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MM.

JUÍZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA


COMARCA DE BELO HORIZONTE (MG)

Autos de nº​:

JÚLIA, ​brasileira, estado civil, estudante, inscrita no RG nº e CPF nº, residente e


domiciliada na cidade de Lavras (MG), vem, por intermédio de seu advogado que assina ao
final, interpor a presente ​CONTESTAÇÃO em desfavor de ​MARCELA​, brasileira, estado
civil, advogada, inscrita na OAB/UF nº, residente e domiciliada na cidade de Belo Horizonte
(MG), sob os fatos e argumentos de direito a seguir sustentados.

1. DOS FATOS

Depreende-se da análise da peça inaugural que a ora requerente MARCELA


alega ser credora da requerida JÚLIA, posto que realizou a ela venda de um Notebook,
convencionado de livre e comum acordo entre as partes o pagamento em 12 (doze)
parcelas de R$ 200,00 (duzentos reais), com vencimento ao dia 10 de cada mês na cidade
de Belo Horizonte (MG), totalizando R$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais).

A obrigação combinada foi cumprida sem problemas até a 10ª parcela, quando
JÚLIA foi demitida de sua ocupação, deixando de receber rendimentos, tornando-se, por
consequência, inadimplente quanto ao restante da dívida, qual seja de 2 parcelas,
totalizando a quantia de R$ 400,00 (quatrocentos reais).

Cumpre salientar que JÚLIA tentou, sem sucesso, por inúmeras vezes, explicar
sua atual situação financeira para MARCELA, a qual se demonstrou contrária à
renegociação extrajudicial da dívida, pleiteando de forma equivocada perdas e danos e a
cobrança do valor integral do Notebook, somando a importância de R$ 3.400,00 (três mil e
quatrocentos reais).

Em síntese, é o essencial.

2. DOS DIREITOS

Preliminarmente, cumpre a parte contestante impugnar de forma expressa o


deferimento do pedido de justiça gratuita concedido à autora, nos termos do art. 100 c/c art.
337, inc. XIII. do CPC/15, juntando aos autos provas de sua ostentação financeira,
tranquilamente capaz de arcar com as custas processuais, em evidente litigância de má-fé.

A análise do presente caso merece ser destacada sob inteligência do artigo 393,
caput e parágrafo único do Código Civil de 2002. A razão pela qual JÚLIA não cumpriu a
obrigação é verificada em momento que, de forma alheia à sua vontade ou
responsabilidade, em decorrência de demissões em massa, perdeu sua remuneração
financeira.
Constata-se a impossibilidade de JÚLIA em dar causa aos supostos prejuízos de
MARCELA resultantes da inadimplência, posto que se trata nitidamente de caso de força
maior, cujos efeitos não eram possíveis de serem evitados ou impedidos.

Segundo o artigo 396 do Código Civil de 2002, a devedora não incorre em mora,
posto que não há fato ou omissão imputável a JÚLIA, que nunca negou sua obrigação,
inclusive salientando nos autos suas tentativas infrutíferas de acordo com MARCELA.

Portanto, não há que se falar em inutilidade da prestação ou mesmo extinção do


cumprimento da obrigação e sua conversão em perdas e danos, ao passo que a requerente
não fez prova alguma de suas alegações, tampouco de seus prejuízos e danos sofridos.

Por fim, cabe ressaltar que, na data de sua citação, JÚLIA foi contemplada com
um novo contrato de estágio, ora juntado, comprovando sua futura capacidade financeira
em adimplir o restante da dívida, no próximo mês, sendo de seu interesse manter o
Notebook, pois necessita dele para trabalhar e estudar.

3. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, a contestante:

Requer o indeferimento da gratuidade judiciária em desfavor da autora, e o


deferimento da justiça gratuita em seu favor, nos termos do art. 98 e ss. do CPC/15.

Requer que as 2 parcelas restantes, as quais totalizam R$ 400,00 (quatrocentos


reais) sejam renegociadas em novas 5 parcelas, de R$ 80,00 (oitenta reais) cada.

Requer provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, seja
documental, testemunhal e pericial, sem prejuízo de outros necessários ao deslinde da
causa.

Requer seja julgada ​IMPROCEDENTE a presente ação de cobrança, em


desfavor aos argumentos apresentados pela autora MARCELA.

ADVOGADO
OAB/UF

Lavras (MG), 31 de março de 2020.

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