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TEMA 2

TECIDOS CORPORAIS

?.º Ano

Módulo 1 - Osteologia e Artrologia

Competências/Objetivos/Conteúdos Visados

2.ª Competência
Compreender a função do tecido conjuntivo e conhecer as caraterísticas específicas das
suas diferentes variedades.

Objetivo Geral
Conhecer a organização do geral do tecido conjuntivo.

Objetivos Específicos
a) Caraterizar genericamente os quatro tipos de tecidos básicos do organismo humano:
conjuntivo, muscular, nervoso e epitelial.
b) Identificar as funções gerais do tecido conjuntivo.
c) Caraterizar funcionalmente os diferentes tipos de tecido conjuntivo.
d) Distinguir as variedades de tecido conjuntivo propriamente dito.
e) Distinguir as variedades de tecido cartilagíneo.
f) Distinguir entre organização esponjosa e organização compacta do tecido ósseo.
g) Identificar a sua distribuição nos ossos longos, curtos e chatos.
h) Descrever genericamente o processo de crescimento do osso em comprimento e em
espessura.
i) Enumerar os efeitos gerais da atividade física sobre as estruturas de tecido conjuntivo,
nomeadamente, ao nível dos ligamentos, do tendão, da cartilagem articular e do osso.

Conteúdos
1. Caraterísticas gerais.
2. Caraterísticas dos principais tipos de tecido conjuntivo:
2.1. Tecido conjuntivo propriamente dito:
2.1.1. Laxo;
2.1.2. Denso – denso modulado e denso não modelado.
2.2. Tecido cartilagíneo:
2.2.1. Cartilagem hialina;
2.2.2. Cartilagem elástica;
2.2.3. Cartilagem fibrosa.
2.3. Tecido ósseo;
2.4. Tecido adiposo.

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A Histologia é a ciência que estuda os tecidos do corpo humano.

A unidade fundamental do corpo é a célula. A união de diversas células de mesma


função dá origem aos tecidos. A união de diversos tecidos origina os órgãos, que por
sua vez originam os sistemas.

A célula representa a menor porção de matéria viva. São as unidades estruturais e


funcionais dos organismos vivos.
O corpo humano é constituído por 10 trilhões de células mais 90 trilhões de células de
microrganismos que vivem em simbiose com o nosso organismo (ex.: bactérias
lactobacilos vivos que produzem a enzima beta galactosidade que facilita a digestão da
lactose aumentando a digestibilidade da lactose do leite que ingerimos; as bactérias
são células unicelulares porque possuem organelos dentro das suas cápsulas; os vírus
não são células porque não possuem organelos mas são acelulares, cápsulas com
material genético).

Os tecidos de nosso corpo podem ser classificados em tecido epitelial, tecido


conjuntivo, tecido muscular e tecido nervoso.

Tecido Função
Epitelial Revestimento
Conjuntivo ou Conetivo Preenchimento
Muscular Movimentação
Nervoso Integração

1- Tecido Epitelial
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O tecido epitelial apresenta como características: ausência de espaço entre as células,


ausência de vascularização e grande capacidade de renovação celular. Sua função
principal é proteger o corpo contra a penetração de micro-organismos, substâncias
químicas e agressões físicas.
Este tecido reveste todas as superfícies internas (superfície interna dos órgãos ocos
como o estômago, ouvido, nariz, pulmão, boca, útero, bexiga, etc.; revestimento interno
dos vasos sanguíneos e das glândulas) e externas (epiderme: camada mais externa da
pele; córnea; camada externa dos órgãos internos) do corpo. A finalidade básica do
tecido epitelial, de acordo com Fahey, é proteger e formar estrutura para os outros
tecidos e órgãos. Além disso, esse tecido atua na absorção (como no trato digestivo) e
na secreção (como nas glândulas). Uma das principais caraterísticas fisiológicas do
tecido epitelial é não possuir suprimento sanguíneo, e, portanto, depender do processo
de difusão para ser nutrido, oxigenado e para eliminar produtos excretáveis.

O tecido epitelial também forma as glândulas – estruturas compostas de uma ou mais


células que fabricam, no nosso corpo, certos tipos de substâncias como hormonas, sucos
digestivos (fígado e pâncreas), lágrima e suor.

2- Tecido Conjuntivo ou Conetivo

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O tecido conjuntivo possui espaço entre as células (células afastadas umas das outras),
é ricamente vascularizado, possui baixa renovação celular e o espaço entre as suas
células é preenchido pela substância intercelular (matriz: local de onde as células
retiram seus nutrientes e depositam os seus resíduos).
As funções do tecido conetivo (conjuntivo) no corpo são fornecer suporte e
revestimento, preencher espaços, armazenar gorduras, auxiliar no reparo dos tecidos,
produzir células sanguíneas e proteger contra infeções. O tecido conetivo é constituído
de vários tipos de células, separadas umas das outras por alguma espécie de matriz
extracelular. Essa matriz consiste em fibras e uma substância fundamental amorfa, que
pode ser sólida, semisólida ou líquida. Os tipos primários de células de tecido conetivo
são os macrófagos, que funcionam como fagócitos para eliminar os detritos; os
mastócitos, que liberam produtos químicos (histamina e heparina) associados à
inflamação; e os fibroblastos, que são as principais células do tecido conetivo.

- Fibras Colágenas: constituem os tendões (os tendões são feixes de fibras colágenas e
ainda que sejam estruturas visco-elásticas, ou seja, com um certo grau de elasticidade,
este é inferior ao das fibras dos músculos, cuja capacidade de contração e expansão é
muito maior; sendo estas fibras colágenas menos vaso irrigadas que as outras do tecido
conjuntivo, torna a recuperação de lesões no tendão, mais lenta) e em volta de músculos
como o perimísio (bainha de tecido conjuntivo que agrupa conjuntos de dez a cem fibras
musculares individuais em fascículos) e dos nervos, as membranas que envolvem o
sistema nervoso central, na derme dão resistência à nossa pele, evitando que ela se
rasgue quando esticada, ossos, etc.;

- Fibras Elásticas: responsáveis pela elasticidade do tecido. Na derme, quando puxamos


a pele e depois a soltamos, são as fibras elásticas as responsáveis por devolver à pele
sua forma inicial; o rompimento dessas fibras na pele resulta no aparecimento das
estrias. Envolve o perimísio.

- Fibras Reticulares: formam um traçado firme que liga o tecido conjuntivo aos tecidos
vizinhos. Ocorrem em abundância em órgãos que têm relação com o sangue, como a
medula óssea vermelha, o baço, e encobre a fibra muscular (endomísio: camada do
tecido conjuntivo que encobre uma fibra muscular).

Entre suas várias funções, o tecido Conetivo (ou Conjuntivo) possui uma
importantíssima: unir e separar órgãos ao mesmo tempo (sustenta os órgãos do corpo;
responsável pelo estabelecimento e manutenção da forma do corpo).

Esse tipo de tecido apresenta diversos grupos celulares que possuem caraterísticas
próprias. Por essa razão, ele é subdividido em outros tipos de tecidos. São eles: tecido
adiposo, tecido cartilaginoso, tecido ósseo, tecido sanguíneo.

2.1- Tecido Adiposo


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O tecido adiposo é formado por adipócitos, isto é, células que armazenam gordura. Esse
tecido encontra-se abaixo da pele, formando o panículo adiposo, e também está disposto
em volta de alguns órgãos.

As funções desse tecido são:

- Fornecer energia para o corpo;

- Atuar como isolante térmico, diminuindo a perda de calor do corpo para o ambiente;

- Oferecer proteção contra choques mecânicos (pancadas, por exemplo).

2.2- Tecido Cartilaginoso


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O tecido cartilaginoso é uma forma elástica de tecido conetivo semirígido (tecido


resistente e flexível) e forma as partes do esqueleto nas quais ocorre movimento (está
presente nas articulações da maioria dos ossos), bem como, as cartilagens do nariz, da
orelha e da traqueia. A cartilagem não possui suprimento sanguíneo próprio;
consequentemente, as suas células obtêm oxigénio e nutrientes por difusão de longo
alcance e também, a cartilagem danificada leva muito mais tempo para curar,
comparado com outros tecidos do nosso corpo que têm um suprimento de sangue.

Existem três tipos de cartilagem:

1- A cartilagem elástica, também conhecido como cartilagem amarelo é o tipo mais


elástico e flexível de cartilagem. Este tipo de cartilagem encontra-se fora das orelhas, e
alguma no nariz, na laringe, e também na epiglote.

2- Fibrocartilagem é o tipo mais difícil de cartilagem, e é capaz de suportar pesos


pesados. É encontrado entre os discos e as vértebras da coluna e entre os ossos do
quadril e da pelve. É o único tipo de cartilagem que contém colágeno tipo I, além do
tipo normal II.
3- Cartilagem hialina é ao mesmo tempo elástica e resistente (cor pérola azulada). É
constituída por uma massa viscosa de uma consistência firme, no entanto, também é
extremamente elástica. Pode ser encontrada entre as costelas, em torno da traqueia, e
entre as articulações. A cartilagem entre as articulações é conhecida como cartilagem
articular.
As cartilagens elástica, fibrocartilagem e hialina podem sofrer danos. Por exemplo, uma
hérnia de disco é um exemplo de dano fibrocartilagem, enquanto uma dura pancada no
ouvido pode causar danos na cartilagem elástica – daí o termo orelha couve-flor.
Quando a cartilagem de uma articulação, como a articulação do joelho está danificada,
as consequências podem ser dor, inflamação e algum grau de incapacidade – isto é
conhecido como lesão da cartilagem articular.

2.3- Tecido Ósseo


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O tecido ósseo forma os ossos. Os ossos são órgãos esbranquiçados, muito duros,
unindo-se uns aos outros, por intermédio das articulações e assim constituem o
esqueleto. É uma forma especializada de tecido conjuntivo cuja principal caraterística é
a mineralização (sais de cálcio na substância intercelular que justificam a sua
rigidez/dureza) de sua matriz óssea (fibras colágenas e proteoglicanas).

O esqueleto humano é uma estrutura articulada, formada por 206 ossos. Apesar de os
ossos serem rígidos, o esqueleto é flexível, permitindo amplos movimentos ao corpo
graças à ação muscular.
Sistema Esquelético: Cabeça, Tórax, Coluna Vertebral, Membro Superior e Membro
Inferior.

Número de Ossos do Corpo Humano:


Cabeça = 22 Membro Superior = 32
Crânio = 08 Cintura Escapular = 2
Face = 14 Braço = 1
Pescoço = 8 Antebraço = 2
Tórax = 37 Mão = 27
24 costelas Membro Inferior = 31
12 vértebras Cintura Pélvica = 1
1 esterno Coxa = 1
Abdómen = 7 Joelho = 1
5 vértebras lombares Perna = 2
1 sacro Pé = 26
1 cóccix Ossículos do Ouvido Médio = 3

Os tecidos que compõem o osso são: ósseo, cartilaginoso, epitelial, tecidos formadores
de células sanguíneas, nervoso e adiposo. Por exemplo, Os ossos são altamente
vascularizados. As artérias do periósteo (membrana muito vascularizada, fibrosa e
resistente, que envolve por completo os ossos) penetram no osso, irrigando-o e
distribuindo-se na medula óssea. Por esta razão, desprovido do seu periósteo o osso
deixa de ser nutrido e morre. Os vasos sanguíneos passam para o interior dos ossos,
enquanto os nervos apenas os circundam.

Configuração Interna dos Ossos:


As diferenças entre os dois tipos de osso, compacto e esponjoso (ou reticular),
dependem da quantidade relativa de substâncias sólidas e da quantidade e tamanho dos
espaços que eles contêm. Todos os ossos têm uma fina lâmina superficial de osso
compacto em torno de uma massa central de osso esponjoso, exceto onde o último é
substituído por uma cavidade medular.
O osso compacto do corpo, ou diáfise, que envolve a cavidade medular é a substância
cortical. A arquitetura do osso esponjoso e compacto varia de acordo com a função. O
osso compacto fornece força para sustentar o peso.
Nos ossos longos planejados para rigidez e inserção de músculos e ligamentos, a
quantidade de osso compacto é máxima, próximo do meio do corpo onde ele está sujeito
a curvar-se. Os ossos possuem alguma elasticidade (flexibilidade) e grande rigidez.
Tecido Ósseo Compacto - contem pouco espaço medular em seus componentes rígidos,
possuindo, no entanto, um conjunto de canais que são percorridos por nervos e vasos
sanguíneos. Dá proteção e suporte e resiste às forças produzidas pelo peso e movimento.
Encontrados geralmente nas diáfises.

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Tecido Ósseo Esponjoso - Constitui a maior parte do tecido ósseo dos ossos curtos,
chatos e irregulares. O osso esponjoso é o de menor peso, com espaços medulares mais
amplos, junto à medula óssea. Existe a medula óssea vermelha (produz grande
quantidade de células do sangue) e a medula óssea amarela (diminui a quantidade de
células no sangue). Com o avançar da idade, perdemos medula óssea vermelha, e esta
transforma-se em amarela. Geralmente, o osso esponjoso localiza-se na parte interna da
diáfise ou corpo dos ossos e nas extremidades ou epífise. O osso está revestido pelo
periósteo que é uma membrana com uma particularidade fibrosa que se cola com
firmeza a ele. Na sua face interna possui os osteoblastos que participam do crescimento
e da restauração do osso. É vascularizada e essa é uma caraterística muito importante,
posto que através de seus vasos sanguíneos chegam substâncias nutrícias às células
ósseas.
O Periósteo é uma membrana de tecido conjuntivo denso, muito fibroso, que reveste a
superfície externa da diáfise, fixando-se firmemente a toda a superfície externa do osso,
exceto à cartilagem articular. Protege o osso e serve como ponto de fixação para os
músculos e contém os vasos sanguíneos que nutrem o osso subjacente.
O Endósteo encontra-se no interior da cavidade medular do osso, revestido por tecido
conjuntivo.

Estrutura dos Ossos Longos:


A disposição dos tecidos ósseos compacto e esponjoso em um osso longo é responsável
pela sua resistência. As partes de um osso longo são as seguintes:
Diáfise: é a haste longa do osso, constituída principalmente de tecido ósseo compacto
(com pequena quantidade de osso esponjoso, mais profundamente), proporcionando,
considerável resistência ao osso longo. É a parte do osso que tem crescimento primário,
ou seja, cresce longitudinalmente, alongando-se. É a parte mais longa, compreendida
entre as extremidades, ou epífises.
Ela também delimita o canal medular que é a cavidade localizada dentro da cavidade do
tecido ósseo compacto, onde se localiza a medula óssea vermelha, responsável pela
reposição dos glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos (leucócitos), e
plaquetas, perdidas pelo organismo.
Epífise: as extremidades alargadas de um osso longo. A epífise de um osso articula, ou
une, a um segundo osso, em uma articulação. Cada epífise consiste de uma fina camada
de osso compacto que reveste o osso esponjoso e recobertas por cartilagem.
Metáfise: parte dilatada da diáfise mais próxima da epífise.

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Tipos de Células Ósseas:

1- Osteoblastos: células jovens com intensa atividade metabólica e responsáveis pela


produção da parte orgânica da matriz.

2- Osteócitos: durante a formação óssea, à medida que se dá a calcificação da matriz


óssea. Os osteoblastos diminuem a sua atividade metabólica e passam a ser osteócitos,
células adultas que atuam na manutenção dos componentes (nem todos) químicos da
matriz.

3- Osteoclastos: células grandes com diversos núcleos, originadas da fusão de células


ósseas (sincício). Os osteoclastos são células gigantes, multinucleadas responsáveis pela
degradação do tecido ósseo em condições fisiológicas e patológicas (fazem a reabsorção
da matriz).

São dois os padrões distintos que podem levar o indivíduo a osteoporose: um é


relacionado ao defeito na formação óssea e dependente da idade (osteoporose senil),
quando os osteoclastos produzem lacunas de profundidade normais, mas os osteoblastos
não conseguem preenchê-las; e o outro tem relação com a queda de estrógeno, quando
existe um número maior de osteoclastos e estes produzem cavidades mais profundas,
aumentando a atividade dos osteoblastos, que não conseguem corrigir o defeito,
caraterizando assim um remodelamento acelerado.

Funções do Sistema Esquelético:

1- Sustentação do organismo (apoio para o corpo);


2- Proteção de estruturas vitais (coração, pulmões, cérebro);
3- Base mecânica para o movimento;
4- Armazenamento de sais (cálcio, por exemplo);
5- Hematopoiética (suprimento contínuo de células sanguíneas novas).

Divisão do Esqueleto:

1- Esqueleto Axial: composto pelos ossos da cabeça, pescoço e do tronco.


2- Esqueleto Apendicular: composto pelos membros superiores e inferiores.
A união do esqueleto axial com o apendicular faz-se por meio das cinturas escapular e
pélvica.

Classificação dos Ossos - de acordo com a sua forma (3 grupos básicos):

1- Ossos Longos: têm o comprimento maior que a largura e são constituídos por um
corpo e duas extremidades. Eles são um pouco encurvados, o que lhes garante maior
resistência. O osso um pouco encurvado absorve o estresse mecânico do peso do corpo
em vários pontos, de tal forma que há melhor distribuição do mesmo. Os ossos longos
têm suas diáfises formadas por tecido ósseo compacto e apresentam grande quantidade
de tecido ósseo esponjoso em suas epífises (ex.: fémur; o úmero e outros ossos dos
membros superiores e inferiores; costelas).

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2- Ossos Curtos: são parecidos com um cubo, tendo seus comprimentos praticamente
iguais às suas larguras. Eles são compostos por osso esponjoso, exceto na superfície,
onde há fina camada de tecido ósseo compacto (ex.: ossos do punho/Carpo; ossos do
tornozelo/tarso).

3- Ossos Laminares (Planos ou Chatos): são ossos finos e compostos por duas lâminas
paralelas de tecido ósseo compacto, com camada de osso esponjoso entre elas. Os ossos
planos garantem considerável proteção e geram grandes áreas para inserção de
músculos (ex.: ossos do crânio: Frontal e Parietal; Escápula; Externo).

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Classificação dos Ossos - de acordo com a sua forma (outros grupos intermediários):

1- Ossos Alongados: são ossos longos, porém achatados e não apresentam canal central
(ex.: Costelas).

2- Ossos Pneumáticos: são osso ocos, com cavidades cheias de ar e revestidas por
mucosa (seios), apresentando pequeno peso em relação ao seu volume (ex.: Esfenóide:
osso situado na base do crânio na frente das partes temporal e basilar do osso occipital;
apresenta um formato semelhante a uma borboleta ou morcego com as asas estendidas).

3- Ossos Irregulares: apresentam formas complexas e não podem ser agrupados em


nenhuma das categorias prévias. Eles têm quantidades variáveis de osso esponjoso e de
osso compacto (ex.: Vértebras).

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4- Ossos Sesamóides (ou supranumerários): estão presentes no interior de alguns


tendões em que há considerável fricção, tensão e stress físico, como as palmas e plantas.
Eles podem variar de tamanho e número, de pessoa para pessoa, não são sempre
completamente ossificados, normalmente, medem apenas alguns milímetros de
diâmetro. Exceções notáveis são as duas patelas (ou rótulas), que são grandes ossos
sesamóides, presentes em quase todos os seres humanos (ex.: Rótulas).

5- Ossos Suturais: são pequenos ossos localizados dentro de articulações, chamadas


de suturas, entre alguns ossos do crânio (o seu número varia muito de pessoa para
pessoa).

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Terminologia específica:

Estrutura óssea Definição


Processo
Uma projeção que faz contato com um osso adjacente.
articular
Articulação Uma região onde ossos adjacentes se conectam - uma junta.
Um longo forame em forma de túnel, usualmente a passagem para
Canal
nervos linfáticos.
Côndilo Um grande e redondo processo articular.
Crista Uma linha proeminente.
Eminência Uma pequena projeção.
Epicôndilo Uma projeção perto de um côndilo, mas que não faz parte da junta.
Faceta Uma pequena e plana superfície articular.
Forame Uma abertura através do osso.
Fossa Uma depressão larga e rasa.
Fóvea Uma pequena fossa na cabeça de um osso.
Linha Uma projeção longa e fina normalmente com uma superfície áspera.
Maléolo Uma das duas específicas protuberâncias de ossos no calcanhar.
Meato Uma pequeno canal.
Uma projeção relativamente grande. (também usado como termo
Processo
genérico)
Uma processo em forma de braço que se distancia do corpo de um
Ramo
osso.
Sino Uma cavidade dentro de um osso craniano.
Espinha Uma projeção relativamente longa e fina.
Sutura Articulação entre ossos cranianos.
Trocanter Uma das duas tuberosidades específicas localizadas no fémur.
Uma projeção com uma superfície áspera, geralmente menor que uma
Tubérculo
tuberosidade.
Tuberosidade Uma projeção com uma superfície áspera.

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Curiosidades:
- Desde a fase do nascimento até à formação completa do esqueleto, em um indivíduo
normal, há um acúmulo de cálcio pelo organismo, fazendo com que ocorra o processo
de calcificação completa do esqueleto cartilaginoso. Acredita-se que por volta dos 18/21
anos de idade é que esta calcificação esteja completa sendo, nesta fase, atingida a
quantidade máxima de cálcio dentro do organismo, ou seja, o Pico de Massa Óssea.

- Osteopenia: patologia que consiste na diminuição da densidade mineral dos ossos,


precursora da Osteoporose. Classifica-se Osteopenia quando a massa óssea é de 10% a
25% menor que a considerada normal; mais do que isso classifica-se como Osteoporose.

- A Densidade mineral óssea (DMO: quantidade de mineral existente numa determinada


área de osso) está relacionada com o risco de fratura por fragilidade óssea: uma DMO
baixa é o fator que, isoladamente, mais pesa no risco de fratura do idoso e afeta, pelo
menos, metade de todas as mulheres pós-menopáusicas (risco de fratura mais elevado).

Em adultos, a massa óssea é avaliada a partir da comparação dos valores de DMO com
os valores médios de indivíduos jovens saudáveis, sendo considerada dentro da
normalidade quando se apresenta entre 0 e 1 desvio padrão.

- Fatores que Influenciam o Pico de Massa Óssea

a) Fatores genéticos: indivíduos da raça negra tem maior Densidade Mineral Óssea do
que indivíduos da raça branca e estes, por sua vez, possuem valores maiores quando
comparados aos asiáticos.

b) Parâmetros antropométricos (peso e altura): jovens mais obesas têm um pico de


massa óssea maior do que jovens magras.

c) Alimentação: o cálcio é o principal componente mineral do tecido ósseo,


depositando-se ao redor de uma malha proteica. A deficiência nutricional de qualquer
elemento que limite a capacidade do organismo em sintetizar matriz óssea poderá
influenciar no tamanho dos ossos e/ou a massa óssea, por conseguinte, limitando o pico
de massa óssea.

Assim, a baixa ingestão de energia, de minerais como cálcio, magnésio e fósforo, e de


vitaminas D e K, associa-se ao menor incremento ósseo.

Existem diversos alimentos que suprem a necessidade diária de cálcio. Entre os quais
estão os produtos lácteos, que possuem grande quantidade e apresentam mais facilidade
de absorção, em razão da lactose e da vitamina D. Um adulto precisaria tomar quatro
copos de leite de 200ml – que contém 250mg do mineral – para suprir a necessidade
diária de cálcio. O laticínio é boa fonte de cálcio, porém algumas pessoas não toleram o
leite puro, então a alternativa é optar pelos derivados, como queijo e iogurte.

Outros alimentos com altos teores de cálcio: verduras verde-escuras, sésamo (sementes),
algas, amêndoas, feijão, leguminosas, marisco, tofu (queijo de soja), ovos e nozes.

A vitamina D – obtida principalmente por meio da luz solar – auxilia o processo de


aproveitamento e fixação do cálcio por meio da regulação dos níveis do mineral na
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corrente sanguínea. Outra maneira de fixar o cálcio nos ossos é praticando atividades
físicas aeróbicas, como caminhada, corrida, etc..

Além disso, a ingestão excessiva de proteínas e sódio também afeta negativamente a


saúde óssea em virtude, principalmente, do prejuízo do metabolismo dos nutrientes
essenciais ao osso, sobretudo o cálcio e a vitamina D.

Assim como existem alimentos que ajudam a fixar o cálcio no organismo, há os que
prejudicam a absorção da substância, conhecidos como «ladrões de cálcio». O vilão
nesse caso é o ácido oxálico, que prejudica a capacidade do organismo de absorver o
mineral. O ácido está presente na beterraba, no espinafre e na acelga.

O consumo excessivo de carnes vermelhas ou brancas – a proteína animal – estimula a


eliminação do cálcio pela urina. Dessa forma, quem come menos carne, tem menor
necessidade de cálcio. O mesmo ocorre com o sódio: quem consome sal e produtos em
conserva em excesso, precisa ficar atento, pois isso pode causar deficiência do mineral
no organismo.

A cafeína (ex.: café) e o ferro também contribuem para a retirada do cálcio dos ossos.

d) Influências hormonais: o ganho de massa óssea durante o crescimento depende de um


funcionamento normal do sistema glandular composto pelas gônadas (são glândulas
reprodutivas: os testículos e os ovários), tiroide (produz hormonas), hipófise e
suprarrenal. Inúmeros estudos em mulheres referem-se à influência dos níveis de
estrogénio no processo normal de calcificação; são inúmeros os relatos na literatura de
meninas amenorreicas (sem menstruação) que apresentam osteoporose severa no
decorrer da sua vida.

e) Atividade física: é bem conhecido por todos o efeito positivo do exercício físico
sobre a DMO. Desportistas profissionais (tenistas, jogadores de basquetebol, saltadores)
tendem a possuir quando adultos, maiores valores de massa óssea.

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Efeitos gerais da atividade física sobre as estruturas de tecido conjuntivo


(ligamentos, tendão, cartilagem articular e osso)

Adaptações músculo-ósteo-articulares

- Melhora a estrutura e as funções dos ligamentos, dos tendões e das articulações;

- O treino aeróbio estimula o crescimento no comprimento e na circunferência do osso,


com uma baixa intensidade no exercício. Em alta intensidade esses efeitos são inibidos,
fazendo aumentar a densidade óssea (Macardley).

- Com o treino aeróbio suporta-se maiores tensões e, com isso existe uma menor
probabilidade de surgirem lesões nos ligamentos e nos tendões.

- Com o treino aeróbio há um aumento na espessura da cartilagem em todas as


articulações.

- A sobrecarga tensional dos exercícios com pesos estimulam o aumento da massa óssea
e da massa muscular, e a proliferação do tecido conjuntivo elástico nos músculo,
tendões, ligamentos e cápsula articular. Tudo indica que também estimulam
troficamente a cartilagem hialina das articulações (a cartilagem hialina é a variedade
mais encontrada no corpo humano, em particular, no disco epifisário, permitindo o
crescimento longitudinal dos ossos; os principais locais onde a cartilagem hialina é
encontrada no adulto são: fémur, traqueia e brônquios, extremidade ventral das costelas
e recobrindo a superfície dos ossos longos).

O resultado prático é todo um complexo músculo-esquelético mais forte e mais


resistente às lesões.

- O treino de Flexibilidade contraria o encurtamento do músculo e do tecido conjuntivo,


o qual limita a mobilidade articular e pode predispor um músculo tenso ou um tecido
conjuntivo à lesão.

- As lesões corporais (musculares, ósseas, articulares e ligamentares) ocorrem com mais


frequência no estado de supertreinamento, devido a um stress maior destas regiões por
uso excessivo (e talvez, também, por períodos de recuperação inadequados). A
participação em treinos adequados e eficientes, a alimentação e o repouso apropriados
podem minimizar os efeitos potencialmente negativos do excesso de treino.

Entre todos os problemas causados por overuse (excesso de uso) e relacionados à


atividade física, a tendinite é o mais comum. Tendinite é um termo abrangente que pode
descrever muitos distúrbios patológicos diferentes de um tendão. Trata-se,
essencialmente, de qualquer resposta inflamatória dentro do tendão, sem inflamação do
paratendão. Durante a atividade muscular, o tendão deve mover-se ou deslizar sobre
outras estruturas ao seu redor sempre que o músculo se contrair. Caso um movimento
específico seja realizado repetidamente, o tendão fica irritado e inflamado. Essa
inflamação manifesta-se pela dor durante o movimento e por edema.

O segredo para tratar a tendinite, assim como qualquer processo de overuse, é o


repouso. Caso o movimento repetitivo que causa irritação ao tendão seja eliminado, as
chances são de que o processo inflamatório permita que o tendão se recupere.
Medicamentos anti-inflamatórios e modalidades terapêuticas também ajudam na
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recuperação da resposta inflamatória.

2.4- Tecido Sanguíneo

O tecido sanguíneo constitui o sangue (tecido líquido). É formado por diferentes tipos
de células como:

- Glóbulos vermelhos ou hemácias, que transportam oxigénio;

- Glóbulos brancos ou leucócitos, que atuam na defesa do corpo contra microrganismos


invasores;

- Fragmentos (pedaços) de células, como é o caso das plaquetas, que atuam na


coagulação do sangue.

A substância intercelular do tecido sanguíneo é o plasma, constituído principalmente


por água, responsável pelo transporte de nutrientes e de outras substâncias para todas as
células.

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TECIDOS CORPORAIS

3- Tecido Muscular

O tecido muscular possui células especializadas para a contração. Sua função é permitir
o movimento, realizar a manutenção postural e a produção de calor. Ao contrário dos
tecidos citados acima, este não possui renovação celular.

As células do tecido muscular são denominadas fibras musculares e possuem a


capacidade de se contrair e alongar. A essa propriedade chama-se contratilidade. Essas
células têm o formato alongado e promovem a contração muscular, o que permite os
diversos movimentos do corpo.
O tecido muscular pode ser de três tipos:
1- Tecido muscular liso: apresenta uma contração lenta e involuntária, ou seja, não
depende da vontade do indivíduo. Forma a musculatura dos órgãos internos, como a
bexiga, estômago, intestino e vasos sanguíneos;
2- Tecido muscular estriado esquelético: apresenta uma contração rápida e voluntária.
Está ligado aos ossos e atua na movimentação do corpo.
3- Tecido muscular estriado cardíaco: tecido muscular que forma a camada muscular do
coração, conhecida por miocárdio. O músculo cardíaco possui contrações involuntárias,
sendo controladas pelo sistema nervoso autónomo (SNA: constituído por um conjunto
de neurónios que se encontram na medula e no tronco encefálico; responsável pelo
controlo da vida vegetativa, nomeadamente, pelas respostas reflexas/de natureza
automática, controla as musculaturas lisa/cardíaca e as glândulas exócrinas, e permite o
aumento da pressão arterial, o aumento da frequência respiratória, os movimentos
peristálticos, o controlo da temperatura, etc.).

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TECIDOS CORPORAIS

4- Tecido Nervoso

O tecido nervoso é formado por células nervosas denominadas neurónios e também por
células protetoras e de sustentação, chamadas neuróglias (ou células da glia, cuja função
é nutrir, sustentar e proteger os neurónios). Assim como ocorre no tecido muscular, este
é formado por células que não se renovam.

Os neurónios são capazes de receber estímulos e conduzir a informação para outras


células através do impulso nervoso.
Os neurónios têm forma estrelada e são células especializadas. O tecido é encontrado
nos órgãos do sistema nervoso como o cérebro e a medula espinhal.

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TECIDOS CORPORAIS

Outros Agrupamentos
Os tecidos também se agrupam no nosso organismo. Um agrupamento de tecidos que
interagem forma um Órgão.
O estômago, por exemplo, é um órgão do corpo humano. Nele podemos reconhecer
presença do tecido epitelial e do muscular, entre outros.

Vários órgãos interagem no corpo humano, desempenhando determinada função no


organismo. Esse conjunto de órgãos associados forma um Sistema.
O sistema digestivo humano, por exemplo, atua no processo de aproveitamento dos
alimentos ingeridos. Esse sistema é formado pela boca, faringe, esófago, estômago,
intestino delgado e intestino grosso. Além desses órgãos, o sistema digestivo humano
compreende glândulas anexas, como as glândulas salivares, o pâncreas e o fígado. Os
sistemas funcionam de maneira integrada, e essa integração é fundamental para manter
a saúde do organismo como um todo e, consequentemente, a vida.

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TECIDOS CORPORAIS

Esquema do Sistema Respiratório

Em resumo, no nosso corpo é possível identificar diferentes níveis de organização que


atuam nos processos vitais. Podemos resumir essa organização por meio do seguinte
esquema:
Células -------> tecidos -------> órgãos -------> sistemas -------> organismo

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Efeitos Fisiológicos do Treino das Atividades Físicas – tipos de adaptações


fisiológicas

a) Adaptações metabólicas
- Aumento da capacidade do sistema oxidativo das células musculares, especialmente
das de contração lenta;
- Redução da produção de lactato durante a realização de esforços físicos a uma dada
intensidade;
- Potencialização da utilização dos ácidos gordos livres como substrato energético na
realização dos esforços físicos a uma determinada intensidade, permitindo poupar o
glicogénio muscular;
- Aumento da atividade metabólica geral, tanto durante a realização dos esforços físicos
quanto em condições de repouso;
- Aumento da sensibilidade à insulina e aceleração do metabolismo das lipoproteínas no
plasma, reduzindo os níveis de triglicerídeos e, em menor grau, do colesterol ligado às
lipoproteínas de baixa e de muito baixa densidade;
- Eliminação do excesso de reserva adiposa, além do favorecimento de distribuição de
gordura corporal que venha a favorecer um padrão mais saudável.

b) Adaptações cardiorrespiratórias
- Melhora o rendimento do coração ao produzir as necessidades energéticas do
miocárdio mediante a redução da frequência cardíaca e da pressão sanguínea;
- Incrementa o débito cardíaco à custa de maior volume sistólico e de diminuição da
frequência cardíaca;
- Aumenta a diferença artériovenosa de oxigénio, como resultado da distribuição mais
eficiente do fluxo sanguíneo para os tecidos ativos e da maior capacidade desses tecidos
em extrair e utilizar o oxigénio;
- Eleva a taxa total de hemoglobina e beneficia a dinâmica circulatória, o que facilita a
capacidade de fornecimento de oxigénio aos tecidos;
- Favorece o retorno venoso e evita o represamento do sangue nas extremidades do
corpo;
- Aumenta a ventilação pulmonar mediante ganho no volume-minuto e na redução da
frequência respiratória.

c) Adaptações músculo-ósteo-articulares
- Aumenta o número e a densidade dos capilares sanguíneos dos músculos esqueléticos,
oferecendo ainda maior incremento em seus diâmetros durante a realização dos esforços
físicos;
- Eleva o conteúdo de mioglobina dos músculos esqueléticos e aumenta a quantidade de
oxigénio dentro da célula, o que facilita a difusão do oxigénio para as mitocôndrias;
- Melhora a estrutura e as funções dos ligamentos, dos tendões e das articulações;

- Adaptações ao treino de Força - remodelagem das células das fibras musculares : é


geralmente aceite que em seres humanos existe uma relativa percentagem de fibras tipo
I ou II que são estabelecidas geneticamente, sem grande capacidade para mudanças.
Quanto à mutação das Fibras I e II com o treino de Força, os estudos mais credíveis
referem a que dentro do tipo II há ampla evidência de interconversão entre os tipos A e
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B. Por exemplo, exercícios de resistência parecem aumentar a percentagem de fibras II-


A, às custas de fibras II-B; exercícios de força sem ênfase no desenvolvimento de
resistência podem aumentar a percentagem de fibras II-B.

Como adaptação ao treino com peso, observa-se o aumento da área de secção transversa
do músculo, esse crescimento ocorre devido à hipertrofia das fibras musculares e do
sarcoplasma (FLECK; KRAEMER, 2006). A hipertrofia deriva da síntese de
componentes miofibrilar e do sarcoplasma (é o nome que se dá ao citoplasma das
células musculares; neste espaço intracelular há grande quantidade de glicossoma que
são grânulos de glicogénio e quantidades significativas de mioglobina, uma proteína de
ligação com oxigénio) elevando o número de filamentos de actina e miosina e de
sarcómeros nas fibras musculares (PHILLIPS et al., 1999) e ainda do aumento de
proteínas não contráteis que podem também elevar o tamanho da fibra muscular.

Nem todas as fibras têm a mesma magnitude de aumento da área de secção transversa,
pois depende do tipo de fibra e do padrão de recrutamento (KRAEMER, FLECK;
EVANS, 1996). A hipertrofia muscular tem sido demonstrada nos tipos de fibras I e II
após o treino de força (McCALL et al., 1996). Contudo, maior parte dos estudos
demonstra uma hipertrofia das fibras do tipo II maior do que as do tipo I.

1) Sobrecarga tensional e hipertrofia miofibrilar

De acordo com a hipótese energética, a taxa de degradação proteica é uma função do


peso levantado: quanto maior o peso maior a taxa de degradação da proteína
(ZATSIORSKY, 1999, p.150). Por serem sintetizadas mais proteínas contráteis, durante
o período de anabolismo, a densidade dos filamentos aumenta.

Segundo Guedes Júnior (2003), Santarém (1999), Zatsiorsky (1999) e Tous (1999), o
aumento da síntese de proteínas contráteis, estimulado pelo treino de força, promove o
aumento do tamanho e do número de miofibrilas por fibra muscular. A essa adaptação
dá-se o nome de hipertrofia miofibrilar, e o estímulo capaz de causar tal adaptação seria
a sobrecarga tensional, relacionada com o alto nível de tensão imposto ao músculo
graças ao peso elevado a ser vencido. Nos exercícios resistidos quanto maior a carga
maior a sobrecarga tensional. Grandes sobrecargas tensionais implicam baixas
repetições e um curto tempo de execução de cada série de um exercício.

Bompa (2000), cita a hipertrofia miofibrilar, estimulada pela sobrecarga tensional, mais
estável e duradoura.

2) Sobrecarga metabólica e hipertrofia sarcoplasmática

A sobrecarga metabólica traz às células musculares um maior stress bioquímico, pelo


maior tempo de execução de uma série, mas em compensação com um menor número
de carga do que a sobrecarga tensional.

Segundo Guedes Júnior (2003), Santarém (1999), Zatsiorsky (1999) e Tous (1999),
durante as contrações musculares prolongadas ocorre um aumento de atividade dos
processos de produção de energia, caraterizando uma sobrecarga metabólica do tipo
energética. Essa sobrecarga metabólica contribui para o aumento de volume muscular
através do aumento de substratos energéticos localizados no sarcoplasma: CP-
supercompensação e o aumento das reservas de glicogénio, uma resposta adaptativa ao
consumo aumentado dessa substância altamente hidratada (super-hidratação). O outro
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mecanismo é extracelular, e consiste no aumento de vascularização do tecido muscular.


A isso se pode chamar de hipertrofia sarcoplasmática ou volumização celular,
estimulada pela sobrecarga metabólica, caraterizada pelo elevado número de repetições
e pelo tempo prolongado de execução de cada série de um exercício.

Para Bompa (2000), o aumento de massa muscular em alguns culturistas é


frequentemente o resultado de um aumento de fluido/plasma no músculo, ao invés do
engrossamento dos elementos contrateis da fibra muscular.

Do ponto de vista prático, a sobrecarga metabólica aumenta nos exercícios com pesos
na medida em que aumentamos as repetições e/ou diminuímos os intervalos de repouso.
Assim sendo, a sobrecarga metabólica é inversamente proporcional à sobrecarga
tensional (SANTAREM, 1999, p.39).

d) Efeitos psicológicos e sociais

- Melhora a capacidade de trabalho;

- Melhora a imagem de si próprio;

- Redução da ansiedade e depressão;

- Melhora a sensação de bem-estar;

- Melhora o apetite e o ritmo de sono.

Curiosidade: variações anatómicas normais

Existem algumas circunstâncias que determinam variações anatómicas normais:

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a) Idade: os testículos no feto estão situados na cavidade abdominal, migrando para a


bolsa escrotal e nela se localizando durante a vida adulta;

b) Sexo: no homem a gordura subcutânea deposita-se principalmente na região tricipital,


enquanto na mulher o depósito se dá preferencialmente na região abdominal;

c) Raça: nos brancos a medula espinhal termina entre a primeira e segunda vértebra
lombar, enquanto que nos negros ela termina um pouco mais abaixo, entre a segunda e a
terceira vértebra lombar;

d) Tipo morfológico constitucional: é o principal fator das diferenças morfológicas. Os


principais tipos são:

1.º Longilíneo: indivíduo alto e esguio, com pescoço, tórax e membros longos. Nessas
pessoas o estômago geralmente é mais alongado e as vísceras dispostas mais
verticalmente;

2.º Brevilíneo: indivíduo baixo com pescoço, tórax e membros curtos. Aqui as vísceras
costumam estar dispostas mais horizontalmente;

3.º Mediolíneo: caraterísticas intermediárias.

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