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Portal Educação
CURSO DE
ALFABETIZAÇÃO
Aluno:
AN02FREV001/REV 4.0
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CURSO DE
ALFABETIZAÇÃO
MÓDULO I
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
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SUMÁRIO
MÓDULO I
1 INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVO GERAL DO CURSO
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1.3 COMO A CRIANÇA APRENDE (O QUE PENSAM OS PENSADORES)
1.4 DESENVOLVIMENTO LINGUÍSTICO – TEORIAS SOBRE FATORES
AMBIENTAIS E BIOLÓGICOS
1.4.1 Etapas do Desenvolvimento Linguístico
1.5 O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO CONFORME PIAGET
1.5.1 2 a 7 anos de idade – Período Pré-operatório
1.5.2 O período de 7 a 12 anos - Operações Concretas
1.5.3 12 anos em diante – Período Operatório Formal
1.5.4 Atividades Propostas - Baseadas em Piaget
1.5.5 Conservações Físicas
MÓDULO II
2 DECODIFICAÇÃO E CODIFICAÇÃO GRÁFICA – UMA DAS FACES DA
ALFABETIZAÇÃO
2.1 ALFABETIZAÇÃO - A ANÁLISE COMO SUBSÍDIO
2.1.1 Material de Apoio para Construção das Atividades
2.1.2 Algumas Considerações a Respeito das Atividades Propostas
2.2 CONTRIBUIÇÕES DE PAULO FREIRE E EMÍLIA FERREIRO PARA A
ALFABETIZAÇÃO
2.3 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO ALFABÉTICO – EVOLUÇÃO DA ESCRITA
2.3.1 Os Distúrbios de Aprendizagem em Sala de Aula
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MÓDULO III
3 PRÁTICA E AVALIAÇÃO EM SALA DE AULA - A ESCOLHA DOS
INSTRUMENTOS, RECURSOS E CONTEÚDOS
3.1 DINÂMICA DO PLANEJAMENTO
3.2 OS PLANOS DE ATIVIDADES
3.3 CONSTRUÇÃO DO PLANO POLÍTICO PEDAGÓGICO
3.4 A TECNOLOGIA A FAVOR DA ALFABETIZAÇÃO
3.5 ACESSIBILIDADE DO SISTEMA OPERACIONAL LINUX
3.6 A IMPORTÂNCIA DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA NA ALFABETIZAÇÃO
3.7 ALGUNS EXEMPLOS DE ATIVIDADES DE CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
MÓDULO IV
4 A PERSPECTIVA INFANTIL EM FASE DE ALFABETIZAÇÃO –
CONHECENDO SEU ALUNO
4.1 ENQUETE REALIZADA COM CRIANÇAS EM FASE DE ALFABETIZAÇÃO –
UM INSTRUMENTO A FAVOR DO EDUCADOR
4.2 AS RESPOSTAS DOS ALUNOS AO QUESTIONÁRIO APLICADO
GLOSSÁRIO
ANEXOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MÓDULO I
1 INTRODUÇÃO
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f) A Importância da Consciência Fonológica na Alfabetização;
g) A Perspectiva Infantil em Fase de Alfabetização – Conhecendo seu
Aluno.
No final da apostila há uma lista de sugestões de leituras interessantes e
sites para pesquisas, referentes ao tema abordado.
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1.3 COMO A CRIANÇA APRENDE (O QUE PENSAM OS PENSADORES)
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Cada vez que alguém lê uma história para ela, está lhe transmitindo a
informação de que o mundo da leitura é prazeroso e quando ao observar a mãe
perguntar ao pai o que ele está lendo no jornal, ela aprende que informação é
importante. Quando a criança acompanha a avó que lê uma receita e em seguida
a põe em prática, resultando em num bolo gostoso, aprende a respeito da
utilidade da escrita e leitura.
São conceitos sutis, que vão se formando subjetivamente, no cotidiano, e
que contribuem enormemente para seu aprendizado formal. Entretanto, quando a
criança cresce em um ambiente empobrecido de significados, de estímulos e
recursos, essa construção de noções e conceitos aparece refletida em todos os
momentos e aspectos escolares.
A criança que não “lê” histórias em quadrinhos, livros clássicos e
revistinhas, possivelmente não terá despertado da mesma forma como a criança
que experiencia essas “leituras” cotidianamente. Ao analisarmos essa questão,
poderíamos supor que há alguma desvantagem entre as estruturas dos lares
acima mencionados, em detrimento de fatores socioeconômicos e culturais.
Porém, atualmente, a aquisição de recursos apropriados para o êxito da
educação depende da prioridade que esta ocupa na vida familiar desses lares e
não apenas de fatores econômicos. Até agora a referência feita foi a respeito de
fatores determinantes de motivações educacionais para crianças sem
comprometimentos adquiridos ou genéticos e hereditários.
Para as crianças PNEEs – Portadores de Necessidades Educacionais
Especiais – a discussão encaminha-se não somente aos recursos ou prioridades
que alavancam o processo ensino-aprendizagem, podemos acrescentar, ainda,
as condições biológicas dessas crianças e o nível de comprometimento das
famílias.
Olivier, em seu livro “Distúrbios de Aprendizagem e de Comportamento”,
descreve indícios que podem nos chamar a atenção ao percebermos presentes
no comportamento de crianças de zero a cinco anos de idade, no período pré-
escolar. Portanto, pode-se concluir que o fato de realizarmos uma entrevista com
cada responsável por nossos alunos, em idade escolar, não significa mero
procedimento investigatório, mas um ato de prevenção que todo professor deve
realizar no início do ano letivo, com a finalidade de detectar algum distúrbio e
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encaminhá-lo para atendimento especializado sem haver perdas desnecessárias
para ambos.
Recém-nascido até seis meses de vida – Com essa idade o bebê
normalmente reage a estímulos sensoriais, diferenças de iluminação, som, calor,
frio, chora quando se sente incomodado, enfim, já domina seus reflexos. É
esperado que consiga sugar seu leite, que tenha a digestão regularizada e o
sono tranquilo.
Comportamentos considerados problemáticos – quando o bebê
possui dificuldade para alimentar-se, constantes vômitos e diarreias, sono
inconstante, choro e sucção em excesso, assim como irritabilidade, sem motivos
verificáveis.
Comportamentos considerados distúrbios – o problemático
transforma-se em distúrbio quando o bebê apresenta apatia, chora de forma
monótona constantemente, grita sem motivos e não reage aos estímulos
descritos acima.
Ao apresentar algumas características consideradas problemáticas não
significa que o bebê necessite de acompanhamento neurológico ou psiquiátrico,
podendo ser apenas demonstrações da personalidade do bebê. O bebê sinaliza
possuir algum distúrbio quando apresentar uma ou mais das características
acima citadas, devendo ser encaminhado ao pediatra, para que esse, por sua
vez, encaminhe para outros profissionais adequados a cada caso.
Dos seis aos 24 meses de vida – características como maior
estabilidade fisiológica, controle motor e tolerância, fazendo com que a criança
brinque e se envolva por um tempo maior com objetos, sem irritar-se,
determinam um comportamento considerado normal. Sua ligação com a figura
materna é bastante forte e ela já distingue pessoas próximas do seu ambiente
familiar. Até os 18 meses seu vocabulário já possui muitas palavras aprendidas e
ocorre ainda a fase da imitação.
Comportamentos problemáticos – a criança apresenta intolerância,
choro e raiva em excesso, dificuldade no controle esfincteriano, sono e
alimentação alterada. Chupa o dedo constantemente, tem tiques nervosos e
balança-se em determinadas situações.
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Os comportamentos que indicam distúrbios poderão apresentar
características como perda de fôlego, crises temperamentais, convulsões e
isolamento frequente. A criança não estreita laços com a mãe, ela chupa dedo ou
objetos compulsivamente, balança-se e bate a cabeça contra a parede ou berço.
Nessas condições, a criança deverá ser encaminhada ao pediatra,
neurologista ou psiquiatra para avaliação.
Dos dois anos aos cinco anos de idade – Nessa fase, normalmente, o
desenvolvimento linguístico infantil “dá um salto” e o seu vocabulário
compreende a estruturação de frases completas, com sentido. Possui controle
nas evacuações e já se alimenta sozinho. Sua relação com a mãe, embora ainda
seja de dependência, abre espaço para os outros membros da família e sua
coordenação é desenvolvida por intermédio de saltos e corridas.
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ocorre simultaneamente à maturação infantil, sendo o meio ambiente uma influência
significativa para que ocorra este processo. Porém, a ênfase é dada à capacidade
inata da criança de possuir sua bagagem biológica preestabelecida, denominada de
estado inicial.
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O comportamento humano é compreendido por meio do funcionamento de
mecanismos que se caracterizam por estabelecer relação entre pessoa e meio
ambiente. Sendo assim, encontramos em nossos sentidos aptidões para colher
informações e interpretá-las conforme nossos objetivos ou necessidades. Uma
relação importante em nosso comportamento é estabelecida pela comunicação, por
intermédio da qual podemos realizar a troca de informações e produzir
conhecimento e aprendizagem, além de dar continuidade para a nossa cultura.
Baseado em Quadros (1997), a aquisição de uma língua ocorre de forma
natural, espontânea e refere-se ao conhecimento inconsciente, enquanto a
aprendizagem é um processo formal, sistematizado. É o conhecimento incorporado
de forma consciente.
Conforme Scliar-Cabral (apud Quadros, 1997, p. 85), “a não exposição a
uma língua, no caso a língua nativa, no período natural de aquisição da linguagem,
causa danos irreparáveis e irreversíveis à organização psicossocial de um
indivíduo”. Portanto, a criança deve ser exposta ao ambiente apropriado que lhe
proporcionará trocas sociais, logo que estiver apta a receber as primeiras
estimulações sonoras ainda quando bebê, para não ter maiores dificuldades durante
a fase escolar, quando ocorre, geralmente, o aprendizado sistemático e formal da
língua em sua expressão gráfica.
Dessa forma, destaca-se a importância do aprendizado informal da
linguagem em sua forma oral, que recairá anos depois no aprendizado sistemático
da língua portuguesa escrita e em suas diversas formas de expressão. O processo
de desenvolvimento da linguagem e do pensamento foi estudado por Vygotsky e a
relação que estes mantêm entre si merece projeção especial.
Conforme Jobim e Souza (1996), Vygotsky realiza seu estudo em função da
importância que a estrutura da linguagem possui na produção do pensamento,
identificando a relação pensamento e linguagem como um processo constante, com
origens genéticas diferentes, mas que ao longo de sua evolução tornam-se
interdependentes. Sua ligação é um processo dinâmico, que transcende à
compreensão de suas formas individuais.
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Pode-se aqui vislumbrar a postura dialética pela qual Vygotsky aborda os
fatos, estando esses de acordo com os princípios da reciprocidade e mutabilidade,
revelando-se nas fases em que se apresenta o desenvolvimento da linguagem e
pensamento. Nos primeiros meses de vida da criança, pensamento e linguagem
encontram-se dissociados, um evolui independente do outro.
Anterior ao uso da fala, verbalmente articulada, a criança apropria-se do som
por meio do balbucio. Esse som que ouvimos inicialmente é a produção resultante
de estímulos internos, desvinculados de intenções planejadas pelo bebê. Durante o
balbucio, a criança comunica-se independente do pensamento. Essa forma
expressiva ocorre com funções diferenciadas: como meio de comunicação e como
forma de conhecer-se, experimentar-se.
O bebê, nesta fase, exprime sua produção sonora, motivado por estímulos
internos, quando sente fome, sono, dor, prazer. Sem reconhecer ainda tais
sentimentos, exterioriza-os por meio dessa forma primária de linguagem. A criança
poderá também utilizar a apontação para comunicar-se, substituindo a oralização.
Este é o período pré-linguístico que inicia no nascimento e vai até os dois anos,
aproximadamente.
Por volta dos 11 aos 14 meses de idade a criança entra na fase linguística,
quando ocorre a verbalização de palavras inicialmente desconexas ou apenas uma
de cada vez, progredindo de acordo com seu desenvolvimento neuropsicomotor.
Nessa etapa, pensamento e linguagem se interligam, inicia uma nova fase
caracterizada pela racionalidade da fala e verbalização do pensamento, ou seja, a
criança exterioriza seu pensamento de uma forma mais organizada e complexa.
A criança saudável inicia o domínio da fala exterior a partir do som da
palavra, em seguida passa a compreendê-la e posteriormente desenvolve a
capacidade de uni-las formando frases. O significado da palavra é inicialmente
compreendido pela criança como o sentido de uma frase completa. Somente mais
tarde ela dominará a frase, com as várias unidades que a compõem. Nesta etapa
seu pensamento pode ser resumido em uma única palavra.
À medida que se desenvolve mais complexo se torna seu pensamento e ela
não consegue mais sintetizar suas ideias em apenas uma palavra. Então, quanto
mais se expressa, mais define seu pensamento, indo de um todo condensado para
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unidades específicas. A partir dos dois anos de idade, até aproximadamente os sete
anos, a linguagem compreende duas funções que agem simultaneamente:
- a interna, que organiza e dirige o pensamento;
- a externa, que, como o próprio nome já diz, tem a função de exteriorizar
seu pensamento para outras pessoas.
A fala egocêntrica caracteriza-se quando a criança fala alto para si mesma,
como se estivesse guiando-se por ela. Essa tem função primordial nas atividades
que a criança exerce, pois serve como um “apoio mental” para sua organização,
bem como na superação de obstáculos. A fala egocêntrica futuramente será
transformada em fala interior.
Já na idade escolar a criança não necessita mais deste apoio e a fala interior
indica que ela passou por mais uma etapa de seu desenvolvimento linguístico. Outra
observação importante neste processo de passagem da fala egocêntrica à fala social
é a tendência que a criança tem de omitir o sujeito e manter o predicado, e quanto
mais perto da fala interior estiver, maior será a abreviação observada em suas
frases.
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I – Dos Reflexos – A vida inicial do bebê sintetiza-se nos reflexos, nos
impulsos instintivos acionados pela fome, voz da mãe, dor, sensações prazerosas,
sono, sensações táteis, etc. Antecipando a presença de uma atividade, sensório-
motor. Um dos reflexos que se destacam é o da sucção, sendo sua função principal
tornar-se um instrumento, por intermédio do qual a criança toma conhecimento do
seu mundo material externo.
Ela experimenta sabores, texturas, sensações táteis, levando para o cérebro
informações importantes para a construção de seu conhecimento futuro. É como a
construção de um quebra-cabeça que se inicia nesta experimentação e vai sendo
composto quando outras funções orgânicas já estiverem desenvolvidas.
É ponto comum entre as mães saberem e afirmarem que seus filhos
recorrem à boca para colocarem os objetos que estão ao seu alcance, sugando-os.
Essa é a forma do bebê sentir, perceber, conhecer, degustar, provar... Essa
capacidade cognitiva desenvolve-se antes mesmo de a criança poder enxergar ou
manusear com precisão.
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criança manipula algum objeto de seu interesse e organiza seus movimentos com
um determinado propósito, pegando um brinquedo para si, por exemplo, é um ato
intencional.
Assim, a criança aprimora seus esquemas motores, interagindo com os
objetos, balançando-os, batendo-os, jogando-os ao longe e observando-os,
seguindo-os em sua trajetória, construindo noção tempo-espaço e aprendendo a
cada nova ação. Seu mundo exterior vai tomando forma, expandindo-se,
aparecendo, dissociando-se de seu universo central como um contraste gradual.
Dessa forma, o bebê começa a ter consciência e experimentar este universo externo
de uma forma objetiva.
Nos dois primeiros anos de vida a criança constrói noções práticas
importantes para sua evolução cognitiva como as de objeto, espaço, tempo e
causalidade. A noção de objeto, termo apresentado por Piaget para definir a
permanência do objeto, constitui-se quando a criança compreende que algo ou
alguém pode estar em outro “cenário”, espaço que ela não pode alcançar ou
enxergar.
Quando, inicialmente, alguém ou algum objeto sai do alcance da visão da
criança nesta fase, a tendência é que ela reaja com indiferença. Somente quando
esta noção é estabelecida a criança procura o objeto ou pessoa desaparecida.
Só por volta do fim primeiro ano é que os objetos são procurados depois
que saem do campo da percepção e é sob este critério que se pode
reconhecer um começo de exteriorização do mundo material. Resumindo, a
ausência inicial de objetos substanciais, depois a construção de objetos
sólidos e permanentes, é um primeiro exemplo desta passagem do
egocentrismo integral primitivo para a elaboração final de um universo
exterior. (PIAGET, 1973 p. 20).
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como resultado um efeito inesperado. Nesta fase da vida da criança pode-se
observar o aparecimento do egocentrismo infantil.
Um bom exemplo da descrição desta etapa é colocado por Piaget quando a
criança puxa a corda do móbile suspenso em seu berço. O móbile começa a se
movimentar e a emitir o som musical. O brinquedo “reagiu” ao toque da criança, ou
seja, ela aprendeu que pode causar um efeito desejado, e utilizará essa prática para
alcançar outros feitos. A criança se servirá deste esquema causal para agir a
distância sobre qualquer coisa.
Essa espécie de “causalidade mágica” ou “mágico fenomenista” (conforme
Piaget) mostra o egocentrismo causal primitivo. Essa etapa encerra quando a
criança, já no segundo ano de vida, baseia-se mais em critérios concretos e menos
na sua subjetividade infantil. Percebe a relação coerente que há de suas ações em
relação às “reações” dos objetos.
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descobertas, em relação à etapa anterior, podendo-se observar que a
criança apresenta traços marcantes e peculiares.
De 5 anos e meio a 7 anos de idade: a criança elabora e organiza seu
mundo por intermédio de esquemas padrões de respostas para eventos
que ainda não possui subsídios para compreender e explicar.
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recipientes diferentes, lança uma resposta negativa, baseada na sua experiência
visual.
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Piaget incluiu em suas pesquisas observações sobre a noção de
permanência de peso e volume para crianças maiores e menores de sete anos.
Consistia em apresentar a elas dois copos semelhantes e de medidas idênticas com
o mesmo volume de líquido, preenchido com três quartos de água. Em seguida ele
questionou o que ocorreria se jogasse uma quantidade determinada de açúcar em
um dos copos, em relação ao outro. O que ele identificou foi certa progressão na
lógica das respostas, equivalente às idades em questão.
Crianças menores de sete anos ainda não consideram qualquer modificação
em função do fato do açúcar ser adicionado à água, sendo sua resposta pitoresca,
pois, se ele derrete, sumindo de seu campo de visão, simplesmente é considerado
inexistente.
Somente por volta dos sete anos de idade é que as crianças assumem a
existência da conservação de substâncias, e, ao contrário dos pequenos, o açúcar
continua na água. Uma resposta mais complexa é dada por crianças maiores de
sete anos, que admitem certos pedaços de açúcar que dão sabor a ela. Seria, então,
esta a fase correta para serem trabalhadas noções de tamanho, peso e volume.
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Garantiremos, assim, um planejamento qualitativamente organizado, que viabilize a
todas as crianças um ambiente adequado para seu aprendizado.
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Noção causalidade
Esta noção é observada a partir de uma “entrevista” informal com a criança.
Pergunta-se a ela as razões de certos eventos ocorrerem e observam-se as
respostas.
Exemplos:
“Por que o céu está lá em cima?”
Respostas possíveis:
“Porque ele fica lá para eu olhar para ele quando durmo”.
“Porque o papai do céu mora lá”.
Até os cinco anos de idade uma das possibilidades é que as respostas girem
em torno da ação da criança sobre o evento questionado, sendo ela o “agente”
responsável. Outra probabilidade é uma resposta baseada na ação de um terceiro,
que possa ter condições de “controlar” o evento, como por exemplo, “Papai do Céu”,
o pai ou a mãe da criança, seguindo a tendência egocêntrica de responder conforme
o animismo, artificialismo e finalismo.
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- Aproximadamente aos sete anos de idade a resposta será: “a água
continua a mesma”.
A criança poderá também, nesta idade, querer que a água volte para o copo
de origem para ter a mesma quantidade inicial.
Sólidos
2) Deixe a criança manipular um pedaço de argila ou massa de modelar. Em
seguida, corte-a ao meio e faça duas bolas. Mostre-lhe que as duas partes contêm a
mesma quantidade de massa. Transforme, na frente da criança, uma das bolinhas
em salsicha, ou outro formato qualquer, e pergunte qual das partes possui a maior
quantidade de massa.
Respostas:
- Até os sete anos, aproximadamente: a resposta baseia-se na percepção
visual, ou seja, a criança tende a imaginar que um dos objetos é maior, por isso ele
terá maior quantidade da massa, podendo ser a bola ou a salsicha;
- Após os sete anos de idade: já é capaz de responder que as duas partes
têm a mesma quantidade de massa.
B) Conservação do peso
C) Conservação de volume
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Nessa experiência apresentam-se à criança duas bolas de materiais
distintos, plástico e argila, por exemplo; e ainda, dois copos idênticos, com a mesma
quantidade de água, para que ela visualize que os líquidos encontram-se no mesmo
nível. Em seguida, peça para a criança verificar em uma balança que as duas bolas
possuem pesos diferentes.
Mergulhe uma bola em cada copo e formule a seguinte pergunta: “O nível de
água aumenta igualmente nos dois copos, por quê?”
Respostas:
- Antes dos nove anos de idade: Nessa idade a criança responde que o copo
que aumentará seu nível é aquele em que a bola que ela considera maior ou mais
pesada será mergulhada;
- Após os nove anos de idade: a criança responde que o nível de água
aumenta na mesma quantidade nos dois copos.
Em relação às proporções físicas: conservação de quantidade, de peso e de
volume, Piaget concluiu que a noção de volume é a última a ser compreendida em
função de algumas noções, como a de quantidade e peso, serem pré-requisitos para
que essa última seja aprendida.
Portanto, segue-se a seguinte hierarquia referente à esquematização
cognitiva que a criança constrói: Primeiro ela adquire a noção de quantidade, em
sua forma líquida e sólida, por volta dos seis aos sete anos de idade. Em seguida, a
criança aprende a noção de peso, aproximadamente aos oito ou nove anos. E,
finalmente, a conservação do volume, por volta dos 10 aos 12 anos.
Mostrar para a criança duas tiras, sendo uma esticada e outra enrolada
como uma mola. As duas tiras devem começar e terminar com os extremos
coincidindo, então, pergunta-se para a criança se as tiras são do mesmo tamanho.
Respostas:
- Entre um aos cinco anos a tendência é responder que as tiras são do
mesmo tamanho;
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- A partir de cinco aos sete anos de idade a criança percebe que a mola é
mais longa.
B) Conservação de superfície
Operação de classificação
Classificação tátil-cinestésica
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tapando-os com uma toalha. Em seguida a criança deve organizá-los de acordo com
suas formas e tamanhos.
Resposta: Para as crianças, este tipo de atividade é mais difícil de ser
realizada, sendo que elas organizam e definem melhor os objetos primeiramente
pelo seu tamanho e depois por sua forma.
Operação de seriação
------------
Respostas:
A noção de seriação constitui-se na criança a partir dos sete anos de idade,
dominando, inicialmente, a seriação simplificada, com a probabilidade de seriar
apenas um elemento, aumentando de acordo com sua capacidade discriminatória.
Na teoria de Jean Piaget, as crianças aprendem por meio da ação e da solução de
problemas e, uma vez descobrindo-os, poderão modificá-los. Sendo essa a alavanca
para alcançar um estágio mais avançado.
Entretanto, uma das contribuições dos estudos de Piaget foi a ênfase dada
ao desenvolvimento cronológico natural do ser humano, que indica quando a criança
estará preparada, “pronta”, para realizar determinada atividade, que não poderia
realizar no caso de encontrar-se em outro momento maturacional.
Possivelmente sua teoria tem estreita relação com sua formação profissional
– biologia e ciências naturais – não podendo, entretanto, contextualizar suas
abordagens como fez Vygotsky, a partir de construções em bases filosóficas.
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(...) a principal preocupação de Vygotsky era compreender a natureza, a
evolução e a transmissão da cultura humana. Seus primeiros trabalhos
incluíram o estudo e a análise da “representação” em arte e literatura. Sua
perspectiva psicológica refletiu suas visões sobre as origens históricas e
culturais do modo como as pessoas de diferentes sociedades atuam,
constroem e representam seu mundo. Assim, enquanto Piaget procurava
unificar biologia, ciências naturais e psicologia, a busca de Vygotsky era
integrar a psicologia com uma análise da história, da arte, da literatura, da
atividade cultural e da sociologia. (DAVID WOOD, 2003. p. 22).
FIM DO MÓDULO I
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