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Infecções Bacterianas

Comunitárias: conduta terapêutica

Prof. Marcelo Simão Ferreira


Faculdade de Medicina
Universidade Federal de Uberlândia
Introdução – resistencia bacteriana
⚫ Descreve um conjunto de condições pelo qual um micro-
organismo é capaz de sobreviver à exposição de um
antibiótico
– Mutação genética espontânea ou induzida
– Transferência de genes entre bactérias por
conjugação, transdução ou transformação
– Troca de material genético através de plasmídeos ou
transposons
⚫ MDR – resistência a pelo menos 1 antibiótico de pelo
menos 3 classes
⚫ XDR – utilizada para Mycobacterium tuberculosis –
ainda não tem aceitação entre as infecções nosocomiais
⚫ A alta prevalência de infecções por organismos MDR
deriva do uso indiscriminado de antibióticos na prática
clínica e veterinária e na criação de animais
⚫ Uso de antibióticos pode aumentar a pressão de seleção
em uma população permitindo que clones resistentes
sobrevivam e disseminem, ocupando o espaço da
bactéria suscetível
⚫ Criando-se um ciclo vicioso onde antibióticos de largo
espectro são utilizados, selecionando novas bactérias
resistentes a estes novos antibióticos
⚫ O risco vem crescendo devido ao aumento das situações
de risco para infecções por MDR
Mecanismos de Resistência
⚫ Existem quatro mecanismos básicos pelos quais um organismo pode
adquirir resistência:
– Destruição ou modificação da droga
– Alteração dos sítios de ligação
– Alteração do metabolismo da droga
– Diminuição da presença da droga na célula bacteriana (alteração da
permeabilidade, alteração da produção de porinas e bombas de efluxo)
⚫ A seguir:
– Beta-lactamasses
– Proteínas ligadoras de penicilina
– Proteção ribossomal
– Porinas
– Bombas de efluxos
Beta-lactamases
⚫ Membros da família Enterobacteriaceae expressam
enzimas codificadas por plasmídeos com atividade beta-
lactamase que modificam ou destroem o núcleo beta-
lactâmico das penicilinas, cefalosporinas e
carbapenêmicos
⚫ Essas enzimas existem apenas nas bactérias
⚫ Classificação molecular é baseada na sequência de
aminoácidos e nucleotídeos dessas enzimas, existindo 4
classes pela classificação de Ambler
⚫ Classe A, C e D agem por mecanismos baseados em
serina e a classe B ( ou metalo-beta-lactamases) depedem
do zinco para a sua ação
Antibióticos úteis na pratica
clinica – Beta-lactâmicos
⚫ Consistem em penicilinas, cefalosporinas, monobactâmicos e
carbapenêmicos, podendo ser combinados com inibidores de beta-
lactamase para aumento de espectro

⚫ Com exceção das carboxipenicilinas (ticarcilina) e ureidopenicilinas


(piperacilina), as penicilinas possuem pouca ou nenhuma atividade
contra Gram negativos

⚫ Piperacilina-tazobactam tem o maior espectro contra Gram negativos


e uma potência razoável contra Pseudomonas

⚫ Ampicilina-sulbactam tem uma atividade duvidosa contra E. coli e


Klebisella spp ( em torno de 50%), mas com atividade modesta
contra Acinetobacter spp devido à atividade intrínseca do sulbactam

⚫ Tazobactam é o mais ativo inibidor de beta-lactamases disponível


atualmente, com estudos experimentais sobre a nova droga
avibactam que pode ser promissora
⚫ As cefalosporinas compreendem uma ampla classe
com mais de 20 agentes, poucos dos quais ativos
contra organismos MDR
⚫ Ceftazidime e cefepime tem atividade razoável contra
bacilos Gram negativos e atividade anti-pseudomonas
apreciável, sendo que o cefepime é um indutor menos
potente de ESBLs
⚫ A atividade é notável apenas contra enterobactérias
não produtoras de ESBL, incluindo Enterobacter,
Citrobacter, Providencia e Morganella, mas não
devem ser escolhas empíricas para monoterapia
contra não fermentadores
⚫ Semelhante aos carbapenêmicos o cefepime é mais
resistente contra a hidrólise pelas beta-lactamases,
mas não o suficiente para garantir atividade empírica
contra ESBLs
⚫ Ceftaroline ainda não classificado, tem atividade anti-
MRSA única entre as cefalosporinas e modesta
atividade contra Gram negativos semelhante às
cefalosporinas de primeira geração
⚫ Imipenem-cilastatina, meropenem, doripenem e ertapenem são os
carbapenêmicos disponíveis
⚫ Imepenem, meropenem e doripenem tem melhores possibilidades
de uso:
– Cocos aeróbios e anaeróbios
– Staphycococcus meticilino-sensíveis
– Gram negativos exceto Acinetobacter spp., Legionella
pneumophila, Pseudomonas cepacia e Stenotrophomonas
maltophilia
⚫ Também possuem ótima atividade contra anaeróbios, não sendo
indicado uso concomitante de drogas anaerobicidas, exceto em
infecções por Clostridium difficile
⚫ Meropenem e doripenem tem menor potencial para efeitos em SNC
do que o imipenem
– Contraindicado para pacientes com doença do SNC ou lesões
(exceto lesões de medula) devido ao risco de mioclonia e crises
convulsivas
⚫ Ertapenem não é ativo contra Pseudomonas, Acinetobacter,
Enterobacter e MRSAs
Lipoglicopeptídeos
⚫ Vancomicina é um lipoglicopeptídeo solúvel, bactericida, com
penetração tissular pobre que limita sua efetividade
⚫ Cepas de E. faecalis são inibidas porém não mortas, e os E. faecium
já são em sua maioria VRE; S. aureus e S. epidermidis são
geralmente susceptíveis
⚫ Apesar da vancomicina ser a linha mestre da terapia de infecções
nosocomiais, os MIC vem crescendo o que suscitou a redução dos
MICs conforme visto anteriormente
– MICs entre 1 e 2 – tratamento deve ser feito cautelosamente
– MICs maiores que 2 – terapia alternativa deve ser realizada
⚫ Telavancina – ativa contra MRSA com MIC menores que 1, com
duplo mecanismo de ação (destruição da parede celular e inibição da
síntese da parede)
Lipopetídeos cíclicos
⚫ Daptomicina tem uma potente e rápida atividade bactericida contra a
maioria dos Gram positivos
⚫ Mecanismo de ação: rápida despolarização da membrana, efluxo de
potássio e repressão do DNA, RNA e síntese protéica, como morte
celular
⚫ Atividade bactericida concentração dependente, com meia vida longa
– 4mg/kg 1x ao dia para infecções não bacterêmicas
– 6mg/kg 1x ao dia para infecções bacterêmicas
– A cada 48h com creatinina menor que 30
⚫ Ativa contra a maioria dos Gram positivos aeróbios e anaeróbios,
incluindo MRSA, MR S epidermidis e VRE
⚫ Miosite rara, recomendada monitorização da CPK
⚫ Não deve ser usada para pneumonias ou quando a pneumonia está no
diagnóstico diferencial → baixa penetração e inativação pelo
surfactante pulmonar
Polimixinas
⚫ São peptídeos catiônicos cíclicos que têm resíduos de ácidos graxos
(polimixina B e E, ou colistina), ligam-se membrana celular externa,
causando efeito detergente e rompendo a membrana
⚫ Alta afinidade para o lipídeo A da molécula do lipopolissacarídeo
pode ter um efeito neutralizador de endotoxina
⚫ Polimixina B - Dose de 1,5 a 2,5mg/kg (15000 a 25000 U/kg)
diariamente, dividida em 2 doses
⚫ Atividade bactericida concentração-dependente contra a maioria dos
Gram-negativos incluindo MDR E. coli, Klebsiella, Enterobacter,
Pseudomonas, Stenotrophomonas e Acinetobacter
⚫ Não é ativa contra Serratia, Proteus, Providencia e Morganella
⚫ Distribuição tissular é pobre, mas doses intratecais e inalatórias
podem ser usadas, taxa de resposta para infecções pulmonares é
menor do que para outros sítios
Aminoglicosídeos
⚫ Pouco utilizados devido à nefrotoxicidade, ressurgiram após o
aumento do índice de resistência
⚫ Gentamicina, tobramicina e amicacina ainda são usadas
frequentemente, ligam-se à subunidade ribossômica 30S e inibem a
síntese protéica
⚫ Gentamicina tem atividade modesta contra cocos Gram positivos, por
um outro lado a atividade e a toxicidade desses agentes é
praticamente idêntica
⚫ Devido a nefrotoxicidade são raramente terapia de primeira linha,
exceto em combinações sinergísticas, infecções graves por
Pseudomonas, endocardite enterocóccica ou infecções causadas ou
suspeitas por Gram negativos MDR
⚫ Como segunda linha para enterobactérias, com menor atividade
contra Acinetobacter, e atividade limitada contra Aeromonas, S.
matophilia e P. cepacia
⚫ Doses menores devem ser dadas na ins. Renal, porém as
drogas são dialisadas e devem ser dadas doses pós-
diálise
⚫ Doses únicas asseguram um pico de concentração sérica
10 vezes maior que o MIC
– Gentamicina ou tobramicina 7mg/kg
– Amicacina 20mg/kg; com dosagem de concentração
sérica após 23 horas, com concentração sérica
esperada de 0,5 a 1 micrograma/ml para a
gentamicina e 5 a 10micrograma/ml para a amicacina
⚫ Dose única não é aprovada para crianças, grávidas,
grandes queimados e pacientes com mais de 70 anos
Tetraciclinas
⚫ Ligam-se à subunidade ribossômica 30S, mas são apenas
bacteriostáticas, com resistência ampla que limita o uso (com
exceção da doxicliclina, minociclina e tigeciclina)
⚫ Todas são contraindicadas na gravidez e para crianças menores
de 8 anos, devido a toxicidade dentária
⚫ Tigeciclina é uma nova glicilciclina derivada da minociclina,
que, com exceção de Pseudomonas, Proteus mirabilis e
Providencia, é ativa contra muitos Gram positivos e Gram
negativos MDR, incluindo MRSA, VRE e alguns
Acinetobacter
⚫ Tigeciclina possui boa atividade contra anaeróbios e contra
enterobactérias produtoras de ESBL, Pasteurella, Aeromonas,
Stenotrophomonas e Enterobacter; apesar das evidências
clínicas contra MDR serem escassas
Oxazolidinonas -LINEZOLIDA
⚫ Ligam-se à subunidade 50S prevenindo sua posterior ligação
com a subunidade 30S, prevenindo a translação do RNAm, sendo a
linezolida bacteriostática contra a maioria dos patógenos
susceptíveis
⚫ Ribossomos da E. coli assim como os dos Gram positivos são
susceptíveis à linezolida, porém a maioria dos Gram negativos são
resistentes devido a mecanismo de efluxo
⚫ Igualmente ativa contra S. aureus sensíveis, MRSA, enterococcus
sensíveis a vancomicina, VRE e Pneumococos resistentes à
penicilina
⚫ Não requer redução da dose em ins. Renal e exibe excelente
penetração tissular, mas ainda permanece incerta contra infecções
graves
⚫ Equivalente à vancomicina para pneumonias hospitalares e
associadas a ventilação
Quinolonas
⚫ Exibem excelente absorção e biodisponibilidade, porém vem apresentando
diminuição do espectro de ação e são associadas a algumas toxicidades
(fototoxicidade, cartilagem, tendões e prolongamento do intervalo QTc)
⚫ Tem alta propensão a desenvolver e induzir resistência
⚫ Cipro, levo e moxifloxacino (que possui atividade anti-anaeróbica) são
disponíveis por via oral e parenteral
⚫ São ativas contra Gram negativos entéricos (Enterobacteriaceae,
Haemophilus spp.). Alguma atividade contra Pseudomonas (cipro),
Stenotrophomonas e cocos Gram negativos
⚫ Atividade contra Cocos Gram positivos é variável (mínima para a cipro e
alta para o moxifloxacino)
⚫ Seu uso está sendo limitado devido ao aumento de resistência, sendo
associadas à emergência de resistência na E. coli, Klebsiella, Pseudomonas e
MRSA
⚫ Cuidado com intervalo QTc (fazer ECG antes e durante o tratamento) e com
uso concomitante de varfarina (aumento do RNI)
Sulfametoxazol-trimetoprim
⚫ Sulfonamidas exercem atividade bacteriostática interferindo na
síntese de ácido fólico bacteriano, que é necessário na síntese do
DNA
⚫ Resistência é altamente presente, limitando o seu uso
⚫ A adição do sulfametoxazol ao trimetroprim previne a conversão do
ácido di-hidrofólico ao tetra-hidrofólico, e acentua a atividade
bactericida
⚫ Ativa contra S. aureus, Streptococcus pyogenes e S. pneumoniae, E.
coli, P. mirabilis, Salmonella e Shigella, Yersinia enterocolitica,
Stenotrophomonas, Listeria e Pneumocystis
⚫ Escolha para tratamento de infecções por Stenotrophomonas e para
infecções causadas por CA-MRSA
⚫ Doses plenas podem ser dadas se o clearance for maior que 30,
porém não é recomendada com o clearance menor que 15
Infecções bacterianas comunitárias:
conduta terapêutica

⚫ Pneumonia adquirida na comunidade


⚫ Infecções do trato urinário
⚫ Meningites bacterianas
⚫ Infecções de pele e tecido celular subcutâneo
⚫ Infecções intra - abdominais
⚫ Infecções osteoarticulares
⚫ Gastroenterocolites agudas
Infecções bacterianas comunitárias:
conduta terapêutica
⚫ Constituem algumas das principais causas de
atendimentos em consultórios, ambulatórios e
emergências
⚫ Afetam qualquer faixa etária (pediátrica, adulta)
⚫ Exigem condutas diagnóstica e terapêutica rápidas e
corretas, pois muitas são emergências médicas
(meningites, p.ex.)
⚫ Bactérias multiresistentes causam, hoje, grande
número de infecções comunitárias (pneumococo, S.
aureus)
⚫ Infecções comunitárias podem ocorrer em
imunocompetentes e imunodeprimidos
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Pneumonia adquirida na comunidade (PAC)
Etiologia da PAC
Agente Frequência
Streptococcus pneumoniae 16 - 60%
Hemophylus influenzae 3 - 38%
Staphylococcus aureus 2 - 5%
GramΘ aeróbicos 7 - 18%
Legionella 2 - 8%
Chlamydophila pneumoniae 6 - 12%
Micoplasma pneumoniae 1 - 20%
Vírus 8 - 14%
Anaeróbios (+ aeróbios) 22 - 46%
Pneumonia Comunitária
Etiologia - ambulatório - SP
Rocha et al. J Pneumol 2000

Germes atípicos
ATÍPICA

INDETERM.
Pneumococo
Chlamydia sp

Mycoplasma

Influenza A

Legionella

Influenza B

Chlamydia sp + Mycoplasma

Chlamydia sp + Influenza B

Mycoplasma + Influenza A

0 10 20 30 40 50 60
%
Agentes mais comuns de
pneumonia comunitaria nos EUA
⚫ O mais patógenos comuns detectadas
foram rinovírus humano ( em 9 % de
doentes ) , vírus da influenza ( em 6 % ) , e
S. pneumoniae ( em 5 % )
Resultados-Em relação a sazonalidade na
etiologia da PAC

⚫ HMPV , vírus influenza A e B , RSV , S.


aureus , e S. pneumoniae teve picos
semelhantes durante a estações de inverno.
Pneumonias bacterianas
⚫ Fenômenos básicos que precedem o
aparecimento das pneumonias
⚫ 1) colonização da faringe posterior
⚫ 2) microaspiração da microbiota para o
trato respiratorio inferior
⚫ 3) inalação dos germes em aerossóis
(micobacterias,fungos,Mycoplasma)
Pneumonias bacterianas
⚫ Fatores predisponentes
⚫ A) alcoolismo – pneumococo,Klebsiella
⚫ B) DPOC - pneumo,Haemophilus,Moraxella
⚫ C) diabetes – pneumococo, S. aureus
⚫ D)AIDS- pneumococo,Haemophilus,Rodococcus
⚫ E) anemia falciforme – pneumococo
⚫ F) idosos – pneumo,Haemophilus
⚫ G) OUTROS- edema pulmonar,uremia,distúrbios
da consciência,influenza, deficiências imunitárias
GRAM em esfregaço Ágar sangue com
disco de optoquina

Pneumococo
Bacteriology at UW –Madison, 2003
Reação quellung Micrografia eletrônica
Sorotipos de pneumococo

✓ 93 sorotipos ~ 46 sorogrupos (1 a 48, exceto 26 e 30)*


✓ Sem reatividade imunológica cruzada entre os sorogrupos
✓ Alguma reatividade cruzada dentro de alguns sorogrupos,
com alguma proteção clínica (6A/B)
✓ Variação geográfica e temporal
✓ Pequeno número de sorogrupos (10) responsável pela
maioria das doenças (62%)

*Park et al 2007 (6C); Jin et al 2009 (6D); Calix & Naham 2010 (11E) Bacteriology at UW –Madison, 2003
Doença pneumocócica

Invasiva* Não invasiva

✓ Bacteremia oculta ✓Pneumonia


✓ Pneumonia comunitária
bacterêmica ✓Otite média
✓ Empiema ✓Sinusite
✓ Meningite Ocasional
✓ Sepse
✓Endocardite
✓Pericardite
✓Infecção de partes moles
✓Ósteoartrite séptica
✓Conjuntivite

*Doença Pneumocócica Invasiva (DPI): isolamento do pneumococo de local habitualmente estéril


Bricks & Berezin, 2006
Pneumococo
Seios da face
10% a 85%: < 5 anos de idade1,2
4% a 45%: adultos

Narinas Membrana
timpânica
Meninge

Pulmão
Vasos
sanguíneos

Osso,
Pulmão articulação

1. Cardozo DM, et al. Braz J Infect Dis. 2006;10:293-303. 2. Regev-Yochay G, et al. Clin Infect Dis. 2004;38:632-639
Fisiopatologia da infecção pneumocócica
Gotículas de ar

Portador de nasofaringe
Eficácia da
PCV

Bacteremia oculta Sangue


Disseminação local Aspiração

Alvéolo
Sinusite Bronquite Otite Meningite Sepse Pneumonia Pneumonia não-
Conjuntivite média bacterêmica bacterêmica

Peritonite Artrite Celulite Endocardite Empiema Pericardite


Osteomielite pleural Empiema

Adaptado de Andrade et al. Vaccine 2011;29 (Suppl 3):C2-C14


DPI: fatores de risco

Idade* Fatores do hospedeiro Fatores Hábitos


Imunocompetente Imunodeficiente externos
< 2 anos • Doença c.vascular e • HIV • SE • Tabagismo
n.vascular • Ca (sól./hematol.) • Ambiental • Etilismo
• Doença pulmonar • TMO • Infecção viral pesado
crônica, asma • Doença auto imune pregressa
• Diabetes mellitus • Imunossupressor, • Residente em
> 65 anos • Hepatopatia crônica corticóide instituição
• I.R.C, S. nefrótica • Imunodeficiência 1ª • Contato
• Fistula liquorica • Asplenia funcional domiciliar
• Anemia falciforme ou anatômica com crianças
• DCP
• Implante coclear
• Etnia
importante para

Adaptado de Richmann, R
Distribuição das amostras de pneumococo por ano de isolamento,
obtidas de pacientes com DPI.
Uberlândia, MG. 1999-2011

Período: 13 anos; n = 346


53
49 Sexo masculino = 205 (59,2%)

38
Nº de amostras: 346

29

25
23
22 21 22
19 19

14
12

Ano de isolamento

HC-UFU, 2011
Distribuição das amostras de pneumococo segundo o diagnóstico
nosológico. Uberlândia, MG. 1999-2011

17 (4,9%)
45 (13%)

201 (58,1%)

83 (23,9%)

n = 346.
Dos 45 casos com bacter/sepse: 33 com bacteremia e 12 com sepse. Outros: 3 com peritonite, 3 com abscesso, 2 com empiema, 2
com celulite, 2 com artrite, 1 com colangite, 1 com endocardite e 2 não relatados.

HC-UFU
Distribuição das amostras de pneumococo segundo a evolução
dos pacientes admitidos com DPI.
Uberlândia, MG. 1999-2011

10 (2,9%)
86 (24,9%)

250 (72,3%)

n = 336

HC-UFU
Pneumonia por Klebsiella

Pneumonia Pneumocócica
Pneumonia por Ps aeruginosa

Pneumonia por Mycoplasma


Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Pneumonia comunitária grave;
critérios diagnósticos

⚫ Taquipnéia (> 30 irpm) à admissão


⚫ PaO2 / FiO2 < 250
⚫ Necessidade de ventilação mecânica
⚫ Envolvimento bilateral e/ou multilobar
⚫  do infiltrado pulmonar > 50% nas primeiras 48 hs
ao Rx de tórax
⚫ PA sistólica < 90 mmHg; PA diastólica < 60 mmHg
⚫ Necessidade de uso de vasopressores por mais de 4 hs
⚫ Oligúria (< 20 ml/h ou IRA)
• Confusão Mental
• Uréia > 20 mg/dL
• Freqüência Respiratória  30/min HOSPITAIS E
CURB - 65 • Hipotensão arterial (Blood pressure): UNIDADES DE
– PAS < 90 mmHg ou PAD  60 EMERGÊNCIA
mmHg
• Idade  65 anos

ESCORE 0 ou 1 2 3 ou +

GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3

Mortalidade: Mortalidade intermediária: Mortalidade alta:

1.5 % 9.2 % 22 %

CONSIDERAR
TRATAMENTO CONSIDERAR
AMBULATORIAL TRATAMENTO SUPERVISIONADO
PAC GRAVE
• Internação breve
• UTI = CURB-65 de 4 ou 5
• Ambulatorial supervisionado

Lim WS et al. Thorax 2003;58:377


• Confusão Mental
• Freqüência Respiratória  30/min UNIDADES DE ATENÇÃO
• Hipotensão arterial (Blood pressure): PRIMÁRIA
CRB - 65 CONSULTÓRIOS
– PAS < 90 mmHg ou PAD  60 mmHg
• Idade  65 anos

ESCORE 0 1 ou 2 3 ou 4

GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3

Mortalidade BAIXA: Mortalidade Mortalidade ALTA:


INTERMEDIÁRIA:

1.2 % 8.15 % 31 %

AVALIAÇÃO HOSPITALIZAÇÃO
TRATAMENTO
NO
AMBULATORIAL URGENTE
HOSPITAL

Lim WS et al. Thorax 2003;58:377


Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Drogas utilizadas no tratamento das PAC
a) -lactâmicos
⚫ Penicilinas (amoxicilina)
⚫ Cefalosporinas (2ª e 3ª geração)
⚫ Carbapenem (ertapenem)
b) -lactâmicos / inibidores de -lactamase
⚫ Amoxicilina – clavulanato / sulbactam
⚫ Ampicilina - sulbactam
c) Fluoroquinolonas (levofloxacina, moxifloxacina)
d) Macrolídeos / telitromicina
e) Outros (clindamicina; doxiciclina)
Resistência aos antimicrobianos das cepas de
pneumococo obtidas de pacientes com DPI.
Uberlândia, MG. 1999-2011
Nº de cepas testadas = 346

59,8

14,2
8,1 8,4
7,2 4,3

Antimicrobianos* n=346

COT = Cotrimoxazol ERI = Eritromicina PEN = Penicilina


TET = Tetraciclina CLI = Clindamicina CTX = Ceftriaxona
*CLOR, LEVO, RIF, VAN: sem R HC-UFU
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Terapia empírica inicial para PAC bacteriana
em imunocompetentes (Mandell et al, 2003)
Paciente Opções terapêuticas
a) Previamente sadio Macrolídeo (azitromicina ou claritromicina)

(quadro não grave) ⚫Fluoroquinolona (levo, moxi)

⚫Amoxi-clav + macrolídeo

b) Comorbidades; ⚫Fluoroquinolona (levo, moxi)


pós-influenza ⚫-lactâmico (ceftriaxone) + macrolídeo

c) Aspiração com infecção ⚫Amoxi-clav ou clindamicina


d) Pneumonia grave ⚫Ceftriaxone + macrolídeo
(hospital, UTI) ⚫Ertapenem + macrolídeo

⚫Ceftriaxone + fluoroquinolona

⚫Fluoroquinolona (levo, moxi)

e) Pneumonia grave ⚫Cefepime, carbapenem ou Pip-Tazo +


(c/ Ps aeruginosa) ciprofloxacina ou aminoglicosídeo +
fluoroquinolona (levo ou moxi) ou
macrolídeo
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Indicações terapêuticas por agente causador
de pneumonia
Patógeno Terapia recomendada
⚫ S. pneumoniae ⚫ Ceftriaxone, amoxicilina, macrolídeos,
(susceptível) fluoroquinolonas
⚫ H. influenzae ⚫Ceftriaxone, amoxicilina-clavulanato,
fluoroquinolona
⚫ GramΘ aeróbicos ⚫Ceftriaxone, fluoroquinolona, ertapenem,

(não Pseudomonas) cefepime


⚫ Moraxella sp ⚫Amoxicilina-clavulanato, macrolídeos,

cotrimoxazol, fluoroquinolonas
⚫ Mycoplasma / ⚫Macrolídeos, doxiciclina, fluoroquinolonas

Clamydophilia
⚫ Legionella sp ⚫Macrolídeos + rifampicina; fluoroquinolona
(levo, moxi)
⚫ S aureus (MSSA) ⚫Oxacilina, cefazolina
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Recomendações para o tratamento da PAC
⚫ Iniciar prontamente o tratamento (< 4 hs)
⚫ Maioria das manifestações clínicas melhoram em 2 ou 3
dias; resolução das alterações clínico-laboratoriais
ocorrem em 5 a 7 dias; resolução radiológica pode levar
semanas
⚫ Utilizar via intravenosa inicial (2-3 d) e depois terapia
sequencial por via oral
⚫ Necessário acompanhamento ambulatorial para
acompanhar sintomas residuais (tosse, expectoração,
etc) ou recidivas
⚫ Duração do tratamento → 10 a 14 dias; cursos mais
curtos (5-7 dias) com fluoroquinolonas são apropriados
(Chan et al, 1995; Mandell & File, 2003)
⚫ Taxa de letalidade → 20 – 53%
Vacinas pneumocócicas

1977 14-valente polissacarídica (PSV14)

1983 23-valente polissacarídica (PSV23)

2000 7-valente conjugada (PCV7)

2008 10- valente conjugada (PCV10)

2009 13- valente conjugada (PCV13)


Prevenar 13®
Proteína
PCV13* Transportadora: 4 6B 9V 14 18C 19F 23F 1 3 5 6A 7F 19A
CRM197

✓ contém os 13 STs que causam a maioria das doenças pneumocócicas


em todo o mundo (dose 0,5mL):
• 1, 3, 5, 4, 6A, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19A, 19F e 23F: 2,2µg cada
• 6B: 4,4µg
✓ contém a proteína carreadora CRM197 (20µg/dose) que tem mais de
20a de experiência em vacinas conjugadas
✓ a proteína carreadora CRM197 não interfere com vacinas
concomitantes do calendário vacinal infantil, em esquemas vacinais
infantis e em esquemas vacinais distintos
CRIE
Indicações das vacinas pneumocócicas
Fatores de risco clínicos
Infecção por HIV
Imunodeficiências, tratamento imunossupressor
Anemia falciforme, hemoglobinopatias
Asplenia funcional e anatômica
Doença crônica cardíaca, pulmonar e renal
Asma grave em uso de corticóide (dose Imunossupressora)
Diabetes mellitus
Fístula liquórica
Implante coclear
Fibrose cística
Transplante de órgão sólido e de medula óssea
Prematuridade < 35 sem. e submetidos a VPM ou CPAP
Doenças neurológicas incapacitantes
Trissomias
Hepatopatias crônicas
Doenças de depósito
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Manual_3edicao_preliminar.pdf http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/indicacoes_cries.pdf
PCV13: esquema rotineiro

MMWR 2010;59(9):258
Prevenar 13®: Segurança

➢ Eventos adversos locais comparáveis entre Prevernar® e


Prevenar 13®
➢ Não houve diferenças clinicamente significantes dos eventos
adversos reportados de forma espontânea
➢ Eventos adversos sérios comparáveis entre Prevenar® e
Prevenar 13®

Perfil de segurança similar entre


Prevenar® e Prevenar 13®

Dinleyici & Yargic Expert Rev Vaccines 2009;8(8):977


Reinert et al. Expert Rev Vaccines 2010;9(3):229
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica

Infecções intra-abdominais

Infecções comunitárias / hospitalares


⚫ Apendicite aguda (perfurada)
⚫ Colecistite aguda
⚫ Coledocolitíase / colangite aguda
⚫ Peritonite (primária, secundária, terciária)
⚫ Diverticulite aguda
⚫ Pancreatite aguda / abscesso pancreático
⚫ Abscesso hepático / intra - abdominais
Peritonite secundária à perfuração de megacólon chagásico
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica

Infecções intra-abdominais
Etiologia
1. Infecções comunitárias
– Enterobactérias (E. coli, K. pneumoniae, etc)
– Anaeróbios (grupo B. fragilis);Bilophila wadsworthia
– Enterococcus sp
2. Infecções hospitalares(antibioticoterapia previa)
– P. aeruginosa
– Enterobacter sp
– MRSA
– Proteus sp
– Candida sp
Microbiology of Peritonitis
Primary (Monomicrobial) Secondary (Polymicrobial) Tertiary (Polymicrobial)
E. coli B. fragilis group Enterococci
Klebsiella spp. E. coli Pseudomonas
Streptococcus spp. Clostridium spp. S. epidermidis
Enterococcus spp. Klebsiella spp. Candida
Other gram-negative bacilli Streptococcus spp.
S. anginosus Enterococcus spp.
Pseudomonas spp. S. epidermidis
E. coli
B. fragilis

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Barie PS. J Chemother. 1999;11:464-477.


LaRoche M, Harding G. Eur J Clin Microbiol Infect Dis. 1998;17:542-550.
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica

Infecções intra-abdominais
Drogas utilizadas no tratamento das infecções intra-
abdominais
a) Agentes únicos
– Ampicilina-sulbactam; amoxicilina-clavulanato
– Piperacilina-tazobactam
– Carbapenems (imipenem-cilastatina,ertapenem,
meropenem)
– Cefalosporinas (cefoxitina)
b) Combinação de drogas
– Aminoglicosídeo + clindamicina / metronidazol
– Cefalosporina (ceftriaxone, cefotaxime, cefepime) +
metronidazol/clindamicina
– Quinolona + metronidazol/clindamicina
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Infecções intra-abdominais (Solomkin et al, 2003)
Algumas considerações terapêuticas fundamentais (1)
a) Injúria intestinal por trauma penetrante reparado nas
primeiras 12 hs deve ser tratado por apenas 24 hs.
b) Perfurações do estômago, duodeno e jejuno proximal (sem
terapia antiácida ou malignidade), a terapia antibiótica é
apenas profilática (24 hs)
c) Apendicite aguda comum sem complicações → profilática
(ampicilina-sulbactam)
d) Colecistite aguda → inicial → inflamação química →
bacteriana → enterobactérias → ceftriaxone ou
moxifloxacina
e) Pancreatite necrohemorrágica → uso profilático de
antimicrobianos é a regra → carbapenem
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Infecções intra-abdominais (Solomkin et al, 2003)
Algumas considerações terapêuticas fundamentais (2)
⚫ Importante identificar pacientes de alto risco
(imunodeprimidos, câncer, transplantados) → utilizar terapia
de espectro ampliado
⚫ Duração da terapia → variável (2 semanas ou mais); depende
das complicações
⚫ Coletar material para culturas → secreção intra-abdominal e
hemoculturas (aeróbios e anaeróbios)
⚫ Terapia antifúngica (Candida) → 20% das peritonites →
peritonites terciárias, complicadas, recorrentes, em pacientes
com imunodepressão ou com candidemia → fluconazol,
Anfotericina B, caspofungina ou voriconazol
⚫ Enterococcus sp → é preciso incluir terapia contra ele? → nas
infecções comunitárias, não; nas hospitalares, sim, quando for
isolado em cultura
Infecções do trato urinário
⚫ Infecção comunitária das mais frequentes
⚫ 8.6 milhões de casos (84% mulheres) nos
EUA
⚫ Idade de 32 anos (mulheres) → 50%
tiveram pelo menos 1 episódio
⚫ Recorrência em até 25% das mulheres nos
6 meses após o 1º episódio
⚫ Cistite: 28 casos → pielonefrite: 1 caso
⚫ Entre 15 e 34 anos → 25 casos / 10000 hab
Fisiopatologia (Hooton, NEJM, 2012)
⚫ Bactéria (intestino/vagina) → colonização na
mucosa periuretral → ascenção através da
bexiga → ureteres → rins (pielonefrite)
⚫ E.coli uropatogênica → fatores de virulência →
fímbrias, flagelos, adesinas, sideróforos,
toxinas, capacidade invasiva, etc.
⚫ Infecção urinária recorrente → bactéria pode
persistir no epitélio vaginal e no cólon, levando
à infecções periódicas
⚫ Predisposição genética: ↓↓ expressão de CsCR1
e receptores de IL8; presença de fenótipo não
secretor do grupo sanguíneo P1.
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica

Infecções do trato urinário

⚫ Bacteriúria ⚫ Infecção urinária


(≥ 105 bactérias/ml) recorrente
⚫ Bacteriúria assintomática ⚫ Urosepsis
⚫ Cistite aguda ⚫ Pielonefrite crônica
⚫ Pielonefrite aguda ⚫ Papilite necrotizante
– Não complicada ⚫ Abscesso intra-renal
– Complicada ⚫ Abscesso perinefrético
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica

Infecções do trato urinário

Etiologia

⚫ E. coli 80-90% ⚫ Ps aeruginosa


(comunitárias) (hospitalar)
⚫ K. pneumoniae ⚫ Enterococcus sp
⚫ Proteus mirabilis ⚫ S. saprophyticus
⚫ Enterobacter ⚫ S, aureus (hematogênica)
⚫ Serratia ⚫ Candida
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica

Infecções do trato urinário


Fatores de risco para infecções urinárias
⚫ Intercurso sexual
⚫ Anemia falciforme
⚫ Gravidez
⚫ AIDS
⚫ Diabetes
⚫ Deficiência de estrógeno
⚫ Bexiga neurogênica
⚫ Obstrução urinária
⚫ Cateterização uretral
⚫ Coito anal insertivo
⚫ Transplante renal
⚫ Hipertrofia prostática
⚫ Uso de diafragma
⚫ Sonda uretral
⚫ Calculose renal
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Tratamento das infecções do trato urinário
(comunitárias)
Tipo de Droga indicada Tempo de
infecção tratamento
Pielonefrite 2 semanas
aguda ⚫Ceftriaxone (utilizar terapia
⚫Aminoglicosídeo
sequencial)
⚫Ertapenem
EV (2-3 d) →
VO (4-14)

Cistite aguda ⚫Fluoroquinolona 3 a 7 dias


⚫Cefalosporinas (cefuroxima,
cefpodoxima)
⚫Macrodantina (nitrofurantoína)

Bacteriúria ⚫ Não tratar; (exceto grávidas)


assintomática
Inf. urinária ⚫ Cefalosporinas, amoxicilina, 3 a 14 dias
na gestação macrodantina
Profilaxia antibiótica em ITU
⚫ Mulher → 3 ou mais episódios de ITU por ano
Profilaxia → macrodantina diària ou fosfomicina
a cada 10 dias → 6 meses a 2 anos; fazer
profilaxia pós-coito
⚫ Mulher idosa com cistites recorrentes → avaliar
fatores de risco; profilaxia discutível; utilizar
cremes vaginais ( pH vaginal,  colonização)
⚫ Recorrência após tto adequado (2 semanas) →
avaliar fatores de risco → se ausentes → tratar a
recorrência por 6 semanas → confirmar a cura
por cultura → iniciar profilaxia (macrodantina);
monitorar mensalmente com urocultura
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Meningites bacterianas
Etiologia
Idade Agente etiológico
0 a 3 meses ⚫S. agalactiae, E. coli K1, outros gram
Θ, Listeria, enterococos

3 meses a 5 anos H. influenzae, pneumococo,


meningococo

5 a 60 anos ⚫ Pneumococo, meningococo

> 60 anos ⚫Pneumococo, gram Θ, H. influenzae,


Listeria
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Algorítmo para manuseio da meningite bacteriana
Suspeita de meningite bacteriana
sim
Imunodeprimido, história de doença do SNC, convulsões, papiledema,
alt. da consciência, sinais focais ou retardo na punção lombar
Não Sim
Hemocultura + punção lombar
Hemoculturas
Dexametasona + antibiótico empírico Dexametasona +
sim antibiótico empírico
LCR compatível com meningite bacteriana
CT normal
Gram (+/–)
Punção lombar
específica  Θ empírico
Abscesso cerebral pós-meningite
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Meningites bacterianas
Recomendações para terapia antimicrobiana em adultos com meningite
bacteriana baseada na positividade da coloração de gram (Tunkel et al, 2004)
Patógeno Terapia de escolha Alternativa
S.pneumoniae Ceftriaxone + Meropenem, fluoroquinolona
vancomicina (levo, moxi)
N.meningitidis ceftriaxone Penicilina G, ampicilina,
cloranfenicol, fluoroquinolona
L.monocytogenes Ampicilina + Cotrimoxazol, meropenem
gentamicina
H.influenzae Ceftriaxone Cloranfenicol, meropenem,
cefepime, fluoroquinolona
S.agalactiae Ampicilina ou ceftriaxone
Penicilina G
E. coli ou outro Ceftriaxone Cefepime, meropenem,
gram Θ fluoroquinolona, aztreonan
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Meningites bacterianas
Recomendações para terapia antimicrobiana específica
para o patógeno isolado em cultura
Patógeno Terapia de escolha Alternativa
(susceptibilidade)
S.pneumoniae
MIC p/ penicilina
< 0,06 mg/ml Penicilina G ou Ampicilina Ceftriaxone
0,12 -1 mg/ml Ceftriaxone Cefepime, meropenem
≥ 2,0 mg/ml Ceftriaxone + vancomicina Fluoroquinolona
MIC p/ ceftriaxone
≥ 1,0 mg/ml Ceftriaxone + vancomicina Fluoroquinolona
Pseudomonas Cefepime ou ceftazidime Meropenem,
aeruginosa ciprofloxacina, aztreonam
S. aureus Oxacilina Vancomicina, meropenem
(susceptível)
S. aureus (MRSA) Vancomicina Cotrimoxazol, linezolida
Enterococcus Ampicilina + gentamicina Linezolida
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Meningites bacterianas
Recomendações para terapia antibiótica empírica em meningites
purulentas, dependendo do fator predisponente (Tunkel et al, 2004)
Fator Patógenos Terapia recomendada
predisponente
Fratura da base do Pneumococo Ceftriaxone +
crâneo H.influenzae, S.pyogenes vancomicina
Trauma penetrante S.aureus, gram Θ Vancomicina +
(Ps aeruginosa) cefepime ou
meropenem
Pós-neurocirurgia gram Θ (Ps aeruginosa) Vancomicina +
S. aureus e cefepime ou
S.epidermidis meropenem
Shunt Ventrículo / S.epidermidis Vancomicina +
Peritoneal S. aureus, gram Θ, cefepime ou
P. acnes meropenem
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Algumas recomendações importantes para
tratamento das meningites bacterianas
⚫ Dexametasona → adultos → recomendada com benefício
comprovada → dose: 10 mg EV 6/6 hs – 2 a 4 dias, 10-20’
antes ou concomitantemente ao início do antibiótico →
recomendação para meningite pneumocócica (Degans, Van
de Beek, 2002)
⚫ Duração do tratamento antimicrobiano
a) Meningococo → 7 dias
b) H. influenzae → 7 dias
c) Pneumococo → 10 – 14 dias
d) S. agalactiae → 14 – 21 dias
e) Gram Θ aeróbicos → 21 dias
f) Listeria → ≥ 21 dias
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica

Infecções de pele e do tecido celular


subcutâneo (Stevens et al, 2005)

⚫ Impetigo, ectima (piodermites)


⚫ Erisipela
⚫ Celulite
⚫ Furúnculos, carbúnculo, abscesso
⚫ Fasciíte necrotizante (gangrena de Fournier)
⚫ Mionecrose clostrídica
⚫ Piomiosite tropical
⚫ Infecção pós mordedura humana ou animal
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Infecções de pele e tecido celular subcutâneo
(Stevens et al, 2005)
Etiologia
Infecção Etilogia
⚫ Impetigo, ectima ⚫S. aureus, S. pyogenes
⚫ Erisipela ⚫S. pyogenes

⚫ Celulite ⚫S. aureus, S. pyogenes, gram Θ

⚫ Furúnculos, carbúnculo, ⚫S. aureus


abscesso
⚫ Fasciíte necrotizante ⚫S. pyogenes, Vibrio vulnificus,
Aeromonas hydrophila; polimicrobiana
(aeróbios e anaeróbios)
⚫ Mionecrose (gangrena ⚫Clostridium (várias espécies)
gasosa)
⚫ Piomiosite tropical ⚫S. aureus; pneumococo, gram Θ
⚫ Infecção pós mordedura ⚫Polimicrobiana (aeróbios e
anaeróbios); Pasteurella multocida
INFECÇÕES DE PELE E PARTES MOLES

INTRODUÇÃO
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica

Fatores associados com a ocorrência de MRSA


em infecções de pele e partes moles
comunitárias (Eron et al, 2003)

⚫ Terapia antimicrobiana recente


⚫ Hospitalização recente
⚫ Uso frequente de catéteres (incluindo hemodiálise)
na comunidade
⚫  índices de MRSA nas instituições hospitalares
locais
⚫ Colonização prévia com MRSA
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Infecções de pele e do tecido celular subcutâneo

⚫ Critérios de gravidade
– Febre ou hipotermia
– Taquicardia (> 100 bpm/min)
– Hipotensão (< 90 mmHg)
– Desvio acentuado a esquerda no hemograma
– Proteina C reativa elevada
– Creatinina elevada
– Acidose metabólica
– CPK elevada
– Hemocultura positiva
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Princípios gerais para tratamento das infecções
de pele e tecido celular subcutâneo

⚫ Debridamento cirúrgico e drenagem dos


abscessos
⚫ Cuidados apropriados com a ferida ou úlcera
⚫ Manutenção do estado hemodinâmico
⚫ Terapia antimicrobiana empírica inicial (gram,
Θ e anaeróbios)
⚫ Trocar os antimicrobianos quando as culturas e
os testes de sensibilidade estiveram disponíveis
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Infecções de pele e do tecido celular subcutâneo
Impetigo, ectima (Chartier & Grosshans, 1990, 1996)
⚫ Comum em crianças de baixa condição sócio-
econômica
⚫ Colonização cutânea inicial → inoculação traumática
(traumas, picada de insetos) → impetigo
⚫ Altamente contagioso
⚫ Pode induzir a glomerulonefrite difusa aguda
⚫ Tratamento
– Tópico → mupirocina, neomicina – bacitracina
– Sistêmico → dicloxacilina, cefalexina, eritromicina,
azitromicina, clindamicina, amoxi-clav
⚫ Duração → 5 – 7 dias
Impetigo Impetigo Furúnculo

Tinha infectada Erisipela


Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Infecções de pele e do tecido celular subcutâneo
Abscessos, celulite, erisipela, furúnculos  -
conduta terapêutica (Swartz, 2004; Hook et al, 1986;
Lutomski et al, 1988)
⚫ Abscessos cutâneos → podem ser cistos epidermóides
infectados → conduta: drenagem do pus;
antibioticoterapia raramente é necessária
⚫ Furúnculos (carbúnculos) → podem ser epidêmicos em
algumas populações; portadores nasais (20-40%) e
perineais tem furunculose de repetição; fômites podem
disseminar a infecção a outras pessoas
⚫ Conduta: 1) em surtos: banhos com sabonetes com
clorexidine; separar toalhas, roupas de corpo e cama
2) incisão e drenagem das lesões; antibióticos se houver
celulite associada
3) erradicar o estado do portador: mupirocina tópica 2x ao
dia por 5 dias → 50% de eficácia; clindamicina 150 mg/
dia/ 3 meses → 80% de eficácia
Furúnculo (S. aureus)

Abscesso cutâneo
(S. aureus)

Carbúnculo (S. aureus)


carbúnculo ( S. aureus)
Abscesso cutâneo ( S. aureus)

Celulite Celulite Elefantíase


Abscesso estreptocócico após injeção intra-muscular
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Infecções de pele e do tecido celular subcutâneo
Abscessos, celulite, erisipela, furúnculos  -
conduta terapêutica (Stevens et al, 2005; Hepeburn et al,
2004; Bergkvist et al, 1997)
⚫ Celulite → infecção da derme profunda e tecido celular
subcutâneo
⚫ Erisipela → infecção da derme superficial e linfáticos
⚫ Tratamento
a) erisipela → penicilina (ou amoxicilina), macrolídeos – 10 dias
b) celulite → oxacilina; cefazolina ou cefalexina; macrolídeos;
clindamicina → duração: 5 a 10 dias
c) corticosteróides → (30 mg de prednisolona por 8 dias) →
evolução, cicatrização mais rápida e hospitalização mais curta
(1 dia)
d) tratar as micoses superficiais nos pés (tinha pedis)
e) Selênio oral pode  as infecções recidivantes em portadores de
linfedema
Celulite facial/orbitária
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Infecções de pele e do tecido celular subcutâneo
necrotizantes (Lewis, 1992; Chelson et al, 1994)
⚫ Fasciíte necrotizante (Stevens et al, 2005;
Hepeburn et al, 2004; Bergkvist et al, 1997)
→ envolvimento de pele, subcutâneo, fascia
muscular e aponeuroses → até 15 bactérias
aeróbias e anaeróbias podem estar presentes
→ letalidade – 50-70%
⚫ Fatores predisponentes: pequenos traumas,
sítios de injeção (viciados em drogas)
abscesso perineal, abscesso da glândula de
Bartholin; 20% não tem lesão inicial visível
Gangrena de Fournier
Fasciítie necrotizante
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Infecções de pele e do tecido celular subcutâneo
necrotizantes (Lewis, 1992; Chelson et al, 1994)
⚫ Critérios clínicos para diagnóstico da
fasciíte necrotizante
– Dor intensa no local da lesão
– Rápida progressão
– Descolorimento da pele
– Bolhas violáceas
– Hemorragia cutânea
– Anestesia cutânea
– Gás na intimidade dos tecidos
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Infecções de pele e do tecido celular subcutâneo
necrotizantes (Lewis, 1992; Chelson et al, 1994)
Fasciíte Necrotizante (Stevens et al, 2005; Hepeburn et al,
2004; Bergkvist et al, 1997)
Tratamento
1. Debridamento cirúrgico (agressivo)
2. Administração de fluídos é necessária e fundamental
3. Antibioticoterapia:
a) Ampicilina – sulbactam ou clindamicina ou metronidazol
+ quinolona ou cefalosporina de 3ª ou 4ª geração
b) Piperacilina – tazobactam
c) Carbapenem (imipenem, ertapenem, meropenem)
4. S. pyogenes → penicilina + clindamicina(inibe a sintese de
toxinas bacterianas); vancomicina, linezolida
5. S. aureus → oxacilina; cefazolina; vancomicina; clindamicina
6. Clostridium → penicilina ou clindamicina
Piomiosite tropical: S. aureus
Gangrena gasosa
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Infecções de pele e do tecido celular subcutâneo
necrotizantes
Mordeduras animais e humanas (Talan et al, 2003)
⚫ Em geral, por cães e gatos → 20% com importância
clínica
⚫ Pode evoluir para celulite e abscesso
⚫ Etiologia → S. aureus e S. pyogenes (40%); P.
multocida; Capnocytophaga canimorsus; anaeróbios
* humanos → S. viridans; Haemophilus; Eikenella
corrodens; anaeróbios
⚫ Tratamento: amoxicilina-clavulanato; ampicilina-
sulbactan; carbapenem (ertapenem): doxiciclina,
cefalosporina (1ª, 2ª, 3ª) + antianaeróbio; moxifloxacina
– utilizar por 10 a 14 dias
Infecções bacterianas comunitárias: conduta terapêutica
Novas drogas para tratamento de infecções
graves por gram multiresistentes
⚫ Daptomicina → uso intravenoso; S. aureus;
Streptococcus, Enterococcus (sensíveis a
Vancomicina); eficácia em infecções de tecidos
moles: 66 a 92% (Arbert et al, 2004)
⚫ Dalbavancina → glicopeptídeo semi-sintético; S.
aureus MR; algumas cepas de VRE; rapidamente
bactericida; meia vida de 9 a 12 dias; dose: 1g /
1°dia; 500 mg 1 semana após → excelente eficácia
(Seltzer et al, 2003); droga similar → Oritavancin
⚫ Tigeciclina → deriva do tetraciclina → ativo em
gram  (incluindo MRSA, VRE), gramΘ (exceto
Pseudomonas) e anaeróbios; índices de cura em
infecções de partes moles: 75%
OBRIGADO !!!

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