
e saberá qual o seu papel e quais ações/atitudes deve realizar ao frequentar um
curso na modalidade a distância.
Vamos lá?

1.1 A disseminação do Ensino a Distância

Destacar a Educação a Distância como um modal de ensino, e não como


uma tecnologia educacional, é não só ressaltar esse tipo de educação, que vem
ocupando um lugar de destaque na educação brasileira, mas também a definir
metodologicamente como uma modalidade de ensino adequada a um
determinado perfil de estudante.

Educação a Distância
Fonte: © Flickr (2018)

Vocabulário

Modal: relativo a modo, modalidade, maneira própria de fazer alguma coisa.

A escolha pela modalidade de Educação a Distância (poderíamos


inclusive ressignificar a Educação a Distância como sendo Formação a

7
Distância), geralmente é feita por quem tem menos tempo disponível para sua
formação profissional, por causa do trabalho, e opta por uma modalidade de
educação que tenha menor carga horária presencial.
Outra resposta, oportuna no momento atual em que as faculdades e
universidades vivem amplamente o sentido de universalização do conhecimento,
seria que a oferta de algumas graduações, como a de tecnólogo e de cursos
técnicos, só existe na modalidade a distância.
A acelerada propagação da educação a distância no Brasil e no Mundo,
chamada daqui em diante de EaD, é consequência do desenvolvimento
tecnológico e do maior acesso da população à internet de banda larga.
É importante observar que a tecnologia não é determinante, nem
socialmente neutra ou fora de qualquer contexto histórico e social, longe disso,
contudo, essa questão será tratada mais adiante.
Os estudos de Ciência, Tecnologia e Sociedade (acrônimo CTS) e a
explosão informacional que o mundo viveu nos últimos anos, com o advento da
internet, deveriam ser amplamente explorados nos estudos de Educação a
Distância, mas, devido ao formato do presente material, enumeraremos o que
lhe cabe como essencial.
Na concepção de Gaspar (2001, p. 70), a Educação a Distância é:

Uma estratégia centrada na aprendizagem que ocorre de métodos e


meios adequados para que ela se realize efetivamente, com o
pressuposto de que o aprendente não está face ao ensinante. Exige,
portanto, controle apertado que se pode resumir a três grandes funções
processuais: tutoria, supervisão do processo de aprendizagem,
avaliação do progresso e do resultado dessa aprendizagem.

Vocabulário

Acrônimo: palavra formada pela junção das primeiras letras ou sílabas iniciais
de um grupo de palavras ou de uma expressão.

Ainda segundo a autora, essa metodologia de ensino centra o processo


educativo no aluno, logo, o núcleo central está na aprendizagem realizada pelo
próprio aprendente, apoiada nos materiais de ensino e no controle e avaliação
dessa aprendizagem (GASPAR, 2001, p. 70).

8
Para Moran (2006), a educação a distância é mais do que um processo
de ensino e aprendizagem mediado por tecnologias, no qual professores e
estudantes estão separados espacial e/ou temporalmente, ela estaria mais
fortemente ligada a questões de diferenciação do espaço e do tempo em que
aprendentes e conteudistas estão organizados.

Vocabulário

Conteudista: designado também como especialista, é o profissional que


domina o assunto de uma disciplina ou curso, sendo o autor do conteúdo
técnico de uma obra.

1.2 Bases da Educação a Distância

Tomando como base as definições de Keegan (1996), vamos ressaltar e


desenvolver a temática da EaD, apontando as suas características e elementos-
chave:

 Na EaD existe um tipo de separação física entre professor e aluno


durante quase todo o processo educativo: de fato, a diferença crucial
em todo o processo de formação do indivíduo na educação a distância é
a ausência do contato presencial com o professor da disciplina. Um
desafio para quem estuda na modalidade de educação a distância é o de
se acostumar à ausência física de um professor entrando em sala.
Contudo, essa questão é superada por meio da fala e dos gestos do
professor durante as videoaulas;

Vocabulário

Videoaula: aula gravada em vídeo.

9
 A separação do aluno de um grupo de aprendizado: a sala de aula
prevê não apenas a presença física de um professor, mas também a de
um grupo de colegas. Nos parece ser tradicional a formação de grupos de
interesse mútuo e cooperativista no ensino presencial, até porque neste
tipo de ensino a carga horária destinada à presença física dos estudantes
durante os períodos do curso é semanal, por vezes diuturna, o que leva
a uma série de ações que estabelecem a obrigatoriedade da presença
física em 75% em relação à carga horária semanal da disciplina, para
frequentar o curso. Na EaD, o estudante está presencialmente em sala de
aula apenas uma vez por semana, nos dias restantes, a comunicação e o
acesso às informações necessárias para a realização das atividades são
realizados por meio de um computador ou canal de satélite, em casa, no
trabalho ou em outros lugares, cumprindo, assim, legalmente, a mesma
carga horária dos cursos presenciais;

Vocabulário

Diuturna: que se prolonga no tempo; extensa; longa.

 A participação de uma organização educacional, mediante o


planejamento, a sistematização, o plano, o projeto e a organização
dirigida: na EaD, tanto quanto em qualquer outra Instituição de Ensino
Superior (IES), a qualidade do ensino depende diretamente do
envolvimento da gestão acadêmica em todos os processos. O que chama
a atenção é que na EaD as IES têm como prerrogativa legal a organização
acadêmica em ambientes virtuais e também na estrutura física dos polos
de atendimento. Como comparação, podemos dizer que na EaD a
estrutura dos bastidores acaba sendo menos visível e mais estruturada
pela gestão, uma vez que todos os processos de atendimento aos alunos
são conduzidos e decididos para atender à demanda dos alunos em
diferentes polos e estruturas acadêmicas;

10
 O uso de várias tecnologias e mídias para a distribuição do conteúdo
do curso: outro fato relevante é a presença de diferentes mídias para
disponibilizar conteúdos aos alunos. A distância é o fator que determina o
acesso ao conteúdo, às mídias, estas aqui definidas como qualquer meio
digital que possa ser compartilhado via internet e dependem de diferentes
plataformas que disponibilizam o acesso, mesmo que a banda seja de
baixa velocidade. É fato que um arquivo com a extensão .pdf (da sigla,
em inglês, portable document file) pode ser menor em quantidade de
kbytes(kb) do que o mesmo arquivo com a extensão .doc (uma
abreviação, em inglês, de document – documento, em português). Porém,
pode ser menor, porque a informação (a mídia em EaD) será
compartilhada em uma plataforma que pode, ou não, suportar
determinada extensão de arquivo.

A comunicação é uma “mão dupla”, ou seja, permite que o aluno também


possa iniciar um diálogo com o professor.
Em linhas anteriores, destacamos que, na EaD, a distância faz com que
os processos de comunicação entre o professor-autor e o estudante sejam
virtuais e assíncronos, isto é, não síncronos, uma vez que eles não estão
presentes no mesmo tempo em que decorre a ação educativa.
Porém, em uma plataforma que estabeleça o acesso dos alunos via chat
(contração da sigla Internet Relay Chat – IRC, bate-papo, em português) existe
a possibilidade de interação síncrona.

Vocabulário

Assíncrono: que não ocorre ou não se efetiva ao mesmo tempo. Diz-se que a
educação é assíncrona quando o professor leciona e o aluno estuda em
momentos diferentes.
Síncrona: que acontece ao mesmo tempo; simultânea; coincidente. Diz-se que
a educação é síncrona quando o professor leciona e o aluno estuda no mesmo
momento.

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Garcia Aretio (1996) assinala como funções da EaD:

 A democratização do acesso ao conhecimento;


 A fomentação de uma educação permanente e de aperfeiçoamento
profissional;
 A possibilidade de uma aprendizagem autônoma, ligada à experiência,
com redução dos custos;
 A implantação de educação de qualidade.

Uma das diretrizes da Educação a Distância é a democratização e o


acesso ao saber escolarizado para atender à demanda, pelo acesso à formação
de ensino superior e profissionalizante.
A EaD, conforme veremos nas próximas aulas, é uma forma eficaz de
superação dos processos de exclusão social.

Conclusão da aula 1

Como você viu nessa aula, a EaD é considerada um importante recurso


para atender contingentes maiores de estudantes, de forma mais efetiva que
outras modalidades de ensino e sem o risco de reduzir a qualidade dos serviços
oferecidos em decorrência da ampliação dos alunos a serem atendidos.

Atividades de Aprendizagem

1. De acordo com as características da EaD referidas por Keegan, elabore um


texto dissertativo (de oito linhas), apontando quais os desafios que o seu curso
apresenta e as estratégias a serem utilizadas para sua superação.

2. A rápida difusão da Educação a Distância é consequência do


desenvolvimento tecnológico e da explosão informacional que o mundo viveu
nos últimos anos. Partindo dessa afirmação, elabore um mapa conceitual do
avanço tecnológico da comunicação, ocorrido no espaço de 100 anos (mais
ou menos duas gerações da tecnologia), e do seu uso doméstico.

12
Aula 2 – História da Educação a Distância no Brasil

Apresentação da aula 2

Olá, estudante! Seja bem-vindo à nossa segunda aula da disciplina


Fundamentos da Educação a Distância (EaD). Nesta aula, será abordada a linha
temporal dos fatos ocorridos em relação à EaD, no Brasil, e a maneira como a
disciplina se consolidou como política pública de acesso à educação de ensino
superior e profissionalizante.
Vamos lá?

2.1 Histórico da Educação a Distância no Brasil

O avanço tecnológico possibilitou o uso de mídias interativas, via cabo de


rede ou Wi-fi, no computador e, mais recentemente, nos celulares. Contudo, nem
sempre foi assim, pois a internet brasileira deu os primeiros passos no final da
década de 1980, no entanto só começou a ser acessada em 1996 (OLIVEIRA,
2011).
Pensar em Educação a Distância, seria o mesmo que pensar em
atravessar rios, pontes, estradas, para levar “saberes” produzidos nas
universidades para alunos distantes geograficamente. Com o advento do acesso
à internet no Brasil, foi possível instantaneamente diminuir distâncias e modificar
a velocidade do acesso à informação.
É fato que a internet oportuniza um contato em tempo real entre alunos e
professores, mesmo que distantes geograficamente. A interatividade conseguida
por meio dos recursos de multimídia ocasionou uma revolução, há poucas
décadas inimaginável, capaz de, dependendo do tipo de mídia utilizada,
promover as condições necessárias à simulação de um ensino presencial virtual,
como é o caso da videoaula.
Toda essa revolução provocou mudanças estruturais no processo de
ensino e aprendizagem, pois a mídia não será mais vista apenas como um
recurso, mas, sobretudo, como um instrumento de acesso ao conhecimento.

13
Assim, a informação passa a estar disponível para todos, por meio da
internet, do sinal digital da televisão, de revistas eletrônicas com acesso livre em
diferentes plataformas, desde a mais imediata, como é o caso do celular via
tecnologia mobile, até os tablets e computadores integrados, via rede
cooperativa.

Utilização de mídias interativas


Fonte: © Wikimedia Commons (2018)

Segundo Moore e Kearsley (2008), a Educação a Distância no Brasil não


existiu apenas na época da 1ª geração da internet. Outros meios “tecnológicos”,
anteriores ao uso da conexão via internet, já foram utilizados para diminuir
distâncias e ofertar cursos não presenciais de formação profissional.
Em 1880, toda informação era disponibilizada integralmente pela via
impressa (jornal) e distribuída pelos correios, constituindo a chamada 1ª geração
da EaD. Na Educação, os cursos técnicos de curta duração eram voltados
exclusivamente para a educação profissional e destinavam-se a alunos
desfavorecidos socialmente, oferecendo guias de estudo e de autoavaliação e
material apostilado, que era entregue nas residências, via Correios.
Na 2ª geração da EaD, apesar da radiodifusão ser novidade no Brasil,
em 1921 já existia acesso à formação profissional com cursos de português,
francês, silvicultura, literatura francesa, via rádio, em 1923 (MAIA & MATTAR,
2007).
Ainda sobre o rádio, o Instituto Monitor oferecia, e ainda oferece, cursos
profissionalizantes que, nessa época (1939), eram transmitidos na rádio e
enviados via correio.

14
O Instituto Universal Brasileiro foi fundado em 1941 e foi a segunda
escola a distância a ser fundada no Brasil. Com o tempo, veio a se tornar a maior
escola do gênero no país, durante os anos de 1960 até 1980 e ainda está ativa
no mercado.
Em 1947, surge a nova Universidade do Ar, patrocinada pelo Serviço
Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), Serviço Social do Comércio
(SESC) e emissoras associadas. O objetivo era oferecer cursos comerciais
radiofônicos. Os alunos estudavam nas apostilas e corrigiam os exercícios com
o auxílio dos monitores.
A 3ª geração da EaD brasileira consistiu nesse salto qualitativo da rádio
para a TV aberta.
Do ponto de vista comercial, a televisão no Brasil teve seu auge no início
da década de 1950, tendo sido inaugurada, em 18 de setembro de 1950, por
Assis Chateaubriand, fundador do primeiro canal de televisão no país, a TV Tupi,
em São Paulo. Em 1951, entra no ar a TV Tupi, no Rio de Janeiro.

Vinheta da Rede Tupi de Televisão


Fonte: © WikimediaCommons (2018)

Aproveitando esse início promissor, mesmo que 20 anos depois, surge,


em 1974, o Instituto Padre Reus e iniciam, na TV Ceará, os cursos das antigas
5ª à 8ª séries (hoje do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental), com material
televisivo, impresso e monitores, muito semelhante à estrutura didática que
temos atualmente na EaD, que conta com a presença dos tutores e do design
instrucional.
Em 1976, é criado o Sistema Nacional de Teleducação, com cursos
ministrados por meio de material instrucional.
Porém, ainda faltava um elemento-chave do processo de implementação
da EaD no Brasil, o qual chamaremos de 4ª geração da EaD: a transmissão de
conteúdos em tempo real (modo síncrono de transmissão de conteúdos virtuais),

15
iniciada na década de 1980 com as transmissões por teleconferência, que
utilizavam áudio e vídeo em tempo real.

Vocabulário

Teleconferência: realização de conferência com o recurso a aparelhos de


telecomunicação, na qual os participantes não precisam estar presentes fisicamente
para se conectarem.

Tecnologia utilizada em videoconferência


Fonte: © wikimedia Commons (2018)

Em 1991, teve início o programa Jornal da Educação: edição do professor,


concebido e produzido pela Fundação Roquete-Pinto, reeditado, em 1995, com
a designação Um salto para o Futuro foi incorporado à TV Escola (canal
educativo da Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação),
tornando-se um marco na Educação a Distância nacional.
Aqui, é importante destacar que a preocupação com a formação
continuada dos professores é um assunto recente na educação brasileira e tem,
na figura do “programa” televisivo, a formação continuada e o aperfeiçoamento
dos professores, principalmente do Ensino Fundamental e dos alunos do curso
de Magistério.
Com a popularização dos computadores pessoais (PC, sigla em Inglês
Personal Computer) de 1ª geração, com acesso à internet discada, demarcamos
a linha temporal dos fatos históricos da EaD ocorridos em cinco gerações.
A 5ª geração da EaD, iniciada nos anos de 2000, é a atual geração da
internet, na qual estão baseados os cursos em EaD, em que as aulas são virtuais
e se realizam com recurso ao computador e à internet, a qual conta com a

16
existência de polos de apoio EaD, que têm acesso à internet banda larga e com
modelos eficazes de gestão de ensino e de conteúdo acadêmico.
Nessa interface, os alunos planejam, organizam e realizam seus estudos
por si próprios, lançando mão do método construtivista de aprendizado, em
colaboração com a instituição que oferta o curso e o apoio metodológico do tutor,
em modo cooperativo, no ambiente virtual de aprendizagem (AVA).

Curiosidades

Na Suécia em 1829 é inaugurado o Instituto Líber Hermondes.


No Reino Unido, em 1840, é inaugurada a primeira escola por correspondência,
a Faculdade Sir Isaac Pitman.
Em 1922, a antiga União Soviética organizou um sistema de ensino por
correspondência que em dois anos passou a atender 350 mil usuários.

Vocabulário

Interface: elemento que proporciona uma ligação física ou lógica entre dois
sistemas ou partes de um sistema que não poderiam ser conectados
diretamente.

Construtivista: segundo Piaget, construtivismo é a ideia de que nada, a rigor,


está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado,
em nenhuma instância, como algo terminado. Pelo contrário, ele se constitui
pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo
humano, com o mundo das relações sociais, constituindo-se por força de sua
ação, e não por qualquer dotação prévia.

Ambiente virtual de aprendizagem: é um local virtual onde são


disponibilizadas ferramentas que permitem o acesso a um curso ou disciplina,
bem como a interação entre os alunos, professores e tutores envolvidos no
processo de ensino e aprendizagem.

Conclusão da aula 2

Nesta aula, você conheceu as principais terminologias em Educação a


Distância, sua conveniência e os fatos históricos que estavam ocorrendo no país,

17
ao mesmo tempo que a EaD se tornava importante no contexto da educação
brasileira, bem como a relevância dessa modalidade de ensino para a formação
do estudante nos cursos técnicos, de tecnologia e bacharelado.

Atividades de Aprendizagem

1. Escolha uma ferramenta de criação de linha temporal de fatos históricos


(utilize, por exemplo, o obtido no site: <http://timeglider.com/> ou um arquivo
editável do Microsoft Word com fluxogramas). Elabore uma linha do tempo
com quatro fatos históricos que estavam ocorrendo no Brasil ao mesmo
tempo em que a Educação a Distância se consolidava na educação brasileira.

2. A partir do ano de 2002, surgiram novas tecnologias (smartphones, tablets,


e-books etc.), que possibilitaram a realização de cursos online. De acordo com
essa afirmação, elabore um pequeno texto, de no máximo 1 lauda,
apresentando seus argumentos em relação à tendência atual de crescimento
da oferta e da demanda por cursos em EaD.

Aula 3 – Legislação da Educação a Distância no Brasil

Apresentação da aula 3

Olá, estudante! Seja bem-vindo à terceira aula da disciplina Fundamentos


da Educação a Distância. Nesta aula, você conhecerá a legislação da Educação
a Distância (EaD), abrangendo leis, decretos, portarias e resoluções, que
estabelecem normas de funcionamento dos cursos de formação superior,
técnica e tecnológica nas IES (Instituições de Ensino Superior) brasileiras.
Vamos lá?

3.1 Processo de regulamentação da Educação a Distância

No que se refere ao contexto histórico das políticas públicas em EaD,


apresentaremos, a seguir, as cinco ações mais relevantes de interesse

18
institucional e do docente para o cumprimento dos aspectos legais inerentes à
criação e manutenção de cursos em EaD:
Em 1996, é criada a Secretaria de Educação a Distância (SEED), pelo
Ministério da Educação, dentro de uma política que privilegia a democratização
e a qualidade da educação brasileira.
É também nesse ano que a Educação a Distância surge oficialmente no
Brasil, sendo as bases legais para essa modalidade de educação estabelecidas
pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB n. 9.394, de 20 de
dezembro de 1996.
Nesse documento, encontramos as diretrizes de Educação a Distância:

Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação


de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades
de ensino, e de educação continuada.
§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime
especiais, será oferecida por instituições especificamente
credenciadas pela União.
§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames
e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância.
§ 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de
educação a distância e a autorização para sua implementação,
caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver
cooperação e integração entre os diferentes sistemas.
§ 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que
incluirá:
I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de
radiodifusão sonora e de sons e imagens;
II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;
III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos
concessionários de canais comerciais. [grifos do autor]. (BRASIL,
1996).

A esse respeito, cabe mencionar que o incentivo a essa modalidade de


Educação a Distância aparece na referida lei referenciada como diretriz básica
para as Instituições de Ensino e conta com o apoio do Ministério da Educação e
das redes de transmissão televisivas via satélite.
Desde a criação da lei, tal incentivo foi traduzido e colocado em prática
mediante a transmissão, via satélite, das aulas ao vivo aos polos presenciais de
Educação a Distância.
Para se ter uma noção da importância do acesso às telecomunicações
para a transmissão das aulas, o Brasil tem 26 satélites em órbita, sendo que 18
deles são exclusivos para telecomunicações (BRASIL, 2019).

19
Após a criação da LDB de 1996, a oferta de cursos de Educação à
Distância tem registrado um número crescente de matrículas, proporcional ao
aumento do número de residências brasileiras com acesso à internet.
Outro parâmetro importante é observar que o número de residências com
acesso à internet no Brasil é igual a 36,7 milhões de casas. Este dado foi obtido
e divulgado, em 2016, pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil.
Esse dado é importante porque revela a função social que o acesso à
informação cumpre e que pode ser democratizado com o apoio institucional das
IES. Esse processo de inserção do social na tecnologia e a não neutralidade da
Ciência e da Tecnologia são referidos no contexto do acesso à informação,
quando mencionamos os estudos em CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade).
Um ponto essencial da democratização do acesso da sociedade ao
conhecimento foi a rápida oferta dos tradicionais cursos presenciais de
bacharelado, licenciaturas, técnicos e tecnólogos, por parte das instituições que
ofertam essas vagas, em uma modalidade que não exige a presença física
exclusiva do estudante durante o curso.
A regulamentação da EaD, que seguiu a Lei de Diretrizes e Bases Lei n.
9.394/1996, se materializou nos Decretos n. 2.494, de 10 de fevereiro de 1998,
e n. 2.561, de 27 de abril de 1998, os quais alteraram a redação dos artigos 11
e 12.
É, portanto, no texto do Decreto n. 2.494, de 20 de dezembro de 1996,
que se redefine a Educação a Distância como:

[...] uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a


mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados,
apresentados em diferentes suportes de informação, utilizada
isoladamente ou combinada, e vinculada pelos diversos meios de
comunicação. (BRASIL, 1996).

De 1998 até o início do ano de 2005, não ocorreu qualquer alteração na


legislação referente à EaD, já que o projeto estava tramitando na Câmara e,
entre outras deliberações, discutia-se, em âmbito acadêmico, a validade dos
cursos realizados na modalidade a distância pelas universidades detentoras do
saber elitizado.
Fruto das discussões relativas ao tema Educação a Distância no Brasil, o
Decreto n. 5.622, de 19 de dezembro de 2005, que regulamenta o art. 80 da Lei

20
n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a qual fixa as diretrizes e bases da
educação nacional, de 27 de abril de 1998 (que revogou os Decretos n. 2.494,
de 10/02/98, e n. 2.561), determina:

Art. 1º Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a


distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-
pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a
utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com
estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em
lugares ou tempos diversos.
§ 1º A educação a distância organiza-se segundo metodologia, gestão
e avaliação peculiares, para as quais deverá estar prevista a
obrigatoriedade de momentos presenciais para:
I - avaliações de estudantes;
II - estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinente;
III - defesa de trabalhos de conclusão de curso, quando previstos na
legislação pertinente; e
IV - atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o caso
(BRASIL, 2005, grifos do autor).

Em 2006, entra em vigor o Decreto n. 5.773, de 09 de maio de 2006, que


dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de
instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e
sequenciais no sistema federal de ensino, incluindo os da modalidade a distância
(BRASIL, 2006).
No ano de 2007, entra em vigor o Decreto n. 6.303, de 12 de dezembro
de 2007, alterando dispositivos do Decreto n. 5.622, que estabelece as Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 2007).
A Portaria Normativa n. 11, de 20 de junho de 2017, define o polo EaD e
determina a estrutura básica de atendimento de uma IES que oferta cursos na
modalidade a distância e dá outras instruções:

Art. 10 - O polo de EaD é a unidade acadêmica e operacional


descentralizada, no país ou no exterior, para o desenvolvimento de
atividades presenciais relativas aos cursos superiores a distância.

Parágrafo único - É vedada a oferta de cursos superiores presenciais


em instalações de polo EaD que não sejam unidades acadêmicas
presenciais devidamente credenciadas” (BRASIL, 2017, grifos do
autor).

Reforçando a importância da estrutura física de um polo EaD, como sendo


a estrutura-base de uma IES na oferta de cursos a distância, a referida portaria,
em seu artigo 11, enumera os itens fundamentais à estrutura que o polo de apoio
presencial precisa apresentar, para sua constituição:

21
Art. 11 - O polo EaD deverá apresentar identificação inequívoca da IES
responsável pela oferta dos cursos, manter infraestrutura física,
tecnológica e de pessoal adequada ao projeto pedagógico dos cursos
a ele vinculados, ao quantitativo de estudantes matriculados e à
legislação específica, para a realização das atividades presenciais,
especialmente:
I - salas de aula ou auditório;
II - laboratório de informática;
III - laboratórios específicos presenciais ou virtuais;
IV - sala de tutoria;
V - ambiente para apoio técnico-administrativo;
VI - acervo físico ou digital de bibliografias básica e complementar;
VII - recursos de Tecnologias de Informação e Comunicação -TIC; e
VIII - organização dos conteúdos digitais (BRASIL, 2017).

O marcante é que o conceito de EaD prevê a diminuição da distância entre


o aluno e o professor pela via virtual (tanto em ações síncronas e assíncronas),
mas deixa claro que existem atividades que exigem a presença do estudante em
sala de aula para o desenvolvimento de atividades e avaliações do curso, ou
seja, no Brasil nenhum curso em EaD é 100% virtual.
A presença dos tutores no polo presencial depende, então, da existência
de uma sala de tutoria, que deve ser um lugar apropriado para a orientação e o
treinamento desses professores-tutores para exercerem sua função de
mediadores dos processos de ensino e aprendizagem da EaD.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


Fonte: ©Flickr (2018)

Conclusão da aula 3

Nessa aula, você tomou conhecimento da legislação em EaD, sobretudo


da LDB de 1996 e das constantes alterações de redação na legislação brasileira

22
no tocante à Educação a Distância, a qual regulamenta as instituições de
educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais na
modalidade a distância.

Atividades de Aprendizagem

1. Imagine que você, estudante, é gestor de uma IES e, diante da


crescente demanda por cursos a distância, resolve ofertar dois cursos
presenciais de bacharelado na modalidade a distância (EaD). Redija um texto
enumerando as etapas legais exigidas para a efetivação da oferta desses
cursos.

2. Descreva duas ou mais contribuições que considera relevantes para


o novo panorama da EaD no Brasil.

Aula 4 – As Tecnologias de Informação e Comunicação

Apresentação da aula 4

Olá, estudante! Bem-vindo à nossa quarta aula da disciplina Fundamentos


da Educação a Distância (EaD). Nela, você verá os diferentes tipos de
tecnologias de informação e comunicação − TICs (as “novas” tecnologias) e as
ferramentas específicas de comunicação a distância adequadas à modalidade
de ensino a distância.
Vamos lá?

4.1 A Tecnologia e a Educação a Distância

Apresentaremos uma breve discussão sobre o que é tecnologia.


O termo Tecnologia, que provém do grego tekhne  "técnica, arte, ofício"
mais o sufixo logia "estudo", é fruto do esforço da ciência e da engenharia e
envolve um conjunto de instrumentos, métodos e técnicas que têm como objetivo

23
a resolução de problemas nas mais diversas áreas de interesse humano. É uma
aplicação prática do conhecimento científico em diversas áreas de observação.
Na linha temporal clássica dos fatos históricos, o desenvolvimento de
diferentes técnicas (mesmo que consideradas tecnologias primitivas ou
clássicas) envolve a descoberta, isto é, a heurística (do grego heuritiko, que
significa descobrir), para se adquirir e se apropriar de algo novo e mais
“moderno” em relação às anteriores. Em tecnologia, é natural que se abandone
determinado tipo de dispositivo, com a justificativa de que existe algo novo
disponível para substituí-lo.
De modo simplista, dizemos que a invenção do fogo na alimentação
substituiu o consumo de alimentos crus, a invenção da roda substituiu o uso de
objetos cilíndricos para transporte e a escrita substituiu a pintura e a arte
rupestre, entre outras.
As tecnologias da era medieval apresentavam diversas invenções, tais
como: a prensa móvel, as tecnologias militares armamentistas, com a criação
de artefatos bélicos para o uso em guerras e confrontos de massa, ou as
tecnologias das grandes navegações que permitiram a expansão marítima.

Vocabulário

Armamentista: relativo ao armamentismo, doutrina que defende o aumento da


capacidade bélica de um país, como forma de evitar guerras.

Artefato bélico: objeto, dispositivo ou equipamento manufaturado que lança


projéteis.

No entanto, a forma como se carrega, armazena e/ou compartilha


informações (dados) vem mudando constantemente. Por exemplo, no século
passado, um arquivo de áudio (uma música gravada em estúdio) era
armazenado e compartilhado em um meio físico (uma fita cassete) e distribuído
nesse mesmo formato físico, sendo que a proteção contra a gravação era física
(uma lingueta que seria quebrada para impedir a gravação).
Hoje, o formato de áudio é digitalizado e gravado em um computador
pessoal (PC), sendo que, a partir dessa conversão digital, do formato de fita para

24
o formato compacto (por exemplo, o MP3), se obtém o arquivo que pode ser
compartilhado em redes virtuais de comunicação.
O compartilhamento de músicas em formato digital, por si só, já provocaria
uma discussão sobre direitos autorais e comercialização desse material, porém,
deixaremos essa discussão de lado e vamos nos ater ao compartilhamento de
informação, mais especificamente ao nosso produto da EaD, que é o
conhecimento disponibilizado na internet por meios virtuais.
Se assumimos que a tecnologia (por vezes, substituída pelo neologismo
“Novas Tecnologias”) existe para substituir, da melhor forma possível, o modo
como se faz determinada rotina, então, a tecnologia é a solução dos problemas
da Ciência. Isso é fato? Ou seria apenas uma parte dela?

Utilização das Novas Tecnologias


Fonte: Jefferson Rudy/Agência Senado (2018)

É muito perigoso (do ponto de vista da aceitação às cegas do


determinismo científico) assumir que a tecnologia resolve todos os problemas
que a ela são apresentados.

Vocabulário

Determinismo: é uma corrente de pensamento que defende a ideia de que as


decisões e escolhas humanas não acontecem de acordo com um livre-arbítrio,
mas sim, por meio de relações de causualidade.

25
Se estamos aqui falando, principalmente, de Educação e modalidade de
ensino, será que o acesso à internet de banda larga com fibra óptica (atualmente,
a melhor opção de velocidade de conexão) resolve o problema de acesso à
informação na EaD? Ou ainda: se a qualidade da conexão tende sempre a
melhorar com o aumento da sua velocidade, a informação compartilhada nessa
rede seria necessariamente melhor?
Por ora, vamos nos ater a questões relativas a Ciência, Tecnologia e
Sociedade (CTS) e às Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).
Zarth et al. (1998, p. 35-36) destaca que a “tecnologia é o instrumento
mais adequado para se impor uma dominação e controle sobre a natureza e
sobre a sociedade” e que o progresso tecnológico, de certo modo, se constitui
em estratégia do desenvolvimento capitalista, não necessariamente vinculada às
necessidades básicas da população, tornando-se um “fator ideológico pelo fato
de irradiar a ideia de que ele representa o caminho do bem-estar social para
todos os segmentos sociais”.
Os estudos de CTS têm vários representantes acadêmicos em
universidades de grande porte no Brasil. O autor escolhido que mais se alinha
às instruções dos grupos que estão alocados na EaD é o professor da UFSC,
Walter Antônio Bazzo, que, desde 1998, nos alerta sobre a necessidade de
refletirmos sobre a Educação em tempos de globalização e desenvolvimento
tecnológico:
Segundo Bazzo (1998, p. 12), para entendermos de tecnologia, devemos:

[...] caminhar na perspectiva de uma Mudança Cultural, onde o


desenvolvimento científico-tecnológico venha imbricado ao
desenvolvimento de toda a sociedade [...] se adote uma nova
abordagem no ensino tecnológico, onde os alunos recebam não só
conhecimentos e habilidades para o exercício de uma profissão, mas
elementos que os leve a pensar, num processo coletivo, nos resultados
e consequências sociais e ambientais das inovações científico-
tecnológicas. Esta abordagem requer uma restruturação das práticas
didático-pedagógicas, através de uma nova postura epistemológica
dos professores. Desse modo a educação estará contribuindo para a
‘formação de profissionais com discernimento no trato da ciência e da
tecnologia não apenas como instrumento de poder, mas sim de
desenvolvimento humano.

Na concepção de Santos e Schnetzler (2010), um programa de ensino


direcionado ao estudo de CTS está centrado em temas de relevância social, cuja
abordagem procura explicitar as interfaces entre ciência, tecnologia e sociedade

26
e, assim, desenvolver no aluno habilidades básicas voltadas para sua
participação na sociedade.
Assim, o ensino, na perspectiva da CTS, possibilita o desenvolvimento da
capacidade de os alunos aprenderem a adotar uma postura ativa diante dos
problemas atuais, por meio da articulação do conhecimento que adquiriram nas
aulas com as questões sociais, políticas e ambientais.
A Ciência e a Tecnologia não são neutras, porém se apresentam como tal
aos alunos, em especial na EaD, que depende quase que integralmente de
ferramentas de ensino fortemente direcionadas ao uso da tecnologia.
As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) delimitam um
campo de pesquisa e um conjunto de recursos tecnológicos, usados, em
especial na Educação a Distância, para facilitar e envolver o aluno nas atividades
rotineiras relativas aos seus estudos, que estão presentes na formação de
cursos de EaD em diferentes níveis e áreas do conhecimento.

4.2 Recursos de Aprendizagem e Mecanismos Complementares

O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) é o local virtual onde o


aluno da EaD tem acesso aos conteúdos de seu curso a distância. Nesse
ambiente virtual, alunos e professores, bem como alunos e tutores podem se
comunicar utilizando ferramentas advindas dos estudos das TICs, que são
formas de transmissão de informações, como: vídeos, chats, fóruns e rádio (mais
especificamente, a radio web).
É, portanto, nesse ambiente virtual que ocorre a interação com os colegas
da sala virtual, assim como com o tutor. Atualmente, as plataformas mais
utilizadas na Educação são: o Moodle, o Blackboard e o TelEduc.
A vasta possibilidade de consulta online de livros, por meio das bibliotecas
virtuais, é um recurso que também serve ao ensino presencial; podemos
considerar que, nesse aspecto, a facilidade de acesso a matérias e atividades
virtuais, tão próprias à EaD, está hoje muito presente nos cursos que, até então,
só investiam na aquisição de livros impressos.
As IES que ofertam cursos na modalidade a distância têm como
prerrogativa legal a disponibilização de referencial teórico relativo ao curso em
seus ambientes virtuais, sendo que nas bibliotecas devem existir livros em

27
formato digital que atendam tanto as referências básicas, quanto aquelas
complementares ao curso.
Além dos livros, as revistas em formato digital estão adequadas à
Educação a Distância em diferentes plataformas.
A base de dados de artigos científicos “Scielo” (Scientific Electronic
Library Online) é uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção
selecionada de periódicos científicos brasileiros e pode ser consultada
gratuitamente.
Essa biblioteca está organizada de acordo com a relevância dos artigos e
a área do conhecimento, permitindo que alunos e professores tenham acesso a
artigos científicos de diferentes áreas, mediante um crivo científico e rigor
acadêmico.
Tais mecanismos têm a função de garantir que a fonte de consulta (artigo)
tenha sido avaliada por especialistas da área, o que possibilita a disseminação
do conhecimento produzido nas universidades brasileiras.
Ambientes de escrita coletiva ou colaborativa (software colaborativo)
também estão disponíveis nas Tecnologias de Informação e Comunicação; as
chamadas páginas Wiki (Wikipedia, Scholarpedia, Wikibooks, WikiHow, entre
outros Wikis) são softwares colaborativos que permitem a edição coletiva dos
documentos, usando um sistema que não necessita que o conteúdo seja revisto
antes da sua publicação. Ou seja, nada do que está escrito é fechado e perene,
pois qualquer usuário pode alterar as informações, bastando apenas que cite
uma fonte da informação disponibilizada e, mesmo assim, essa referência não é
obrigatória.
É notório o fato de que as TICs podem servir, e servem, para a
disseminação do conhecimento e da informação de um modo geral, formando a
sociedade do conhecimento.
A ressignificação da expressão “sociedade da informação” para
“sociedade do conhecimento” (knowledge society) surgiu no final da década de
1990. Atualmente, é utilizada nos meios acadêmicos como alternativa à
“sociedade da informação”.
A UNESCO adotou o termo “sociedade do conhecimento”, ou sua variante
“sociedades do saber”, dentro de suas políticas institucionais, desvinculando-se

28
da reflexão puramente acadêmica para incorporar também uma concepção mais
integral, não ligada apenas à dimensão econômica.
Abdul Waheed Khan (Subdiretor-geral da UNESCO para a Comunicação
e Informação) escreveu:

A Sociedade da Informação é a pedra angular das sociedades do


conhecimento. O conceito de ‘sociedade da informação’, a meu ver,
está relacionado à ideia da ‘inovação tecnológica’, enquanto o conceito
de “sociedades do conhecimento” inclui uma dimensão de
transformação social, cultural, econômica, política e institucional, assim
como uma perspectiva mais pluralista e de desenvolvimento. O
conceito de ‘sociedades do conhecimento’ é preferível ao da
‘sociedade da informação’ já que expressa melhor a complexidade e o
dinamismo das mudanças que estão ocorrendo. [...] o conhecimento
em questão não só é importante para o crescimento econômico, mas
também para fortalecer e desenvolver todos os setores da sociedade.
(BURCH, 2006).

Em artigo publicado na base de dados “Scielo”, em 2003, os autores


Bessa, Nery e Terci atentam para o fato de que aqueles que detêm a informação
e o conhecimento são agentes e responsáveis por uma teia de relações políticas
e econômicas, sendo esses fatos essenciais ao desenvolvimento de uma Nação:

O debate sobre a difusão das novas tecnologias tem intensificado o


debate relativo aos benefícios ou o acirramento das desigualdades
sociais. Ao contrário de um otimismo generalizado sobre as ondas de
crescimento provocadas pela nova economia, a apropriação desigual
destas tecnologias tem se traduzido em um forte debate a respeito da
assimetria entre aqueles que possuem e os que não possuem
informação [...] (BESSA, 2003).

Nos ambientes virtuais de aprendizagem, os alunos utilizam fontes para a


pesquisa, participam de discussões no fórum, editam páginas em modo
colaborativo (wikis). Todas as ferramentas disponíveis permitem a circulação do
conhecimento e a troca de informações.
Mesmo quando existe grande diferença em relação à formação cultural do
cidadão, a interatividade (interação entre o sujeito e a máquina), presente nas
perguntas e respostas naqueles ambientes, torna ainda mais enriquecedora a
relação que se estabelece no processo de ensino e aprendizagem.
De modo geral, é exatamente essa uma das diferenciações entre o
modelo de educação presencial e o modelo de educação a distância, pois é
nesse modelo de colaboração e ressignificação de saberes que se consolida o

29
importante papel dos estudantes no próprio processo de aquisição do
conhecimento.

Conclusão da aula 4

Nesta aula, o que vimos foi voltado para os diversos tipos de tecnologias
de informação e comunicação (TICs). Essas possibilidades são essenciais para
os cursos EaD, pois auxiliam os estudantes na realização das atividades. Com
as TICs, vimos como os softwares e as mídias audiovisuais colaboram para a
construção de conhecimento, como edição coletiva dos documentos, fórum para
debate, acesso de artigos científicos etc.

Atividades de Aprendizagem

1. Elabore um quadro comparativo contendo as vantagens e desvantagens


existentes no seu curso de Educação a Distância.

2. Escolha um ambiente wiki e disponibilize informação sobre o papel da


Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) na formação do cidadão. Inicie um
parágrafo sobre o tema e permita que seus colegas interajam, contribuindo
para uma nova escrita.

30
Índice Remissivo

A modalidade de ensino em Educação a Distância ................................................ 07


(Educação; ensino; inclusão)
A disseminação do Ensino a Distância .................................................................. 07
(Conhecimento; sociedade; tecnologia)
Bases da Educação a Distância ............................................................................ 09
(Aprendizado; internet; videoaula)
História da Educação a Distância no Brasil ............................................................ 13
(Educação; história; política pública)
Histórico da Educação a Distância no Brasil .......................................................... 13
(Evolução; integração; teleducação)
Legislação da Educação a Distância no Brasil ....................................................... 18
(Educação; lei; Brasil)
Processo de Regulamentação da Educação a Distância ....................................... 18
(Diretrizes; educação; lei)
As Tecnologias da Informação e Comunicação ..................................................... 23
(Ciência; informação; tecnologia)
A Tecnologia e a Educação a Distância ................................................................. 23
(Desenvolvimento; internet; tecnologia)
Recursos de Aprendizagem e Mecanismos Complementares .............................. 27
(Biblioteca virtual; estudante; software)

31
Referências

ARETIO, L. G. Educación a Distancia. Madrid/ES: UNED, 1994.

BAZZO, W. A. Ciência, tecnologia e sociedade e o contexto da educação


tecnológica. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1998.

BESSA, V. de. C; NERY, M. B.; TERCI, D. C. Sociedade do conhecimento.


Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
88392003000300002>. Acesso em: 25 nov. 2018.

BRASIL. Decreto n. 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o artigo


80 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil. Brasília, DF, 20 dez. 2005.

______. Decreto n. 5.773, de 09 de maio de 2006. Dispõe sobre o exercício das


funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação
superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de
ensino. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 10
maio 2006.

______. Decreto n. 6.303, de 12 de dezembro de 2007. Altera dispositivos do


Decreto n. 5.622, de 19 de dezembro de 2005, que estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional, e do Decreto n. 5.773, de 09 de maio de 2006, que
dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de
instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e
sequenciais no sistema federal de ensino. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil. Brasília, DF, 13 dez. 2007.

______. Decreto n. 2.561, de 27 de abril de 1998. Altera a redação dos arts. 11


e 12 do Decreto n. 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta o disposto
no art. 80 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 28 abr. 1998

______. Decreto n. 2.494, de 10 de fevereiro de 1998. Regulamenta o Art. 80 da


Lei de Diretrizes e Bases (Lei n. 9.394/96). Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil. Brasília, DF, 11 fev. 1998.

______. Portaria Normativa n.11, de 20 de junho de 2017. Estabelece normas


para o credenciamento de instituições e a oferta de cursos superiores a distância,
em conformidade com o Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 21 jun. 2017.

BURCH, Sally. Sociedade da informação / Sociedade do conhecimento.


Disponível em: <https://vecam.org/archives/article519.html>. Acesso em: 20 de
nov. 2009

32
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perspectivas. In: Perspectivas em Educação, Revista Discursos. Lisboa,
Universidade Aberta, 2001. p. 67-76. Edição Especial.

KEEGAN, D. Foundations of distance education. 3. ed. London and New York:


Routledge, 1996.

MAIA, C.; J, MATTAR. ABC da EaD: a Educação a Distância hoje. 1. ed. São
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MOORE, M. G.; KEARSLEY, G. Distance education: a systems view. Belmont:


Wadsworth Publishing Company, 1996. Tradução 2008.

MORAN, J. M.; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e


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______. O que é um bom curso a distância? Disponível em: <


http://www.eca.usp.br/prof/moran/site/textos/educacao_online/bom_curso.pdf>.
Acesso em: 10 nov. 2009.

OLIVEIRA, M. de. Primórdios da rede: a história dos primeiros momentos da


internet no Brasil. Revista Pesquisa FAPESP. São Paulo, n. 180, fev. 2011.

Site da Agência Espacial Brasileira: <www.aeb.gov.br>. Acesso em: 12 nov.


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ZARTH, P. A. et. al. Os caminhos da exclusão social. Ijuí: Ed. da UNIJUÍ, 1998.

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