ENGENHARIA CIVIL

PROFª. LEILA SANTOS

OBRAS HÍDRICAS energias renováveis como a solar, térmica, eólica e de

biomassa.
2. Aproveitamento hidrelétrico Segundo COLNAGO (2011) a produção de energia
O aproveitamento hidrelétrico consiste em um elétrica depende dos seguintes fatores:
empreendimento construído no leito de um rio com o • Altura de queda da usina  Diferença entre o nível do
objetivo de transformar energia potencial hidráulica em reservatório e o nível do rio a jusante, que pode variar
energia elétrica a partir da movimentação das turbinas. conforme as vazões do afluente e defluente.
• Vazão turbinada.
2.1 Avaliação do Potencial Hidráulico Como pode ser observado na Figura 1:
A estimativa do potencial hidrelétrico ocorre com Figura 1: Esquema da produção de energia em uma usina
a análise preliminar das características das bacias
hidrográficas, em relação aos aspectos geológicos,
topográficos, hidrológicos e ambientais com o objetivo de
verificar a capacidade da bacia para geração de energia.
Com essa análise é possível obter uma primeira avaliação
do potencial para definir os prazos e custos do inventário
elétrico.
O inventário elétrico é a etapa que determina o
potencial hidrelétrico da bacia e a melhor região de queda,
que propicie menor custo, menor impacto ambiental e
maior geração de energia. Essa análise é realizada com
informações de campo através de dados secundários com
base em estudos básicos geológicos, energéticos,
ambientais, hidrometeorológicos e outros usos da água.
Este estudo resultará em índices ambientais, índices de
custo-benefício e estimativas de custo.
Em relação ao estudo da viabilidade, é a etapa de
definição da concepção global do projeto, visando à Fonte: CARDINOT et al. (2007) apud Obras Hídricas - TCE
obtenção dos benefícios e custos associados, além da PE (2017)
otimização ambiental e técnico-econômica da hidrelétrica.
Estudo de viabilidade compreende: A Potência (P) que a turbina vai extrair do fluxo
• As obras de infraestrutura local e regional importantes para de água será proporcional a queda de água disponível (Hl)
a implantação da usina; e ao produto da vazão volumétrica (Q), de acordo com a
• O reservatório; seguinte equação:
• A área de influência;
• O dimensionamento de aproveitamento; PT= ƞ * γ * Q * Hl
• As ações socioambientais correspondentes; PT = g * ρ *ƞ * Q * Hl
• Os outros usos da água. Sendo:
Na sequência é elaborado o Projeto Básico que γ=g*ρ
utiliza os estudos de viabilidade para definir de modo Onde:
detalhado, com maior precisão, as especificações técnicas Q = Vazão (m³/s)
das obras civis, os equipamentos eletromecânicos, os Hl = Energia da Queda líquida
programas socioambientais e as características técnicas do P = Potência Instalada (kW)
projeto. Ƞ = rendimento da turbina/gerador (pu – por unidade
A critério de conhecimento, existe também o ou %)
Projeto Executivo onde ocorre a elaboração dos desenhos g = aceleração da gravidade (9,81 m/s²)
detalhados dos equipamentos eletromecânicos e das obras ρ = massa específica da água (1000 kg/m³)
civis necessários para a montagem dos equipamentos e
execução da obra. As medidas favoráveis para a OBS: A Energia da queda líquida está correlacionada com a
implantação do reservatório são tomadas nesta etapa. energia potencial e/ou energia cinética presentes no
Após a realização desses estudos e com os sistema, as definições e fórmulas podem ser observadas a
projetos em mãos será analisada a vazão hidráulica e a seguir:
concentração dos desníveis ao longo do curso de um rio que
proporcionam o potencial hidráulico. Esses desníveis Energia Potencial (EP)  Energia do sistema devido a sua
podem existir da seguinte forma: posição no campo da gravidade em relação a um Plano
• Natural, quando situado em uma cachoeira; Horizontal de Referência (PHR) (BRUNETTI, 2005).
• Através de uma barragem, com a presença de pequenos
desníveis que são concentrados na altura da barragem; Figura 2: Energia Potencial em função do plano horizontal
• Por meio de um desvio do leito natural do rio, concentrando de referência
pequenos desníveis neste desvio.
A água ao passar pela turbina faz com que esta
gire, neste exato momento, a potência hidráulica é
transformada em potência mecânica. O gerador que está
acoplado mecanicamente à turbina, proporciona a
transformação da potência mecânica em potência elétrica.
A energia produzida é transportada das
subestações através de barras condutoras ou cabos dos
terminais de geradores até o transformador elevador, neste
momento a tensão (voltagem) é elevada para a condução Fonte: BRUNETTI, 2005
adequada até os centros de consumo através das linhas de EP = m *g* z
transmissão. m = massa da água (kg)
OBSERVAÇÃO INTERESSANTE: Uma das vantagens das g = aceleração da gravidade (9,81 m/s²)
subestações e linhas de transmissão constiste no z = cota do ponto em relação a um plano horizontal
aproveitamento para transmição de outros tipos de de referência.

www.cursosdoportal.com.br

Energia Cinética (EC)  Energia determinada pelo
movimento do fluido, com a influência da massa e da
velocidade.
Figura 3: Influência da Energia Cinética no sistema
Fonte: BRUNETTI, 2005
EC =
𝑚𝑚∗𝑣𝑣²
2𝑔𝑔
m = massa da água (kg)
g = aceleração da gravidade (9,81 m/s²)
v = velocidade (m/s)
Nota Importante: No caso das hidrelétricas a
energia potencial é mais utilizada por conta do
aproveitamento do declive do terreno para obtenção de
energia.
RESUMO  De acordo com a ELETROBRAS
(2019) “o potencial hidráulico é proporcionado pela vazão
hidráulica e pela concentração dos desníveis existentes ao
longo do rio”.
As principais causas da baixa eficiência nas turbinas são:
• Perdas mecânicas que ocorre com o atrito nos mancais
(rolamentos) que converte em calor parte da água
extraída;
• Perdas hidráulicas através da perda da energia cinética da
água na saída da turbina.
A eficiência de uma turbina varia entre 85% e
95%. Para maximiar a eficiência, as grandes turbinas
hidráulicas são projetadas especificamente para as
condições de vazão e queda onde serão instaladas.
Informação importante e interessante:
“Em 2014, a hidrelétrica de Itaipu, em Foz do
Iguaçu, no oeste do Paraná, alcançou o maior índice de
eficiência em 30 anos de operação. A marca de 99,3%
indica que a Usina teve quase zero de perdas, aproveitando
praticamente toda a água que chegou ao reservatório para
a produção de energia elétrica durante o ano.”
Disponível em: https://www. itaipu.gov.br/sala-
de-imprensa/itaipunamidia/usinade-itaipu-atinge-maior-
indice-de-eficiencia-em-30- anos-de-opera.
Dica para prova: Essa usina está localizada no
Rio Paraná, em breve, falaremos mais sobre a Hidrelétrica
de Itaipu.
O Brasil possui um dos maiores potenciais
hidrelétricos do mundo, estimado em 260 GW. A
capacidade do Sistema Interligado Nacional – SIN é de 82,1
GW, onde a parte gerada pelas hidrelétricas é de 69,8 GW
o que representa 85% do total da demanda energética
nacional.
Agora vamos relembrar quais são os
componentes estruturais que compõem uma usina
hidrelétrica?
2.2 Componentes das Estruturas
Os componentes estruturais estão condicionados
aos aspectos geológicos, geotécnicos e topográficos do
sítio. As características ambientais do local também se
destacam por auxiliar na definição do projeto da usina que
visa o aproveitamento máximo da região.
Detro desses aspectos, tem-se dois tipos de
locais: com queda natural e sem queda natural, que serão
apresentados a seguir:
www.cursosdoportal.com.br
ENGENHARIA CIVIL
PROFª. LEILA SANTOS
Locais com queda natural localizada:
o Neste local, quase sempre existe um barramento, a
montante da queda que contém o fluxo de água.
o A casa de força ou casa de máquina fica posicionada,
normalmente, longe da barragem.
o Entre esses dois trechos prevê-se uma câmara de carga ou
chaminé de equilíbrio em função do desnível, do tipo e do
comprimento de adução.
Locais sem queda natural localizada:
o Nesses locais o desnível é criado pela própria barragem,
através de estruturas compactas alinhadas e com a casa de
máquinas localizada ao pé da barragem.
o O tipo de barragem, de enrocamento*, de terra ou de
concreto varia em função dos aspectos geológicos,
geotécnicos e topográficos.
o A adução da água é realizada pela estrutura de tomada
d’água ligada ao barramento e à casa de máquina.
*Enrocamento: conjunto de blocos de pedra ou outro
material, lançados uns sobre os outros dentro da água para
servir como lastro para fundação da obra hidráulica.
Na sequência é necessário conhecer os aspectos
construtivos da usina!!
2.3 Aspectos construtivos
A usina hidrelétrica contém um conjunto de obras e
instalações projetadas harmoniosamente para operar em
conjunto e com eficiência. A usina, basicamente, é
composta das seguintes partes (Figura 1), conforme
BAPTISTA e LARA (2014).
Figura 4: Componentes de uma usina hidrelétrica
Fonte: https://br.pinterest.com/
Barragem – Reservatório Superior:
• Estrutura em concreto ou em solo construído no vale do rio
que permite a formação do desnível necessário para elevar
o nível de água até o nível normal do reservatório, esse
nível favorece o funcionamento das turbinas, além de
regularizar as vazões dos afluentes do curso de água;
o Aspectos Positivos da Construção de Barragens:
 Irrigação;
 Geração de eletricidade;
 Controle de algumas inundações a jusante;
 Fornecimento de água potável;
 Recreação Náutica.
o Aspectos Negativos da Construção de Barragens:
 Mudanças no fluxo de sedimentos e o volume de água no
rio;
 Perda de solos agricultáveis;
 Inundação de sítios arqueológicos;
 Salinização de água dos reservatórios em regiões de
evaporação intensa;
 Deslocamento e empobrecimento de populações
 Assoreamento dos rios
• Sistemas de captação e adução de água
• Tomada d’água  está vinculada a um canal de derivação
ou integrada a uma barragem, nela é destinada à captação
da vazão de água a ser turbinada;
• Conduto adutor ou túnel forçado  destinada à condução
da água desde a captação até as turbinas no interior da
 ENGENHARIA CIVIL
PROFª. LEILA SANTOS

casa de força, consiste numa tubulação que funciona sob

pressão.
• Casa de máquinas ou casa de força  ambiente destinado
para o abrigo dos geradores, das turbinas, dos acessórios
hidráulicos e elétricos;
• Canal ou túnel de fuga ou Sistema de redistribuição de água
ou Reservatório Inferior – tem o objetivo de restituir a
vazão que passa pela turbina ao leito natural do rio.

A água armazenada no reservatório superior é

conduzida até a casa de máquinas por um conduto forçado
ou metálico, túnel e/ou canais. A água após passar pela
turbina hidráulica é direcionada ao reservatório inferior ou
ao leito natural do rio.
A classificação das usinas hidrelétricas ocorre de
acordo com a sua capacidade de geração de energia e são
subdivididas em três tipos:
• Microusina Hidrelétrica: pequenas usinas que geram menos
de 1 megawatt (MW);
• Pequena Usina Hidrelétrica (PCH) – gera entre 1 MW e 30
MW, o reservatório tem até 13 km²; Fonte: ELETROBRAS, 2019
• Usina Hidrelétrica (UHE) – gera mais de 30 MW e o
reservatório tem mais de 13 km², também conhecido pelo Turbinas de reação  O escoamento ocorre sob pressão
termo Aproveitamento Hidrelétrico (AHE). junto ao rotor, em que parte da energia do fluido se
Dentro da casa de máquinas existem as turbinas e os transforma em energia cinética ainda no distribuidor
geradores, é muito importante compreender cada tipo de (BAPTISTA e LARA, 2014). Exemplos:
turbina e as suas principais aplicações!! • Turbina tipo Francis: trabalha em uma queda de 40 até
400 metros. As usinas de Furnas, Itaipu, Tucuruí, dentre
2.4 Turbinas (tipos e aplicação) e geradores outras no Brasil usam esse tipo de turbina com cerca de
100 m de queda d’água (ELETROBRAS, 2019).
As turbinas são constituídas por um rotor e um •
distribuidor. O distribuidor tem a função de orientar a água Figura 6: Turbina tipo Francis
até o rotor e regular a vazão turbinada. Já o rotor possui
um eixo sobre o qual estão dispostas as pás, que
proporciona a potência do gerador e o movimento do eixo
através da rotação gerada (BAPTISTA e LARA, 2014).
As turbinas são classificadas em turbinas de ação
e reação a depender da forma que a água atua nas pás do
rotor.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Nas turbinas
hidráulicas de ação, se houver possibilidade de
afogamento, deve-se prever um sistema de injeção de ar
comprimido, ao passo que, nas turbinas hidráulicas de
reação, os tubos de sucção deverão estar sempre afogados
(CESPE/ CEBRASPE, Auditor Governamental - Engenheiro,
2015).
Turbinas de ação  o jato incide livremente nas pás, por
Fonte: ELETROBRAS, 2019
um distribuidor em forma de bocal, através da ação da
energia cinética.
Turbina tipo Kaplan: atuam com uma queda de 20 até 50
Exemplo: Turbina tipo Pelton que “é instalada em altas
metros. A diferença entre o tipo Francis e Kaplan é o rotor,
quedas (350 a 1100 metros), os jatos de água se chocam
que neste caso se assemelha a um propulsor de navio
com o rotor que geram o impulso. A dificuldade é a erosão
(hélice) com duas a seis pás móveis que pode ser
provocada pelo efeito abrasivo da areia misturada com a
posicionada tanto na vertical como na horizontal
água, devido à alta velocidade com que a água se choca
(ELETROBRAS, 2019).
com o motor” (ELETROBRAS, 2019).
Figura 7: Turbina tipo Kaplan
Figura 5: Turbina tipo Pelton

Fonte: ELETROBRAS, 2019

www.cursosdoportal.com.br

De acordo com BAPTISTA e LARA (2014) a outra
classificação das turbinas se refere à trajetória da água no
rotor, sendo:
• Tangencial  quando a incidência do jato no rotor é
tangencial, como nas turbinas Pelton;
• Radial  quando a água entra no eixo do rotor e sai na
direção do eixo, como nas turbinas tipo Francis;
• Axial  a água circula sobre o rotor que tem a direção do
eixo, como nas turbinas Kaplan.
2.5 Vantagens e desvantagens em relação a
outras formas de geração de energia (térmica, eólica,
nuclear, biomassa)
Vichi e Mansor (2009) relatam que a energia
hidrelétrica é uma das maiores fontes renováveis de
energia. Entretanto, segundo QUEIROZ et al. (2013) tem
uma parcela significativa de impactos com a sua
implantação, tais como: culturais, socioeconômicos e
ambientais, por prejudicar a comunidade ribeirinha local, a
fauna e a flora.
Esses impactos são relevantes e podem ser
corrigidos através de uma parcela dos custos do
investimento destinada a uma boa assessoria social e
ambiental, é importante fazer um plano de ações antes da
implantação desse empreendimento a fim de minimizar os
impactos causados.
INFORMAÇÃO IMPORTANTE: Para instalação
de uma central hidrelétrica de acordo com o estudo de
inventário e com relação aos aspectos socioambientais, um
aproveitamento hidrelétrico está submetido a dois
processos de autorização: um da Agência Nacional de
Energia Elétrica e outro do órgão competente de
licenciamento ambiental (CESPE/CEBRASPE, SEGER-ES,
2011).
As hidrelétricas influenciam diretamente no meio
ambiente devido a construção das barragens ou represas,
que provocam inundações em grandes áreas de matas,
destroem espécies vegetais, prejudicam a fauna,
interferem no fluxo dos rios e na ocupação humana, tais
como comunidades tradicionais do local ou indígenas.
As plantas de cobertura do solo entram em
processo de decomposição devido as inundações das
florestas, com isso, ocorre a liberação de metano na
atmosfera, que é um dos gases responsáveis pela rarefação
da camada de ozônio e pelo efeito estufa. (INATOMI e
UDAETA, 2005 apud QUEIROZ et al., 2013). Além disso,
ocorre a mudança do clima local, devido a enorme
quantidade de água, que pode causar mudanças na
temperatura do local, bem como no regime de chuvas da
região (SITE SUSTENTÁVEL, 2019).
Sobre as vantagens e desvantagens em relação às
outras fontes de energia renovável:
• O seu uso viabiliza outras formas de energia limpa, devido
a capacidade e flexibilidade de armazenamento que podem
dar suporte ao uso de outras formas de energia, como a
energia eólica e solar;
• A geração de energia em centrais hidrelétricas, a usina
eólica e a nuclear apresentam desvantagem por
apresentarem maior custo de instalação por megawatts
hora (MWh). A geração de energia a partir da biomassa
pode, por outro lado, estabilizar a concentração do gás
carbônico na atmosfera, o que contribui para reduzir o
aquecimento global.
• A energia proveniente da hidrelétrica é considerada como
uma forma de energia de baixo custo após a sua instalação
e em pleno funcionamento. Esse baixo valor é revertido
para o consumidor final.
• É uma energia considerada limpa, pois as hidrelétricas não
emitem nenhum subproduto tóxico e nenhum tipo de gás
poluente em suas atividades.
• As hidrelétricas contam com um longo período de vida útil.
• O ministério de Minas e Energia divulgou que 10% da
energia gerada pelas hidrelétricas são utilizadas por usinas
www.cursosdoportal.com.br
ENGENHARIA CIVIL
PROFª. LEILA SANTOS
termelétricas e por usinas nucleares. Os 90% são
distribuídas por todo território nacional, voltado para o uso
doméstico, para a agropecuária e para a indústria.
Cerca de 20% de toda energia elétrica gerada no
mundo é resultado das usinas hidrelétricas. No Brasil
existem 9 usinas em construção e 158 usinas em
funcionamento (SITE SUSTENTÁVEL, 2019).
O Brasil possui o segundo e terceiro lugar no
ranking de maiores hidrelétricas do mundo, só perde para
a usina de Três Gargantas na China. O segundo lugar fica
com a usina de Itaipu e o terceiro com a usina de Belo
Monte, algumas informações sobre essas usinas serão
descritas a seguir:
Usina de Belo Monte  É considerada uma das maiores
obras de engenharia do mundo e a maior do Brasil. Está
localizada na bacia do rio Xingú no sudoeste do estado do
Pará (SITE SUSTENTÁVEL, 2019).
Usina de Itaipu  O Brasil tomou a iniciativa de explorar
o potencial hidrelétrico da bacia do rio Paraná, nas décadas
de 60 e 70 do século passado, o que gerou repercussões na
Argentina e no Paraguai.
Em 1973, Brasil e Paraguai assinaram um tratado
para o aproveitamento hidrelétrico do rio Paraná, desde
Sete Quedas até a foz do rio Iguaçu. Os termos do contrato
determinavam a criação da empresa binacional Itaipu e a
participação dos dois países, em condições de igualdade,
na construção e operação da hidrelétrica e na divisão da
energia gerada (CESPE/CEBRASPE, Instituto do Rio Branco,
2016).
Dando um salto para 2019, o acordo internacional
entre o Brasil e o Paraguai, que definia a compra de energia
se tornou muito polêmico. O acordo foi assinado em maio
e só divulgado no mês de julho. Isso gerou uma crise no
país vizinho e fortaleceu a oposição contrária ao presidente
paraguaio. Em declarações a jornalistas, Mario Abdo
Benítez afirmou que cancelou o acordo por ambiguidade e
discordâncias em vários termos do acordo energético
(Instituto UniFil, Prefeitura de Iguaraçu - PR, 2019).
No acordo o Paraguai aumentaria de forma
gradual o montante de energia que contrata de Itaipu entre
2019 e 2022, o que geraria um custo adicional de US$ 200
milhões para o país. O centro de estudos Acende Brasil
esclareceu que o acerto corrige as distorções que vem
permitindo o Paraguai reduzir os custos de energia da usina
em detrimento dos brasileiros. Pois o valor da energia
garantida é maior que a energia excedente. Nos dias atuais
o Brasil consome 84% da produção da usina, o Paraguai
15,6%, o restante abastece a própria hidrelétrica. A
negociação entre os dois países ainda acontecem e terão
continuidade até o prazo estabelecido para a renegociação dos
termos financeiros da hidrelétrica do tratado binacional.