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EMENTA
Em seu estudo sobre a burocracia indiana, o antropólogo Akhil Gupta nos convida a
olhar para as práticas de Estado em seu exercício mais corriqueiro e cotidiano: o ato de escrever
e inscrever. Para o autor, o Estado não tem suas ações meramente registradas por e nos papéis,
mas, ao contrário, é em si mesmo constituído através da escrita. Seguindo as propostas de
Gupta, esse minicurso privilegia uma abordagem etnográfica e antropológica do Estado; uma
forma de entendimento que não o toma enquanto um organismo auto evidente, unificado,
autônomo e propositivo – o qual Philip Abrams conceitua precisamente como sendo a definição
do que ele chama de Estado-ideia –, mas sim enquanto administração, como pontua Carla
Costa Teixeira e Antonio Carlos de Souza Lima. Isto é, atentar para o Estado em ação implica
compreendê-lo como “feixes de relações de poder” que fazem do Estado algo que nunca estará
pronto, finalizado e delimitado, mas sim que se constitui permanente e cotidianamente através
dos seus agentes e de suas práticas, muitas das quais envolvem a fabricação de diferentes tipos
de documentos (Castilho, Souza Lima e Teixeira, 2014). Nesse sentido, o objetivo desse
minicurso é oferecer aos estudantes um instrumental teórico e metodológico mínimo e um
primeiro contato com a vasta bibliografia existente sobre a temática.
AVALIAÇÃO
1
Aula 1 – Apresentação do curso: o Estado em ação (14/08)
TEXEIRA, Carla Costa; SOUZA LIMA, Antonio Carlos de. “A Antropologia da Administração da
Governança no Brasil: área temática ou ponto de dispersão?”. In: MARTINS, Carlos Benedito
(coord.). Horizontes das Ciências Sociais no Brasil. São Paulo: ANPOCS, 2010, p. 51-95.
SOUZA LIMA, Antonio Carlos de. “Apresentação do Dossiê Fazendo Estado: O estudo
antropológico das ações governamentais como parte dos processos de formação estatal”.
Revista de Antropologia, São Paulo, v. 55, n. 2, p. 559-564, 2012.
Aula 2 – Alguns pressupostos teóricos para o estudo dos processos de Estado (21/08)
MITCHELL, Timothy. “Society, Economy and the State Effect”. In: SHARMA, Aradhana; GUPTA,
Akhil (eds.). The Anthropology of the State: a reader. Oxford: Blackwell Publishing, 2006, p. 169-
186.
BOURDIEU, Pierre. Sobre o Estado: cursos no Collège de France (1989-1992). São Paulo: Companhia
das Letras. 2014. [curso de 17 de janeiro. pp. 174-190; curso de 7 de fevereiro. pp.223-239.]
SOUZA LIMA, Antonio Carlos de; CASTRO, João Paulo Macedo e. Notas para uma abordagem
antropológica da(s) Política(s) Pública(s). Anthropológicas, Recife, v. 26, n. 2, p. 17-54, 2015.
GUPTA, Akhil. Red Tape: bureaucracy, structural violence, and poverty in India.
Durham/London: Duke University Press, 2012. [Cap. 5 “Let the train run on paper: bureaucratic
writing as state practice”, p. 141-190].
Sugestão de filme: Eu, Daniel Blake, Ken Loach (2017, Reino Unido, 97 min).
SOUZA LIMA, Antonio Carlos de; FACINA, Adriana. “2019, Brasil: por que (ainda) estudar elites,
instituições e processo de formação de Estado?”. In: TEIXEIRA, Carla Costa; LOBO, Andréa;
ABREU, Luiz Eduardo (orgs.) Etnografias das instituições, práticas de poder e dinâmicas estatais.
Brasília: ABA Publicações, 2019, p.433-484.
2
TEIXEIRA, Carla Costa. “Pesquisando instâncias estatais: reflexões sobre o segredo e a mentira”.
In: CASTILHO, Sérgio; SOUZA LIMA, Antonio Carlos de; TEIXEIRA, Carla Costa (org.).
Antropologia das Práticas de Poder: reflexões etnográficas entre burocratas, elites e
corporações. Rio de Janeiro: ContraCapa/FAPERJ, 2014, p. 33-42.
PIRES, Barbara Gomes. A gestão da integridade: corpo, sujeição e regulação das variações
intersexuais no esporte de alto rendimento. (Tese). Doutorado em Antropologia Social,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2020. [Cap. 5 “O lugar da proteção”].
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
3
ABRAMS, Phillip. Notes on the Difficulty of Studying the State. In: SHARMA, Aradhana; GUPTA,
Akhil (eds.). The Anthropology of the State: a reader. Oxford: Blackwell Publishing, 2006, p. 112-
130.
BEVILAQUA, Ciméa; LEIRNER, Piero. “Notas sobre a análise antropológica de setores do Estado
brasileiro”. Revista de Antropologia, São Paulo, v.43, n.2, 2000.
BEZERRA, Marcos Otavio. Corrupção: um estudo sobre poder público e relações pessoais no
Brasil. 2ª ed. Rio de Janeiro: Papéis Selvagens, 2018.
BOURDIEU, Pierre. Razões Práticas: sobre a teoria da ação. São Paulo: Papirus, 1996.
BRONZ, Deborah. Nos bastidores do licenciamento ambiental: uma etnografia das práticas
empresariais em grandes empreendimentos. Rio de Janeiro: ContraCapa, 2016.
BROWN, Wendy. “Finding the man in the state”. In: In: SHARMA, Aradhana; GUPTA, Akhil (eds.).
The Anthropology of the State: a reader. Malden: Blackwell, 2006, p.187-210.
CUNHA, Olívia Maria Gomes da. “Tempo imperfeito: uma etnografia do arquivo”. Mana, Rio de
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2005.
4
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