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INTRODUÇÃO À ENGENHARIA

ELETRÔNICA
AULA 1

Prof. Juliano de Mello Pedroso


CONVERSA INICIAL

Não se consegue mais imaginar a vida sem a engenharia elétrica. Atitudes


simples como ligar uma luz, escutar música ou assar um bolo são ações que,
para acontecer, dependem de um engenheiro eletricista. Nesta aula, serão vistos
os seguintes assuntos: os princípios e objetivos da engenharia, o papel do
engenheiro na sociedade, o perfil do egresso.

TEMA 1 – PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA ENGENHARIA

A palavra engenheiro tem sua origem no século XVI, com o sentido de


“construtor de engenhos militares”. De modo particular, tem origem semântica
na palavra latina ingenium, que significa genialidade ou habilidade.
Um engenheiro resolve problemas, ou seja, as engenharias constroem
soluções para problemas novos ou não e, nesse sentido, é difícil imaginar a
quantidade de pessoas que trouxeram benefícios para a humanidade.
Na Figura 1, por exemplo, temos o avião de Santos Dumont, que
revolucionou a aviação que se vê atualmente.

Figura 1 – Avião de Santos Dumont

Crédito: Everett Historical/Shutterstock.

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Grande parte das pessoas não sabe que Leonardo da Vinci era
engenheiro. Na verdade, ele tinha diversas profissões além de pintor. Na figura
2 temos, por exemplo, a descrição de um helicóptero projetado por ele.

Figura 2 – Esboço de projeto de helicóptero por Leonardo da Vinci

Crédito: Mitrofanov Alexander/Shutterstock.

Um engenheiro é um profissional que combina conhecimentos de


matemática, física e economia para resolver problemas que a sociedade
enfrenta.
Os engenheiros, assim como os cientistas, pesquisam soluções para
questões do dia a dia, mas os engenheiros diferem dos cientistas em um
aspecto: prática. Normalmente, se um engenheiro é aquele que acompanha ou
implementa uma solução de forma prática, um cientista, por outro lado, é aquele
que cria conhecimento e pesquisa.
O aspecto do trabalho com economia deve ser ressaltado porque
atualmente as fontes de recursos e energia não são consideradas inesgotáveis.
Por esse motivo, um engenheiro deve adequar seu projeto à realidade
econômica da sua empresa ou serviço.
O engenheiro trabalha em equipes conhecidas como multidisciplinares,
ou seja, diversos profissionais trabalham de forma correlata com engenharia. Por
exemplo:

• Cientistas: profissionais que trabalham com pesquisas tecnológicas;


• Tecnólogos – lidam com problemas mais específicos, que não requerem
um conhecimento tão profundo quanto o dos engenheiros e cientistas;

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• Técnicos – profissionais que realizam tarefas especificas e fundamentais,
como soldagem, montagem de painéis, procedimentos em bancadas,
construção de protótipos;
• Artesãos – possuem habilidades manuais (soldagem, construção,
mecânica etc.) a fim de construir dispositivos especificados por cientistas,
engenheiros, tecnólogos e técnicos. Esses profissionais normalmente têm
uma grande experiência prática.

Esses profissionais atuam em conjunto com os engenheiros e são de


extrema importância dentro do processo produtivo. Cabe ao engenheiro, por
exemplo, na maioria das vezes, liderar equipes compostas por diversos dos
profissionais anteriormente citados. Cabe também ao engenheiro saber como
alavancar os pontos fortes de sua equipe, assim como ajustar os pontos a serem
melhorados sempre com respeito e ética.
Existem diversas funções que podem ser exercidas por um profissional da
engenharia, tais como:

• Pesquisa – é onde o profissional da área de engenharia elétrica vai


explorar, descobrir e aplicar novos princípios científicos, assim como
fortalecer a geração de conhecimento que podem vir a ser commodities
uteis e valiosos;
• Desenvolvimento – nessa área, o engenheiro transforma ideias ou
conceitos em processos produtivos, como a construção de novos
equipamentos ou novas infraestruturas que virão a ser novos
empreendimentos;
• Projeto – um engenheiro projetista trabalha mais na parte de preparação
ou concepção do que na execução. Um projeto nasce de uma
necessidade, e o engenheiro pode ajudar a conceber o projeto de forma
sistemática e ordenada;
• Produção e testes – depois de projetada uma peça ou produto ou até
mesmo uma infraestrutura, o engenheiro que atua na produção vai
executar o projeto e depois validar se a solução está contemplada de
forma correta;
• Vendas – um engenheiro pode vender equipamentos ou serviços técnicos
com uma vantagem: ter amplo conhecimento de causa;

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• Operação – uma planta ou processo produtivo atuante precisa de alguém
responsável da operação desse processo. Por exemplo, uma linha de
montagem de automóveis ou produção de chocolate;
• Construção – os engenheiros podem atuar na construção de casas,
prédios, infraestruturas e empreendimentos;
• Gestão – nessa função, o engenheiro atua como gestor de processos ou
faz a gestão de equipes. Muitas empresas, por exemplo, preferem o
engenheiro como gestor porque este conhece a fundo o processo a ser
controlado;
• Educação – ensina os princípios da engenharia, geralmente em
universidades ou escolas técnicas;
• Consultores – fornecem serviços de engenharia para clientes, podendo
trabalhar sozinhos ou em parceria com outros engenheiros ou equipes
interdisciplinares.

Nota-se que, para o engenheiro, há sempre coisas a fazer, ou seja, o


mundo nunca está pronto. Um engenho deve ficar sempre atento ao seu redor,
pois as coisas que estão à sua volta podem ser problemas que devem ser
resolvidos ou soluções que podem ser aplicadas em diversas situações do dia a
dia da profissão. Em resumo, a vida do engenheiro é identificação de problemas
e proposição de soluções. Assim, o engenheiro tem que gostar do que faz, achar
importantes as mudanças que ele proporciona e motivar-se na imensidão das
possibilidades que pode executar. O engenheiro foi concebido para construir
maravilhas, formar impérios e fazê-los prosperar. Como disse Confúcio (S.d.):
“Escolha um trabalho que ame e não terá que trabalhar nenhum dia da sua vida”.

TEMA 2 – PAPEL DO ENGENHEIRO NA SOCIEDADE

A vida moderna está rodeada de efeitos causados pela engenharia, ou


seja, este texto que você está lendo, por exemplo, chegou até você graças a
vários profissionais, muito deles engenheiros. O mesmo é possível dizer sobre
diversas outras ações que envolvem a nossa vida.
A engenharia modifica o ambiente em que se vive, atualiza aspectos
essenciais da nossa sociedade. Além disso, a engenharia de um país alavanca
a economia, criando conhecimento e serviços que são comercializados a um alto
valor agregado. Na Figura 3, temos um exemplo de projeto elétrico de um

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pavimento qualquer. Num primeiro momento, o olhar que se tem é de dúvida,
pois todos os símbolos são desconhecidos ou nunca foram usados. A partir do
momento em que se conhecem todos os símbolos e como são usados e se
conhece o padrão, torna-se prazeroso o feitio desses projetos, pois, nesse
momento, cria-se a possibilidade de experiência prática que pode ser estendida
para vários outros do mesmo tipo ou maiores. Quando se cria confiança no
sentido de admitir que se devem assumir responsabilidades de projetar por si só
esse conhecimento, os projetos começam a ficar valiosos e podem ser vendidos
na sociedade.

Figura 3 – Projeto elétrico

Fonte: <https://www.ebah.com.br/content/ABAAABMC0AK/projeto-eletrico-residencial>. Acesso


em: 30 jul 2019.

Mas nem só de conhecimento técnico vive um engenheiro, por isso a


formação na engenharia é ampla, e, quando se entra numa área dessas,
dificilmente se sabe onde vai ser exercida a função de engenheiro. Por esse
motivo, existem disciplinas gerais e específicas nessa formação.
A qualidade da engenharia define se a nação é desenvolvida. Por exemplo
a expectativa de vida dobrou quando um engenheiro implantou o sistema de
tratamento de esgoto. A expectativa de vida do ser humano, a qual era de 35
6
anos antes do sistema de esgoto, passou a ser mais de 70 anos. Dessa forma,
pode-se dizer que a engenharia trabalha para aumentar a qualidade de vida das
pessoas na sociedade.
Na Figura 4, temos uma possível representação da evolução do celular,
equipamento cujo desenvolvimento claramente evidencia a presença do trabalho
de engenharia.

Figura 4 – Evolução dos celulares

Crédito: Olya_Zhe/Shutterstock.

Muitos autores consideram a engenharia como sinônimo de


desenvolvimento de um país. No Brasil, por exemplo, ainda considerado um pais
emergente, a engenharia aparece como item indispensável para o aumento de
qualidade dos serviços para a população e também para resolver problemas
econômicos e sociais.
Uma das engenharias clássicas e fortemente ligadas à tecnologia e à
expansão da sociedade é a engenharia elétrica, que é de suma importância nos
dias atuais, uma vez que tem a responsabilidade de projetar desde o mais
simples circuito encontrado em diversos equipamentos eletrônicos simples até a
geração, transmissão e distribuição de energia pelo mundo afora.
Além disso, o novo perfil do engenheiro é de ser empreendedor, ou seja,
ele cria também novas oportunidades, característica que, no mundo globalizado,
é fundamental para se vencer nos negócios, pois, a partir do momento em que
um engenheiro cria um novo negócio, novas vagas de emprego surgem e
fomentam a economia local.

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TEMA 3 – PERFIL DO EGRESSO DO CURSO DE ENGENHARIA

O perfil do egresso é constituído pelas competências que o aluno recebe


para levar ao mercado de trabalho. Em resumo, é o que se espera que ele saiba
exercer quando for formado.
É importante analisar o que dizem as DCNs (Diretrizes Nacionais
Curriculares) propostas pelo Ministério da Educação (MEC) para as
engenharias:

Art. 6º O perfil do egresso do Curso de Graduação em Engenharia deve


compreender, entre outras, as seguintes características:
I – ser generalista, humanista, crítico, reflexivo, criativo, cooperativo,
ético;
II – ser apto a pesquisar, desenvolver, adaptar e utilizar novas
tecnologias, com atuação inovadora e empreendedora;
III – ser capaz de reconhecer as necessidades dos usuários,
analisando problemas e formulando questões a partir dessas
necessidades e de oportunidades de melhorias para projetar soluções
criativas de Engenharia;
IV – adotar perspectivas multidisciplinar e transdisciplinar em sua
prática;
V – considerar os aspectos globais, políticos, econômicos, sociais,
ambientais, culturais; e ainda
VI – atuar com isenção de qualquer tipo de discriminação e
comprometido com a responsabilidade social e o desenvolvimento
sustentável.
Art. 7º O Curso de Engenharia deve proporcionar aos seus egressos,
ao longo da formação, as seguintes competências gerais:
I. Analisar e compreender os usuários das soluções de engenharia e
seu contexto, para formular as questões de engenharia e conceber
soluções desejáveis. Isto significa ser capaz de utilizar técnicas
adequadas de observação, compreensão, registro e análise das
necessidades dos usuários e de seus contextos sociais, culturais,
legais ambientais e econômicos. Formular, de maneira ampla e
sistêmica, questões de engenharia considerando o usuário e seu
contexto, concebendo soluções criativas e o uso de técnicas
adequadas, que sejam desejáveis pelos usuários;
II. Analisar e compreender os fenômenos físicos e químicos por meio
de modelos matemáticos, computacionais ou físicos, validados por
experimentação. Isto significa ser capaz de modelar fenômenos e
sistemas físicos e químicos utilizando ferramentas matemáticas,
estatísticas, computacionais e de simulação. Prever os resultados dos
sistemas por meio dos modelos. Conceber experimentos que gerem
resultados reais para o comportamento dos fenômenos e sistemas em
estudo. Verificar e validar os modelos por meio de técnicas estatísticas
adequadas;
III. Conceber, projetar e analisar sistemas, produtos (bens e serviços)
componentes ou processos. Isto significa ser capaz de conceber e
projetar soluções criativas, desejáveis e viáveis técnica e
economicamente nos contextos em que serão aplicadas. Projetar e
determinar parâmetros construtivos e operacionais das soluções de
Engenharia. Aplicar conceitos de gestão para planejar, supervisionar,
elaborar e coordenar projetos e serviços de Engenharia;
IV. Implantar as soluções de Engenharia considerando os aspectos
técnicos, sociais, legais, econômicos e ambientais. Isto significa ser
capaz de simular e analisar diferentes cenários com foco na tomada de

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decisões. Supervisionar e avaliar a operação e a manutenção de
sistemas. Aplicar conceitos de gestão para planejar, supervisionar,
elaborar e coordenar a implantação das soluções de Engenharia. Estar
apto a administrar e gerir tanto a força de trabalho quanto os recursos
físicos, materiais e da informação. Desenvolver sensibilidade global
nas organizações, projetar e desenvolver novas estruturas
empreendedoras e soluções inovadoras para problemas. Realizar
avaliação crítico-reflexiva dos impactos das soluções de Engenharia no
contexto social e ambiental;
V. Comunicar-se efetivamente e eficientemente nas formas escrita,
oral e gráfica. Isto significa ser capaz de se expressar adequadamente,
dominar os meios de comunicação existentes e manter-se atualizado
em termos de métodos e tecnologias de comunicação disponíveis;
VI. Trabalhar e liderar equipes multidisciplinares. Isto significa ser
capaz de interagir com diferentes culturas, mediante trabalho em
equipes presenciais ou a distância, de modo a facilitar a construção
coletiva. Atuar de forma colaborativa em equipes multidisciplinares,
tanto presencialmente quanto em rede, de forma ética e profissional.
Gerenciar projetos e liderar de forma proativa e colaborativa, definindo
estratégias e construindo consenso nos grupos. Reconhecer e
conviver com as diferenças socioculturais nos mais diversos níveis em
todos os contextos em que atua (globais/locais). Preparar-se ainda
para liderar empreendimentos em todos os seus aspectos de
produção, de finanças, de pessoal e mercado;
VII. Interpretar e aplicar com ética a legislação e os atos normativos no
âmbito do exercício da profissão. Isto significa ser capaz de
compreender a legislação, a ética e a responsabilidade profissional e
avaliar os impactos das atividades de Engenharia na sociedade e no
meio ambiente. Atuar sempre respeitando a legislação e com ética em
todas as atividades, sempre zelando para que isto ocorra também no
contexto em que estiver atuando; e
VIII. Aprender de forma autônoma, para lidar com situações e
contextos complexos, atualizando-se em relação aos avanços da
ciência e da tecnologia.
Isto significa ser capaz de assumir atitude investigativa e autônoma,
com vistas à aprendizagem contínua, à produção de novos
conhecimentos e ao desenvolvimento de novas tecnologias. Aprender
a aprender novas competências. Aprender métodos, técnicas e meios
de ensino / aprendizagem de modo a estar apto a capacitar
profissionais no exercício profissional (Brasil, 2018).

Essas são as características esperadas de um engenheiro, na sua formação


após formado o CONFEA – (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) tem uma
legislação que atua nas áreas de engenharia a seguir serão vistas as resoluções gerais
e depois as de competência dos arts. 8 e 9 da resolução que compete ao engenheiro
eletrotécnico e ao engenheiro eletrônico.

RESOLVE:
Art. 1º – Para efeito de fiscalização do exercício profissional
correspondente às diferentes modalidades da Engenharia, Arquitetura
e Agronomia em nível superior e em nível médio, ficam designadas as
seguintes atividades:
Atividade 1 – Supervisão, coordenação e orientação técnica;
Atividade 2 – Estudo, planejamento, projeto e especificação;
Atividade 3 – Estudo de viabilidade técnico-econômica;
Atividade 4 – Assistência, assessoria e consultoria;
Atividade 5 – Direção de obra e serviço técnico;
Atividade 6 – Vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer
técnico;
Atividade 7 – Desempenho de cargo e função técnica;
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Atividade 8 – Ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e
divulgação técnica; extensão;
Atividade 9 – Elaboração de orçamento;
Atividade 10 – Padronização, mensuração e controle de qualidade;
Atividade 11 – Execução de obra e serviço técnico;
Atividade 12 – Fiscalização de obra e serviço técnico;
Atividade 13 – Produção técnica e especializada;
Atividade 14 – Condução de trabalho técnico;
Atividade 15 – Condução de equipe de instalação, montagem,
operação, reparo ou manutenção;
Atividade 16 – Execução de instalação, montagem e reparo;
Atividade 17 – Operação e manutenção de equipamento e instalação;
Atividade 18 – Execução de desenho técnico.
Art. 8º – Compete ao ENGENHEIRO ELETRICISTA ou ao
ENGENHEIRO ELETRICISTA, MODALIDADE Eletrotécnica:
I - o desempenho das atividades 1 a 18 do artigo 1º desta Resolução,
referentes à geração, transmissão, distribuição e utilização da energia
elétrica; equipamentos, materiais e máquinas elétricas; sistemas de
medição e controle elétricos; seus serviços afins e correlatos.
Art. 9º – Compete ao ENGENHEIRO Eletrônico ou ao ENGENHEIRO
ELETRICISTA, MODALIDADE Eletrônica ou ao ENGENHEIRO DE
Comunicação:
I – o desempenho das atividades 1 a 18 do art. 1º desta Resolução,
referentes a materiais elétricos e eletrônicos; equipamentos eletrônicos
em geral; sistemas de comunicação e telecomunicações; sistemas de
medição e controle elétrico e eletrônico; seus serviços afins e
correlatos (Brasil, 1973).

TEMA 4 – REMUNERAÇÃO

Um tema tem sido recorrente no mercado de trabalho: o Brasil precisa de


engenheiros, mas não existe uma tabela de remuneração com valores que sejam
usados no dia a dia desse profissional. São muitas as variáveis que podem
compor a remuneração de um engenheiro eletrônico na indústria ou no seu
campo de trabalho. Experiência, técnica, jogo de cintura, trabalho em equipe,
motivação, entre outros, são características procuradas e valiosas no mercado.
Atualmente, inovação, criatividade e empreendedorismo têm feito sucesso no
mercado de trabalho.
Nesse momento, já devemos perceber que a remuneração depende de
vários fatores, inclusive o momento econômico da empresa, porém uma coisa é
certa: quanto mais qualificado o engenheiro for, mais aumenta a probabilidade
de negociação em carreiras horizontais e verticais.

4.1 Carreira horizontal

A promoção horizontal consiste tanto na troca de cargo entre áreas


diferentes na empresa, quanto a obtenção de aumento salarial por mérito. Para
isso, demonstrar um ótimo desempenho por médio e longo período de tempo

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tende a funcionar. As promoções horizontais acontecem somente em empresas
que possuem seus cargos e salários organizados e bem definidos.

Figura 5 – Promoção

Crédito: Natulrich/Shutterstock.

4.2 Carreira vertical

A promoção vertical consiste em ocupar cargos de maior importância e


responsabilidade dentro de uma empresa. Ou seja, dentro da estrutura de cargos
de uma empresa, isso significa “subir de nível”. Um exemplo disso é quando um
auxiliar administrativo passa a ser um assistente administrativo.
Para que esse tipo de promoção ocorra, o ideal é que o profissional
melhore seu currículo pelo ingresso em um curso de graduação ou até mesmo
em cursos especializados.
A seguir, são descritas algumas funções que o engenheiro eletrônico pode
exercer na indústria:
Estagiário de engenharia elétrica: segundo o art. 1º da Lei n. 11.788,
de 25 de setembro de 2008,

estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no


ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo
de educandos que estejam frequentando o ensino regular em
instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino
médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental,
na modalidade profissional da educação de jovens e adultos (Brasil,
2008).

O estágio ajuda o estudante de engenharia a adquirir experiência


necessária para entender os tramites que devem ser seguidos em uma empresa.
Existem modalidades de estágio remunerado e não remunerado.
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Normalmente o estagiário tem direitos trabalhistas e carga horária
reduzida, mas tudo isso é definido em contrato determinado de trabalho.
A remuneração normalmente vai de um a dois salários vigentes.

Figura 6 – Engenheiro (1)

Crédito: Wavebreakmedia/Shutterstock.

Assistente de engenharia elétrica: profissional com contrato


indeterminado, diferente do estagiário e que detém maior responsabilidade em
sua função na empresa. Normalmente não assume projetos inteiros, porém
auxilia diretamente a equipe de engenharia a resolvê-los.
Tem a motivação de conhecer todas as rotinas e deveres da função de
um engenheiro eletrônico. Em algumas empresas, essa função tem o nome de
engenheiro eletrônico trainee.
A remuneração gira em torno de dois a três salários vigentes.
Engenheiro eletricista júnior: normalmente profissional recém-formado
ou no início da carreira, detentor de pouca ou nenhuma experiência, numa
situação de primeiro emprego ou mudança de área.
A remuneração gira em torno de 6 salários mínimos.

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Figura 7 – Engenheiro (2)

Crédito: Thampapon/Shutterstock.

Engenheiro eletricista pleno: profissional com experiência mínima de


dois anos, nível de responsabilidade maior que o engenheiro júnior. Assume
projetos completos e começa a se tornar referência para outros engenheiros.
A remuneração gira em torno de 10 salários vigentes
Engenheiro eletricista sênior: cargo com alta responsabilidade. Trata-
se de um profissional que sabe de todos os processos da empresa e tem uma
experiência considerável pela participação em vários processos e tomada de
decisões estratégicas para o desenvolvimento de vários projetos
Remuneração acima de 10 salários vigentes
Gestor de engenharia elétrica: cargo que depende de características de
engenheiro sênior com as capacidades de chefia e liderança. Trata-se de um
cargo mais gerencial, desligando-se da parte técnica e assumindo tarefas
estratégicas e gerenciais que visam ao crescimento de um setor inteiro na
empresa.
Remuneração acima de 10 salários vigentes.

Figura 8 – Engenheiro (3)

Crédito: Micolas/Shutterstock.

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Os valores citados não são tabelados e nem servem de parâmetros para
o mercado de trabalho. O engenheiro eletrônico tem uma infinidade de
oportunidades, até mesmo pela demanda crescente de engenheiros no mercado
de trabalho brasileiro, portanto essa separação de forma restrita e até mesmo
imutável não é regra a ser seguida à risca.
Qualquer profissional pode começar como engenheiro júnior e ir direto
para o sênior sem passar pelo pleno, ou seja, é determinante o quanto se esforça
para obter valor no mercado de trabalho.
Se o engenheiro eletricista tiver uma veia de empreendedorismo, pode-se
criar um negócio próprio. Pode ser um sem número de oportunidades, como
startups (uma empresa nova, até mesmo embrionária ou ainda em fase de
constituição, que conta com projetos promissores, ligados à pesquisa, à
investigação e ao desenvolvimento de ideias inovadoras), uma empresa de
vendas ou prestação de serviços ou até mesmo uma consultoria.
Dessa maneira, o profissional pode ter ganhos que não estejam atrelados
a variáveis estáticas. Nesse sentido, é interessante o engenheiro eletrônico
sempre se aprimorar, ter garra e força de vontade, pois será recompensado.

TEMA 5 – HISTÓRICO

A engenharia elétrica tem estado presente em quase todas as áreas, com


um campo de atuação em dispositivos eletrônicos, geração, transmissão e
distribuição de energia elétrica, assim como na área de telecomunicações e
automação.
William Gilbert, criador da máquina de detectar cargas estáticas, é
considerado por muitos o primeiro engenheiro eletricista. Um grande
pesquisador chamado Thomas Edison, no ano de 1883, descobre o efeito
termiônico. Com esse experimento, conseguiu demonstrar a formação de uma
pequena intensidade de corrente num filamento aquecido e uma placa de metal
envolto em um vácuo parcial. Conseguiu comprovar que esses transmissores
estavam eletrizados. Tais transmissores seriam chamados futuramente de
elétrons.
Em 1884, Heinrich Hertz demonstrou a validade das equações de
Maxwell. Ele as reescreveu do jeito como são vistas atualmente. Em 1888, Hertz
foi reconhecido pelo seu trabalho sobre ondas eletromagnéticas. Hertz abriu as
pesquisas para o desenvolvimento do rádio. Hertz também é o nome que se dá
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à unidade de medida de frequência. Na Figura 9, temos o desenho de uma
experiência do Hertz, que também estudou a fotoeletricidade.

Figura 9 – Pesquisador Hertz e um de seus experimentos

Créditos: Granger/ Fotoarena


Sammlung Rauch/ Interfoto/ Fotoarena

Em 1888, um pesquisador chamado Willina Hallwachs fez um


experimento com um eletroscópio e uma bola de zinco, que perdia uma carga
negativa se fosse exposta a um tipo de luz (ultravioleta). Esse experimento foi
chamado de efeito Hallwachs e teve como resultado a descoberta de que essas
cargas eram negativas.
No ano de 1897, um dos precursores da radiotelegrafia, o físico John
Ambrose Fleming aplicou, de forma prática, o efeito termiônico. Também
construiu uma válvula que deu o início, em 1904, ao tubo diodo, sendo a origem
das válvulas usadas em comunicações.
Existem diversos fatos que revolucionaram a engenharia elétrica, mas um
deles revolucionou muito o mundo que vemos hoje: trata-se da descoberta dos
transistores, que substituíram as válvulas eletrônicas. Na Figura 10, há diversos
tipos desse componente eletrônico.

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Figura 10 – Transistores diversos

Crédito: Sergiy Kuzmin/Shutterstock.

Nesse ponto, os transistores (na verdade, os semicondutores em geral)


mudaram a concepção da engenharia elétrica.
Em poucos anos, o invento se disseminaria por todo o parque industrial e
permitiria uma onda de inovações tecnológicas sem precedentes. Os rádios
portáteis, então tornados possíveis, traziam estampada a expressão solid state
(estado sólido), em referência à ausência de válvulas, já que seus circuitos eram
construídos com cristais (sólidos, sem vácuo ou preenchimento com gases).

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Figura 11 – Primeiro computador digital eletrônico

Crédito: Sammlung Dieter Meinhardt/ Interfoto/ Fotoarena

Nascia a Era da microeletrônica, que revolucionaria a computação.


Apesar de o desenvolvimento de computadores digitais estar enraizado no
ábaco e em outros instrumentos de cálculo anteriores, foi creditado a Charles
Babbage o design do primeiro computador moderno. O primeiro computador
totalmente automático foi o Mark I (ou Automatic Sequence Controlled
Calculator), iniciado em 1939 na Universidade de Harvard, por Howard Aiken, já
o primeiro computador digital eletrônico, ENIAC (Electronic Numeral Integrator
and Calculator), que usava centenas de válvulas eletrônicas, foi completado em
1946, na Universidade da Pensilvânia.
O UNIVAC (Universal Automatic Computer) se tornou em 1951 o primeiro
computador a lidar com dados numéricos e alfabéticos com igual facilidade.
Também foi o primeiro computador disponível comercialmente, usado no censo
americano da década de 50.
Os computadores de primeira geração foram suplantados pelos
transistorizados, entre o fim da década de 50 e o início da década de 60. Esses
computadores de segunda geração já eram capazes de fazer um milhão de
operações por segundo. Por sua vez, foram suplantados pelos computadores de
terceira geração, com circuitos integrados, de meados dos anos 60 até a década
de 70. A década de 80 foi caracterizada pelo desenvolvimento do
microprocessador e pela evolução dos minicomputadores, microcomputadores e
computadores pessoais, cada vez menores e mais poderosos.

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Figura 12 – Notebook e tablet

Crédito: Wead/Shutterstock.

Percebemos que, no decorrer dos anos, a eletrônica assumiu grande


importância em nossas vidas. Tudo que está ao nosso redor está envolvido de
alguma forma com a eletrônica, que facilitou o nosso dia a dia. Os componentes
eletrônicos foram realmente um marco nas descobertas e nos proporcionaram
um imenso avanço tecnológico e tornou mais simples nosso modo de viver.

FINALIZANDO

Nesta aula foram abordados assuntos correlatos à engenharia eletrônica.


Discorreu-se sobre a definição de engenharia eletrônica, o papel do engenheiro
na sociedade, o perfil do egresso, a remuneração e o histórico da engenharia
eletrônica. Esses assuntos abriram as portas para um novo mundo: a vida de
engenheiro.
A vida de um engenheiro é um livro aberto, literalmente, pois há muito o
que se estudar e se desenvolver, mas como, disse Miguel de Cervantes: “Estar
preparado é a metade da vitória” (60 frases..., S.d.). Mas tenha certeza de que
vale a pena!

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REFERÊNCIAS

BARROS, A. P.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de metodologia. 3. ed. São


Paulo: Pearson, 2007.

BASTOS, L. R. et al. Manual para a elaboração de projetos e relatórios de


pesquisa, teses e dissertações. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003.

BAZZO, W. A.; PEREIRA, L.T.V. Introdução à engenharia. 2. ed. Florianópolis:


Ed. da UFSC 2009.

BRASIL. Lei n. 11.788, de 25 de setembro de 2008. Diário Oficial da União,


Poder Legislativo, Brasília, DF, 26 set. 2008.

BRASIL. Ministério da Educação. CNE – Conselho Nacional de Educação.


Câmara de Educação Superior. Consulta pública – Diretrizes curriculares
nacionais para o curso de graduação em engenharia. Brasília: MEC/CNE/CES,
2018.

BRASIL. CONFEA – Conselho Federal de Engenharia e Agronomia. Resolução


n. 218, de 29 de junho de 1973. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 31 jul. 1973.

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<https://www.pensador.com/frase/NTIwODUx/>. Acesso em: 29 jul. 2019.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

HOLTZAPPLE, M. T.; REECE, W. D. Introdução à engenharia. Rio de Janeiro:


LTC, 2006.

60 FRASES de motivação para empreendedores. Likemelon, S.d. Disponível


em: <https://likemelon.com.br/60-frases-de-motivacao-para-empreendedores/>.
Acesso em: 29 jul. 2019.

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