RESUMO: Este artigo tem o objetivo de analisar a produção acadêmica relacionada ao tema
cultura organizacional no âmbito das principais revistas em Administração do Brasil, e dos
principais eventos nacionais na área da Administração entre os anos de 2005 a 2015,
utilizando-se da metodologia de estudo bibliométrico. Os resultados mostraram uma
predominância de publicações sobre o tema cultura organizacional nos eventos nacionais
como: EnANPAD e EnEO. Essa predominância justifica-se pela temática “cultura
organizacional” estar entre os temas de interesse que compõem os eventos. Os resultados
trazem a predominância de publicações de pesquisas de cunho empírico de 75%, e pesquisas
qualitativas de 66%. A pesquisa revelou autores que têm se destacado no cenário brasileiro,
como Alexandre de Pádua Carrieri, Maria Ester de Freitas, Fernando Prestes Motta e Rafael
Alcadipani. Assim como, a prevalência de autores internacionais como Schein, Geert,
Hofstede, Smirch, e Morgan. As considerações finais destacam que os temas clássicos ligados
ao estudo das culturas nacionais apareceram com intensidade nos estudos de cultura
organizacional da última década, o que expressa a força e o interesse para as pesquisas de
autores como Hofstede e seus estudos transculturais, e os trabalhos de Motta ligados ao
estudo da cultura brasileira. Este “olhar” para as pesquisas sobre cultura organizacional na
última década mostrou a emergência de novos temas e autores, e simultaneamente, a presença
marcante de autores e temas já consagrados dentro deste campo de estudo.
1
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo geral analisar a produção acadêmica relacionada ao
tema cultura organizacional no âmbito das principais revistas em Administração do Brasil:
(Organizações & Sociedade (O&S); Cadernos EBAPE.BR, Revista de Administração de
Empresas (RAE), Revista de Administração de Empresas Eletrônica (RAE Eletrônica),
Revista de Administração Contemporânea (RAC), Revista de Administração Contemporânea
Eletrônica (RAC Eletrônica); Revista de Administração Pública (RAP), Revista de
Administração da USP (RAUSP), Brazilian Business Review (BBR), Brazilian
Administration Review (BAR) e Revista de Administração Mackenzie (RAM), e dos
principais eventos na área da Administração (EnANPAD; ENEO; EnGPR e 3Es), por meio de
pesquisa bibliométrica entre os anos de 2005 a 2015.
Como um campo dos estudos organizacionais, a cultura organizacional vem no Brasil
e no exterior, ao longo das últimas décadas, recebendo atenção por parte dos acadêmicos e
dos profissionais da área de Administração. Para Goulart (2012), a Administração constitui
uma área de conhecimento relativamente nova, e que se assenta sobre uma discussão
filosófica a respeito do homem e das organizações por ele criadas; por isto, as descobertas de
algumas ciências como a Psicologia, a Antropologia, a Sociologia, entre outras, têm oferecido
contribuição relevante para a gestão. Enquanto o pensamento filosófico se detém em analisar
homem e organização formal, as ciências acima mencionadas abordam o comportamento
humano, avaliando suas bases biológicas, psicológicas e sociais. Analisam ainda, a relação do
homem com os outros seres humanos, a influência da cultura sobre suas ações e a maneira
pela qual ele produz a riqueza e administra sua vida e a vida de sua empresa.
De acordo com Carrieri, Cavedon e Silva (2008), os estudos dedicados à cultura
organizacional são fundamentais, pois propiciariam maior clareza a respeito da vida
organizacional, promovendo uma reflexão mais crítica sobre as ideias, normas, valores, em
suma, sobre a realidade social e cultural das organizações. Nessa abordagem, estaria centrada
a ideia de cultura como uma metáfora da organização, que seria estudada em termos
ideológicos e simbólicos.
Nesse mesmo sentido, os estudos de Morgan (1998), apontam para a metáfora da
cultura como meio de criar e estruturar as atividades organizadas, por meio de ideologias,
valores, crenças, linguagem, normas e outras práticas que determinam e orientam a ação
organizada, sendo definida como “uma metáfora de considerável relevância para nossa
compreensão das organizações”. (MORGAN, 1998, p.137).
Com base nisso, pretende-se com este trabalho oferecer uma contribuição para o
estado do conhecimento sobre o tema cultura organizacional, na área dos estudos
organizacionais brasileiros. O trabalho está organizado em quatro seções. A primeira
apresenta uma breve revisão conceitual relacionada ao tema cultura organizacional. A
segunda parte relaciona-se à metodologia empregada na pesquisa. A terceira parte traz os
resultados alcançados. E, por fim, a conclusão. Espera-se que este estudo traga bases para a
compreensão do estado da arte do tema cultura organizacional nos estudos organizacionais no
Brasil, visto que dentre os temas desenvolvidos nas pesquisas que compõem a área de
Comportamento Organizacional, a relação organização e individuo, mais especificamente
sobre cultura organizacional, tem se destacado (SOBRAL; MANSUR, 2013).
2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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como o aprendizado, a linguagem e as tradições, passam a compreender a realidade à sua
volta, e compartilhar esta realidade com os outros, por meio destes mesmos processos, as
sociedades legitimam as atitudes consideradas corretas dentro de determinado grupo, assim
como, não aceitam as consideradas incorretas, e punem os seus transgressores. Ao encontro
dessa perspectiva, Fleury e Fischer (1996), afirmam que os indivíduos percebem a existência
da correspondência entre os significados atribuídos aos objetos, e compartilham entre si estes
significados, criando nos grupos um senso comum sobre a realidade.
Nesse sentido, dentro de uma corrente mais interpretativa, a cultura organizacional é
vista como um sistema de significados que é aceito publica e coletivamente por dado grupo
durante certo tempo, assim, significado, compreensão e sentidos compartilhados são todas as
diferentes formas de descrever a cultura organizacional. (PETTIGREW,1996; MORGAN,
1998).
A transição do conceito de cultura para sua aplicação nos estudos organizacionais,
começa a acontecer em meados da década de 1960, de acordo com Fleury (2009), quando as
empresas europeias e norte-americanos tornaram-se multinacionais, expandindo suas
operações para outros continentes, e levando consigo suas práticas de gestão. Morgan (1998)
afirma que o interesse especial pela cultura e suas ligações com a vida organizacional surge,
com efeito, a partir dos anos 80 em decorrência da eficiência das empresas japonesas na
década anterior sobre o modelo americano da produção em massa que havia prosperado
hegemônico até então. Mesmo sem consenso entre os pesquisadores e práticos da
administração até os dias atuais sobre todos os fatores que determinaram tal sucesso da
indústria japonesa, a maioria concorda que a cultura e o modo de vida no Japão
desempenharam um papel importante. Para Cuche (1999), a noção de uma cultura na empresa
não nasceu naturalmente das ciências sociais, mas sim como uma ideia do mundo dos
negócios que foi beber nas fontes da sociologia e antropologia para responder a questões
práticas das organizações.
Smircich (1983) relacionou, em seu artigo considerado clássico, “Concepts of culture
and organizational analysis” (Conceitos de cultura e análise organizacional), cinco
paradigmas representativos das pesquisas antropológicas que foram, segundo sua análise, a
origem das cinco principais correntes de estudos da cultura nas organizações. Para a autora, o
primeiro é o funcionalismo de Malinowski, no qual a cultura é um instrumento a serviço das
necessidades biológicas e psicológicas humanas; este paradigma encontra sua referência nos
estudiosos da Teoria Clássica em Organizações, onde se crê que estas sejam instrumentos
sociais. O segundo paradigma antropológico é o funcionalismo-estrutural, de Radcliffe-Brow,
onde a cultura é um mecanismo adaptativo regulador; sua correlação nos estudos
organizacionais é a Teoria Contingencial, onde organizações são organismos adaptativos em
troca com o ambiente. Estas duas abordagens tem em comum um olhar objetivista da
organização e, por conseguinte, da cultura organizacional. A autora constatou ser esta a
corrente predominante nos estudos científicos, principalmente os norte-americanos e ingleses
dos estudos de cultura organizacional. (SMIRCICH, 1983).
Os outros paradigmas, seguindo com a classificação de Smircich (1983), são
constituídos na perspectiva subjetivista. O terceiro destes é a Etnociência, de Goodenough,
onde a cultura é vista como um sistema de cognições compartilhadas; sua correspondente em
Estudos Organizacionais é a Teoria da Cognição, onde as organizações são vistas como
sistemas de conhecimentos, como rede de significados subjetivos. O quarto é Antropologia
Simbólica, de Geertz (1989), onde cultura é tida como sistema de símbolos compartilhados;
nesta visão, em Estudos Organizacionais tem-se a Teoria do Simbolismo, onde as
organizações são modelos de discurso simbólico. E, em quinto está o paradigma do
Estruturalismo de Lévi-Strauss, onde cultura é uma projeção da infraestrutura universal da
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mente, são os processos inconscientes; a sua correspondente em Estudos Organizacionais é a
Teoria da Transformação Organizacional, na qual formas e práticas organizacionais são
manifestações de processos inconscientes. (SMIRCICH, 1983).
Juntamente com o interesse pela cultura, como campo fértil nos estudos
organizacionais, nasceram também as discussões epistemológicas sobre o uso dos termos
emprestados da antropologia, portanto normalmente utilizados de modo superficial ou fora de
seu contexto de origem, e consequentes críticas às limitações das diferentes abordagens
(AKTOUF, 2012; CARRIERI, 2008). Por exemplo, ao se assumir a cultura organizacional
como algo possível de ser controlado tem-se como efeito a atribuição de maior poder à alta
administração (SCHEIN, 1992; PETTIGREW, 1996). Motivo pelo qual é chamada de “porta
de emergência do gerente ocidental” nos anos da crise da indústria americana (AKTOUF,
2012).
Schein (1992), ao referir-se ao termo cultura, defende que esta é aprendida, envolve
novas experiências, e pode ser mudada se entendida a dinâmica deste processo. Porém, para
isso é necessário aprender sobre crenças complexas e suposições que realçam o
comportamento social dos indivíduos. Ainda para Schein (1992), a palavra cultura tem muitos
significados e conotações, é um fenômeno profundo, complexo e difícil de entender, porém os
esforços para entender são necessários, uma vez que muitos dos mistérios das organizações
podem se tornar claros quando entendemos a cultura desta organização. Segundo o autor, o
termo cultura é tido como taken for granted na visão das organizações, porém, a cultura
deveria ser vista como uma unidade social estável, e um produto do aprendizado de um grupo,
através de suas experiências, pois o conceito de cultura está enraizado nas teorias dos grupos
que a cultura envolve.
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FISHER, 1996), a sedução e o carisma das organizações (FREITAS, 1999), o feitiço do
universo organizacional (SCHIRATO, 2000), ou a neurose profissional no contexto
organizacional (AUBERT, 2012). Todas estas pesquisas abordam questões complexas dos
aspectos culturais nas organizações e remetem às representações que as organizações retratam
de si, uma vez que o conceito de cultura organizacional não pode ser materializado, mas
adquire tangibilidade por meio da maneira de se fazer e pensar na organização.
Na produção científica brasileira da primeira década deste século foram identificados
como temas mais recorrentes associados com a cultura organizacional, em ordem decrescente
de importância: a mudança organizacional, a identidade organizacional, o comprometimento
no trabalho, a formação profissional, a aprendizagem organizacional, o ambiente
organizacional, a cultura, a teoria das organizações e organizações públicas (PEREIRA et al.,
2010).
Estudos indicaram, por exemplo, que a sustentação de uma organização inovadora
passa por sua cultura, pois a capacidade de inovar está nas habilidades e atitudes das pessoas,
que podem ser encorajadas por uma cultura organizacional que evoque a participação,
propicie o trabalho em equipe ou estimule a criatividade e a inovação como condutas
habituais (DOBNI, 2008; STEELE, MURRAY, 2004; KAASA, VADI, 2010; LAEGREID et
al., 2011). Outra pesquisa identificou forte evidência da relação da cultura organizacional com
a cultura de inovação, mostrando que a cultura de inovação é parte da cultura maior de uma
organização. (BRUNO-FARIA; FONSECA, 2014). A cultura organizacional também tem
despertado interesse no campo dos estudos mercadológicos, ao ser reconhecida como a base
da cultura de marca e influenciadora da criação desta (YANG, 2010).
Em relação aos artigos relativos ao campo do Comportamento Organizacional podem-
se citar os seguintes estudos encontrados na referida pesquisa, que representam a corrente
positivista e integracionista: como o desempenho organizacional e a atividade inovadora
(LAEGREID et al., 2011); o efeito da autonomia no trabalho sobre a satisfação no trabalho e
o comprometimento organizacional (NAQVI et al., 2013); a produção local de conhecimento
e estrutura (FINE; HALLETT, 2014).
Muitas ainda são as motivações para se estudar as questões que envolvem a cultura
nas organizações, mesmo após tantas abordagens diversas. Este campo de estudos
organizacionais mostra-se ainda fértil para novas investigações que tragam luz aos processos
de interação entre homem e organizações. A partir destes elementos conceituais, aqui
apresentados, foi possível conduzir a pesquisa, segundo os procedimentos metodológicos
detalhados a seguir.
METODOLOGIA
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Em relação ao procedimento adotado para a elaboração e a efetivação da pesquisa,
foi escolhido o método denominado bibliometria. Os estudos bibliométricos são aqueles que
tentam quantificar os estudos de determinada área. Esse método de estudos é importante por
mostrar os trabalhos, as teorias e os autores que estão sendo usados para a difusão e o
desenvolvimento do capital científico da área estudada e para o seu desenvolvimento
cronológico. A bibliometria é um método de análise de produção científica estatístico, ou não,
de baixo custo, que permite traçar o perfil do capital científico, e que possibilita identificar
tendências e crescimento do conhecimento no campo tratado (Vanti, 2002). Ainda, a
bibliometria permite a construção de indicadores que possam embasar uma análise
quantitativa das publicações mais relevantes (Guedes & Borschiver, 2005).
Considerando que a unidade de análise desta pesquisa são publicações, os dados
deste trabalho constituíram-se de artigos publicados entre 2005 a 2015 nos principais
periódicos de Administração brasileiros que estão classificados de acordo com os critérios da
CAPES (Centro de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) partindo-se das notas
entre A2 e B2. E, nos eventos da Associação Nacional de Pós-graduação e pesquisa em
Administração (ANPAD).
Os periódicos e eventos selecionados precisariam ter em suas publicações o tema
“cultura organizacional” para focar no tema, em sua terminologia mais clássica. No entanto, é
necessário destacar que entre os periódicos selecionados, alguns não figuraram na análise,
pois apesar de possuírem a nota entre os critérios da CAPES, não tinham artigos quando
selecionada a busca pelo título, ou pela palavra-chave: cultura organizacional. Deste modo,
obteve-se os seguintes periódicos: Organizações & Sociedade (O&S); Revista de
Administração de Empresas (RAE), Revista de Administração de Empresas Eletrônica (RAE
Eletrônica), Revista de Administração Contemporânea (RAC), Revista de Administração
Contemporânea Eletrônica (RAC Eletrônica), Revista de Administração Pública (RAP),
Revista de Administração da USP (RAUSP), Cadernos EBAPE.BR, Brazilian Business
Review (BBR), Brazilian Administration Review (BAR) e Revista de Administração
Mackenzie (RAM). Em relação aos eventos nacionais, foram estabelecidos com base no
título, ou nas palavras-chave “cultura organizacional” e, obtiveram-se os seguintes:
EnANPAD; ENEO; EnGPR e 3Es.
Posterior a seleção das revistas e dos periódicos que comporiam este estudo,
executou-se uma investigação nas bases de dados destas revistas e também dos periódicos,
empregando-se o termo “cultura organizacional”. Após o procedimento de análise destes
artigos, verificou-se que apesar de contemplarem a palavra “cultura organizacional” em seus
títulos, resumos ou palavras-chave, não possuíam o escopo que esta pesquisa possui, de
contemplar pesquisas na área de estudos organizacionais, estando mais ligados a outras áreas
como marketing, por exemplo.
Dessa forma, chegou-se ao número final de 108 artigos, que atenderam aos critérios
estabelecidos para a pesquisa. A partir deste resultado, procedeu-se um estudo de cada um
destes trabalhos, para se chegar aos elementos que serão mostrados na próxima seção. O
estudo detalhado dos artigos selecionados na pesquisa, foram realizados por todos os
pesquisadores envolvidos no trabalho, que procederam a análise em separado, e depois os
resultados foram confrontados pelo grupo de pesquisadores, que em conjunto procederam a
análise de cada trabalho.
Na dimensão perfil metodológico foi adotada a categorização que divide os estudos
em empíricos; teórico-empíricos e teóricos. foram classificados em qualitativos, quantitativos
ou mistos. Foram delineadas sete classificações possíveis para os trabalhos qualitativos
(Grounded Theory, etnografia, revisão teórica e estudo de caso). Em todos os estudos, foram
coletados dados sobre os diversos procedimentos de coleta e análise de dados.
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Quanto à temática abordada nos artigos, a interseção da teoria da organização e
teoria da cultura é manifesta em várias áreas de conteúdo que sejam de interesse para a
organização e gestão de estudiosos. Assim, foi possível destacar uma maior frequência de
pesquisas que focam o tema cultura organizacional em relação com os seguintes temas:
Simbolismo, Estudos Teóricos propondo a comparação entre autores no campo, Estratégia,
Gestão de Pessoas, Cultura Comparativa, Práticas, Aprendizagem Organizacional, Identidade,
Poder, entre outros.
Os procedimentos aqui detalhados, serviram de base para o estudo dos 108 artigos
publicados em periódicos e eventos no período de 2005 a 2015. A discussão e os resultados
obtidos serão apresentados a seguir.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Local de
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Total
publicação
ENANPAD 2 4 10 5 3 3 5 3 2 4 5 46
EnEO 0 2 0 4 0 3 0 2 0 3 0 14
3Es 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 1 3
EnGPR 0 0 2 0 2 0 0 0 1 0 3 8
EnEPQ 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
ERA 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 2
RAUSP 0 0 1 0 0 0 0 1 1 1 0 4
RAM 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 3
O&S 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 2
RAC 0 2 0 0 1 1 0 0 0 1 1 6
RAC
0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 2
Eletrônica
BAR 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 1 4
RAE
1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
eletrônica
BBR 0 0 0 0 0 1 0 0 0 2 0 3
Cadernos
0 1 0 0 0 0 1 1 0 2 1 6
EBAPE.BR
RAP 0 1 0 1 0 0 1 0 0 0 1 4
Total Geral 3 11 15 10 10 10 10 7 5 13 14 108
Os artigos foram analisados segundo a sua distribuição nos anos em que foram
publicados e também quanto ao local de publicação, conforme mostra a tabela 1, que retrata
que o maior índice de publicações em relação ao tema em Eventos aconteceu no ano de 2007,
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com 12 publicações, somando-se os trabalhos do EnANPAD e EnGPR. Já com relação aos
periódicos, o ano de 2014, apresentou o maior índice de publicações com 06 artigos, nos 11
anos em que a pesquisa foi realizada. Entre os locais de publicação, pode-se constatar uma
predominância dos eventos nacionais como o EnANPAD e EnEO. Essa predominância pode
justificar-se devido a amplitude e destaque destes eventos no cenário nacional de estudos
organizacionais e por apresentarem a temática relacionada à “cultura organizacional“ dentre
os temas de interesse que o compõem cada edição. Nestes eventos, as discussões envolvendo
o tema “cultura organizacional” pautam-se em: “globalização e cultura de negócios; poder e
simbolismo em organizações; identidade em organizações; espaço, tempo e territorialidade no
trabalho” (EnANPAD, 2015), entre outros aspectos.
Para uma verificação mais detalhada dos locais de publicação, uma vez separados em
periódicos e eventos, destacam-se 71 artigos publicados em 4 diferentes eventos, este valor
corresponde a 76,68% do total de publicações. Com destaque para o evento EnANPAD que
publicou no período de 2005 até 2015, 46 artigos, de modo que representam 49,68% do total
de artigos que foram encontrados nos periódicos e eventos no período analisado. Com relação
às publicações realizadas nos 11 periódicos que foram analisados, destacam-se dois
periódicos que possuem o mesmo número de artigos publicados, a Revista de Administração
Contemporânea (RAC) e o Cadernos Ebape, cada uma com 6 artigos, o que corresponde a
32,43% dos 37 artigos publicados em periódicos. Uma vez que existe uma diferença entre a
quantidade de publicações em periódicos e eventos, a figura 1 representa a distribuição de
publicações no decorrer do período analisado.
Dentre o total de 108 artigos selecionados, foi analisado o tipo de estudo dentre as
pesquisas empíricas e ensaios teóricos (Tabela 2) de modo que é possível destacar a
predominância de publicações de pesquisas de cunho empírico (75%).
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Tabela 2 – Tipo de Estudo
Natureza do
Frequência Absoluta Frequência Relativa
Estudo
Qualitativo 71 66%
Quantitativo 33 30%
Misto 4 4%
Total Geral 108 100%
Quanto à temática abordada nos artigos, percebe-se que os estudos sobre a cultura
organizacional tem se dedicado a entender novas relações com o tema. Por exemplo,
relacionando a cultura organizacional com a estratégia como o trabalho de Kich e Pereira
(2011); com o poder, como o trabalho de Pereira, Santos e Brito (2006), Cavalcanti e Duarte
(2012); Ferraz (2011); com a cultura de inovação como o trabalho de Bruno-Faria e Fonseca
(2014); com as práticas culturais e competências como o trabalho de Fleury (2009); com a
aprendizagem organizacional, como o trabalho de Queiroz, Lima e Ferraz (2012). Já o estudo
de Barreto et al., (2013) mostrou existir uma inter-relação entre cultura e liderança, no que diz
respeito aos mecanismos para o desenvolvimento cultural e o reforço de normas e
comportamentos expressos dentro das fronteiras da cultura. Neste estudo foi possível destacar
uma maior frequência de pesquisas que focam o tema cultura organizacional em relação com
os seguintes temas: Simbolismo, Estudos Teóricos propondo a comparação entre autores no
campo, Estratégia, Gestão de Pessoas, Cultura Comparativa, Práticas, Aprendizagem
Organizacional, Identidade, Poder, entre outros temas, conforme mostra a Tabela 04
apresentada a seguir.
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Tabela 4 – Temas de Estudos Relacionados à Cultura Organizacional
Frequência
Tema relacionado Frequência Relativa
Absoluta
Simbolismo 18 17%
Estratégia 14 13%
Revisão Teórica 13 12%
Gestão de Pessoas 12 11%
Aprendizagem organizacional 8 7%
Cultura comparativa 7 6%
Outros 6 6%
Comunidades de Prática 6 6%
Identidade 5 6%
Inovação 4 4%
Poder 4 4%
Administração Pública 3 3%
Mudança Organizacional 3 3%
Liderança 2 2%
Marketing 2 2%
Empreendedorismo 1 1%
108 100%
Continuação da Tabela 4
Fonte: elaborado pelos autores, 2016.
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Tabela 5 – Estratégias de Pesquisa
As tabelas abaixo, tabelas 06 e 07, ilustram os principais autores citados nos 108
artigos selecionados, divididos entre os autores brasileiros e internacionais. Destaca-se em
especial, os 3 mais mencionados: Edgar Schein com 85 menções (internacional), Fernando
Prestes Motta com 64 citações (nacional) e Hofstede com 52 menções (internacional).
Tabela 6 – Principais Autores Internacionais
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Tabela 7 – Principais Autores Nacionais
A amplitude dos autores nacionais é menor do que a dos internacionais e assim como
nesses, a presença de brasileiros referência no tema de cultura é notória. A participação dos
autores mais citados e sua importância para o estudo do tema cultura é de extrema
importância, o que é destacado pelo fato de que em 108 trabalhos analisados, 91 deles leva o
nome de Edgar Schein, seguido por outras participações expressivas já citadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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