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ECONOMIA

PROFESSOR DANIEL SOUSA

AULA 11 – GOVERNO DUTRA. II GOVERNO VARGAS. GOVERNO JK

1. ECONOMIA NO GOVERNO DUTRA

 No governo Dutra, o principal problema a ser enfrentado é a inflação. Nesse sentido, temos
como heranças deixadas pela era Vargas:
 Um crescimento muito forte no país, principalmente movido por um forte crescimento
industrial.
 Uma balança comercial positiva.
 Reservas cambiais, embora não sejam em moeda conversível, pois boa parte das
reservas brasileiras não era o dólar.
 Dívida externa renegociada (em 1943)
 Grave desequilíbrio fiscal, devido aos grandes gastos do governo, bem acima do que
era arrecadado (indisciplina fiscal).
 Inflação, devido ao fechamento da economia e ao emissionismo, bem como ao
aumento de custos, e à II Guerra, a qual gerou uma escassez de gêneros, fazendo
haver uma pressão inflacionária, pelo encarecimento do preço de determinados
gêneros.

 Nesse sentido, uma das primeiras medidas do governo Dutra é a flexibilização do controle
cambial, ou seja, busca-se dar mais liberdade para que as pessoas tenham acesso à moeda
estrangeira. Isso teve como objetivo a atração de investimento estrangeiro direto, bem como
buscar um reequipamento da indústria, inclusive por pressão da classe média.

 Isso visava, portanto, uma saída de dólares e uma entrada de dólares, especialmente porque
acreditava-se que o Brasil era credor dos EUA. De fato, a saída de dólares ocorreu, mas a
entrada de dólares não ocorreu porque a recuperação da Europa na Segunda Guerra Mundial
foi muito mais custosa e demorada do que na Primeira Guerra Mundial, além do fato de o
Brasil não ser mais uma prioridade para a política externa dos EUA naquele momento.

 Vale observar que com a flexibilização cambial, há uma “explosão” de importações e o Brasil é
inundado por produtos estrangeiros que não haviam no Brasil antes (ex: chicletes), em razão
do protecionismo industrial observado no governo Vargas.

 Essa situação vai gerar, no entanto, uma balança comercial negativa, que vai levar a uma
diminuição das reservas internacionais do Brasil. Para combater isso, o governo Dutra não
mexe no câmbio mas em 1947, o Brasil estabelece Guias de importação, que determinam se a
importação de um determinado produto pode ocorrer ou não e quais produtos podem ser
importados ou não. Isso resultou num quadro econômico melhor no final do governo Dutra,
particularmente em 1949, quando se tem um aumento das exportações de café e um aumento
do investimento estrangeiro direto.
 Cabe ressaltar, portanto, que a partir de 1946/1947 o governo Dutra implementa uma política
mais ortodoxa, por meio de uma política fiscal contracionista e de uma política monetária
também contracionista. Tudo isso como forma de reequilibrar as cotas públicas, baixar a
inflação e de reestabelecer a credibilidade do Brasil, visando voltar a atrair os investimentos
estrangeiros. Já a partir de 1948/1949/1950, em especial através do plano SALTE, o governo
Dutra passa a abandonar aquela ortodoxia e começa a realizar diversos investimentos (na área
de saúde, alimentação, transportes, e energia), como forma de crescimento econômico.

 Nesse sentido, a economia volta a apresentar um crescimento razoável, mas ao final do


governo Dutra, volta-se a ter os mesmos problemas do início, com expansão inflacionária e
desequilíbrio fiscal.

 Essa herança acaba ficando para o seu sucessor, que é o próprio Getúlio.

2. ECONOMIA NO SEGUNDO GOVERNO VARGAS

 O segundo governo de Vargas acaba tendo que lidar com os mesmos problemas que ele
mesmo também havia proporcionado. E para lidar com para esses desafios, o próprio Getúlio
afirma que seu governo se baseia em duas fases. Uma primeira fase com as características do
governo Campos Salles (1951/1952) e uma segunda fase com as características do governo
Rodrigues Alves.
 Desse modo, entre 1951 e 1952, tem-se um momento marcado pela ortodoxia, a fim
de combater à inflação e implementar uma disciplina fiscal. Além disso, esse momento
é marcado por boas relações com EUA, com a criação da Comissão Mista Brasil-EUA,
que visa estudar os grandes gargalos da economia brasileira. O grande fruto da
Comissão Mistas foi o BNDE, o qual recebe aporte inicial do Exim bank dos EUA e do
Tesouro Nacional, criado com o intuito de financiar os grandes projetos que superariam
os gargalos da economia brasileira (ex: de infraestrutura). Atualmente, o BNDE recebe
aporte do Tesouro Nacional e do FAT, mas ele ainda recebe aporte da venda de títulos
para pessoas (debênt.)
 Já no período de 1953 a 1954, esse contexto muda de figura, pois há uma mudança de
postura nos EUA com a saída de Truman e entrada de Eisenhower, que levou a um
afastamento das políticas da América Latina. Por consequência, o Brasil, nesse período,
adota uma política mais independente. A maior criação nesse período foi a Petrobrás,
que atua como uma empresa monopolista para a extração e refino de petróleo (por
pressão da UDN, a qual visava travar o desenvolvimento da empresa), mas não
monopolista na distribuição dos derivados de petróleo (por pressão do senado).
*obs: A Petrobrás só vai ter algum desenvolvimento a partir do período militar.
*obs: Vale lembrar que esse monopólio da Petrobrás foi quebrado em 1997.
 Nesse sentido, Vargas era muito pragmático, pois a hostilidade ao investimento
estrangeiro era muito mais retórica do que prática, pois na verdade ele estava aberto
ao investimento estrangeiro, o problema era que esse investimento estrangeiro não
aconteceu, por isso ele se vê na necessidade de estatizar a Petrobrás, já que era o meio
de alcançar o objetivo nacional.
 Além disso, ainda no período de 1953/54, o Brasil segue à instrução 70 da Sumoc
(criada em 1945 com o intuito de regular o Banco do Brasil), a qual o Brasil abandona a
taxa de câmbio fixo e adota taxas múltiplas de câmbio, dependendo do produto
exportado. A taxa de câmbio era mais desvalorizada (ou seja, ganhavam-se mais
cruzeiros por dólar) se o produto exportado não fosse café. No sentido das
importações, havia três taxas de câmbio diferentes, sendo a mais barata para as
importações de máquinas e equipamento, a intermediária era para quem importasse
petróleo e trigo, e a mais cara (que eram variadas e leiloadas pelo Branco Central) era
para qualquer outro produto importado.

 Já no sucessor de Vargas, Café Filho, pode-se destacar a implementação a instrução 113 da


Sumoc que permite a importação de máquinas, equipamentos e insumos sem cobertura
cambial, o que favorece muito as empresas multinacionais, como por exemplo a Chevrolet.
Essa medida gerou muita crítica, dizendo que tal medida priorizava o capital estrangeiro em
detrimento do nacional, e que favorecia a entrada de equipamento de tecnologia ultrapassada
no Brasil.

3. ECONOMIA NO GOVERNO JK

 No governo JK, o principal destaque é para o Plano de Metas, o qual priorizava os


investimentos em algumas áreas como:
 Siderurgia (Usiminas)
 Energia (setor elétrico)
 Transporte (construção de rodovias)
 Alimentação
 Educação

*Obs: E ainda havia a meta da construção de Brasília, que acabou sendo um projeto
bastante custoso e sem planejamento orçamentário, o que somado aos demais gastos
para cumprir as cinco metas vai gerar novos problemas como a inflação, o desequilíbrio
fiscal, endividamento externo, corrupção e cartéis de empreiteiras, os quais atingem
um novo patamar no governo JK. Tudo isso gerará um quadro caótico nos anos
posteriores ao governo JK, tornando a economia brasileira, nos governo Jânio Quadros
e João Goulart, inviabilizável.

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