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No governo Dutra, o principal problema a ser enfrentado é a inflação. Nesse sentido, temos
como heranças deixadas pela era Vargas:
Um crescimento muito forte no país, principalmente movido por um forte crescimento
industrial.
Uma balança comercial positiva.
Reservas cambiais, embora não sejam em moeda conversível, pois boa parte das
reservas brasileiras não era o dólar.
Dívida externa renegociada (em 1943)
Grave desequilíbrio fiscal, devido aos grandes gastos do governo, bem acima do que
era arrecadado (indisciplina fiscal).
Inflação, devido ao fechamento da economia e ao emissionismo, bem como ao
aumento de custos, e à II Guerra, a qual gerou uma escassez de gêneros, fazendo
haver uma pressão inflacionária, pelo encarecimento do preço de determinados
gêneros.
Nesse sentido, uma das primeiras medidas do governo Dutra é a flexibilização do controle
cambial, ou seja, busca-se dar mais liberdade para que as pessoas tenham acesso à moeda
estrangeira. Isso teve como objetivo a atração de investimento estrangeiro direto, bem como
buscar um reequipamento da indústria, inclusive por pressão da classe média.
Isso visava, portanto, uma saída de dólares e uma entrada de dólares, especialmente porque
acreditava-se que o Brasil era credor dos EUA. De fato, a saída de dólares ocorreu, mas a
entrada de dólares não ocorreu porque a recuperação da Europa na Segunda Guerra Mundial
foi muito mais custosa e demorada do que na Primeira Guerra Mundial, além do fato de o
Brasil não ser mais uma prioridade para a política externa dos EUA naquele momento.
Vale observar que com a flexibilização cambial, há uma “explosão” de importações e o Brasil é
inundado por produtos estrangeiros que não haviam no Brasil antes (ex: chicletes), em razão
do protecionismo industrial observado no governo Vargas.
Essa situação vai gerar, no entanto, uma balança comercial negativa, que vai levar a uma
diminuição das reservas internacionais do Brasil. Para combater isso, o governo Dutra não
mexe no câmbio mas em 1947, o Brasil estabelece Guias de importação, que determinam se a
importação de um determinado produto pode ocorrer ou não e quais produtos podem ser
importados ou não. Isso resultou num quadro econômico melhor no final do governo Dutra,
particularmente em 1949, quando se tem um aumento das exportações de café e um aumento
do investimento estrangeiro direto.
Cabe ressaltar, portanto, que a partir de 1946/1947 o governo Dutra implementa uma política
mais ortodoxa, por meio de uma política fiscal contracionista e de uma política monetária
também contracionista. Tudo isso como forma de reequilibrar as cotas públicas, baixar a
inflação e de reestabelecer a credibilidade do Brasil, visando voltar a atrair os investimentos
estrangeiros. Já a partir de 1948/1949/1950, em especial através do plano SALTE, o governo
Dutra passa a abandonar aquela ortodoxia e começa a realizar diversos investimentos (na área
de saúde, alimentação, transportes, e energia), como forma de crescimento econômico.
Essa herança acaba ficando para o seu sucessor, que é o próprio Getúlio.
O segundo governo de Vargas acaba tendo que lidar com os mesmos problemas que ele
mesmo também havia proporcionado. E para lidar com para esses desafios, o próprio Getúlio
afirma que seu governo se baseia em duas fases. Uma primeira fase com as características do
governo Campos Salles (1951/1952) e uma segunda fase com as características do governo
Rodrigues Alves.
Desse modo, entre 1951 e 1952, tem-se um momento marcado pela ortodoxia, a fim
de combater à inflação e implementar uma disciplina fiscal. Além disso, esse momento
é marcado por boas relações com EUA, com a criação da Comissão Mista Brasil-EUA,
que visa estudar os grandes gargalos da economia brasileira. O grande fruto da
Comissão Mistas foi o BNDE, o qual recebe aporte inicial do Exim bank dos EUA e do
Tesouro Nacional, criado com o intuito de financiar os grandes projetos que superariam
os gargalos da economia brasileira (ex: de infraestrutura). Atualmente, o BNDE recebe
aporte do Tesouro Nacional e do FAT, mas ele ainda recebe aporte da venda de títulos
para pessoas (debênt.)
Já no período de 1953 a 1954, esse contexto muda de figura, pois há uma mudança de
postura nos EUA com a saída de Truman e entrada de Eisenhower, que levou a um
afastamento das políticas da América Latina. Por consequência, o Brasil, nesse período,
adota uma política mais independente. A maior criação nesse período foi a Petrobrás,
que atua como uma empresa monopolista para a extração e refino de petróleo (por
pressão da UDN, a qual visava travar o desenvolvimento da empresa), mas não
monopolista na distribuição dos derivados de petróleo (por pressão do senado).
*obs: A Petrobrás só vai ter algum desenvolvimento a partir do período militar.
*obs: Vale lembrar que esse monopólio da Petrobrás foi quebrado em 1997.
Nesse sentido, Vargas era muito pragmático, pois a hostilidade ao investimento
estrangeiro era muito mais retórica do que prática, pois na verdade ele estava aberto
ao investimento estrangeiro, o problema era que esse investimento estrangeiro não
aconteceu, por isso ele se vê na necessidade de estatizar a Petrobrás, já que era o meio
de alcançar o objetivo nacional.
Além disso, ainda no período de 1953/54, o Brasil segue à instrução 70 da Sumoc
(criada em 1945 com o intuito de regular o Banco do Brasil), a qual o Brasil abandona a
taxa de câmbio fixo e adota taxas múltiplas de câmbio, dependendo do produto
exportado. A taxa de câmbio era mais desvalorizada (ou seja, ganhavam-se mais
cruzeiros por dólar) se o produto exportado não fosse café. No sentido das
importações, havia três taxas de câmbio diferentes, sendo a mais barata para as
importações de máquinas e equipamento, a intermediária era para quem importasse
petróleo e trigo, e a mais cara (que eram variadas e leiloadas pelo Branco Central) era
para qualquer outro produto importado.
3. ECONOMIA NO GOVERNO JK
*Obs: E ainda havia a meta da construção de Brasília, que acabou sendo um projeto
bastante custoso e sem planejamento orçamentário, o que somado aos demais gastos
para cumprir as cinco metas vai gerar novos problemas como a inflação, o desequilíbrio
fiscal, endividamento externo, corrupção e cartéis de empreiteiras, os quais atingem
um novo patamar no governo JK. Tudo isso gerará um quadro caótico nos anos
posteriores ao governo JK, tornando a economia brasileira, nos governo Jânio Quadros
e João Goulart, inviabilizável.