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STJ-Petição Eletrônica recebida em 16/12/2018 10:19:35 (e-STJ Fl.

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Sílvio Vieira
ADVOCACIA & CONSULTORIA
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A)MINISTRO PRESIDENTE DO
EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA-STJ.

HABEAS CORPUS
COM PEDIDO DE CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR
IMEDIATA APRESENTAÇÃO DE PRESO
PARA ANALISE DE DENUNCIA DE CASO DE TORTURA

“TRIBUNAL DE JUSTIÇA QUE NEGA EFETIVIDADE AO ART. 93,


INC. IX DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. FALTA DE PRESTAÇÃO
JUDICIAL CONTINUADA E ININTERRUPTA- PACIENTE
ENCONTRA-SE PRESO ILEGALMENTE HÁ MAIS DE 96
(NOVENTA E SEIS) HORAS SEM QUALQUER DECISÃO
FUNDAMENTADA DA AUTORIDADE POLICIAL, SEM QUE O JUIZ A
QUO ANÁLISE A (I)LEGALIDADE DA PRISÃO E/OU EXISTÊNCIA
DO FLAGRANTE, SEM PREVISÃO PARA AUDIÊNCIA DE
CUSTÓDIA, RESTANDO LATENTE A ILEGALIDADE E O
CONSTRANGIMENTO ILEGAL, HAJA VISTA A OMISSÃO
INJUSTIFICADA DA AUTORIDADE COATORA, UMA VEZ QUE
NÃO FORA PROLATADA DECISÃO A RESPEITO
DA LEGALIDADE E NECESSIDADE DA CUSTÓDIA, NOS TERMOS
DO ARTIGO 310 DO CPP E DAS RESOLUÇÕES NO 213 DO CNJ E
14/2015 DO TJCE. NEGATIVA DE ANALISE DO WRIT NO PLANTÃO -
AGRAVANTE DE SITUAÇÃO DE TORTURA DO PACIENTE EM
PUBLICO E DENUNCIA DA COMUNIDADE DE PRODUÇÃO
ARBITRÁRIA DE FLAGRANTE PARA ENCOBRIR ATOS DE
ABUSO DE AUTORIDADE”

Referente Autos de Prisão em Flagrante nº 0186181-40.2018.8.06.0001

Inquérito Policial nª 102-605/2018

Paciente: NILVAN DOS SANTOS PEREIRA

Impetrante:SÍLVIO VIEIRA DA SILVA – OAB/CE Nº 11.147

Autoridade Coatora:O Tribunal de Justiça do Estado do Ceará/ Juízo de Direito da 17ª Vara Criminal da Comarca
de Fortaleza-CE.

SILVIO VIEIRA DA SILVA, brasileiro, casado, advogado inscrito na OAB/CE


Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20

sob o nº 11.147, com domicílio profissional localizado à Avenida Santos Dumont, 1687, salas
1010, Aldeota, Fortaleza/Ce, vem, respeitosamente perante esse Egrégio Tribunal de Justiça,
impetrar em favor do paciente NILVAN DOS SANTOS PEREIRA, brasileiro, solteiro,
estudante, portador da cédula de identidade R.G. nº 2008291489-8 SSP/CE, residente e
domiciliado na rua da Paz, nº 25, bairro Nossa Senhora das Graças-PIrambú, na cidade de
Fortaleza-CE., atualmente preso no Xadrez da Delegacia do 7º Distrito de Policia Civil, com
fundamento no art. 5.º, caput, da Constituição Federal, apontando como autoridade coatora o
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Sílvio Vieira
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ, na pessoa da Sra.
Desembargadora Plantonista do dia 15 de dezembro de 2018, e o Douto Juízo da 17ª Vara
Criminal – Especializada em Audiência de Custódia – da Comarca de Fortaleza – Estado
do Ceará -, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

RESUMO FÁTICO PROCESSUAL

O paciente se encontra preso desde o dia 13 de dezembro de 2018, acusado


segundo nota de culpa constante do auto de prisão em fragrante por suposta infração aos artigos
14 da Lei 10.826/13 e 33, caput da Lei nº 11.343/06, no xadrez da 7ª Delegacia de Policia Civil da
Cidade de Fortaleza-CE.

O Paciente foi preso na comunidade do Pirambu, conhecida pela situação de


precariedade econômica e social da região, sendo que é morador de uma das ruas mais humildes
dentro dessa comunidade pobre, na rua da Paz. A prisão do acusado causou extrema revolta na
comunidade que denuncia o fato de Paciente ter sido submetido a sessão de tortura diante de
várias pessoas, as quais tem se prontificado a ir em juízo denunciar essa conduta contumaz e
reprovável da policia toda vez que adentra naquela rua.

Conforme se vê adiante, vizinhos tem mandado fotos, como esta adiante, onde é
apresentado uma toalha utilizada para sufocar o Paciente até que ele vomitasse sangue.

Segundo a comunidade moradora da rua da Paz, o método usado na sessão de


tortura, além do espancamento com a lateral de um “facão” por todo o corpo do Paciente,
incluiu também afogamento em uma tina de água, e por fim enrolar a cabeça do Paciente com a
toalha acima retratada e jogando água como foi flagrado em outra situação de tortura, que foi
filmada e divulgada na imprensa nacional recentemente como se vê na foto abaixo:
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Diante da situação verificada in loco, e impedido de tirar ao menos fotos da
situação física do Paciente, fora requerido a apresentação do Paciente diante do juiz de
plantão ou perante a vara de audiência de custódia, o que não ocorreu.

Foi aguardado alguma decisão durante os dias 13 e 14 de dezembro, sem


nenhuma decisão que analisasse a legalidade do flagrante, o que efetivamente não ocorreu, razão
pela qual foi interpor o habeas corpus de nº 0002205-33.2018.8.06.0000, perante o Plantão
Judiciário do TJ-CE., o qual foi encaminhado há Desembargadora MARIA DE FATIMA DE
MELO LOUREIRO, que não conheceu do habeas corpus, alegando para tanto o seguinte:

“No caso dos autos, relata o impetrante que o paciente NILVANDOS


SANTOSPEREIRA, encontra-se desde a sua prisão, que ocorreuaos13.12.2018,
aguardando a audiência de custódia , tendo decorrido 72horas, o que gerou
constrangimento ilegal, posto que não foi apresentado para verificação da
ocorrência de tortura por ele sofrida. Acrescenta outrossim, que não há decisão
que justifique e fundamente a prisão em flagrante do paciente, portanto requer
que seja relaxada, haja vista a ausência de análise da legalidade da prisão em
flagrante no prazo estipulado nas resoluções nº 2013do CNJ e na resolução nº
14/2015 do TJCE. Vislumbra-se que, o pedido insere-se na hipótese prevista no
art. 3º, I, da Resolução nº 10/2013, que veda ao magistrado plantonista apreciar
pedidos de habeas corpus com fundamento em excesso de prazo, o que impossibilita
esta Julgadora de fazê-lo neste plantão, cabendo no caso a apreciação ser realizada
pelo juízo competente, haja vista que a autoridade policial já enviou o inquérito
policial em 13.12.2018 ao Juízo de direito da 17ªVara Criminal de Fortaleza/Ce,
bem como que já houve, por parte do paciente, pedido de audiência de custódia
junto aquele juízo (processo nº 01861181-40.2018.8.06.0001)Quanto ao
argumento de ausência de justa causa para a manutenção da prisão, trata-se de
pleito que deve ser apreciado pelo juízo de primeiro grau, que bem fundará o
deferimento ou não em decisão fundamentada na oportunidade. Portanto, deixo
de apreciar os pedidos no expediente excepcional, inclusive para proteger o
princípio do juiz natural, de forma a evitar que o Plantão Judiciário seja
confundido com possibilidade de escolha pessoal do julgador pelas partes, tudo
em conformidade com a Resolução da Corte Especial nº 10/2013 deste Tribunal
e da Resolução nº 71/2009, do Conselho Nacional de Justiça”

A decisão desconsiderou a ilegalidade de prisão em flagrante decorrente de


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produção de prova ilícita por meio de tortura, o que anula ao auto de prisão em flagrante,
como se pode aferir pela simples analise constitucional.

É de se destacar que a situação de excesso de prazo se renova a cada dia,


ademais quando verificado a ilegalidade de prisão em flagrante cujas provas são
produzidas por meio de tortura confrontam todo o arcabouço constitucional inscrito no
art. 5º da Constituição Federal ainda vigente.
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Da Admissibilidade do Writ em Sede de Plantão Judiciário – Excesso de Prazo de Prisão
em Flagrante que se Renova Diariamente

Ab initio, importante esclarecer a necessidade da apreciação do presente writ, ainda


que em sede de Plantão do Judiciário, uma vez que estamos diante de uma ilegal prisão em
flagrante que perdura por mais de 96 (noventa e seis) horas sem a imprescindível análise de
legalidade dos requisitos do artigo 302 do Código de Processo Penal e/ou previsão para
realização da Audiência de Custódia.

Em verdade, além da inexistência de homologação da mesma e previsão para a


realização da audiência de custódia, temos que compulsando os autos do flagrante, verifica-se que
não há relatório policial e qualquer fundamentação, ainda que mínima, que justifique a Prisão em
Flagrante do Paciente, o qual sequer tem ciência dos fatos que lhe estão sendo imputados.

Desta feita, imprescindível que seja recebido o presente writ, uma vez que, além de
se tratar de constrangimento ilegal oriundo de Prisão em Flagrante sem fundamentação e
sem o preenchimento dos requisitos do artigo 302 do Código de Processo Penal¸ sendo
ato ilegal pois se houve alguma apreensão esta foi fruto de tortura, que deve ser sanado
pela Autoridade Judicial, o excesso de prazo na Prisão em Flagrante é latente e se renova
diariamente, uma vez que perdura por 96 (noventa e seis) horas, sendo imprescindível a
apreciação pelo Plantão Judiciário, é imprescindível a apresentação do preso perante
autoridade judiciaria para verificação das evidencias da tortura sofrida pelo Paciente,
nesse sentido vejamos decisão do Colendo Superior Tribunal de Justiça, o qual determinou que
esse Egrégio Tribunal de Justiça analisasse Habeas Corpus impetrado no plantão que combatia
constrangimento ilegal oriundo de excesso de prazo de prisão em flagrante, inclusive aduzindo
que nos termos do artigo 654, §2, do Código de Processo Penal, compete aos juízes e tribunais
conceder ordem de habeas corpus, até mesmo de ofício, sempre que constata situação flagrante de
constrangimento ilegal (HC NO 431.493-CE [2017/0335233-7] – Maria Thereza de Assis
Moura – STJ – 29/12/2017) (Cópia em anexo).

Desta feita, resta evidente as ilegalidades e o constrangimento ilegal que vem


sofrendo o Paciente (primário e sem antecedentes), bem como a necessidade de recebimento do
presente writ, em especial no que concerne ao excesso de prazo da Prisão em Flagrante SEM
HOMOLOGAÇÃO E SEM QUALQUER ANÁLISE ACERCA DA SUA
LEGALIDADE, tratando-se de ilegalidade que se renova diariamente, principalmente
porque evidencias de TORTURA demonstram a ilegalidade do ato de aprisionamento do
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Paciente.

Não obstante, importante observar que os fatos apresentados demonstram


violação direta à Constituição Federal, ao Código de Processo Penal, à Resolução nº 213 do
Conselho Nacional de Justiça, à Resolução 14/2015 do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do
Ceará, ao Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas e ao Pacto de São
José da Costa Rica.

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Do „Excesso de Prazo‟ da „Prisão em Flagrante‟ – Segregação que Ultrapassa 96
(noventa e seis) horas SEM Análise dos Requisitos de Legalidade do Flagrante – Da Ofensa ao
Artigo 310 do CPP – Da Ausência de Previsão para a Realização da Audiência de Custódia e/ou
Homologação do Flagrante – Da Violação à Resolução nº 213 do Conselho Nacional de Justiça e
Resolução nº 14/2015 do Órgão Especial do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do
Ceará – Da violação ao Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas –
Da Violação ao Pacto de São José da Costa Rica

Douto Ministro(a), trata-se de habeas corpus que visa sanar constrangimento ilegal e
ilegalidade do Auto de Prisão em Flagrante em epígrafe, que concerne o „flagranteado‟ Nilvan
dos Santos Pereira, o qual fora supostamente „preso em flagrante‟ sendo acusado do crime de
tráfico (art. 35 da Lei nº 11.343/06) e porte de arma (art. 14 da Lei nº 10.826/03), que o
mesmo possui residência e trabalha de forma licita, inclusive será adunado aos autos
principais ABAIXO ASSINADO DE TODOS OS MORADORES DA RUA DA PAZ,
QUE INDIGNADOS COM A AÇÃO TRUCULENTA E ABUSIVA DA POLICIA, SE
SOLIDARIZAM E EXIGEM A SOLTURA DO ACUSADO E O FIM DAS
INTERVENÇÕES ARBITRÁRIAS DA POLICIA NAQUELA LOCALIDADE QUE
ULTRAPASSAM OS LIMITES DA LEGALIDADE.

Por outro lado, NÃO HÁ PREVISÃO para a realização da Audiência de


Custódia, SEQUER foi analisada a legalidade do flagrante (nem mesmo sua existência), nos
moldes do artigo 302 do Código de Processo Penal, estando o Paciente presa em virtude de
„Prisão em Flagrante‟ que pelo que consta apresenta-se ilegal, haja vista que pela simples análise
da nota de culpa (fls. 14) e demais documentos firmados pelo flagranteado temos que na data
supramencionada (13/12/2018) o mesmo fora conduzido à Delegacia do 2º Distrito na Aldeota,
apenas para ser produzido o flagrante e depois realocado no Xadrez do 7º Distrito, sem
que tenha, sequer, sido aprazada „audiência de custódia‟ para a análise da legalidade, ou não, da
Prisão em Flagrante, tão pouco apreciado pedido protocolado nesse sentido, às fls. 30/33. OU
SEJA, O PACIENTE ENCONTRA-SE PRESO HÁ MAIS DE 96 (noventa e seis) horas
SEM QUALQUER DECISÃO FUNDAMENTADA DA AUTORIDADE POLICIAL,
SEM QUE O JUIZ A QUO ANÁLISE A (I)LEGALIDADE DA PRISÃO E/OU
EXISTÊNCIA DO FLAGRANTE, RESTANDO LATENTE A ILEGALIDADE E O
CONSTRANGIMENTO ILEGAL, HAJA VISTA A OMISSÃO INJUSTIFICADA
DA AUTORIDADE COATORA, UMA VEZ QUE NÃO FORA PROLATADA
DECISÃO A RESPEITO DA LEGALIDADE E NECESSIDADE DA CUSTÓDIA, NOS
Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20

TERMOS DO ARTIGO 310 DO CPP E DAS RESOLUÇÕES NO 213 DO CNJ E


14/2015 DO TJCE, NEM QUE TENHA SIDO APRESENTADO DO PACIENTE
PARA VERIFICAÇÃO DA OCORRENCIA DE TORTURA POR ELE SOFRIDA.

Nesse sentido, imperiosa a concessão da Ordem de Habeas Corpus, cuja ementas


identificamos idêntica situação:

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EMENTA – HABEAS CORPUS. FURTO. PRISÃO EM FLAGRANTE.
ALEGAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONSUBSTANCIADO
NO EXCESSO DE PRAZO NA PRISÃO EM FLAGRANTE.
OCORRÊNCIA. COM PREVISÃO NO ART. 310 , INCISO II , DO CPP E A
RECOMENDAÇÃO CONJUNTA Nº CGJ/CCI 02/2013.
DESNECESSIDADE DE PRISÃO PREVENTIVA. INEXISTÊNCIA DE
PERICULOSIDADE QUE PONHA EM RISCO A ORDEM PÚBLICA.
LIMINAR RATIFICADA CONCESSÃO DA ORDEM EM HARMONIA
COM O PARECER DA DOUTA PROCURADORIA DE JUSTIÇA. COM
APLICAÇÃO EX OFFICIO DAS MEDIDAS CAUTELARES MENOS
GRAVOSAS A SEREM APLICADAS PELO JUÍZO A QUO. (Classe: Habeas
Corpus, Número do Processo: 0026487-02.2017.8.05.0000, Relator (a): José
Alfredo Cerqueira da Silva, Segunda Câmara Criminal - Segunda Turma,
Publicado em: 22/02/2018)

Também nesse mesmo sentido se posiciona o Excelso Superior Tribunal


Federal:

Nos termos do decidido liminarmente na ADPF 347/DF (Relator(a): Min. Marco


Aurélio, Tribunal Pleno, julgado em 9-9-2015), por força do Pacto dos Direitos
Civis e Políticos, da Convenção Interamericana de Direitos Humanos e como
decorrência da cláusula do devido processo legal, a realização de audiência de
apresentação é de observância obrigatória. Descabe, nessa ótica, a dispensa de
referido ato sob a justificativa de que o convencimento do julgador quanto às
providências do art. 310 do CPP encontra-se previamente consolidado. A
conversão da prisão em flagrante em preventiva não traduz, por si, a superação da
flagrante irregularidade, na medida em que se trata de vício que alcança a
formação e legitimação do ato constritivo (STF, HC 133.992/DF, 1ª T., rel. Min.
Edson Fachin, j. 11-10-2016, DJe 257, de 2- 12-2016).

Não obstante, apenas ad argumentandum tantum, temos que in casu, sequer há que se
argumenta que o flagrante seria legal haja vista não existir a análise do mesmo por Autoridade
Judiciária, uma vez que tal análise, embora pleiteada por esse Patrono às fls. 30/33, sequer foi
realizada.

Ou seja, in casu, não se vislumbra qualquer análise que resguardaria direitos e


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garantias previstos na Constituição Federal e no Código de Processo Penal e justificasse


continuação da segregação (através da inesperada conversão em preventiva), de modo que resta
incontroverso que a ausência da análise do flagrante pelo Magistrado de Piso culminado com a
ausência de previsão legal para manutenção de prisão em flagrante, sem a devida homologação
por prazo superior a 24 (vinte e quatro) horas.

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Nesse sentido sequer poderíamos aduzir que ausência de audiência de custódia
não geraria nulidade, uma vez que, como supramencionado, sequer há fundamentação da
autoridade policial, tão pouco da judiciária acerca das mesmas, não se tratando de casos em que,
embora inexista a audiência de custódia, houve algum tipo de análise pelo Poder Judiciário, o que
não ocorreu in casu.

Importante destacar que é imprescindível a análise da legalidade do flagrante e, até


mesmo, se de fato estaríamos diante de situação de flagrância, a qual é descrita de maneira
taxativa no artigo 302 do Código de Processo Penal, vejamos:

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: I - está cometendo a infração


penal;

II - acaba de cometê-la;

III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;

IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que


façam presumir ser ele autor da infração.

In casu, restará observado/demonstrado de maneira incontroversa que sequer


podemos considerar a flagrância do ora Paciente, sendo imprescindível a análise da
legalidade/ilegalidade do flagrante, nos moldes da Resolução 213 do CNJ e Resolução 14/2015
do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, sob pena de restar configurado
constrangimento ilegal, especialmente quando há necessária denuncia de TORTURA
sofrida pelo Paciente.

Vejamos o que dispõe o artigo 10, da Resolução 213 do Conselho Nacional de


Justiça, vejamos:

Art. 1º Determinar que toda pessoa presa em flagrante delito,


independentemente da motivação ou natureza do ato, seja
obrigatoriamente apresentada, em até 24 horas da comunicação do
flagrante, à autoridade judicial competente, e ouvida sobre as
circunstâncias em que se realizou sua prisão ou apreensão.

Nesse mesmo sentido, a Resolução 14/2015 do Egrégio Tribunal de Justiça do


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Estado do Ceará, em anexo.

Não obstante, temos que o artigo 310 do Código de Processo Penal, estabelece
que:

Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá


fundamentadamente:
I - relaxar a prisão ilegal; ou
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II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os
requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas
ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o
agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput
do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade
provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos
processuais, sob pena de revogação.

Desta feita, em respeito aos ditames constitucionais previstos no artigo 50, LXV,
LXVI, da Constituição da República Democrática Federativa do Brasil, dos Princípios
Constitucionais e Processuais Penais Brasileiros, da Resolução 213 do CNJ e Resolução 14/2015
do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, da Pacto Internacional de Direitos Civis e
Políticos das Nações Unidas, do Pacto de São José da Costa Rica, REQUER SEJA RELAXADA
A PRISÃO EM FLAGRANTE PELO SEU EXCESSO DE PRAZO, bem como pela sua
ILEGALIDADE.

Da Síntese das Ilegalidades dos Flagrante – Da Ausência de Fundamentação da


Prisão em Flagrante pela Autoridade Policial – Da Ausência de Qualquer Indício de Flagrância
quanto ao Peticionante – Da Ausência de Caracterização do Rol Taxativo do Artigo 302 do
Código de Processo Penal.

D. Desembargador, não obstante o supramencionado, que por si só demonstra o


incontroverso constrangimento ilegal que assola o Paciente e justifica a concessão da ordem de
Habeas Corpus para o relaxamento da custódia do Paciente, peço venia para demonstrar de
maneira objetiva a imprescindibilidade da imediata análise do Flagrante, apontando as razões pelo
o qual o mesmo se mostra ilegal em sua essência e até mesmo inexistente, sendo inadmissível
permitir que o Paciente continue à sofrer constrangimento ilegal.

· Da Ausência de Fundamentação para a Prisão em Flagrante

Compulsando os autos do flagrante em epígrafe (anexo de maneira integral ao


presente writ), podemos verificar que, de maneira geral, estamos diante de uma segregação
excepcional, sem qualquer tipo de decisão fundamentada, nem mesmo pela Autoridade Policial
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que a determinou.

Compulsando os autos processuais (íntegra em anexo), vejamos que os mesmos


são compostos por:

 Fls. 01 – 28 – auto de prisão em flagrante com Depoimentos e


Interrogatórios;

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 Fls. 13 – Auto de Apreensão e Apresentação;
 Fls. 12/14– Notas de Culpa e Nota de Ciência de Garantias Constitucionais;
 Fls. 23 – Solicitação de Exames de Lesões Corporais;
 Fls. 29 – Comunicação de Prisão em Flagrante;
 Fls. 56/57– Certidão;
 Fls. 29 – Recebimento da Justiça – 17aVara Criminal e Determinações à
Secretaria Judiciária em 13/12/2018/;
 Fls. 30 – 34 – Juntada de Procuração e Substabelecimento;
 Fls. 30-33- Pedido de Análise do Flagrante,
 Fls. 34- Procuração, Docs. Pessoais e Resoluções – Pedido e docs.
referente ao Paciente;
 Fls. 56/57(última folha dos autos) – Analise de antecedentes pelo CIACC.

OU SEJA, NÃO HÁ NOS AUTOS qualquer relatório, despacho ou mera


informação que justifique/fundamente minimamente a Prisão em Flagrante da Paciente.

Na Constituição Federal, o artigo 93, IX dirige ao Magistrado o dever de


fundamentar suas decisões, este artigo, entretanto, não necessita de similar destinado à
Autoridade Policial, pois ela, enquanto membro da Administração Pública, pratica atos
administrativos regidos por um regime jurídico que lhe impõe a publicidade e motivação.

Ocorre que o Delegado de Polícia, por ser agente público, que exerce parcela de
poderes conferidos pelo Estado, tem o dever de justificar seus atos de forma a garantir o controle
e a idoneidade da forma como age.

É dever que é imposto a todos os agentes públicos como corolário da efetivação


do controle de legalidade, uma vez que, o Estado que não efetiva instrumentos de autocontrole e
que não fomenta a clareza e a publicidade da motivação dos atos que pratica não pode ser
considerado democrático e tende à arbitrariedade.

É da essência dos Direitos Humanos e dos Direitos Fundamentais de primeira


dimensão que o Poder Público se abstenha de praticar atos ilegitimamente invasivos. Esta
legitimidade, assim, deve ser avaliada com o conhecimento das razões que levam o agente público
a adotar uma ou outra decisão, a restringir ou não determinados direitos, bem como o tipo e a
extensão da medida escolhida. E isto, gera, inexoravelmente, o dever de fundamentação.
Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20

Não obstante, a lei 12.830/2013 também exige que o relatório do flagrante, que
redunde (ou não) em indiciamento, deverá ser feito de forma fundamentada, mediante análise
técnico-jurídica do fato.

Além disso, se a legislação impõe o dever de fundamentação quando da realização


do relatório final, momento em que pode se vislumbrar a ausência de um cidadão preso em

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decorrência da investigação, com muito mais razão esse dever se transporta ao momento da
decisão sobre a autuação do conduzido em flagrante delito.

Em verdade, in casu, em que pese existir „Nota de Culpa‟, a informação prestada na


mesma não é suficiente para fundamentar a segregação do Paciente, o qual sequer tem ciência por
qual motivo lhe foram imputados tais fatos, haja vista que o Flagranteado sequer se enquadra nas
situações previstas no artigo 302 do Código de Processo Penal (como será exposto a seguir).

Ainda no que concerne a „Nota de Culpa‟ fornecida pela Autoridade Policial,


vejamos que a mesma não é clara quanto ao motivo da prisão da Paciente, bem como contraria às
informações dos autos quanto a Paciente, vejamos:

Em que pese a referida „nota de culpa‟ (único documento que traz alguma
informação mínima quanto à prisão do Paciente), aduzir que o Paciente estaria sendo preso em
flagrante diante das declarações dos policiais que assim fora reproduzida nos autos:
Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20

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Desta feita, considerando os fatos supramencionados, bem como que não há
decisão que justifique e fundamente a Prisão em Flagrante do Paciente, requer seja RELAXADA
A ILEGAL PRISÃO EM FLAGRANTE DA PACIENTE, haja vista a ausência de analise
da legalidade da prisão em flagrante no prazo estipulado nas resoluções nº 213 do CNJ e
na resolução nº 14/2015 do TJ-CE, que instituíram e regulamentam a instalação da
audiência de custódia no âmbito nacional e estadual respectivamente.

Da Ausência de Caracterização do Rol Taxativo do Artigo 302 do Código do Processo


Penal

Por derradeiro, importante destacar que o Paciente não se encontrava em


nenhuma das taxativas situações previstas no artigo 302 do Código de Processo Penal, vejamos
quais são elas:

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: I - está cometendo a infração


penal;

II - acaba de cometê-la;

III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;

IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que


façam presumir ser ele autor da infração.

No que concerne ao Paciente, temos que o mesmo se encontrava no meio da rua


e já era alvo de intervenções anteriores do mesmo grupo de policiais que prenderam
anteriormente sua esposa da mesma forma arbitraria abusiva.

Por derradeiro, no que concerne a imputação do tipo penal previsto no artigo 33,
caput da Lei nº 11.343/2006, temos que o Paciente sequer tem ciência por qual motivo lhe foi
imputado, haja vista não ter sido apreendido qualquer objeto com a mesma, ou no imóvel que
estava.

Face o exposto, resta demonstrado que in casu sequer estamos diante das
circunstâncias do artigo 302 do Código de Processo Penal, motivo pelo qual deve ser
RELAXADA A PRISÃO EM FLAGRANTE, sob pena de manutenção do constrangimento
ilegal.
Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20

DA QUESTÃO DE COMBATE A TORTURA

Antes de tudo temos que trazer ao conhecimento do Judiciário as denuncias e a


revolta da comunidade da Rua da Paz, que, mais uma vez, por ser uma comunidade pobre, de um
bairro pobre com o Pirambu, vê uma sessão de tortura ao público, e quem se rebela contra os
atos de arbitrariedade cometido pelos milicianos é chamado de “vagabundo” e acusado de
atrapalhar “ o trabalho da policia”.
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O Paciente encontra-se recolhido ao xadrez do 7ª Distrito de Policia Civil com
várias escoriações decorrentes de golpes de “facão” usados como meio de impor ao autuado
sofrimento intenso. Os golpes foram desferidos com a lateral do facão com o objetivo de causar
lesões que desaparecem com pouco tempo, ocorre porém que na cabeça do acusado, e na perna
os golpes deixaram lacerações mais profundas.

Ao encontrar o Paciente no interior da Delegacia, vendo a situação física em que


ele se encontrava, imediatamente os advogado ao final assinados peticionaram junto a
Audiência de Custódia de Fortaleza-Ce, (17ª Vara Criminal da Comarca de Fortaleza-Ce)
para que o mesmo fosse apresentado àquela autoridade judiciário IMEDIATAMENTE,
no prazo determinado nas resoluções nº 213/CNJ, e 14/2015 do órgão Especial do TJ-
CE., porém, os autos “entraram no fluxo normal” e não há previsão de realização da
audiência de custódia.

Como a situação envolve crime reprovado pela própria Constituição


Federal de 1988 em seu art. 5º inciso XLIII1, a conduta do magistrado deve se pautar pelo
que consta no art. 93, inc. IX, devendo a prisão ilegal ser imediatamente relaxada pela
autoridade judiciária por força do que consta no inciso LXV, e a prisão em flagrante que é
calcada provas obtidas por meio ilícito, devem ser no prazo estipulado nas resoluções
213/CNJ e 14/2015 do TJ-CE, ser reconhecida ilegal em obediência ao preceito contido no
inciso LVI do art. 5º da CF/1988, normas constitucionais que ora reproduzimos:

Constituição Federal da Republica Federativa do Brasil de 1988.

DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;

DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS


CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade


do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
(...)

1
CF/1988:art.5º, inciso XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática
da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
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XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária;

Em estudo formulado pela ONG Conectas Direitos Humanos2, denuncia que há


uma espécie de “Tortura Blindada” e explica como “Como as instituições do sistema de Justiça
perpetuam a violência nas audiências de custódia”. A demora na apresentação de presos perante a
autoridade judiciária colabora com a proliferação de atos de tortura por agentes de segurança
publica, que veem a tortura como um “método de trabalho e de combate ao crime organizado”,
sendo um meio “aceitável” desde que seja utilizado com o objetivo de cumprir o objetivo de
combater o crime.
As audiências de custódia foram implementadas após muita resistência pelas
carreiras jurídicas. Prevista no Pacto de San Jose da Costa Rica, significa da apresentação do
preso e da presa a um juiz de direito em até 24h após a prisão. A medida visa tanto desafogar o
sistema prisional, para evitar prisões mantidas de forma desnecessária, como também para
fiscalizar ocorrência de abuso e tortura em sede policial, porém isto não ocorreu no caso
concreto, e um caso tão grave de tortura se perde no meio da burocracia criada para se chegar a
realização da audiência de custódia.
Apesar de o Código de Ética da Magistratura determinar em seu artigo 1º que: “ O
exercício da magistratura exige conduta compatível com os preceitos deste Código e do
Estatuto da Magistratura, norteando-se pelos princípios da independência, da
imparcialidade, do conhecimento e capacitação, da cortesia, da transparência, do
segredo profissional, da prudência, da diligência, da integridade profissional e pessoal,
da dignidade, da honra e do decoro.”, o estudo apresentado pela ONG Conecta Direitos
Humanos afirma o seguinte:

“No entanto, o que o estudo da Conectas revela é que muitas pessoas são
vitimas de tortura na audiência de custódia não encontram amparo no
sistema de justiça. Rafael Custódio, coordenador da pesquisa, afirmou durante o
evento que as torturas em audiências de custódia não estão sendo identificadas
pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

“Pela primeira vez no Brasil fomos descobrir institucionalmente o que acontecia nessas
audiências. Só coletamos os dados em que houve relato, ou por outras fontes, como
marca de sangue e hematomas”, disse. Outro aspecto apontado por Rafael que a
Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20

pesquisa revela são relatos de “kits torturas” dentro da viatura policial no momento da prisão.”

Em 80% dos casos em que na audiência de custódia houve denuncia de


tortura, houve omissão promotor em não transmitir o relato ao juiz. Nos

2
Fonte: http://www.justificando.com/2017/02/21/conectas-aponta-conivencia-com-tortura-por-judiciario-e-
mp-em-audiencias-de-custodia/
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outro 20% dos casos em que a denuncia foi levada adiante, o Ministério Público
deslegitima e arquiva como denuncias caluniosas.

Embora o estudo também traga relatos e vídeos em que o promotor pressiona o


preso para que não faça a denuncia, Rafael afirma que também há grande
responsabilidade do juiz, que deve questionar. Os dados mostram que 60% das
perguntas dos juízes giravam nesse sentido, outros 40% para desqualificar.

Vivian Calderoni, que também participou da coordenação da pesquisa, afirma que


as audiências de custódia não estão desenhadas para cumprir o papel que
deveriam. “Audiência fantasma, são inusitadas, casos em que a pessoa não é
apresentada por conta de um ferimento muito grande, hospitalizada. A cadeira
fica vazia, e o promotor ou defensora falando com a parede”, denuncia.

Neste sentido, Vivian pontua que o juiz, a promotoria e a defensoria


compactuam com um sistema de violência policial, e que o próprio
Instituto Médico Legal (IML) também participa. Ela cita que em um dos
casos em que o promotor passou adiante a denuncia de tortura, ele afirmou: “não
quero que depois olhem a imagem do cara todo arrebentado e digam que
eu não pedi para investigar”. Outra frase que ficou famosa vindo de um
promotor foi: “se não tivesse roubando não tava matando”.

André Augusto Salvador Bezerra, presidente da Associação de Juízes para a


Democracia (AJD), acredita que ainda temos um Judiciário com uma
estrutura autoritária e que pouco compreende a Constituição de 88, criada
para garantir que acabassem as violações dos direitos humanos. Para ele, a
magistratura tem uma carreira extremamente hierarquizada, quase militar. Além
disso, os magistrados que são considerados “libertários” são perseguidos.

“Isso ocorre porque a visão do mundo do juiz ainda é muito punitivista . O


direito não nasceu da árvore, não é apolítico. Quando pensamos em termos de
formação, as apostilas de Fernando Capez e Alexandre de Moraes é que
são passadas para que as pessoas estudem e passem em concursos
públicos”, afirma.

O jornalista Bruno Paes Manso acrescenta que as audiências de custodia foram


incorporadas na engrenagem e vem para legitimar o sistema. “O que assusta é
a eficiência e naturalidade com que isso foi feito, 80% das prisões são feitas
em patrulhamento ostensivo. A tortura vem para o cara confessar o crime .
Da década de 90 para cá, 30 mil para 230 mil presos em SP. É a indústria de
Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20

encarceramento”, afirmou.

Deborah Duprat, Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão, alerta que


estamos vivendo um momento de profunda violação dos direitos humanos.
“Tortura sistemática e invisível. Nós somos uma sociedade em sua gêneses
violenta, escravocrata e colonial. O Ministério Público foi concebido nessa
Constituição como o grande defensor dos direitos humanos e ele não
poderia se distanciar disso”, considerou.”
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O argumento de que o Paciente já tem outras passagens serve como argumento


fora dos limites da lei no sentido de confirmar uma frase usual entre policiais “ o juiz não vai
deixar de acreditar no policial para acreditar na palavra de vagabundo”, selando um circulo
de conivência publica a favor da tortura e da produção de flagrantes onde a prova é conseguida
por meio da tortura que é meio ilícito.

Desse modo, antes de aferir alguma argumentação que justifique se “pode


receber ou não o pedido de habeas corpus no plantão” o magistrado e sua assessoria tem
que pensar se realmente querem coadunar com a tortura como meio sistemático de
investigação preliminar e de obtenção de provas para a produção de flagrantes.

DA IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE MEIO ILICITO COMO


MEIO DE PROVA

O art. 5º da Constituição Federal criminaliza a tortura, e afirma que “são


inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”, dessa forma, qualquer
material ilícito cuja a descoberta decorre da utilização da tortura deve ser considerada nula para
fins processuais pela aplicação da teoria constitucional dos “frutos da arvore envenenada”, haja
vista que, caso contrario a utilização da tortura como instrumento de trabalho da policia se
disseminaria, fazendo com que retrocedêssemos aos tempos da ditatura.

Provas ilícitas são aquelas consideradas inadequadas para serem utilizadas no


processo, geralmente por vícios em sua obtenção ou por vícios materiais em si. É a prova
que vai contra qualquer norma do ordenamento jurídico. O constitucionalista e atual ministro do
STF Alexandre de Moraes nos traz uma pontual distinção/conceito do que são as provas ilícitas,
ilegítimas:

“As provas ilícitas não se confundem com as provas ilegais e as ilegítimas.


Enquanto, conforme já analisado, as provas ilícitas são aquelas obtidas com
infringência ao direito material, as provas ilegítimas são as obtidas com
desrespeito ao direito processual. Por sua vez, as provas ilegais seriam o gênero do
qual as espécies são as provas ilícitas e as ilegítimas, pois configuram-se pela
obtenção com violação de natureza material ou processual ao ordenamento
jurídico.” (MORAES, 2006, pág. 95).

O entendimento de Cândico Rangel Dinamarco é, também, de suma importância


Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20

para o entendimento do assunto:

“Provas ilícitas são as demonstrações de fatos obtidas por modos contrários ao


direito, quer no tocante às fontes de prova, quer quanto aos meios probatórios. A
prova será ilícita – ou seja, antijurídica e, portanto, ineficaz a demonstração feita –
quando o acesso à fonte probatória tiver sido obtido de modo ilegal ou quando a
utilização da fonte se fizer por modos ilegais. Ilicitude da prova, portanto, é
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ilicitude na obtenção das fontes ou ilicitude na aplicação dos meios. No sistema
do direito probatório, o veto às provas ilícitas constitui limitação ao direito à
prova. No plano constitucional, ele é instrumento democrático de resguardo à
liberdade e à intimidade das pessoas contra atos arbitrários ou maliciosos.”
(DINAMARCO, 2002, págs. 50-51).

Observamos, então, gênero e espécie. O sentido amplo do assunto se volta às


provas ilegais, derivando delas as provas ilícitas e ilegítimas, afrontando o aspecto material e
processual da prova, respectivamente. São exemplos de provas obtidas por meio ilícito a
confissão mediante tortura, o furto de um documento essencial para provação em juízo, o
“grampo” sem autorização judicial. Já documentos falsificados ideologicamente ou materialmente
são provas ilícitas, por exemplo.

Mesmo que muitos tenham aderido a uma “simpatia pelo retorno aos tempos da
ditadura”, esta é uma questão de se pensar que seria o “preço a se pagar” por vivermos, ainda,
em um Estado Democrático de Direito, ou seja, já que a Democracia é o sistema ainda vigente,
devemos, indubitavelmente, estar respeitando a lei; no caso em questão, não admitindo o uso de
provas ilícitas, como é a tortura. Ocorre que, para a maioria dos antigos juristas, seria uma
absurda afronta se utilizar de meios ilegais (no caso das provas obtidas por meios ilícitos) para
que uma decisão fosse tomada, pois, em suas concepções, estaria sendo “colocada em xeque” a
moralidade, a retidão do judiciário; onde estaria o direito no momento em que uma prova ilícita
estivesse sendo aceita em um processo? Poderia a justiça ir contra tudo que prega? (legalidade,
direito à intimidade etc).

Acontece que nos últimos tempos temos visto uma sistemática mudança ao se
falar na aceitação, ou não aceitação, de provas ilícitas. Os magistrados, desembargadores,
ministros e até mesmo os doutrinadores dividem conclusões acerca do tema. Luiz Rodrigues
Wambier e Eduardo Talamini expõem três correntes:

“Obstativa: considera inadmissível a prova obtida por meio ilícito, em qualquer


hipótese e sob qualquer argumento, não cedendo mesmo quando o direito em
debate mostra elevada relevância [...];

Permissiva: aceita a prova assim obtida, por entender que o ilícito se refere ao
meio de obtenção da prova, não ao seu conteúdo. Entende que aquele que
produziu o meio de prova ilícito deve ser punido, mas o conteúdo probatório
Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20

aproveitado;

Intermediária: admite a prova ilícita, dependendo dos valores jurídicos e morais


em jogo. Aplica-se o princípio da proporcionalidade.”

Podemos perceber que a terceira corrente evidencia uma significativa atenuação


em se falando da vedação da prova ilícita. O Princípio da Proporcionalidade, tido
por muitos doutrinadores como “O Princípio dos princípios”, abre caminho para
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a admissibilidade da prova ilícita, isso em face de casos de excepcional gravidade,
onde, por exemplo, a prova ilícita se dê como a única alternativa de prova para
que o réu seja tido como inocente. Essa exceção seria dada pelo motivo de que
“nenhuma liberdade pública é absoluta” (MORAES, 2006, pág. 97)(intimidade),
“havendo possibilidade, em casos delicados, em que se percebe que o direito
tutelado é mais importante que o direito à intimidade, segredo, liberdade de
comunicação, por exemplo, de permitir-se sua utilização” (MORAES, 2006, pág.
97).

Compreendemos que o Princípio da Proporcionalidade age de maneira ímpar no


tocante ao tema, ele vem para ponderar, adequar as situações, encaixar-se ao caso concreto e, a
partir daí, nos disponibilizar uma decisão justa e coerente.

É mister salientar que o Princípio da Proporcionalidade, ligado com a questão de


admissibilidade da prova ilícita, nos remete à especificidade em ser pro reo a exceção, emergido do
Princípio da inocência, levando em conta fatores como a dignidade da pessoa humana e a
liberdade fundamental que todo indivíduo possui como garantia constitucional.

Em meio a toda essa discussão, surge, do direito e da jurisprudência americana,


tendo origem bíblica, a Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada, que defende a também
ilicitude das provas derivadas de uma primeira prova ilícita, ou seja, todas as outras provas
produzidas a partir daquela que é ilícita, não terão validade no processo, já que estão de certa
forma, “contaminadas”. Por exemplo, temos a prova ilícita I: „Grampo sem autorização judicial‟
com a finalidade de gravar conversas de políticos suspeitos de corrupção; através das escutas
telefônicas obtidas pela prova I, a ”vítima” do grampo declara ter mandado matar pessoas que era
contra seu mandato, ou seja, obtivemos a prova II: „autoria intelectual do crime de homicídio‟,
sendo assim, esta estaria diretamente contaminada por aquela, já que houve a derivação. O
entendimento majoritário do Supremo Tribunal Federal vai de acordo com a Suprema Corte
Norte-americana, pois julga que há, sim, a prova ilícita por derivação, aquelas derivadas
efetivamente da ilícita, conforme consta em decisão:

E M E N T A: PROVA PENAL - BANIMENTO CONSTITUCIONAL DAS


PROVAS ILÍCITAS (CF, ART. 5º, LVI)- ILICITUDE (ORIGINÁRIA E POR
DERIVAÇÃO) - INADMISSIBILDADE - BUSCA E APREENSÃO DE MATERIAIS
E EQUIPAMENTOS REALIZADA, SEM MANDADO JUDICIAL, EM QUARTO
DE HOTEL AINDA OCUPADO - IMPOSSIBLIDADE - QUALIFICAÇÃO
Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20

JURÍDICA DESSE ESPAÇO PRIVADO (QUARTO DE HOTEL, DESDE QUE


OCUPADO) COMO "CASA", PARA EFEITO DA TUTELA CONSTITUCIONAL
DA INVIOLABILIDADE DOMICILIAR - GARANTIA QUE TRADUZ
LIMITAÇÃO CONSTITUCIONAL AO PODER DO ESTADO EM TEMA DE
PERSECUÇÃO PENAL, MESMO EM SUA FASE PRÉ-PROCESSUAL -
CONCEITO DE "CASA" PARA EFEITO DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL
(CF, ART. 5º, XI E CP, ART. 150, § 4º, II)- AMPLITUDE DESSA NOÇÃO
CONCEITUAL, QUE TAMBÉM COMPREENDE OS APOSENTOS DE
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Sílvio Vieira
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HABITAÇÃO COLETIVA (COMO, POR EXEMPLO, OS QUARTOS DE HOTEL,
PENSÃO, MOTEL E HOSPEDARIA, DESDE QUE OCUPADOS):
NECESSIDADE, EM TAL HIPÓTESE, DE MANDADO JUDICIAL (CF, ART. 5º,
XI). IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO, PELO MINISTÉRIO PÚBLICO, DE
PROVA OBTIDA COM TRANSGRESSÃO À GARANTIA DA
INVIOLABILIDADE DOMICILIAR - PROVA ILÍCITA - INIDONEIDADE
JURÍDICA - RECURSO ORDINÁRIO PROVIDO. BUSCA E APREENSÃO EM
APOSENTOS OCUPADOS DE HABITAÇÃO COLETIVA (COMO QUARTOS DE
HOTEL) - SUBSUNÇÃO DESSE ESPAÇO PRIVADO, DESDE QUE OCUPADO,
AO CONCEITO DE "CASA" - CONSEQÜENTE NECESSIDADE, EM TAL
HIPÓTESE, DE MANDADO JUDICIAL, RESSALVADAS AS EXCEÇÕES
PREVISTAS NO PRÓPRIO TEXTO CONSTITUCIONAL. - Para os fins da proteção
jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da Constituição da República, o conceito normativo
de "casa" revela-se abrangente e, por estender-se a qualquer aposento de habitação
coletiva, desde que ocupado (CP, art. 150, § 4º, II), compreende, observada essa
específica limitação espacial, os quartos de hotel. Doutrina. Precedentes. - Sem que ocorra
qualquer das situações excepcionais taxativamente previstas no texto constitucional (art.
5º, XI), nenhum agente público poderá, contra a vontade de quem de direito ("invito
domino"), ingressar, durante o dia, sem mandado judicial, em aposento ocupado de
habitação coletiva, sob pena de a prova resultante dessa diligência de busca e apreensão
reputar-se inadmissível, porque impregnada de ilicitude originária. Doutrina. Precedentes
(STF). ILICITUDE DA PROVA - INADMISSIBILIDADE DE SUA PRODUÇÃO
EM JUÍZO (OU PERANTE QUALQUER INSTÂNCIA DE PODER) -
INIDONEIDADE JURÍDICA DA PROVA RESULTANTE DA TRANSGRESSÃO
ESTATAL AO REGIME CONSTITUCIONAL DOS DIREITOS E GARANTIAS
INDIVIDUAIS. - A ação persecutória do Estado, qualquer que seja a instância de poder
perante a qual se instaure, para revestir-se de legitimidade, não pode apoiar-se em
elementos probatórios ilicitamente obtidos, sob pena de ofensa à garantia constitucional
do "due process of law", que tem, no dogma da inadmissibilidade das provas ilícitas, uma
de suas mais expressivas projeções concretizadoras no plano do nosso sistema de direito
positivo. - A Constituição da República, em norma revestida de conteúdo vedatório (CF,
art. 5º, LVI), desautoriza, por incompatível com os postulados que regem uma sociedade
fundada em bases democráticas (CF, art. 1º), qualquer prova cuja obtenção, pelo Poder
Público, derive de transgressão a cláusulas de ordem constitucional, repelindo, por isso
mesmo, quaisquer elementos probatórios que resultem de violação do direito material
(ou, até mesmo, do direito processual), não prevalecendo, em conseqüência, no
ordenamento normativo brasileiro, em matéria de atividade probatória, a fórmula
autoritária do "male captum, bene retentum". Doutrina. Precedentes. A QUESTÃO DA
Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20

DOUTRINA DOS FRUTOS DA ÁRVORE ENVENENADA ("FRUITS OF THE


POISONOUS TREE"): A QUESTÃO DA ILICITUDE POR DERIVAÇÃO. -
Ninguém pode ser investigado, denunciado ou condenado com base, unicamente, em
provas ilícitas, quer se trate de ilicitude originária, quer se cuide de ilicitude por derivação.
Qualquer novo dado probatório, ainda que produzido, de modo válido, em momento
subseqüente, não pode apoiar-se, não pode ter fundamento causal nem derivar de prova
comprometida pela mácula da ilicitude originária. - A exclusão da prova originariamente
ilícita - ou daquela afetada pelo vício da ilicitude por derivação - representa um dos meios
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mais expressivos destinados a conferir efetividade à garantia do "due process of law" e a
tornar mais intensa, pelo banimento da prova ilicitamente obtida, a tutela constitucional
que preserva os direitos e prerrogativas que assistem a qualquer acusado em sede
processual penal. Doutrina. Precedentes. - A doutrina da ilicitude por derivação (teoria
dos "frutos da árvore envenenada") repudia, por constitucionalmente inadmissíveis, os
meios probatórios, que, não obstante produzidos, validamente, em momento ulterior,
acham-se afetados, no entanto, pelo vício (gravíssimo) da ilicitude originária, que a eles se
transmite, contaminando-os, por efeito de repercussão causal. Hipótese em que os novos
dados probatórios somente foram conhecidos, pelo Poder Público, em razão de anterior
transgressão praticada, originariamente, pelos agentes da persecução penal, que
desrespeitaram a garantia constitucional da inviolabilidade domiciliar. - Revelam-se
inadmissíveis, desse modo, em decorrência da ilicitude por derivação, os elementos
probatórios a que os órgãos da persecução penal somente tiveram acesso em razão da
prova originariamente ilícita, obtida como resultado da transgressão, por agentes estatais,
de direitos e garantias constitucionais e legais, cuja eficácia condicionante, no plano do
ordenamento positivo brasileiro, traduz significativa limitação de ordem jurídica ao poder
do Estado em face dos cidadãos. - Se, no entanto, o órgão da persecução penal
demonstrar que obteve, legitimamente, novos elementos de informação a partir de uma
fonte autônoma de prova - que não guarde qualquer relação de dependência nem decorra
da prova originariamente ilícita, com esta não mantendo vinculação causal -, tais dados
probatórios revelar-se-ão plenamente admissíveis, porque não contaminados pela mácula
da ilicitude originária. - A QUESTÃO DA FONTE AUTÔNOMA DE PROVA ("AN
INDEPENDENT SOURCE") E A SUA DESVINCULAÇÃO CAUSAL DA PROVA
ILICITAMENTE OBTIDA - DOUTRINA - PRECEDENTES DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL - JURISPRUDÊNCIA COMPARADA (A EXPERIÊNCIA
DA SUPREMA CORTE AMERICANA): CASOS "SILVERTHORNE LUMBER CO.
V. UNITED STATES (1920); SEGURA V. UNITED STATES (1984); NIX V.
WILLIAMS (1984); MURRAY V. UNITED STATES (1988)", v. G.. (RHC 90376,
Relator (a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 03/04/2007, DJe-
018 DIVULG 17-05-2007 PUBLIC 18-05-2007 DJ 18-05-2007 PP-00113 EMENT
VOL-02276-02 PP-00321 RTJ VOL-00202-02 PP-00764 RT v. 96, n. 864, 2007, p. 510-
525 RCJ v. 21, n. 136, 2007, p. 145-147).

Se a defesa do direito a inviolabilidade do domicilio é motivo para anulação


completa do auto de prisão em flagrante, imagine-se a repercussão do vilipendio a integridade
física de uma pessoa.

DO PEDIDO LIMINAR
Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20

Eminente Ministro do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, temos que imperiosa


a concessão liminar para o RELAXAMENTO de Prisão Ilegal, inclusive sem a oitiva das
autoridades coatoras, uma vez que preenchidos todos os requisitos necessários para a concessão
da ordem.

Não obstante o fumus boni iuris resta evidente pelos fatos supramencionados e pela
clara violação à Constituição, Código de Processo Penal, Resoluções do CNJ e do próprio TJCE
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e, até mesmo Pactos e Convenções Internacionais, como amplamente demonstrado e
comprovado pelos documentos anexos aos autos.

No que concerne ao PERICULUM IN MORA, está consubstanciado no iminente


risco à integridade física e a própria vida da Paciente, além da já anunciada guerra entre facções e
incontestável possibilidade de rebeliões dentro do Sistema Penitenciário, a mesmo vem sendo
acompanhada por equipe médica multidisciplinar, em virtude de uma grave depressão que a
assola desde o momento de sua injusta prisão, que repita-se causou verdadeira REVOLTA
NA COMUNIDADE, que veio exteriorizar o sentimento de INJUSTIÇA, por meio do
abaixo assinado que será aduando aos autos principais.

Face o exposto, requer seja concedida a medida liminar para o reestabelecimento


do Livramento Clausulado (art. 319 do CPP) do mesmo, bem como expedido o competente
contramando de prisão o qual deverá ser cumprindo IMEDIATAMENTE pelo meirinho a
disposição deste MM. Juízo Plantonista de 2º Grau do Tribunal de Justiça do Estado do
Ceará, nos termos da Resolução n 108/CNJ.

DOS REQUERIMENTOS FINAIS

Como se trata de situação de TORTURA onde as lesões são evidentes e


podem desaparecer com o transcorrer do tempo, requeremos com fundamento no art. 656
do CPP3, que este juízo plantonista determine a APRESENTAÇÃO DO PRESO
PERANTE ESTA AUTORIDADE PARA SER OUVIDO AINDA NO PLANTÃO DO
FINAL DE SEMANA, para garantia da efetividade do que consta na Lei Processual Penal do
Brasil.

Face todo o exposto, requer que Vossa Excelência se digne à conceder a Ordem
de Habeas Corpus para que seja, liminarmente, RELAXADA A PRISÃO EM FLAGRANTE
do Paciente NILVAN DOS SANTOS PEREIRA, bem como, no mérito, mantida a
CONCESSÃO DA ORDEM, devendo ser expedido o competente ALVARÁ DE SOLTURA
em favor do mesmo, a ser cumprido por Oficial de Justiça de Plantão do Tribunal de Justiça do
Estado do Ceará, por ser medida da mais lídima JUSTIÇA!

NESTES TERMOS, PEDE DEFERIMENTO.

Fortaleza/CE, 16 de dezembro de 2018.


Petição Eletrônica protocolada em 16/12/2018 10:35:20

3
Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente,
mandará que este Ihe seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar.
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido mandado de prisão contra o detentor, que será
processado na forma da lei, e o juiz providenciará para que o paciente seja tirado da prisão e apresentado em
juízo.
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Sílvio Vieira da Silva


OAB/CE nº 11.147

ROL DE DOCUMENTOS

1 – CÓPIA INTEGRAL DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE

2 – DOCUMENTOS PESSOAIS

3 – CERTIDÕES NEGATIVAS E DE AUSÊNCIA DE ANTECEDENTES PESSOAIS

4 – RESOLUÇÃO 213 DO CNJ

5 – RESOLUÇÃO 14/2015 DO TJ/CE

6 – JURISPRUDÊNCIA PARA RECEBIMENTO DO WRIT EM PLANTÃO


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