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Advocacia & Consultoria Jurídica

Dr. Elias Reis da Silva

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA DESEMBARGADORA FEDERAL


RELATORA MONICA SIFUENTES DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA
PRIMEIRA REGIÃO – TRF1

Processos: 1027900-72.2020.4.01.0000

RUBENS AMARAL BALAROTTE, já devidamente


qualificado no processo em epígrafe, vem, por intermédio de seu advogado,
procuração nos autos, perante Vossa Excelência, mui respeitosamente, com
acatamento devido, ATRAVESSAR PETIÇÃO para expor e requerer o que
segue.

Na sessão realizada nessa tarde do dia 27/10/2020,


foi concedida a ordem de habeas corpus parcial ao paciente.

Ficou condicionada a liberdade do paciente pela


cautelar de monitoramento eletrônico e arbitramento de fiança de R$
100.000,00 (cem mil reais).

Regulamentando o instituto da fiança,


constitucionalmente previsto, no inciso LXVI, o Código de Processo Penal
estabelece que na sua fixação o juiz leve em consideração não só a natureza
da infração, mas também as condições financeiras do réu, senão vejamos:

Art. 325.  O valor da fiança será fixado pela autoridade que


a conceder nos seguintes limites:

I - de 1 (um) a 100 (cem) salários-mínimos, quando se


tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, no grau
máximo, não for superior a 4 (quatro) anos;
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários-mínimos, quando
o máximo da pena privativa de liberdade cominada for
superior a 4 (quatro) anos.

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Av. Carlos Lins Cortes, 505, Infraero II, CEP 68908-074/ Macapá-AP
e-mail: eliasreis_advoc@hotmail.com
Fone: (096) 9147-8584
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§ 1o  Se assim recomendar a situação econômica do


preso, a fiança poderá ser:
I - dispensada, na forma do
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou
III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes.

Art. 326. Para determinar o valor da fiança, a autoridade


terá em consideração a natureza da infração, as
condições pessoais de fortuna e vida pregressa do
acusado, as circunstâncias indicativas de sua
periculosidade, bem como a importância provável das
custas do processo, até final julgamento.

Como se vê, o caput do artigo 325 e seus incisos,


ao escalonar o valor da fiança de acordo com a pena cominada, abre, no
parágrafo primeiro a possibilidade de dispensa, redução ou acréscimo em seu
valor, instituindo a proporcionalidade na sua fixação, não bastando mera
operação aritmética.

De fato, a fixação da fiança tem que levar em


consideração a razoabilidade e proporcionalidade, pois ao fixar a fiança em R$
100.000,00 (cem mil reais), não foi levado em consideração a capacidade
econômica do paciente, que não é proprietário da serraria, residindo nos
fundos, pois a serraria é de seu filho: senhor ELIEZER e que, quando os
policiais chegaram na serraria, estava em sua residência.

Portanto, pelo motivo do paciente não possuir


condições financeiras para tanto, sem que venha comprometer seu sustento e
de toda a sua família e que estava apenas cumprindo sua prisão domiciliar.

O STJ autoriza soltura de todos os presos do


país que tiveram liberdade provisória condicionada ao pagamento de
fiança

Não se sabe ainda o número de beneficiados pela


decisão que foi uma conquista da atuante defensoria pública.

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No dia 14/10/2020, a 3ª seção do STJ, na tarde


desta quarta-feira, 14, concedeu habeas corpus coletivo para soltar todos os
presos que tiveram o deferimento da liberdade provisória condicionada
ao pagamento de fiança.

Ao decidir, o mencionado colegiado considerou a


recomendação CNJ 62/20, além de medidas de contenção da pandemia.

(Imagem: Pixabay)

A Defensoria Pública do ES impetrou HC coletivo


buscando a soltura de todos os presos apenas do Estado, que tiveram a
liberdade provisória condicionada ao pagamento de fiança. A Defensoria
alegou que a recomendação 62/20 do CNJ aventa a máxima excepcionalidade
das ordens de prisão preventiva em razão da pandemia do coronavírus.

Ao analisar o caso, o relator, ministro Sebastião Reis


Jr., ressaltou a evidência de notória e maior vulnerabilidade do ambiente
carcerário à propagação do coronavírus.

O ministro ainda destacou reconhecimento, pela


Suprema Corte, de que o sistema prisional brasileiro se encontra em um
"estado de coisas inconstitucional", que se faz necessário dar imediato
cumprimento às recomendações que preconizam a máxima excepcionalidade

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das novas ordens de prisão preventiva, inclusive com a fixação de medidas


alternativas à prisão, como medida de contenção da pandemia do coronavírus.

Para Sebastião Reis Jr., nos termos da resolução do


CNJ, não se mostra proporcional a manutenção dos investigados na prisão, tão
somente em razão do não pagamento da fiança, visto que os casos,
"notoriamente de menor gravidade", não revelam a excepcionalidade
imprescindível para o decreto preventivo.

"O Judiciário não pode se portar como um Poder alheio aos anseios da
sociedade, sabe-se do grande impacto financeiro que a pandemia já tem
gerado no cenário econômico brasileiro, aumentando a taxa de desemprego e
diminuindo ou, até mesmo, extirpando a renda do cidadão brasileiro, o que
torna a decisão de condicionar a liberdade provisória ao pagamento de fiança
ainda mais irrazoável."

O relator entendeu que o quadro apresentado pelo


Estado do ES é idêntico aos demais Estados brasileiros, pois o risco de
contágio pela pandemia é semelhante em todo país.

Diante disso, concedeu a ordem para determinar a


soltura, independentemente do pagamento da fiança, em favor de todos
aqueles a quem foi concedida liberdade provisória condicionada ao pagamento
de fiança no Estado do ES.

Determinou, ainda, a extensão dos efeitos aos presos a quem foi


concedida liberdade provisória condicionada ao pagamento de fiança, em
todo o território nacional. Nos casos em que impostas outras medidas
cautelares diversas da fiança, afastou apenas a fiança, como é o caso do
paciente RUBENS AMARAL BALAROTE.

O colegiado seguiu o voto do relator por


unanimidade.

A bem da verdade, havia decisões esparsas de


ministros nesse sentido, prolatadas em HCs individuais.

Agora, no entanto, com a decisão da seção, que


reúne as duas turmas de Direito Penal da Corte, a jurisprudência está
solidificada, o que encerra questão. 

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Diante do exposto, requer a exoneração da fiança


arbitrada de R$ 100.000,00 (cem mil reais), nos termos do HABEAS CORPUS
Nº 568.693 - ES (2020/0074523-0). RELATOR MINISTRO SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR. IMPETRANTE DEFENSORIA PÚBLICA DO ESPÍRITO SANTO.

Nesses termos,

Pede deferimento pelo mais puro sentimento de justiça.

Macapá-AP, 27 de outubro de 2020.

ELIAS REIS DA SILVA

OAB 2081/AP

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