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O presente trabalho tem por objetivo apresentar o conceito de substância dentro

da metafísica de Aristóteles. Para isso, torna-se necessário reconstruir, brevemente,


alguns pontos principais da teoria das quatros causas, e a doutrina Aristotélica do Ser.
Não cabe aqui fazer uma análise pormenorizada destes temas, mas ver como estes
conceitos podem nos ajudar na compreensão do que é a substância. Desde já,
pretendemos evidenciar o fato de que Aristóteles ao pensar e conceituar a substância
quer responder um problema do seu tempo, a dualidade dos dois mundos apresentada da
filosofia de Platão.
Tomando por base a definição clássica de substância teremos o conceito tido
como qualquer espécie de matéria ou, o que subsiste por si mesmo. No livro metafísica,
ensaio introdutório I, Geovanne Reale apresenta a teoria da Substância como terceira
definição dada a metafísica. Para ele a metafísica especula a respeito da substância,
donde se pode notar em todos os seus livros uma vasta referência a esse problema. A
palavra substância, vem do grego “ousia” que significa “ser”, essência, é classificada
como aquilo que fundamenta as coisas.
Primeiro ponto a ser observado em nossa reflexão é o termo da substância
vinculado ao conceito de ser, além de Aristóteles apresentar a substancia de vários
modos. Nesse sentido, Aristóteles nos diz que existem três tipos de substâncias, sendo
elas dois tipos de natureza sensíveis, e o terceiro de natureza supra-sensíveis. No
tocante as substâncias sensíveis, nosso filósofo as dividi como, as corruptíveis e as não
corruptíveis. A primeira caracteriza-se pelo “Devir”, constantes transformações e
alterações, que por sua vez, tornam-se estas inesgotável no conhecimento, devido as
mudanças. O segundo grupo classificado de substâncias sensíveis não corruptíveis, tem
relação com os elementos constituídos com o éter, que embora faça parte do mundo
sensível, são eternas e imutáveis. As substâncias supra-sensível pode ser definida como
aquelas substâncias primeiras, no sentido de que todos os outros modos dependem dela.
É o Movente Imóvel.
Para melhor esclarecer nosso problema, vejamos agora as características das
substâncias: o que não inere a outro; um ente capaz de subsistir separadamente do resto
de modo autônomo; algo determinado; aquilo que é de intrínseca unidade; ato e
atualidade.
Na primeira característica a substância não predica de outro, e por isso, não está
ligada a outros, ou seja, Aristóteles defini que a substância subsiste em si mesma. A
essência do ser é causa primeira para outras coisas. Desse modo, é característica da
substância, ser a essência das coisas, para assim torna-se fundamento para que
conhecimento o Ser.
A segunda característica trata-se do ente que existe e pode ser pensado
independente da sua matéria. Segundo nosso filósofo é a base de tudo e sem ela nada
pode existir; a terceira característica da substância diz respeito a não definir algo como
substância, sem que seja algo determinado.
Ao abordar a quarta e quinta característica da substancia entendemos a sua
universalidade que se dá na intrínseca unidade, onde conjunto de partes não organizada
de maneira unitária não pode ser chamada de substância e que é ato ou implica
essencialmente.
Tomando por base as quatros características citadas acima da substância,
deparamos com as características definidora da substância expressa na matéria e na
forma. O próprio Aristóteles escreve: “a matéria é substância” (Aristóteles. H1, 1042 a
32-34). A forma é classificada como então a forma aquilo que faz com que existam os
seres particulares. Assim, É a união dos princípios básicos para se entender o ente, a
matéria e forma que chamamos de substância. Em resumo podemos dizer a substancia
se caracteriza por três modos: impróprio: Matéria; mais próprio: Sínolo; e por
excelência pela Forma. Desse podemos inferir que a substância é classificada de modo
hierárquico das realidades do ser, mas a forma substância por excelência é “causa
primeira do ser”.
A ideia de substância na Metafisica aristotélica é firmada como categoria que
permite explicar como as coisas são. Ela por ser o ponto de partida ela conduz o homem
ao conhecimento dentro da realidade do homem. Por esse modo, Aristóteles se
contrapõe a Platão no interesse de mostra a existência da substância supra-sensível. O
conceito de substância faz o elo entre o pensamento de Parmênides e Heráclito, o
mesmo define o estudo do ser enquanto ser como aquilo que existe, e existe em si
mesmo. Ainda nesse ponto é de grande importância entender a diferença entre
substância e os acidentes apresentada na metafísica de Aristóteles: os acidentes são
classificados não como substâncias, pois não existem em si mesmos, só tem existência
na substância.
Concluindo nossa problemática, chegamos ao final do caminho percorrido com
Aristóteles, confirmando que a substância é o fundamento de tudo, e união integradora
do ser. Entender a substância vislumbra compreender ideia de potência e ato contidas no
ser. No estudo e na relação de substância e existência, deparamos diante de uma arte do
conhecimento: o conhecimento pelas causas.

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