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Sílvio Vieira
ADVOCACIA & CONSULTORIA
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A)MINISTRO PRESIDENTE DO
EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA-STJ.
HABEAS CORPUS
COM PEDIDO DE CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR
IMEDIATA APRESENTAÇÃO DE PRESO
PARA ANALISE DE DENUNCIA DE CASO DE TORTURA
Autoridade Coatora:O Tribunal de Justiça do Estado do Ceará/ Juízo de Direito da 17ª Vara Criminal da Comarca
de Fortaleza-CE.
sob o nº 11.147, com domicílio profissional localizado à Avenida Santos Dumont, 1687, salas
1010, Aldeota, Fortaleza/Ce, vem, respeitosamente perante esse Egrégio Tribunal de Justiça,
impetrar em favor do paciente NILVAN DOS SANTOS PEREIRA, brasileiro, solteiro,
estudante, portador da cédula de identidade R.G. nº 2008291489-8 SSP/CE, residente e
domiciliado na rua da Paz, nº 25, bairro Nossa Senhora das Graças-PIrambú, na cidade de
Fortaleza-CE., atualmente preso no Xadrez da Delegacia do 7º Distrito de Policia Civil, com
fundamento no art. 5.º, caput, da Constituição Federal, apontando como autoridade coatora o
ESC:AVENIDA SANTOS DUMONT. 1687, SALA 1010, BAIRRO ALDEOTA-FORTALEZA-CEARA-CEP:60.150-160
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ, na pessoa da Sra.
Desembargadora Plantonista do dia 15 de dezembro de 2018, e o Douto Juízo da 17ª Vara
Criminal – Especializada em Audiência de Custódia – da Comarca de Fortaleza – Estado
do Ceará -, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
Conforme se vê adiante, vizinhos tem mandado fotos, como esta adiante, onde é
apresentado uma toalha utilizada para sufocar o Paciente até que ele vomitasse sangue.
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Diante da situação verificada in loco, e impedido de tirar ao menos fotos da
situação física do Paciente, fora requerido a apresentação do Paciente diante do juiz de
plantão ou perante a vara de audiência de custódia, o que não ocorreu.
produção de prova ilícita por meio de tortura, o que anula ao auto de prisão em flagrante,
como se pode aferir pela simples analise constitucional.
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Da Admissibilidade do Writ em Sede de Plantão Judiciário – Excesso de Prazo de Prisão
em Flagrante que se Renova Diariamente
Desta feita, imprescindível que seja recebido o presente writ, uma vez que, além de
se tratar de constrangimento ilegal oriundo de Prisão em Flagrante sem fundamentação e
sem o preenchimento dos requisitos do artigo 302 do Código de Processo Penal¸ sendo
ato ilegal pois se houve alguma apreensão esta foi fruto de tortura, que deve ser sanado
pela Autoridade Judicial, o excesso de prazo na Prisão em Flagrante é latente e se renova
diariamente, uma vez que perdura por 96 (noventa e seis) horas, sendo imprescindível a
apreciação pelo Plantão Judiciário, é imprescindível a apresentação do preso perante
autoridade judiciaria para verificação das evidencias da tortura sofrida pelo Paciente,
nesse sentido vejamos decisão do Colendo Superior Tribunal de Justiça, o qual determinou que
esse Egrégio Tribunal de Justiça analisasse Habeas Corpus impetrado no plantão que combatia
constrangimento ilegal oriundo de excesso de prazo de prisão em flagrante, inclusive aduzindo
que nos termos do artigo 654, §2, do Código de Processo Penal, compete aos juízes e tribunais
conceder ordem de habeas corpus, até mesmo de ofício, sempre que constata situação flagrante de
constrangimento ilegal (HC NO 431.493-CE [2017/0335233-7] – Maria Thereza de Assis
Moura – STJ – 29/12/2017) (Cópia em anexo).
Paciente.
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Do „Excesso de Prazo‟ da „Prisão em Flagrante‟ – Segregação que Ultrapassa 96
(noventa e seis) horas SEM Análise dos Requisitos de Legalidade do Flagrante – Da Ofensa ao
Artigo 310 do CPP – Da Ausência de Previsão para a Realização da Audiência de Custódia e/ou
Homologação do Flagrante – Da Violação à Resolução nº 213 do Conselho Nacional de Justiça e
Resolução nº 14/2015 do Órgão Especial do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do
Ceará – Da violação ao Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas –
Da Violação ao Pacto de São José da Costa Rica
Douto Ministro(a), trata-se de habeas corpus que visa sanar constrangimento ilegal e
ilegalidade do Auto de Prisão em Flagrante em epígrafe, que concerne o „flagranteado‟ Nilvan
dos Santos Pereira, o qual fora supostamente „preso em flagrante‟ sendo acusado do crime de
tráfico (art. 35 da Lei nº 11.343/06) e porte de arma (art. 14 da Lei nº 10.826/03), que o
mesmo possui residência e trabalha de forma licita, inclusive será adunado aos autos
principais ABAIXO ASSINADO DE TODOS OS MORADORES DA RUA DA PAZ,
QUE INDIGNADOS COM A AÇÃO TRUCULENTA E ABUSIVA DA POLICIA, SE
SOLIDARIZAM E EXIGEM A SOLTURA DO ACUSADO E O FIM DAS
INTERVENÇÕES ARBITRÁRIAS DA POLICIA NAQUELA LOCALIDADE QUE
ULTRAPASSAM OS LIMITES DA LEGALIDADE.
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EMENTA – HABEAS CORPUS. FURTO. PRISÃO EM FLAGRANTE.
ALEGAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONSUBSTANCIADO
NO EXCESSO DE PRAZO NA PRISÃO EM FLAGRANTE.
OCORRÊNCIA. COM PREVISÃO NO ART. 310 , INCISO II , DO CPP E A
RECOMENDAÇÃO CONJUNTA Nº CGJ/CCI 02/2013.
DESNECESSIDADE DE PRISÃO PREVENTIVA. INEXISTÊNCIA DE
PERICULOSIDADE QUE PONHA EM RISCO A ORDEM PÚBLICA.
LIMINAR RATIFICADA CONCESSÃO DA ORDEM EM HARMONIA
COM O PARECER DA DOUTA PROCURADORIA DE JUSTIÇA. COM
APLICAÇÃO EX OFFICIO DAS MEDIDAS CAUTELARES MENOS
GRAVOSAS A SEREM APLICADAS PELO JUÍZO A QUO. (Classe: Habeas
Corpus, Número do Processo: 0026487-02.2017.8.05.0000, Relator (a): José
Alfredo Cerqueira da Silva, Segunda Câmara Criminal - Segunda Turma,
Publicado em: 22/02/2018)
Não obstante, apenas ad argumentandum tantum, temos que in casu, sequer há que se
argumenta que o flagrante seria legal haja vista não existir a análise do mesmo por Autoridade
Judiciária, uma vez que tal análise, embora pleiteada por esse Patrono às fls. 30/33, sequer foi
realizada.
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Nesse sentido sequer poderíamos aduzir que ausência de audiência de custódia
não geraria nulidade, uma vez que, como supramencionado, sequer há fundamentação da
autoridade policial, tão pouco da judiciária acerca das mesmas, não se tratando de casos em que,
embora inexista a audiência de custódia, houve algum tipo de análise pelo Poder Judiciário, o que
não ocorreu in casu.
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
Não obstante, temos que o artigo 310 do Código de Processo Penal, estabelece
que:
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II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os
requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas
ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o
agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput
do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade
provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos
processuais, sob pena de revogação.
Desta feita, em respeito aos ditames constitucionais previstos no artigo 50, LXV,
LXVI, da Constituição da República Democrática Federativa do Brasil, dos Princípios
Constitucionais e Processuais Penais Brasileiros, da Resolução 213 do CNJ e Resolução 14/2015
do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, da Pacto Internacional de Direitos Civis e
Políticos das Nações Unidas, do Pacto de São José da Costa Rica, REQUER SEJA RELAXADA
A PRISÃO EM FLAGRANTE PELO SEU EXCESSO DE PRAZO, bem como pela sua
ILEGALIDADE.
que a determinou.
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Fls. 13 – Auto de Apreensão e Apresentação;
Fls. 12/14– Notas de Culpa e Nota de Ciência de Garantias Constitucionais;
Fls. 23 – Solicitação de Exames de Lesões Corporais;
Fls. 29 – Comunicação de Prisão em Flagrante;
Fls. 56/57– Certidão;
Fls. 29 – Recebimento da Justiça – 17aVara Criminal e Determinações à
Secretaria Judiciária em 13/12/2018/;
Fls. 30 – 34 – Juntada de Procuração e Substabelecimento;
Fls. 30-33- Pedido de Análise do Flagrante,
Fls. 34- Procuração, Docs. Pessoais e Resoluções – Pedido e docs.
referente ao Paciente;
Fls. 56/57(última folha dos autos) – Analise de antecedentes pelo CIACC.
Ocorre que o Delegado de Polícia, por ser agente público, que exerce parcela de
poderes conferidos pelo Estado, tem o dever de justificar seus atos de forma a garantir o controle
e a idoneidade da forma como age.
Não obstante, a lei 12.830/2013 também exige que o relatório do flagrante, que
redunde (ou não) em indiciamento, deverá ser feito de forma fundamentada, mediante análise
técnico-jurídica do fato.
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decorrência da investigação, com muito mais razão esse dever se transporta ao momento da
decisão sobre a autuação do conduzido em flagrante delito.
Em que pese a referida „nota de culpa‟ (único documento que traz alguma
informação mínima quanto à prisão do Paciente), aduzir que o Paciente estaria sendo preso em
flagrante diante das declarações dos policiais que assim fora reproduzida nos autos:
Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20
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Desta feita, considerando os fatos supramencionados, bem como que não há
decisão que justifique e fundamente a Prisão em Flagrante do Paciente, requer seja RELAXADA
A ILEGAL PRISÃO EM FLAGRANTE DA PACIENTE, haja vista a ausência de analise
da legalidade da prisão em flagrante no prazo estipulado nas resoluções nº 213 do CNJ e
na resolução nº 14/2015 do TJ-CE, que instituíram e regulamentam a instalação da
audiência de custódia no âmbito nacional e estadual respectivamente.
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
Por derradeiro, no que concerne a imputação do tipo penal previsto no artigo 33,
caput da Lei nº 11.343/2006, temos que o Paciente sequer tem ciência por qual motivo lhe foi
imputado, haja vista não ter sido apreendido qualquer objeto com a mesma, ou no imóvel que
estava.
Face o exposto, resta demonstrado que in casu sequer estamos diante das
circunstâncias do artigo 302 do Código de Processo Penal, motivo pelo qual deve ser
RELAXADA A PRISÃO EM FLAGRANTE, sob pena de manutenção do constrangimento
ilegal.
Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20
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O Paciente encontra-se recolhido ao xadrez do 7ª Distrito de Policia Civil com
várias escoriações decorrentes de golpes de “facão” usados como meio de impor ao autuado
sofrimento intenso. Os golpes foram desferidos com a lateral do facão com o objetivo de causar
lesões que desaparecem com pouco tempo, ocorre porém que na cabeça do acusado, e na perna
os golpes deixaram lacerações mais profundas.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20
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CF/1988:art.5º, inciso XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática
da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
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XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária;
“No entanto, o que o estudo da Conectas revela é que muitas pessoas são
vitimas de tortura na audiência de custódia não encontram amparo no
sistema de justiça. Rafael Custódio, coordenador da pesquisa, afirmou durante o
evento que as torturas em audiências de custódia não estão sendo identificadas
pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
“Pela primeira vez no Brasil fomos descobrir institucionalmente o que acontecia nessas
audiências. Só coletamos os dados em que houve relato, ou por outras fontes, como
marca de sangue e hematomas”, disse. Outro aspecto apontado por Rafael que a
Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20
pesquisa revela são relatos de “kits torturas” dentro da viatura policial no momento da prisão.”
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Fonte: http://www.justificando.com/2017/02/21/conectas-aponta-conivencia-com-tortura-por-judiciario-e-
mp-em-audiencias-de-custodia/
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outro 20% dos casos em que a denuncia foi levada adiante, o Ministério Público
deslegitima e arquiva como denuncias caluniosas.
encarceramento”, afirmou.
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ilicitude na obtenção das fontes ou ilicitude na aplicação dos meios. No sistema
do direito probatório, o veto às provas ilícitas constitui limitação ao direito à
prova. No plano constitucional, ele é instrumento democrático de resguardo à
liberdade e à intimidade das pessoas contra atos arbitrários ou maliciosos.”
(DINAMARCO, 2002, págs. 50-51).
Mesmo que muitos tenham aderido a uma “simpatia pelo retorno aos tempos da
ditadura”, esta é uma questão de se pensar que seria o “preço a se pagar” por vivermos, ainda,
em um Estado Democrático de Direito, ou seja, já que a Democracia é o sistema ainda vigente,
devemos, indubitavelmente, estar respeitando a lei; no caso em questão, não admitindo o uso de
provas ilícitas, como é a tortura. Ocorre que, para a maioria dos antigos juristas, seria uma
absurda afronta se utilizar de meios ilegais (no caso das provas obtidas por meios ilícitos) para
que uma decisão fosse tomada, pois, em suas concepções, estaria sendo “colocada em xeque” a
moralidade, a retidão do judiciário; onde estaria o direito no momento em que uma prova ilícita
estivesse sendo aceita em um processo? Poderia a justiça ir contra tudo que prega? (legalidade,
direito à intimidade etc).
Acontece que nos últimos tempos temos visto uma sistemática mudança ao se
falar na aceitação, ou não aceitação, de provas ilícitas. Os magistrados, desembargadores,
ministros e até mesmo os doutrinadores dividem conclusões acerca do tema. Luiz Rodrigues
Wambier e Eduardo Talamini expõem três correntes:
Permissiva: aceita a prova assim obtida, por entender que o ilícito se refere ao
meio de obtenção da prova, não ao seu conteúdo. Entende que aquele que
produziu o meio de prova ilícito deve ser punido, mas o conteúdo probatório
Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20
aproveitado;
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a admissibilidade da prova ilícita, isso em face de casos de excepcional gravidade,
onde, por exemplo, a prova ilícita se dê como a única alternativa de prova para
que o réu seja tido como inocente. Essa exceção seria dada pelo motivo de que
“nenhuma liberdade pública é absoluta” (MORAES, 2006, pág. 97)(intimidade),
“havendo possibilidade, em casos delicados, em que se percebe que o direito
tutelado é mais importante que o direito à intimidade, segredo, liberdade de
comunicação, por exemplo, de permitir-se sua utilização” (MORAES, 2006, pág.
97).
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HABITAÇÃO COLETIVA (COMO, POR EXEMPLO, OS QUARTOS DE HOTEL,
PENSÃO, MOTEL E HOSPEDARIA, DESDE QUE OCUPADOS):
NECESSIDADE, EM TAL HIPÓTESE, DE MANDADO JUDICIAL (CF, ART. 5º,
XI). IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO, PELO MINISTÉRIO PÚBLICO, DE
PROVA OBTIDA COM TRANSGRESSÃO À GARANTIA DA
INVIOLABILIDADE DOMICILIAR - PROVA ILÍCITA - INIDONEIDADE
JURÍDICA - RECURSO ORDINÁRIO PROVIDO. BUSCA E APREENSÃO EM
APOSENTOS OCUPADOS DE HABITAÇÃO COLETIVA (COMO QUARTOS DE
HOTEL) - SUBSUNÇÃO DESSE ESPAÇO PRIVADO, DESDE QUE OCUPADO,
AO CONCEITO DE "CASA" - CONSEQÜENTE NECESSIDADE, EM TAL
HIPÓTESE, DE MANDADO JUDICIAL, RESSALVADAS AS EXCEÇÕES
PREVISTAS NO PRÓPRIO TEXTO CONSTITUCIONAL. - Para os fins da proteção
jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da Constituição da República, o conceito normativo
de "casa" revela-se abrangente e, por estender-se a qualquer aposento de habitação
coletiva, desde que ocupado (CP, art. 150, § 4º, II), compreende, observada essa
específica limitação espacial, os quartos de hotel. Doutrina. Precedentes. - Sem que ocorra
qualquer das situações excepcionais taxativamente previstas no texto constitucional (art.
5º, XI), nenhum agente público poderá, contra a vontade de quem de direito ("invito
domino"), ingressar, durante o dia, sem mandado judicial, em aposento ocupado de
habitação coletiva, sob pena de a prova resultante dessa diligência de busca e apreensão
reputar-se inadmissível, porque impregnada de ilicitude originária. Doutrina. Precedentes
(STF). ILICITUDE DA PROVA - INADMISSIBILIDADE DE SUA PRODUÇÃO
EM JUÍZO (OU PERANTE QUALQUER INSTÂNCIA DE PODER) -
INIDONEIDADE JURÍDICA DA PROVA RESULTANTE DA TRANSGRESSÃO
ESTATAL AO REGIME CONSTITUCIONAL DOS DIREITOS E GARANTIAS
INDIVIDUAIS. - A ação persecutória do Estado, qualquer que seja a instância de poder
perante a qual se instaure, para revestir-se de legitimidade, não pode apoiar-se em
elementos probatórios ilicitamente obtidos, sob pena de ofensa à garantia constitucional
do "due process of law", que tem, no dogma da inadmissibilidade das provas ilícitas, uma
de suas mais expressivas projeções concretizadoras no plano do nosso sistema de direito
positivo. - A Constituição da República, em norma revestida de conteúdo vedatório (CF,
art. 5º, LVI), desautoriza, por incompatível com os postulados que regem uma sociedade
fundada em bases democráticas (CF, art. 1º), qualquer prova cuja obtenção, pelo Poder
Público, derive de transgressão a cláusulas de ordem constitucional, repelindo, por isso
mesmo, quaisquer elementos probatórios que resultem de violação do direito material
(ou, até mesmo, do direito processual), não prevalecendo, em conseqüência, no
ordenamento normativo brasileiro, em matéria de atividade probatória, a fórmula
autoritária do "male captum, bene retentum". Doutrina. Precedentes. A QUESTÃO DA
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mais expressivos destinados a conferir efetividade à garantia do "due process of law" e a
tornar mais intensa, pelo banimento da prova ilicitamente obtida, a tutela constitucional
que preserva os direitos e prerrogativas que assistem a qualquer acusado em sede
processual penal. Doutrina. Precedentes. - A doutrina da ilicitude por derivação (teoria
dos "frutos da árvore envenenada") repudia, por constitucionalmente inadmissíveis, os
meios probatórios, que, não obstante produzidos, validamente, em momento ulterior,
acham-se afetados, no entanto, pelo vício (gravíssimo) da ilicitude originária, que a eles se
transmite, contaminando-os, por efeito de repercussão causal. Hipótese em que os novos
dados probatórios somente foram conhecidos, pelo Poder Público, em razão de anterior
transgressão praticada, originariamente, pelos agentes da persecução penal, que
desrespeitaram a garantia constitucional da inviolabilidade domiciliar. - Revelam-se
inadmissíveis, desse modo, em decorrência da ilicitude por derivação, os elementos
probatórios a que os órgãos da persecução penal somente tiveram acesso em razão da
prova originariamente ilícita, obtida como resultado da transgressão, por agentes estatais,
de direitos e garantias constitucionais e legais, cuja eficácia condicionante, no plano do
ordenamento positivo brasileiro, traduz significativa limitação de ordem jurídica ao poder
do Estado em face dos cidadãos. - Se, no entanto, o órgão da persecução penal
demonstrar que obteve, legitimamente, novos elementos de informação a partir de uma
fonte autônoma de prova - que não guarde qualquer relação de dependência nem decorra
da prova originariamente ilícita, com esta não mantendo vinculação causal -, tais dados
probatórios revelar-se-ão plenamente admissíveis, porque não contaminados pela mácula
da ilicitude originária. - A QUESTÃO DA FONTE AUTÔNOMA DE PROVA ("AN
INDEPENDENT SOURCE") E A SUA DESVINCULAÇÃO CAUSAL DA PROVA
ILICITAMENTE OBTIDA - DOUTRINA - PRECEDENTES DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL - JURISPRUDÊNCIA COMPARADA (A EXPERIÊNCIA
DA SUPREMA CORTE AMERICANA): CASOS "SILVERTHORNE LUMBER CO.
V. UNITED STATES (1920); SEGURA V. UNITED STATES (1984); NIX V.
WILLIAMS (1984); MURRAY V. UNITED STATES (1988)", v. G.. (RHC 90376,
Relator (a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 03/04/2007, DJe-
018 DIVULG 17-05-2007 PUBLIC 18-05-2007 DJ 18-05-2007 PP-00113 EMENT
VOL-02276-02 PP-00321 RTJ VOL-00202-02 PP-00764 RT v. 96, n. 864, 2007, p. 510-
525 RCJ v. 21, n. 136, 2007, p. 145-147).
DO PEDIDO LIMINAR
Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20
Não obstante o fumus boni iuris resta evidente pelos fatos supramencionados e pela
clara violação à Constituição, Código de Processo Penal, Resoluções do CNJ e do próprio TJCE
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e, até mesmo Pactos e Convenções Internacionais, como amplamente demonstrado e
comprovado pelos documentos anexos aos autos.
Face todo o exposto, requer que Vossa Excelência se digne à conceder a Ordem
de Habeas Corpus para que seja, liminarmente, RELAXADA A PRISÃO EM FLAGRANTE
do Paciente NILVAN DOS SANTOS PEREIRA, bem como, no mérito, mantida a
CONCESSÃO DA ORDEM, devendo ser expedido o competente ALVARÁ DE SOLTURA
em favor do mesmo, a ser cumprido por Oficial de Justiça de Plantão do Tribunal de Justiça do
Estado do Ceará, por ser medida da mais lídima JUSTIÇA!
3
Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente,
mandará que este Ihe seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar.
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido mandado de prisão contra o detentor, que será
processado na forma da lei, e o juiz providenciará para que o paciente seja tirado da prisão e apresentado em
juízo.
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