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Direito
Eleitoral
10â edição, revista, ampliada e atualizada
com comentários à Lei na 12.034, de
29 de setembro de 2009.
Niterói, RJ
2010
E m H fflW S S © 2 010, Editora Impetus Ltda.
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E d it o r a ç ã o E l e t r ô n ic a : S B N ig r i A r t e s e T e x t o s Lt d a .
Ca p a : W il s o n C o t r i m
R e v is ã o de P o r t u g u ê s : I n ê s M a r ia
Im p r e s s ã o e encadern ação: S e r m o g r a f A r t e s Gr á f i c a s e E d i t o r a Lt d a .
R136d
Ramayana, Marcos.
Direito eleitoral - 10a edição / Marcos Ramayana -
Rio de Janeiro: Impetus, 2010
928 p .; 17 x 24 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN: 9 7 8 -8 5 -7 6 2 6 -4 2 2 -4
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D ed icató ria
William Douglas
Juiz Federal, Mestre em Direito e
Membro do Conselho Editorial
O r ien t a ç ã o para L eitu r a
D I REI TOS P O L Í T I C O S .
N a cio n a lid a d e . C id ad an ia.
S u frágio e suas espécies
Primeiramente, cumpre ser dito que os direitos políticos são direitos públicos
subjetivos, Esta denominação dá-se em razão do objeto ou do bem tutelado pela
ordem jurídica, que lhes confere a natureza pública.
0 conteúdo dos direitos políticos sempre dependerá da ordem jurídica positiva,
sendo que a constitucionalização desses direitos cria uma espécie de imunidade
contra os atos da autoridade pública.
É certo que da condição de eleitor emerge o poder de participação direta ou
indireta, na condução da coisa pública.
A doutrina apresenta diversos conceitos, a saber:
Os direitos políticos são situações subjetivas expressa ou
implicitamente contidas em preceitos e princípios constitucionais,
reconhecendo aos brasileiros o poder de participação na condução
dos negócios públicos: a) votando; b) sendo votado, inclusive
investindo-se em cargos públicos; c) fiscalizando os atos do
Poder Público, visando ao controle da legalidade e da moralidade
administrativa (Antonio Carlos Mendes).
(...) em seu sentido estrito, é o conjunto de regras que regulam os
problemas eleitorais, quase como sinônimo de Direito Eleitoral. Em
acepção um pouco mais ampla, contudo, deveria incluir também as
normas sobre partidos políticos (José Afonso da Silva).
Consistem na disciplina dos meios necessários ao exercício da
soberania popular {Pimenta Bueno).
(...) encarnam o poder de que dispõe o indivíduo para interferir na
estrutura governamental, através do voto (Rosah Russomano).
São classificados em: a) direito de votar; b) direito de ser votado e
ser eleito; c) direito de ser investido e permanecer em cargo público
(Pietro Virga).
M a r c o s R a m a ya n a D ir e it o E l e it o r a l
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D ir e it o s P o l ít ic o s . N a c io n a l id a d e .
C id a d a n ia . S u f r á g io e su a s E s p é c ie s C apítulo 1
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M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
b) liberdade de voto, ou seja, é o próprio sigilo ou segredo do voto. 0 eleitor não pode ser
devassado em sua preferência democrática. Ocorrendo embaraços ao exercício do voto,
esta conduta enquadra-se no a rt 297 do Código Eleitoral.
0 art. 60, § 4 9, II, da Carta Magna e o art. 103 do Código Eleitoral regulamentam
o sigilo do voto. Trata-se de cláusula pétrea.
Pode-se concluir que o sufrágio universal é direito público subjetivo, cujo
exercício é pessoal, reconhecido aos brasileiros que preencham as condições de
idade, excluindo-se os absolutamente incapazes e os conscritos. Enquanto direito-
dever, o sufrágio torna obrigatório o alistamento eleitoral e o voto.
Assim, como dito acima, os direitos de cidadania adquirem-se mediante o
alistamento eleitoral na forma da lei. Esse ato formalístico decorre da imposição de
preceitos jurídico-constitucionais.
O órgão competente para promover o alistamento é a Justiça Eleitoral.
Sobre o relevante tema afeto aos direitos políticos preferimos salientar aspectos
fundamentais, conforme abaixo indicados.
PRIMEIRO PONTO
Conscrito. Voto.
Conscrito é o recruta ou o alistado no Exército, na Marinha ou na Aeronáutica
durante o período de prestação do serviço militar. Ultrapassado o período
obrigatório, a pessoa deixa de ser conscrito e surge o dever de se alistar exigível de
todos os brasileiros maiores de 18 (dezoito) anos de idade. A conscrição também
diz respeito aos que são convocados fora do período militar obrigatório.
O Decreto nQ 1.295, de 26.10.1994, regulamenta a Lei de Prestação do Serviço
Militar pelos estudantes de medicina, farmácia, odontologia e veterinária
(conscritos).
Quanto ao impedimento para votar, já decidiu o TSE:
Alistamento eleitoral. Impossibilidade de ser efetuado por aqueles que
prestam o serviço militar obrigatório. Manutenção do impedimento ao
exercício do voto pelos conscritos anteriormente alistados perante a
Justiça Eleitoral, durante o período da conscrição. Resolução ne 20.165,
de 07.04.1998 - Processo Administrativo ne 16.337 - Classe 19-/CO
(Goiânia). Relator: Ministro Nilson Naves. Interessada: Corregedoria
Regional Eleitoral/ GO. Decisão: Unânime, respondido o expediente da
Corregedoria Regional Eleitoral/GO.
Com a introdução do voto facultativo ao maior de 16 (dezesseis) anos e menor de
18 (dezoito) anos, pode ocorrer do conscrito já possuir alistamento eleitoral antes
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D ir e it o s Po l ít ic o s . N a c io n a l id a d e .
C id a d a n ia S u f r á g io e su a s E s p é c ie s C ap ítulo 1
de se alistar para o serviço militar. Nessa hipótese, não se pode anular o alistamento
eleitoral válido, mas ele ficará impossibilitado de votar na situação de conscrito.
A Constituição Federal, no § 2 - do art. 14, refere-se aos conscritos. 0
doutrinador Alexandre de Moraes, ensina que, segundo lições extraídas da
Resolução n 9 15.850 do Tribunal Superior Eleitoral, incluem-se no conceito
de conscritos os médicos, dentistas, farm acêuticos e veterinários que estejam
prestando serviço m ilitar obrigatório, inclusive os que prestam serviço militar
na condição de prorrogação.
Por fim, ao término do serviço militar obrigatório, o eleitor deve requerer o
restabelecimento pleno de sua inscrição eleitoral, pois ficará obrigado ao exercício
do voto.
Crítica.
O art. 14 da Constituição da República adotou a classificação do sufrágio universal,
que compreende uma ampla abrangência do povo de um determinado território
que forma um Estado. Não se justifica, no atual estágio de evolução democrática,
qualquer restrição ao voto do conscrito.
As Forças Armadas não influenciam na decisão do eleitor, nem tampouco podem
ser responsáveis pela não incidência de norma de conteúdo cidadão, cuja amplitude
só deve ser resolvida na esfera da regular formação dos cadastros eleitorais relativos
ao requerimento de alistamento eleitoral.
Reiteramos que se não é vedada a candidatura do militar, não é crível se
obstaculizar o voto do conscrito, nem o seu alistamento, acaso ainda não o tenha
regularizado aos 16 anos de idade, quando o alistamento e o voto são exercidos
como uma espécie de prerrogativa constitucional (facultativamente).
Sugerimos, portanto, a adoção de emenda constitucional que atenda ao
alistamento e ao voto do conscrito na forma dos demais cidadãos brasileiros e no
rumo da universalidade do sufrágio como norma de maximização constitucional.
Impende observar as sábias lições do Excelentíssimo Ministro Gilmar Mendes em
Curso de D ireito Constitucional,x quando no item 5.5.6 trata do princípio da máxima
efetividade, nestas doutas linhas:
"De igual modo, veicula um apelo aos realizadores da Constituição para que em
toda situação hermenêutica, sobretudo em sede de direitos fundamentais, procurem
densificar os seus preceitos, sabidamente abertos e predispostos a interpretações
expansivas."
O exercício das capacidades ativas do cidadão-eleitor devem sempre ancorar
interpretação referente a plenitude de realização do sufrágio.
1 MENDES, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. São Pauio: Saraiva/Instituto Brasiliense de Direito Público, 2007,
p. 111.
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M a r c o s R am a ya n a D ig it o E l e it o r a l
SEGUNDO PONTO
Plebiscito. Referendo. Iniciativa Popular.
0 plebiscito, referendo e iniciativa popular são formas especiais de atuação
democrática do cidadão nas questões administrativas, políticas e legislativas em
geral. Trata-se de atributo da democracia participativa.
As formas dessa participação estão infraconstitucionalmente previstas na Lei
n- 9.709, de 18 de novembro de 1998, que regulamenta a execução do disposto nos
incisos I, II e III do art. 14 da Constituição Federal.
Entende-se por plebiscito uma espécie de consulta tipicamente popular sobre
tema previamente estipulado. Diz o art. 2-, § I a, da aludida lei: “O plebiscito é
convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo,
pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido.”
Sobre referendo, afirma o § 2 - do art. 2 - da norma acima: "O referendo é
convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao
povo a respectiva ratificação ou rejeição."
Com relação ao plebiscito, impende destacar que é um instituto fundamenta!
para a criação de novos municípios. Em realce, decisão do Egrégio TSE sobre este
tema:
Eleições - Plebiscito. Mandado de segurança. Consulta plebiscitaria
para criação de município. Instruções expedidas pelo TRE a fim
de regulamentar o plebiscito e acórdão homologando o resultado.
1. Para a criação de novos municípios, é necessária a edição de lei
complementar federal, nos termos do § 4fi do art. 18 da Constituição
Federal. 2 .0 art. 89 da Lei ne 9.709/98 determina que, após a aprovação
do ato convocatório do plebiscito, de competência das assembleias
legislativas, o presidente do Congresso Nacional dará ciência do fato
à Justiça Eleitoral, a quem incumbirá, entre outras providências, fixar
a data da consulta e expedir as respectivas instruções (Ementário
TSE/2003).
Os plebiscitos e referendos são convocados para questões de relevância nacional;
formação e alteração territoriais dos Estados e Municípios; além da questão
referente à forma e sistema de governo.
O Brasil pós-Constituição de 1988, tratou no dia 21 de abril de 1993 sobre o
plebiscito que deliberou sobre o regime e o sistema de governo: monarquia
parlamentar ou república; e o parlamentarismo ou presidencialismo.
Naquela ocasião firmou-se que o Brasil seria: um regime republicano com o
sistema de governo presidencialista.
Mais recentemente, nos idos de 2005, realizou-se no Brasil o famoso referendo
sobre a questão da proibição da comercialização das armas de fogo, optando-se
pela liberdade comercial.
A
D ir e it o s P o l ít ic o s . N a c io n a l id a d e .
C id a d a n i a S u f r á g io e su a s E s p é c ie s C apítulo 1
TERCEIRO PONTO
Direitos políticos positivos e negativos.
Sobre o assunto n os valemos das lições do renomado José Afonso da Silva em
Curso de Direito Constitucional Positivo,2 in expressi verbis: “Os direitos políticos
positivos consistem no conjunto de normas que asseguram o direito subjetivo de
participação no processo político e nos órgãos governamentais."
Nessa linha enumera o eminente professor que se situam o voto, o plebiscito, o
referendo e a iniciativa popular, dentre outros institutos.
Ainda ancorados nas lições do autor, os direitos políticos negativos são "(...)
aquelas determinações constitucionais que, de uma forma ou de outra, importem
em privar o cidadão do direito de participação no processo político e nos órgãos
governamentais. São negativos precisamente porque consistem no conjunto de
regras que negam, ao cidadão, o direito de eleger, ou de ser eleito, ou de exercer
atividade político-partidária ou de exercer função pública"3
Vemos que na dualidade entre direitos positivos e negativos a interpretação
constitucional deve ser sempre voltada para a aplicação príncipiológica da
harmonização interpretativa, mesmo que este desiderato seja utópico na medida
2 DA SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 28a ed. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 346.
3 Ibidem, p. 381.
M a r c o s R am ayan a D ir e it o E l e it o r a l
QUARTO PONTO
Natureza jurídica do mandato eletivo.
0 mandato eletivo traduz a concretização da representação popular. Assim, o
eleitorado emerge como fator da vontade coletiva para influenciar a vida política.
Distingue-se do mandato imperativo, que é sempre uma relação identificada
com o direito privado, quando o eleito tornava-se vinculado ao eleitor. Verifica-se
este tipo de mandato nas assembleias francesas, no período da Revolução Francesa.
0 eleito tinha de prestar satisfações diretamente ao eleitor, sob pena de ser
revogado o mandato nos moldes do direito privado das relações. Não se tinha uma
característica pública nessa relação.
No mandato imperativo, os eleitos eram representantes dos interesses do rei,
como foi o caso citado historicamente nos idos de Henrique V, na obra referida a
seguir.
já o mandato representativo é envolto pela teoria da representação, quando
em lições de Giovanni S artori4 se dá uma forma de nascimento de uma espécie de
Estado representativo.
No mandato representativo, a ideia de vínculo entre eleito e eleitor dá margem
à criação da representação da Nação como fruto da vontade geral. Sobre essa
teorização Rousseau tratou do governo representativo,
0 mandato político, dizia Paulo Lacerda,5 “é singularíssimo por sua mesma
natureza; sempre outorgado a certa e determinada pessoa (inutito person ae). Por
isso, se não pode ceder, transferir, nem subestabelecer".
Por fim, fala-se hodiernamente na formação de uma mandato partidário que,
trazendo um pouco das características do mandato imperativo, aproximará o eleito
do eleitor e do partido político, assim, cumprem-se metas e programas partidários
pré-definidos.
O eleito é fiel aos programas estatutários e o eleitor vota nessa fidelidade
objetivando a concretização da melhoria da qualidade social, cultural, econômica e
propriamente política.
Sobre o assunto, destacamos notícia publicada no sítio do Egrégio Supremo
Tribunal Federal:
4 “Teoria da Representação no Estado Representativo Moderno”, in Revista Brasileira de Estudos Políticos, 1962, p. 41.
5 Princípios de Direito Constitucional Brasileiro. Rio de Janeiro: Editora Azevedo, 1929, v. li, p. 33.
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D ir e it o s P o l í t i c o s . N a c io n a l id a d e .
C id a d a n ia . S u f r á g io e su a s E s p é c ie s C apítulo 1
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A discussão foi feita por meio de três mandados de segurança em que o PPS, o
DEM e o PSDB pediam de volta os mandatos de deputados que abandonaram as
legendas. Ao todo estavam em jogo 23 mandatos, mas somente uma parlamentar
mudou de partido após a consulta ao TSE, a deputada baiana Jusmari Oliveira, que
saiu do DEM para o PR. Por isso, só o cargo dela poderá ser devolvido ao DEM, após
o TSE analisar o caso, oferecendo à parlamentar o direito ao devido processo legal,
à ampla defesa e ao contraditório {site do STF, em 04 de outubro de 2007).
Neste panorama de formação jurisprudencial contemporânea, é possível concluirmos o
que a natureza jurídica do mandato é de espécie partidária, porque os votos atribuídos :
ao candidato não são exclusivamente alinhados dentro de uma relação entre eleitor e
eleito, más principalmente éntre eleitor-partido político e eleito.
10
C id a d a n ia . S ufrágio
D ir e it o s
-H Universal^ amplo; irrestrito |
P o l í t i c o s . N a c io n a l id a d e .
e suas
E spécies
_______________________________________________________
. ^jÇ IZ I .. .. ,1 ..- .,
pássivòs: Positivos Negativos
Marcos Ram ayana • D ireito Eleitoral 10 a EdiçSo • Capftufo 1 - Direitos Poiítios. N acionalidade. Cidadania, Sufrágio e suas espécies
C apítulo 2
C o n c e it o de D ir e it o E le it o r a l .
C o n c e it o e espécies de
d em o cra cia .
P rin cípio s
Fávila Ribeiro:
0 Direito Eleitoral, precisamente, dedica-se ao estudo das normas e
dos procedimentos que organizam e disciplinam o funcionamento
do poder de sufrágio popular, de modo a que se estabeleça a precisa
adequação entre a vontade do povo e a atividade governamental.2
Torquato Jardim:
O Direito Eleitoral é o liame que une a eficácia social da República
democrática representativa à eficácia legal da Constituição, que lhe
dá forma jurídica. A soberania popular é a pedra angular da República
(Constituição, art. l e, parágrafo único); à proposição sociológica
juridicizada na norma há de corresponder um ordenamento positivo -
o Direito Eleitoral, capaz de concretizá-la na práxis coletiva.3
Gomes Neto:
Ao Direito Eleitoral caberia o papel de harmonizar o quanto possível
as "divergências sociais", trazendo esperança e conforto às minorias
políticas, como também às maiorias exploradas, de cada nação.4
Desta forma, podemos conceituar o Direito Eleitoral como ramo do Direito
Público que disciplina o alistamento eleitoral, o registro de candidatos, a propaganda
política eleitoral, a votação, apuração e diplomação, além de regularizar os sistemas
eleitorais, os direitos políticos ativos e passivos, a organização judiciária eleitoral,
dos partidos políticos e do Ministério Público dispondo de um sistema repressivo
penal especial.
O Direito Eleitoral compreende e abrange o processo das eleições e o aparelho
judiciário especial, como nos ensina Themístocles Brandão Cavalcanti, em sua obra,
A Constituição Federal Comentada, vol. 1, 3a edição, Rio de janeiro, Editora José
Konfino, 1956, p. 114.
A competência da Justiça Eleitoral vai até a fase da diplomação dos candidatos e
prolonga-se no exame das ações propostas durante a fase do processo de propaganda
política eleitoral e votação, bem como em relação à ação de impugnação ao mandato
eletivo e ao recurso contra a diplomação.
O ato da posse dos diplomados refoge à competência da Justiça Eleitoral, porque
demanda análise regimental e é de feição típica da esfera do Poder Executivo ou
Legislativo controladores da atividade funcional do representante político. No
entanto, os atos de improbidade administrativa do mandatário político não estão
imunes ao controle jurisdicional, v.g., mandado de segurança, ação popular e ação
civil pública (Lei n9 8.429/92).
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2 .2 . DEMOCRACIA
A dem ocracia pode ser conceituada como governo em que o povo exerce, de
fato e de direito, a soberania popular, dignificando uma sociedade livre, onde o fator
preponderante é a influência popular no governo de um Estado. Origem etimológica:
dem os ~ povo e k ratos = poder.
Foi o eminente doutrinador Giovanni Sartori que, com singular propriedade
literária, definiu a democracia etimológica. Diz o mestre:
15
M a r c o s R a m ayan a D ir e it o E l e it o r a í
5 Texto extraído de Teoria Democrática, 1a ed., Portugal, Editora Fundo da Cultura, 1962, pp. 32-33.
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17
M a r c o s R am ayana D sr jeito E l e it o r a l
7 Talmon, J. L. The rise of totalitarían democracy. Boston: Beacon Press, 1952, p. 207.
8 Burdeau, G. La democracia. Barceiona: Ariel, 1960, pp. 43-46.
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19
M arcos R a m a y a n a D ir e it o E l e it o r a l
10 Rui Barbosa. Os Atos Inconstitucionais do Congresso e do Executivo, Cia. Impressora, 1893, pp. 165-166.
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M a r c o s R a m ayan a D ir e it o E l e it o r a l
O Tribunal formará sua convicção pela livre apreciação dos fatos públicos
e notórios, dos indícios e presunções e prova produzida, atentando
para circunstâncias ou fatos, ainda que não indicados ou alegados pelas
partes, mas que preservem o interesse público de lisura eleitoral.
A norma ainda indica uma regra de interpretação pelos tribunais e juizes elei
torais, pois, na tutela da integridade das eleições, as provas indiciárias servem como
base de fundamentação de uma decisão judicia], desde que concatenadas em elos
de interligação para formarem um suporte razoável de convicção e fundamentação.
No entanto, a produção destes indícios não coloca o juiz equidistante da realidade
democrática das eleições, na medida em que poderá, de ofício, produzir as provas
que julgar necessárias à elucidação do abuso do poder econômico, político, captação
de sufrágio e fraude.
Á garantia da lisura das eleições nutre-se de especial sentido de proteção aos
direitos fundamentais da cidadania (cidadão-eIeitor), bem como encontra aíiçèrçe
: jurídico-cònstitucional nos arts. i s, inciso II, e 14, § 9- da Lei Fundamental.:
22
C o n c e it o d e D ir e it o E l e it o r a l . C o n c e it o e
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aplicação da lei eleitoral o Juiz atenderá sempre aos fins e resultados a que ela se
dirige, abstendo-se de pronunciar nulidades sem demonstração de prejuízo".
0 legislador eleitoral adotou o conhecido princípio da p as de nullité sans g r ie f
Aplica-se de forma subsidiária o art. 566 do Código de Processo Penal, até por
expressa previsão no art. 364 do Código Eleitoral.
Adotou o legislador eleitoral o sistema mitigado do formalismo das nulidades,
pois se contenta em admitir a sanabiíidade de nulidades classificadas como
absolutas, quando as partes interessadas não impugnarem, no momento preciso, os
vícios e fraudes eleitorais. Neste sentido, dispõe o art. 149 do Código Eleitoral: "Não
será admitido recurso contra a votação, se não tiver havido impugnação perante a
mesa receptora, no ato da votação, contra as nulidades arguidas”
Como visto, até mesmo diante de nulidades tidas como absolutas, se não forem
alegadas no momento previsto (votação), não poderão ser conhecidas de ofício pela
Justiça Eleitoral.
Na verdade, o princípio do aproveitamento do voto deve ser correlacionado
com o da lisura das eleições, pois se a fraude, a corrupção e os vícios captativos do
p ro cesso eleitoral forem evidentes, entendemos que o órgão jurisdicional poderá
conhecê-los de ofício nos prazos das ações eleitorais (AIME, 1JE, Captação de
Sufrágio e RCD).
É importante ainda ressaltar que as matérias de ordem constitucional ou de
conhecimento superveniente ao prazo de sua arguição podem ser suscitadas,
conforme dispõe o art. 223 do Código Eleitoral: "A nulidade de qualquer ato, não
decretada de ofício pela Junta, só poderá ser arguida quando de sua prática, não
mais podendo ser alegada, salvo se a arguição se basear em motivo superveniente
ou de ordem constitucional" Em con son ân cia com este artigo, ainda temos o tratado
no art. 259 do Código Eleitoral, "São preclusivos os prazos para interposição de
recurso, salvo quando neste se discutir matéria constitucional”.
Sobre matéria constitucional, entendem-se, por exemplo: a) condições de
elegibilidade dispostas no art. 14, § 32, da Constituição Federal; b) inelegibilidade
reflexa, art. 14, § 7 a, da Constituição Federal; e c) causas de perda e suspensão dos
direitos políticos, art. 15 da Constituição Federal. Assim, se na ação de impugnação
ao pedido de registro de candidaturas não for impugnada a falta de filiação de um
candidato, no prazo de um ano o seu mandato eletivo poderá ser impugnado através de
ação de impugnação de mandato eletivo, no prazo de 15 dias contados da diplomação
(art. 14, §§ 10 e 11, da CF), pois não haverá preclusão ou decadência nesta arguição,
mas, após os 15 dias da diplomação, mesmo sendo matéria de ordem constitucional,
não é possível sua alegação e seu conhecimento pela Justiça Eleitoral.
O princípio do aproveitamento do voto pode ser aviventado para evitar a
nulidade de votos contidos em urnas eletrônicas ou nas cédulas, quando a Junta
Eleitoral verificar que é possível, pela adoção do princípio da razoabílidade, separar
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M a r c o s R am ayan a D ir e it o E l e it o r a l
os votos nulos dos válidos (não contaminados pela fraude). Não é razoável anular
todos os votos de uma urna eletrônica pelo fato de ter sido violado o sigilo de
votação somente após às 14 horas do dia da eleição, desprezando-se todos os votos
já manifestados e armazenados na urna até as 13 horas e 59 minutos.
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E, ainda:
Captação ilícita de sufrágio. Decisão com efeito imediato. Não aplicação do art. 216
do CE.
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No processo eleitoral, como já visto, a regra é o efeito ser apenas devolutivo, mas
é necessário esclarecer que existem as exceções apontadas a seguir, a saber:
1 - 0 recurso é recebido no efeito suspensivo, quando nega, cancela ou anula o diploma
com base em sentença prolatada nos autos da ação de impugnação ao requerimento
de registro de candidatos ou ação de registro de candidatos, aplicando-se a regra
do art. 15 da Lei Complementar na 64, de 18 de maio de 1990, pois, enquanto
não transitar em julgado a questão registrai, poderá o candidato provisório ou sub
ju dice fazer campanha, ter o seu nome inseminado na urna eletrônica ou constar
seu nome em cédulas confeccionadas, inclusive é possível, em razão do momento
do julgamento desta ação, o exercício do mandato eletivo (grifos nossos).
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M a r c o s R a m ayan a D ir e i t o E l e it o r a l
Por fim, o art. 268 do CE, parte final, contempla como exceção a juntada de
documentos em grau de recurso em razão da incidência do art. 270 do CE.
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22 No presente momento, foi arquivada a ação direta de inconstitucíonalidade (ADI 3.686), proposta peta CONAMP,
pois, segundo entendeu S. Exa. a Ministra Ellen Gracie não havia pertinência temática e, portanto, legitimidade
deste órgão para tratar de preceitos referentes à organização e funcionamento de partidos políticos. A outra ADI
3.685, proposta pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, está em andamento no Egrégio
Supremo Tribunal Federal. A decisão na ADI 3.686 está sub judice por força de interposição de agravo regimental
para reconsideração ou provimento pela Turma. Sustenta-se a pertinência temática da CONAMP para a defesa do
regime democrático e da ordem jurídica. Trata-se de controle sobre o princípio da anuaiidade do art. 16 da CRFB.
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M a r c o s R amayana D ir e i t o E l e it o r a l
23 A coligação é pessoa formal. Sua personalidade nasce com a deiiberação de sua constituição temporária
nas convenções e formaliza-se com o pedido de registro.
24 A coligação, como partido político temporário, perde a sua personalidade jurídica de pessoa formal, após
a diplomação dos eleitos. Neste sentido, Acórdão 1.863 do TSE. No entanto, reconhece-se a legitimidade da
coligação para fins de propositura da ação de impugnação ao mandato eletivo (art. 14, §§ 10 e 11 da CRFB/88),
pois o ente prorroga sua existência para resguardar a fiscalização da lisura das eleições. Igual legitimidade é
atribuída para a interposição de recurso contra a diplomação (art. 262 do Código Eleitoral). A coligação recebe
sempre o mesmo tratamento processual de um partido político.
A regra do art. 69 da Lei n9 9.504/97 pode ser resumidamente exemplificada da seguinte forma: Os partidos
políticos 1, 2, 3 e 4 estão coligados para a eleição majoritária. Assim, estes mesmos partidos podem se coligar
para as eleições proporcionais (deputados). Para as eleições proporcionais os partidos 1 e 2 podem se coligar,
sem que o 3 e 4 participem desta aliança, pois, inciusive, nada impede que os de números 2 e 3 não façam
coligação nenhuma e se lancem sozinhos ao pleito eleitora). Todavia, a norma impede que um destes partidos se
coligue com um outro partido não integrante da coligação majoritária, por. exempio, com o partido 5. Assim
diz a lei em sua parte finai: " (...) formar-se mais de uma coligação para a eleição proporcionai dentre os partidos
que integram a coligação para o pleito majoritário''. Vê-se que existe uma limitação para a livre formação das
coligações proporcionais. O TSE já decidiu sobre esta limitação na Res. 21.049. SP. Gonsulta 766-2002 e em outros
precedentes (Consulta 715, de 26.2.2002).
Pela redação da Emenda Constitucional n9 52/2006, apenas é vedada a obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, sem que haja menção à alteração da regra
estatuída no art. 6° da Lei nS 9.504/97. Desta forma, entendemos que o dispositivo legal foi recepcionado, pois
os critérios de escolha e 0 regime de suas coligações é relacionado à falta de obrigatoriedade das vinculações
(verticalização). A Emenda ne 52/2006, não permitiu a plena liberdade sem que haja a incidência das normas da
Lei ne 9.504/97, bem como as interpretações normativas do Colendo Tribunal Superior Eleitoral.
25 E ainda, o sentido do que venha a ser caráter nacional, conforme dispõe o art. 17, I, da Constituição da
República Federativa do Brasil, reflete-se no compromisso estatutário de consignação de regras direcionadas
para a solução de problemas em toda a circunscrição eleitoral do País. Trata-se de construção de objetivos não
regionais, mas que rumam para uma visão ampía dos problemas na nação brasileira.
O caráter nacional está vinculado aos programas políticos de abrangência nacional e se alinha ao disposto no
art. 5e da Lei n9 9.096/95: “A ação do partido tem caráter nacional e é exercida de acordo com seu estatuto e
programa, sem subordinação a entidades ou governos estrangeiros”; além de se modelar nesta premissa de
alargamento nacional a forma de criação de um partido político com o número de fundadores na base de 101,
com domicílio eleitoral em, no mínimo, 1/3 (um terço) dos estados, conforme dispõe o art. 8e da Lei dos Partidos
Políticos.
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M arcos R am ayan a D ir e i t o E l e it o r a l
26 As coligações para fins de divisão de horário na propaganda de rádio e televisão levam em conta o número de
representantes na Câmara dos Deputados em função da soma de todos os partidos políticos que a integram. A
representação de cada partido poiftíco na Câmara dos Deputados será a existente na data do início da legislatura que
estiver em curso, considerando-se o número de deputados que tomaram posse nessa data e a legenda à qual estavam
filiados no momento da votação (Lei n9 9.504/S7, art. 47, § 3S e Res. TSE 21.805, de 8.6.2004).
27 Neste sentido pensam igualmente os renomados Pedro Henrique Távora Niess e Antônio Carlos Mendes (Direitos
Políticos, Elegibilidade, Inelegibilidade, Ações Eleitorais, 2a ed., Edipro, São Paulo, p. 372).
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O art, 47, § 3-, da Constituição da República de 1891 assim dispunha: "0 processo
de eleição e de apuração será regulado por lei ordinária".
Na Carta Magna de 1934, com o perfil constitucional da Justiça Eleitoral, competia-
lhe fixar a data das eleições, além de regular a forma e processo de recursos, mas
não havia um artigo expresso sobre o princípio da anualidade eleitoral. Em seguida,
a CRFB/1937 vedava ao Poder Judiciário conhecer de questões exclusivamente
políticas (art. 94), não tratando da anualidade para fins eleitorais.
No texto da Constituição Federal de 1946, especialmente no art. 119, V, competia
à Justiça Eleitoral regulamentar o “processo eleitoral", a apuração das eleições e a
expedição dos diplomas aos eleitos.
Na seqüência, a CRFB/67 não tratava expressamente do princípio da anualidade,
mas no art. 149, VIU, proibia as coligações partidárias.
Em 1969, A Emenda Outorgada especialmente não tratou da regulamentação,
mas remeteu esta questão à lei infraconstitucional, cabendo, na forma da lei, o
processo de apuração das eleições e expedição dos diplomas (art. 137, V). Todavia,
acaba-se com a proibição das coligações partidárias.
Com a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 foi efetivamente
positivado o princípio da anualidade em relação ao processo eleitoral com a seguinte
redação: "Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral só entrará em vigor um ano
após sua promulgação".
0 primitivo art. 16 da CRFB/88 acarretava a possibilidade de incidência de várias
leis alteradoras do processo eleitoral, desde que promulgadas há um ano.
Nos idos das eleições de 3 de outubro de 1992, v.g., a Lei n2 8.214, de 24 de julho
de 1991, em seu art. 55, determinava de forma expressa que sua vigência se daria
nos termos do art. 16 da Constituição Federal. Assim, a aludida lei só entraria em
vigor no dia 25 de julho de 1992. Naquela ocasião vale destacar o teor do Processo
12.257, sendo relator S. Ex.a, o Ministro Vilas Boas, do Tribunal Superior Eleitoral,
que cuidou com acuidade de validar a lei, por Resolução n9 17.770, do Calendário
Eleitoral, conforme destacamos em trecho de real valia:
"(...) 5. Não há dúvida de que muitas das disposições da aludida lei,
incorporadas na minuta de resolução, alteram o processo eleitoral.
Realmente, conforme destacado na exposição da Assessoria, as datas
fixadas no calendário para comprovação de domicílio eleitoral e
transferência de eleitores, por exemplo, têm o condão de modificar o
processo eleitoral, porquanto, nas eleições passadas, os prazos eram
diferentes, consoante destacado na manifestação da Assessoria.
6. Assim, essas normas, a teor do citado preceito constitucional, não
poderiam ter vigência antes de 25 de julho de 1992. Seriam, portanto,
normas inócuas, porque inexequíveis (...).
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Destaca-se que a douta decisão no voto de S. Exa. Ministro Eros Grau entendeu
que não havia violação a cláusula pétrea, conforme destacou no teor do voto, in
verbis:
"... uma emenda constitucional poderia inclusive e até mesmo ter
revogado o preceito vinculado por esse art. 16, o que, contudo, não
ocorreu.
Esse ponto é extremamente relevante. Pois esse art. 16 seria
emendável, até porque decorreu, em sua redação atual, de uma emenda
à Constituição, a EC n9 04/93. Dai porque, como observou na tribuna o
Professor Marcelo Cerqueira, não cabe a atribuição, a esse preceito, do
caráter de cláusula pétrea” (AD1N 3.685-8. STF).
Em conclusão: O Colendo Supremo Tribunal Federal manteve a regra normativa
da verticalização das coligações para as eleições de 2006, cuja interpretação se extrai
do art. 6S da Lei n9 9.504/97 em função do caráter nacional dignificado no inciso 1, do
a rt 17 da Constituição da República Federativa do Brasil, situando a questão no âmbito
da segurança jurídica das relações entre eleitores, candidatos e partidos políticos com
as regras da eleição previamente aprovadas por lei e interpretadas por resoluções
específicas28.
28 A interpretação em conformidade com a constituição é bem explicada pelo renomado Ricardo Cunha Chimenti, em
sua obra Curso de Direito Constitucional, editora Saraiva, p. 428, São Paulo, 3a edição, 2006, in expressi verbis: “{...) o
princípio é aplicado quando se está diante de normas polissêmícas, ou seja, plurissignificativas: a interpretação conforme
só se legitima quando de fato existe um espaço de decisão; caso as interpretações possíveis levem ao reconhecimento
de que há contradição entre a norma interpretada e a Constituição impõe-se o reconhecimento da inconstitucionalidade
da norma; não é legítima a interpretação conforme quando, em iugar do resuitado desejado pelo legislador, se obtém uma
regulação nova e distinta, em contradição com o sentido desejado pelo legislador1'.
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"Art. 10. Cada partido poderá registrar candidatos para a Câmara dos
Deputados, Câmara Legislativa, Assembleias Legislativas e Câmaras
Municipais, até 150% (cento e cinqüenta por cento) do número de
lugares a preencher”.
Por isso, a alteração imediata e retroativa de regras já sedimentadas
implica em real desconsideração da vontade dos eleitores, camufla uma
eleição indireta ou reflexa tirando do voto do eleitor a soberania, além
de contradizer a indicação dos próprios Partidos Políticos na formação
e escolha de seus candidatos aptos ao registro de candidaturas (art. 11
da Lei ne 9.504/97).
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Vê-se ainda neste prisma o art. 32, § 1 9 até §3- e art. 77 da Constituição Federal,
conforme frisado,
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M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Assim, a diretriz constitucional não pode ser desvirtuada sob pena de neutra
lização do voto direto e das cláusulas pétreas pela regra da incidência retroativa
da norma do art. 3-, I, da Emenda Constitucional ng 58/2009, pois o legislador
constituinte originário primou pela diretriz da simultaneidade das eleições federais,
estaduais versus municipais em seus diferentes níveis.
Pode-se concluir, portanto, que são muitos os argumentos quanto à violação
constitucional pela recente Emenda Constitucional n~ 58, o que a torna, eivada de
inconstitucionalidade e, portanto, inválida quanto a norma contida em seu art. 3-,
inciso I em seus efeitos assimétricos e indesejáveis pela ordem natural dos mandatos
eletivos substanciados no sistema eleitoral proporcional, impossibilitando a posse
imediata aos suplentes beneficiados.
Com a publicação da emenda constitucional, os critérios proporcionais
estabelecidos na Resolução do TSE ne 21.702/ 2004 perdem a vigência.
Recentemente, foi ajuizada ação direta de inconstitucionalidade pelo Exm~
Procurador Geral da República no Supremo Tribunal Federal, ADI n- 4307, obtendo
a brilhante decisão com liminar deferida pela Excelentíssima Ministra Carmen Lúcia
em 2/10/2009, para suspender a eficácia do inciso í do art. 3 - da emenda, a qual foi
referendada pelo plenário em 11/11/2009.
No que tange à propositura da ADI n e 4.307 pelo Excelentíssimo Procurador-
Geral Eleitoral Dr. Roberto Monteiro Gurgel Santos, enumeram-se os brilhantes
argumentos utilizados na petição inicial:
a) A aplicação retroativa traz "instabilidade institucional absolutamente conflitante
com os compromissos democráticos assumidos na Constituição da República";
b) Viola o disposto no art. 16 da Carta Magna, que, conjugado com o a r t 5-, LíV,
preserva o exercício da cidadania popular, como uma verdadeira garantia política
intangível (art. 60, §4-, CRFB/88);
c) Atinge o Estado Democrático de Direito, na medida em que altera os modelos
procedimentais adotados, o que compromete a legitimação do resultado e a
confiança do cidadão no Estado;
d) Conflita com o devido processo legal eleitoral, organizado por regras
constitucionais, tendo como subprincípio a proteção da confiança das leis, o que
é indispensável à estabilidade do sistema normativo;
e) Revolvem, na linha do que dito acima, o processo eleitoral, interferindo no
quociente eleitoral e partidário, que, com todas as suas finalidades perquiridas
já alcançadas e estabelecidas, restarão alteradas por norma posterior;
f) Considerando que, à época das eleições de 2008, os realmente eleitos foram
empossados, alterar essa regra no curso do mandato violaria o disposto no
art. 1-, parágrafo único e art. 14 da Constituição;
g) Por fim, sustenta “ofensa a atos jurídicos perfeitos, regidos todos por normas
previamente conhecidas".
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Ausência de responsabilidade.
Conduta vedada. Art. 73 da Lei n9 9.504/97. Propaganda institucional
em período vedado. Placas de obras. Responsabilidade. Falta de
comprovação. Multa. Insubsistência. Para a imposição de multa ao agente
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Desta forma, o TSE vem pacificando o entendimento de que a multa deve ser
aplicada individualmente aos responsáveis, quando for o caso de propaganda :
política eleitoral irregular/pois, assim, a sanção se torna mais èfetivà é pode inibir
a conduta dos infratores. " •'•1'' ''' *" ‘ :' V:;■:-' v: ;-L '■ -''
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E s p é c ie s d e D em ocracia . P r in c íp io s C a p ít u l o 2
29 Favor consulíar o capítulo 10 sobre Perda e Suspensão dos Direitos Políticos, no item que trata do princípio da
moralidade pública considerada a vida pregressa do candidato.
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A Lei Eleitoral da D inam arca de 31 de maio de 1987, no art. 4°, item I, assim
expressa: “A elegibilidade p ara o Parlam ento é atribuída a todo o indivíduo que
gozar do direito de voto, nos term os dos arts. 1 “ e 2 -, salvo se tiver condenado
por um a c to que, aos olhos da opinião pública, o torn e indigno de se r membro
do Parlamento".
Outrossim, a Lei Orgânica nB 5, de 19 de junho de 1985, do Regime Eleitoral
Espanhol no art. 6 9, item 2, disciplina: "Não poderão se r eleitos: a) os condenados
por sentença tran sitad a em julgado, a pena privativa de liberdade, durante o
período de duração da m esm a; b) ainda que a sentença não seja transitada em
julgado, os condenados p or crim e de rebelião ou os m em bros de organizações
terroristas condenados p or crim e contra a vida, a integridade física ou
liberdade das pessoas".
É interessante observar que na Lei Eleitoral de 31 de julho de 1924 (texto
refundido), de Luxemburgo, o eleitor perde a capacidade ativa e, por via de
conseqüência, a capacidade passiva, quando: "Art. 4 -: 2e - os que tiverem sido
objeto de condenação penal; 3 9 - os que tiverem sido condenados, bem como
seus cúmplices, a pena de prisão por furto, receptação, fraude ou abuso de
confiança, contrafacção, em prego de falsificações, falso testem unho, falso
juram ento, suborno de testem unhas, peritos ou intérpretes..."
Como se nota, as aludidas legislações dos países da União Européia procuram
adotar mecanismos impeditivos de candidaturas revestidas de imoralidade pela
vida pregressa, quando já existe uma condenação, mesmo sem que haja o trânsito
em julgado.
A renúncia é um ato unilateral, mas quando decorre de mandato eletivo não deixa
de sofrer o controle vindouro da imoralidade como requisito jurídico-constitucional
de perfeição do ato de investidura em mandatos eletivos, sob pena de ferimento
direto ao PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DO ELEITOR OU DA PESSOA HUMANA,
inserido em âmbito constitucional, art. l s, III, da Constituição de República
Federativa do Brasil. Na verdade existe verdadeira imbricação entre o princípio
da cidadania e da dignidade do eleitor como pessoa humana que merecem respeito
e prestação de contas dos atos dos seus representantes políticos.
Assim sendo, urge concluir que a vida pregressa do candidato fere o princípio da
moralidade administrativa e política, constituindo obstáculo para o deferimento de
registro de candidaturas, mesmo que no Brasil ainda não tenha sido regulamentado o
parágrafo novo do art. 14 da Constituição da República, no que tange especificamente
ao princípio da moralidade em relação à vida pregressa (de anotações penais do
interessado candidato).
Outrossim, o princípio da moralidade administrativa é previsto no art. 37 da
CRFB e está em consonância com os princípios da lealdade e boa-fé. Em igual sentido
são os arts. 5 9, LXXIII, e 85,V, da Constituição Federal. Os acessos ao poder público
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de
de
D emocracia
D
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-M Aproveitamento do Votõ
P r in c íp io s
C
Celeridade
onceito
Representativa ou indireta í Devolutividade
e
dos Recursos
~H Precíusão Instantânea
______________________________________________________
B I® S llw 1
Irrecorribilidade das
Decisões do TSE
-H Moralidade Eleitoral
Marcos Ramayana • Direito Eleitoral 10a Edição ■ Capítulo 2 - Conceito de D ireito Eleitoral. Conceitos e espécies de Dem ocracia e Princípios
<1
C apítulo 3
P erda e Suspensão
dos D ireitos P olíticos
1 Apud Pinto Ferreira. Princípios Gerais do Direito Constitucional Moderno. RT, 5a ed„ p. 38.
2 Comentários à Constituição. F. Briguiet e Cia. Editores,1924, p. 221.
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P erda e S u spen sã o
dos D ir e it o s P o l ít ic o s C apítulo 3
0 art. 12, § 4 -, da Carta Magna diz que a perda da nacionalidade pode ocorrer:
a) pelo cancelamento da naturalização, por sentença judicial, em decorrência de
atividade nociva ao interesse nacional; e b) aquisição de outra nacionalidade, com
exceção das hipóteses de reconhecimento de nacionalidade originária (caso dos
filhos de italianos) e imposição de naturalização (no Iraque, o brasileiro que desejar
casar com uma iraquiana deverá adquirir a nacionalidade iraquiana).
0 art. 15, I, da CRFB trata como caso de perda dos direitos políticos o
desenvolvimento de atividade nociva ao interesse nacional. Vê-se que o cancelamento
é da "naturalização", não podendo ser cancelada a nacionalidade primária ou
originária.
A perda da nacionalidade (vínculo jurídico de união entre o cidadão e o Estado)
acarreta a perda dos direitos políticos. Este fato se dá em decorrência das ações
caracterizadoras da atividade nociva ao interesse nacional ou da aquisição de outra
nacionalidade.
Impende observar que a perda não é automática (ver Lei nô 818/49), enseja
processo especial e os efeitos são exnunc, considerando que a decisão é constitutiva-
negativa de um anterior direito político.
Analisando a perda da nacionalidade por aquisição de outra, não podemos
descurar que o brasileiro, neste caso, preferiu imigrar para outro país e sujeitar-se,
também, às regras políticas e eleitorais do novo Estado.
A concessão da naturalização por aquisição voluntária ocorre por ato de outro
Estado (país). Todavia, o decreto presidencial que trata da perda da nacionalidade
sempre levará em conta a audiência da pessoa interessada (Lei n9 818/49). Em
suma: a perda da nacionalidade é atingida pela naturalização ocorrida em outro
Estado, sem que haja imposição, mas voluntariedade do interessado.
Cai a lanço notar o fato de que, mesmo não contemplada na CRFB, a aquisição
de outra nacionalidade, como o caso de perda dos direitos políticos, na prática
acarretará efetivamente a perda, pois o nacional estará sujeito ao decreto presidencial
e às conseqüências da decisão administrativa. Decidida a perda da nacionalidade
brasileira, o caso é registrado no Ministério da Justiça e comunicado ao Tribunal
Superior Eleitoral, para os fins legais de cancelamento da inscrição eleitoral.
No caso do desenvolvimento de atividade nociva, a perda não prescinde de
processo específico, assegurada ampla defesa e os recursos inerentes. A Lei
na 818/49 disciplina a perda da nacionalidade, no caso de desenvolvimento de
atividade nociva. 0 cancelamento dá-se por sentença judicial transitada em julgado,
quando só então o brasileiro naturalizado deixará de ser brasileiro. Neste caso,
também teremos uma decisão com efeitos ex nunc.
A atividade nociva está identificada com os seguintes casos: atentados contra
a segurança nacional; ordem política (crimes eleitorais) ou social; a tranqüilidade
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dos D ir e it o s P o l ít ic o s C apítulo 3
voto fica sob uma condição suspensiva. Na verdade, seria um direito condicional
que aguarda um evento futuro e incerto, ou seja, o complemento da idade para o
exercício do voto facultativo.
A causa de suspensão dos direitos políticos não é proveniente de uma sanção
jurídica, política ou eleitoral, mas sim de um fato jurídico biológico. Os fatos
jurídicos, na definição do eminente doutrinador Teixeira de Freitas, são: “todos os
acontecimentos suscetíveis de produzir alguma aquisição, modificação ou extinção
de direitos entram na ordem dos fatos de que trata esta seção”.4 Portanto, a questão
é relativa ao período ordinário da vida, às etapas cronológicas (fatos da natureza).
Outrossim, é vedada a possibilidade de emancipação para atingir a idade mínima
constitucionalmente exigida como condição de elegibilidade. Nesse sentido:
(TSE) Candidato a deputado estadual, com idade inferior a 21 anos, mas
emancipado. 3. Acórdão do TRE que indeferiu o registro, em face da
condição constante do art. 14, § 3 9, VI, c, da Constituição, não suprível
pela emancipação. 4. Recurso interposto pelo próprio candidato, sem
assistência de advogado habilitado. 5. Lei n9 8.906/94, arts. I 2,1, e 4e;
Código de Processo Civil, art. 36. 6. Recurso não conhecido. Acórdão
n- 15.402, de 31.8.1998 - Recurso Especial Eleitoral n9 15.402 - Classe
22a/MG (Belo Horizonte). Relator: Ministro Néri da Silveira. Decisão:
Unânime, recurso não conhecido. No mesmo sentido, os Acórdãos de
ns 15.405, de 31.8.1998, ne 204, de 4.9.1998, e n9 283, de 22.09.1998.
3.3.2. Os que, por enferm idade ou d eficiên cia mental, não tiverem o
discernim ento para a prática d e s s e s ato s
0 Código Civil anterior utilizava a expressão “loucos de todo o gênero". No entanto,
por questões psiquiátricas, a expressão não era consentânea com a evolução dessa
ciência. Assim, o legislador acolheu a melhor definição.
Cumpre~nos assinalar o fato de que a incapacidade civil absoluta nesta
hipótese enseja prévia decisão de interdição e sua devida comunicação
à Justiça Eleitoral.
A sentença de interdição tem força constitutiva-negativa, mas
não prescinde de publicidade. Exigem-se dois requisitos básicos:
a inscrição da decisão no Registro Civil das Pessoas Naturais e a
divulgação editalícia (Pontes de Miranda), Após o preenchimento dos
dois requisitos, a eficácia erga omnes é operante.
Com a cessação da causa que determinou a interdição, é suspensa
a interdição por pedido do interessado e a decisão também será
publicada (de forma idêntica) à decisão que decretou a curatela.
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dos D ir e i t o s P o l ít ic o s C apítulo 3
7 COSTA, Adriano Soares da. Instituições de Direito Eleitoral. 3a ed., Editora Del Rey, p. 88.
8 Juizados Especiais Criminais, Editora Jurídica Atlas, p. 151.
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dos D ir e it o s P o l ít ic o s C apítulo 3
9 Juizados Especiais Criminais, 4aed., Editora Revista dos Tribunais, pp. 379-380.
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M arcos R amayana D ir e it o E l e it o r a l
No fundo, a proibição decorre naturalmente do art. 15, III, da Carta Magna, pois
a suspensão dos direitos políticos retira o ius honorum (direito de ser votado) do
pretenso postulante ao mandato eletivo, enquanto durarem os efeitos da condenação
criminal.
Assim, o apenado que cumpre pena específica de interdição temporária de
direitos, por ter praticado delitos vinculados ao abuso dos deveres de cargos,
funções, atividades ou ofícios, enquanto o juiz não declarar a extinção da pena pelo
cumprimento, estará sujeito a causa constitucional de suspensão dos seus direitos
políticos e não poderá obter o registro de sua candidatura.
10 FILHO, Fernando da Costa Tourinho. Prática de Processo Penai. Editora Saraiva, pp, 395-396.
11 Cód/go Penal Comentado.
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A hipótese pode dar ensejo à interdição pela incapacidade civil absoluta, por
via independente dos efeitos automáticos da sentença absolutória imprópria
(condenatória).
3.3.4.6. Livram ento condicional. O livram ento condicional e o cum prim ento
de sursís da pena importam na suspensão dos direitos políticos?
É majoritário, na doutrina e jurisprudência, que a suspensão condicional da
pena e o livramento condicional não afastam a inelegibilidade (TSE. Ac. n2 13.012,
Relator Ministro Torquato Jardim). Nesse sentido, na doutrina: Adriano Soares da
Costa, Antônio Carlos Mendes, Joel José Cândido e Pedro Henrique Távora Niess.
Mister faz-se ressaltar o disposto no art. 131 da Lei n5 7.210/84 (LEP), ao tratar
do livramento condicional como forma de execução da pena privativa de liberdade.
Só se executa a pena de réus condenados definitivamente. Trata-se de “medida
penal de natureza restritiva da liberdade".12 Seguimos a posição majoritária.
Destaca-se:
(TSE). Ementa: Registro de candidato, impugnação. Impugnado
beneficiado pelo sursis. Direitos políticos suspensos. Exegese do
art. 15, III, e art. 14, § 3e, II, da Constituição Federal. Indeferimento
do registro. Constatando-se dos autos que o requerente está com os
direitos políticos suspensos, em virtude de sentença criminal transitada
em julgado, com o benefício do sursis, é de julgar-se procedente a
impugnação, indeferindo-se seu pedido de registro de candidatura.
Exegese dos arts. 15, III, e 14, § 3 e, II, da Constituição Federal.
Na decisão acima aviventada, o eminente procurador-geral eleitoral salientou
que:
a jurisprudência é tranqüila no sentido de que o dispositivo
constitucional é autoaplicável e que a suspensão dos direitos políticos
decorre automaticamente do trânsito em julgado da sentença
condenatória, não precisando nem mesmo ser nela declarada. É
igualmente pacífico o entendimento de que, estando em curso o
período de suspensão condicional da pena, continuam suspensos os
direitos políticos, a inviabilizar o registro da candidatura. À guisa de
ilustração sobre o tema, citamos os seguintes precedentes do colendo
Supremo Tribunal Federal e deste Egrégio Tribunal Superior Eleitoral.
Condição de elegibilidade. Cassação de diploma de candidato eleito
vereador, porque fora ele condenado, com trânsito em julgado, por
crime contra a honra, estando em curso a suspensão condicional da
pena. Interpretação do art. 15, III, da Constituição Federal. Em face
do disposto no art. 15, III, da Constituição Federal, a suspensão dos
direitos políticos dá-se ainda quando, com referência ao condenado por
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A questão é que nem sempre o juiz da execução penal, nos casos de graça e
indulto, reconhece a extinção da punibilidade. Conforme nos ensina Damásio E. de
Jesus, “a graça e o indulto podem ser: a) plenos, quando extinguem totalmente a
punibilidade; e b) parciais, quando concedem diminuição da pena ou sua comutação
(substituição da pena por outra de menor gravidade}".13
Nas hipóteses de comutação de pena (indulto parcial), não há extinção de
punibilidade. Idêntica situação o co r r e no indulto incidente, ou seja, apenas sobre
uma das penas sofridas pelo réu e que ainda esteja em cumprimento. Feitas estas
distinções, concordamos inteiramente com a posição do renomado autor.
Destaca-se:
(TSE) Inelegibilidade - Condenação criminal - Indulto. Registro de
candidatura. Indeferimento. Condenação criminal com trânsito em
julgado. Suspensão de direitos políticos. Sentença declaratória da
concessão de indulto posterior ao indeferimento. Indulto parcial,
referente, apenas, ao aspecto da pena restritiva de liberdade, não
se estendendo às penas acessórias e aos efeitos da condenação.
Permanência, in casu, da pena acessória relativa à suspensão dos
direitos políticos. Recurso não provido. Acórdão n~ 95, de 10.9,1998 -
Recurso Ordinário n6 95 - Classe 27a/PR (Curitiba). Relator: Ministro
Eduardo Alckmin. Decisão: Unânime em negar provimento ao recurso.
3.3.4.9. Efeito autom ático. A suspensão dos direitos políticos é autom ática?
Como visto, não é necessário que a sentença penal, expressamente, disponha sobre a
suspensão dos direitos políticos. No caso, é suficiente o juiz eleitoral receber a certidão
do juiz criminal e verificar seu trânsito em julgado e se o eleitor pertence à zona eleitoral,
sendo necessária a manifestação do órgão do Ministério Público (Promotor Eleitoral).
0 efeito é automático e é consectário legal do disposto no art. 15, III, da Lei Maior.
13 JESUS. Damásio Evangelista de. Direito Penal. Volume 1. Parte Geral. Editora Saraiva.
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3.3.4.11. Revisão C rim inal. A propositura de ação de revisão crim inal afasta
a causa de suspensão dos d ireitos políticos?
Registre-se:
(TSE) Agravo regimental. Recurso especial recebido como ordinário.
Eleições 2002. Registro. Inelegibilidade. Art. 1°, I, e e g , da LC n- 64/90.
Crime eleitoral. Rejeição de contas. A propositura de revisão criminal
não suspende a inelegibilidade. Acórdão ns 19.986, de l s.10.2002
Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral ne 19.986 - Classe
22a/ES (Vitória). Relator: Ministro Luiz Carlos Madeira. Decisão:
Unânime em negar provimento ao agravo regimental.
Igualmente, as revisões crim inais não suspendem a inelegibilidade (REspe.
ns 16.742/SP, Rei. Min. Fernando Neves da Silva, publicada em sessão em
2 7 .9 .2000 ).
Saliente-se, ainda, que o ajuizamento da ação de revisão criminal não suspende a
execução da sentença penal condenatória. Na hipótese, é resguardada a autoridade
da coisa julgada, pois somente com a procedência do pedido da revisão é que será
desfeita a coisa julgada.
A absolvição acarreta o restabelecimento dos direitos políticos.
Impende salientar relevante decisão em que os votos dados ao inelegível são
contados para o partido político:
(TSE). Questão de ordem. Inteligência do art. 175, e seus §§ 3S e 49,
do Código Eleitoral. 0 cômputo de votos conferidos a candidato que
concorreu à eleição por força de liminar concedida em ação de revisão
criminal, que, posteriormente às eleições, foi julgada improcedente,
deve ser feito de acordo com o disposto no art. 175, § 4~, do Código
Eleitoral. Acórdão ns 1.029, de 13.12.2001. Medida Cautelar (Liminar)
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14 COSTA, Adriano Soares da. Instituições de Direito Eleitoral. 3a ed., Del Rey. p- 86.
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17 Como, por exemplo, as pessoas que seguem a crença, conhecida por “Testemunha de Jeová" estão proibidas de
servir a qualquer Corporação Míiitar, mas podem, assim que o desejarem, cumprir a prestação aitemativa ou servir às
Forças Armadas.
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18 Recente decisão no AgRg n9 1.883-PR (2002/0106196-6) do Superior Tribunal de Justiça, tendo como relator o Ministro
Gilson Dipp, decidiu que: “Ementa: Constitucional e Processuai. Ação de Improbidade Administrativa. Governador de
Estado. Ausência de competência do Superior Tribunal de Justiça. Agravo interno desprovido precedente. I - A teor
da farta jurisprudência desta Corte, falece competência ao Superior Tribunal de Justiça para analisar processos em
que se discutem supostos atos de improbidade administrativa, fundados na Lei n9 8.492/92, ainda que o requerido
tenha privilégio de foro para as ações penais. It - Nos termos do art. 1 0 5 ,1, a, da Constituição Federal, a competência
originária deste Tribunal é para a ação penal, o que não se confunde com a ação judicial para apurar eventual ato de
improbidade administrativa, cuja natureza é eminentemente administrativa” (18 de junho de 2003, decisão unânime). A
regra do art. 84, § 2S, que foi acrescentado pela Lei ne 10.628, de 24 de dezembro de 2002, é inconstitucional, porque,
dentre outros motivos, nivela a ação penal com a ação civil e administrativa: suprime o grau de jurisdição; estende
o foro por prerrogativa de função para matérias não penais, adulterando o regramento histórico constitucional do
instituto jurígeno; e, além de tudo, contraria entendimento anteriormente sumulado (Súmula n9 394 do STF). Trata-se
de norma de encomenda que, nas últimas décadas, transfigura-se nas premissas mais retóricas na evolução da tutela
dos interesses difusos no País.
19 COSTA. Adriano Soares da. Instituições de Direito Efeitorai. Editora De! Rey, p. 91.
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Entendemos que:
1) a sentença de procedência do pedido, transitada em julgado na ação popular
(especificando a suspensão dos direitos políticos com base na Lei de Improbidade]
acarreta a própria suspensão dos direitos políticos, com subsunção no texto
constitucional (art. 15, V, da CRFB). Não há que se falar em inelegibilidade;
2) a sentença de procedência do pedido, transitada em julgado na ação popular
(sem especificação da suspensão dos direitos políticos com base na Lei de
Improbidade) acarreta a inelegibilidade, na forma das alíneas g e h do art. 1Q,
I, da Lei Complementar n9 64/90, desde que a matéria seja a mesma (efeito
erg a om nes). Não é caso de suspensão dos direitos políticos, até porque, como
bem leciona Adriano Soares da Costa, o efeito não é automático, pois deve ser
declarado na sentença;
3) as ações de impugnação ao pedido de registro ou impugnação ao mandato
eletivo podem ser propostas (observando-se a preclusão quanto à matéria
constitucional, art. 259, parágrafo único, do Código Eleitoral e a Súmula n- 1
do TSE), independentemente do resultado final, trânsito em julgado da ação
popular, desde que subsumidas nas alíneas g e h. Nestas hipóteses, a Justiça
Eleitoral estará tratando de inelegibilidades.
Quanto à improbidade adm inistrativa, como vimos, a sentença de procedência
na ação civil ordinária ou ação civil pública é caso de suspensão dos direitos
políticos com arrim o no art. 15, V, da CRFB. Todavia, independentem ente do
trânsito em julgado nestas ações, a Justiça Eleitoral poderá processar e julgar
ações de impugnação ao pedido de registro ou impugnação ao mandato eletivo,
tendo como suporte atos de improbidade adm inistrativa com finalidades elei
torais (abusos do poder econôm ico e/ou político). Assim, a decisão, no âmbito
da Justiça Eleitoral, poderá até servir como prova e m p re sta d a ao julgamento
da ação civil por im probidade adm inistrativa. Por exemplo: o prefeito de um
determ inado município usa verba pública do Fundo de Educação (Fundef)
para um churrasco eleitoral na véspera do pleito eleitoral, convidando todos os
eleitores da cidade. Essa questão, indubitavelm ente, é um ato de improbidade
administrativa, mas tam bém servirá para a propositura de uma ação de
impugnação ao mandato eletivo. Por fim, o resultado final na ação de impugnação
ao mandato eletivo (provas e a própria sentença) servirá como prova emprestada
na ação civil que acarretará (se julgada procedente com trân sito em julgado) a
suspensão dos direitos políticos.
As decisões com trânsito em julgado nas ações civis e populares que gerem a
suspensão dos direitos políticos, ao nosso pensar, não podem ser reexaminadas
nas ações de impugnação ao pedido de registro ou mandato eletivo, sob pena de
violação da coisa julgada material.
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ao
►
j Menores de 16 anos i
........................................... ................................
I Enfermidade ou defi- jj
X,
|'■• r<';> v i'^ ^ ;: !í .,JiV i'v ^ í'; ‘j í ;^ 1 ’ ty* r^ v íi^ V , ^ " ' í V ^ Í ? £ V :^ } \ciência mental
-* j Lei ns 8.429/92 i
Cancelamento da
naturalização por
sentença transitada
em julgado
Marcos Ramayana ■ D ireito Eleitoral 10 a Edição • Capftulo 3 - Perda e Suspensão dos Direitos Políticos
C apítulo 4
O rg an ização da
J u st iç a E leito ral
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4 .3. JU ÍZ E S ELEITORAIS
(CF, art. 118, III; CE, art. 32.)
Os juizes eleitorais são investidos temporariamente nas respectivas zonas eleitorais
(divisão Territorial dentro dos Estados que compreendem ruas e avenidas para
fins de alistamento eleitoral). Segundo dispõe o art, 37, parágrafo único, do Código
Eleitoral, o Presidente dos Tribunais Regionais Eleitorais pode designar juizes de
direito, exclusivamente, para presidir Juntas Eleitorais e, neste caso, não são os juizes
titulares das zonas eleitorais que já presidem as Juntas referentes às correspectivas
zonas eleitorais, ou seja, pode haver uma zona eleitoral que tenha uma ou mais
juntas eleitorais presididas por outros juizes designados somente para o período
da votação e apuração dos votos.
110
O r g a n iz a ç ã o d a J u s t i ç a E l e it o r a l C apítulo 4
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O
rganização
3 ministros do STF, sendo que um será I
o Presidente do TSE e o outro |
Vice-Presidente do TSE.
2 ministros do STJ, sendo um deles o No Brasil temos 27 TREs, um para cada
da
estado e o Distrito Federal.
J ustíça
Corregedor
2 advogados
total = 7 membros
E leitoral
I • 1 juiz de direito j
-*■) * 2 ou 4 cidadãos dej
I Idoneidade Moral
constituída 60 dias
Eleitoral antes da eleição
2 desembargadores do Tribunal de |
Justiça. Um deles é o presidente e o;
outro Vice-Presidente j
2 juizes estaduais j
1 juíz federal ,z e s i |citp
2 advogados I investido temporariamente na;
total = 7 membros j zona eleitoral, é um juiz de
direito estadual !
C
a pítulo
Marcos Ramayana • Direito Eleitoral 10a Edíçâo • Capítulo 4 - Organização da justiça Eleitoral
4
C apítulo 5
J u stiça E leito r a l.
C o m petên cia
116
J u s t iç a E l e it o r a l C o m p e t ê n c ia C apítulo 5
Verifica-se que a nova redação do art. 105 da Lei ns 9.504/97 confirmou que o
poder regulamentar exercido pela Justiça Eleitoral limíta-se secundum legis. Desta
forma, não seria possível a criação de regras que fossem contra legem .
No entanto, é perceptível que a evolução normativa da legislação eleitoral
decorre, efetivamente, do aprimoramento de matérias contidas dentro do poder de
regulamentação eleitoral. A Lei n9 12.034/ 09 acrescentou parágrafos ao art. 37 à
Lei n2 9.504/97, que, no fundo, possuem a gênese baseada em normas contidas em
resoluções do TSE. Como exemplo, o § 4 9 do art. 37 considera bens de uso comum
aqueles em que a população em geral tem acesso, do tipo clubes, lojas, cinemas etc.,
que já correspondiam à disciplina normativa do C. TSE.
A redação do atual art. 105 revela um retrocesso à evolução da legislação
eleitoral, pois é inegável que a demora do legislador em produzir uma reforma
eleitoral e partidária conduzem ao cenário de vazios normativos intransponíveis,
que demandam uma atuação pioneira do poder normativo do TSE no sentido
primacial de m elhor conduzir os postulados fundamentais que servem de rumo
seguro ao nosso sistem a jurídico eleitoral.
Até os dias atuais, o legislador não tratou da lei que regulamenta a ação de
impugnação ao mandato eletivo, prevista no art. 14, §§ 10 e 11 da CRFB/88, ou seja,
a omissão legiferante, neste exemplo, dentre outros, serve de instrumento indutor
ao poder normativo da Justiça Eleitoral, que procura assegurar a observância da
Constituição e das leis. Não se pode paralisar o trabalho normativo da Justiça Eleitoral,
em razão de uma interpretação mais simples e literal do art. 105 da nova lei.
Assim sendo, as resoluções eleitorais permanecem como instrumentos
normativos fundamentais ao aperfeiçoamento democrático.
É interessante observar que a Lei ne 1 2.034/ 2009 estabeleceu, no § 3 a do art. 105,
uma espécie de p rin cíp io da a n te rio rid a d e d as reso lu çõ es eleitorais, pois, como
visto, o Egrégio TSE terá até o dia 5 de março do ano de eleição o prazo limite
para expedir as resoluções conhecidas como tem porárias, que normatizam o pleito
eleitoral imediatamente seguinte. No entanto, é sabido que em alguns casos, por
culpa do próprio legislador, as leis eleitorais são aprovadas de forma excepcional
no próprio ano de eleição, e ensejam regulamentação posterior, como foi o caso da
Lei ns 11.300, de 10 de maio de 2006, que acarretou a edição da resolução do TSE
n9 22.205, de 23 de maio de 2006.
Não se pode perder de vista que graças ao poder regulamentar do Tribunal
Superior Eleitoral, certos temas fundamentais para a higidez do processo
democrático são efetivamente deliberados e servem para a evolução da legislação.
Não podemos conviver sem os avanços normativos conferidos à Justiça Eleitoral.
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5 .2. F A S E S DO P R O C E S S O ELEITORAL
1. Alistamento eleitoral.
2. Convenções nacionais, estaduais ou municipais para a escolha de pré-candidatos
(art. 8 S da Lei ne 9.504/ 97).
3. Pedido de registro de candidaturas (a r t 11 da Lei ns 9.504/ 97).
4. Propaganda política eleitoral (art. 36 da Lei n9 9.504/ 97).
5. Votação.
6. Apuração.
7. Proclamação dos eleitos.
8. Prestação de contas das campanhas eleitorais.
9. Diplomação.
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No exame dos artigos do Código Eleitoral, o intérprete deve ter atenção e fazer
uma comparação com a Constituição Federal. Por exemplo, o art. 26 do CE faz
menção à figura do terceiro desembargador como Corregedor do Tribunal Regional
Eleitoral, mas o art. 1 2 0 ,1, a, da Constituição Federal, limitou a dois desembargadores
do Tribunal de Justiça como integrantes da composição dos "juizes" dos Tribunais
Regionais Eleitorais. Assim, os corregedores dos Tribunais Regionais Eleitorais
são escolhidos dentre os outros juizes da Corte, exceto os dois desembargadores
estaduais, pois um será o presidente e o outro o vice-presidente.
Cumpre examinarmos, neste passo, uma significativa questão, ou seja, todas as
leis eleitorais são complementadas por resoluções do Tribunal Superior Eleitoral,
conforme já analisado. No entanto, o poder regulamentar está interligado ao
teor legiferante das próprias leis, não podendo ser contra, mas apenas p ra eter e
secundum legem .
O Tribunal Superior Eleitoral expede resoluções temporárias que se referem
a uma determinada eleição, por exemplo, registro de candidatos, propaganda
política eleitoral, e prestação de contas de campanhas. Estas têm curta duração e
específica aplicabilidade, mas podem servir como futuras normas de interpretação
e integração.
Todavia, o TSE também expede resoluções permanentes ou com feição de
maior durabilidade temporal, pois não são alteradas em função de um calendário
eleitoral das eleições; portanto, não se lhes aplica o art. 105 da Lei n- 9.504, de 30
de setembro de 1997.
Como é sabido, o art. 105 da Lei das Eleições fixa o dia 5 de março para que o
TSE expeça todas as resoluções temporárias que vão reger uma eleição específica,
considerando um prazo razoável de antecedência para os partidos políticos, futuros
candidatos, eleitores, membros da Justiça Eleitoral e do Ministério Público. As
resoluções definitivas não têm prazo certo para serem expedidas porque se regem
por normas genéricas previstas no art. 23, XVIII, do Código Eleitoral e art. 61 da Lei
ne 9.096/95.
As resoluções tem porárias podem ser atualizadas por resoluções complementares
após o dia 5 de março do ano de eleição, porque o TSE, por força do art. 23, IX, do
Código Eleitoral, tem o poder de aprim orar a regulamentação das eleições.
Não existe nenhum artigo que impeça que uma resolução de natureza definitiva
possa ser expedida no ano de eleição. As resoluções definitivas não têm prazo para
serem expedidas, porque dentro do poder regulamentar impera a natural eficiência
do aprimoramento da legislação eleitoral.
Dentre as resoluções perm anentes destacamos como exemplo: a Resolução
ns 21.538/03, que dispõe sobre o alistamento eleitoral; Resolução ns 19.406/95,
que trata das instruções para fundação, funcionamento e extinção de partidos
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políticos; Resolução n5 21.841/ 04, que disciplina a prestação de contas dos partidos
políticos, e a Resolução n e 21.975/04, que disciplina o recolhimento de multas
previstas no Código Eleitoral e em leis conexas.
0 intérprete da legislação eleitoral deve: ler o Código Eleitoral em comparação
com a Constituição Federal e as leis posteriores, inclusive as resoluções eleitorais,
priorizando as alterações supervenientes, especialm ente as decorrentes do poder
normativo. Neste sentido, tenha-se sempre presente que as resoluções minudenciam
aspectos da Lei n- 9.504/97, do Código Eleitoral e da Lei das Inelegibilidades e,
portanto, são seguidas pelos juizes eleitorais no cumprimento das regras de
julgamento, ex vi do art. 21 do Código Eleitoral: “Os Tribunais e juizes inferiores
devem dar imediato cumprimento às decisões, mandados, instruções e outros atos
emanados do Tribunal Superior Eleitoral’'.
Por fim, as resoluções eleitorais decorrentes do poder regulamentar do Egrégio
Tribunal Superior Eleitoral devem lim itar-se a preencher e interpretar as normas
do Código Eleitoral e das leis eleitorais, por exemplo, Leis n9s 9.504/97 e 9.096/95.
Assim, as resoluções eleitorais devem ser apenas atos normativos secundários ou
de natureza interpretativa. Nesta hipótese, constatada a desconformidade entre a
lei ordinária e a resolução, estaremos diante de uma ilegalidade não controlável por
ação direta de inconstitucíonalidade, ajuizada em sua maioria por partidos políticos.
Todavia, quando a resolução pode ser vista como um ato normativo autônomo, cuja
feição é de verdadeira lei eleitoral inovadora, podemos vislumbrar a violação ao
princípio da anuaiidade (art. 16 da CF), bem como a consagração da própria invasão
da esfera do legislador, ou seja, um problema de afetação à competência legislativa
do Congresso Nacional (arts. 22, 1, e 48, da Constituição Federal). Neste último
caso, é perfeitam ente possível o controle da constitucionalidade por ação direta de
inconstitucíonalidade em face do texto da resolução. No sentido acima, verificar as
ADINS 2.626-D F e 2 .6 2 8 -DF, relatores Min, Sidney Sanches e redação para acórdão
com a Ministra Ellen Gracie, em 18 de abril de 2002.
0 Supremo Tribunal Federal examinando ação direta de inconstitucíonalidade
em face das Resoluções n2i 21.702/ 04 e 2 1 .803/ 04 do Tribunal Superior Eleitoral,
que disciplinam o número de vereadores em cada Câmara Municipal em relação à
proporcionalidade defluente do número de habitantes, assim decidiu:
"Resolução do TSE e Fixação do Número de Vereadores - 1. 0
Tribunal, por maioria, julgou improcedentes os pedidos formulados
em duas ações diretas de inconstitucionalidade propostas pelo
Partido Progressista - PP (ADI 3345/DF) e pelo Partido Democrático
Trabalhista - PDT (ADI 3365/DF) em face da Resolução ne 21.702/04,
editada pelo Tribunal Superior Eleitoral - TSE, que estabeleceu
instruções sobre o número de vereadores a eleger segundo a
população de cada município. Inicialmente, reconheceu-se inexistir,
em relação aos Ministros Sepúlveda Pertence, Carlos Velloso e Ellen
1 20
J u s t i ç a E l e it o r a l . C o m p e t ê n c i a C apítulo 5
121
M akcos R a m ay an a D ir e it o E l e it o r a l
* Temporárias ►
j jÂpurâção
Marcos Ramayana • Direito Eleitoral 10a Edição • Capítulo 5 - Justiça Eleitoral. Com petência
d
Ln
C a p Itulo 6
S istem as E leito ra is
6 .1. E S P É C IE S
Sistem a m ajoritário. A vitória é do candidato que tiver mais votos,
considerando a maioria absoluta ou relativa. Exemplo: Em eleições para prefeito
em municípios com menos de 200 mil eleitores e para senador é adotada a maioria
relativa. Em eleições para prefeitos em municípios com mais de 2 0 0 mil eleitores
(art. 29, II, da CF), governadores de Estado, distrital e presidente da República,
adota-se a maioria absoluta.
A maioria absoluta dá-se em dois turnos: no primeiro, é eleito o candidato que
tiver mais votos que os votos de todos os concorrentes somados. Não ocorrendo
esta hipótese, é realizado o segundo turno, com os dois mais votados.
O sistema da representação proporcional, "... assegura aos diferentes partidos
políticos no Parlamento uma representação correspondente à força numérica
de cada um. Ela objetiva assim fazer do Parlamento um espelho tão fiel quanto
possível do colorido partidário nacional..”1
128
S is t e m a s E l e i t o r a is C a p ít u l o 6
1 29
M a r c o s R a m a ya n a D ir e it o E l e it o r a l
10A
S is t e m a s E l e i t o r a is C a p ít u l o 6
Desta feita, tem-se por preenchidas 10 das 11 vagas da seguinte forma: 8 cadeiras
com o Partido A, 1 cadeira com o Partido B e outra cadeira com a Coligação C/D.
Assim, resta repetir os cálculos da técnica da maior média, com o fim de atribuir
a titularidade da cadeira faltante, devendo-se considerar as cadeiras obtidas.
O partido A terá os 7 5 .000 votos recebidos divididos pelo número de cadeiras
que detém, qual seja, 8 (oito), acrescido de +1 (= 9). Dessa divisão, obtém -se o
número 8 .3 3 3 .
O Partido B, com 18.000 votos, participará de nova divisão pelo número de
cadeiras que obteve, ou seja, 1 (uma), ao qual se acrescentará +1 (= 2). Em seguida,
divide-se 18.000 por 2, de cujo cálculo resulta o número 9 .0 0 0 .
A Coligação C/D, com 16.000 votos, participará de nova divisão pelo número de
cadeiras que obteve, ou seja, 1 (uma), à qual se acrescenta +1 (= 2). Em seguida,
divide-se 16.000 por 2, chegando-se ao número 8 .000 .
Verifica-se que, com esse novo cálculo, o Partido B deteve a maior média, razão
pela qual a titularidade da última vaga ser-lhe-á atribuída.
Por fim, as 11 cadeiras restaram assim distribuídas: 8 para o Partido A, 2 para o
Partido B e 1 para a Coligação C/D.
Como se nota, na continuidade dos cálculos, os partidos são mantidos com o
número de cadeiras preenchidas, utilizado na fórmula m ais um (+ 1 ), conforme
disciplina o inciso I do art. 109 do Código Eleitoral.
O sistem a proporcional visa em seus objetivos matemáticos atender a participação
de um número maior de partidos políticos por critérios equitativos, e assim, refletir
na Câmara Municipal, nas Assembleias Legislativas, Câmara Legislativa - Distrito
Federal, e Câmara dos Deputados (eleições de vereadores, deputados estaduais,
distritais e federais), uma mais ampla participação da cidadania ativa pelo exercício
do voto.
No sistem a proporcional de maior média é utilizada a fórmula de D'Hondt, e
ainda, existem as fórmulas apresentadas por Sain te-Laguè e as quotas H are e Droop.
(Sobre o assunto conferir a excelente obra de Jairo Nicolau, Sistem as E leitorais,
5- edição, Rio de |aneiro, Editora FGV, 2 0 0 4 .)
Cada país que adota o sistem a proporcional segue uma destas fórmulas. No
Brasil adotou-se a cota H are na redação do quociente eleitoral e, após, seguiu-se
para a fórmula D'Hondt no cálculo da m aior média ou média ideal.
Cumpre ainda frisar alguns aspectos importantes sobre a representação
proporcional*.
1. O art. 112 do Código Eleitoral trata dos suplentes. 0 suplente é o mais votado
no mesmo partido, mas que, em razão de sua posição alcançada pelo número
de votos individuais, não logrou ingressar na relação das vagas do quociente
partidário.
131
M a r c o s R am a ya n a D ir e it o E l e it o r a l
132
S is t e m a s E l e i t o r a i s C a p ít u l o 6
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M a r c o s R am ayan a D ir e i t o E l e it o r a i
rj
por nova eleição. O art. 113 do citado Código também não poderia socorrer ,
ao agravante, pois a convocação do suplente pressupõe vaga superveniente à f
eleição (TSE, Acórdão ns 5.459, Márcio Ribeiro, BE 268, página 1.303). J
9. Outrossim, como já enfatizado, com relação aos mandatos eletivos pelo I
sistem a m ajoritário, em conformidade com a jurisprudência do Tribunal ;
Superior Eleitoral, quando proposta a ação de impugnação ao mandato eleito |
com base no art. 14, §§ 10 e 11 da CF, não se faz imperiosa a citação do vice- ;
governador e dos suplentes de senador para que venham compor o polo í
passivo da demanda (Recurso Ordinário 534/MT, Rei. Min. Barros Monteiro, \
em 2 0 .0 2 .2 0 0 3 ). j
10. Suplentes. Admissão na condição de assistentes. Natureza da intervenção, f
Embargos de Declaração no Recurso Especial Eleitoral ns 19.809/SR Relator: \
Ministro Fernando Neves. Ementa: Embargos de declaração. Suplentes de -J
vereador anteriorm ente diplomados. Acórdão que determinou a diplomação f
de mais sete vereadores. Pedido de ingresso na lide. Litisconsórcio necessário. I
Não caracterização. Assistência. Nulidade. Inexistência. 1. Não há como [
reconhecer a nulidade arguida pelos embargantes, ao fundamento de que não ,[<
foram chamados nas instâncias ordinárias para integrar a relação processual, J
uma vez que a presença deles não é obrigatória nem por disposição legal f
nem pela natureza da relação jurídica, podendo, contudo, ser admitidos na |
condição de assistentes. Embargos acolhidos para prestar esclarecimentos. Dj |
de 2 8 .0 2 .2 0 0 3 . |
-fi
E ainda, decisão do TSE: "Escolha de candidatos (suplentes de senador) não J
pode ser delegada, pela convenção, à comissão executiva. (Acórdão n° 11.194, I
no Recurso n9 8.845, de 2 1 .0 8 .1 9 9 0 , Relator Ministro Octávio Gallotti). |
6) 0 partido que não atinge o quociente eleitoral (art. 106 do Código Eleitoral)
não elege nenhum deputado ou vereador (salvo se nenhum partido atingir o
quociente eleitoral, quando as vagas serão preenchidas pelos candidatos mais
votados, independentemente dos votos dados aos partidos).
7 ) Os Estados possuem uma composição unicam eral Não existe a figura de um
senador estadual que seria "em tese" o representante dos municípios.
8) 0 número de deputados estaduais corresponde ao triplo da representação
do Estado na Câmara dos Deputados è, atingindo 36, será acrescido de tantos
quantos forem os deputados federais acima de 12 . Neste sentido, é o art. 27 da
Constituição Federal.
Exemplo:
A Resolução do TSE ns 20.986/ 00 regula o tema era cada Unidade da Federação,
ou seja, o número de deputados estaduais e federais.
Quanto ao número de vereadores nas Câmaras Municipais, verificar as Resoluções
do Tribunal Superior Eleitoral nes 21.702/ 04 e 21.803/04.
9) As eleições são realizadas de forma simultânea em todo o país, sempre no
primeiro domingo de outubro do ano eleitoral, arts. 1- e 82 da Lei n 9 9.504/97.
10)Nas eleições presidenciais, a circunscrição eleitoral é o território do país; nas
federais, estaduais e distritais, o respectivo Estado ou o Distrito Federal, art. 86
do Código Eleitoral. Quando a eleição é municipal, a circunscrição é apenas o
território do município.
11)0 senador é sempre eleito com a maioria simples dos votos, assim como os
su p len tes com e le registrado. No caso de empate, é eleito o mais idoso, arts. 46
e 77, § 5-, da Constituição Federal.
12) No sistema proporcional, o TSE, por precedente em Resolução n- 22.154/06, art. 164,
III e IV, firmou o seguinte entendimento: Se houver empate de médias entre dois ou
mais partidos políticos ou coligações, será considerado o que tiver maior votação.
Neste sentido, ver ainda. Res. TSE ne 16.844, de 18.9.1990. E, ocorrendo empate na
média e no número de votos dados aos partidos políticos ou coligações, para fins de
desempate ganha quem tiver o maior número de votos nominais recebidos (Res. TSE
nô 2.845, de 26.4,2001).
135
S istem as
•Prefeito e Vice-prefeito em
E l eito r a is
municípios com menos de
|Elegem j- 200.000 eleitores
•Senadores
òuj
Relativo |
Proporcional
^ ” ' T : : :
Elegem
Deputado Federal
Absoluto
Deputado Estadual
ou Total
..................................................................................................................
Deputado Distrital
Vereador •Presidente e vice-presidente
- Governador e vice-gover-
nador nos Estados e D,F.
|Elegem |- * Prefeitos e vice-prefeitos
em municípios com mais de
200.000 eleitores
M I N I S T É R I O PÚBLI CO
2 O primeiro grau de jurisdição da Justiça Eleitoral é impulsionado por juizes e juntas eleitorais (sobre o assunto
remetemos o leitor ao capítulo que trata da organização da Justiça Eleitoral).
141
M a r c o s R am a ya n a D ir e it o E l e it o r a l
143
M a r c o s R a m a ya n a D ir e it o E l e it o r a l
4 Informativo 403 do STF. Conflito de Atribuições e Competência Originária do Supremo. Compete ao Supremo
Tribunal Federal dirimir conflito de atribuições entre os Ministérios Públicos Federai e Estadual, quando não
configurado virtual conflito de jurisdição que, por força da interpretação analógica do art. 105, !, d, da CF, seja
da competência do Superior Tribunal de Justiça. Com base nesse entendimento, o Tribunal, resolvendo conflito
instaurado entre o MP do Estado da Bahia e o Federai, firmou a competência do primeiro para atuação em
inquérito que visa apurar crime de roubo (CP, art. 157, § 29,1). Considerou-se a orientação fixada pelo Supremo
no sentido de ser dele a competência para julgar certa matéria diante da inexistência de previsão específica na
Constituição Federal a respeito, e emprestou-se maior alcance à alínea f do inciso 1 do art. 102 da CF, ante o fato
de estarem envolvidos no conflito órgãos da União e de Estado-membro. Asseverou-se, ademais, a incompetência
do procurador-geral da República para a soiuçâo do conflito, em face da impossibilidade de sua interferência no
parquet da unidade federada. Precedentes citados: CJ 5133/RS (DJU de 22.5.70); CJ 5267/GB {DJU de 4.5.70); MS
22042 QO/RR {DJU de 24.3.95). Pet 3528/BA, rei. Min. Marco Aurélio, 28.9.2005 (Pet-3528).
144
M in istér io Público C a p ít u l o 7
0 art. 7 6 prevê que nos Estados onde não houver procurador regional da
República para exercer a função de procurador regional eleitoral, o procurador-
geral eleitoral deverá designar um membro vitalício.
É possível a destituição pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal
das funções tem porárias exercidas pelo procurador regional eleitoral, desde que
garantido o devido processo de defesa e nos term os regimentais.
Por fim, o mandato do PRE é de apenas 2 anos, admitindo-se uma única
recondução pelo procurador-geral eleitoral.
O art. 27 do Código Eleitoral estabelece regras sobre o procurador regional
eleitoral nos estados.
145
M arcos R amayana D ir e it o E l e it o r a l
Ministério Público Federal. 0 procurador regional eleitoral poderá ter auxílio apenas
dos procuradores da República, recaindo a preferência em membros vitalícios.
0 artigo em comento está revogado tacitamente pelo a rt 77, parágrafo único, da
Lei Complementar n9 75/93, que vedou o auxílio aos membros do Ministério Público
Estadual. Destaca-se: "0 procurador-geral eleitoral poderá designar, por necessidade
de serviço, outros membros do Ministério Público Federal para oficiar, sob a
coordenação do Procurador Regional, perante os Tribunais Regionais Eleitorais".
Outrossim, o art. 10, IX, alínea h, da Lei ne 8.625/93, na parte final, que permite
a designação de promotor eleitoral para atuar com o procurador regional eleitoral,
igualmente está revogado pelo art. 77, parágrafo único da LC n- 75/93 (lei posterior
revoga a anterior, segundo o art. 2 9, § 1-, da Lei de Introdução ao Código Civil).
5 O procurador-geral de Justiça contribui efetivamente para o aprimoramento da unificação do Parquet, quando indica
o seu assessor para ocupar a função de coordenador das Promotorias Eieitorais.
MíNíSTÊRio Público C a p ít u l o 7
148 -7
M in istério Público C a p ít u l o 7
149
M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
150
M in istério P úblico C a p ít u l o 7
IV- a designação será feita pelo prazo ininterrupto de dois anos, nele
incluído os períodos de férias, licenças e afastamentos, admitindo-se
a recondução apenas quando houver um m em b ro na circu n scrição da
zona eleitoral;
§ l 9 Não poderá ser indicado para exercer a função eleitoral o membro
do Ministério Público:
I - lotado em localidade não abrangida pela zona eleitoral perante a qual
este deverá oficiar, salvo em caso de ausência, impedimento ou recusa
justificada, e quando ali não existir outro membro desimpedido;
II - que se encontrar afastado do exercício do ofício do qual é titular,
inclusive quando estiver exercendo cargo ou função de confiança na
administração superior da Instituição, ou
III - que estiver respondendo a processo administrativo disciplinar por
atraso injustificado no serviço.
§ 2 Q Em caso de ausência, impedimento ou recusa justificada, terá
preferência, para efeito de indicação e designação, o membro do
Ministério Público que, sucessivamente, exercer suas funções:
I - na sede da respectiva zona eleitoral;
II - em município que integra a respectiva zona eleitoral;
III ~ em comarca contígua à sede da zona eleitoral.
§ 3 C Os casos omissos serão resolvidos pelo Procurador Regional
Eleitoral.
Art. 2- Não será permitida, em qualquer hipótese, a percepção cumulativa
de gratificação eleitoral.
Art. 3- É vedado o recebimento de gratificação eleitoral por quem não
houver sido regularmente designado para o exercício de função eleitoral.
Art. 4 9 A filiação a partido político impede o exercício de funções
eleitorais por membros do Ministério Público pelo período de dois anos,
a contar de seu cancelamento.
Art. 5 9 As investiduras em função eleitoral não ocorrerão em prazo
inferior a noventa dias da data do pleito eleitoral e não cessarão em
prazo inferior a noventa dias após a eleição, devendo ser providenciadas
pelo Procurador Regional Eleitoral as prorrogações eventualmente
necessárias à observância deste preceito.
§ I a Excepcionalmente, as prorrogações de investidura em função
eleitoral ficarão aquém ou irão além do limite temporal de dois anos
estabelecido nesta Resolução, sendo a extensão ou redução do prazo
realizada apenas pelo lapso suficiente ao cumprimento do disposto no
caput deste artigo.
§ 2- Fica vedada a fruição de férias ou licença voluntária do promotor
eleitoral no período de noventa dias que antecedem o pleito até quinze
dias após a diplomação dos eleitos.
151
M arcos R amayana D ir e it o E l e it o r a l
152
M in istério Público C a p ít u l o 7
153
M arcos Ramayana D ir e it o E l e it o r a l
7 Sobre a desfiliação, favor consultar os arts. 21, parágrafo único, e 22 da Lei n9 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos).
8 “{Informativo 409 do STF. ADI: Membros do MP e Exercício de Outros Cargos e Funções). O Tribunal julgou
improcedente pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Governador do Estado do Rio
de Janeiro contra a alínea c do § 1s do a rt 9e e do art. 165, ambos da Lei Complementar estadual nQ 106/2003 - Lei
Orgânica do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, que, respectivamente, estabelece a inelegibilidade para
o cargo de procurador-geral de Justiça dos procuradores e promotores de Justiça que ocupem cargo ou função
de confiança e deles não se desincompatibilizem, por afastamento, pelo menos 60 dias antes da data de eleição; e
assegura aos membros do Ministério Público, admitidos antes da promulgação da CF/88, o que dispõe o § 39 do art. 29
154
M in istér io P úblico C a p ít u l o 7
aprovados no concurso público que fizeram a opção pelo regime anterior, nos moldes
do art. 29, § 3 9, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da CRFB. Quem
optou, ao n osso pensar, fazju s ao respeito pelas garantias; sendo-Ihe permitida a filiação
partidária como condição de elegibilidade constitucional. Trata-se de assegurar o direito
adquirido ao regime transitório em face de emenda constitucional superveniente que
afasta a regra por ser decorrente do poder constituinte derivado, enquanto que o Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias defluiu do poder originário.9
0 Egrégio Tribunal Superior Eleitoral decidiu que; "O membro do Ministério
Público que pretende concorrer nas eleições do próximo ano (2 0 0 6 } poderá
realizar sua filiação partidária até seis m eses antes do pleito. Já o prazo de
desincompatibilização dependerá do cargo para o qual o candidato concorrer. Essa
foi a resposta dada pelo Tribunal Superior Eleitoral à consulta feita pelo Senador
Alberto Silva (PMDB-PI) e relatada pelo ministro Cesar Rocha”.
Registre-se, ainda, a Consulta 22.012/ 05 do Egrégio TSE, nestes termos; “Os
membros do Ministério Público, por estarem submetidos à vedação constitucional
de filiação partidária, estão dispensados de cumprir o prazo de filiação fixado em lei
ordinária, devendo satisfazer tal condição de elegibilidade até seis meses antes das
eleições, de acordo com o art. I 9, inciso II, letra j, da LC n- 64/90, asseverando ser
o prazo de filiação dos membros do Ministério Público, o mesmo dos magistrados.
0 prazo para desincompatibilização dependerá do cargo para o qual o candidato
concorrer, prazos previstos na LC n9 64/90. Brasília, 12 de abril de 2005".
0 Tribunal Superior Eleitoral, analisando a questão após a Consulta 22.012/05,
especificamente, na Resolução ns 22.0 9 5 , de 4 de outubro de 2005 (Consulta
n- 1154), decidiu que a aplicação da Emenda Constitucional n- 45/04 é “imediata e
sem ressalvas, abrangendo tanto aqueles que adentraram nos quadros do Ministério
Público antes, como depois da referida emenda à Constituição" (D iário da Justiça,
volume I, 2 4 de outubro de 2005, p. 8 9 ).10
do ADCT (“Art. 29. Enquanto não aprovadas as íeis compiementares relativas ao Ministério Público... § 39 Poderá optar
pelo regime anterior, no que respeita às garantias e vantagens, o membro do Ministério Público admitido antes da
promulgação da Constituição, observando-se, quanto às vedações, a situação jurídica na data desta.”). Entendeu-se
que o primeiro preceito atacado não autoriza o exercício de outros cargos ou funções de confiança, tal como alegado,
em ofensa ao art. 128, il, d, da CF, mas tão só determina que os que os ocupem, e desejem concorrer à eleição de
procurador-geral de Justiça, deies se afastem, pelo menos 60 dias antes do pleito. Rejeitou-se também a apontada
inconstitucíonalidade relativa ao segundo preceito, ao fundamento de que este apenas repete o disposto no art 29,
§ 38, da CF, não havendo previsão, nem na Constituição Federal nem na Lei Orgânica do Ministério Público União,
acerca do prazo para o exercício da opção nele veiculada. ADI 2836/RJ, rei Min. Eros Grau, 17.11.2005. (ADI-2836)”.
9 A regra da opção pelo regime anterior foi corretamente criticada pelo eminente Hugo Nigro Mazzilli: “Fruto
de poderoso lobby, tal dispositivo transitório, visando a acomodar situações e interesses particulares, acabou
desnaturando em grande parte o perfii constitucional que fora reservado ao Ministério Público. A uma, porque
os membros do Ministério Púbiico Federal que já advogavam poderão continuar a fazê-lo; a duas, porque o
afastamento da carreira, para atividades político-partidárias ou para cargos administrativos, poderá continuar a ser
utilizado quase que irrestritamente...” (Regime Jurídico do Ministério Púbiico, 5^ ed., São Paulo, Saraiva, p. 379).
10 Mesta obra sustentamos a posição contrária, ressaSvando os ingressos antes da aludida Emenda Constitucional,
porque não se trata de aplicação linear em relação a todos os membros, pois existe, ao nosso pensar, um direito
adquirido por norma decorrente do poder constituinte originário no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
rsão podendo esta matéria ser alterada por Emenda Constitucional.
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11 (Recurso Ordinário ne 113, Acórdão ns 113, de 1--9.98, rei. Ministro Néri da S i l v e i r a ) A impugnação do Ministério
Público Eleitoral não Joi conhecida, porque intempestiva. Considerou-se aplicável, na espécie, o disposto no art. 30 da Lei
Complementar n9 64/90, regra especial, e não a norma do art. 18, II, letra/?, da Lei Complementar n9 75/93. Nesse sentido,
decidiu a Corte na sessão de 31.8.98, no Recurso Ordinário n9 117/PE, de que fui relator. O prazo para o Ministério Público
flui, também, da data da publicação do edital referente ao pedido de registro, não cabendo, nesta matéria, pretender-se a
intimação pessoal do Ministério Público. Por conseguinte, a questão encontrava-se preclusa, não podendo ser conhecida.
No mesmo sentido: "Registro de candidatura. Perda de mandato (art 1», I, b, da LC n- 64/90). impugnação não oferecida
no prazo previsto no art. 35 da LC ne 64/90, a que se sujeita, também, o Ministério Público. Conhecimento de ofício
da matéria. Inviabilidade, na espécie, por se tratar de ineíegibiiidade infraconsfitudona!. Precedentes. Recurso provido.
Sujeita-se o Ministério Público ao prazo do art. 39 da LC ns 64/90, para o oferecimento de ação de impugnação de registro
de candidatura. Não se conhece de ofício de matéria relativa a causa de inelegibilidade infraconstituciona!
162
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M in is t é r io P ú b l ic o C apítulo 7
Nestes casos, poderá o procurador regional eleitoral designar, para seu auxílio,
apenas outros membros do Ministério Público Federal, com subsunção no art. 77,
parágrafo único, da Lei Complementar n9 75/93, não incidindo o art. 27, § 4 9, do CE,
conforme já visto acima.
Todavia, não significa que, nas eleições estaduais, os promotores eleitorais
se quedem inertes diante dos abusos do poder político e econômico, fraudes e
captações ilícitas de sufrágios.
Desta forma, devem os promotores eleitorais instaurar peças de informação em
suas comarcas sobre fatos ilegais específicos e encaminhar ao procurador regional
eleitoral por via direta, ou contando com o apoio de coordenações (ex., 5 S CAOP/
RJ, no caso do Rio de Janeiro), visando unificar uma estratégia de atuação. Cabendo
ao PRE deflagrar a medida judicial cabível. Assim, o Ministério Público Estadual,
por intermédio dos promotores eleitorais, exerce especial vigilância nas eleições,
exteriorizando de forma qualificada o direito de petição previsto no art. 5 9, XXXIV,
da Constituição Federal. Havendo delegação de competência para juizes eleitorais
em comarcas do interior, cumpre aos promotores eleitorais dirigir suas petições
aos respectivos juizes, especialmente em relação à aplicação da correta fiscalização
da propaganda política eleitoral, reservando-se ao procurador regional eleitoral a
adoção das medidas judiciais cabíveis.12
Na fase da votação, mesmo se tratando de eleição estadual (governador, senador
e deputados), os promotores eleitorais devem estar presentes nas zonas eleitorais
e funcionando nos incidentes desta fase do processo eleitoral.
Como se depreende, a máxima atuação funcional dos promotores eleitorais se dá
sem sombra de dúvidas, nas eleições do tipo municipais, quando lhes cabe adotar
todas as medidas legais perante os juizes eleitorais designados para o registro,
propaganda e prestação de contas. De certo que caberá ao PRE e PGJ a designação e
indicação dos nomes destes promotores eleitorais cuja árdua tarefa é de preservar
a lisura das eleições.
12 As irregularidades na propaganda eleitora! também ficam a cargo de juí2es designados peios Tribunais Regionais
Eleitorais nas comarcas, cabendo aos promotores eleitorais atuar com estes juizes, visando instrumentalizar a prova
necessária para que o procurador regional eleitoral possa ajuizar alguma medida pertinente, reclamação, 1JE etc.
165
M a r c o s R am ayan a D ir h t o E leito ral
7.12. LEI m
7.347/85. AÇ ÃO C IVIL PÚ B LIC A (PRO CEDIM ENTO S),
NÃO A P LIC A Ç Ã O NA M ATÉRIA ELE ITO R A L. TERMO DE
f
13 Por fim, ressalva-se o art. 29, § 39, da CRFB, ou seja, aos membros do Ministério Público que optaram pelo regime '
anterior à Carta Constitucional de 1988, no que respeita às garantias e vantagens podem advogar. Nesta linha de
raciocínio, é possível aos membros inseridos nesta condição excepcional o acesso ao Tribunal Regional Eleitoral pela -j
classe dos juristas ou advogados.
MINISTÉRIO PÚBLICO C apítulo 7
14 Procedimento “é o modo pelo qual o processo se forma e se movimenta, para atingir o respectivo fim”. Emane
Rdélis dos Santos, Manual e Direito Processual Civil, Vol. 1, São Paulo, Saraiva, 4a ed., p. 25.
167
Ministério Público -- Defesa do Regime Democrático (Ari. 127 CF)
1 COSTA, Adriano Soares da. Instituições de Direito Eleitora}. 3a edição, Editora Del fley. p. 108.
172
A lista m en to E leitoral . D o m ic íl io E leito ral C a p ít u l o 8
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A lista m en to E leito ral . D o m ic íl io E leitoral C a p ít u l o 8
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M a r c o s R a m a ya n a D ir e it o E leitoral
176 -7
A listam en to E leito ral . D o m ic íl io E leito ral C a p ít u l o 8
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BSESShSESB
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0 título faz prova, até a data de sua emissão, que o eleitor está regular com a
Justiça Eleitoral; é a quitação, ou seja, a prova do cumprimento de suas obrigações
cívicas e políticas. No entanto, após sua emissão, poderá o eleitor deixar de votar
em eleições alternadas, burlando a regra do art. 71, V, do Código Eleitoral.
Preconiza o art. 71, V, do CE que, se o eleitor deixar de votar em três eleições
consecutivas (e cada turno é uma eleição), estará na hipótese de cancelamento
de sua inscrição e, por via de conseqüência, o seu título deixará de fazer prova
legal das obrigações eleitorais. Assim, deve-se exigir a certidão de quitação com a
Justiça Eleitoral, no sentido da plenitude dos direitos políticos, com a finalidade de
perquirição da real cidadania.
A Constituição Federal aduz, no art. 14, § 3 -, 11, como condição de elegibilidade
constitucional para fins de deferimento do pedido de registro de candidaturas aos
mandatos eletivos, que o cidadão esteja na plenitude dos seus direitos políticos.
A emissão do título deve ser feita por computador (obrigatoriam ente), sendo
assinado pelo juiz eleitoral, contendo a assinatura do eleitor para fins de conferência
na folha de votação que fica no dia da eleição nas seções eleitorais. No caso do
eleitor analfabeto, poderá constar a impressão digital do seu polegar, o que dificulta
a fiscalização referente ao crime do art. 309 do Código Eleitoral: "Votar ou tentar
votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem".
O ideal para a confecção do título eleitoral seria sua condensação em documento
único de identidade ou cartão que contivesse a fotografia do eleitor, pois, no sistema
atual, não podemos ignorar a possibilidade da prática do delito acima mencionado,
mesmo diante dos mais precavidos mesários (cidadãos honoríficos nomeados para
o dia da votação).
Dispõe ainda o § 2 - do art. 23 da Res. ns 21.538/ 03: "Nas hipóteses de
alistamento, transferência, revisão e segunda via, a data da emissão do título será a
de preenchimento do requerimento".
A entrega do título é sempre pessoal, através de comprovação de documento
oficial de identidade do eleitor.
Por fim, destaca-se da Res. n9 21.538/ 03, o
1 -7 0
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Art. 80. O eleitor que deixar de votar e não se justificar perante o juiz
eleitoral até 60 dias após a realização da eleição incorrerá em multa
imposta pelo juiz eleitoral e cobrada na forma prevista nos arts. 7S e
367 do Código Eleitoral, no que couber, e 85 desta Resolução.
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Por fim, as regras aqui tratadas referentes ao alistamento eleitoral são de suma
importância, porque se referem ao cotidiano dos serviços cartorários eleitorais e
são fruto do aprimoramento de estudos desenvolvidos pela honrada comissão dos
servidores da Corregedoria-Geral, da Secretaria de Informática/TSE e dos Tribunais
Regionais Eleitorais, que procuraram sintetizar, num texto legal, os artigos de lei
disciplinadores do assunto, além de traduzirem premissas norteadoras para todos
os aplicadores do Direito Eleitoral, num rumo mais seguro e consentâneo com a
prática.
2 “TSE (...) Sua palavra pode, no entanto, ser elidida por prova contrária, obtida mediante diligência de verificação
promovida pela Justiça Eleitoral, dispensáveis tanto o inquérito policial quanto a comunicação lavrada a termo (CE,
art 356; TSE, HC n» 196, Rei. Min. Pertence, DJU de 6.5.1993)”.
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3 “TSE. Acórdão n9 18.803, DE 11.9.01. Recurso Especial Eleitora! ne 18.803/SR Relaíor: Ministro Sepúlveda Pertence.
Recurso especial: domicílio eleitoral: transferência indeferida com base na negativa do único feto declinado no
requerimento e reafirmado na defesa à impugnação: questão de fato a cuja revisão não se presía a via extraordinária do
recurso especial (Súmula-STF ne 279), 1 .0TSE , na interpretação dos arts. 42 e 55 do CE, tem liberalizado a caracterização
do domicílio para fim eleitoral e possibilitado a transferência ainda quando o eleitor não mantenha residência civil na
circunscrição, à vista de diferentes vínculos com o município (histórico e precedentes). 2. Não obstante, se o requerimento
de transferência funda-se exclusivamente na afirmação de residir o eleitor em determinado imóvel no município e nela
unicamente entrincheira-se a defesa à impugnação, a conclusão negativa das instâncias ordinárias, com base na prova,
não pode ser revista em recurso especial, ainda quando as circunstâncias indiquem que poderia o recorrente ter invocado
outros vínculos locais, que, em tese, pudessem-lhe legitimar a opção pelo novo domicílio eleitoral.
Vistos etc., acordam os Ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, em não conhecer do recurso, nos
termos das notas taquigráficas, que ficam fazendo parte integrante desta decisão. Sala de Sessões do Tribunal Superior
Eleitoral. Brasília, 11 de setembro de 2001. Ministro Nelson Jobim, Presidente. Ministro Sepúlveda Pertence, Relator”.
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Como fica um adolescente que, aos 1 6 anos, facultativam ente, exerce o direito
de a listar-se eleitoralm en te e, aos 1 8 anos, alista-se nas Forças Armadas, p ara
cum prir sua obrigação m ilitar?
Como é cediço, o conscrito não pode alistar-se, só que, no caso, antes de o
adolescente ser conscrito, já era alistado facultativamente. Em consulta ne 9.881/90
o TSE, apreciando a matéria, já decidiu que o eleitor inscrito, ao ser incorporado
para prestação do serviço militar obrigatório, deve ter sua inscrição mantida, porém
ficará impedido de votar. A decisão tem assento no art. 6-, inciso II, alínea c, do CE.
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Por fim, a outorga aos brasileiros do direito de voto e gozo dos direitos políticos
em Portugal, quando for comunicada ao Tribunal Superior Eleitoral, acarretá a
suspensão destes mesmos direitos no Brasil, segundo dispõe o Decreto ne 70.391,
de 12 de abril de 1972.
8.14. SURDOS-MUDOS
Quanto aos surdos-mudos, os mesmos só serão considerados absolutamente
incapazes e sujeitos à suspensão dos direitos políticos (art. 15, H, da CRFB), quando
não tiverem a educação adequada para exprimirem corretamente sua vontade.
Os surdos-mudos devem exercer o direito de voto como qualquer pessoa apta e
capaz, desde que tenham conquistado a capacidade especial de exteriorizar o voto.
Sustentamos a urgência na aprovação de lei eleitoral que obrigue as propagandas
políticas (eleitorais e partidárias), através da televisão, à inserção de textos
escritos no horário eleitoral gratuito, possibilitando a compreensão, pelos surdos,
da mensagem dos candidatos. Trata-se de medida de efetividade constitucional
e asseguradora da amplitude da cidadania (O art. 25, § 1-, da Resolução TSE
n- 22.718, determinou a utilização da Linguagem Brasileira de Sinais ou recursos
de legendas para a propaganda eleitoral gratuita pela televisão). Sobre o assunto,
ver os comentários nesta obra sobre a suspensão dos direitos políticos.
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A Resolução TSE ns 21.991/05 prevê no art. l e, § 29, que não serão canceladas
as inscrições eleitorais (títulos eleitorais) de eleitores portadores de deficiências
físicas que estejam impossibilitados de votar, ou para quem seja extremamente
oneroso o cumprimento das obrigações eleitorais. Neste caso será comunicado o
fato no período estipulado no § 8- do art. 80 da Res. TSE na 21.538/03, ou seja, 60
(sessenta) dias da data do batimento que verificar a abstenção eleitoral como causa
de cancelamento.
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O
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Além da situação antes mencionada, o Juiz Eleitoral deve aplicar a multa eleitoral,
quando o eleitor deixar de votar (CE, art. 7 9} e quando proceder ao alistamento
eleitoral tardio (CE, art. 8 e) (Posição publicada em Boletim do Centro de Apoio
Operacional das Promotorias de Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro, Boletim 3, junho
de 2002, pp. 13-14). Registre-se posição contrária, pela legitimidade da cobrança
de multas administrativas pelo Promotor Eleitoral, na Revista do Ministério Público
(próprio Boletim, p. 15), de autores renomados, como Marcos André Chut e Emerson
Garcia, dentre outros. t
Em conclusão: cabe ao juiz eleitoral enviar os autos referentes à multa não paga ; |
ao Tribunal Regional Eleitoral, conforme preconizado no art. 32 da Resolução TSE 5
n2 21.975/04 para fins de inscrição na Dívida Ativa da União, sendo de atribuição
da Fazenda Nacional a sua regular cobrança. :
...... ................... " ' ■'■■■'.... ' M
O Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro e a Procuradoria da '%
Fazenda Nacional possuem regra comum sobre o tema das multas, por meio do
ato conjunto ne 01/2007, firmando a competência da 2 § Zona Eleitoral para as
execuções fiscais.
PODERJUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DORIO DEJANEIRO
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Art. 43. São permitidas, até a antevéspera das eleições, a divulgação paga,
na imprensa escrita, e a reprodução na internet do jornal impresso, de
até 10 (dez) anúncios de propaganda eleitoral, por veículo, em datas
diversas, para cada candidato, no espaço máximo, por edição, de 1/8
(um oitavo) de página de jornal padrão e de 1/4 (um quarto) de página
de revista ou tabloide. (Redaglo. dada pela Lei n9 12.034. de 2009)
§ l 9 Deverá constar do anúncio, de forma visível, o valor pago pela
inserção. (Incluído pela Lei ng 12.034. de 2009)
§ 29 A inobservância do disposto neste artigo sujeita os responsáveis
pelos veículos de divulgação e os partidos, coligações ou candidatos
beneficiados a multa no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00
(dez mil reais) ou equivalente ao da divulgação da propaganda paga, se
este for maior, (renumerado do parágrafo único pela Lei n^ 12.034. de
.2009.)
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não estiver quite com a Justiça Eleitoral por não ter votado nem
justificado ou pago a multa respectiva, há que ser indeferido seu pedido
de registro. 0 presente recurso especial ataca o julgado, ao fundamento
de que teria havido erro no sistema de verificação de quitação eleitoral,
bem assim que a decisão foi proferida no primeiro grau de jurisdição
sem o contraditório regular (fl. 64-69). A Procura doria-Geral Eleitoral
opinou pelo não provimento do recurso especial (fl. 74-77).
É o relatório.
VOTO
0 Senhor Ministro Ari Pargendler (relator): Senhor Presidente, o
pedido de registro da candidatura foi articulado em 4 de julho de 2008,
e a quitação eleitoral obtida só em 17 de julho de 2008 mediante o
pagamento da multa. O art. 11, § 3-, da Lei n2 9.504, de 1997, autoriza o
suprimento de falhas no pedido de registro de candidatura, v.g., defeitos
na instrução do requerimento; não autoriza a alteração do estado de
fato no momento do pedido de registro da candidatura. Quer dizer, a
norma do art. 11, § 39 da Lei n9 9.504, de 1997, que visa ao suprimento
de falhas no pedido do registro, dá oportunidade ao requerente para
comprovar que, na respectiva data, preenchia os requisitos previstos
em lei; não serve para abrir prazo para que o inadimplente com as
obrigações eleitorais faça por cumpri-las extemporaneamente.
Tudo a se resumir no seguinte: o pedido de registro de candidatura
supõe a quitação eleitoral do requerente; se este não votou em
eleições pretéritas, não justificou a ausência, nem pagou a multa até
o requerimento de registro da candidatura está em feita com suas
obrigações eleitorais.
Voto, por isso, no sentido de não conhecer do recurso especial.
Publicado na sessão de 12.8.2008.”
Por fim, as multas são exigidas após o trânsito em julgado da decisão.
Por exemplo.
Se o candidato Tício foi condenado numa decisão de l 9 grau ao pagamento de
uma multa por propaganda irregular, e desta decisão recorreu ao Tribunal Regional
Eleitoral, o seu recurso não tem efeito suspensivo, conforme disciplina o art. 257 do
Código Eleitoral.
A exigibilidade da multa só ocorre com o trânsito em julgado.
Dessa forma, enquanto não for exigível a multa, o candidato pode concorrer ao
pretendido cargo eletivo.
2 0 4
5»
•restrição dos direitos políticos i
(Art. 51-53, Res. 21538/03) j
• justificação (Art. 80, Res. 21.538/03)]
! Judiciário |
espaço ..........................,
• alistamento brasileiro
• 1 juiz de direito j
nato e naturalizado j
(Art. 8 CEe 15 da Res. 21538/03) j
• "'meammsâmmi
TZ . (
constituída 60 dias 1 juiz de direito j Prazo
+ : | Competên-; Mesário I 1 ano antes i
antes da eleição 2 ou 4 cidadãos j
í cia do juiz | Faltoso \ da eleição j
I eleitora! ; (A r t. 124 CE) j (Art, 9o, |
I Art. 36 do Código Eleitoral \P ........... i (A r t . 3 2 C E ) j Lei 9 .504/97) j
Marcos Ramayana ■ D ireito Eleitoral i 0a Edição ■Capítulo 8 - Alistamento eleitoral e Dom icfiio eieltorai
GL
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0)
oy
Partidos Políticos
1 Os partidos políticos eram considerados pessoas Jurídicas de direito interno ou púbüco, conforme teor do revogado
art, 49 da Lei ne 5.682, de 21 de julho de 1971. Assim, os registros partidários eram feitos no Tribunal Superior
Eleitoral, sem inscrição na forma da lei civil.
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respondendo à Consulta (CTA) 1398 do Partido da Frente Liberal, hoje com o nome de
DEM (democratas), decidiu que os mandatos conquistados pelos deputados federais
da eleição de 2006, assim como todos os eleitos pelo sistema de representação
proporcional, no fundo, pertencem aos respectivos Partidos Políticos, e não aos
parlamentares.
A pergunta que originou a resposta é a seguinte: “Os partidos e coligações
têm o direito de p re serv ar a vaga obtida pelo sistem a eleitoral proporcional
quando houver pedido de cancelam ento de filiação ou de transferência do
candidato eleito por um partido p ara outra legenda?"
A decisão seguiu a premissa de que o mandato é do partido político e, assim, a
troca de legenda caracteriza ato de infidelidade p artid ária, que sujeita o infrator
à perda do mandato eletivo.
Os argumentos sustentados na douta decisão da consulta 1398 sistematizam os
arts. 14, § 3 e, V, e 17, parágrafo primeiro, da Constituição da República, ou seja,
relembram que a filiação partidária é uma condição de elegibilidade constitucional
e que os partidos podem estabelecer normas de fidelidade partidária, além de
regras de disciplina.
Em consonância ao preconizado, os doutos Ministros utilizam interpretação
sistêmica dos arts. 1 0 8 ,1 7 5 § 4 s e 176 do Código Eleitoral.
Os artigos acima aludidos tratam da preservação dos votos na legenda, quando
a Justiça Eleitoral decreta a nulidade do diploma de um determinado candidato
eleito, ou seja, os votos são contados para o partido e servem para a convocação do
suplente. Desta forma, é lógico que por analogia se possa aplicar as regras para os
casos de mudança voluntária de filiação, após a diplomação.
Ainda de forma resoluta, salientou o douto Ministro Marco Aurélio, a importância
dos arts. 24 usque 26 da Lei dos Partidos Políticos, considerando a existência de
regras objetivas sobre a fidelidade partidária, especialmente a expulsão pela
agremiação do infiel à sua identidade política original. Enfatizou ainda, o relevante
aspecto do art. 3 7 da Carta Constitucional, que disciplina os princípios da moralidade,
eficiência, publicidade, legalidade e impessoalidade como atributos de ingresso aos
cargos e funções públicas.
0 voto divergente™do Ministro Marcelo Ribeiro se baseou em precedente do
Supremo Tribunal Federal, especificamente nos mandados de segurança 2927 e
23 4 0 5 , e no art. 55 da Constituição da República, pois a perda do mandado eletivo
segue rol exaustivo, jiã o sendo o caso de se ampliar hipóteses não contempladas
expressamente no texto legal, ou seja, a infidelidade partidária ensejaria apenas
uma sanção interna corporis, mas jamais a perda do mandato eletivo.
Em suma: a edição da consulta foi altamente moralizadora e serviu para apressar
a votação da Reforma Política no Brasil, quando temas como: fidelidade partidária,
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extinção das coligações, Financiamento público das campanhas, voto distrital misto
e lista fechada serão a pauta do dia.
Em destaque trecho do voto do Ministro César Peluso: "... Ora, é inequívoco que
as cadeiras se tornam aí disponíveis para o partido à custa da totalidade dos votos
que obteve. Não parece, destarte, concebível que um candidato, para cuja eleição
e posse concorreram recursos de seu partido, e recursos não apenas financeiros,
senão também compreendidos no conceito mesmo de patrimônio partidário de
votos, abandone os quadros do partido após repartição das vagas conforme a ordem
nominal de votação. Embora o candidato possa dar grande contribuição ao partido
com os votos individuais, nem sempre é esse o caso, como o demonstra a rotina da
eleição de candidatos de votação inexpressiva que obtêm vagas na esteira na votação
de outros, bastante populares. Não há como admitir-se, na moldura do sistema, que
representante eleito sob tais condições possa mudar de partido levando consigo o
cargo, até porque, se tivesse concorrido por outro partido, poderia nem sequer ter
sido eleito, o que mostra desde logo que o patrimônio dos votos deve entender-
se, na lógica do sistema proporcional, como atributo do partido,e não, de cada
candidato., "(fonte: site do TSE, 29 de março de 2007).
O Egrégio Supremo Tribunal Federal, em decisão histórica, consagrou que os
mandatos eletivos pertencem aos Partidos Políticos e, no caso de mudança de filiação
partidária de um candidato, após sua eleição, sem que exista justificativa verificada
como justa por órgão da Justiça Eleitoral, o parlamentar perderá o mandato eletivo.
Nos votos dos Excelentíssimos Ministros do Supremo Tribunal Federal, foram
salientados os arts. 14, § 3-, inciso V, 55 e 56, da Constituição da República, e os
arts. 106 a 108 do Código Eleitoral, dentre outros, inclusive o aspecto da natureza
jurídica do mandato eletivo, que evoluiu do imperativo para o representativo, e,
hodiernamente, para o tipo partidário-representativo.
Dessa forma, o Tribunal Superior Eleitoral expediu resolução para regulamentar
o procedimento que acarretará a decretação de perda do mandato eletivo, adotando-
se, conforme orientação jurisprudência!, os arts. 3- a 17 da Lei Complementar
ne 64/90, na criação do rito processual.
Os parlamentares infiéis estarão sujeitos à perda do mandato eletivo, após 27 de
março de 2007, data em que a Consulta do TSE ns 1398 foi amplamente divulgada,
conforme anteriormente enaltecido.
E ainda, em decisão mais recente, o Colendo Tribunal Superior Eleitoral
ampliou em resposta a nova consulta à mesma decisão da consulta 1398 para os
casos de cidadãos eleitos pelo sistema m ajoritário (presidente, vice-presidente,
governadores e vices, inclusive os senadores), que também estarão sujeitos a perda
do mandato eletivo.
Em razão da magnitude do tema, transcrevemos na íntegra o teor da Resolução
ne 22.610/ 07 do Egrégio Tribunal Superior Eleitoral (resolução do tipo definitiva),
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M a r c o s R am a yan a D ir eit o E leitoral
que regula a perda do mandato por infidelidade partidária em relação aos sistemas
eleitorais proporcionais e majoritários, in expressi v erbis:
Resolução n9 22.610. Relator: Ministro Cezar Peluso. 0 Tribunal
Superior Eleitoral, no uso das atribuições que lhe confere o art. 23,
inciso XVIÍi, do Código Eleitoral, e na observância do que decidiu o
Supremo Tribunal Federal nos Mandados de Segurança nss 26.602,
26.603 e 26.604, resolve disciplinar o processo de perda de cargo
eletivo, bem como de justificação de desfíliação partidária, nos termos
seguintes: Art. t - 0 partido político interessado pode pedir, perante a
Justiça Eleitoral, a decretação da perda de cargo eletivo em decorrência
de desfíliação partidária sem justa causa. § 1- Considera-se justa
causa: I) incorporação ou fusão do partido; II) criação de novo partido;
III) mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;
IV) grave discriminação pessoal. § 26 Quando o partido político não
formular o pedido dentro de 30 (trinta) dias da desfíliação, pode
fazê-lo, em nome próprio, nos 30 (trinta) subsequentes, quem tenha
interesse jurídico ou o Ministério Público Eleitoral. § 35 O mandatário
que se desfiliou ou pretenda desfiliar-se pode pedir a declaração
da existência de justa causa, fazendo citar o partido, na forma desta
Resolução. Art. 2 fi 0 Tribunal Superior Eleitoral é competente para
processar e julgar pedido relativo a mandato federal; nos demais casos,
é competente o tribunal eleitoral do respectivo estado. Art. 32 Na
inicial, expondo o fundamento do pedido, o requerente juntará prova
documental da desfíliação, podendo arrolar testemunhas, até o máximo
de 3 (três), e requerer, justificadamente, outras provas, inclusive
requisição de documentos em poder de terceiros ou de repartições
públicas. Art. 4 9 0 mandatário que se desfiliou e o eventual partido era
que esteja inscrito serão citados para responder no prazo de 5 (cinco)
dias, contados do ato da citação. Parágrafo único. Do mandado constará
expressa advertência de que, em caso de revelia, se presumirão
verdadeiros os fatos afirmados na inicial. Art. 59 Na resposta, o
requerido juntará prova documental, podendo arrolar testemunhas,
até o máximo de 3 (três), e requerer, justificadamente, outras provas,
inclusive requisição de documentos em poder de terceiros ou de
repartições públicas. Art. 6a Decorrido o prazo de resposta, o tribunal
ouvirá, em 48 (quarenta e oito) horas, o representante do Ministério
Público, quando não seja requerente, e, em seguida, julgará o pedido,
em não havendo necessidade de dilação probatória. Art. 7e Havendo
necessidade de provas, deferi-las-á o Relator, designando o 5e (quinto)
dia útil subsequente para, em única assentada, tomar depoimentos
pessoais e inquirir testemunhas, as quais serão trazidas pela parte
que as arrolou. Parágrafo único. Declarando encerrada a instrução, o
Relator intimará as partes e o representante do Ministério Público,
para apresentarem, no prazo comum de 48 (quarenta e oito) horas,
212
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214 O
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9 .2 .3 . üusta C ausa
As hipóteses de justa causa vêm enumeradas na Resolução TSE nQ22.610/07,
no § 1 - do art. I 9, e encontram-se em rol taxativo, uma vez que se trata de norma
restritiva de direitos. Nesse sentido, o TRE - RS já decidiu que "caso sub ju d ice não
se enquadra em nenhum dos permissivos legais para a desfiliação partidária". Tal
decisão segue abaixo ementada:
"Ementa Ação de perda de mandato eletivo por desfiliação partidária
sem justa causa. Preliminar de inconstitucíonalidade da Resolução TSE
ne 22.610/07 rejeitada. Ato normativo editado em razão de decisão
do próprio Supremo Tribunal Federal, disciplinando a matéria dentro
dos limites das atribuições do TSE. Caso sub judice não se enquadra
em nenhum dos permissivos legais para a desfiliação partidária.
A mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário
não se refere ao modo de atuação política do partido, apoiando ou não
a administração local, mas sim à mudança de estrutura do programa
da agremiação, à sua linha ideológica e programática, o que não se
materializou. Não comprovada, pelo acervo probatório, a ocorrência
da grave discriminação pessoal alegada pelo vereador requerido.
Hipótese que se caracterizaria caso a permanência do parlamentar se
tornasse insustentável. Justa causa para a desfiliação partidária não
configurada. Procedência" (TRE - RS - Petição 582007, Fortaleza dos
Valos - RS 20.02.2008. ReR Dr» Katia Elenise Oliveira da Silva (Auxiliar),
DJE - Diário de Justiça Estadual, tomo 34, 25.02.2008, p. 64)
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O-IQ
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PONTOS FUNDAMENTAIS
1. Como se percebe, o prazo que caracteriza a nova filiação como infidelidade
partidária para os vereadores, deputados estaduais, distritais e federais é o dia
27 de março de 2007, enquanto que para prefeitos, vices, senadores, suplentes,
governadores, vices e o presidente e vice-presidente é o dia 16 de outubro de
2 007.
2. Os legitimados para ingressarem com a ação de decretação da perda do mandato
eletivo em decorrência da desfiliação partidária são: os partidos políticos que
perderam os eleitos; v.g., os suplentes (interessados jurídicos) e o Ministério
Público.
3. A atuação do Ministério Público ocorre pelo pro cu rad or-geral e le ito ra l no
T ribu n al Su p erior E leitoral, nas hipóteses de mandatos federais, tais como:
presidente, vice-presidente, senadores, suplentes de senadores, deputados
federais e suplentes: e, por intermédio dos P rocu rad ores reg ion ais e leito ra is
nos T ribu n ais Regionais E leitorais, "nos demais casos" ou seja, governadores,
vices, deputados estaduais, distritais, suplentes, prefeitos, vices, e vereadores.
4. O mandatário poderá se antecipar à propositura da ação pelos legitimados
e requerer, por ação declaratória da existência de justa causa, que não seja
declarada a perda do mandato eletivo. Nesse caso, a competência é a mesma
para processar e julgar a ação de perda do mandato. Trata-se de uma tutela de
obstáculo, que impedirá a declaração da perda na outra ação, mas nesta não se
declara a perda, apenas a existência da justa causa.
5. O Ministério Público atua nesta ação como parte ou fiscal da lei. Não há intervenção
dos promotores eleitorais, mas é dever do promotor comunicar ao procurador
regional eleitoral as desfiliações que tiver conhecimento nas respectivas zonas
eleitorais em que exerce suas atribuições, após as datas previstas.
6. A questão do ônus da prova segue a regra do art. 8- da Resolução e do art. 333,
inciso II, do Código de Processo Civil. A prova do autor se faz com certidões de
filiação e desfiliação. Quanto ao réu será necessária a prova documental, como
cópias dos estatutos dos partidos políticos, certidões de filiação, indicação do
desvio do programa partidário e a prova testemunhai, cujo máximo é de 3 (três)
testemunhas, art. 3 Qda Resolução.
220
Pa r tid o s P o lít ic o s C a p ít u l o 9
7. A grave discriminação pessoal se constituiu numa justa causa, que poderá servir
de subterfúgio aos infiéis. Trata-se de prova subjetiva que demandará razoável
análise do órgão julgador para não acarretar a impunidade na aplicação da regra
moralizadora.
Não basta alegar a discriminação pessoal, é necessário prová-la de forma
resoluta.
A ação tem natureza dúplice, porque é do tipo declaratória. Assim, se o mandatário
deflagra ação contra o partido político, é possível na contestação formular-se
pretensão de declaração de perda do mandato eletivo, inclusive por economia
processual.
8. A Justiça Eleitoral passa a ter competência prorrogada para a decretação da
perda do mandato eletivo, sem que seja por ação de impugnação (art. 14, §§ l s e
11 da CF). Não há prazo legal.
9. Os mandatários não podem mudar de partido político, sem que comprovem a
justa causa. Não está prevista a possibilidade de desfíliação 1 (um) ano antes
da próxima eleição. 0 art. 18 da Lei dos Partidos Políticos, sofre, portanto,
substanciosa alteração em relação aos mandatários.
A Resolução demanda urgente alteração dos arts. 17 e 55 da Constituição Federal
para sua adequação aos novos rumos e diretrizes da jurisprudência e preservação
do sistema eleitoral, que se afigura em certa moldagem ao de lista fechada.
221
M a r c o s R a m a ya n a D ir e it o E leitoral
2 2 2
Pa r t id o s P o lític o s C a p ít u l o 9
223
M arcos R am ay an a D ir e it o E leitoral
2 2 4
P a rtid o s P o lít ic o s C a p ít u l o 9
art. 11, § 1 Q, I; Código Eleitoral, art. 94, § l e, I)". Assim, se dá mais autenticidade ao
processo de escolha, especialmente pela fiscalização da Justiça Eleitoral e à pronta
leitura do teor das atas de convenção que antes eram subscritas manualmente.
Nas hipóteses de dissidência interna dos partidos políticos sobre o nome, escolha
e número dos candidatos, a questão será submetida ao relator ou juiz do registro
de candidatos.
0 prazo fixado entre os dias 10 até 30 de junho do ano da eleição deve ser
obedecido pelos Partidos Políticos, ressalvando-se excepcionalmente a possibilidade
de retificação para registrar pré-candidatos pela coligação (Ac. TSE ne 17.325, de
21.9.2000, Rei. Min. Fernando Neves).
As prévias são consultas aos filiados. O TSE decidiu que a divulgação nos meios
de comunicação destas pré-escolhas e indicações internas não são exemplos de
propaganda política eleitoral antecipada (Ac. n 9 20.816, de 19.6.2001, Rei. Min.
Fernando Neves). Todavia, não se pode negar que nas eleições presidenciais os
promitentes candidatos já deflagram verdadeira campanha eleitoral para angariar
simpatizantes realizando sucessivos atos públicos antes mesmo do dia marcado
para as denominadas prévias eleitorais.
Impende frisar que "Na aplicação da lei eleitoral, o juiz atenderá sempre os
fins e resultados a que ela se dirige, abstendo-se de pronunciar nulidades sem
demonstração de prejuízo" (art. 219 do Código Eleitoral). Nesta linha, deve-se
analisar as impugnações sobre a regularidade ou não das convenções.
Cumpre, ainda, estabelecer que a jurisprudência do TSE fixou majoritária
posição no sentido de que as arguições de irregularidades em convenções devem ser
formuladas pelos candidatos não escolhidos. Assim, o legitimado ativo é o filiado ao
Partido Político. Nesse sentido são os acórdãos do TSE n9s 191, de 2.9.1998, Rei. Min.
Eduardo Alckmin; 228, de 3.9.98, Rei. Min. Maurício Corrêa; e, ainda, 18.964/2000,
Rei. Min. Fernando Neves e 12.618, de 19.9.1992, Rei. Min. Sepúlveda Pertence.
O § l 9 tra ta das denom inadas candidaturas natas ou inerentes.
Sobre candidatos natos, o Colendo TSE já reiterou posição atinente ao tema na
Resolução n- 21.778, Consulta 1.060 - Brasília, Distrito Federal, Rela. Min2. Ellen
Gracie, em 27 de maio de 2004, D} de 3.11.2004, fazendo menção ao decidido pelo
Egrégio Supremo Tribunal Federal, que, suspendeu, liminarmente, a eficácia do § 1-
(ADI n 9 2.530-9, de 24.4.2002). Naquela decisão foi reconhecida a plausibilidade
jurídica da ação por maioria de votos, sendo que três votos fundaram-se nos
princípios da isonomia (art. 5 9, caput, da Constituição Federal) e da autonomia
partidária (art. 17 da Carta Magna), e os outros cinco votos apoiaram-se unicamente
neste princípio.
O § l fi permite que determinado parlamentar possa ter assegurado o registro de
sua candidatura para o mesmo cargo pelo Partido a que esteja filiado.
225
M arcos R am ay an a D ir eit o E leitoral
Com a decisão na ADI 2.530-9, o parlamentar deverá subm eter o seu nome em
igualdade de condições com os demais pré-candidatos para a devida escolha em
convenção. 0 registro mencionado na redação do parágrafo não é o de candidaturas
perante a Justiça Eleitoral, porque este exige o preenchimento de condições de
elegibilidade e não incidência em casos de ineíegibilidades, perda ou suspensão
dos direitos políticos. Trata-se de critério interno do próprio Partido Político. Neste
sentido, exige o TSE: "0 fato de tratar-se de candidato nato não impede a apreciação
de inelegibilidade opostas ao registro (...)”, Ac. ne 267, de 10.9.1998, Rei. Min. Néri
da Silveira - precedente
A recandidatura referida no § l e exige prévia manifestação expressa do
interessado e implica na pretensão ao mesmo cargo. Assim, um vereador não poderá
pleitear direito adquirido nato ao cargo de Deputado Estadual, pois não é o exercício
do mandato que autoriza o direito de preferência, mas sim, o exercício do mesmo
cargo. Exemplo: o vereador teria direito nato ao cargo de vereador (reeleição ou
recandidatura).
A candidatura nata não alcança as cargos de senador, considerando a omissão
normativa e posição do TSE neste sentido (Res. n- 20.221/98, DJU 19.6.1998).
Desse modo, com a devida vênia, entendemos que o sistema preconizado é
inconstitucional, porque além de atingir a autonomia partidária, a isonomia e o
livre sistema de escolha por critérios democráticos, implica em frontal violação à
cláusula pétrea do art. 60, § 4 a, II, da Constituição Federal, especialmente no aspecto
da periodicidade das votações e renovações dos mandatos eletivos, considerando
que compete aos Partidos Políticos apresentarem aos eleitores os seus candidatos,
após regular escolha. Trata-se, aqui, de impedir uma alteração do quadro político, o
que certamente resulta em violação ao próprio sistema republicano.
Sob o ângulo da periodicidade dos mandatos eletivos, firmamos posição sobre
a inconstitucionalidade da regra, somada aos demais aspectos jurídicos legais
acolhidos na interpretação da decisão cautelar na ADI nü 2 5 3 0 -9 do C. STF.
No que tange à realização das convenções prevê o § 2 e do a rt, 8 9 da Lei
ne 9 .5 0 4 /9 7 a possibilidade de utilização de prédios públicos para a sua
realização.
Existe regra similar no art. 51 da Lei dos Partidos Políticos, ressalvando-se que
os eventuais danos causados ao patrimônio público devem ser indenizados pelos
responsáveis.
A responsabilidade civil decorrente do dano ao imóvel ou móveis públicos
deverá seguir as regras do direito civil e administrativo, sendo a eventual ação
proposta no âmbito da justiça comum ou federal, independentemente das medidas
administrativas e sanções penais correspondentes.
226
P a r t id o s P o lític o s C a p ít u l o 9
9 ,4 . A S COLIGAÇÕES PARTIDÁRIAS
A coligação partidária é uma relação estabelecida com um grupo de pessoas por
interesses ou valores políticos e eleitorais, objetivando a coesão para o processo de
ajustamento de integração ideológica partidária.
Os líderes políticos procuram alianças em função da divisão do número de vagas,
horário eleitoral gratuito e rateio do Fundo Partidário, e celebram coligações tendo
a finalidade de priorizar metas políticas comuns.
Como afirmado por Daniel-Louis Seiler “As relações entre partidos podem ser
conflituais ou de cooperação. Realmente, se todos os partidos são concorrentes ~
todos buscam angariar o maior número de votos possível -, as relações que eles
estabelecem entre si podem m ostrar-se conflituais ou cooperativas. De fato, partidos
percebendo uma certa proximidade de objetivos ou diante de um inimigo comum
podem cooperar entre si. Isso pode tomar a forma de uma coalizão pré-eleitoral
com ou sem listas comuns ou unidade de candidaturas e programa comum.
227
D ir eit o E leitoral
M a r c o s R am ayana
A vida política francesa está repleta de exemplos dessetipo: "a União da esquerda"
nos anos 1970, "a União pela França", vinte anos mais tarde e à “direita" Isso pode
levar até a uma federação de partidos, a exemplo da UDF, ou a uma confederação
com grupo parlamentar único, como a CDU-CSU na Alemanha" {Os P artidos Políticos,
Imprensa Oficial, tradução de Renata Maria Parreira Cordeiro, Brasília, Editora
Universidade de Brasília, São Paulo, 2 0 0 0 , pp. 138/9).As coligações são partidos
políticos temporários e estão referidas no art. 6- da Lei n- 9.504, de 30 de setembro
de 1997.
Uma coligação tem denominação própria e possui um representante que terá
atribuições idênticas às do presidente de um partido político, especialmente no
trato das questões eleitorais perante a Justiça Eleitoral.
Os arts. 3 2 e 22 da Lei Complementar n 9 64, de 18 de maio de 1990, estabelecem
a legitimidade ativa das coligações para a propositura de ações de impugnação ao
pedido de registro de candidatos e investigação judicial eleitoral.
Uma coligação é considerada uma superlegenda e, no fundo, retrata uma aliança
de partidos para um determinado pleito eleitoral (a eleição compreende cada um
dos turnos de um pleito, para todos os efeitos, exceto para fins do disposto no
parágrafo único do art. 15 da Resolução ns 21.538/03 (neste sentido, ver a regra do
art. 83, VII, da mencionada norma).
É importante frisar que as alianças ou coligações nascem por deliberações das
Convenções Regionais ou Estaduais em relação aos deputados federais, estaduais
e distritais. Quando se referir às eleições de vereadores, a deliberação será da
Convenção Municipal.
0 registro das convenções é efetuado perante o órgão jurisdicional responsável
pelo exame dos pedidos de candidatura, v.g., juiz eleitoral nas eleições municipais
(vereador).
Os partidos políticos que desejarem se coligar devem respeitar os prazos do
art. 8 e da Lei ne 9.504/97, ou seja, entre os dias 10 a 30 de junho do ano eleitoral,
devem ser realizadas as convenções.
No que tange às coligações, a Lei nQ12,034/ 2009 estabeleceu algumas disciplinas
específicas. O art. 6- da Lei n 9 9.504/97 foi alterado, tendo sido incluídos o § l e-A
e o § 4 e.
O § 1 9-A evita que o nome atribuído à coligação possa fazer referência a um
candidato específico, assegurando, nesse tema, o princípio da impessoalidade. E
ainda, estabelece uma igualdade entre os partidos para que nenhum dos que sejam
coligados possam obter vantagem na propaganda do nome da coligação.
Já o § 4 e disciplina que após a formação de uma coligação entre partidos políticos,
fica vedada a legitimidade para que um desses possa atuar de forma isolada, salvo
na hipótese em que se questiona a validade da própria coligação. No entanto, para
se questionar se é válida ou não a formação de uma coligação, a lei fixou um período,
228
Partid o s P o lít ic o s C a p ít u l o 9
que vai da data da celebração das convenções (de 10 a 30 de junho do ano da eleição,
conforme art. 8 S da Lei n 5 9.504/97) até o termo final do prazo para a impugnação
do registro de candidatos (5 dias contados da publicação do pedido de registro de
candidatos, segundo o art. 3 - da Lei Complementar ns 64/90).
As coligações têm uma denominação própria, por exemplo, Unidos pelo Rio, e
continuam com legitimidade para as ações eleitorais, como a ação de impugnação
ao mandato eletivo.
Desta forma, a nova lei não alterou o prazo de existência, no processo eleitoral,
da coligação como parte legítima para as ações, mas apenas limitou um prazo para
se questionar a validade da própria coligação.
Todavia, a lei não repetiu os exatos termos da Resolução n 9 22.717/2008, art. 6e
(resolução sobre o registro de candidatos nas eleições municipais de 2008), que
tinha como causa permissiva para o partido atuar isoladamente na hipótese de
dissidência interna. De certo que esta causa está eliminada, ou seja, mesmo que
ocorram desentendimentos que possam levar à dissolução da coligação, eles não
serão suficientes para permitir que o partido político possa atuar no processo
eleitoral de forma isolada. Em outras palavras, formada a coligação, é ela que
deve estar atuando na Justiça Eleitoral, inclusive recorrendo das decisões para os
tribunais.
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M a r c o s R am ayan a D ir eito E leitoral
23 0
P artid o s P o lític o s C a p ít u l o 9
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M arcos R am ayana D ir eit o E leitoral
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P artido s P o lític o s C a p ít u l o 9
11) Cumpre frisar que a sanção de perda das novas cotas do Fundo Partidário não é
extensível aos diretórios que não sejam responsáveis pela irregularidade.
12) Quando findar o julgamento das contas, os juizes. Tribunais Regionais e Superior
Eleitoral devem informar ao Ministério Público (promotor das Fundações) para
que o mesmo possa pleitear as medidas de sanação, fiscalização e eventual
extinção da fundação de pesquisa e de doutrinação e educação política. Neste
sentido, ver a norma do art. 30 da Resolução n- 21.841/04-TSE. A hipótese
é inovadora, porque as fundações devem ser entes diferentes dos partidos
políticos, com constituição, receita e despesas próprias e, portanto, estão
sujeitas a regular fiscalizações como qualquer outra espécie de fundação.
1 3 )0 processo de cancelamento do registro de partido político pode ser iniciado
no Tribunal Superior Eleitoral por notícia de qualquer eleitor, de representante
de partido político ou de representação do procurador-geral eleitoral. A
legitimidade foi ampliada a “qualquer eleitor”, ensejando ampla atuação da
cidadania, embora não se tenha adotado a regra geral dos co-legitimados para
as ações eleitorais, por exemplo, partidos políticos, candidatos e Ministério
Público.
14)A lei impõe a recomposição de quantia desviada ao erário, sob pena de
instauração de um procedimento de Tomada de Contas Especial (art. 35 da
Resolução ne 21.841/04-TSE).
1 5 )Encerrada a Tomada de Contas Especial, os autos são remetidos ao Tribunal
de Contas da União, cujas repercussões podem acarretar a improbidade
administrativa e a execução da dívida.
233
M a r c o s R a m a ya n a D ir eito E leitoral
Cumpre observar que o §3 - fixa um prazo de duração razoável do processo (art. 59,
LXXVIII da Constituição Federal) de cinco anos para julgamento dos procedimentos
de prestação de contas e respectiva aplicação de sanção, o que enseja maior atenção
na tramitação desses procedimentos, pois escoado o prazo decadencial de 5 (cinco)
anos para o julgamento das contas, mesmo existindo uma desaprovação total, elas
restarão convalidadas pelo decurso do tempo.
Na verdade, o legislador foi omisso em punir os responsáveis pela demora.
O § 4 9 atribui efeito suspensivo aos recursos que versarem sobre decisões de
desaprovação total ou parcial da prestação de contas dos órgãos partidários. Trata-
se de consagração de uma exceção à regra geral dos efeitos dos recursos eleitorais,
pois, como é sabido, o art. 257 do Código Eleitoral não dá efeito suspensivo aos
recursos, ou seja, enquanto não transitar em julgado a sanção de suspensão do
repasse de novas quotas do Fundo Partidário, os respectivos órgãos partidários
continuarão percebendo os valores devidos.
2 34
P a rtid o s P o lític o s C a p ít u l o 9
9 .6 .2 . S u sp e n sã o d as c o ta s do fundo partidário
As regras estão previstas nos artigos 30 a 37 da Lei 9.096/95, mas é importante
frisar, que conforme visto acima, o § 5 9 do art. 37 (introdução criada pela Lei
12.034/ 2009) criou critérios proporcionais em razão do tempo ou por descontos,
quando for aplicada a suspensão do repasse de novas quotas.
Por exemplo, no caso de sanção imposta ao diretório municipal, o Juiz Eleitoral
determinará a comunicação da sua decisão aos órgãos de direção estadual e nacional
do partido.
Sobre o assunto, é importante consultar o teor da Resolução TSE n- 21.841/ 2004.
Quando as contas forem declaradas como não prestadas ou ainda for verificada
a irregularidade na aplicação dos recursos do Fundo Partidário, o juiz eleitoral
determinará ao partido que recolha integralmente os valores referentes ao Fundo
Partidário dos quais não tenha prestado contas ou do montante cuja aplicação tenha
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P a r tid o s P o lít ic o s C a p ít u l o 9
237
M a r c o s R a m a ya n a D ir eit o E leitoral
Aprovada em 1995, a cláusula de barreira seria aplicada pela primeira vez nas
eleições deste ano. Pelo resultado deste ano, só sete dos 29 partidos registrados no
TSE (Tribunal Superior Eleitoral) conseguiriam atingir os percentuais previstos pela
cláusula de barreira. Outros 22 teriam seus direitos de funcionamento reduzidos
pela nova regra".
Recentemente, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou a
volta da cláusula de barreira. Trata-se de Proposta de Emenda à Constituição (PEC),
que volta a restringir a participação parlamentar dos partidos que não atingirem
5% dos votos válidos para Deputado Federal em todo País, distribuídos em, pelo
menos, nove Estados, com no mínimo 2% em casa.
Por fim, a aludida cláusula atinge o pluralismo político e a máxima eficiência
dentro das casas legislativas, pois aniquila a representação minoritária dos pequenos
partidos políticos e impede numa certa proporção a periodicidade dos mandatos
dentro de sua renovação necessária ao sistema republicano, conforme previsão em
cláusula pétrea do art. 60, § 4 -, II, parte final, da Constituição da República.
Possíveis fraudes detectadas nas legendas de aluguel ou na comercialização do
horário gratuito podem ser combatidas por normas específicas sobre o assunto.
Sobre a repartição do Fundo Partidário, foi editada a Lei ns 11.459, de 21 de
março de 2007, que acresceu o art. 41-A na Lei n 9 9.096/95 (Lei dos Partidos
Políticos), além de revogar o inciso V do art. 56 e o inciso II do art. 57, ambos da Lei
ne 9.096/95.
A "JUSTIFICATIVA" do p ro jeto de Lei foi a segu inte: "0 projeto de lei que ora
submetemos à apreciação deste Parlamento tem por objetivo dar conseqüência
e efetividade à democracia representativa, em consonância com o princípio da
proporcionalidade eleitoral. Assim , necessário determinar critérios de acesso ao
Fundo Partidário a todas as agremiações formalmente registradas no cartório de
registro civil e perante o Tribunal Superior Eleitoral, mas delimitando seu alcance na
proporção de sua representatividade social aferida nas urnas, expressão democrática
posta a revelar o grau de dispêndios para a sua manutenção. Ante a convicção de
que a presente proposta exprime inequívoco aperfeiçoamento do sistema político-
partidário, que exsurge do resultado apurado no processo democrático, rogamos
apoio de todos para essa urgente e relevante alteração legislativa. Sala das Sessões,
em 07 de fevereiro de 2007. Henrique Eduardo Alves. Líder do PMDB e outros".
Com esta nova lei são amenizados os critérios da divisão proporcional do fundo
partidário, ampliando-se para o percentual de 5% do total do Fundo Partidário para
entrega em partes iguais, a todos os partidos que tenham seus estatutos registrados
no TSE, quando a lei anterior fixava no a r t 41, inciso I, o percentual de apenas 1%:
sendo que 95% , ao invés de 99% serão distribuídos aos partidos na proporção dos
votos obtidos na última eleição geral para a Câmara dos Deputados.
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"Art. 28...................................................................
§ 4- Despesas realizadas por órgãos partidários municipais ou estaduais
ou por candidatos majoritários nas respectivas circunscrições devem ser
assumidas e pagas exclusivamente pela esfera partidária correspondente,
salvo acordo expresso com órgão de outra esfera partidária.
§ 5ÔEm caso de não pagamento, as despesas não poderão ser cobradas
judicialmente dos órgãos superiores dos partidos políticos, recaindo
eventual penhora exclusivamente sobre o órgão partidário que contraiu
a dívida executada.
§ 62 O disposto no inciso III do caput refere-se apenas aos órgãos
nacionais dos partidos políticos que deixarem de prestar contas ao
Tribunal Superior Eleitoral, não ocorrendo o cancelamento do registro
civil e do estatuto do partido quando a omissão for dos órgãos partidários
regionais ou municipais.’'
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n 9 9.096/95 (com a redação dada pelo art. 2- da Lei n- 12.034/ 2009), admitem,
por exemplo, que as deliberações de nível inferior que se opuserem às diretrizes
estabelecidas por órgãos superiores, podem ser anuladas. Não se nega o poder de
direção e comando dos órgãos superiores em relação aos inferiores.
Embora os partidos não sejam propriamente gestores de atividades econômicas
ou grupos equiparados aos industriais, conforme previsto no § 2 9 do art. 2S da CLT
(abaixo transcrito), é inegável que existe uma relação de responsabilidade social
e jurídica entre os diversos níveis de organização destas agremiações políticas, a
demandar, no mínimo, uma responsabilidade subsidiária.
2 4 4
Partid o s P o lít ic o s C a p ít u l o 9
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M a r c o s R a m a ya n a D ir eit o E leitoral
Hí^íâel|^|^e::;p^rtldíarl^-^jJ:;j;
*iiPresta0o de çontâs v; ^
►jFundação
>| Coligações
Capítulo
M arcos Ramayana • D ire iio Eleitoral 10a Edição - Caprtulo 9 - Partidos Políticos
9
C a p ít u lo 10
Inelegibilidades. C on ceito e
CL AS S I F I CAÇÃO. E L E G I B I L I D A D E S
10.1. CLASSIFICAÇÃO
Os eleitoralistas apresentam classificações que procuramos resumir.
a-Inelegibilidade inata, primária, implícita ou imprópria. É aquela que advém
da ausência de uma ou mais condições de elegibilidade. Ex.: Se determinado
candidato não estiver filiado a um partido político, é carente de uma condição
de elegibilidade constitucional (art. 14, § 3°, V, da CRFB) e, portanto, inelegível.
A classificação é muito criticada, porque equipara a condição de elegibilidade às
inelegibilidades. Nesse sentido, ver as sábias lições de Adriano Soares da Costa,
b -Inelegibilidade cominada, secundária ou própria. É uma restrição sancionatória
aplicada em determinada eleição, em virtude da prática de fato com revestimento
de ilicitude eleitoral. A classificação é fornecida pelo eminente eleitoralista
Adriano Soares da Costa, baseado na teoria do fato jurídico, in expressi verbis:
A inelegibilidade cominada simples é a sanção de perda da
elegibilidade para "essa eleição", vale dizer, para a eleição na qual
foi declarada a prática dò ato reprochado como injurídico. Sua
M a r c o s R a m a ya n a D ir eit o E leitoral
1 COSTA, Adriano Soares da. Instituições de Direito Eieitorai. Beio Horizonte: Del Rey, 2000, pp. 149-150.
INELEG1BIHDADES. CONCEITO E
CIASSiFICAÇÃO. ELEGIBILIDADES C a p ít u l o 1 0
10.2 . DESINCOMPATIBIUZAÇÕES
As desincompatibilizaçÕes ou afastamentos podem ser basicamente de duas
espécies: definitivas ou temporárias. A forma definitiva ocorre por renúncia ao
mandato eletivo, pedido de exoneração dos que ocupam funções de confiança, ou,
ainda, a aposentadoria.
O afastamento temporário manifesta-se através da licença especial requerida
por servidores públicos,
A doutrina consagra que a falta de desincompatibilização acarreta a
inelegibilidade. Nesse sentido, Pedro Henrique Távora Niess.2
Leciona Joel José Cândido que a desincompatibilização é a
(...) saída v o lu n tária d e um a p e sso a , em c a rá te r p ro v isório ou p re cário
de d ireito ou de fato, de um cargo, em p reg o ou função, p ú b lica ou
p rivada, pelo prazo exigid o em lei, a fim de e lid ir in eleg ib ilid ad e que,
se rem ovida, im ped e e s s a p e s so a d e c o n c o rr e r a um ou m ais m an d ato s
e letiv o s.3
Na verdade, a incompatibilidade é uma restrição à capacidade eleitoral passiva
(direito deservotado), porque o interessado deixou de providenciar seu afastamento
temporário ou definitivo dentro do prazo legal.
2 Direitos Políticos - Elegibilidade, Inelegibilidade e Ações Eleitorais, 2a ed. São Paulo, Edrpro, p. 165.
3 Inelegibilidades no Direito Brasileiro. 2a ed. São Paulo: Edipro, p. 219.
251
M a r c o s R a m a ya n a D irhíto E leitoral
4 Direitos Políticos - Elegibilidade, Inelegibilidade e Ações Eleitorais. 2a ed. Sáo Paulo: Edipro, p. 164.
5 Curso de Direito Constitucional Positivo. 18a ed. São Paulo: Malheíros, p. 395.
252
in e le g ibilid a d es . c o n c e it o e
CLASSIFICAÇÃO. ELEGIBILIDADES C a p ít u l o 1 0
253
M a r c o s R am ayana D ir eito E leitoral
7 O doutrinador Themfetocles Brandão Cavalcanti ensina que o “registro é exigência de direito forma), interessa ao
Direito Processual Eleitoral e como ele não deve limitar-se o exercício de um direito, mas discipiiná-lo.
Pelo registro, verifica-se a situação do candidato em face da Constituição e das leis eleitorais; apura-se liminarmente
a sua condição.
Por isso mesmo não deve o registro restringir o exercício do direito, mas apenas favorecer e assegurar o seu exercício.
Bem compreendido, é uma garantia para o candidato, cuja elegibilidade se presume pelo registro.
Pretendem alguns que o registro é mero ato administrativo revogável. Entendemos, porém, que é ato administrativo em
sentido matéria! porque constitutivo de direito, e não revogável, senão nos casos e condições em que se revogam os
atos jurídicos - nulidade manifesta, erro, dolo etc.
Muitas vezes é conseqüência de processo contencioso, precedido de contestação. Não há como negar-se ao ato do
Tribunal Eleitoral caráter decisório.
Em todo o caso, o registro cria para o candidato um direito público subjetivo, reconhecendo-lhe qualidade para intervir
no pleito” (A Constituição Federal Comentada. 3a ed., v. III. São Paulo: Editora José Konfino, 1958).
2 54
INELEGIBILIDADES. CONCEITO E
class íf icação . Elegibilidades C a p ít u l o 1 0
255
M a r c o s R a m a ya n a DtRHTO E leitoral
que se falar de preclusão (art. 259, parágrafo único, do Código Eleitoral). Aqui, o
fraudador protocolizou formalmente o seu pedido de afastamento no prazo legal,
mas continuou exercendo suas funções e usando em seu benefício a máquina
administrativa, contaminando e viciando a legitimidade das eleições. Trata-se de
reconhecer, no caso concreto, a inelegibilidade superveniente ao registro como
causa suficiente de nulidade dos votos ao infrator.
Por fim, o pré-candidato deve afastar-se de direito e de fato nos prazos previstos
na legislação, mas a verificação dessa matéria é questão de fato, sendo aplicáveis as
Súmulas n 9 279 do Supremo Tribunal Federal e n e 7 do Superior Tribunal de Justiça.
Assim, o reexame das provas não desafia os recursos extraordinário ou especial.
Sobre o assunto, ver o caso concreto do Acórdão n- 13.488, de 30 de setembro de
1996, Relator Ministro Nilson Naves.
Diferente é a disciplina destinada à desincompatibilização dos candidatos
na eleição complementar. Recentemente, o TSE firmou um precedente que fixou
o prazo de 24h a partir da escolha do candidato pela Convenção Partidária para
a desincompatibilização dos candidatos (Mandado de Segurança n~ 4.171). Tal
decisão foi oriunda da insurgência relativa à fixação, pelo Tribunal Regional, de
prazo diferenciado entre candidatos que concorreram nas eleições anuladas de
outubro e os que só concorreriam na complementar. Para aqueles, o prazo seria
de 24 horas a contar da escolha do candidato pela Convenção; para estes últimos,
o prazo seria o previsto na Lei Complementar ne 64/90, qual seja, meses antes das
eleições de outubro.
0 TSE entendeu que deveria ser fixado um prazo único para todos os candidatos,
em respeito à isonomia, estabelecendo que todos sejam submetidos ao prazo de 24
horas a partir da escolha do candidato em convenção.
256
INELEGIBILIDADES. CONCEITO E
classificação. Elegibilidades C a p ít u l o 10
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TABELA REFERENTE ÀS ELEIÇÕES MUNICIPAIS
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257
M arcos
,-/■ PRÉ-CANDIDATO PRAZO o: ; REFERÊNCIA LEGAL .
Art. I 2, 11,5 e Resolução ne 20.623, de 16.5.2000, Relator
4 meses antes da data da eleição para o cargo de prefeito Ministro Maurício Corrêa, Acórdão nB 13.763, de 3.2.1997,
Dirigente síndica!. ou de vereador. Relator Ministro Francisco Rezek, e Resolução nB 19.558, de
16.5.1996, Relator Ministro Diniz de Andrada.
R
a m a y a m a ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
6 meses antes da data da eleição para ser candidato a Art. l s, 11, nc 09, e inciso IV, letra a e Acórdão ns 16.947, de
Diretor-técnlco de fundação hospitalar municipal. 21 de setembro de 2000, Relator Ministro Waidemar Zveiter.
prefeito.
6 meses antes da data da eleição para qualquer cargo Resolução na 19.978, de 25 de setembro de 1997, Relator
Magistrado e metnbro do Tribuna! de Contas. eletivo. Trata-se de afastamento definitivo. Ministro Costa Leite.
Não há previsão lega! de afastamento, mas, segundo o
Ator, jogadores de futebol e basquete, árbitro de art. 45, V!, e § l 2, da Lei ns 9.504/97, não podem, a partir
futebol etc. Profissional cujas atividades aparecem na Subsunção legal art. 45, VI, e § 1°, da Lei nfi 9.504/97.
de 1* de agosto do ano eleitora), apresentar ou comentar
mídia. programa.
Art. I 2, inciso IV, a, e Vil, b, da Lei Complementar na 64, de
Secretário executivo da Coordenador ia Municipal de 6 meses antes da data da eleição para a candidatura de 18 de maio de 1990, e Resolução nB 20.631, de 23 de maio de
Defesa Civil. vereador. 2000, Relator Ministro Eduardo Alckmín.
Art. I a, 11, o, 16, da Lei Complementar nB 64, de 18 de maio
4 meses antes da data da eleição para a candidatura de de 1990, e Acórdão ns 13,214, de 18 de dezembro de 1992,
Servidor público. vereador. Relator Ministro Flaquer Scartezzíni.
Servidor público que está nas hipóteses do art. 1°,!!, 6 meses antes da data da eleição para concorrer a Art. I a, ii, a, da Lei Complementar na 64, de 18 de maio de
a, 16, da Lei Complementar n® 64, de 18 de maio de vereador. Não são suficientes os 3 meses exigidos, em 1990, e Acórdão ns 12.761, de 24 de setembro de 1992,
1990. Diretor regional de educação. gera), dos servidores. Relator Ministro Sepúlveda Pertence.
Servidor público que está nas hipóteses do art. I a, II, 6 meses antes da data da eleição para concorrer a Art. I a, II, a, da Lei Complementar na 64, de 18 de maio de
o, 16, da Lei Complementar n4 64, de 18 de maio de vereador. Não são suficientes os 3 meses exigidos, em 1990, e Acórdão na 12.761, de 24 de setembro de 1992,
1990. Diretor regional de educação. geral, dos servidores. Relator Ministro Sepúiveda Pertence.
Art. l s, íí, a, e 16,111, a e IV, o, da Lei Complementar nB 64, de
Coordenador regiona! do lnamps e diretor de 4 meses antes da data da eleição para concorrer a 18 de maio de 1990, e Resolução na 17.974, de 26 de março
programa da LBA. prefeito. de 1992, Relator Ministro Hugo Gueiros.
Art. I a, 11,! da Lei Complementar nfi 64, de 18 de maio
A regra geral é de 3 meses, seja para eleições nacionais, de 1990, e Acórdio n9 14.267, de l fl de outubro de 1996,
Servidor público. estaduais e municipais. Relator Ministro Eduardo Ribeiro.
Art. I a, II, i, da Lei Complementam® 64, de 18 de maio de
Empregado de sociedade de economia mista 3 meses antes da data da eleição para vereador. 1990, e Acórdão nfi 14.392, de 30 de setembro de 1996,
(Petrobrás). Relator Ministro Eduardo Ribeiro.
Servidor público de fato. Empregado de empresa que Acórdão n9 16.723, de 17 de outubro de 2000, Relator
Não está sujeito a prazo de desincompatibilização.
presta serviços ao município. Ministro Fernando Neves.
Art. I 9, ii, 1 e IV, o, da Le! Complementar nfi 64, de 18 de
3 rnteses antes da data da eleição para a candidatura de maio de 1990, e Resolução na 20.611, de 2 de maio de 2000,
Médico do INSS. prefeito ou de vice-prefeito. Relator Ministro Nelson ]obim.
I n e l e g i b i l i d a d e s . C onceito
PRÉ-CANDIDATO REFERÊNCIA LEGAL
3 meses antes da data da eleição para a candidatura de Art. I a, II, d, da Lei Complementar na 64, de 18 de maio
Secretário da junta do serviço militar. de 1990, e Resolução n® 20.618, de 11 de maio de 2000,
vereador ou de prefeito,
Relator Ministro Eduardo Alckmin.
Servidor contratado temporariamente. Agente 3 meses antes da data da eleição para a candidatura de Art. 1B, 11, /, da Lei Complementar ns 64, de 18 de maio de
censitárlo do IBGE. vereador, 1990, e Acórdão n9 16.759, de 12 de setembro de 2000,
Relator Ministro Garcia Vfeira.
3 meses antes da data da eleição para as candidaturas Art. 1», ii, /, da Lei Complementar na 64, de 18 de maio
Servidor público em cargo de comissão. de 1990, e Resolução nB 20.623, de 16 de maio de 2000,
de prefeito e vereador.
Relator Ministro Maurício Corrêa.
3 meses antes da data da eleição para qualquer Art, 1*, ii, l, da Lei Complementar ne 64, de 18 de maio
e
Assessor especial de ministro. de 1990, e Resolução nB 20.172, de 16 de abri! de 1998,
candidatura.
Relator Ministro Costa Porto,
Servidor do Fisco que tem atribuição para o Art, l fl, 11, d, da Lei Complementar na 64, de 18 de maio de
6 meses antes da data da eleição para os candidatos a
lançamento, arrecadação e fiscalização de impostos, 1990, e Acórdão nB 16.734, de 12 de setembro de 2000,
prefeito e vereador,
taxas e contribuições. Relator Ministro Costa Porto.
3 meses antes da data da eleição para os candidatos a Art. I a, 11, l, da Lei Complementar na 64, de 18 de maio
Titulares de serventias judiciais e extrajudiciais. de 1990, e Resolução n* 14.239, de 10 de maio de 1994,
deputado,
Relator Ministro Pádua Ribeiro.
3 meses antes da data da eleição para as candidaturas Art, I a, II, l, da Lei Complementar na 64, de 18 de maio de
Vogal de Junta Comercial. 1990, e Resolução na 19.995, de 9 de outubro de 1997,
de prefeito e vereador,
Relator Ministro Costa Porto.
Membros de conselhos diretor, fiscal ou consultivo de 4 meses antes do pleito se for para candidaturas de Arts. 1R, iíf, b, 3, fV, a e Vil, b da Lei Complementar ns 64, de
entidade representativa de municípios. prefeito ou vice-prefeito e 6 meses para vereador. 18 de maio de 1990, e Resolução ns 20.643, de 1 B de junho
de 2000, Relator Ministro Maurício Corrêa.
Membros do Ministério Público (Vedação de filiação, 1 ano antes da data da eleição. Adota-se o mesmo prazo ADINs n® 1.377 e nB 1.371 e ADInMC n« 2.084 do Supremo
BC na 45, ver comentários na p. 252). da filiação partidária. Tribunal Federal, e Resolução na 20.836, de 7 de agosto de
2001 (TSE), Relator Ministro Sepúlveda Pertence.
D ireito
E leitoral
260
Presidente e
Cargo pretendido . Governador c ;
Vice-presidente da Senador Deputado federal Deputado estadual
Função ocupada Vlcc*governador
. . República
6 meses 6 meses
6 meses 6 meses 6 meses
Definitivo Definitivo
Definitivo Definitivo Definitivo
LC n2 64/90, art. 1«, II, a, S LC na 64/90, art. I 2, II,
Advogado-geraS da União LC n2 64/90, art. I», li, o, 5 LCn2 64/90, art. I a, 11, o, 5 LC na 64/90, art. 1*, II, 0,5
c/c III, a a, 5 c/c V!
Não há precedente c/c V, o c/c Vi
Não há precedente Nâo há precedente
específico Não há precedente especifico Não há precedente específico
específico específico
6 meses
6 meses 6 meses 6 meses
6 meses Definitivo
Definitivo Definitivo Definitivo
Definitivo LCn2 64/90, art, 1*, II,
Autarquia Dirigente Res. ns 14.182/94 Res. na 14.182/94 LCn« 64/90, al t, I a, II, o, 9 .
Res. M 14.435/94 a, 9 c/c VI ’
LC n* 64/90, art. 1« II, a, 9 v LC nB 64/90, art. I a, II, o, 9 C / C VI;
LC n2 64/90, art. 1», li, o, 9 Não há precedente ;
c/c III, a c/ c V ,a - Não há precedente específico
especifico
3 meses 3 meses
Chefe de missão Não há precedente Res. n8 14.349/94 Res. nc 14.349/94 Definitivo Definitivo
diplomática específico, LC n® 64/90, art. 1*111, o LC na 64/90, art. l«,V ,o LC n2 64/90, art. 1», II,/ LCna 64/90, art. X», II, /
Res. n2 22.096/05 Res.n« 22.096/05
Chefe do Executivo
6 meses
Reeleição 6 meses 6 meses 6 meses
Definitivo
Desnecessidade Definitivo Definitivo Definitivo
Res. n» 21.053/02 .
Presidente da República ■ Ac. n« 19.178/01 Res. 21.053/02 ■- Res. n2 21.053/02 Res. n» 21.053/02
CF/88, art. 14, § 6a ■
Res. n« 19.952/97 CF/88, art. 14, § 6a CF/88, art. 14, § 62 CF/88, art. 14, § 6a
LC n» 64/90, art. 1®,
CF, art. 14, § 5a LC n* 64/90, art. I 2, § I a LC n« 64/90, art. I a, § I a §12 LC 64/90, art. I 2, § I a
6 meses
6 meses
Definitivo Reeleição 6 meses 6 meses
Definitivo
Res. n2 22.119/05 . Desnecessidade Definitivo Definitivo
Res, n« 22.119/05
Governador. - CF/88, art, 14 § 6a ............ Ac. ne 19.178/01 Res. nE 22,119/05 Res. n2 22.119/05
CF/88, art, 14 § 6®
LC n« 64/90, art, l 2, I!, a, Res. nB 19.952/97 CF/88, art. 14 § 6a CF/88, art. 14 § 6e
LC n2 64/90, art. I a,
10 CF/88, art. 14, § 5a ' LC n« 64/90, art. 12, § 1 2 LC 64/90, art. I a, § 1 *
LC n» 64/90,.a rt 1», § I a
6 meses
Definitivo 6 meses " 6 meses í !->\ . 6 méses
a.
■Definitivo ■ s
Res.n» 21.695/04 Definitivo. Definitivo...................- ' Definitivo’
Res. ns 21.695/04 .
Prefeito CF/88, art. 14, § 6® Res. na 21.695/04, Res. n2 21.695/04
LC n2 64/90, art. 1», ii, a, CF/88,.art. 14, § 6«
Res. na 21.695/04
■CF/88, art,.14i § 6B. , ..
CF/88, art. 14, § 6*
CF/88, art. 14, § 62
§
LC n« 64/90,, art. I a,
LC nfi ,64/90, art. lV § 1® ■' iiC n2 64/90, a rt 1*, § I a LCn2 64/90, art. I a, § I a
LC n« 64/90, art. 1* § I a '
I
Presidente e
Cargo pretendido G overnadore
Vice-presidente da í: i' Senador U ;; ; :, Deputado federal Deputado estadual
Função ocupada Vice-governador í
República
6 meses 6 meses 6 meses
6 meses 6 meses
Chefe dos órgãos de Definitivo Definitivo Definitivo
Definitivo Definitivo
assessoramento direto, LCn2 64/90, art. I a, 11, a, LC nÈ 64/90, art. I a, II, a, LC n» 64/90, art. I a, 11, o,
LC n2 64/90, art. I a, ii, o, 2 LC ns 64/90, art. I 2, II, a, 2
civil e militar, da 2 c/c i II, a 2 c/c V, a 2 c/c VI
Não há precedente c/c VI
Presidência da República Nâo há precedente Não há precedente Nâo há precedente
específico Nlo há precedente especifico
específico especifico específico
6 meses ;.y:y ■fctnes 6s ; ^ ^v; :, 6 meses .
6 meses ■ lyíyí 6 meses. . . . .
Chefe do órgãò de • Definitivo. Definitivo
Definitivo Definitivo
asséssorámentò •. LC n2 64/90, art. 1«, li, a,: LC h2 64/90, art. I a, ii, a; ' ; LC na 64/90, art, l fi, II, o,
LC n2 64/90, art, 1», 11, o,3 LC n« 64/90, árt, l=, II, o,3
de informações da . V • 3 c/c III, a ■ : .• 3 c/c VI. . • .
Não há precedente, c/c Vi .
Presidência da República Nâo há precedente . ' j . Não há precedente ' Não há precedente
específico... . .' . .. Não há precedente específico •'
específico j específico. :. específico
6 meses 6 meses 6 meses
6 meses 6 meses
Definitivo Definitivo Definitivo
Definitivo Definitivo
Chefe do Estado-Maior LCn» 64/90, art. 1* II, a, LC n® 64/90, art. Xa, H, o, LC na 64/90, art. 1®, !!,o,
LC na 64/90, art. 1», II, o,4 LC n* 64/90, art. I a, 11, a, 4
das Forças Armadas 4 c/c III, a 4 c/c V, o 4 c/c VI
Não há precedente c/c Vi
Não há precedente Não há precedente Não há precedente
especifico Não há precedente específico
específico específico específico
6:'m’e ses'^> 'v \ :;;;- 6 meses ; '■/;* í•
'6 mesè i s ^ Wi;ií? 6 meses
Definitivo . Definitivo . : i>efín iti vò'//-".v; ; i :-',yv. v'.!-:•
Chefe do Estado Maior Definitivo ■ Definitivo
L C n*64/ 90,art. I a, II,a,. LC n2 64/90, art. 1», II, o, i LCn2 64/90, art, 1«, I!,o,
da Marinha, Exército e LCn2 64/90, art. l fi, II, o, 6 LCn« 64/90, art. I 2, 11, a, 6
6. c/c 111, a . . 6 c/c V, a
Aeronáutica Nâo há precedente c/c VI ..
Não há precedente . ; Não há.precedente | Não há precedente . i
específico Não há precedeiite específico ;
específico ; ;■-i: e s p e c í f i c o ’■ especifico
6 meses 6 meses 6 meses
6 mèses 6 meses
Definitivo Definitivo Definitivo
Definitivo Definitivo
Comandante da Marinha, LC n« 64/90, art. 1»,!!, o, LC n2 64/90, art. 1«, II, a, LC n« 64/90, art. 1», II, o,
LC n2 64/90, art. 12,H, o,7 LCn2 64/90,art. I a,II, o, 7
Exército e Aeronáutica 7 c/c Hl, o 7 c/c V, a 7 c/c VI
Não há precedente c/cV!
Nâo há precedente Não há precedente Não há precedente
específico Não há precedente específico
específico específico específico
6 meses ■.... 6 meses 6 meses 6 meses
ComandantésdoDistrito
Não há precedente Definitivo i Definitivo ■■'■■■ Definitivo Definitivo ’
Naval, Região Militar e
específico LCn2 64/90, art. 1 « ,III,J. LC n° 64/90, Art. 1*, 111, b, LC n2 64/90, art, I a, Ili, b, LC na 64/90, a r t I a, lfi, i>, 2
Zona Aérea
2 c/c V, b 2 c/c VI c/c VI í;.uí.--V,
Conselho Municipal dos
Desnecessidade Desnecessidade Desnecessidade Desnecessidade Desnecessidade
Direitos da Criança e do
Res. n° 14.265/94 Res. n2 14.265/94 Res. ne 14.265/94 Res. n« 14.265/94 Res. na 14.265/94
Adolescente
2r-
NJ Presidente e
Cs Cargo pretendido
Vice-presidente da
Governador e '
tsJ Senador Deputado federal Deputado estadual
Função ocupada Vice-governador
República
6 meses 6 meses 6 meses 6 meses
6 meses
Definitivo Definitivo ■ Definitivo • ’’ Definitivo ...
Definitivo
Córisúítór Géral d a; ■: LC n2 64/90, art, I a,. II, LC.n« 64/90, art,1«, II, a, 5 LCn« 64/90, art, 1« II, a, LC n® 64/90, a r t .P , II, o,
LC n2 64/90, art. 1», Ii, a, 5
República /'"■/■ c/c in, a 5 ic /c V, à ' 5 c/c VI
c/c VI
Não há precedente ■■ N5o há precedente . Não há precedente. . . . . Não há precedente
específico específico •: Não há precedente específico
específico específico' .
3 meses 3 meses
Não há precedente Não há precedente Não há precedente
Defensor público Res. 21.074/02 Res. na 21.074/02
específico especifico específico
LC n®64/90, artv I a, II, /c/c VI LC n« 64/90, art. I a, 11, /c/c VI
3 meses .-■■■■
Não há precedente Nâo há precedente • Não há precedente Não há precedente
Delegado de polícia. Ac. n® 210/98
específico • específico especifico específico
LC n® 64/90, art. I a, 11, /c/c VI
6 meses 6 meses 6 meses 6 meses
6 meses
Definitivo Definitivo Definitivo Definitivo
Definitivo
Empresa pública - LC na 64/90, art, 1», ii, LC n® 64/90, art. 1», 11, a, 9 LC nD64/90, art. 1®, 11, o, LC n® 64/90, art. 1®, 11, a,
LC nfl 64/90, a rt 1°, il, o, 9
Dirigente a, 9 c/c Ul, a 9 c/c V, a 9 c/c VI
c/c V!
Não há precedente Nâo há precedente Não há precedente Não há precedente
Nâo há precedente específico
específico especifico específico específico
Empresas que, pelo
âmbito e natureza de 6 meses ■ -> 6 meses ■ 6.meses . ■
’
6 meses '-
suas atividades, possam •; :; LCn2 64/90, art. i sj i , e, ; :. LC n« 64/90/art. I 2, H, é • LC ^ 64/90, art, 1», 51, e 6 meses ; - vi
LCn® 64/90, art. 1 E, II, e
influir na economia- c/c III, ít c/ cV ,a \ ;'- ' LC na 64/90, art. 1», II, e c/c VI
Nâo há precedente . ■
nacional - Dirigente (L e i: Nàò há precèdeiite Não há precedente Não há precedente Não há precedente específico
específico'
n2 8.884/94, que révogoú a específico específico . .. específico >
Lei n2 4.137/ 62) • •
Empresas que atuem
<4 no Brasil, em condições
monopolísticas -
6 meses 6 meses 6 meses
Controladores que não 6 meses
IC n* 64/90, art. 1», LC n® 64/90, art. 1», 11,/, LC n® 64/90, a r t 1*, U ,f 6 meses
apresentarem prova da LC n® 64/90, art. 1«, II,/
c/c III, a c/c V, a c/c VI LC m» 64/90, art. 1», II./c/c VI
cessação do abuso do Não há precedente
Não há precedente Não há precedente Não há precedente Não há precedente específico
poder econômico apurado especifico
específico específico específico
ou de que transferiram
o controle das referidas
empresas
. Presidente e
Cargo pretendido. , Governador e Deputado estadual
VJce-prcsidente da Senador Deputado federai
Função ocupada :; Vlce-govemador
. República
Empresas que tenham, v-g
objetivos exclusivos de. ::
m
r- m
operações financeiras é ; ;. 6 ineses ■ . ... .. .i . 6 meses 6 meses • rn *w
façam publicamente ápèlò r 6 meses •• . ■
LC n® 64/90, art. 1®, II, h, LC n» 64/90, art. I 4, ü, h, : LC n* 64/90, art. I a, If,h , 6 meses on
à poupançaèaocrédito, LCn2 64/90, art. 1», !i, h ■
c/ cIII,« : ... c/c V, a ,, , c/c VI LC ns 64/90, art. 1«, 11, ft, c/c VI 52 «z
inclusive cooperativas .' - Nãõ.há precedente . Não há precedente Não há precedente ■. Não há precedente específico Co
Não há precedente
e estabelecimentos q u e.• especifico
específico :. específico ■. específico os
gozem de.v a n ta g en s.. . , èpiS>-
asseguradas.pelo poder; . </>m
público - Dirigente,{ . ;
Entidade de classe {Dirigente, administrador ou representante)
CREA (presidente) 6 meses
Anuidades e taxas que se Não há precedente Não há precedente Não há precedente Não há precedente
Ac, n* 290/98
enquadram no conceito de específico específico específico específico
LC n» 64/90, art. 1», II, d , c/c VI
contribuição parafiscat.
4 meses 4 meses 4 meses
4 meses 4 meses
Res. n» 21.041/02 Res.n0 21.041/02 Res. na 21.041/02
Dirigente sindical Res n« 21.041/02 Res. n® 21.041/02
LC 64/90, art. 1», ii,^r, c/c LC n2 64/90, art. 1«, ii,^, I,C 64/90, art. 1» 11, 0 ,
LC 64/90, art. 1», II, g LC n® 64/90, art. 1«, II, g, c/c Vi
111,0 c/c V, a c/c VI
4 meses 4 meses 4 meses
4 meses 4 meses
Dirigente sindical nâo Ac. 622/02 Ac. n= 622/02 Ac. n» 622/02
Ac. n® 622/02 Ac. n® 622/02
remunerado LC 64/90, art. 1»,H,0, c/c LC n« 64/90, a r t 1», II,g . LC n® 64/90, art. 1», fi,5 <
LC n» 64/90, art. 1 » ,\\,g LC n* 64/90, art. 1», II,g , c/c VI
III, a c/c V, a c/c VI
4 meses 4 meses
4 meses
Não há precedente Nâo há precedente Res. n4 20.15 5/98 Res. n® 20.155/98
Entidade patronal estadual Res. 20,155/98
especifico específico LCn» 64/90, art. l 2,H,jg, LC n® 64/90, art. 1®, 11, g,
LC 64/90, art. I a, 11, 0 , c/c VI
c/c V, a c/c VI
4 meses 4 meses 4 meses
4 meses
4 meses Res. n» 22.168/06 Res. n5 22.168/06 Res. n» 22.168/06
Entidade de classe em geral Res. n® 22.168/06
LC n® 64/90, art, 1°, II, g LC n® 64/90, are. I 2, U,g, LC n® 64/90, art. 1», 11,5 , LC 64/90, art. 1», » ,£ ,
LC n® 64/90, art. 1», 11, 0 , c/c VI
c/c Hi, o c/c, V, a c/cV!
4 meses
4 meses
4 meses Res.n® 21.041/02
Res. n® 21.041/02 4 meses
Entidade patronal nacional Não há precedente Res.n» 21.041/02 Res. n® 20.018/02
Res. n« 20.140/98 Res. n2 20.140/98
(CNI ou CNC) específico LCn» 64/90, art. 1»,II ,g , Res. n« 20.140/98
LC n» 64/90, art. 1», i l,g, LC n» 64/90, art. I a, 11, 0 , c/c VI
c/c III, a LCn» 64/90, art. 1°, 11,g,
c/c VI
c/c V, a
Is5
C'
W
264
M
Presidente e
Cargo pretendido Governador e
a rcos
7 Vlce-presldente da ; Senador Deputado federai Deputado estadual
FnnçSoocupada Vicè-governador
Republica
Não há precedente Não há precedente Não há precedente Não há precedente Desnecessidade
Motorista de sindicato
específico específico especifico específico Ac. n® 181/98
R
„
a m a y a n a ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4 meses
4 meses 4 meses
4 meses Ac. n® 14.316/96 4 meses
Ac. n® 14.316/96 Ac. n® 14.316/96
Ac. n® 14.316/96 Res. n® 16,551/90 Ac. n® 14.316/96
OAB Res. n® 16.551/90 Res. n® 16.551/90
Res.n» 16.551/90 Ac. n® 11.206/90 Res. n® 16.551/90
LC n® 64/90, art. 1°, )l,g, LC n® 64/90, art. 1®, 11,0,
LC n® 64/90, art. 1», II,g LC n5 64/90, art. I 2, II, g, LC 64/90, art. 1®, 11, g, c/c VI
c /c 111, a c/c VI
c/c V, (i
4 meses
Não há precedente Não há precedente Não há precedente
SESI e SENAI Res. n® 20.018/02 Não há precedente específico
específico específico especifico
LC n® 64/90, art.
6 meses LC n« 64/90, art. 1», II,«, 9, LC ns 64/90, art. 1®, II, a, . LC n« 64/90, art. 1®, 11, a,
LC n* 64/90, art. 1», 11, a, 9,
Eritídãde mantida pelo •', LC na 64/90, art. l« ,H ,a ,9 c/c 111, a 9, c/c V, a 9, c/c V!
c /c VI
Pòder Público - Dirigente7 ■ Não há precedente Não há precedente . Não há precedente Nâo há precedente
Não há precedente especifico
espèdfíçó •^ especifico específico especifico
Entidade que mantenha
6 meses 6 meses 6 meses
contrato com o Poder 6 meses
LC n® 64/90, art. 1», il, i, Res. n® 20.116/98 Res. n® 20.116/98 6 meses
Público ou sob seu LC n® 64/90, art. 1°, II, /
c/c 131, a Ac. n2 20.069/02 Ac. n® 556/02 LC na 64/90, art. 1®, 11, /, c/c VI
controle, salvo contrato Não há precedente
Não há precedente LC 64/90, art. 1®, II, í, c/c LC n* 64/90, a r t . l M U Não há precedente específico
com cláusulas uniformes - específico
específico V, o c/c Vi
Dirigente
Membro de conseiho de 6 meses 6 meses
administração de empresa Não há precedente Não há precedente Res. n® 20.116/98 Res. n® 20.116/98
Não há precedente específico
concessionária de serviço específico específico LC 64/90, art. I 5, II, í, c/c LC n« 64/90, art. 1», IE, í,
público federal V, a c/c VI
6 meses
Sociedade civil que
Ac. n® 20.069/02.
mantém contrato de
Não há precedente Não há precedente Candidatura a suplente de Não há precedente
prestação de serviços Não há precedente específico
específico específico senador específico
de assistência social no
LC n« 64/90, art. 1®, II, í,
município
c/c V, a
6 meses
Não há precedente Não há precedente Ac, n® 19.988/02 Não há precedente
Contrato de publicidade Não há precedente especifico
específico específico LC n® 64/90, art, l * ,l i,í , específico
c/c V, a
r-x
6 meses
Presidente de empresa Não há precedente Não há precedente Não há precedente Ac. na 15.396/98
Não há precedente específico
municipal especifico específico específico LC 64/90, art. 1», II, /,
c/c VI
c
.
i n e l e g i b i l i d a d e s . C onceito
Presidente e
Cargo pretendido Governador e
Vice-presidente da Senador Deputado federal Deputado estadual
Função ocupada Vicc-govemador
República
Fundação de direito
Desnecessidade Desnecessidade Desnecessidade Desnecessidade . Desnecessidade
privado não mantida pelo
Res.n® 22,169/06 Res. n« 22.169/06 Res. n«-22,169/06- Res, na 22.169/06 Res. n® 22.169/06
Poder Público - Dirigentes
Fundação de
6 meses 6 meses 6 meses 6 meses 6 meses
direito privado que
Res. rs® 14.153/94 Res.n® 14.153/94 Res. n« 14.153/94 Res. n® 14.153/94 Res. n® 14.153/94
receba subvenções
LC n* 64/90, art. 1», LC n* 64/90, art. 1®, II, a, 9, LC n» 64/90, art. 1®, II, o, LC n« 64/90, art. 1 M l, o, LC n® 64/90, art. 1®, II, a, 9,
imprescindíveis à sua
II, a, 9 c/c II!, a 9, c/c V, a 9, c /c Vi c/c V!
existência - Dirigente
Fundação de direito ..
e
privado vinculada a . ..
Desnecessidade. . Desnecessidade . Desnecessidade ; Desnecessidade .: Desnecessidade
partido político/mantida
Res. n® 20.218/98 Res. n® 20,218/98 Res.n® 20.218/98 Res.n® 20.218/98 Rés. ri® 20.218/98
exclusivamente com v
Res. na 21.060/02 Res.n® 21,060/02.. Res. n® 21.060/02 Res. n® 21.060/02 Res. n® 21.060/02
recursos do Fundo . . Jí;
Partidário Dirigente ■....
6 meses 6 meses 6 meses 6 meses
Definitivo Definitivo Definitivo Definitivo 6 meses
Fundação pública - LC n® 64/90 art. 1®,Ü, LC n® 64/90 art. 1®, I!, a, 9 LC n® 64/90 art. 1®, II, a, LC n8 64/90 art. 1®, II, a , Definitivo
Dirigente o,9 c/c líi, o 9 c/c V, a 9 c/c VI LCn® 64/90 art. 1®, II,a, 9 c/c VI
Não há precedente Não há precedente Não há precedente Não há precedente Nâo há precedente específico
especifico específico específico específico
6 meses .
Não há precedente ■ Não há precedente . Não há precedente
Gabineteclvil- chefe; Ac. n« 19.987/02 Não há precedente específico '
especifico' específico • específico
LC n® 64/90, art. 1®, III, 6,1
6 meses 6 meses 6 meses 6 meses 6 meses
Definitivo Definitivo Definitivo Definitivo Definitivo
Res. n® 20.539/99 Res. n« 20.539/99 Res. n® 20.539/99 Res. n« 20.539/99 Res. n® 20.539/99
Magistrado
Res. n® 19.978/97 Res. n* 19.978/97 Res. n® 19.978/97 Res. n® 19.978/97 Res. n® 19.978/97
LC n® 64/90, Art. 1», LC n® 64/90, Art. 1®, il, a, 8, LC n® 64/90, Art. 1®, li, a, LC n® 64/90, Art. 1®, II, a, LC n« 64/90, Art. 1®, 11, a, 8, c/c
II- a, 8 C/C III, fl 8, c/c V, a 8, c/c VI VI
Ac. n® 20.169/02
Ac. n® 20.318/02 Afastamento règído pe!o art. 14,
Não'há precedente Não há precedente Não há precedente
Militar ■' : ■ Afastamento regido pelo § 8®, da CF/88
específico - r- especifico específico ':
art. 14, § 8®, da CF/88 Inaplicábilidade.do art. 1®, I!, 1,
da LC n« 64/90,
6 meses
6 meses
6 meses Definitivo
6 meses Definitivo 6 meses
Definitivo Res. »® 14.319/94
Ministério Público - Definitivo Res.n® 14.319/94 Definitivo
Res. n® 14.435/94 Ac. n» 647/02
Membros Res. n® 14.435/94 Res.n» 14.435/94 Res.n® 14.319/94
LCn® 64/90, art. 1®, ii Res. n® 14.435/94
LC n® 64/90, art. 1®, li,/ LC n® 64/90, art. 1®, 11,/, LC n® 64/90, art. 1®, 1!,/, c/c V!
c/c III, 0 LCn9 64/90, art. 1®, 11,;,
D
c/c V, o
c/c VI
ireito
265
e leito r a
Presidente e
Cargo pretendido Governador é
Vice-presidente da Senador Deputado federal Deputado estadual
Função ocupada Vice-governador,
República
6 meses - 6 meses 6 meses . .., ■ 6 m ese s: 6 meses
Definitivo , Definitivo . Definitivó Definitivo . .. . Definitivo .
Ministros de Estado
LC n» 64/90, art. I a, II, : LC nB 64/90, art. 1«,H, oj LCn2 64/ 90,art. I a, 11,a, LC ns 64/90, art. 1«, II, a,' LC ns 64/90, art, I a, II, o, 1 ■■■.:
0,1 • 1, c/c 111,0 1 C/C V, 0 ' : 1 c/c VI: c/c V3
Desnecessidade Desnecessidade Desnecessidade Desnecessidade Desnecessidade
Parlamentar Res. n» 19.537/96 Res. n» 19.537/96 Res. n» 19.537/96 Res. na 19.537/96 Res. nB 19.537/96
Res. n« 21.704/04 Res. na 21.704/04 Res. n» 21.704/04 Res. 21.704/04 Res. na 21.704/04
Desnecessidade . Desnecessidade Desnecessidade . Desnecessidade Desnecessidade
Ac. na 192/98 Ac.n! 192/98 : : Ac, ba 192/98 Ac. na 192/98 . Ac. n* 192/98
Partido político - Dirigente.
Res. n» 20.219/98 . Res. na 20.219/98 Res. n® 20.219/98 ; Res. na 20.219/98 • Res. na 20.219/98
Res, nfi 20.220/98 .. . Res. n* 20.220/98 Res. na 20.220/98 Res. na 20.220/98 Res. na 20.220/98 -
6 meses 6 meses 6 meses 6 meses 6 meses
Poiícla Federal - Diretor- Definitivo Definitivo Definitivo Definitivo Definitivo
geral LC na 64/90, art. 1« 11, LC na 64/90, art. 1# II, o, LC n° 64/90, art. 1°, 11, a, LC na 64/90, art. I a, II, a, LC ^ 64/90, art. I a, II, a, 15
0 ,1 5 15, c/c III, o 15 c/c V, o 15 c/c VI c/c Ví
Profissional cuja atividade
é divulgada na mídia . ;
(a exemplo, de atores,; Desnecessidade. Desnecessidade Desnecessidade, . Desnecessidade Desnecessidade ,■ ; . .
Jogadores de basquete y.-'; Rés. ri® 20.243/98 , Res. n« 20.243/98 . . : V ' Res. na 20.243/98 Rés. n» 20.243/98 Res. nfi 20.243/98 ' . '-'V-:::;?
ou futebol/ árbitros de ;' i <
futebòl) . ..
6 meses 6 meses 6 meses 6 meses 6 meses
Reitor de universidade
Definitivo Definitivo Definitivo Definitivo Definitivo
pública, federa) ou
Res. n* 22.169/06 Res. na 22.169/06 Res. na 22.169/06 Res. na 22.169/06 Res. n* 22.169/06
estadual, de natureza
LCn» 64/90, art. I a, 11, LC n« 64/90, art. 1», íl,a, LC na 64/90, art. I a, II, a, LC na 64/90, art. I a, íi,c , LC n* 64/90, art. 1», li, o, 9, c/c
autárquica ou fundacional
a, 9 9, c/c III, o 9, c/c V, o 9 , c/c VI VI
6 meses .6 mese ÍUi WÍ S íò i: 6 tnes èsjio': ■í í ^
6 meses • . 'f r m e S ^ í i y ^ ^ ;,c í‘ í;í; ®
Definitivo 0 efi nitívòiííi' iíi'‘-í’ Definitivo. .
Definitivo í:- Definitivo
LC n« 64/90, art. 1», li, LC na 64/90, art. I a, II, a, .- LC IIa 64/90, ai-t. 1«, II, a,
Secretário de Estado Res; n» 20.156/98 LC nB 64/90, art. I a, II,«, 12
a. 12 • 1 2 :c _i2
LC na 64/90, art. I a, II, a,
Nâo há precedente,. . Não há precedente , Não.hápre c« den t e ; - , ; i;
12 c/c III,o Nâo há precedente específico
específico . ■ específico específico -
6 meses 6 meses 6 meses
Secretários-gerais, 6 meses 6 meses
Definitivo Definitivo Definitivo
executivos, nacionais, Definitivo Definitivo
LC ns 64/90, art. 1 M U , LC na 64/90, a rt I a, II, o, LC na 64/90, art. 1», II, o,
federais dos Ministérios e LC n* 64/90, a rt I a, II, LCn» 64/90, art. I a, II, a, 16
16 c/c III,o 16 c/c V, a 16 c/c VI
pessoas que ocupem cargos o, 16 Nâo há precedente c/c VI
Nâo há precedente Não há precedente Nâo há precedente
equivalentes especifico Não há precedente específico
específico específico específico
Presidente e
Cargo pretendido Governador c
Vice-presidente da Senador ' Deputado federal : Deputado estadual
Função ocupada
República
Vice-governador 0£ sr*
6 meses 6 meses 6 meses
Secretários municipais 6 meses- kS
ou membros de órgãos
Não há precedente.
Definitivo
Definitivo, ’ . . Definitivo Definitivo PS
especfflco LCiiD64/90,’a r t l e, 02, b, LC nB 64/90, art. 1*, III, b, LC na 64/90, a r t I a, III, b. 4,
congêneres LC n* 64/90, art. I a, 111, b, 4
4 c/c V, b 4 c/c VI c/c VI oo
Servidores públicos, 3 meses 3 meses 3 meses
3 meses 3 meses ãz
estatutários ou não, dos
Remunerado
Remunerado Remunerado Remunerado
Remunerado cn
órgãos da administração Ac. n« 14,267/96 Ac, na 14.267/96 Ac. nc 14.267/96 OB
direta ou indireta da União,
Ac. na 14.267/96
Res. na 20.623/00 Res. ns 20.623/00 Res. na 20.623/00
Ac, na 14.267/96 H
OO
Res. n8 20.623/00 Res. na 20.623/00
Estados, DP, Municípios e IC ns 64/90,art. I a, li,/, LC n*> 64/90, art. I a, II, /, LC n® 64/90, a r t I a, II, /, C/k frt
LC na 64/90, art. I a, ii, ! LC na 64/90, a r t 1®, II, /, c/c VI
Territórios. c/c III, a c/cV, o c/c VI
3 meses 3 meses 3 meses 3 meses 3 meses
Definitivo (Contrato Definitivo (Contrato Definitivo (Contrato Definitivo (Contrato Definitivo (Contrato
Agente comunitário de
temporário) temporário) temporário) temporário) temporário)
saúde
Remunerado (Efetivo) Remunerado (Efetivo) Remunerado (Efetivo) Remunerado (Efetivo) Remunerado (Efetivo)
Res. n» 21.809/04 Res. na 21.809/04 Res. n« 21.809/04 Res, na 21.809/04 Res. n« 21.809/04
Não há precedente N3o há precedente Nâo há precedente Não há precedente 3 meses
Agente de polícia
específico específico especfflco específico Ac. nfl 252/98
3 meses 3 meses 3 meses 3 meses 3 meses
Agente penitenciário
Ac. na 173/98 Ac. na 173/98 Ac. na 173/98 Ac. na 173/98 Ac. na 173/98
Não há precedente Nâo há precedente Não há precedente Não há precedente 3 meses
Auxiliar de enfermagem
específico específico específico específico Ac. n2 559/02
3 meses 3 meses 3 meses
Empregado de sociedade Não há precedente Não há precedente
Remunerado Remunerado Remunerado
de economia mista específico específico
Ac. n° 15.459/98 Ac. nB 554/02 Ac. na 15.481/98
Presidente e
Cargo pretendido Governador c
Vice-presidente da Senador Deputado federal Deputado estadual
Função ocupada República
Vlce-govemador Q2
Ocupante de cargo em comissão de nomeação pelo Presidente da República sujeito ã aprovação pelo Senado Federal
3 meses 3 meses 3 meses
So I2
Chefe de missão Não há precedente Não há precedente Definitivo Definitivo ; Definitivo
diplomática especifico. específico Sem remuneração : Sem remuneração. Sem remuneração
Res.nü 22.096/05 Res. ns 22.096/05 ' Res. n® 22.096/05
OQ
c2o ^
2
Cargo comissionado
Definitivo . Definitivo Definitivo . . . . . . Definitivo .. Definitivo ' Cn
por tempo certo, não
Res. n* 14.355/94 Res. n* 14.355/94 Res.n® 14.355/94 Res. n® 14.355/94 Res.ii® 14.355/94 o
>E
demissível a d nutum oo
6 meses 6 meses ■,=. 6 meses ,
6 meses .-v. ■ 6 meses
Conselho Administrativov.; Definitivo Definitivo ; ■: : Definitivo.
Definitivo ■■ Definitivo
de Defesa Econômica Res. n® 14.435/94 Res. n® 14.435/94 Res. n® 14.435/94
Res. n® 141435/94 Res, n« 14.435/94
(membros) LC n» 64/90, art. I a, 11, ii, LCn® 64/90,art. 1 * ,II,b LC n® 64/90, art. 1®, 11, fc
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3 meses
3 meses
Remunerado
Não há precedente Não há precedente Não há precedente Remunerado
Vogal de Junta Comercial Res. n» 19.995/97
específico específico específico Res. n® 19.995/97
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LC n® 64/90, art. 1®, II, /c/c VI
c/c Vi
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Sociedade de assistência a Não há precedente Resolução n® 20.645/00 . Resolução n® 20.645/00' Resoiução n® 20.645/00 ^ Resolução ii® 20.645/00
municípios - Dirigente específico LC n® 64/90, art. 1®, III, : LCn8 64/90, art. 1®, 111,i>, LCn® 64/ 90,art. 1®, 111,b, LC n® 64/90, art. 1®, III, b, 3
b, 3 ' 3 c/c V, fi . 3 c/c VI • c/c vi
6 meses 6 meses 6 meses
6 meses 6 meses
LCn® 64/ 90,art. 1*,U, <7,9 LC n® 64/90, art. 1®, II, c, LC n« 64/90, art. 1®, II, a,
Sociedade de economia LC n« 64/90, art. 1®, 11, o, 9 Res. n® 20.060/02
c/c, III, a 9 c/c V, a 9 c/c V!
mista - Dirigente Não há precedente LC n® 64/90, art. 1®, H,o, 9
Não há precedente Nâo há precedente Não há precedente
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específico específico específico
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Tribunal de Contas d a,■ Definitivo Definitivo Definitivo Definitivo. Definitivo .
União, dos Estados.e;<io .. . Res. n® 20Í539/99 Res. n® 20.539/99 . Res. n® 20.539/99 Res, n® 20.539/99 Res. n® 20.539/99
Distrito Federal - Membros LC n»:64/90, art. 1®, II, LCn® 64/90, art. 1®, II,a, LC n® 64/90, art. 1®, IX, a, LCn» 64/ 90,art, 1®, II,a, LCn® 64/90,art; 1®, II,a, 14 ;
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Vice-chefe do Executivo
Desnecessidade para
titular
Vice-presidente da Res.n® 20.889/01 Desnecessidade Desnecessidade Desnecessidade Desnecessidade
República que não
substituiu o titular nos 6
Ac. n® 20.144/98
LC n® 64/90, art. 1®, § 2®
Res. n® 20.889/01
Res. n® 20.144/98
Res.n® 20.889/01
Res. n® 20.144/98
Res. n® 20.889/01
Res, n® 20.144/98
Res. n® 20.889/01
Res. n® 20.144/98 o
meses nem o sucedeu Desnecessidade para vice LCn» 64/90, art. I 8, § 2® LC n® 64/90, art. 1®, § 2® LC n® 64/90, art. 1®, § 2® LC n® 64/90, art. 1®, § 2®
Res. n« 20.547/97
CF/88, art. 14, § 5®
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INEiEGIBILIDABES. CONCEITO E
CLASSIFICAÇÃO. ELEGIBILIDADES ____________________ CAPÍTULO 10
271
M a r c o s R a m a ya n a D ir eit o E leitoral
Desta forma, entende-se pela expressão “ou tros cargos" todos os demais
cargos, com exceção do m andato político do titular, assim a regra não é
aplicável, quando o vice p retende ser candidato ao m andato do titular. Nesse
sentido, é a decisão na Resolução n 9 20.889, de 9 de outubro de 2001, Relator
Ministro Fernando Neves.
Destacamos:
Consulta. Vice-candidato ao cargo do titular. 1. Vice-presidente da
República, vice-governador de Estado ou do Distrito Federal ou vice-
prefeito, reeleito ou não, pode se candidatar ao cargo do titular, mesmo
tendo substituído aquele no curso do mandato. 2. Se a substituição
ocorrer nos seis meses anteriores ao pleito, o vice, caso eleito para o
cargo do titular, não poderá concorrer à reeleição. 3. O mesmo ocorrerá
se houver sucessão, em qualquer tempo do mandato. 4. Na hipótese
de o vice pretender disputar outro cargo que não o do titular, incidirá
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M a r c o s R am ayana D ir eit o E leitoral
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in ele g ibilíd a d es . C onceito e
CLASSIFICAÇÃO. ELEGIBILIDADES C a p ít u l o 1 0
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in e le g ib ilíd a d es . C o n c e it o e
CLASSIFICAÇÃO. ELEGIBILIDADES C a p ít u l o 10
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M a r c o s R a m a ya n a D irjeito E leit o k a i
mandato eletivo, caso contrário, não é possível a sucessão. Neste sentido é regra
em precedente do art. 14, § 2-, da Resolução TSE ne 22.156/06.
b) "Para se beneficiar da ressalva prevista no § 7- do art. 14 da Constituição, o
suplente precisa ter assumido definitivamente o mandato (Ac. TSE n- 19.422,
de 23.8.20 0 1 )" texto do art. 14, § 1 -, da Resolução ns 22.156/06 (registro de
candidatos).
c) "Consulta. Elegibilidade. Parentesco. Chefe do Poder Executivo. Art. 14, §§ 5 9 e 7-,
da Constituição Federal. 0 parente do Governador é elegível para o mesmo cargo
do titular, apenas quando este puder ser reeleito para o período subsequente e
tiver renunciado até seis meses antes das eleições. Reeleito o Governador para
o segundo mandato, seu parente não poderá candidatar-se ao cargo de Vice-
Governador, nem mesmo tendo ocorrido o afastamento definitivo, em face da
possibilidade de vir a substituir ou suceder o titular, violando a intenção da
norma constitucional, que tem como objetivo impedir a perpetuação de uma
família na chefia do Poder Executivo."(Res. n- 20.931, de 20.11.2001, Rei. Min.
Garcia Vieira). Fonte Em entário TSE. Temas selecion ados.
d) "(...) 0 descendente até 2 S grau do governador pode candidatar-se ao cargo de
Vice-Governador desde que o Governador esteja no primeiro mandato e tenha
renunciado até seis meses antes da eleição"(Res. n 5 20.949, de 6.12.2001, Rei.
Min. Luiz Carlos Madeira.). Fonte E m en tário TSE. Tem as selecionados.
e) "Inelegibilidade. Viúva de Prefeito. Dissolvida a sociedade conjugal, em virtude
da morte, não subsiste a inelegibilidade da mulher do Prefeito, prevista no art. 14,
§ 7-, da Constituição" (Ac. nâ 14.385, de 29.10.1996, Rei. Min. Eduardo Ribeiro;
no mesmo sentido os acórdãos n*5 12.533, de 15.9.1992, 12.461, de 3.9.1992,
Rei. Min. Américo Luz, e 12.685, de 22.9.1992, Rei. Min. José Cândido.) Fonte
Em entário TSE. Tem as selecionados.
f) "(...) inelegibilidade. Não ocorrência. CF, art. 14, § 7-. Como os afins dos cônjuges
não são afins entre si, pode o concunhado do Prefeito concorrer ao Executivo
Municipal na mesma circunscrição” (Res. na 20.651, de 6.6.2000, Rei. Min. Edson
Vidigal) Fonte E m en tário TSE. Tem as selecion ad os.
g) É interessante notar a questão relativa à separação de fato ocorrendo antes
do primeiro mandato. Em 2004, o TSE entendeu que nestes casos persistia a
inelegibilidade (CTA 977, Relator Ministro Luiz Carlos Lopes Madeira, DJ
18.02.2004: “Consulta. Ex-cônjuge do titular do Poder Executivo reeleito,
elegibilidade. Cargo de Prefeito. Impossibilidade. Precedentes. É inelegível
ex-cônjuge do chefe do Poder Executivo reeleito, na eleição subsequente, se o
divórcio ocorreu durante o exercício do mandato, ainda que a separação de fato
tenha sido reconhecida como anterior ao início do primeiro mandato. Respondida
negativamente.
Todavia, mais recentemente, o Colendo Supremo Tribunal Federal, em 2005,
se pronunciou pelo afastamento da inelegibilidade, quando se verificar que
a separação de fato ocorreu antes do mandato. Neste sentido: 'Registro de
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in e le g ib ilíd a d es . C o n c e it o e
CLASSIFICAÇÃO. ELEGIBILIDADES C a p it u l o 1 0
candidatura ao cargo de Prefeito. Eleições de 2 004. Art. 14, § 7-, da CF. Candidato
separado de fato da filha do então Prefeito. Sentença de divórcio proferida no
curso do mandato do ex-sogro. Reconhecimento judicial da separação de fato
antes do período vedado. Interpretação teleológica da regra de inelegibilidade.
A regra estabelecida no art. 14, § 7 9, da CF, iluminada pelos mais basilares
princípios republicanos, visa obstar o monopólio do poder político por grupos
hegemônicos ligados por laços familiares. Precedente. Havendo a sentença
reconhecido a ocorrência da separação de fato em momento anterior ao início
do mandato do ex-sogro do recorrente, não há falar em perenização no poder da
mesma família (...)”J (RE 446.999, Rei. Minista Ellen Gracie, Dj 09.09.2005).
Atualmente, o Supremo Tribunal Federal manteve a inelegibilidade de ex-
cônjuge, conforme decisão abaixo transcrita:
"Dissolução do Casamento no Curso de Mandato e Inelegibilidade
de Ex-Cônjuge
A dissolução da sociedade conjugal, durante o exercício do mandato,
não afasta a regra da inelegibilidade, prevista no art. 14, § 79, da CF
(“São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os
parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção,
do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos
seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo
e candidato à reeleição."). Com base nesse entendimento, o Tribunal,
por maioria, desproveu recurso extraordinário interposto contra
acórdão do TSE e cassou liminar, que suspendera os efeitos do recurso
extraordinário, deferida em favor de ex-cônjuge de prefeito (eleito no
período de 1997 a 2000, e reeleito no período de 2001 a 2004), que
fora eleita vereadora, em 2004, para o período de 2005 a 2008. Na
espécie, a separação de fato da vereadora, ora recorrida, ocorrera em
2000, a judicial em 2001, tendo o divórcio se dado em 2003, antes do
registro de sua candidatura. Asseverou-se, na linha de precedentes da
Corte, que o vínculo de parentesco persiste para fins de inelegibilidade
até o fim do mandato, inviabilizando a candidatura do ex-cônjuge ao
pleito subsequente, na mesma circunscrição, a não ser que o titular
se afaste do cargo seis meses antes da eleição. Aduziu-se que, apesar
de o aludido dispositivo constitucional se referir à inelegibilidade de
cônjuges, a restrição nele contida se estende aos ex-cônjuges, haja vista
a própria teleologia do preceito, qual seja, a de impedir a eternização
de determinada família ou clã no poder, e a habitualidade da prática
de separações fraudulentas com o objetivo de contornar essa vedação.
Citou-se, ainda, a resposta à consulta formulada ao TSE, da qual
resultou a Resolução ns 21.775/2004, nesse sentido. Vencido o Min.
Marco Aurélio, que, salientando que o parentesco civil é afastado com a
dissolução do casamento, provia o recurso, por considerar que o vício
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M a r c o s R am ayana D ir eit o E leitoral
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In e l e g ib il id a d e s . C o n c e it o e
c l a s s i f ic a ç ã o , e l e g i b i l i d a d e s C a p ít u l o 1 0
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M a r c o s R am ayana D ir eit o E leitoral
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INELEGIBILIDADES. CONCEITO E
CLASSIFICAÇÃO. ELEGIBILIDADES C a p ít u l o 10
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M a r c o s R a m a ya n a D ireito E leitoral
13 Vide art. 53 da Res. TSE ns 21.538/03: A rt 53. São considerados documentos comprobatórios de reaquisição ou
restabelecimento de direitos políticos: I - Nos casos de perda: a) decreto ou portaria; b) comunicação do Ministério da
Justiça. II - Nos casos de suspensão: a) para interditos ou condenados: sentença judicial, certidão do juízo competente
ou outro documento; b) para conscritos ou pessoas que se recusaram à prestação do serviço militar obrigatório:
Certificado de Reservista, Certificado de isenção, Certificado de Dispensa de Incorporação, Certificado do Cumprimento
de Prestação Alternativa ao Serviço Militar Obrigatório, Certificado de Conclusão do Curso de Formação de Sargentos,
Certificado de Conclusão de Curso em Órgão de Formação da Reserva ou similares; c) para beneficiários do Estatuto
da Igualdade: comunicação do Ministério da Justiça ou de repartição consular ou missão diplomática competente,
a respeito da cessação do gozo de direitos políticos em Portugai, na forma da lei. Ilt - Nos casos de inelegibilidade:
certidão ou outro documento.
284
INELEGIBILIDADES. CONCEITO E
CLASSIFICAÇÃO. ELEGIBILIDADES C a p ít u l o 10
Quanto aos apátridas ou heim atlos, cum pre enfatizar que esta hipótese
pode se caracterizar com o espécie de situação sim ilar aos estrangeiros,
quando, por exemplo, o co rre o cancelam ento da naturalização nos term os
do art. 12, § 4 2, da CF: "Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro
que: I ~ tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de
atividade nociva ao interesse nacional; II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos
casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de
imposição de naturalização, pela forma estrangeira, ao brasileiro residente em
Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o
exercício de direitos civis."
Os sem pátria são pessoas nascidas em um determinado país, mas, por razões
territoriais, ou pelos critérios de vínculo de sangue, não são brasileiros. O art. 12 ,
I, c, da Constituição Federal, foi recentemente alterado pela Emenda Constitucional
n- 54, de 20 de setembro de 2007, que amenizou a questão dos sem pátria, assim
tratando: Art. I 9 A alínea c do inciso I do art. 12 da Constituição Federal passa a
vigorar com a seguinte redação:
"Art. 12...
I-...
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira,
desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou
venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
285
M a r c o s R am ayan a D ir eit o E leitoral
14 0 insubmisso é aquela pessoa que sendo devidamente convocada para o serviço militar não se apresenta. Já o
desertor cumpre o serviço militar, e em determinado momento, o abandona. Ambos os casos são crimes militares.
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in eleg ibilid a d es . C o n c e it o e
classificação . Eleg ibilid ades C a p ít u l o 10
rem an escen te do m andato p ara o qual foram eleitos e nos oito anos
subsequentes ao térm ino da legislatura.
A alínea foi alterada pela incidência da Lei Complementar n- 81, de 13 de abril
de 1994.
0 art. 55, incisos I e II, da Constituição Federal, consagra hipóteses que ensejam
a extinção ou cassação do mandato eletivo em razão de deliberações internas das
Casas Legislativas.
No caso do art. 55, inciso I, diz a Lei Fundamental que perderá o mandato por
decisão de voto secreto e maioria absoluta, os deputados e senadores que praticarem
atos classificados como de incompatibilidades. Neste sentido é o § 1 - do art. 55.
As incompatibilidades são restrições, neste caso, aplicáveis como normas de
condutas éticas e funcionais aos deputados e senadores, que incidem a partir de
marcos estabelecidos: a diplomação e a posse, conforme disciplina o inciso I do
art. 55 da CF.
Como se nota, a diplomação é o último ato formal da Justiça Eleitoral e a posse
não é ato privativo do Poder Judiciário Eleitoral, mas é encargo administrativo das
Casas Legislativas respectivas.
0 legislador constituinte elegeu marcos ou balizas: diplomação (que eqüivale
à nom eação do servidor) e posse como limites finais de celebração de contratos,
aceitação de empregos, funções e cargos por parte dos eleitos, que nessas novas
fases da vida política passam ao status do ius honorum . Não são apenas candidatos,
mas cidadãos especiais cuja missão é resguardar a representatividade partidária e
defender os interesses da sociedade de eleitores e a res publica.
Transcrevemos as lições de José Afonso da Silva sobre as incompatibilidades:
"São regras que impedem o congressista de exercer certas ocupações
ou praticar certos atos cumulativamente com seu mandato. Constituem,
pois, impedimentos referentes ao exercício do mandato. Referem-se ao
eleito. Não interditam candidaturas, nem anulam a eleição de quem se
encontre em situação eventualmente incompatível com o exercício do
mandato."15
O art. 54 , inciso í, a, veda desde a diplomação a contratação com pessoa jurídica
de direito público, autarquia, empresas públicas, sociedades de economia mista
ou empresas do serviço público, salvo quando o contrato estabelecer cláusulas
uniformes. José Afonso da Silva denomina essa hipótese de incompatibilidade
negociai.
15 Curso de Direito Constitucional Positivo. 28a ed. São Paulo: Malheiros, 2007, pp. 538-9.
287
M a r c o s R am ayan a D ir eito E leitoral
De certo que não é possível ao parlamentar eleito prestar serviços que possam
lhe acarretar vantagens econômicas sem que se estabeleça o padrão típico, ou
seja, o teor ou conteúdo do contrato é estabelecido como direito potestativo pelo
contratante, com cláusulas padrões, independentemente das partes contratadas.
A Constituição Federal procura proteger a ética dos contratos públicos, afastando
o diplomado e empossado pelo voto popular de eventuais manobras de exploração
de prestígio com a obtenção de cláusulas contratuais que lhe favoreçam direta ou
indiretamente em detrimento do interesse da res publica.
Equiparando-se o contrato chamado de cláusulas uniformes com o de adesão,
objetiva-se evitar contratações não éticas e que possam comprometer a lisura
do exercício do mandato eletivo, inclusive com reflexos no financiamento das
campanhas eleitorais, pois o art. 24 da Lei ne 9.504/97 veda que concessionários
e permissionários de bens públicos, dentre outros órgãos, pessoas e entidades
possam direta ou indiretamente dar dinheiro, publicidade ou recursos em geral
para as campanhas eleitorais.
Como casos típicos de contratos de adesão são apontados: os de seguro, de
fornecimento de energia elétrica, água, luz, telefone e cartões de crédito, dentre
outros.
Melhor seria se o legislador proibisse qualquer tipo de contratação do
parlamentar com as pessoas jurídicas de direito público e concessionárias dentre
outras, até porque a questão situa-se no princípio da moralidade administrativa,
cuja tutela tem arrimo constitucional (art. 37, § 4 - da CF). Já se reconheceram como
hipóteses de incompatibilidades, os casos de vereadores eleitos e diplomados que
pretendiam celebrar contrato de serviços advocatícios de Procurador do Município;
e de manutenção de prestação de serviços odontológicos.
Considera-se ainda a Lei ne 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o processo
Administrativo no setor da Administração Pública Federal, quando no art. 2 ^ exige
padrões éticos do agente público com os negócios da administração. Daí, ser ainda
extremamente relevante a incidência da Lei de Improbidade Administrativa, Lei
ne 8.429/92, que trata a malícia como ato de improbidade.
E ainda, o art. 54, inciso I, b, e inciso II, b, denominados pelo professor José Afonso
da Silva como incom patibilidades funcionais; o 54, inciso II, a e c, como do tipo
profissionais e, por fim, a incom patibilidade política, prevista no art. 54, inciso
II, d, que veda a titularidade simultânea de mais de um cargo ou mandato público
eletivo. V.g., Tício não pode ser deputado estadual e vereador ao mesmo tempo.
É importante frisar que, quando se verificar a ocorrência da incompatibilidade,
não competirá à Justiça Eleitoral o exame dos casos, mais sim, à própria Casa
Legislativa, ensejando um processo regimental de cassação do mandato eletivo, que
em vários casos não chega a um veredicto positivo. Restará apenas à Justiça Comum
2 8 8
IN E L IG IBILID A D ES. C O N C EIT O E
C IA S SI FÍCAÇÃO. ELEGIBILIDADES C a p ít u l o 1 0
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M a r c o s R am a ya n a D ir eito E leitoral
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In eleg ibilid ades . Co n c e it o e
classificação . Elegibilidades C a p ít u l o 10
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M a r c o s R am a ya n a D ir eit o E leitoral
Em conclusão, podemos afirmar que existem duas posições sobre o tema, a primeira,
entende que as Cartas Estaduais não podem tratar desta regra como repetição da
norma prevista no art. 52, parágrafo único, da Constituição Federal; a segunda, que
a íei das inelegibilidades incidiu em inconstitucionalidade firmando prazo e sanções
diversas. Posicionamos-nos pelá primeira/ data venia das relevantes e jurídicas
posições dã segunda corrente.
292
IN ELEGIBILÍDADES. C O N C EIT O E
CLASSIFICAÇÃO. ELEG IBILIDA DES C a p ít u l o 10
293
M a r c o s R a m ayana D ir eit o E leitoral
294
in e l e g ib il id a d e s . C o n c e it o e
CLASSIFICAÇÃO. ELEGIBILIDADES C a p ítu lo 1 0
aos vices o foro por prerrogativa, e, assim, entendemos que eles são processados e
julgados nos crimes eleitorais pelos juizes eleitorais do local da infração, até porque
as Constituições Estaduais não podem alargar o foro por prerrogativa de função,
sendo a matéria privativa da União.
Em relação aos prefeitos e vices, a regra está prevista no Decreto-Lei n-
201, de 27 de fevereiro de 1967, art. I a, § 2 9, que fixa, também, o prazo de cinco
anos, quando, por similitude à sanção do art. 52, parágrafo único, da Constituição
Federal, referente ao Presidente da República deveria ser de oito anos, conforme já
salientado.
Os prefeitos se sujeitam ao processo por infração político-administrativa,
im peachm en tn o âmbito da Câmara Municipal, mas podem ainda responder por ações
judiciais que acarretam perda do mandato eletivo, inelegibilidade, a suspensão dos
direitos políticos, multa e até inabilitação proveniente da sanção penal condenatória,
como na Lei de Abuso de Autoridade, em que o agente é condenado criminalmente
à perda do cargo e à inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública
por prazo de até três anos (art. 6 a, § 3 e, c).
d) Os que tenham contra sua pessoa rep resen tação julgada procedente pela
justiça Eleitoral, transitada em julgado, em processo de apuração de abuso
do poder econômico ou político, p ara a eleição na qual concorrem ou
tenham sido diplomados, bera como p ara as que se realizarem 3 (três) anos
seguintes.
A hipótese é prevista na alínea d do artigo em comento. Tratamos do tema no
capítulo referente ao abuso do poder econômico, e solicitamos ao leitor consultá-lo.
Essa alínea tem correlação com o inciso XIV do art. 22 da LC na 64/90, e com a
alínea h deste art. I 2, inciso I.
Como se percebe, o termo "representação" se refere à ação de investigação
judicial eleitoral ou à representação por abuso do poder econômico e/ou político; à
ação de impugnação ao mandato eletivo e ao próprio recurso contra a diplomação
(art. 262, inciso IV, do Código Eleitoral), ou seja, às ações ou recursos que apliquem
sanções de inelegibilidade, e, portanto, analisem o abuso do poder econômico ou
político como condutas potencialmente lesivas para desequilibrar a igualdade de
chances e oportunidades em função das campanhas eleitorais.
A decisão deve ter transitado em julgado para produzir o efeito da inelegibilidade
por abuso do poder econômico ou político.
Aponta-se a hipótese da exigência do trânsito em julgado como exceção ao efeito
imediato das decisões da Justiça Eleitoral, conforme disposto no art. 257 e parágrafo
único do Código Eleitoral.
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In eleg ibilíd a des . Co n c e it o e
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IN ELEGIBILIDADES. C O N C E IT O E
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17 Inelegibilidade no Direito Brasileiro. 2. ed. São Paulo: Edipro, ano 1999, p. 182.
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No caso da alínea h, o ato do agente público deve ter nexo de causalidade com
a finalidade eleitoral. Objetíva-se afastar o desequilíbrio das eleições que atingem
os competidores ao pleito eleitoral, por intervenção de agentes administrativos
e políticos, que, praticando atos caracterizadores da improbidade administrativa
(e que se sujeitam também, às sanções da Lei n- 8.429/92, inclusive a suspensão
dos direitos políticos), usam da exploração do seu prestígio para influenciar o
eleitorado e atingir o equilíbrio ideal protegido dentro do binômio: NORMALIDADE
E LEGITIMIDADE DAS ELEIÇÕES (art. 14, § 9*, da CF).
Sobre o assunto transcrevemos relevante decisão, com o brilhante relatório do
Excelentíssimo Ministro César Peluso em julgamento no TSE:
Recurso Especial Eleitoral n5 27120 — São Paulo - SP. Relator: Ministro
Cezar Peluso. Eleições 2006. Registro. Indeferimento. Inelegibilidade.
Recebimento como recurso ordinário. Preliminares rejeitadas. Atos de
gestão municipal. Publicidade. Ofensa ao princípio da impessoalidade.
Improbidade administrativa. Finalidade eleitoral. Não ocorrência. Não
incidência do art. l e, inciso I, h, da Lei Complementar ne 64/90.
Não caracterização. Recurso provido. A jurisprudência firmou-se no
sentido de que a caracterização da inelegibilidade prevista no art. 1^,
inciso I, ft, da LC ns 64/90
(...) Embora a declaração de inelegibilidade prevista no art. 1S, inciso
I, h, da Lei Complementar ne 64/90 possa, eventualmente, projetar-
se como reflexo indireto da condenação irrecorrível em ação de
improbidade administrativa, desde que o ato impugnado pela Justiça
Comum tenha sido praticado com fins eleitorais (REspe. na 13.135-RS/
TSE, Rei. Min. Ilmar Galvão), esta não é a hipótese em discussão nos
autos.
(...) o recorrente foi condenado pela prática de ato de improbidade
administrativa. O TJ/SP entendeu que, quando da publicidade de
atos administrativos durante sua gestão como prefeito municipal,
este veiculou propaganda institucional com afronta aos princípios da
impessoalidade e da moralidade administrativa. Em nenhum momento
aquele Tribunal conferiu finalidade eleitoreira aos atos censurados.
Portanto, essa condenação por improbidade administrativa não
caracteriza a inelegibilidade prevista na mencionada alínea h.
0 Tribunal Superior Eleitoral já decidiu:
Recurso especial. Registro. Candidatura. Condenação. Ação popular.
Ressarcimento. Erário. Vida pregressa. Inelegibilidade. Ausência.
Aplicação. Súmula-TSE ne 13. Suspensão. Direitos políticos. Efeitos
automáticos. Impossibilidade. Ação popular. Ação de improbidade
administrativa. Institutos diversos. Não incidência. Art. I-, inciso I,
alínea h, da LC ns 64/90. Necessidade. Finalidade eleitoral. Art. 1-,
inciso I, alínea g, da LC n9 64/90. Não caracterização.
[...]
3 0 0
IN ELEG IBILID A D ES. C O N C E IT O E
c l a s s if ic a ç ã o . El e g ib il id a d e s C a p ít u l o 1 0
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20 Em destaque o art. 48, inciso í, da Lei n2 11.101, de 9 de fevereiro de 2005: “Poderá requerer recuperação judicial
o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda
aos seguintes requisitos, cumulativamente: / - n ã o s e r fa lid o e , s e o foi, e s te ja m d e c l a r a d a s e x tin ta s , p o r s e n t e n ç a
tr a n s it a d a e m j u l g a d o , a s r e s p o n s a b ilid a d e s d a í d e c o r r e n t e s . ”
3 06
Constitucionais
IN ELEGIBILIDADES. C O N C EIT O E
CLASSIFICAÇÃO. ELEGIBILIDADES
Marcos Ramayana • Direito F.ieitoral 10a Edição • Capítulo 10 - Inelegibilidade. Conceito e Classificação. Elegibilidade
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C a p ít u l o 1 0
C apítulo 1 1
P E D I D O DE REGISTRO
DE CA NDI DAT UR A
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P e d id o de Reg ist r o de C andidatura C a p ít u l o 1 1
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pena cumprida, porque, segundo o art. 202 da Lei de Execuções Penais (Lei ns 7.210,
de 11 de julho de 1984), in verbis: "Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha
corrida, atestados ou certidões fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares
da Justiça, qualquer notícia ou referência à condenação, salvo para instruir processo
pela prática de nova infração penal ou outros casos expressos em lei".
Vê-se, desta forma que, o sigilo sobre as condenações é uma conseqüência
automática da declaração de extinção da pena. Os efeitos da condenação, art. 92
do Código Penal não são alterados, mas não se pode certificar pena cumprida nas
certidões dos distribuidores criminais da comarca do domicílio do candidato.
Trata-se do instituto autônomo da reabilitação, conforme preconiza Julio Fabbrini
Mirabete, em seu Comentários à Lei de Execução Penal, 9â ed., Editora Atlas, São
Paulo, p. 693.
Verifica-se a ineficiência do controle sobre as inelegibilidades, porque o
art. 1-, I, alínea “e" da Lei Complementar ne 64, de 18 de maio de 1990, Lei das
Inelegibilidades, diz que são inelegíveis por 3 anos após o cumprimento da pena,
quem tiver praticado crime contra a economia popular, fé pública, administração
pública, mercado financeiro, patrimônio público, tráfico de entorpecentes e
eleitorais. Ora, se o pré-candidato Tício cumpriu a pena no dia 15 de maio de 2007 e
foi o distribuidor criminal comunicado por ofício desta decisão do juiz da execução
criminal, sendo Tício traficante de drogas, ele não poderá ser candidato nas eleições
de 2008, porque é inelegível por 3 anos, após o cumprimento da pena, ou seja, até
14 de maio de 2010. Trata-se de causa de inelegibilidade superveniente à causa de
suspensão dos direitos políticos prevista no art. 15, III, da Constituição Federal.
Assim, enquanto cumpria a pena, Tício estava com os direitos políticos suspensos,
mas agora é inelegível. No entanto, como no pedido de registro (RRC) não consta
nenhuma obrigação legal de juntada da FAC, a Justiça Eleitoral não tem como saber,
nem o Ministério Público como fiscalizar, a hipótese de inelegibilidade criminal,
sendo possível ocorrer o caso teratológico de um inelegível ter sua candidatura
deferida, até porque a certidão criminal se refere apenas ao domicílio do candidato
que é perfeitamente alterado 1 ano antes da eleição, art. 9S da Lei n- 9.504/97.
Em resumo: É possível normatizar a questão exigindo a folha de antecedentes
criminais no momento do pedido de registro de candidaturas, o que possibilitará
o controle da causa de inelegibilidade do art. 1 S, I, alínea “e” da Lei Complementar
na 64/90.
Os pedidos de registros de candidatos (RRC) são apresentados aos Tribunais
e juizes eleitorais pelos respectivos partidos políticos ou coligações por meio de
formulários em meio magnéticos e gerados em programas desenvolvidos pelo
Tribunal Superior Eleitoral.
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Entendemos que a falta de quitação eleitoral pode ser tipificada como ausência
de uma condição de elegibilidade constitucional prevista no art. 14, § 3 a, inciso II,
da Constituição da República. Desta forma, o eleitor candidato não estará no pleno
exercício de seus direitos políticos, considerando que a expressão 'pleno exercício'
engloba os atributos da capacidade eleitoral ativa e passiva.
Outrossim, não sendo hipótese de inelegibilidade, porque estas só podem ser
tratadas em lei de natureza complementar (art. 14, § 9e, da CRFB/88), não subsiste
restrições quanto ao seu tratamento para preencher o significado da expressão
'pleno exercício dos direitos políticos', prevista no art. 14, § 39, inciso II, da CRFB/88.
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P e dido de R eg ist r o de C an didatura
C a pít u l o 11
11.2.2. Finalidade
A finalidade desta ação impugnativa é indeferir o pedido de registro de candidatos
que não possuam condições de elegibilidade, sejam inelegíveis (hipóteses de não
desincompatibilização) ou, ainda, estejam privados definitiva ou temporariamente
dos direitos políticos (perda e suspensão dos direitos políticos - art. 15 da CRFB).1
A ação eleitoral tutela a normalidade e legitimidade das eleições, evitando
candidaturas ilegais, v.g., falta de filiação partidária, analfabetismo, condenação criminal
transitada em julgado, rejeição de contas e abusos de poder econômico e político.2
1 “(TSE). Acórdão ne 20.012, de 19.9.2002. Recurso Especial Eleitoral N9 20.012/RO. Relator: Ministro Sepúlveda
Pertence. Recurso especial. Registro de candidatura. Condenação criminal com trânsito em juígado. Ineiegibilidade.
Art. 15,111, da Constituição Federal. Hipótese em que o candidato a deputado estadual foi condenado por sentença com
trânsito em julgado. Patente a sua ineiegibilidade em face da auto aplicabilidade do art. 15, III, da Constituição Federai,
sendo irreievante a ausência de decisão constitutiva da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, prevista no
art. 55 da Constituição Federal. Recurso não conhecido. Vistos etc., acordam os ministros do Tribunal Superior Eleito
ral, por maioria, em não conhecer do recurso, vencidos os ministros relatores, Fernando Neves e Luiz Carlos Madeira,
nos termos das notas taquigráficas, que ficam fazendo parte integrante desta decisão. Sala de Sessões do Tribunal
Superior Eleitoral. Brasília, 19 de setembro de 2002". O mestre e insigne Professor Joei José Cândido, ao comentar em
sua obra O Direito Eleitoral Brasileiro ensina-nos que “o registro dos candidatos se constitui em etapa jurisdicional den
tro da fase preparatória do processo eleitoral. Registrados, os candidatos assumem essa condição em caráter oficial,
terminando aqui o que politicamente se convencionou chamar de “candidato a candidato". Antes do registro e após as
convenções, já se pode falar em candidato, de vez que o partido já definiu com quem quer concorrer, mas a condição
de candidato oficial só se adquire com o deferimento do registro” (4* ed., Editora Edipro, 1994, p. 97).
2 “TSE. Recurso Especial Eleitoral ns 20.132/SR Relator: Ministro Sáivio de Figueiredo Despacho: Decisão Direito
Eleitoral. Registro de candidatura. Desistência homologada pelo TRE. Impossibilidade de o candidato postular o pre
enchimento de vaga remanescente. Negado seguimento. O requerimento de registro apreciado pela Justiça Eleitoral,
e extinto em razão de pedido de desistência homologada, impede que a mesma filiada seja novamente apresentada
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como candidato em vaga remanescente. 1. Trata-se de recurso especiai interposto pelo Diretório Estadual do Partido
Social Democrático (PSD) contra acórdão assim ementado (fl. 53): Registro de candidato. Preenchimento de vaga re
manescente. Cargo: deputado federal. Eleições 2002. Candidata escolhida em convenção que não requereu o registro
em tempo hábil. Impossibilidade de ocupar vaga remanescente. Registro indeferido”.
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Pode ser parte formal e material, quando propõe a ação de impugnação ao pedido
de registro. Todavia, é sempre órgão interveniente obrigatório, considerando a
matéria eleitoral (matéria de ordem pública primária e indisponível). Trata-se da
intervenção pela natureza da lide, art, 82, III, do Código de Processo Civil e art. 127
da Constituição Federal.
3 “TSE. Recurso Especial Eleitoral n® 20.132/SR Relator: Ministro Sálvio de Figueiredo. Despacho: Decisão Direito
Eleitoral. Registro de candidatura. Desistência homologada peio TRE. Impossibilidade de o candidato postular o pre
enchimento de vaga remanescente. Negado seguimento. O requerimento de registro apreciado peia Justiça Eleitoral,
e extinto em razão de pedido de desistência homologada, impede que a mesma filiada seja novamente apresentada
como candidato em vaga remanescente. 1. Trata-se de recurso especial interposto pelo Diretório Estadual do Partido
Social Democrático (PSD) contra acórdão assim ementado (fl. 53): Registro de candidato. Preenchimento de vaga re
manescente. Cargo: deputado federal. Eleições 2002. Candidata escolhida em convenção que não requereu o registro
em tempo hábil. Impossibilidade de ocupar vaga remanescente. Registro indeferido”.
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4 O importante é que a exegese empreendida pela melhor doutrina é a de atribuir à expressão “qualquer candidato”
uma ampliação sem metódico formaüsmo à literalidade do dispositivo, pois, caso contrário, só haveria impugnação,
nessa hipótese, se o registro do impugnante ]á estivesse deferido e preclusas as vias recursais, materializando-se o
trânsito em julgado do registro, situação fática praticamente inviável, em razão de que os pedidos são julgados como
deferidos ou indeferidos, quase que na mesma data, pelo órgáo jurisdicional competente. É certo, porém, que ao eleitor
não é deferida a legitimidade impugnativa, como já bem salientado pela meihor doutrina de Tito Costa, independente
mente se está ou não filiado a determinado partido político ou se possui militância partidária. Possuir o título eleitorai e
estar no gozo efetivo dos direitos políticos ativos não é requisito suficiente para tornar o eleitor parte legítima nessa ação
ou medida judiciai cabível. Não é suficiente, portanto, possuir o que se denomina ius suffragii, utilizando o pensamento
de Savigny, que fazia a distinção dos direitos políticos em duas categorias. A primeira, compreendendo o jus honorum,
que é a possibilidade de o cidadão ascender aos cargos públicos eletivos; e, a segunda, ao ius suffragii, que defere
apenas ao cidadão o direito de efegeros representantes do povo. Perscruta-se que a Lei das Inelegibilídades, no art. 39,
exige um plus ou standart maior, caracterizado pela expectativa do pleiteante ao deferimento do registro, desde que já
tenha sido corretamente escolhido por convenção partidária regular.
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M a r c o s R am ayan a D ir eito E leitoral
De todo modo, a matéria, ao nosso pensar, ainda não está sedimentada. Assim,
faz-se necessária a citação do partido político ou coligação. Sobre o assunto, ver
comentários na ação de impugnação ao mandato eletivo.
Nas eleições majoritárias, o vice é listisconsórcio passivo necessário, em razão
da indivisibilidade da chapa única.
5 “TSE. Recurso Especial Eleitoral ne 20.G93/GO, Reiator: Ministro Luiz Carlos Lopes Madeira. Despacho: O Tribunal
Regional Eleitoral de Goiás indeferiu o pedido de registro de Rui Figueiredo de Moraes, candidato substituto ao cargo
de deputado estadual, pela Coligação Tempo Novo para Fazer Mais, em razão da falta de autenticação, pela Justiça
Eleitora), da ata da respectiva convenção, e por considerar insatisfatória a prova de filiação partidária. O acórdão re
cebeu a seguinte ementa: “Registro de candidatos. Eleições 2002. Documentação irregular. Indeferimento." (Ft. 54.)
Dessa decisão interpôs recurso, alegando que “a feita de autenticação pela Justiça Eleitoral da ata não pode prejudicar
o candidato, pois um erro que nâo foi por eie cometido já mais (s/c) poderá causar restrição a sua candidatura." (Fl.
56.) Afirma que fez a prova de sua regular filiação ao Partido da Frente Liberal (PFL), conforme documentos de fls. 38 e
51. Sustenta incidir o Enunciado ns 20 da Súmula do Tribunal Superior Eleitoral. Pede, ao final, a cassação da decisão
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P edido de R egistro de C andidatura C apítulo 11
regional, para que seja deferido o registro de sua candidatura. (Fts. 55-57.) A Procuradoria-Geral Eleitoral opina pelo
provimento do recurso. (FSs. 69.72.} É o relatório. Decido. O Enunciado n9 20 da Súmula deste Tribunal Superior esta
belece que a prova da oportuna filiação poderá ser suprida por outros meios, quando ausente o nome do filiado na lista
encaminhada à Justiça Eleitoral. No caso, cumpre fazer a valoração da prova. Os documentos juntados pelo recorren
te, às fls. 38, 50 e 51, atestam a sua filiação, com data de 6.10.2001, ao Partido da Frente Liberal (PFL). São hábeis a
provar sua filiação ao partido em questão. Quanto à ata de convenção que estabeleceu a substituição de candidatos, o
recorrente fez juntada de cópia devidamente abonada pelo Juiz Eleitoral (Rs. 46-47.) Ante o exposto, dou provimento
ao recurso para deferir o pedido de registro de Rui Figueiredo de Moraes ao cargo de deputado estadual, com base
no art. 36, § 7-, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral. Publique-se em sessão, já que a matéria trata de
registro. Publicado na sessão de 23.9.2002".
6 “(TSE) Acórdão ns 3.414, de 22/8/2002. Agravo Regimental no Agravo de Instrumento ne 3.414/CE. Relator:
Ministro Sepúlveda Pertence. Agravo regimental. Declaração de ineiegibilidade com conseqüente cassação de
registro de candidatura. Não ocorrência do trânsito em julgado. Execução imediata. Impossibilidade. Art. 15 da LC
n9 64/90.1. O art. 15 da LC n2 64/90 assegura o exercício do mandato do eleito diplomado, enquanto não houver
decisão definitiva acerca de sua elegibilidade. 2. Precedentes. 3. Recurso a que se nega provimento. Vistos etc.,
acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, em negar provimento ao agravo regimental
na petição Protocolo n° 8.972/02, nos termos das notas taquígráficas, que ficam fazendo parte integrante desta
decisão. Sala de Sessões do Tribunal Superior Eleitoral. Brasília, 22 de agosto de 2002”.
7 “(TSE). Recurso Especial Eleitoral n9 19.886/SR Relator: Ministro Fernando Neves. Ementa: Recurso contra expedição
de diploma. Art. 262, lií, do Código Eleitoral. Preliminares. Ilegitimidade passiva e preclusão. Rejeição. Mérito. Candi
data que concorreu por força de liminar em mandado de segurança. Registro assegurado. Quociente eleitoral. Votos
válidos. Aplicação do art. 175, § 42, do Código Eleitoral. 1. Alegação de ilegitimidade passiva rejeitada, por falta de pré-
questionamento, na medida em que o fato que a originou foi noticiado perante a Corte de origem, que sobre ele não
se manifestou, permanecendo silentes as partes. 2. Não há que se falar em preclusão da matéria, na medida em que
suposto erro no cálculo do quociente eleitoral e distribuição de vagas pode perfeitamente ser atacado por intermédio
de recurso contra expedição de diploma. Precedentes. 3. Hipótese em que a candidata obteve registro por meto de
liminar, em mandado de segurança, que foi posteriormente revogada e o registro definitivamente cassado após as elei
ções, motivo por que se consideram válidos os votos a ela atribuídos, aplicando-se a regra do art. 175, § 4-, do Código
Eleitoral, para cálculo do quociente eleitoral. Recurso especial não conhecido. DJ de 7.2.2003”.
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M a r c o s R a m ayan a D ireito E leitoral
11.2.6. Prazo
0 prazo de propositura da ação de impugnação ao pedido de registro de
candidatura é de cinco dias, contados da publicação do edital. Recebidos os pedidos
instruídos com os documentos exigidos nos incisos do § l - do art. 11 da Lei
ne 9.504/97 (Lei das Eleições).
A ação de pedido de registro, como visto acima, não se confunde com a ação de
impugnação ao pedido de registro. A primeira ê de jurisdição voluntária na Justiça
Eleitoral e enseja uma decisão nos próprios autos (análise conjunta de todos os
pleiteantes a candidato). A segunda é proferida em autos independentes, mas com
concomitância de julgamento.
Qualquer legitimado poderá ajuizar a ação de impugnação no prazo de cinco
dias, contados da publicação do edital. Na prática, a legitimação dá-se de forma
concorrente, mas o Ministério Público deverá ter vista pessoal de todos os pedidos de
registro, antes da publicação do edital, pois, caso contrário, haverá nulidade absoluta
do feito (arts. 82, III, e 84 do CPC). A lei eleitoral realmente não trata da vista pessoal
ao Ministério Público. No entanto, já está pacificado, nos Tribunais Superiores,
que a intervenção do órgão do P arquet é obrigatória e sua eficiência pressupõe o
exame antecedente da higidez de todos os pré-candidatos, ou seja, caberá verificar
as condições de elegibilidade, a regularidade dos documentos, o preenchimento
formal dos requisitos, as hipóteses de abuso do poder econômico e/ou político, as
causas de perda e suspensão dos direitos políticos, as desincompatibilizações etc.
O prazo é idêntico aos demais legitimados, ou seja, a partir da publicação do edital,
mas a vista é pessoal e deverá ocorrer, logo após o cartório instrumentalizar os
autos dos pedidos de registro.
0 Ministério Público deverá emitir parecer em todos os pedidos de registro (nos
autos do processo de pedido) e ofertar as impugnações, de forma independente, aos
casos que ensejarem hipóteses típicas de formação do contraditório e ampla defesa,
em razão da matéria constante do pedido.9
8 “(TSE). Agravo no Agravo de instrumento ns 3.370/MG. Reiator: Ministro Sálvio de Figueiredo. Ementa: Direito Eleito
ral. Agravo interno no agravo. Eleição proporcional. Ano 2000. Art. 175, § 4® CE. Fundamentos da decisão não ilididos.
Provimento negado. 1—Na eleição proporcionai, são nulos e não se computam para a legenda os votos atribuídos aos
que tiveram indeferido o registro de candidatura por decisão anterior ao pleito. II - É inviável o provimento do agravo
interno, quando não ilididos os fundamentos da decisão agravada. III - Não se mostra a via eleita adequada ao rejulga-
mento da causa. Republicado no DJ de 7.2.2003”.
9 “(TSE) (...) o prazo para recurso começa a contar da data em que o representante do Parquet, indiscutivelmente,
recebeu os autos com vista, pressupondo-se, aí, a ciência inequívoca da decisão. Caso contrário, os prazos, na prática,
seriam estipulados pelo próprio Ministério Público, sem qualquer controle ou critério juridicamente aceitável. (...) (Resp.
ne 251.714/DF, Rei. Ministro Félix Fischer, DJ de 4.2.2002.)”
328
P edido d e R egistro de C andidatura C a p ít u l o 11
10 “(TSE). Res. TSE n®20.993/02. Art. 45. Na sessão de julgamento, feito o relatório, será facultada a palavra às partes,
pelo prazo de dez minutos, e ao Ministério Público, que falará em primeiro iugar, se for o impugnante. A seguir, o/a
relator/a proferirá o seu voto e serão tomados os dos demais membros (Lei Complementar n9 64/90, art. 11, caput, c.c.
art. 13, parágrafo único). (...) § 39 Reaberta a sessão, far-se-ão a leitura e a publicação do acórdão, passando a correr
dessa data o prazo de três dias para a interposição de recurso, em petição fundamentada (Lei Complementar n2,64/90,
art 11, § 2®”).
11 “TSE. Acórdão n® 20.433, de 30.9.2002. Recurso Especial Eleitoral n® 20.433/PA. Relator: Ministro Fernando Neves.
Ementa: Registro de candidatos. Senador e suplente. Faita de certidão criminai e de fotografe do titular. Arts. 11, § 3°
da Lei n2 9.504/97 e 29 da Resolução 20.993. Regularização. Oportunidade. Ausência Documentação juntada com
o recurso. Admissibilidade. Registro deferido. Decisão condicionada ao deferimento do registro do segundo suplente.
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Pedido de substituição. Pendência de juigamento pela Corte Regionai. Recurso examinado como ordinário (Acórdão
nB20.162) a que se dá provimento. Publicado na sessão de 30.9.2002”.
12 Op. Cit, pp. 388-389.
13 “(TSE). Agravo na Ação Rescisória ne 56/MG. Relator: Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira. Direitos Eleitoral e Pro
cessual. Rescisória. Acórdáo regional. Tribunal Superior Eleitora!. Incompetência. Evolução no entendimento desta Corte.
Precedentes. Extinção. CPC, art. 267, § 3e desprovido. Antecipação de tutela. Possibilidade de sua cassação. Agravo
intemo desprovido. I - Compete ao Tribunal Superior Eleitoral processar e julgar originariamente as ações rescisórias
apenas de seus próprios julgados, segundo evolução do entendimento jurisprudencial. II - Os pressupostos processuais
e as condições da ação, no âmbito da ação rescisória e como requisitos de admissibilidade da M ela jurisdicionai, podem
e devem ser apreciados mesmo de ofício e a qualquer momento. III - Dada a sua natureza jurídica, a antecipação de tu
tela pode ser revogada se, posteriormente verificada a ausência de seus pressupostos. Vistos etc., acordam os ministros
do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, em negar provimento ao agravo, nos termos das notas taquigráficas, que
ficam fazendo parte integrante desta decisão. Sala de Sessões do Tribunal Superior Eleitoral. Brasília, 11 de setembro
de 2001”.
330
P edido de R eg istro de C andidatura C a p ít u l o 11
Os efeitos da revelia não operam na hipótese, pois o litígio eleitoral versa sobre
matéria de ordem pública primária e indisponível da sociedade. Os direitos do
cidadão, do voto, da normalidade e legitimidade das eleições representam a questão
subjacente fundamental no processo eleitoral (aplicam-se os arts. 320, II, e 324 do
Código de Processo Civil).
11.2.9. Competência
0 art, 2- da Lei das Inelegibilidades fixa a competência funcional do pré-
candidato,
331
M a r c o s R am ayan a D ir eito E leitoral
332
P ed id o de R egistro de C an didatura C apítulo 11
"Art. 16. Até quarenta e cinco dias antes da data das eleições, os Tribunais
Regionais Eleitorais enviarão ao Tribunal Superior Eleitoral, para fins
de centralização e divulgação de dados, a relação dos candidatos às
eleições majoritárias e proporcionais, da qual constará obrigatoriamente
a referência ao sexo e ao cargo a que concorrem.
§ l e Até a data prevista no caput, todos os pedidos de registro de
candidatos, inclusive os impugnados, e os respectivos recursos, devem
estar julgados em todas as instâncias, e publicadas as decisões a eles
relativas.
§ 29 Os processos de registro de candidaturas terão prioridade sobre
quaisquer outros, devendo a Justiça Eleitoral adotar as providências
necessárias para o cumprimento do prazo previsto no § l 2, inclusive
com a realização de sessões extraordinárias e a convocação dos juizes
suplentes pelos Tribunais, sem prejuízo da eventual aplicação do
disposto no art. 97 e de representação ao Conselho Nacional de Justiça.
Os § § le e 2° do art. 16 da Lei n9 9.504/97 foram incluídos pela Lei
n9 12.034/09.”
333
M a r c o s R am ayana D íreito E leitoral
0 art. 97 faz menção ao delito de desobediência pelo juiz, art. 345 do Código
Eleitoral. No entanto, a regra deve ser vista com cautela, porque o art. 94,§2e da Lei
das Eleições faz menção ao crime de responsabilidade.
De fato, em relação ao crime de responsabilidade em razão da desídia a remissão
traduz-se em tipo suicida ou natimorto, porque, na verdade, não existe previsão de
preceitos primários ou secundários na lei de responsabilidade sobre essa conduta,
sendo a solução extrema obtida apenas na via funcional administrativa.
Quanto ao delito do a r t 345 do Código Eleitoral, desobediência aos prazos e
deveres impostos, impende frisar que deve ser inequívoco o dolo do agente, pois a
conduta culposa é atípica e só en seja rá punição adm inistrativa.
0 delito do art. 345 do Código Eleitoral é de tipicidade porosa e exagerada,
pois pune penalmente a falta de um dever funcional, violando ainda critérios do
direito penal hodierno em relação aos princípios da intervenção mínima e da
proporcionalidade.
Todavia, a regra enseja a adoção de medidas céleres no julgamento dos
requerimentos de registro de candidaturas, inclusive com previsão de providências
(representação do interessado) ao Egrégio Conselho Nacional de justiça, ou seja,
contempla-se na lei eleitoral em comento a intervenção do órgão na questão da falta
de dever funcional eleitoral.
334
P ed id o de R egistro de C andidatura C a p ít u l o 11
0 doutrinador Joel José Cândido sustenta a revogação total, vez que o art. 80 é
posterior ao § 2 2 do art. 3- da LC n9 64/90 e é lei de natureza complementar, além
de ser mais amplo.
De certo que as funções eleitorais exercidas pelo Ministério Público são bem
amplas e abrangem a análise do pedido de registro de candidatos, bem como as
impugnações ofertadas por terceiros legitimados e as propriamente propostas pelo
órgão do Parquet,
O § 2 - do art. 3 9 da LC n9 64/90 faz menção ao prazo de quatro anos, retroativo
da data da análise do pedido de registro de candidaturas até a disputa de cargo
eletivo, integração de diretório de partido ou exercício de atividade político-
partidária. Trata-se de norma moralizadora, que isenta o Ministério Público de
atuações partidaristas.
Concordamos parcialmente com o eminente doutrinador Joel José Cândido,
porque uma determinada pessoa (membro do Ministério Público) pode ter exercido
atividade político-partidária, sem nunca ter se filiado a nenhum partido político,
e o fato ser provado por testemunhas, documentos e outras provas em geral. Por
exemplo: A participou de reiterados comícios políticos em favor de determinada
candidatura ou partido político, no ano de 2000, como membro do Ministério
Público. Ao nosso pensar, prevalece a regra do art. 3 9, § 2S, da LC n9 64/90, estando o
mesmo impedido de exercer as funções eleitorais até 2004. Vejam que, no exemplo,
o membro do P arquet não está filiado.
Quanto às outras duas hipóteses, ou seja, integrar diretório de partido e disputar
cargo eíetivo, ambas pressupõem a filiação partidária. Nestes casos, concordamos
com a revogação do § 2- do art. 3 S da LC n- 64/90, pelo art. 80 da LC n9 75/93. A
revogação, portanto, é parcial, pois subsiste o prazo de quatro anos para a hipótese
relativa ao exercício de atividade político-partidária.
O Tribunal Superior Eleitoral, através da Resolução n9 22.012/05, disciplinou
que os promotores de Justiça que pretendam participar das eleições gerais de 2006
terão que deixar definitivamente os seus cargos no Ministério Público, ou seja, devem
aposentar-se ou pedir exoneração, pois de acordo com a Emenda Constitucional
n9 45, ocorreu uma equivalência na restrição ao acesso dos mandatos eletivos entre
os membros do Ministério Público e da Magistratura.
No caso de desligamento do Ministério Público, o prazo de filiação é de 6 meses,
e não de 1 ano antes da data da eleição, pois antes da Emenda Constitucional n- 45,
o prazo de desincompatibilização mediante licença era idêntico ao da filiação
partidária.
A questão relativa ao direito adquirido dos membros do Ministério Público é
indissociável da análise do disposto no art. 60, § 4 Ô, II e IV, da Constituição Federal,
pois o voto direto e os direitos políticos positivos e negativos conglobam o aspecto
da filiação partidária como condição constitucional de elegibilidade (art. 14, § 39, V,
335
M a r c o s R am ayan a D irjeíto E leitoral
15 “(TSE). Inelegibilidade - improbidade administrativa (...) O simples oferecimento de denúncia por improbidade
administrativa não toma inelegível o candidato. (...) Acórdão n9 13.570, de 11.3.1997 - Recurso Especial Eleitoral
n~ 13.570/PI (São João da Canabrava). Relator Ministro ISmar GaSváo".
336
P e d id o de Re g ist ro de C an didatura C a p ít u l o 11
337
M arcos R am ayana D ireito E leitoral
Art. 29 Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele
que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por
eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades
mencionadas no artigo anterior.
A Lei das Eleições, ao tratar das condutas vedadas aos agentes públicos em
campanhas eleitorais, dispõe:
E ainda:
Impende frisar que o art. 327 do Código Penal define "funcionário público"
Todavia, o tipo em comento exige que ele esteja no exercício da função.
A melhor doutrina leciona que a expressão "funcionário público" não está em
consonância com o texto da Constituição Federal vigente. Leia-se: "servidor público".
Servidores públicos, segundo nos ensina José dos Santos Carvalho Filho, são:
todos os agentes que, exercendo com caráter de permanência uma
função pública em decorrência de relação de trabalho, integram
o quadro funcional das pessoas federativas, das autarquias e das
fundações públicas de natureza autárquica.
0 artigo em comentário abrangeu toda a espécie ou classificação de funcionário
público. Assim, somente não se devem sujeitar às regras de improbidade quem
exerce munuspúblico, v.g., os síndicos na falência, tutores, curadores e inventariantes
judiciais.
O exercício irregular das atribuições sempre revelará o descumprimento de um
dever ou a violação de uma proibição e corresponderá a uma infração disciplinar,
respondendo o servidor no âmbito da responsabilidade administrativa.
A infração disciplinar poderá, também, constituir responsabilidade civil e penal,
sendo certo que aquela tem sempre caráter patrimonial e esta, pela realização de
uma conduta que se amolde a um tipo de crime ou de contravenção.
A responsabilidade civil sempre tem caráter patrimonial, ou seja, incidirá quando
a infração disciplinar acarretar danos à Administração ou a terceiros.
P ed id o de R eg istro de C andidatura C a p ít u l o 11
18 “(TSE) .Acórdão n9 558, de 17.9.2002. Agravo regimental no recurso ordinário n9 558/mg. Relator: Ministro Luiz
Carios Madeira. Ementa: Agravo regimental. Recurso ordinário. Registro de candidato. Eleições 2002. impugnação.
Rejeição de contas. TCU. Ausência de trânsito em julgado. Fundamentos da decisão agravada. Não infirmados. Para
que se configure a inelegibilidade do art. 1®, I, g, da LC ne 64/90, é necessário o trânsito em julgado da decisão.
Constitui óbice intransponível o agravo regimental não infirmar todos os fundamentos da decisão agravada. Agravo
improvido. Pubücado na sessão de 17.9.2002”.
339
M a r c o s R a m ayana D ir eito E leitoral
3 40
P ed id o d e Reg ist r o de C andidatura C a p ít u l o 11
c) Governadores de Estado.
A Carta Magna estadual do Rio de Janeiro dispõe que:
341
M a r c o s R am ayana D ir eito E leitoral
d) Presidente da República.
Quanto ao cargo de Presidente da República, o julgamento é realizado pelo
Congresso Nacional, após decisão do Tribunal de Contas da União (aplicam-se os
arts. 49, IX, e 71, I, da Carta Magna). A inelegibilidade só decorre da decisão final
transitada em julgado do Congresso Nacional.
As diretrizes da Carta Magna, em seu art. 71, II, versam:
342
P ed id o de R egistro de C andidatura
C a p ít u l o 11
343
M a r c o s R amayana D ír eito E leitoral
18 "Recurso especial recebido como recurso ordinário. Registro de candidatura. Impugnação. Julgamento das contas
de prefeito. Competência da Câmara Municipal. Pronunciamento do Tribuna! de Contas Municipai é mero parecer
prévio. Inelegibilidade afastada. LC 64/90, art. 1° inciso I, alínea g. 1 ,0 julgamento das contas do prefeito municipal
é de competência da Câmara Municipal, constituindo o pronunciamento do Tribuna! de Contas mero parecer opinativo.
2. Precedentes. 3. Recurso a que se nega provimento. Acórdão ne 20.051, de 25.9.2002. Recurso Especia! Eleitora!
ne 20.051 - Classe 22*/ES (Vitória). Relator: Ministro Sepúlveda Pertence. Decisão: Unânime em receber o recurso
como ordinário e negar-lhe provimento". “Inelegibilidade: re]eição de contas (LC ne 64/90, art. 1e, I, g). Tribunal de
Contas do Estado. Competência originária. Convênio. Não se sabendo o motivo da rejeição das contas e não havendo
prova da insanabilidade ou da existência de improbidade, não há como cogitar de inelegibilidade. Recurso provido para
deferir o registro de candidatura. Acórdão ns 20.437, de 25/9/2002. Recurso Especial Eleitoral n9 20.437. Classe 22-/
PA. (Belém). Relator: Ministro Sepúlveda Pertence. Decisão: Unânime em receber o recurso como ordinário e dar-lhe
provimento".
3 4 4
P e d id o de Reg ist r o de C andidatura C a p ít u l o 11
0 autor da ação deve citar o órgão julgador das contas, por exemplo, Mesa do
Senado ou da Câmara, Assembleia Legislativa, Câmara Municipal e, se o julgamento
não envolver órgãos do Poder Legislativo, deverá citar o Tribunal de Contas ou
Conselho de Contas.21
A ação de desconstituição das contas rejeitadas por irregularidade insanável22
deve ser proposta antes da ação de impugnação ao pedido de registro de candidato,
pois, ultrapassado o prazo, não há que se falar em causa de suspensão da
inelegibilidade, mas sim na incidência da própria inelegibilidade.23
19 “Recurso especial Eleições municipais. Comissão parlamentar de inquérito. Conclusões. Improbidade
administrativa. Lei ne 8.429/92. Decretação em procedimento de registro de candidatura. Impossibilidade.
Rejeição de contas. Decisão irrecorrívei do órgão competente. Inexistência. Hipótese de elegibilidade.(...) 2. O
reconhecimento da inelegibilidade prevista no art. 1° inciso i, alínea g, da LC nS-64/90, pressupõe a existência
de decisão irrecorrivel do órgão competente. No caso de contas prestadas pelo chefe do Executivo municipal, o
parecer prévio do Tribunal de Contas possui natureza meramente opinativa, devendo ser submetido à apreciação
da Câmara de Vereadores, para que se aperfeiçoe o ato de rejeição. Precedentes. (...) Recurso conhecido e provido.
Acórdão ns 18.313, de 5.12.2000. Recurso Especial Eleitoral ne-18.313. Ciasse 22-/CE (7<P Zona Guaraciaba do
Norte)”.
20 “Recurso Especial Eleitoral n2 20.023/ES, Rei. Min. Fernando Neves, em 18.3.2003. Recurso especial eleitoral.
Rejeição de contas. Inelegibilidade. Nova ação declaratória-que se encontra sob o crivo do Judiciário. Incidência do
verbete ne 1 da Súmula do Tribuna! Superior Eleitoral. Não havendo decisão definitiva de rejeição de contas, mesmo
havendo renovação da ação, estaria o candidato ao abrigo da Súmula n9 1 deste Tribunai Superior Eleitoral- Nesse
entendimento, o Tribuna! conheceu do recurso e deu-lhe provimento. Unânime”.
21 “Recurso ordinário. Registro de candidatura. Inelegibilidade. Rejeição de contas (LC n° 64/90, art 12, I, g). I -
Alegação de incompetência do TCU para rejeitar contas municipais: improcedência, por se tratar de convênio firmado
entre o município e o Ministério da Ação Sociai. il - O recurso ordinário devolve ao TSE toda a matéria de fato e de
direito. III ~ Não se desincumbindo o candidato do ônus de questionamento da natureza das irregularidades detectadas,
mantém-se a inelegibilidade sufragada peio aresto regional. IV - Recurso a que se nega provimento. Acórdão n?-595, de
19.9.2002. Recurso Ordinário ns 595 - Ciasse 27á/MG {Beio Horizonte). Reiator: Ministro Sepúlveda Pertence. Decisão:
Unânime em negar provimento ao recurso".
22 “(TSE). Acórdão n9 588, de 23.9.2002 Recurso Ordinário n° 588/PR. Relator: Ministro Sálvio de Figueiredo. Ementa:
Rejeição de contas. Despesas. Empenho. Cobertura financeira. Ausência. Vício insanável. Não caracterização. Dano
ao Erário. Perda patrimonial. Desvio de valores. Inexistência. Recurso provido. Publicado na sessão de 23.9.2002".
23 “Agravo regimental. Recurso ordinário. Eleições 2002. Registro. Inelegibilidade. Rejeição de contas (art. 1° I, g, da
LC ne 64/90). Nâo ocorrência. A Justiça Eleitoral pode examinar a natureza das irregularidades das contas. Necessidade
de haver elementos que permitam a declaração de insanabilidade. Não há, na decisão do órgão julgador, nenhuma
menção de irregularidade insanável ou nota de improbidade administrativa. As premissas, para o indeferimento do
registro, com base no art. 1° i, g. da LC n§ 64/90, são: rejeição de contas relativas ao exercício de cargos ou funções
públicas, por irregularidade insanável e por decisão irrecorrívei do órgão competente. Agravo regimental a que se nega
provimento. Acórdão nQ604, de 20.9.2002. Agravo Regimental no Recurso Ordinário n2 604 - Classe 27*/TO (Palmas).
Relator: Ministro Luiz Carlos Madeira. Decisão: Unânime em negar provimento ao agravo regimental".
345
M a r c o s R am ayan a D ir eito E leitoral
346
P ed id o de R egistro de C andidatura C a p ít u l o 11
disciplinado no art. 33 da lei acima referida, ainda que interposto em prazo anterior à
ação de impugnação ao pedido de registro,24 não suspende a inelegibilidade.
Surge uma questão que poderá alterar a posição do egrégio Tribunal Superior
Eleitoral, a saber, a permissão de que uma alteração jurídica que seja posterior à
formalização do pedido de registro de candidatura afaste a inelegibilidade, criando-
se uma situação singular que pode permitir que o candidato sub judice possa obter
uma decisão liminar ou cautelar (situação jurídica posterior), após o indeferimento
do Requerimento de Registro de sua Candidatura em função do reconhecimento de
uma inelegibilidade com base na alínea g do inciso I do art. l s da LC n9 64/90.
Em suma: se o candidato a prefeito foi declarado inelegível pela Câmara
Municipal que se baseou no parecer do Tribunal de Contas, ele poderá propor uma
ação na Justiça não eleitoral e obter uma decisão cautelar ou liminar que afaste
a inelegibilidade. Todavia, neste caso, entendemos que a alteração jurídica não
decorre da mera obtenção de uma decisão cautelar no transcurso do processo de
registro, mas sim da prova robusta de que ocorreu um fundamento jurídico novo
capaz de conduzir a alteração da situação vista anteriormente pela Justiça Eleitoral.
A jurisprudência do Colendo TSE consagra que “A obtenção de liminar ou de
tutela antecipada após o pedido de registro da candidatura não suspende a
inelegibilidade" (Agravos Regimentais no Recurso Especial Eleitoral ns 32.937/PB,
rei. Min. Joaqu im B arbosa, em 18.12.2008).
No entanto, a nova redação do §10 do art. 11 da Lei n- 9.504/97, trazida pela Lei
n- 12.034, de 29 de setembro de 2009, pode permitir o entendimento no sentido
de que a obtenção da liminar ou cautelar na ação anulatória é possível de ser
conquistada antes do prazo final de julgamento de registro de candidaturas, que
devem observar a prioridade prevista no §22 do art. 16 da Lei n5 9.504/97.
24 “Acórdão ns 626, de 10.10.2002. Embargos de declaração no Recurso Ordinário ns 626/RO. Relator: Ministro Barros
Monteiro. Ementa: Embargos de declaração recebidos como agravo regimental. Decisão recorrida. Fundamentos não
impugnados. Súm. STJ n® 182. Recurso ordinário. Registro de candidatura. Indeferimento. Rejeição de contas. Nota
de improbidade administrativa. Insanabilidade. Pedido de reconsideração no TCE formulado posteriormente à ação de
impugnação. Inocuidade, inelegibilidade do art. 12,1, g, da LC ne 64/90. Agravo desprovido. É inviável o agravo que não
impugna todos os fundamentos da decisão agravada. Enunciado ne 182 da Súmuia do STJ. Rejeitadas as contas com
nota de improbidade administrativa, hão de ser elas consideradas de natureza insanável. Precedentes. O pedido de
reconsideração de decisão que rejeitou as contas, formulado no TCE após o ajuizamento da ação de impugnação de
registro de candidatura, não tem o condão de afastar a causa de inelegibilidade do art. 1e, i, g, da LC n9 64/90. Agravo
a que se nega provimento. Publicado na sessão de 1° 10.2002".
347
M arco s R am ay an a D ir eito E leitoral
25 “(TSE). O termo inicial para contagem do prazo de inelegibilidade na hipótese do art. 1s, I, g, da LC ne 64/90 é a data
da decisáo do órgão competente que rejeitou as contas. Julgado procedente o recurso do candidato e não conhecido o
do diretório municipal. Acórdão ne 15.415, de 2.9.1998 - Recurso Especial Eleitoral n - 15.415 - Classe 22S/PI (Teresina).
Relator: Ministro Costa Porto*.
348
P ed id o de Re g ist r o de C andidatura C a p ít u l o 11
Impende observar que> por descuido ou má-fé, o nome de um dos filiados pode
não ser encaminhado à Justiça Eleitoral. Nesta hipótese, o interessado poderá basear
seus argumentos na Súmula n2 20 do TSE, in verbis: "A falta do nome do filiado ao
partido na lista por este encaminhada à Justiça Eleitoral, nos term os do art. 19
da Lei ne 9 .0 9 6 , de 1 9 .9 .1 9 9 5 , pode ser suprida por outros elementos de prova
de oportuna filiação".
Os outros elementos de prova, referidos na Súmula n2 20, podem ser os registros
cartorários dotados de fé pública. Quanto ao nome em uma das listas anteriores
(abril/outubro] e, ainda, cópia da ficha de filiação partidária do recorrido como
documento idôneo para comprovar a filiação partidária, o TSE já se manifestou em
sentido oposto:
Ademais, se assim não fosse, a ficha de filiação partidária (fl. 19) e o
requerimento do Partido à Justiça Eleitoral, para inclusão do nome do
candidato na relação de filiação anteriormente enviada (fl. 15), não
são documentos aptos a comprovar filiação partidária. Com efeito,
o art. 24, III, da Res. TSE n9 20.993/02 exige certidão expedida pelo
escrivão eleitoral, o que não consta dos autos. Nesse sentido, anotou o
subprocurador-geraí da República, no exercício da função eleitoral, Dr.
Wallace de Oliveira Bastos, no parecer de fls. 79-83 (Recurso Especial
Eleitoral n9 20.207/BA. Relator: Ministro Sálvio de Figueiredo),26
O TSE não vem admitindo documentos sem autenticação, especialmente diante
do reexame de prova que é vedado na instância superior (Súmulas n2 07 do STJ e
n2 279 do STF).27 Em outra decisão, o TSE admite a ficha de filiação como prova
idônea, "Registro de candidato. Filiação partidária. (...) Comprovação da condição
de filiada por ficha de filiação (...)" (Acórdão n2 13.627, de 23 de setembro de 1996,
Relator Ministro Eduardo Alckmin).
O importante é evitar a fraude com filiações inexistentes ou feitas fora do prazo
de um ano antes da data das eleições.28
O art. 8 S da Lei n2 9.504/97 trata do prazo de realização das convenções
partidárias (de 10 a 30 de junho do ano eleitoral). O exame dos pedidos de registro
ocorre até as 19h do dia 5 de julho do ano eleitoral; portanto, deve-se ter atenção
nas listas enviadas pelos partidos políticos no mês de outubro que forem diferentes
26 A jurisprudência do TSE posiciona-se no sentido de que: “O Tribunal a quo, para concluir pela imprestabilidade da
prova de filiação partidária do recorrente procedeu, à evidência, a acurado exame do material probante constante dos
autos. Decidir diversamente demandaria o revolver dessa matéria, o que é vedado em sede de recurso especial, a teor
dos Enunciados ns 7 e n5 279, respectivamente, das Súmulas do STJ e do STF”.
27 Acórdão ne 19.998, de 19.9.2002. Recurso Especial Eleitoral n9 19.998/SR Relator: Ministro Sepúiveda Pertence.
Ementa: Filiação partidária: prova. A autonomia dos partidos assegura-lhes regular os pressupostos e a forma de
filiação aos seus quadros, mas a prova dessa filiação, para os fins constitutivos, é a prevista em lei (Lei n- 9.096/95,
art. 19), que, admite-se, pode ser suprida por prova documental pré-constítuída e inequívoca, nâo, porém, por
simples declaração de dirigente partidário, posterior ao pedido de registro. Publicado na sessão de 19.9.2002”.
28 “(TSE). Recurso Especial Eleitoral ne 20.112/MT, Relatora: Ministra Elten Gracie. Registro de candidatura. Filiação
partidária não demonstrada. Documento sem autenticação. Reexame de prova. Súmula do STF r?e 279 e Súmula do
STF T.
349
M a r c o s R am ayana D i r e i t o E l e it o r a l
das listas do mês de abril, pois as de abril do ano eleitoral são mais recentes e
comprovam efetivamente a filiação partidária, ao passo que as do mês de outubro
podem ter sido alteradas por desligamento do pré-candidato, sem observância da
dupla comunicação (partido político e juiz eleitoral).
Quem se filia a outro partido deve fazer comunicação ao partido e ao juiz
de sua respectiva zona eleitoral, para cancelar sua filiação; se não o fizer
no dia imediato ao da nova filiação, fica configurada dupla filiação, sendo
ambas consideradas nulas para todos os efeitos (REspe. ns 16.410/PR,
Rei. Ministro Waldemar Zveiter, pub. em sessão de 13.9.2000).
Se uma pessoa estiver filiada ao partido X e desejar filiar-se ao partido Y, deverá
atentar para alguns cuidados indispensáveis a fim de evitar a dupla filiação. No
caso, deverá fazer uma comunicação por escrito ao partido político (por exemplo,
Diretório Municipal) e ao juiz eleitoral da zona eleitoral respectiva de sua inscrição.
Nesse sentido, ver o art. 21 e parágrafo único da Lei dos Partidos Políticos.
O interessado só poderá filiar-se a outro partido após escoar o prazo de dois dias
da comunicação, mas, na prática, é muito comum o pré-candidato não observar os
prazos de comunicação ao partido e ao juiz.
O pré-candidato que não fizer o seu desligamento de forma correta, ou seja,
com a dupla comunicação (partido e juiz eleitoral) e filiar-se a outro partido estará
duplamente filiado, sendo ambas as filiações consideradas nulas. Todavia, emerge
ainda outra oportunidade, ou seja, o pré-candidato poderá valer-se do disposto
no art. 22, parágrafo único, da Lei dos Partidos Políticos. Neste caso, restar-lhe-á
efetivar ambas as comunicações no dia imediato ao da nova filiação, pois, caso não
realizem estas providências imprescindíveis, estará configurada a dupla filiação.
Nesse sentido, Acórdãos n 2 16.783 e n9 17.208 do TSE.
Nos cartórios eleitorais, é comum a formação de procedimentos relativos à
apuração da dupla filiação e que ensejam recursos aos Tribunais Superiores. Firma-
se a jurisprudência no sentido de que, se o juiz declarou a duplicidade de filiação e a
questão está suj eita a recurso, o pré-candidato é ausente de el egíbilidade constitucional.
Vê-se que o exame da ausência da condição de elegibilidade constitucional faz-se no
momento do registro e se, neste instante, ainda não houver reforma da decisão que
declarou a dupla filiação, não há que se falar em sanabilidade ou elegibilidade.
350
P e d id o d e R e g is t r o d e C a n d id a t u r a C a p ít u l o 11
351
M a r c o s R am ayana D i r e i t o E l e it o r a l
A questão não prescinde da análise dos arts. 59, parágrafo único, e 98,1, II e III,
ambos do Código Eleitoral. Estes dispositivos, especialmente os incisos do art. 98,
tratavam do instituto da exclusão. Diversamente, a Carta Magna trata do afastamento
da atividade. Não entendo as expressões como sinônimas, pois, por isonomia com o
servidor público civil, o militar, pela disciplina imposta pela Constituição, poderia
obter uma licença (afastamento provisório) até a posse e o exercício do mandato
eletivo.
0 termo exclusão, usado no art. 98 do Código Eleitoral, foi substituído pela
norma constitucional (art. 14, § 8 9, 1, da CRFB) por afastam ento. 0 afastamento
ocorre também, por licen ça e, ao nosso entender, remunerada em igualdade de
tratamento com o servidor público civil A remuneração deve estender-se até o
início do exercício do mandato eletivo. Ao término do mandato, poderá o mesmo
retornar à atividade militar.
Registre-se:
Mandado de Segurança. Afastamento de militar para concorrer a
cargo eletivo. Natureza do afastamento, se com menos de dez anos de
serviço. Seja por interpretação lexicológica e sistêmica, seja para evitar
ofensa ao direito de cidadania passiva, o afastamento referido no inciso
I do parágrafo oitavo do art. 14 da CF é afastamento provisório, não
importando em demissão de ofício. Segurança concedida (Mandado de
Segurança n9 596.253.468, Tribunal Pleno, Tribunal de Justiça do RS,
Relator. Desembargador Tupinambá Miguel de Castro do Nascimento,
julgado em 24.5.1999. Comarca de origem Porto Alegre, Seção Cível.
Destacamos, ainda, a Lei n2 3.506, de 27 de dezembro de 1958, que "regula a
situação dos servidores civis e militares candidatos a cargos eletivos ou diplomados
para o exercício de mandato legislativo federal". A norma contempla, no art. t ü, a
igualdade entre os servidores públicos civis e militares para fins de candidatura a
mandatos eletivos, in verbis:
352
P e d i d o d e R e g i s t r o d e C a n d id a t u r a C a p ít u l o 11
353
M a r c o s R a m ayana D í r h t o E l e it o r a l
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P e d i d o d e R e g i s t r o d e C a n d id a t u r a C a p ít u l o 11
Por outro lado, não se coaduna com a atual ordem jurídica, acabando por violar
o princípio da iamfltmla previsto no art. 5 a, cap u t. da CRFB/88, o tratamento
diferenciado e discriminatório entre servidores civis e militares no que tange ao
prazo de desincompatibilização, previsto na Lei Complementar nQ 64/90, art. l s,
inciso II, letra /.
Daí porque uma interpretação harmônica entre tais dispositivos resultaria no
seguinte: a comunicação à autoridade a que o militar estiver subordinado não
deverá ser feita na data do deferimento do registro, mas na data de seu requerimento
ou solicitação, cujo termo final a lei prevê para o dia 5 de julho (art. 11 da Lei
n- 9.504/97). Tal entendimento trataria os servidores de forma isonômica, pois
ambos teriam o prazo para afastamento de 3 meses antes do pleito.
Assim, o fundamento para o afastamento do servidor civil seria a Lei Complementar
n- 64/90, art. l s, inciso II, letra "I"; enquanto que para os servidores militares o
fundamento legal seria a Resolução do TSE n9 22.717/08 (norma temporária para
as eleições de 2008, que deve ser repetida para as eleições vindouras), art. 16, § 4 9,
numa interpretação conforme a CRFB/88, art. 14, § 89 e art. 59,
Esta segunda corrente de pensamento, à qual nos filiamos, encontra respaldo
também na jurisprudência de alguns Tribunais Regionais Eleitorais, tais como o de
Santa Catarina, verbis:
"Ementa: Mandado de segurança - militar alistável não ocupante de
cargo ou função de comando - servidor com mais de dez anos de serviço
~ prazo de afastamento das atividades funcionais para concorrer a
mandato eletivo - aplicabilidade do disposto no art. 14, § 89, inciso
Ii, da Constituição Federal combinado com a regra geral prevista no
art. 1°, inciso II, alínea "1", da Lei Complementar n9 64/1990 - data
do protocolo do pedido de registro coincidente com os três meses
anteriores ao pleito - aplicabilidade do princípio da isonomia entre
servidores públicos ~ concessão da segurança para que o impetrante se
mantenha afastado de swas funções desde a data da formalização
do pedido de registro de candidatura" (TRE/SC, Mandado de
Segurança n9 276, acórdão 17949 Florianópolis - SC 31.10.2002, Rei.
Rui Francisco Barreiros Fortes, Dl - Diário de Justiça, 18.11.2002,
p. 98). Grifou-se.
Considerando que a Lei Complementar ne 64/90 disciplinou o prazo de
afastamento das atividades funcionais dos servidores militares que exercem
cargo ou função de comando e pretendem concorrer a mandato eletivo (seis
meses anteriores ao pleito), sendo os demais militares servidores públicos lato
sensu, aplica-se a regra geral prevista no art. l s, inciso II, alínea “1", da mesma Lei,
combinado com as disposições do art. 14, § 8-, da Constituição Federal.
355
M a r c o s R am ayana D i r e i t o E l e it o r a l
Por fim, entendemos que a simples interpretação literal do parágrafo único do art.
98 do Código Eleitoral não está razoável com as novas diretrizes normativas sobre
esta matéria impostas na Constituição da República e na Lei das inelegibilidades,
sob pena do candidato “militar" permanecer na função durante toda a campanha
eleitoral até ser definitivamente julgado o seu registro.
356
P e d i d o d e R e g i s t r o d e C a n d id a t u r a C a p ít u l o 11
357
M a r c o s R amayana D i r e i t o E l e it o r a l
Pergunta-se: como adequar esses prazos ao prazo de filiação de um ano antes das
eleições e à vedação com o exercício das funções, sendo o membro filiado a partido
político?
Em recente resolução eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu o seguinte:
"Os magistrados, os membros dos tribunais de contas e os do Ministério
Público devem filiar-se a partido político e afastar-se definitivamente de suas
funções até seis m eses antes das eleições” (a rt 13 da Res. TSE ne 22.156/06).
358
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M a r c o s R am ayana D i r e i t o E l e it o r a l
11.6. RESUMO
11.6.1. P ro cesso de registro de candidatos
1) Os pedidos de registro são publicados no Diário Oficial e afixados em cartórios
das zonas eleitorais do interior (ver art. 97 do Código Eleitoral).
2) No prazo de 5 dias, contados da publicação do pedido de registro de candidatos,
poderão os candidatos, partidos políticos, coligações e Ministério Público
impugná-los (art. 3 S da Lei Complementar ne 64, de 18 de maio de 1990). Neste
caso, a impugnação é feita por ação de impugnação ao pedido de registro de
candidatos, e não por parecer ou manifestação nos autos da ação de pedido de
registro. Trata-se de uma ação autônoma.
3) O pré-candidato é notificado e poderá apresentar defesa em 7 dias, ou seja,
contestação (art. 4 S da Lei Complementar n9 64/90).
4) Se a matéria for de direito, o juiz julga antecipadamente a lide (art. 5® da Lei
Complementar ns 64/90). 0 Ministério Público é ouvido, a saber: Promotor
Eleitoral nas impugnações de candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador;
procurador regional eleitoral, nos pedidos de governador, vice-governador,
senador, deputado federal, estadual ou distrital; e procurador-geral eleitoral nos
de presidente e vice-presidente da República.
5) Se houver necessidade de provas, o órgão jurisdicional abrirá vista para
inquirição de testemunhas arroladas pelo impugnante e impugnado (art. 59 da
Lei Complementar n9 64/90).
6) O juiz ou Tribunal tem 5 dias para proceder a todas as diligências que determinar
de ofício ou a requerimento das partes (art. 5e, § 2 9, da Lei Complementar
n^ 64/90).
7) 0 juiz abre vista no prazo comum de 5 dias para alegações das partes e do
Ministério Público (art. 6 9 da Lei Complementar ne 64/90).
8) Após, restará 1 dia para conclusão ao juiz e 3 dias para sentença e,
consequentemente, 3 dias para recurso e 3 dias para contrarrazões recursais.
Podemos extrair da atual jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral algumas
premissas sobre o registro dos candidatos de forma resumida, a saber:
a) As coligações, como partidos políticos temporários, recebem o mesmo tratamento
de um partido político. Neste sentido, favor verificar a regra do a r t 6 9, § 1-, da
Lei n- 9.504/97.
360
P e d i d o d e R e g i s t r o d e C a n d id a t u r a C a p ít u l o 11
b) "Da decisão da convenção até a diplomação dos eleitos, o partido político coligado possui
legitimidade para agir isoladamente somente na hipótese de dissidência interna, ou
quando questionada a validade da própria coligação" (Acórdão-TSE 18.421, de 28 de
junho de 2001, e Res. TSE ne 22.156/06, art 69}.
c) Os candidatos que gozem de foro especial por prerrogativa de função devem
apresentar certidões criminais pelo Tribunal competente para processar e julgar
os eventuais delitos por eles praticados. Neste sentido, ver precedente na Res.
TSE ns 22.156/06, a r t 25, IL
d) Nos pedidos de registro de candidatos devem ser apresentadas as provas da
desincompatibilização dos agentes públicos.
e) Deve constar do pedido de registro de candidaturas o comprovante de
escolaridade do pré-candidato, ou declaração de próprio punho de que ele
é alfabetizado. Cabem ainda, em caso de suspeita, diligências e testes para se
verificar se o pretendente possui nível de alfabetização.
f) Com o intuito de agilizar a prestação jurisdicional, é possível julgar num só
processo a impugnação (AIRC) e o registro dos demais candidatos. Tudo será
fruto de uma única decisão (Res. TSE. ne 22.156/06, art. 42, parágrafo único).
g) Nas eleições majoritárias, a substituição dos candidatos poderá ser requerida até
24 (vinte e quatro) horas antes da eleição, apenas observando-se o prazo de 10
(dez) dias contados do fato ou da decisão judicial que deu origem à substituição.
Quando as eleições forem proporcionais, "a substituição só se efetivará se o novo
pedido, com a observância de todas as formalidades exigidas para o registro,
for apresentado até dez dias contados do fato ou da decisão judicial que lhe deu
origem à substituição, observado o limite legal de 60 dias antes do pleito (Lei
9.504/97, art. 13, § 3 Q; Código Eleitoral, art. 101, § 1*)" - Res. TSE n9 22.156/06.
h) O cancelamento do registro é automaticamente feito pela justiça Eleitoral,
quando ocorrer o falecimento ou a renúncia.
i) “O candidato que tiver seu registro indeferido poderá recorrer da decisão e,
enquanto estiver sub judice, prosseguir em sua campanha e ter seu nome mantido
na urna eletrônica" (art. 58 da Res. TSE n9 22.156/06). E ainda: "O candidato cujo
registro estiver sub ju d ice poderá efetuar todos os atos relativos à sua campanha
eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito para a sua propaganda, no
rádio e na televisão" (Res. TSE. ne 22.158/06, art. 12).
361
M a r c o s R am ayana D i r e i t o E l e it o r a l
363
C à PÍTULO 1 1
10a ■ Capítulo
11 - Pedido de registro de
364
P e d i d o d e R e g i s t r o d e C a n d id a t u r a .
C apítulo 11
365
Marcos Ramayana ■ Direito Eteitorai 10a • Capítulo 3i - Pedido de registro de candidatura
C apítulo 1 2
P r o pa g a n d a eleito ral
368
P r o p a g a n d a E l e it o r a l C apítulo 12
12.2.3. Início
Somente no dia 06 de julho do ano da eleição, quando é possível legalmente serem
veiculados panfletos, faixas e cartazes pelos candidatos. A regra está expressa no
art. 36 da Lei ns 9.504/97. Não se aplica o art. 240 do Código Eleitoral (revogação
tácita).
12.2.4. Gratuidade
O art. 99 da Lei ns 9.504/97 prevê a compensação fiscal pela cedência do horário
gratuito no rádio e televisão. Sobre o assunto, ver as normas do art. 52 da Lei
ns 9.096/95 e do Decreto n9 5.331/2005.
369
M a r c o s R a m ayana D i r e i t o E l e it o r a l
Art. 37. Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do Poder
Público, ou que a ele pertençam, e nos de uso comum, inclusive postes
de iluminação pública e sinalização de tráfego, viadutos, passarelas,
pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos, é vedada
a veiculação de propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação,
inscrição a tinta, fixação de placas, estandartes, faixas e assemelhados
(Caput com redação dada pela Lei n9 11.300/06).
§ 1° A veiculação de propaganda em desacordo com o disposto no caput
deste artigo sujeita o responsável, após a notificação e comprovação, à
restauração do bem e, caso não cumprida no prazo, a multa no valor de
R$2.000,00 (dois mil reais) a R$ 8.000,00 (oito mil reais) (Parágrafo
com redação dada pela Lei ns 11.300/06).
370
P r o p a g a n d a E l e it o r a l C apítulo 12
Como se percebe, a propaganda eleitoral cham ada “de rua" enseja a aplicação
de multas e restauração dos bens públicos atingidos, mas, se houver potencialidade
lesiva para desequilibrar as eleições, demandará a propositura da ação de
investigação judicial eleitoral por abuso do poder econômico, na forma do a r t 22
da Lei das Inelegibilídades, o que conduzirá o infrator à sanção da inelegibilidade.
Não se pode esquecer que a soma das reiteradas propagandas políticas eleitorais
irregulares divulgadas sem lastro na prestação de contas, podem caracterizar o
abuso do poder econômico, pois nas ruas tornam-se visíveis os gastos do dinheiro
da campanha eleitoral, especialmente na confecção de impressos coloridos, faixas
luminosas e materiais valiosos.
Nas ruas são resolutas as diferenças entre o poderio econômico dos candidatos,
pois neste palco urbano ou rural se apresentam as forças dos panfletos, galhardetes,
contratação de cabós-eleitorais e de todo o aparato extremamente oneroso que em
certo grau fomenta uma prévia corrupção eleitoral.
Nesse cenário surgem as captações ilícitas de sufrágio como condutas criminosas
e que provocam sanções não penais (cassação do registro, diploma e multa), e os
abusos que descambam para a inelegibilidade.
As eleições não podem ser vistas como atos meramente formais, como se os
eleitores estivessem caminhando para um gesto sem comemoração ou festividade,
mas não é razoável a tolerância com a propaganda sem freios, e que serve apenas ao
descrédito das instituições democráticas e aniquilam a normalidade e legitimidade
das eleições (§ 9 - do a r t 14 da CF). Busca-se, um terceiro gênero, ou alternativa,
para a ponderação e razoabilidade dos interesses em questão.
Diante desse panorama, surge a prudência do juiz, que é um ser supremo ativo
na preservação moral e ética da democracia, e vive e julga as eleições em um quadro
dos mais árduos da missão da magistratura: se de um lado deve preservar o regime
democrático como função que lhe foi destinada pelas regras constitucionais e
371
M a r c o s R am ayana D i r e i t o E l e it o r a l
éticas; por outro, se vê inserido no contexto de uma campanha política que aflora
os ânimos e se traduz numa atmosfera de corrupção, fraude e desmandos, inclusive
com a propaganda criminosa, captativa e abusiva.
Nesse prumo navega o juiz, usando da cautela na preservação da nobilíssima
instituição da magistratura e da democracia, anunciando nas sentenças em voz
alta, a profundidade e a qualidade do fundo das campanhas eleitorais e expurgando
da competição eleitoral, os candidatos que não souberam preservar as regras da
igualdade em face da lei eleitoral.
A transferência para o Poder Judiciário Eleitoral do enfrentamento da
judicialização da política se apresenta no estado democrático contemporâneo,
como um desafio dos mais complexos da engenharia social e cultural, com reflexos
na capacidade econômica de subsistência desse precioso regime, cujos sacrifícios
da judicatura certamente serão lembrados para as futuras gerações do nosso Brasil.
A Lei ne 12.034/09 incluiu os parágrafos sexto e sétimo ao art. 37 da Lei
nfi 9.504/97 nos seguintes termos:
"§ 6 - É permitida a colocação de cavaletes, bonecos, cartazes, mesas para
distribuição de material de campanha e bandeiras ao longo das vias públicas, desde
que móveis e que não dificultem o bom andamento do trânsito de pessoas e veículos.
§ 7- A mobilidade referida no § 6 e estará caracterizada com a colocação e a
retirada dos meios de propaganda entre as seis horas e as vinte e duas horas"
Numa leitura do § 6 e do artigo acima aludido, poderíamos compreender que a
mobilidade significa uma ação de mover um bem ou objeto. Assim, um boneco com
rodas, uma mesa de rodinhas, uma bicicleta e outros. No entanto, o legislador criou
outro sentido para a expressão “mobilidade", ou seja, atrelou-se o sentido ao fato do
objeto ser retirado das ruas após um determinado horário (22 horas).
12.2.5.1. Pode uma mesa com propaganda eleitoral fica r apoiada na rua
das 6h às 22h?
Pela leitura do § 7 - acima exposto, não haveria empecilho. No entanto, não se
pode desprezar o interesse público no tráfego e trânsito (veículos e pessoas), sob
pena de violação às posturas municipais e a legislação urbanística, além de causar
graves transtornos que estimulariam a revolta do eleitor.
Não é possível abandonar o objeto na via pública, pois se exige de forma
permanente o controle e fiscalização da propaganda em relação aos circunstantes e
veículos. O poder de vigilância do grupo do candidato sobre bens de seu interesse é
inerente a higidez das campanhas eleitorais.
Se, porventura, o objeto estiver sem vigilância do interessado, independentemente
do horário fixado entre 6h e 22 h, é legítima a sua apreensão e posterior multa na
forma do art. 37, § l 9 da Lei das Eleições.
372
P r o p a g a n d a E l e it o r a l Capítulo 12
Como se depreende, a nova lei eleitoral foi permissiva e de certa forma consagrou
uma maior amplitude na propaganda. É de notar, que caberá ao candidato instruir
seus simpatizantes e empregados a zelar pelos objetos, placas, faixas e instrumentos
em geral.
Percebe-se o aumento das formas de propaganda política eleitoral e se espera,
em contraprestação, uma redução da panfletagem no dia da eleição. Todavia, a
prática eleitoral não demonstra como imperiosa esta correlação.
Na verdade, elevam-se os gastos de campanha eleitoral e o abuso do poder
econômico.
373
M arcos R amayana D i r e i t o E l e it o r a l
Preserva-se com a nova lei, a vontade do eleitor e a livre opção pela escolha
democrática.
Mas não é só. Evita-se o abuso do poder econômico.
A novo dispositivo legal, impõe que seja gratuita a veiculação da propaganda em
bens particulares. Desta maneira, não é possível ao candidato lançar na prestação
de contas de sua campanha eleitoral esse tipo de despesa.
374
P r o p a g a n d a E l e it o r a l Capítulo 12
Com isto, o art. 26, inciso XIV deve ser interpretado de forma sistêmica com o
§ 8S do art. 37, ambos da Lei das Eleições.
Leia-se o art. 26, XIV:
Por outro lado, o § 7 9 do art. 23, autoriza a utilização de bens móveis ou imóveis
de propriedade particular, quando o valor não ultrapasse R$ 50.000.00 (cinqüenta
mil reais).
0 § 8^ do art. 37 é de relevante interesse à manutenção da isonomia na
propaganda política eleitoral e se constitui em forma essencial de impedir abusos
contra a vontade do eleitor, mas olvidou-sé o legislador de impor uma sanção
específica, por exemplo, a multa.
Trata-se de uma prática ilegal a veiculação em desacordo com a norma acima
enfocada, incidindo o poder de polícia do juiz eleitoral objetivando inibir ou afastar
o ato (art. 41, § 2 S da Lei das Eleições), sendo possível a apreensão do material e
eventual análise do delito de desobediência previsto no art. 347 do Código Eleitoral.
A violação ao § 8 9 do art. 37 da Lei das Eleições é uma forma de propaganda
política eleitoral irregular, que pode em alguns casos tornar-se abusiva e criminosa.
Restará ainda a eventual incidência da representação prevista no art. 30-A da
Lei das Eleições, quando ficar demonstrado por provas coligidas, que o infrator
candidato comprou o espaço (bens particulares), v.g., de fachadas, janelas, muros,
postes de casas etc., dos eleitores.
Veda-se o aluguel de fachadas de prédios para fixação de cartazes que superem
ou não os 4m 2 (quatro metros quadrados). Proibi-se a locação do espaço, mas não
o comodato.
No caso do comodato pode-se em algumas hipóteses identificar a compra e venda
de votos (art. 299 do Código Eleitoral e art. 41-A da Lei n9 9.504/97). Exemplo, se
o eleitor empresta o seu terreno para a colocação de faixas e cartazes do candidato,
não poderá de forma nenhuma condicionar o contrato com alguma prestação futura
- ou emprego. A nova lei exige a espontaneidade e gratuidade do ato de empréstimo
temporário do bem particular.
Saliente-se ainda que o § 5 9 do art. 37 da lei das Eleições, com a inclusão da Lei
ns 12.034/09, assim versa:
375
M a r c o s R a m ayan a D ir e it o E l e it o r a i
"§ 5- Nas árvores e nos jardins localizados em áreas públicas, bem como
em muros, cercas e tapumes divisórios, não é permitida a colocação de
propaganda eleitoral de qualquer natureza, mesmo que não lhes cause
dano."
Como se pode notar, a propaganda, por exemplo, por faixas e cartazes é proibida
nas árvores e jardins de áreas públicas, porque, nestes casos, viola-se a regra do
bem público prevista no caput do art. 37 da Lei n- 9.504/97. A transgressão sujeita
o infrator a sanção de multa, após as providências do art. 40-B da mesma lei.
Todavia, quanto à colocação de uma faixa, por exemplo, num tapume divisório,
a restrição imposta pela lei não nos remete a sanção de multa quando o bem é
particular. No vazio normativo restará a aplicação do poder de polícia da apreensão
do material irregular, após a notificação (art. 40-B da mesma lei), e ainda as sanções
penais do art. 347 do Código Eleitoral (desobediência).
376
P r o p a g a n d a E l e it o r a l Capítulo 12
377
M a r c o s R am ayana D i r e í t o E l e it o r a l
For fim, a sanção de multa eleitoral pode ser imposta ao candidato beneficiado
e ao órgão da imprensa, mas deve a sentença especificar o valor da multa para cada
corresponsável, pois assim restará facilitado o exame da futura quitação eleitoral,
na forma do a r t 11, § 8 2 , II, da Lei ns 9.504/97. Em destaque:
Desta forma, não se pode utilizar os conhecidos trios elétricos, em que cantores
realizam showmício e eventos assemelhados, até porque a regra vedatória do
§ 7 e da mesma lei deve ser aqui interpretada. No entanto, o legislador excepcionou
a possibilidade da utilização do trio elétrico, especialmente, para a sonorização de
um comício, que deverá observar o horário entre 8 e 24 horas, conforme o disposto
no § 4 5 do art. 39 da mesma lei.
Não se pode utilizar o trio elétrico em seu efetivo funcionamento durante o
trecho de deslocamento até o local de realização do comício, pois não foi essa a
intenção do legislador.
A violação a esta regra caracteriza o delito do a r t 347 do Código Eleitoral (crime
de desobediência), além da apreensão do veículo por fiscais da propaganda eleitoral.
378
P r o p a g a n d a E l e it o r a l
C a p ít u l o 1 2
Como se nota, a nova regra não estabeleceu sanções para a sua eventual violação.
Aplica-se o disposto no art. 347 do Código Eleitoral (crime de desobediência), após
prévia notificação do infrator, Se a fiscalização da propaganda eleitoral detectar
que o infrator distribui material gráfico após as 22 horas, poderá apreendê-lo,
considerando a violação ao disposto na norma legal, o que vale para impedir a
caminhada, carreata, passeata e os carros de som.
0 art. 41 da Lei n2 9.504/97, com a redação da Lei ne 12.034/09, proíbe o
cerceamento da propaganda com a alegação do poder de polícia. Todavia, se a
própria lei consagra a irregularidade, devem-se adotar os meios legais de coibir o
fato.
Verifica-se que o art. 41, inclusive vai mais longe ao permitir a propaganda
política eleitoral contrariando posturas municipais. Ora, as questões urbanísticas
encontram lastro em normas constitucionais e em vasta legislação ambiental. Neste
sentido o art. 225 da Constituição Federal. Trata-se de bem comum do povo o uso
do espaço público. É uma fruição natural da sociedade, que desfruta das qualidades
da cidade, ensejando o controle estatal e da Justiça Eleitoral. Não existem regras
absolutas contra a normatividade ambiental, que inclui o ambiente artificial,
cultural e urbano.
Como se nota, a regra do art. 41 não poderá ser observada verbum p ro verbo,
pois flui contrária ao texto constitucional.
Observa-se, ainda, que em relação ao carro de som, deve ser observada a regra
do § 3S , incisos I, II e III do art. 39 da Lei na 9.504/97, ou seja, não se pode instalar
ou usar esses equipamentos de som em distância inferior a 200 metros de escolas,
hospitais etc.
E ainda, em relação à distribuição do m aterial gráfico, deve-se atentar para
o disposto no art. 38, §§ l 2 e 2 9 da Lei das Eleições, com as alterações da Lei
n9 12.034/2009. Desta forma, o material terá que conter o número do CNPJ ou CPF,
quem contratou e a respectiva tiragem.
A distribuição de material do tipo panfletos no dia da eleição caracteriza o tipo
penal do art. 39, § 5- , III da lei em comento.
379
M a r c o s R am a ya n a D i r e i t o E l e it o r a l
1 2 .3 .3 . V ed açõ es
Não são permitidas a participação de pessoas não filiadas, nem tampouco a
divulgação de propaganda de candidatos, que, nesse caso, em episódios não raros,
usurpa o horário para divulgar de forma antecipada sua propaganda pessoal.
12.3.4. Gratuidade
São aplicáveis as mesmas regras já referidas para a propaganda política eleitoral.
3 8 0
P r o p a g a n d a E l e it o r a l C a p ít u l o 12
Sanções.
TSE. Acórdão n^ 707, de 7.12.2004. Representação n* 707/SC.
Relator: Ministro Francisco Peçanha Martins. Ementa: Propaganda
partidária. Direito de resposta. Divulgação de informação inverídica.
Parcial procedência. A utilização do espaço destinado à propaganda
partidária cujo teor se distancia da finalidade prevista na lei dá ensejo
à penalidade de cassação do_direito de transmissão do partido
infrator. A divulgação de informações inverídicas com o objetivo de
macular a imagem de terceiros dá ensejo à concessão de direito de
resposta ao prejudicado, a ser exercido em tempo descontado
da propaganda do representado, em termos e forma previamente
aprovados pela Corte. DJ d e 11.2.2005.
381
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Art. 11. As transmissões não estão sujeitas a prévia censura, por elas
respondendo, na forma da lei, os que as promoverem, sem prejuízo
da responsabilidade pelas expressões faladas ou pelas imagens
transmitidas.
Parágrafo único. As emissoras de rádio e televisão deverão manter sob
sua guarda, à disposição da Justiça Eleitoral, pelo prazo de trinta dias, as
fitas magnéticas para servir como prova de ofensa à lei eventualmente
cometida.
Art. 12. 0 Tribunal Superior Eleitoral e, na hipótese de inserções
estaduais, os Tribunais Regionais Eleitorais, julgando procedente
representação formulada por órgão de direção de partido político,
cassarão o direito à próxima transmissão do partido que contrariar as
normas previstas nestas Instruções (Lei n9 9.096/95, art. 45, § 29).
Art. 13. Caberá à Corregedoria Geral da Justiça Eleitoral ou às
Corregedorias Regionais Eleitorais, conforme a competência dos
respectivos Tribunais Eleitorais, receber e instruir representação do
Ministério Público, partido político, órgão de fiscalização do Ministério
das Comunicações ou entidade representativa das emissoras de rádio
e televisão, para ver cassado o direito de transmissão de propaganda
partidária, bem como as reclamações de partido, por afronta ao seu
direito de transmissão, em bloco ou em inserções, submetendo suas
conclusões ao Tribunal.
Parágrafo único. Na apuração de que trata este artigo, aplicar-se-á o
procedimento previsto nos incisos I a XIII do art. 22 da Lei Complementar
n9 64, de 18 de maio de 1990, no que couber. Parágrafo incluído pela
Resolução TSE n° 22.696/2008.
3 8 4
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As transmissões não estão sujeitas a prévia censura, conforme previsão nos árts. i l . • :i
■ dãRés.TSEne Í9.481/ 96én aL éin -9.50:4 / 97e53d aL éin 2 9.504/97,'cpmpetm
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Outrossim, o inciso ÍII consagra a figura das prévias partidárias, mas limita a
sua divulgação, apenas, ao nível intrapartidário, ou seja, não é possível ao eleitor,
que não seja filiado a partido político, receber convocações ou mensagens para
comparecer ao ato de realização das prévias, pois elas se referem a matéria interna
corporís das agremiações políticas e não podem camuflar uma forma indireta de
divulgação da própria campanha eleitoral do futuro pré-candidato que participa da
prévia.
As prévias partidárias podem ser tratadas nos estatutos dos partidos políticos e
se traduzem em formas amplamente democráticas para o aprimoramento e seleção
do melhor aspirante à pré-candidatura.
Já o inciso IV impede o pedido de votos e apoio eleitoral na divulgação dos atos
parlamentares e debates legislativos, até porque estes atos são públicos e podem
ser certificados a pedido de qualquer eleitor interessado. Assim, na verdade, torna-
se extremamente dificultosa a separação entre o ato da divulgação e o eventual
pedido de votos.
Como se verifica, os incisos I a IV do art. 36-A passam a contemplar regras
permissivas que antecedem o ato das convenções partidárias (art. 8 e da Lei
n5 9.504/97), que ocorrem entre os dias 10 e 30 de junho do ano eleitoral. As
próprias prévias partidárias já vinham sendo adotadas, e agora, encontram expressa
previsão legal.
Não se proíbe que os meios de comunicação social divulguem aos eleitores os
dias, locais e deliberações contempladas nos encontros, seminários ou congressos,
até porque não se veda a liberdade de imprensa, mas, se houver uma parcialidade
que possa ferir o tratamento isonômico entre os pré-candidatos, é possível o
acionamento da Justiça Eleitoral que resguardará o princípio constitucional e a
normalidade do processo eleitoral.
393
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1 TSE “(...) Assim, para caracterizar a captação de sufrágio, três elementos são indispensáveis: (t) a prática de uma
ação (doar, prometer etc.), (2) a existência de uma pessoa física (eleitor) e (3) o resultado a que se propõe o agente
(...) (Acórdão n9 19.176, de 16.10.2001. Recurso Especial Eieitoral ne 19.176/ES. Relator: Ministro Sepúlveda Pertence).
2 TSE “(...) resta caracterizada a captação de sufrágio prevista no art. 41-A da Lei ne 9.504/97, quando o candidato
praticar, participar ou mesmo anuir explicitamente às condutas abusivas e ilícitas capituladas naquele artigo” (REspe
n9 19.566/MG, relator Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira).
3 9 4
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395
M a r c o s R a m ayana D i r je ít o E l e it o r a l
12.7.2. Sanções
As sanções estão previstas nos incisos XIV e XV do art. 22 da Lei Complementar
n9 64, de 18.05.1990: cassação do registro, inelegibilidade por três anos contados
da data da eleição (Verbete sumular ne 19 do TSE) e, na ação de impugnação ao
mandato eletivo, ou no recurso contra a diplomação, é cabível a cassação do diploma e
conseqüente anulação do mandato eletivo, conforme será visto em capítulo próprio.
O art. 30-A da Lei n2 9.504/97 é novidade instituída pela Lei ne 11.300/2006
(Lei da Minirreforma Eleitoral), que criou uma nova sanção na captação ilícita de
recursos, ou seja, a negação do diploma, como será analisado no capítulo específico.
Para cada tipo de eleição/ riacionais, estaduais ou municipais, 'são designados juizes '
eleitorais que exercem o poder de policia de fiscalização da propaganda política eleitoral.:
Este tipo de jurisdição limita-se ao aspecto administrativo de apreensão da
propaganda e coletânea das provas.
Por exemplo:
Um candidato a deputado estadual colocou um cartaz numa árvore situada em
bem público. Trata-se de propaganda irregular.
O fiscal da propaganda diligencia ao local, lavra o auto de infração, e o juiz fiscal
intima o candidato ou advogado do partido para retirar a propaganda do local em 24
(vinte e quatro) horas, sob pena de serem adotadas as providências legais cabíveis.
O candidato determina a retirada do cartaz, e o caso é arquivado pelo juiz
eleitoral, intervindo o representante do Ministério Público.
Se o candidato não retira a propaganda, o juiz fiscal remete os autos ao juiz
natural da causa, que foi previamente designado para exercer a competência
especial em razão da matéria. Este juiz julgará o feito e aplicará a multa dentro do
devido processo legal do art. 96 da Lei n9 9.504/97.
Ocorrendo propaganda por abuso do poder econômico ou político ou do tipo
compra de votos (captação ilícita de sufrágio), a competência será de um juiz
designado especialmente para esta matéria.
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Neste caso, comprovando-se que o cadastro dos e-mails obtido pelo candidato,
partido político ou coligação não o foi de forma gratuita, mas comprado de terceiros,
que se beneficiaram com a venda, todos respondem pela sanção de multa prevista no
§ 2 a do art. 57-E, inclusive o vendedor do cadastro (terceiro estranho ao processo
eleitoral, pessoa física ou jurídica), mas que compactuou com a prática ilegal do
fato. Trata-se de coautor da empreitada.
A sanção do § 2 e do art. 57-E deve seguir o rito do a r t 96 da Lei das Eleições,
possibilitando-se de forma inequívoca ao Ministério Público, v.g., Promotor
Eleitoral, Procurador Regional Eleitoral ou Procurador-Geral Eleitoral a propositura
da medida judicial, muito embora a lei, no art. 57-1, só tenha feito menção aos
candidatos, partidos políticos e coligação. No entanto, a legitimidade do órgão do
P arqu et sempre encontrará abrigo na preservação do interesse público democrático
das campanhas eleitorais e em norma de perfil constitucional, a r t 127 da Carta
Magna. Trata-se de legitimidade a favor da Constituição que qualifica a instituição
com o indispensável à defesa dos eleitores e da democracia.
A sanção de multa deverá ser especificada para cada um dos infratores
possibilitando-se a limitação de responsabilidade para fins de quitação eleitoral,
a r t 11, § 8 9 , II, da Lei n9 9.504/97.
Outrossim, o a r t 57-E da Lei n9 9.504/97 (introdução da Lei n9 12.034/09), veda
que pessoas físicas, formas e jurídicas dispostas no a r t 24 e respectivos incisos
possam ceder ainda que gratuitamente seus cadastros de e-mails. Não se pode
tolerar que os e-mails das pessoas registradas no pagamento do IPTU no Município
possam ser utilizados pelo candidato a Prefeito, valendo-se, indevidamente deste
banco de dados, pois se o fato restar apurado o candidato responderá pelas sanções
de multa previstas no § 2- do a r t 57-E.
Comprovado o repasse do cadastro pelas pessoas elencadas no a r t 24 da Lei das
Eleições, independentemente da sanção de multa prevista no § 2- do art. 57-E, é
possível a responsabilidade por abuso do poder político/econômico, considerando
que tal fato causa evidente desequilíbrio à isonomia natural entre candidatos aos
mandatos eletivos, inclusive com possível desaprovação das contas de campanha
(a r t 30, III, da Lei n9 9.504/97).
Em consonância com o afirmado, ocorrendo conduta abusiva (potencialidade
lesiva) implicará nas sanções de inelegibilidade e cassação do registro ou diploma,
observando-se o disposto no a r t 22 da Lei Complementar n9 64/90, a r t 14, §§ 10
e 11 da Constituição da República e a r t 262, IV do Código Eleitoral.
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Verifica-se que não existe a limitação de prazo de 48 (quarenta e oito) horas antes
e 24 (vinte e quatro) horas depois das eleições para a transmissão ou veiculação de
propaganda por esses novos meios eletrônicos de comunicação social.
Assim, a lei é mais liberal e tolera que o eleitor possa receber informações e
acessar os sítios nas campanhas políticas.
Ainda sobre as mensagens eletrônicas, a regra do art. 57-G da Lei ne 9.504/97
(introdução da Lei n9 12.034/09) assim dispõe,
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M a r c o s R a m a ya n a D i r e i t o E l e it o r a l
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P r o p a g a n d a E l e it o r a l C a p ít u l o 12
Segundo Fritjof Capra. “red es sociais sã o red es de com unicação que envolvem a
linguagem sim bólica, os lim ites culturais e a s rela çõ es de p n d o r " São também con
sideradas como uma medida de política social que reconhece e incentiva a atuação
das redes de solidariedade local no combate à pobreza e à exclusão sorial e na pro
moção do desenvolvimentoJp_cal As redes sociais são capazes de expressar ideias
políticas e econômicas inovadoras com o surgimento de novos valores, pensamentos
e atitn.de.s- Esse segmento que proporciona a ampla in£onnâ£ãíi a ser compartilhada
por todos, sem canais reservados e fornecendo a formação de uma cnltura de par
ticipação. é possível, graças ao desenvolvimento das tecnologias de comunicação e
da Inlox m.a.ç.ãQ, à globalização, à evolução da cidadania, à evolução do conhecimento
científico, sobre a vida etc. as redes unem os indivíduos organizando-os de forma
igualitájriâ e dêm.Q.c.cát.ic.3 e em relação aos objetivos que eles possuem em comum.
Vertentes
As redes sociais podem ser divididas em três vertentes:
• Rede Social P rim ária ou Inform al: São redes de relações entre indivíduos,
em decorrência de conexões preexistentes, relações semiformalizadas que
dão origem a quase grupos. (WARREN,op,cit,p. 168). Ela é formada por todas
as relações que as pessoas estabelecem durante a vida cotidiana, que pode ser
composta por familiares, vizinhos, amigos, colegas de trabalho, organizações etc.
as redes de relacionamento começam na infância e contribuem para a formação
das identidades.
• Rede Social Secu n d ária ou Giobai: é formada por profissionais e funcionários
de instituições públicas ou privadas, por organizações não governamentais.
organizações sociais etc., e fornecem atenção, orientação e informação.
• R ed e S o c ia l In t e r m e d iá r ia ou R ed e A s s o c ia tiv a : é formada por pessoas que
receberam capacitação especializada, tendo como função a prevenção e apoio.
Podem vir do setor da saúde, igreja e até da própria comunidade.
As redes sociais secundárias e intermediárias são formadas pelo coletivo, insti
tuições e pessoas que possuem interesses comuns. Elas podem ter um grande poder
de mobilização e articulação para que seus objetivos sejam atingidos.
Redes Sociais na In tern et:
405
M a r c o s R am ayan a D i r e i t o E l e it o r a l
0 art. 57-1, da Lei das Eleições prevê a adoção do devido processo legal eleitoral
do art. 96 da mesma norma para fins de fazer suspender o acesso ao sítio. Esta
medida poderá ser utilizada no caso dos blogs e redes sociais, observando-se ainda
o disposto no art. 347 do Código Eleitoral, conforme já tratado nos comentários
acima desenvolvidos.
Os organizadores do Orkut e os responsáveis pelas comunidades virtuais não
estão livres de punição, quando veicularem mensagens e textos ofensivos, sendo que
a responsabilidade do candidato ficará demonstrada pela ciência inequívoca do fato,
após a intimação da Justiça Eleitoral para fazer cessar a propaganda irregular, bem
como se as circunstâncias e peculiaridades do caso demonstrar o seu conhecimento
dos fatos inverídicos ou ofensivos (art. 40-B da Lei das Eleições).
Como já visto, assegura-se ainda o direito de resposta com a aplicação do
art. 57-D da Lei nB 9.504/97, que deve observar o art. 58 da mesma lei.
Assim, embora seja livre a manifestação do pensamento por críticas, alusões e
opiniões, especialmente pela rede mundial de computadores, não se pode olvidar
das sanções penais, eleitorais e cíveis (dano moral eleitoral) em razão da prática
abusiva e ilícita que poderá ser manejada por cabos eleitorais, candidatos, partidos
políticos e terceiros.
A multa prevista no § 2 9 do art. 57-D da Lei n- 9.504/97 deverá ser
individualizada na decisão judicial eleitoral em relação aos responsáveis e
beneficiários (candidatos).
Veja-se ainda o art. 57-H da Lei n9 9.504/97,
Art. 57-H. Sem prejuízo das demais sanções legais cabíveis, será punido,
com multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil
reais), quem realizar propaganda eleitoral na internet, atribuindo
indevidamente sua autoria a terceiro, inclusive a candidato, partido ou
coligação.
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P r o p a g a n d a E l e it o r a l C apítulo 12
QUADRO COMPARATIVO
PROPAGANDA INSTITUCIONAL PROMOÇÃO PESSOAL
D efinição A rtifício que possíveis futuros candidatos usam,
Tem p o r função prom over uma
p o r diversos m eios, para divulgar sua im agem junto
Instituição.
a eleito res f o r a d o p e río d o p e rm itid o e m i e i *
C la ssificação A tividade lícita, desde que tenha
ca r á te r educativo, Inform ativo ou
C onsiderada propaganda eleitoral fora do período
de o rien tação social (isto é, não
legal (p ro p ag an d a antecipada ou extem p o rân ea).
associad a à prom oção pessoal) e
o b serve as restriçõ es legais.
Q uem s e u tiliz a F u tu ro s can didatos. Trabalha-se com a ideia de que
A gentes políticos etc.
qualquer filiado é um pretenso candidato.
P e río d o de Qualquer período, devendo se Janeiro a 0 5 de julho (inclusive) do ano de eleição;
c o n fig u ra çã o o b serv ar a restrição prevista na Lei No caso de governan te, devem s e r consideradas
n2 9 .5 0 4 / 9 7 , a rt. 73, inciso VI, alínea tam b ém as re striçõ e s dos arts. 7 3 e 7 4 da Lei
"b". n e 9 .5 0 4 / 9 7 .
M a r c o s R am a ya n a D i r e i t o E l e it o r a l
* Entre janeiro de 2008 e 05 de julho de 2008 (O Tribunal Superior Eleitoral transformou o conceito de “período eieiforal” em “ano eleitoral” ,
contado já a partir de janeiro).
* ' Outdoors e pichaçôes não serão permitidos nem a partir de 6 de julho de 2008.
412
P r o p a g a n d a E l e it o r a i C apítulo 12
* Decisão ns 32.234
São Gonçaio - RJ 27.11.2006
Reiator(a) Vera Lucia Uma da Silva.
Publicação DOE - Diário Oficial do Estado, v. III, t. II, 13.12.2006, p. 02
Ementa: Direito Seitora). AUE. Preliminar de litispendência e coisa julgada. Inocorrência. Competência da Justiça Eleitoral. Abuso de poder
político. Propaganda institucional. Caráter pessoal. Reflexo eleitoral. Potencialidade. Cassação de registro. Recurso parciaimente provido.
Não se vislumbra, irt casu, a ocorrência de litispendência ou mesmo de violação à coisa julgada. Os processos apontados pefos recorrentes
não são aptos a gerar o fenômeno da litispendência, nem tampouco da coisa julgada, em virtude da diversidade de objelivos e alcance
de cada uma dessa figuras processuais.- A jurisprudência do colende TSE orienta-se no sentido de oue a promoção pessoal do
governante, em publicidade institucional da adm inistração (CBFB/88). é passível de apuração em Investigação judicial,- Para a
configuração d o abuso, é irrelevante o fato de a propaganda te r ou não sido veiculada nos trés meses antecedentes ao pleHo. o que
revela a competência da Justiça Eleitoral para apreciar o tema.- A prova carreada aos autos revela, de maneira indubitável, que o primeiro
recorrente utilizou a propaganda Institucional da A dministração m unicipal para fins eieltorals. beneficiando, via de conseqüência, o
segundo recorrente, candidato a vice-prefeito em sua chapa.- Convém salientar que, para a configuração do abuso de poder nas
eleições, não se cogita perciulrir o efetivo reflexo no resultado num érico de votos, mas, ao contrário, basta, consoante a pacífica
jurisprudência d o Earéalo Tribunal Superior Eleitorai. a demonstração de sua potencialidade de Influir no resultado do pieito.- Os
fatos apurados nestes autos revelam potencialidade de Influenciar no pleito, pouco Im portando a circunstância de os recorrentes
não terem obtido êxito nas eleições m unicipais. A cassação de registro da candidatura dos recorrentes revela-se inadequada. In
casa, a sentença fo i exarada em m arço deste ano, ou seja, após as eleições e. com o os recorrentes não venceram o pleito, afioura-
se desnecessária a aplicação da sanção em tela, bastando, tão somente, a decretação da ineieoibUidade.- Recursos parciaimente
providos, tão somente para declarar a perda de objeto em relação ao pedido de cassação do registro da candidatura dos recorrentes.
“ Paia que se admita a apuração dos reflexos de atos dessa natureza no processo eleitoral, mediante investigação judicial, necessária se fez
ao menos a demonstração da existência de indicios ou circunstâncias que evidenciem a intenção de influir nas eleições, com nítido propósito
de beneficiar determinado candidato ou partido político, pressuposto para a representação de que cuida o art. 22 da Lei Complementar
n’s 64/90.
Marcos Ramayana • Direito Eleitoral 10a • Capítulo 12 - Propaganda Eleitoral
415
C a p ítu lo 1 3
PRESTAÇÃO DE CONTAS
REFERENTES À ARRECADAÇÃO
E APLICAÇÃO DE RECURSOS
NAS CAMPANHAS ELEITORAIS
418
P restação d e C o n t a s Re fe r e n t es à A r r e c a d a ç ã o e
A p l i c a ç ã o d e R e c u r s o s n a s C a m p a n h a s E l e i t o r a is C apítulo 13
Impende frisar ainda, que a sanção é bem severa, considerando que o infrator
fica sem quitação eleitoral, e, portanto, sem condição de elegibilidade durante 4
(quatro) anos, nas eleições em geral, e 8 Coito) anos nas eleições para o Senado
Federal.
A hipótese não é de inelegibilidade não sendo necessária a feitura de lei
complementar, mas tem implicações mais drásticas na capacidade eleitoral passiva,
porque a inelegibilidade por abuso do poder econômico, v.g., é de 3 (três) anos
(art. 22, XIV, da LC n* 64/90 e Súmula n* 19,do TSE). E ainda:
"Agravo regimental. Recurso ordinário. Recebido como especiais. Registro
de candidato. Eleição 2006. Prestação de contas. Extemporaneidade.
Quitação eleitoral. Ausência. Condição de elegibilidade. Dissídio pretoriano.
Inexistência. Precedente. O candidato que renuncia ou desiste também deve
prestar contas do período em que fe z campanha no prazo do a rt 29, III,
da Lei n- 9.504/97. Agravo regimental a que se nega provimento. Acórdão
no Agravo Regimental no Recurso Ordinário n° 1.008, de 26.9.2006 -
Classe 27SL/RS (Porto Alegre). Relator: Ministro Cesar Asfor Rocha. Decisão:
Unânime em desprover o agravo regimental".
Destaca-se:‘!Aprestação de contas à justiça Eleitoral deve ser apresentada
pelos comitês financeiros dos partidos e candidatos em até 30 dias, contados
da realização do pleito (art. 29, III, da Lei ns 9.504/97). A finalidade de
tal prazo é possibilitar que as contas sejam examinadas em tempo hábil.
4. In casu, as contas das eleições de 2002 foram apresentadas apenas em
4.8.2006. 5. Recurso ordinário recebido como especial eleitoral e provido
para indeferir o pedido de registro de candidatura do recorrido. *Acórdão
no Recurso Ordinário n- 1.055, de 14.9.2006 - Classe 27a/SE (Aracaju).
Relator: Ministro josé Delgado. Decisão: Unânime em prover o recurso.
Por fim, a posição do Egrégio Tribunal Superior Eleitoral, é no sentido
de que estas hipóteses não chegam a caracterizar a falta de condição de
elegibilidade, mas apenas casos de falta de quitações eleitorais Neste
sentido: Acórdão nos Embargos de Declaração no Agravo Regimental
no Recurso Especial Eleitoral ns 26.505, de 17.10.2006 - Classe 22<L/G 0
(Goiânia). Relator: Ministro Caputo Bastos.
O candidato deve ter atenção com os gastos eleitorais e contabilizá-los nas
prestações de contas.
Todavia, existem gastos que são ilícitos e não podem ser contabilizados, sob
pena de desaprovação das contas por irregularidades insanáveis, tais como os
enumerados no art. 2 4 da Lei n9 9.504/97, bem como os afetos às proibições dos
§§ 6e e 7 6 do art. 39 da Lei ns 9.504/97, v.g., confecção de material tipo camisetas,
bonés etc.
Os gastos ilícitos podem ensejar ainda: representação por abuso do poder
econômico (art. 22 da LC ne 64/90) ou representação com base no art. 30-A e
parágrafos da Lei n e 9.504/97.
419
M a r c o s R am a ya n a D ir e i t o E l e it o r a l
ttãorserápublicada-em-sessão, até-oito-drés-antesà&ãiplomaçãOr(Texto
revogado).
§ l õ A decisão que julgar as contas dos candidatos eleitos será publicada
em sessão até 8 (oito) dias antes da diplomação.
§ 2- Erros formais e materiais corrigidos não autorizam a rejeição das
contas e a cominação de sanção a candidato ou partido.
§ 29 -A. Erros formais ou materiais irrelevantes no conjunto da prestação
de contas, que não comprometam o seu resultado, não acarretarão a
rejeição das contas.
§ 39 Para efetuar os exames de que trata este artigo, a Justiça Eleitoral
poderá requisitar técnicos do Tribunal de Contas da União, dos Estados,
do Distrito Federal ou dos Municípios, pelo tempo que for necessário.
§ 4e Havendo indício de irregularidade na prestação de contas, a Justiça
Eleitoral poderá requisitar diretamente do candidato ou do comitê
financeiro as informações adicionais necessárias, bem como determinar
diligências para a complementação dos dados ou o saneamento das falhas.
§ 5a Da decisão que julgar as contas prestadas pelos candidatos e comitês
financeiros caberá recurso ao órgão superior da Justiça Eleitoral, no
prazo de 3 (três) dias, a contar da publicação no Diário Oficial.
§ 6S No mesmo prazo previsto no § 5e , caberá recurso especial para o
Tribunal Superior Eleitoral, nas hipóteses previstas nos incisos I e II do
§ 4 9 do art 121 da Constituição Federal.
§ 79 Odisposto neste artigo aplica-se aos processos judiciais pendentes”.
4 2 0
PRESTAÇÃO D E C O N T A S R E FER EN TES À A R R E C A D A Ç Ã O E
A p l i c a ç ã o d e R e c u r s o s n a s C a m p a n h a s E l e it o r a is C a p ít u l o 1 3
do Anexo-(Texto revogado).
421
M a r c o s R a m ayana D ír eito E leitoral
revogado).
422
P restaç ão d e C o n ta s Re f e r e n t e s ã A r r e c a d a ç ã o e
A p l ic a ç ã o d e R e c u r s o s n a s C a m p a n h a s E l e it o r a is C a p ítu lo 1 3
423
M a r c o s R a m ayana D ir eito E leitoral
Desta feita, a partir da novel legislação, será possível a essa sociedade de pessoas,
voltada à valorização do trabalho pela associação de mão de obra que lhe é peculiar,
realizar doações para campanhas eleitorais.
Ainda sobre as doações para campanha, é importante ressaltar o que decidido
pelo C. TSE, que permitiu ao Ministério Publico requisitar diretamente à Receita
Federal os dados para aferição da regularidade da doação:
Recurso ordinário. Cabimento. Receita Federal. Contribuinte. Rendimento
bruto. Ministério Público. Requisição. Possibilidade. Quebra de sigilo
fiscal. Descaracterização. Campanha eleitoral. Doação. Lei. Sujeição.
Abuso do poder econômico. Eleição. Desequilíbrio. Potencialidade.
Demonstração. Necessidade.
É cabível recurso ordinário quando a decisão recorrida versar matéria
que enseje a perda do mandato eletivo estadual, tenha ou não sido
reconhecida a procedência do pedido.
É lícito ao Ministério Público requisitar diretamente à Receita Federal
dados relativos aos valores dos rendimentos brutos de contribuintes
que tenham feito doação para a campanha eleitoral de candidatos, o
424
P restaç ão d e C o n t a s R e fe r e n t e s à A r r e c a d a ç ã o e
A p l ic a ç ã o d e R e c u r s o s n a s C a m p a n h a s E l e it o r a is C a p ít u l o 1 3
que não configura quebra de sigilo fiscal. Isso porque quem faz doação
para campanha política deve submeter-se a ter revelada, sem maiores
complicações, sua receita, para aferição do cumprimento da norma
legal. 0 abuso do poder econômico exige, para a sua configuração,
potencialidade lesiva da conduta, apta a influir no resultado do pleito,
o que não ficou demonstrado nos autos.
Nesse entendimento, o Tribunal negou provimento ao recurso.
Unânime.
Recurso Ordinário n9 1.495/SP, rei Min. Marcelo Ribeiro, em 28.10.2009.
425
M a r c o s R am ayana D ir eit o E leito r a i
426
P restação d e C o n t a s R efer en t es à A r r e c a d a ç ã o e
A p l i c a ç ã o d e R e c u r s o s n as C a m p a n h a s E l e i t o r a is C a p ítu lo 1 3
427
M a r c o s R am a ya n a D ir eit o E leitoral
4 2 8
C apítulo 14
AÇÃO DE CAPTAÇÃO
OU GASTOS ILÍCITOS
DE RECURSOS
4 3 0
A ç ã o d e C a pta çã o o u
G a s t o s I l íc i t o s d e R e c u r s o s C a p ít u l o 1 4
431
M a r c o s R a m ayan a D i r e i t o E l e it o r a l
432
Aç ã o d e C apta çã o o u
G a s t o s I l íc i t o s d e R e c u r s o s Capítulo 14
433
M a r c o s R am ayan a D i r e i t o E l e it o r a l
1 4 .6 . EFEITO S DA SENTENÇA
Tem efeito imediato, como também ocorre com a ação de captação ilícita de
sufrágio. Nesse sentido:
Ementa: Embargos de declaração. Decisão monocrática. Ação cautelar.
Decisão regional. Investigação judicial. Arts. 30-A da Lei ne 9.504/97; e 22 da
Lei Complementar ns 64/90.
1. Na linha da jurisprudência do Tribunal, recebem-se como agravo regimental
os embargos de declaração opostos contra decisão monocrática.
2. Ainda que em relação à pena de inelegibilidade - em face do reconhecimento
do abuso do poder econômico - incida o disposto no art. 15 da LC n9 64/90,
é certo que quanto à parte da condenação por arrecadação e gastos ilícitos
de recursos de campanha - a que se refere o art. 30-A da Lei das Eleições - o
Tribunal já assentou a possibilidade de execução imediata da decisão.
Embargos recebidos como agravo regimental, a que se nega provimento.
434
A ç ã o d e C apta çã o o u
G a s t o s I l íc i t o s d e R e c u r s o s Capítulo 14
435
r- ................................. ...
A ção
G astos
Ação de captação ou gastos ilfeitos de recursos (art. 30-A, Lei nQ9504/97)
de
I l íc it o s
C aptação
de
ou
R e c u r so s
Presidente
H Candidatos Julgamento TSE
Vice-Presidente
Impugnantes
Governador ■M P-PG E
Vice-governador •Partido político
Senador Prefeito | julgamento pelo juiz ■Coligação
! Julgamento j Deputado federal -+I • Vice-prefeito \ _^\ eleitoral designado
| TRE í Deputado Estadual Vereadores ! pelo TRE
Deputado Distrital
t..................... ...... \
I Impugnantes !
_____________________________________________________
j ■MP - PRE I
| •R Político | impugnantes
■MP - Promotor Eleitoral
] •Coligação |
■Partido
•Coligação
Rito Processual
(art. 22, incisos 1a XIII, Lei complementar nõ 64/90)
437
Marcos Ramayana • Direito Eleitoral 10* Edição • Capítulo 14 - Ação de captação ou gastos ilícitos de recursos
C apítulo 15
Verifica-se que a lei não faz distinção entre formas de investidura ou remuneração,
inclusive sendo apontado como responsável o agente da administração direta ou
indireta, mesmo que não seja o próprio candidato, mas que tenha favorecido uma
candidatura.
4 4 0
C o n d u t a s V e d a d a s a o s A g e n t e s P ú b l ic o s
e m C a m p a n h a s E l e i t o r a is C a p ítu lo 15
441
M a r c o s R am ayana D i r e i t o E l e it o r a l
4 4 2
C o n d u t a s V ed a d a s a o s A g e n t e s P ú b l ic o s
e m C a m p a n h a s E l e it o r a is Capítulo 15
443
M a r c o s R am ayana D i r e i t o E l e it o r a l
Como se nota, a lei ressalva que o servidor possa trabalhar na campanha eleitoral
de um candidato quando não estiver no horário de expediente ou licenciado.
Algumas legislações procuram conter a influência do servidor público nas
eleições, seja quando age por intervenção ativa, ou ainda nos casos de colaboração.
0 uso do poder do servidor público na propaganda política eleitoral é punido, por
exemplo, na França, como crime no art. 109 do Decreto Presidencial n9 353/1993.
As licenças devem ser concedidas em atenção às normas funcionais e estatutos
dos servidores, pois caso contrário ocorrerá fraude no período de tempo de fruição
das mesmas. O período de férias do servidor não impede que ele possa trabalhar na
campanha.
Esta norma de neutralidade e garantia de equalização, pode ser facilmente
burlada e ensejará a análise administrativa do ato de concessão da licença, até
porque é cediço que não existe um controle legal e rigoroso sobre as nomeações
para as funções de confiança. Não são raros os prefeitos que nomeiam de forma
exagerada os servidores de confiança alcançando o limite do montante estabelecido
pela lei de responsabilidade fiscal com gastos de pessoal. Cria-se um círculo vicioso
que macula os bons préstimos da Administração.
A lei proíbe a atividade laborativa eleitoreira do servidor nos horários de
trabalho fixados pelas normas públicas vigentes, inclusive a cessão dos mesmos
entre os setores da Administração Pública, Os incisos IÍI e V do art. 73 da Lei das
Eleições devem ser interpretados de forma sistêmica.
O comitê de campanha é um organismo interno do partido político criado por
autorização estatutária de órgãos superiores e que objetiva divulgar e deliberar
sobre diversos temas e estratégias políticas. Desta forma, não é permitido ao
servidor federal, estadual ou municipal laborar em prol deste ente quando estiver
intencionado para as campanhas de candidatos.
444
C o n d u t a s V ed a d a s a o s A g e n t e s P ú b l ic o s
e m C a m p a n h a s E l e it o r a is Capítulo 15
Tutela-se a supremacia do interesse público que não pode ser diminuída por
objetivos eleitorais. Atinge-se a legalidade dos atos da administração e a finalidade
pública acarretando efetivo desequilíbrio entre a relação da Administração e dos
administrados. É um desvio de poder de autoridade por ilegalidade explícita ao
texto da lei. Anula-se o ato e é possível punir os responsáveis não apenas na esfera
eleitoral, mas na seara da improbidade administrativa, penal e civil.
445
M a r c o s R a m ayan a D i r e i t o E l e it o r a l
4 4 6
C o n d u t a s V e d a d a s a o s A g e n t e s P ú b l ic o s
em C a m p a n h a s E l e i t o r a is C a p ít u l o 1 5
4 4 7
M a r c o s R a m a ya n a D ir e it o E l e it o r a l
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e m C a m p a n h a s E l e i t o r a is C a p ít u l o 15
Como se nota, na letra 'a', a finalidade da lei foi impor limitações ao envio de
recursos para os Estados e Municípios nos 3 (três) meses que antecedem as eleições
( julho, agosto e setembro, inclusive outubro) nos anos eleitorais evitando-sé o
abuso do poder político e até econômico. Ê uma norma de precaução que procura
neutralizar o abuso político na utilização eleitoreira dos recursos públicos, mesmo
que sejam necessários à comunidade.
De fato, cumpre ao ente federativo planejar e administrar a destinação e gastos
dos recursos públicos, sem que eles sejam teleguiados por motivos eleitorais e que
possam favorecer uma determinada candidatura.
A competência legislativa sobre o orçamento é concorrente, conforme disposto
no art. 24, 1 e II da Constituição Federal. Nesta linha cumpre ainda observar as
diretrizes legais das despesas e da gestão administrativa.
4 4 9
M arcos R amayan a D ir e it o E l e it o r a l
450
C o n d u t a s V e d a d a s a o s A g e n t e s P ú b l ic o s
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M a r c o s R am a ya n a D ir eito E leitoral
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C o n d u t a s V e d a d a s a o s A g e n t e s P ú b l ic o s
em . C a m p a n h a s E l e it o r a is C a p ít u l o 15
por exemplo, nos municípios com os aumentos aos servidores estaduais, pois todos
são eleitores e os chefes dos executivos podem formar alianças políticas. No entanto,
a lei não exclui expressamente esta forma de influência nas campanhas eleitorais.
Por fim, importante colacionar alguns julgados sobre o tema:
SUBSÍDIO - REVISÃO. Consoante dispõe o art. 73, inciso VIII, da Lei
ne 9.504/97, é lícita a revisão da remuneração considerada a perda do poder
aquisitivo da moeda no ano das eleições. PROCESSO ADMINISTRATIVO
(TSE, RESOLUÇÃO 22317 BRASÍLIA - DF 01/08/2006. Relator: MARCO
AURÉLIO MENDES DE FARIAS MELLO Publicação DJ - Diário de justiça, Data
28/08/2006, Página 103).
REMUNERAÇÃO - SERVIDOR PÚBLICO - REVISÃO - PERÍODO CRÍTICO.
VEDAÇÃO-Art. 73, INCISO VIII, DACONSTITUIÇÃO FEDERAL. A interpretação
- literal, sistemática e teleológica ~ das normas de regência conduz à conclusão
de que a vedação legal apanha o período de cento e oitenta dias que antecede
às eleições até a posse dos eleitos. CONSULTA (TSE, RESOLUÇÃO n9 22252
BRASÍLIA - DF 20/06/2006 Relator: JOSÉ GERARDO GROSSI. Publicação DJ -
Diário de justiça, Data 01/09/2006, Página 130).
A aprovação, pela via legislativa, de proposta de reestruturação de carreira
de servidores não se confunde com revisão geral de remuneração e, portanto,
não encontra obstáculo na proibição contida no art. 73, inciso VIII, da Lei
n° 9.504, de 1997. (TSE, RESOLUÇÃO 21054 BRASÍLIA - DF 02/04/2002
Relator: FERNANDO NEVES DA SILVA. Publicação DJ - Diário de Justiça, Data
12/08/2002, Página 120, RJTSE - Revista de Jurisprudência do TSE, Volume
13, Tomo 3, Página 345).
453
M a r c o s R a m ayan a D ir e it o E l e it o r a l
4 5 4
C o n d u t a s V e d a d a s a o s A g e n t e s P ú b l ic o s
em . C a m p a n h a s E l e it o r a is C a p ít u l o 1 5
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457
M a r c o s R am ayan a D ir e i t o E l e it o r a l
A regra é uma norma de exceção, porque permite o uso de bem e serviços públicos
nas campanhas eleitorais, quando o Presidente da República é, por exemplo,
candidato a reeleição ou ainda quando apoia determinado sucessor político.
No entanto, o ressarcimento das despesas fica sob a responsabilidade do Partido
Político ou da coligação. Todavia, a lei especificou apenas o reembolso quando se tratar
do próprio Presidente e de sua comitiva, cujo número de integrantes não é previsto na
lei. Assim, indiretamente autoriza-se que a segurança e os servidores de apoio possam
seguir no avião presidencial, sem que essa conduta esteja sujeita a reembolso. No
local de destino todos acabam se confundindo como um grande grupo de servidores e
agentes. Assim, o ressarcimento das despesas ao erário público é de difícil mensuração.
As demais autoridades que pretendem se candidatar aos mandatos eletivos e
que acompanham o Presidente não podem se constituir em agentes da comitiva e
reembolsar o erário púbiico. Neste caso, a análise da hipótese pode ensejar o abuso
do poder político. No entanto, a lei deveria prever um mecanismo similar aos Vices,
Ministros, Governadores, Prefeitos e Secretários, pois não são raros os casos em que
estas autoridades utilizam por questões necessárias à própria segurança veículos,
aeronaves e embarcações, inclusive serviços e agentes, misturando-se a atividade fim
com os interesses eleitorais que camuflam o abuso do poder político. Desta forma,
é evidente que o legislador só se preocupou com a figura do Presidente, olvidando-
se dos demais agentes políticos que exercem relevantes serviços. As regras devem
ser mais específicas, inclusive para se evitar a subjetividade de interpretação e a
fomentação de desigualdades nas campanhas eleitorais.
Quanto ao ressarcimento cabe ao órgão de controle interno cobrar as despesas e
na omissão ao Ministério Público, que adotará o rito do art. 96 da Lei das Eleições
para fins da sanção de multa.
4 5 8
C o n d u t a s V e d a d a s a o s A g e n t e s P ú b l ic o s
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M a r c o s R am ayan a D ir h t o E leitoral
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461
M a r c o s R am ayan a D ir eito E leitoral
E diz o § 10,
Desta forma, a regra do § 11 veda que os chamados ' Centros Sociais’, entidades
mantidas por candidatos em bolsões de pobreza que objetivam angariar votos
populares pelo assistencialismo político, possam vincular por propagandas e
formas ainda que indiretas de publicidade a pessoa do pré- candidato ou candidato.
Assim, aquelas pessoas que aspiram a pré-candidatura, também se sujeitam a
incidência da norma, ou seja, a vedação já emerge no ano de eleição, não sendo
necessário aguardar a escolha do pré-candidato na convenção e o requerimento de
registro de sua candidatura (arts. 8 e e 11 da Lei das Eleições).
É ilícita a vinculação ao nome do futuro aspirante à candidatura eletiva, bem
como a manutenção financeira da entidade (sociedade civil, fundação, pessoas
jurídicas, organização da sociedade civil de interesse público e organizações não
governamentais) quando estiverem realizando os programas sociais (distribuição
gratuita de remédios, bens em geral, cestas básicas etc.)
Não se pode perder de vista, que além das sanções impostas para as demais condutas
vedadas, ainda é possível analisar a captação ou gastos ilícitos de recursos, a captação
ilícita de sufrágio e o eventual abuso do poder político e econômico (arts. 30-A e 41-A
da Lei n2 9.504/97 e 22 da Lei Complementar ns 64, de 18 de maio de 1990).
O § 11 do art. 73 da Lei das Eleições é, na verdade, um complemento explicativo
do § 10 do mesmo artigo e poderá ensejar as sanções dos parágrafos quarto e quinto
relativas as condutas vedadas.
Outrossim, mesmo nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou
programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária, os aspirantes
à candidaturas eletivas não podem manter seus nomes vinculados ou custear as
entidades que distribuem bens, valores ou benefícios nos anos de eleição.
A tutela jurídica objetiva resguardar a isonomia entre os candidatos, excluindo
favorecimentos e assistencialismo puramente político nos anos de eleição, afastando
a influência do poder de autoridade com o desvio de recursos e a projeção pessoal
do benfeitor como opção ao eleitor.
Aassistênciasocialnão pode ser desvirtuada daslídimas diretrizes constitucionais
e legais para atender nominalmente uma classe de futuros candidatos em detrimento
de outros igualmente aptos à disputa das eleições.
462
C o n d u t a s V e d a d a s a o s A g e n t e s P ú b l ic o s
em C a m p a n h a s E l e i t o r a is C a p ít u l o 15
Não se nega que os direitos sociais aos programas são prestações necessárias
e positivas de cunho obrigatório dos Poderes Públicos que devem atender aos
hipossuficientes. No arcabouço dos direitos sociais se situa a seguridade e a
assistência social, que não podem servir de moeda eleitoreira para beneficiar
alguns tipos especiais de candidatos desafiando a lisura das eleições e o regime
democrático.
Os serviços públicos e programas sociais devem se tornar operativos e eficazes
independentemente de nomes e manutenção financeira de pessoas que possam
auferir vantagens pessoais e eleitorais.
É importante salientar que as normas sobre condutas vedadas podem seguir
sete vertentes-, que são cuffluiatir n s qu não : a p rim eira é a da punição prevista
na própria lei das eleições, ou seja, suspensão da conduta ilegal, multa, cassação do
registro ou diploma (art. 73, §§ 4 - e 59 da Lei n9 9.504/97); a segunda é a punição
por ato de improbidade administrativa (Lei n9 8.429/92, art. 12, III, não é a ação
de improbidade de competência da Justiça Eleitoral, pois em regra é da Justiça
Comum), por exemplo, suspensão dos direitos políticos, ressarcimento ao erário,
indisponibilidade dos bens, multa e perda do cargo público; a terceira é a hipótese
criminal, pois algumas das infrações podem ensejar a tipificação como peculato,
corrupção eleitoral, etc., a quarta, ensejará a análise das sanções previstas no
art. 1- , I, "h" e inciso XIV do art. 22 da Lei das Inelegibilídades (Lei Complementar
n9 64/90), por exemplo, a inelegibilidade por abuso do poder político e a cassação do
registro; a quin ta é o ajuizamento da ação de captação ilícita de sufrágio, art. 41-A
da Lei das Eleições para certos casos, por exemplo, entrega de cestas básicas; a
sexta é a propositura da representação do art. 30-A da Lei n9 9.504/97 (captação
ou gastos ilícitos de recursos) com a sanção de negação ou cassação do diploma,
pois não haverá a possibilidade de contabilização para a campanha eleitoral de bens
e usos de materiais de origem pública; e a sétim a é a desaprovação das contas de
campanha eleitoral, art. 30, III da Lei das Eleições.
A aplicação destas sanções sempre dependerá da análise do local dos fatos, tipo
de eleição, quantidade dos bens e serviços e das pessoas beneficiadas.
As condutas vedadas são ações Ilícitas autônom as com carga de
proporcionalidade ou razoabilidade, que não necessitam da prova da denominada
'potencialidade lesiva'. A proporcionalidade não é equiparada à potencialidade. A
quantidade e o local podem ensejar a declaração da inelegibilidade que é sempre
um grau maior de magnitude da ação, e aí teremos a potencialidade.
Em simetria com as representações por captação ilícita de sufrágio e captação
ou gastos ilícitos de recursos, não se pode exigir a prova da potencialidade lesiva
para a configuração das condutas vedadas, considerando ainda a possibilidade de a
punição ser aplicada por equalização e compensação, ou seja, nem sempre ocorrerá
a cassação ou nulificação do diploma, por exemplo, poderá incidir apenas a pena de
multa (§ 4 - do art. 73).
46 3
M a r c o s R am ayana D i r e i t o E l e it o r a l
4 6 4
C o n d u t a s V ed a d a s a o s A g e n t e s P ú b l ic o s
em C a m p a n h a s E l e it o r a is C a p ít u l o 15
Por outro lado, a Lei n- 12.034/09 que introduziu a regra do §s 12 do art. 73 é lei
de natureza ordinária, sendo que as inelegibilidades só podem estar previstas em
lei complementar, segundo o disposto no art. 14, § 92 da Constituição Federal. Não
se poderia exigir a potencialidade lesiva que é causa geradora de inelegibilidade
com previsão em lei de perfil ordinário.
Como se depreende não se sustenta a primeira posição acima aludida,
considerando que nem sempre as ilicitudes verificadas por violação às regras
do art. 73 e parágrafos se amoldam como atos de potencialidade lesiva capazes
de desequilibrar as eleições. Por exemplo, se um Prefeito candidato à reeleição
usa apenas 2(dois) servidores para a campanha eleitoral, violando o inciso 111
do art. 73 da Lei das Eleições, certamente não terá o seu diploma anulado, mas
poderá se sujeitar a aplicação da pena de multa dentro de parâmetros razoáveis
de interpretação das sanções previstas nos parágrafos quarto e quinto do mesmo
artigo da lei.
Conclusão: podemos ter a incidência das condutas vedadas, que são formas de
desvio ou abuso do poder político ou de autoridade exteriorizadas numa campanha
eleitoral da seguinte forma: a) razoáveis ou proporcionais que são aptas a ensejar
as sanções dos parágrafos quarto e quinto do art. 73 da Lei das Eleições (suspensão
imediata da conduta, multa, cassação do registro ou diploma) e, b) potencialmente
lesivas que deslocam a sanção para a aplicação da inelegibilidade (art. 22, XIV da Lei
Complementar n9 64/90), Neste último caso, deve-se seguir o rito do art. 22, incisos
í a XV da Lei das Inelegibilidades com o sistema que nos remete à interposição do
recurso contra a expedição do diploma (art. 262, IV, do Código Eleitoral), exceto
se for possível identificar a separação dos fatos abusivos durante as campanhas
eleitorais. Por exemplo, o Prefeito candidato à reeleição no dia 10 de agosto distribui
bens e serviços sociais em quantidade abusiva violando o disposto no art. 73, IV da
Lei das Eleições. Um fato. No dia 30 de agosto nomeou servidores em desacordo a
norma do inciso V do art. 73 da mesma lei, mas neste outro fato não se caracterizou
a potencialidade lesiva. Assim, pelo primeiro fato responderá por inelegibilidade,
mas pelo do dia 12 de agosto incidirá apenas nas sanções dos parágrafos quarto e
quinto do art. 73 de forma proporcional.
É possível a cumulação de pedidos na petição inicial da representação, pois se
segue o mesmo rito (art. 22 da Lei das Eleições), mas com relação à nuiidade do
diploma baseada no primeiro fato acima destacado, é necessária após a diplomação,
a interposição do recurso contra a expedição do diploma (art. 262, IV do Código
Eleitoral). Como se nota, é necessário analisar a hipótese concreta, pois se for um
fato único que demande a inelegibilidade atrelada a anulação do diploma, o correto
é trilhar a interposição do recurso contra a expedição do diploma (art. 262, IV, do
Código Eleitoral).
Observe-se que o C. TSE na respeitável decisão abaixo destacada considera com
acerto a gravidade da conduta:
465
M a r c o s R am ayan a D i r e i t o E l e it o r a l
R epresentação po r violação à
lei Na 9 . 5 0 4 / 9 0
470
R e p r e s e n t a ç ã o p o r V i o l a ç ã o à L e i n ° 9 .5 0 4 / 9 0 C a p ít u l o 1 6
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R e p r e s e n t a ç ã o p o r V i o l a ç ã o à L e i n ° 9 .5 0 4 / 9 0 C a p ít u l o 1 6
16.2. O BJETIV O
A reclamação objetiva impedir a propaganda irregular e/ou criminosa, através
de decisão mandamental ou, ainda, punir o infrator com a pena de multa eleitoral,
admitindo-se a concessão de liminar.
O Tribunal Superior Eleitoral tem precedente de que a prova produzida nas
reclamações não tem o condão de ser considerada pré-constituída.
"Acórdão ne 19.585, de 16.4.2002. Recurso Especial Eleitoral
nfi 19.585/PR. Relator: Ministro Sepúlveda Pertence. Ementa:
I. Recurso de diplomação. Prova pré-constituída para os fins
do art. 262, IV, Código Eleitoral: sua conceituação é questão de
direito probatório, e não de prova. Inidoneidade, para lastrear
recurso contra a diplomação, de prova obtida em reclamação
ou representação fundadas no art. 96 da Lei ns 9.504/97, cujo
procedimento sumarissimo não viabiliza a plenitude da ampla
defesa contra a imputação de fatos complexos. À apreciação dos
fatos se destinou o procedimento amplo do art. 22 da LC ne 64/90.
II. Abuso do poder político ou econômico: não o caracteriza, por si
só, o fato incriminado no art. 40 da Lei ne 9.504/97."
Como se vê, as reclamações, além de terem uma finalidade restrita, não podem,
isoladamente, ser usadas como provas pré-constituídas ao Recurso contra a
Diplomação (art. 262, IV, do Código Eleitoral). De toda sorte servem de prova para
473
M a r c o s R am ayana D i r e i t o E l e it o r a l
16.3. COMPETÊNCIA
0 art. 96 da Lei ns 9.504/97 fixa a competência: "I - aos Juizes Eleitorais, nas
eleições municipais; II - aos Tribunais Regionais Eleitorais, nas eleições federais,
estaduais e distritais; III - ao Tribunal Superior Eleitoral, na eleição presidencial."
O Tribunal Superior Eleitoral fixou entendimento de que “são competentes para
apreciar as reclamações, as representações e os pedidos de resposta o juiz eleitoral
4 7 4
R e p r e s e n t a ç ã o p o r V i o l a ç ã o À L e i n 2 9 .5 0 4 / 9 0 C a p it u l o 1 6
da comarca e, nos municípios com mais de uma zona eleitoral, os juizes eleitorais
designados pelos Tribunais Regionais Eleitorais" (art. 39 da Resolução n9 21.575, de
2 de dezembro de 2 003).
Já se tem observado, com inteira efetividade, a existência da propaganda política
eleitoral antecipada. Nesta hipótese, mesmo ainda não havendo designação de juiz
eleitoral específico, para conhecer, processar e julgar as reclamações, cabe aos
legitimados dirigir a medida ao juiz eleitoral do local do fato. Nesse sentido, é a
posição correta do eminente doutrinador Joel José Cândido.
Todavia' nas eleições federais, estaduais e distritais, o TSE já decidiu que:
Lei eleitoral - Reclamação ou Representação - Competência. Recurso
especial. Representação julgada por juiz eleitoral. Competência de
juiz auxiliar. Os juizes auxiliares exercem competência que é da corte
regional. Se ainda não designados, a matéria não passaria ao primeiro
grau, mas ao colegiado. Não conhecimento. Acórdão n9 15.325, de
31.8.1998 ~ Recurso Especial Eleitoral n9 15.325 - Classe 22a/SC
(Caçador). Relator: Ministro Costa Porto.
Vê-se que, na verdade, os juizes auxiliares exercem espécie de competência
especial, pois não são integrantes dos tribunais, mas designados para auxiliar no
processamento e julgamento. Trata-se de uma forma de otimização da prestação
jurisdicional eleitoral, visando a abrigar o princípio da celeridade.
Assim já decidiu o TSE:
Representação julgada, em sede originária, por juiz eleitoral,
incompetência. Apesar de os juizes das zonas eleitorais exercerem,
com exclusividade, poder de polícia sobre a propaganda eleitoral em
sua jurisdição, tal circunstância não lhes confere competência para
apreciar reclamação ou representação por descumprimento de norma
da Lei ns 9.504/97. Competência do TRE, a ser exercida por intermédio
de juizes auxiliares, consoante faculdade estatuída no art. 96, § 32, da
Lei ne 9.504/97. Acórdão n9 15.334, de 21.9.1998 - Recurso Especial
Eleitoral ne 15.334 - Classe 22a/SC (6a Zona - Caçador). Relator:
Ministro Eduardo Alckmin.
O § 39 do art. 96 da Lei ne 9.504/97 é expresso quanto à designação de três juizes
auxiliares para apreciarem as reclamações relativas à propaganda política eleitoral.
O eminente doutrinador Joel José Cândido aduz que o dispositivo acima salientado
é de constitucionalidade duvidosa, porque cabe à lei complementar dispor sobre
matéria de competência eleitoral (art. 121 da CRFB). A doutrina faz referência a
uma instância especial.
Destacamos exemplifícadamente:
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M a r c o s R am ayana D i r e i t o E l e it o r a l
Entendemos que, enquanto não for promulgada a lei complementar exigível pelo
art. 121 da Lei Maior, não há ilegalidade por violação do princípio da indeclinabilidade
da jurisdição, na designação dos juizes auxiliares através de resolução decorrente
do poder normativo do TSE (art. l e, parágrafo único, c/c art. 23, IX, ambos do Código
Eleitoral), pois não está o Tribunal Superior Eleitoral criando ura grau intermediário
de jurisdição ou, ainda, negando a jurisdição eleitoral, mas, simplesmente, adotando
postulado similar ao da carta de ordem processual, inclusive cora previsão expressa
em outros diplomas normativos, v. g na Lei ne 8.038, de 28 de maio de 1990, in
expressi verbis:
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xie 22.142/06. Todavia, entendemos que a posição regulamentar deve ser revista
para acrescer a intimação sempre pessoal do órgão do Parquet, seja na condição de
parte ou fiscal da lei.
Por fim, a regra do art. 94 da Lei na 9.504/97 atribui especial preferência aos
feitos eleitorais entre o pedido de registro das candidaturas até cinco dias após a
realização do segundo turno das eleições.
Nas eleições de 2006, o TSE editou a Resolução na 22.158, que trata sobre
condutas vedadas, normatizando a atuação dos juizes eleitorais e dos promotores
eleitorais nas respectivas comarcas, a saber: "Art. 63. A propaganda exercida nos
termos da legislação eleitoral não poderá ser objeto de multa nem cerceada sob
alegação do exercício do poder de polícia (Lei n- 9.504/97, art. 41). § X~ O poder
de polícia sobre a propaganda será exercido exclusivamente pelos juizes eleitorais,
nos municípios, e pelos juizes designados pelos tribunais regionais eleitorais, nas
capitais e municípios cora mais de uma zona eleitoral. § 2 a Compete ao juiz eleitoral,
na fiscalização da propaganda, tomar as providências para impedir práticas ilegais,
não lhe sendo permitido, entretanto, instaurar procedimento de ofício para aplicação
de sanções. § 3 a 0 juiz eleitoral deverá comunicar o fato ao Ministério Público, para
que proceda como entender necessário".
Como se nota, nas eleições nacionais, federais, estaduais e distritais, os
promotores eleitorais legalmente designados para fiscalizar a propaganda política
eleitoral devem atuar. Suas atuações se desenvolvem na investigação e coleta de
provas materiais, vestígios das infrações referentes ao abuso do poder econômico,
político, captação ilícita de sufrágio, propaganda irregular e condutas vedadas aos
agentes públicos. Nesta produção investigatória de provas não lhes cabe ajuizar
medidas para fins de aplicação das sanções, pois esta reserva de atribuição fica com
o procurador regional eleitoral e seus auxiliares (procuradores da República).
Na hipótese, os promotores eleitorais deverão canalizar as provas produzidas
para o Ministério Público Federal (procurador regional eleitoral), que poderá ajuizar
as ações cabíveis (arts. 41-A e 9 6 da Lei n9 9.504/97, art. 22 da Lei Complementar
nfi 64/90 e outras medidas judiciais). Trata-se de atuação compartilhada que visa a
defesa do regime democrático. Neste sentido, conferir o precedente normativo, Res.
TSE ns 22.142, que dispõe sobre as reclamações e representações em 2006, art. 29.
16.6. CANDIDATOS
Os candidatos legitimados ativos para a propositura da ação de reclamação são,
a princípio, os registrados, ainda que provisoriamente, para uma determinada
eleição. No entanto, como a Lei na 9.504/97, em seu art. 96 e §§, não fixou o termo
a quo do prazo para a propositura desta ação, é possível seu ajuizamento por pré-
candidatos (escolhidos em convenção).
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Não podemos esquecer que a sanção de multa pode ser aplicada para servidores
ou não, inclusive para os denominados cabos eleitorais que participam do ato
proibido.
Por fim, o C. TSE possui precedente relativo às eleições de 2006, que desvincula
as sanções de cassação do registro ou do diploma e multa. Em destaque:
"Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral n° 26.941/
RO. Relator: Ministro Caputo Bastos. Ementa: Agravo regimental.
Recurso especial. Representação. Eleições 2006. Deputado Estadual.
Atuação parlamentar. Divulgação. Sítio da Internet. Publicidade
institucional. Conduta vedada. Art. 73, VI, b, da Lei n2 9.504/97. Multa.
Proporcionalidade. Juiz auxiliar. Competência. Decisão. Fundamentos
não afastados. 1. A prática da conduta vedada pelo art. 73, VI, b,
da Lei das Eleições não conduz, necessariamente, à cassação do
registro nem do diploma, cabendo ao magistrado, no uso do juízo de
proporcionalidade, aplicar a pena cooíorme a gravidade do ilícito.
cometido,... (DJ de 6.3.2007)".
Existem duas posições jurisprudenciais e doutrinárias sobre a aplicação
cumulativa das sanções, especialmente da multa e cassação do diploma, a saber:
a prim eira corren te de Adriano Soares da Costa e do TSE, conforme acórdão
acima ementado, e ainda TSE REsp. 24.937/RS, DJ 24.02.2006, Rei. Ministro Gilmar
Mendes, é no sentido de que deve-se adotar o princípio da proporcionalidade, pois
nem sempre será o caso de multar e anular o diplomado, ou seja, aplicar a grave
sanção de nuiidade do diploma; a segunda corrente, do TSE em precedente mais
remoto, é pela aplicação cumulativa da multa e cassação do registro ou diploma
(REsp. 24.862/RS, Rei. Ministro Carlos Madeira, DJ de 16.09.2005).
A interpretação literal pode levar ao entendimento da segunda corrente, porque
o § 5 2 diz: "... sem prejuízo do disposto no parágrafo anterior../’, e assim atrela as
sanções de multa e cassação do registro ou diploma.
Todavia, a interpretação sistemática é mais consentânea, e revendo o assunto
podemos concluir pela adoção do princípio da proporcionalidade, porque a
utilização da máquina administrativa pode em alguns casos ser insignificante
diante do impacto da propaganda política eleitoral e do tipo de eleição em que estão
envolvidos os atores beneficiados pela conduta vedada. Por exemplo: Se o candidato
ao Governo do Estado recebe uma mesa ou cadeira do Prefeito para usar em sua
propaganda política eleitoral, estaria, sem dúvida sujeito às sanções dos §§ 4 - e 52
do art. 73, pois violou o inciso 1. Mas acreditamos que a decisão que anularia o seu
diploma, caso fosse o candidato eleito, seria desproporcional e deveria condená-lo
apenas ao pagamento da multa.
O perigo da interpretação acima enfocada se situa no elevado grau de
subjetivismo da aplicação da lei, mas não se pode adotar regras de responsabilidade
objetiva ou sem que tenha ocorrido um certo impacto na igualdade material entre
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C a p ít u l o 16
16.8. PROVAS
A inicial deve apresentar fatos, indícios e circunstâncias. Em regra geral, as
petições iniciais são instruídas com fotografias, autos de infração, filmagens e
outros documentos.
Por outro lado, embora a lei não tenha previsão expressa, entendemos que as
partes podem requerer a oitiva de testemunhas, sendo, o limite máximo de seis,
conforme o art. 3 2, § 3 a, da Lei Complementar n- 64, de 18 de maio de 1990 (ação
de impugnação ao pedido de registro de candidatos). Sustentamos a adoção da
aplicação subsidiária da AIPRC.
Entretanto, a questão não é pacífica, existindo decisões jurisprudenciais
favoráveis e contrárias à produção de prova testemunhai no rito em tela. O
fundamento para este úítimo entendimento, de contrariedade à admissão da prova
testemunhai, baseia-se na omissão da lei, bem como no fato de ser tal rito mais
célere, o qual não comportaria extensa dilação probatória.
Assim, a favor da utilização da prova testemunhai no rito da reclamação:
Ementa: Agravo de instrumento. Intempestividade. Art. 96 e parágrafos
da Lei n9 9.504/97. Nos processos onde há oitiva de testemunhas não
se pode exigir seja a sentença proferida no prazo de 24 horas, ante a
impossibilidade de realizar todo procedimento neste período. Caso em
que o prazo do art. 96, § 7- da Lei n- 9.504/97 é contado da conclusão ao
juiz auxiliar, apos a produção da prova, e não da apresentação da defesa.
Respeitados os prazos do art. 96 e parágrafos da Lei n9 9.504/97, não
há necessidade de intimação das partes. Agravo provido. Recurso não
conhecido (TSE, Ag - 1717 Campo Grande - MS, Rei. Nelson Azevedo
Jobim. DJ - Diário de Justiça, 13.08.1999, p. 86).
"(...) Propaganda extemporânea. Agravo que não ataca os fundamentos
da decisão agravada. Reexame de matéria fática inviável em sede
de recurso especial. (...)" NE: Embora o acórdão paradigma tenha
considerado regular o indeferimento de prova testemunhai no rito do
art. 96 da Lei n9 9.504/97 não se autoriza a conclusão, a contrario sensu,
de que essa prova não possa ser deferida (Ac, n9 5.088, de 7.12.2004,
rei. Min. Gilmar Mendes).
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16.9. PRAZO
O art, 96, § 5-, da Lei n- 9.504/97 faz menção ao recebimento da reclamação ou
representação, nâo fixando um prazo inicial de propositura da ação.
Os Tribunais Regionais designam juizes eleitorais para apreciação desta ação,
segundo o calendário eleitorai previamente fixado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Com a publicidade do ato designatório já passam os juizes eleitorais a processar
e julgar as ações.
Com efeito, a lei é omissa em relação ao prazo inicial e final de propositura
desta ação, mas o Tribunal Superior Eleitoral possui precedente em matéria
específica atinente ao tratamento privilegiado dado por emissoras de televisão para
determinados candidatos. Neste sentido:
Propaganda partidária. Cadeia estadual. Alegação de desvirtuamento.
Veiculação de ofensas. Direito. Recurso especial. Eleição 2002.
Propaganda eleitoral. Rádio. Horário normal. Afronta à lei (art. 45, III e
IV, da Lei das Eleições). Representação. Intempestividade. O prazo para
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Como se nota, o prazo inicia) emerge com a ilicitude do ato, não possuindo uma
data fixa.
0 prazo final, segundo a jurisprudência atual do C. TSE, será o dia da eleição.
Nesse sentido:
Eleições 2004. Agravo regimental. Recurso especial. Conduta vedada.
Representação. Eleição, Data. Interesse de agir. Existência. Prazo de decadência.
Criação. Inocorrência. Jurisprudência. Alteração. Direitos e garantias individuais.
Violação. Descaracterização. Decisão agravada. Fundamentos inatacados.
Até o julgamento da questão de ordem no Respe ne 25.935, de 20.6.2006,
o prazo para o ajuizamento da representação, fundada na Lei n9 9.504/97,
era de 5 (cinco) dias, contados da ciência dos fatos. No entanto, após o
referido julgamento, o entendimento desta Corte evoluiu para estender o
prazo e, consequentemente, reconhecer a existência do interesse de agir até
a data das eleições nesses casos. Ressalte-se que não se trata de criação de
prazo decadencial, mas de aferição de condição da ação, que pode ser vista
a qualquer tempo e reconhecida de ofício. Portanto, o entendimento mais
recente se aplica à hipótese dos autos, ainda que se refira às eleições de 2004.
A mutabilidade é própria do entendimento jurisprudencial, o que não implica,
por si só, violação a direitos e garantias consagrados pelo ordenamento
jurídico, tampouco direito adquirido.
Nega-se provimento ao agravo quando insuficientemente infírmados os
fundamentos da decisão impugnada. Nesse entendimento, o Tribunal negou
provimento ao agravo regimental. Unânime.
(TSE, Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral n9 26.030/PB, rei. Min.
Joaquim Barbosa, em 2.6.2009 ~ Noticiado no informativo ns 19/09).
Por fim, cumpre assinalar que a nova Lei n- 12.034/2009, trouxe um prazo
diferenciado para a representação por conduta vedada (art. 73, § 12 da Lei
n9 9.504/97), que será visto adiante no capítulo próprio que trata das mesmas.
16.11. RESUMO
1) A ação de reclamação ou representação visa, especialmente, aplicar uma multa
aos candidatos e partidos políticos que tenham descumprido as regras sobre
propaganda política eleitoral regular, ou seja, tenham praticado irregularidades
não sujeitas à sanção de inelegibilidade por abuso do poder econômico ou
político ou por compra de votos, pois, nestes casos, segue-se o disposto nos
arts. 22 da Lei Complementar ns 64/90 ou 41-A da Lei nfi 9.504/97.
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M a r c o s R a m ayan a D i r e i t o E l e it o r a l
492
Representação por Violação à Lei
Representação por violação à Lei n° 9,504/97
(Art. 96, Lei das Eleições)
{............................. i
í julgamento TRE h
*1 Inpugnação
| Julgamentos j • M P-PC E
| •M P-PRE | • P. Político
m
| •Partido Político • Coligação
9.504/90
j
; •Coligação 1 • Candidato
! •Candidato j
| Julgamentos
j . M P- Promotor j
H • Partido Político
Coligação
Candidato
C a p ítu lo
cada município.
493
16
Marcos Ramayana • Direito Eleitoral 10a • Capítulo 16 - Representação por violação à Lei n“ 9.504/97
C apítulo 1 7
17.1. B A SE LEGAL
0 suporte legal está no art. 22 da Lei Complementar n9 64, de 18 de maio de 1990
(Lei das Inelegibilídades). Trata-se de uma ação que visa a combater os abusos
do poder econômico e/ou político, praticados por candidatos, cabos-eleitorais,
simpatizantes e pessoas em geral, desde que exista um nexo de causalidade entre
as condutas e a ilicitude eleitoral.
A Lei n2 9.504, de 30 de setembro de 1997 (Lei das Eleições), nos arts. 73 a 78,
dispõe sobre as "condutas vedadas aos agentes públicos em campanha eleitoral”.
Se as regras forem violadas, os fatos podem caracterizar abuso do poder.1
1 “TSE. Acórdão n9 404, de 5.11.2002. Representação n9 404/DF. Relator: Ministro Sálvio de Figueiredo.
Ementa: Investigação judicial. Propaganda institucional realizada em período nâo vedado por lei. Aiegação de
infringência ao disposto no art. 37, § 1e, CF. Inexistência de promoção de autoridades ou servidores públicos.
Desvio ou abuso do poder de autoridade não caracterizado. Improcedência da representação. Possibilidade de
ser dispensada a dilação probatória fatos dependentes de prova exclusivamente documental, já produzida. I -
Não obstante prevista dilação probatória no rito da investigação judicial {Lei Complementar n9 64/90, art. 22, l,
a), esta se dará tão somente quando cabívei. Dispensável quando a apreensão dos fatos submetidos ao exame
da Justiça Eieitorai reclamar prova exclusivamente documentai, já produzida nos autos. II - A propaganda
institucional tem autorização prevista no art. 37, § 1s, da Constituição, devendo ter caráter educativo, informativo
óu de orientação sociai. III - Inexistência, no caso concreto, de nomes, símbolos ou imagens que pudessem
caracterizar promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos, a constituir violação ao preceito
constitucional e, portanto, desvio ou abuso do poder de autoridade em benefício de candidato ou partido
político, para os efeitos previstos no art. 22 da Lei Complementar n9-64/90. IV - É admissível, ao menos em
tese, que, em situações excepcionais, diante de eventuai violação ao § 1Bdo art. 37 da Constituição, perpetrada
em momento anterior aos três meses que antecedem as eleições, desde que direcionada a nelas influir, com
nítido propósito de beneficiar determinado candidato ou partido político, seja a apuração dos reflexos daquele
ato no processo eleitoral, já em recurso, promovida pela Justiça Eleitoral, mediante investigação judicial. V -
Inconveniência de impor-se rigidez absoluta à delimitação da matéria a ser submetida, em sede de investigação
judicial, ao exame da Justiça Eleitoral, ante a sofisticação com que, em matéria de eleições, tem-se procurado
contornar os limites da lei, cuja fragilidade é inegável, na tentativa de auferirem-se benefícios incompatíveis com
a lisura e a legitimidade do pleito. DJ de 28.3.2003”.
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7 Lei ne 9-504/97. “Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitora! o registro de seus candidatos até as
19 horas do dia 5 de julho do ano em que se realizarem as eleições.
§ 1 - 0 pedido de registro deve ser instruído com os seguintes documentos: l - cópia da ata a que se refere o art. 89; il -
autorização do candidato, por escrito; III - prova de filiação partidária; IV - declaração de bens, assinada pelo candidato;
V - cópia do título eleitoral ou certidão, fornecida pelo cartório eleitoral, de que o candidato é eleitor na circunscrição ou
requereu sua inscrição ou transferência de domicílio no prazo previsto no arí. 9a; VI - certidão de quitação eleitoral; VII
- certidões criminais fornecidas pelos órgãos de distribuição da Justiça Eleitoral, Federal e Estadual; Vlli - fotografia do
candidato, nas dimensões estabelecidas em instrução da Justiça Eleitora!, para efeito do disposto no § do art 59.”
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de Po d e r E c o n ô m ic o e/o u P o l ít ic o C a p ít u l o 1 7
b) Coligação8
A natureza jurídica das coligações é de um partido temporário que se forma para
determinada eleição. A regra da capacidade postulatória é a mesma dos partidos
políticos.9
c) Candidatos
d) Ministério Público10
Acreditamos, sem nenhuma manifestação corporativista, que as lições do
doutrinador Rui Franca ainda se fazem presentes, in verbis: “(...) nós, certamente,
não padecemos da moléstia infantil do paroquialismo institucional (.,.)", mas a
efetiva participação do Ministério Público "Eleitoral", durante todas as fases do
processo eleitoral, é uma forma singularmente democrática de extirparem-se os
vícios e manifestações abusivas deflagrados por facções sociais ilícitas, que surgem
de forma organizada, no decorrer do processo eleitoral.
Parece-nos, pois, que o melhor sistema dentro da classificação apresentada por
Fávila Ribeiro é o do controle exclusivo do processo eleitoral pelo Poder Judiciário,
com a fiscalização permanente e dinâmica do Ministério Público "Eleitoral", a quem
cabe, em nome da sociedade, combater os vícios e toda a espécie de fraude eleitoral,
garantindo a lisura das eleições.
0 eminente Barbosa Lima Sobrinho já enfrentou essa questão, tecendo, com o
brilhantismo que lhe era peculiar, as seguintes considerações:
(...) Como se vê, o problema continua a ser hoje o que era há um
século. 0 progresso observado nas leis não corresponde à ação dos
responsáveis pelos resultados eleitorais. 0 facciosismo político dá as
cartas e joga de mão. Por isso a reforma principal, aquela que poderá
influir realmente na melhoria do processo eleitoral, é a que torne
8 Acórdão n- 19.962, de 27.8.2002. Recurso Especial Eleitora! n- 19.962/MS. Reíator: Ministro Fernando Neves. Ementa:
Registro de candidatura. Formação de coligações. Partidos que pediram registro por duas coligações diferentes,
impugnação. Partido isolado. Ilegitimidade. Recurso. Coligação que não impugnou o registro. Impossibilidade. Eleição
majoritária. Coligações diferentes. Não admissão. O partido político coligado não tem legitimidade para, isoladamente,
impugnar registro de candidatura. No processo de registro de candidatura, a parte que não impugnou não tem
legitimidade para recorrer. O art. e2 da Lei ne 9.504/97 veda que um partido participe de coligações diferentes para
governador e senador na mesma circunscrição. Recursos não conhecidos. Publicado na sessão de 27.8.2002".
9 É facultado, pela Lei n9 9.504/97, que os partidos ou coligações substituam seus candidatos, nas hipóteses previstas
em seu art. 13, desde que se trate de pessoa diferente daquela cujo registro foi indeferido. Não é, no entanto, admissível
a substituição pelos mesmos candidatos, os quais já tiveram seus pedidos indeferidos anteriormente. Posição do TSE
pacífica sobre o tema.
10 Incumbe ao Ministério Público “(...) a defesa da ordem'jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis” (art. 127 da Constituição Federai).
4 9 9
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11 LIMA SOBRINHO, Barbosa. Sistemas Eleitorais e Partidos Políticos, Rio de Janeiro: Editora FGV, 1956, pp. 109-
110.
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Vê-se, portanto, que cabe ao juiz o poder de polícia, podendo retirar dos locais
públicos a propaganda irregular ou criminosa, mas está a depender do ajuizamento
de reclamação ou representação do Ministério Público e outros legitimados
(coligações, candidatos e partidos políticos), para aplicar as sanções legais.
Exemplo: o candidato Tício afixa numa árvore uma faixa de sua propaganda política
eleitoral, 0 juiz da propaganda poderá notificar o candidato para retirar a mesma
num determinado prazo, ou retirá-la m odus proprio. Todavia, caberá ao promotor
eleitoral ajuizar a reclamação ou representação nos moldes legais, pedindo a
aplicação da multa.
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14 O TSE já decidiu, no sentido de caber contra qualquer pessoa. Acórdão n® 11.884, 5.3.1991. DJU. 6.8.1991, p.
10.174. Relator Ministro Buenos de Souza.
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15 A conduta ativa ou omíssiva caracterizadora do abuso de direito possibilita punições administrativas, civis e penais,
conforme expressamente prevê o art. e9 da Lei n- 4.898/65 (Lei de Abuso de Autoridade).
16 Acórdão n9 19.596, de 2.4.2002. Agravo regimental no Recurso Especial Eleitoral n3 19.596/MS. Relator: Ministro Fernando
Neves. Recurso contra a diplomação. Inciso IV do art. 262 do Código Eleitoral. Abuso do poder econômico. Investigação
judicial. Procedência. Manutenção da sentença. Trânsito em juigado. Ausência. 1. Não é necessário que a decisão proferida
em investigação judicial tenha transitado em julgado para embasar recurso contra a diplomação, fundado no inciso IV do art.
262 do Código Eleitoral. 2 .0 recurso contra a diplomação pode vir instruído com prova pré-constituída, entendendo-se que
essaé a já formada em outros autos, sem que haja obrigatoriedade de ter havido sobre ela pronunciamento judicial ou trânsito
em julgado. 3. A declaração de inelegibilidade com trânsito em julgado somente será imprescindível no caso de o recurso
contra a diplomação vir fundado no inciso I do mencionado art 262 do Código Eleitora], que cuida de inelegibilidade. Agravo
regimental a que se negou provimento. Vistos etc., acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade,
em negar provimento ao agravo regimental, nos termos das notas taquigráficas, que ficam fazendo parte integrante desta
decisão. Sala de Sessões do Tribunal Superior Eleitoral. Brasília, 2 de abril de 2002”.
503
M a r c o s R am ayan a D ir e it o E l e it o r a l
17.7. COMPETÊNCIA
a) juiz eleitoral, quando se tratar de candidatos aos mandatos eletivos de prefeito,
vice-prefeito ou vereador.
b) Tribunal Regional Eleitoral, nas hipóteses de candidatos aos mandatos eletivos de
governador, vice-governador, senador, deputado federal, deputado estadual e deputado
distrital.
c) Tribunal Superior Eleitoral, nas hipóteses de candidatos a presidente e vice-
presidente da República.
I n v e s t ig a ç ã o J u d ic i a l E l e it o r a l p o r Abuso
de Po d e r E c o n ô m ic o e /o u P o l ít ic o C a p ít u l o 1 7
17 “TSE. (...) Impugnação ao registro de candidatura, [neiegibíiidade da alínea f do inc. ! do art. 12 da LC n2 64/90.
indignidade do oficialato. Jurisdição militar, incompetência da Justiça Eleitoral. (...) A indignidade para o oficialato é
pena acessória instituída pelo Código Penal Militar, para apiicaçào aos oficiais militares, cujo processo e julgamento
competem à Justiça Militar, não cabendo, em razão da matéria, à Justiça Eleitorai (Ac. n- 13.461, de 17.12.1996, ReL
Min. Francisco Rezek.).
18 “TSE. Recurso Especial Eleitoral ne 21.095/ES, Rei. Min. Luiz Carlos Madeira, em 25.3.2003. Representação.
Mensagem eletrônica com conteúdo eleitoral. Veiculação. Intranet de Prefeitura. Conduta vedada. Art. 73, I, da
Lei 9.504/97. Caracterização. Para a configuração das hipóteses enumeradas no citado art 73, nâo se exige a
potencialidade da conduta, mas a mera prática dos atos proibidos. Nâo obstante, a conduta apurada pode vir a ser
considerada abuso de poder de autoridade, apurávei por meio de investigação judiciai, prevista no art. 22 da Lei
Complementar n9 64/90. Não há que se falar em vioiaçáo do sigilo de correspondência, com ofensa ao art. 5e, XII,
da Constituição da República, quando a mensagem eletrônica veiculada não tem caráter sigiloso, caracterizando
verdadeira carta circular. Nesse entendimento, o Tribunal não conheceu do recurso. Unânime”.
505
M a r c o s R am ayan a D ir e it o E l e it o r a l
19 “TSE. Acórdão n9 1.313, de 18.3.2003. Agravo regimental na Petição nQ 1.313/MS. Relator: Ministro Sepúlveda
Pertence. Ementa: Recurso contra expedição de diploma. Abuso de poder. Declaração de inelegibilidade. Execução
imediata de acórdão. Ausência de trânsito em julgado. Impossibilidade {LC n® 64/90, art. 15). Efeitos da investigação
judicial eleitoral quanto ao momento de julgamento: julgada procedente antes da eleição, há declaração de
inelegibilidade por três anos e cassação do registro; julgada procedente após a eleição, subsiste a dedaração de
inelegibilidade por três anos e remessa de cópia do processo ao Ministério Público Eleitoral, para os fins previstos nos
arts. 14, §§ 10 e 11, da Constituição Federal, e 262, IV, do Código Eleitoral. Agravo a que se nega provimento. DJ de
28.3.2003”.
20 “TSE. Investigação judicial eleitoral. Art. 22 da LC n9 64/90 e 41-A da Lei n2 9.S04. Decisão posterior à proclamação
dos eleitos. Inelegibilidade. Cassação de diploma. Possibilidade. Inciso XV do art. 22 da LC n- 64/90. Não aplicação. 1.
As decisões fundadas no art. 41-A têm aplicação imediata, mesmo se forem proferidas após a proclamação dos eleitos.
Acórdão ne 19.587, de 21.3.2002. Recurso Especial Eleitoral n5 19.587 - Ciasse 22a/GO (Caldazinha - 32» Zona Bela
Vista de Goiás). Relator: Ministro Fernando Neves. Decisão: unânime em não conhecer do recurso de Oguimar José
Vicente e de Joel Pereira de Melo e, por unanimidade, conhecer dos demais recursos e dar-ihes provimento”.
506
I n v e s t ig a ç ã o J u d i c i a i . E l e it o r a l por Ab u so
de P o d e r Ec o n ô m ic o e /o u P o l ít ic o C a p ít u l o 17
21 Verbete sumular n9 19 do TSE: “O prazo de inelegibilidade de 3 (três) anos, por abuso do poder econômico ou
político, é contado a partir da data da eleição em que se verificou {art 22, XIV, da LC 64, de 18.05.90)”.
507
M arcos R amayan a
D ir e it o E l e it o r a l
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I n v e s t ig a ç ã o J u d ic i a l E l e it o r a l po r Abu so
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M a r c o s R am ayan a D ir e it o E l e it o r a l
17.11. PRAZO
Já decidiu o Tribunal Superior Eleitoral24 que:
Ação de investigação judicial. Prazo para a propositura. Ação proposta
após a diplomação do candidato eleito. Decadência consumada.
Extinção do processo. A ação de investigação judicial do art. 22 da Lei
Complementar ne-64/90 pode ser ajuizada até a data da diplomação.
Proposta a ação de investigação judicial após a diplomação dos eleitos, o
processo deve ser extinto, em razão da decadência. Nesse entendimento,
o Tribuna] julgou extinto o processo. Unânime. Representação n- 305/
MG, Rei. Min. Sálvio de Figueiredo, em 27.3.2003.
Ajurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral está consolidada no entendimento
de que a ação de investigação judicial prescrita no art. 22 da LC ns 64/90 pode
ser ajuizada até a data da diplomação dos candidatos eleitos (Ac. n9 15.099, de
24 Se ocorrer uma hipótese de inelegibilidade entre o lapso temporal do deferimento do registro e a votação eleitoral,
sua arguição deverá ser apreciada pela Justiça Eleitoral, pois se trata de fato posterior e de cognoscibilidade ultra-
registro, com feições próprias de lesividade à ordem jurídica, aplicando-se, nesta rama, a defesa judicial dos direitos
políticos subjetivos, munindo o titular, v.g., o Ministério Público, partidos e candidatos, de mecanismos judiciais para
assegurar a igualdade na disputa eleitoral (a todo o direito corresponde uma ação que o assegura ~ Código Civil,
art. 75).
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de P o d e r E c o n ô m i c o e/ o u P o l í t i c o C a p ít u l o 1 7
25 “TSE. Acórdão n9 20.134, de 10.9.2002. Recurso Especial Eleitora! ne 20.134/SP Relator: Ministro Sepúiveda Pertence.
Ementa: Recurso especial recebido como ordinário. Registro de candidatura, invocação dos princípios da economia
processual e da instrumentalidade das formas a viabilizar o reconhecimento de prática de abuso de poder econômico,
dos meios de comunicação e de captação ilegal de sufrágio em sede de impugnação de registro (precedente TSE.
Acórdão n9 12.676, de 18.6.1996, Redator desig. Min. limar Galvão}: improcedência. i - Ultrapassado o entendimento
adotado no precedente invocado peto recorrente, dado em que se firmou a jurisprudência deste Tribunal, no sentido
de admitir-se a ação de investigação judicial até a diplomação, não sendo a impugnação ao registro via própria para
apurar eventual abuso de poder (RO n- 593, julgado em 3.9.2002, Rei. Min. Sãivio de Figueiredo), li - Recurso a que se
nega provimento. Publicado na sessão de 10/9/2002".
26 Incisivas, a respeito, as considerações sobre a natureza juridica das normas que disciplinam as ineiegibiiidades, no
sentido de que “as inelegibilidades são de direito estrito, descabendo a adoção de forma interpretativa que importe
em elastecer-lhes o teor” (Diário da Justiça ns 235, em 13:12.1994, p. 34.585, Relator Ministro Marco Aurélio, Recurso
n® 12.235 - Classe 4a- Rio de Janeiro).
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S13
M a r c o s R a m a ya n a D ir e it o E l e it o r a i
Eleitoral e pelo Tribunal Superior Eleitoral, obtendo o mesmo mais de 50% do votos
válidos, é necessária a realização de nova eleição. Todavia, o inelegível solicitou novo
registro para a eleição extraordinária designada pelo Tribunal Regional Eleitoral.
Se ocorreu o trânsito em julgado da decisão de inelegibilidade, entendemos
que o solicitante não poderá ser candidato a candidato, nem tampouco candidato
para as eleições suplementares, porque a inelegibilidade é absoluta e atinge estas
eleições. Na hipótese de ausência do trânsito em julgado, subsiste a plenitude dos
direitos políticos, com lastro, inclusive, no art. 14, § 3-, II, da Carta Magna. Incidiria,
ainda, regra do art. 15 da Lei Complementar n- 64/90, mas, quando a ausência do
trânsito em julgado deflui de eleição suplementar, ao nosso pensar, a inelegibilidade
é inteiramente aplicável ao candidato causador direto da nuiidade das eleições.
Trata-se de uma relação linear sobre o nexo de causalidade homogêneo, em relação
ao abuso do poder e à nuiidade da própria eleição. A regra geral não se aplica.
Cuida-se de tutelar os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, porque
não é lógico que o prefeito que causou a nuiidade das eleições, pela influência do
poder político, seja candidato a uma reeleição suplementar do período de tempo
remanescente ao cumprimento do mandato eletivo, sob pena de prestigiar-se o
infrator e a impunidade eleitoral, com ferimento à normalidade e legitimidade das
eleições. As decisões judiciais não podem fixar-se em paradoxos que contrariem
os princípios básicos e gerais da orientação do pensamento humano, ou desafiar
uma opinião consabida na coerência da estrutura das causas de inelegibilidade, até
porque as inelegibilidades dão-se nas próprias eleições contaminadas pelo abuso.
Sobre o assunto, deve o leitor consultar o Acórdão n9 19.825, de 6 de agosto de 2002,
Recurso Especial (TSE), Relator Ministro Fernando Neves. Questão polêmica.27,28
27 “TSE. Acórdão ne 614, de 23.9.2002. Agravo regimental no Recurso Ordinário 614/CE. Relatora: Ministra Ellen
Gracie. Ementa: Agravo regimental. Registro de candidato. Lei Complementar ne 64/90, art. 1° f, d. Necessidade
de trânsito em julgado da decisão que julgou procedente ação de investigação judicial por abuso de poder. Agravo
improvido. Publicado na sessão de 23 de setembro de 2002”.
28 “A jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido de ser imprescindível a comprovação do trânsito em juigado da
decisão que julgou procedente ação de investigação judicial, a fim de que seja considerado inelegível o pré-candidato,
nos termos do art. 12, l, d, da Lei Complementar n- 64/ 90. Colaciono alguns precedentes do TSE sobre a matéria:
“Registro de candidato. Inelegibilidade. Abuso do poder econômico. LC ne 64/90, art. 12,1, alínea d. A impugnação
ao pedido de registro de candidatura, fundada em abuso do poder econômico, deve vir instruída com decisão da
Justiça Eleitoral, com trânsito em julgado, sendo inadmissível a apuração dos fatos no processo de registro. (...)”
(Grifei.) (Acórdão ne 11.346, de 31.8.90, Relator Ministro Célio Borja) “Registro de candidato a governador de Estado.
2. Impugnação. 3. Inelegibilidade da letra d do inciso i do art. 1e da Lei Complementar 64/90. 4. Hipótese em que
os fatos que constituíram o abuso de poder econômico ou político estavam sendo apurados em representações no
Tribunal Regional Eleitoral, à época do pedido de registro. 5. Inexistência de ‘decisão com trânsito em julgado', nas
representações, sendo inviável o acolhimento da inelegibilidade, no instante do registro do candidato. 6. Deferimento
do registro. 7. Decisão do TRE, que, nesta parte, mantém-se, porque, ao ensejo do julgamento, não havia ‘decisão
com trânsito em julgado’ de representações por abuso do poder econômico ou político, ut art. 1®, 1, letra d, da Lei
Complementar n9 64/90, não sendo possível, no processo de registro, a apreciação dos fatos respectivos dele
caracterizado res, objeto das representações. (...)” (Grifei.) (Acórdão n9 93, de 3.9.1998, Redator designado Ministro Néri
da Silveira); “(...) A inelegibilidade de que se cuida supõe trânsito em julgado da decisão que conclui pela procedência
da representação - art. 1° 1, d, da Lei Complementar n9 64/90. (...)" (Acórdão n2 17, de 19.3.1996, Relator Ministro Diniz
de Andrada)".
S14
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de P o d e r Ec o n ô m ic o e /o u P o l ít i c o C a p ít u l o 1 7
A Lei Complementar ns 64/90, no art. 1^, inciso I, alínea d, dispõe que são
inelegíveis “os que tenham contra sua pessoa rep resen tação julgada procedente
pela Justiça Eleitoral, transitada em julgado, em processo de apuração de
abuso do poder econôm ico ou político..." Por derradeiro, a atribuição dos efeitos
legais da inelegibilidade se dá com a ocorrência do trânsito em Julgado na ação
de investigação judicial eleitoral ou representação, sendo a regra naturalmente
extensível as ações de captação ilícita de sufrágio (na hipótese de cumulação de
pedidos); ação de impugnação ao mandato eletivo e recurso contra a diplomação
(art. 14, §§ 10 e 11 da CRFB e 262, IV, do Código Eleitoral).
A regra legal acima aludida não vincula ou imbrica o trânsito em julgado para
fins de inelegibilidade com a nulidade ou anulação dos diplomas decorrentes dos
abusos do poder econômico ou político e da captação ilícita de sufrágio. 0 duplo
efeito, ou seja, a inelegibilidade ou a cassação do registro ou do diploma pode se
dar em momentos diferentes no processo das representações eleitorais em razão da
malsinada redação dos incisos XIV e XV do art. 22 da Lei Complementar ns 64/90.
Não é de hoje que se sustenta na doutrina e jurisprudência a inconstitucionalidade
dos incisos XIV e XV do art. 22 da LC n9 64/90, pois acarreta a chamada superposição
de ações e ineficácia do processo eleitoral. Na verdade, se a representação for julgada
após a eleição abusiva, haverá a necessidade de propositura de uma nova ação (AIME)
ou interposição do (RCD) para nulificar o diploma e, por via translativa, o mandato
eletivo.
Como se nota, a letra d do art. 1-, I, da LC n9 64/90 está vinculada aos incisos
XIV e XV do art. 22 do mesmo diploma legai. Quando a lei diz que a representação
é julgada procedente, na verdade, dentro de uma interpretação sistemática
inafastável destas normas jurídicas, significa dizer que, só haverá a produção dos
efeitos da inelegibilidade com o trânsito em julgado. De leg e feren d a , melhor seria
condicionar os efeitos ao julgamento de instância superior, pois a espera do trânsito
em julgado permite aos infratores manobras protelatórias capazes de procrastinar
o julgamento em verdadeira litigância de má-fé.
0 julgam ento da inelegibilidade pela atual sistemática vigente admite que o
Tribunal na instância recursal examine questões não arguidas pelas partes, pois
com a propositura de uma nova ação, por exemplo, a ação de impugnação ao
mandato eletivo com base em autos de ação de investigação judicial eleitoral não
transitada em julgado antes das eleições, é possível que determinadas questões
probatórias não tenham sido dialettcam ente exauridas na instância originária.
Este fenômeno se dá em maior proporção com a interposição do recurso contra o
diploma, quando a parte recorrente instrui como prova pré-constituída os autos
da representação ou IJE por abuso do poder econômico ou político. Nestes casos, a
prova pré-constituída como requisito especial de admissibilidade recursal e de
conhecimento do RCD é examinada pelo Tribunal como questão de ordem pública
prim ária e de in teresse indisponível da sociedade, assim como, no processo civil
515
M a r c o s R a m ayan a D ir e it o E l e it o r a l
516
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de P o d e r Ec o n ô m i c o e /o u P o l ít ic o C a p ít u l o 1 7
17.14. RESUMO
1) A investigação judicial eleitoral ou representação por abuso do poder econômico
e/ou político só é admitida a partir do pedido de registro de candidatos (ver
observações no resumo final do capítulo sobre a ação de impugnação do
mandato eletivo}. Os fatos abusivos são os cometidos antes do prazo do registro
(art. 11 da Lei n- 9.504/97). O termo final para propositura da ação pode ser até
a diplomação.
2) A legitimidade para a propositura é do Ministério Público (segue-se a mesma
atribuição da ação de impugnação ao pedido de registro de candidatos); dos
partidos políticos, dos candidatos envolvidos naquele específico pleito eleitoral
e das coligações. Trata-se de legitimidade concorrente, mas o Ministério Público
deverá intervir quando a ação for proposta pelos outros colegitimados.
3) A legitimidade passiva é do candidato ou partido beneficiado pelo abuso, além
de qualquer outro contribuinte da conduta abusiva (arts. 19 e 22, XIV da Lei
Complementam 3 64/90).
4) A competência é similar à da ação de impugnação ao pedido de registro de
candidatos: juiz eleitoral (eleições municipais); Tribunal Regional Eleitoral
29 TSE. Acórdão n9 20.243, de 19.12.2002. Recurso Especial Eleitoral ne 20.243/BA Reíator: Ministro Femando Neves.
Ementa: Recurso contra a expedição de diploma. Juntada de cópia de documentação formada em investigação judicial,
julgada improcedente pela Corte Regional, sem trânsito em juígado. Análise. Obrigatoriedade. 1. A decisão proferida
em julgamento de investigação judicial não vincula a Corte no ensejo da apreciação de recurso contra a expedição
de diploma. 2. Prova formada em autos de investigação judicial deve, obrigatoriamente, ser analisada por ocasião do
exame de recurso contra a expedição de diploma. DJ de 7.2*2003”.
30 Os deveres de conteúdo cívico-poiítico são disciplinados infraconstítucionaimente pelo Direito Eleitoral, que ocupa,
no ordenamento jurídico positivo, esse campo normativo, sendo o principal elo entre a representação e a sociedade
de eleitores.
Sendo estas noções, portanto, dignificadoras da precípua missão do Direito Eleitora!, ou seja, instrumentalizar e interligar
o universo de eleitores com o meihor aperfeiçoamento dos mecanismos eletivos, é irreversível o reconhecimento do
proeminente destaque desse ramo do Direito Público no complexo das Ciências Jurígenas, especialmente em razão da
preservação e do controle do processo eleitoral, que não pode ficar a cargo de uma fiscalização meramente política.
O Direito Eleitora! deve ser considerado uma pedra angular na edificação dos regimes democráticos, sendo uma
ferramenta eficaz na defesa da liberdade da votação e da autonomia individual do eleitor, principalmente através
de mecanismos prévios, concomitantes e posteriores das candidaturas e do mandato eletivo, criando-se um senso
eleitoral como meio eficaz de moralização das urnas, escoimando-as dos vilipêndios, das ilegalidades abusivas e da
manipulação do eleitorado com a fabricação de representantes políticos.
517
M a r c o s R am a ya n a D ir e it o E l e it o r a l
Presidente
Candidatos
Vice-Presidente s
"►i Julgamento TSE
Governador
Vice-governador j Impugnantes
Senador Prefeito Julgamento peio juiz
M P-PG E
Julgamento Deputado federal Vice-Prefeito ■*! eleitoral designado Coligação
TRE Deputado Estadual Vereadores pelo TRE
Candidato
Deputado Distrital
P. Político
Impugnantes
\ Impugnantes
MP - PRE
-MP - PRE
Coligação
Candidato •Coligação
■Candidato
P. Político
•P. Político
Rito Processual
{art. 22, incisos I a XV, Lei complementar nô 64/90)
Marcos Ramayana • Direito Eleitoral 10a Edição • Capftulo 17 - Investigação judicial eleitoral abuso de poder econômico ou político
C apítulo 18
A ção de I m pu g n a ç ã o
ao M a n d a t o E let iv o
18.1. BA SE LEGAL
Até a presente data, os §§ 10 e 11 do art. 14 da Constituição Federal ainda não
foram regulamentados. Seria caso de ajuizamento de ação de inconstitucionalidade
por omissão, visando a tornar efetiva a norma constitucional?
Leciona Alexandre de Moraes, sobre a ação de inconstitucionalidade por omissão:
As hipóteses de ajuizamento da presente ação não decorrem de
qualquer espécie de omissão do Poder Público, mas em relação às
normas constitucionais de eficácia limitada de princípio institutivo e
de caráter impositivo, em que a constituição investe o legislador na
obrigação de expedir comandos normativos. Além disso, as normas
programáticas vinculadas ao princípio da legalidade, por dependerem
de atuação normativa ulterior para garantir sua aplicabilidade, são
suscetíveis de Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão.1
Como se depreende, a hipótese enseja o ajuizamento dos legitimados para a
propositura da ação, incluindo-se o procurador-geral da República e os partidos
políticos com representação no Congresso Nacional.
Considerando que a atuação do Ministério Público, investido das funções
eleitorais, é sempre suprapartidária, nas valiosas lições dos doutrinadores Fávila
Ribeiro e Joel José Cândido, não se compreende, ao nosso sentir, a efetiva demora
na adoção dessa medida judicial.
A falta de regramento subconstitucional sobre o rito processual, legitimados
os recursos cabíveis, enseja toda sorte de descrédito, tornando extremamente
dificultosa a declaração de nulidade do mandato eletivo, obtido pelo abuso do poder
econômico ou político, pelas fraudes eleitorais e pela corrupção (art. 299 do Código
Eleitoral).
1 MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 5a ed., revista, ampliada e atualizada.
M a r c o s R am ayan a D ir e it o E l e it o r a l
18.2. CABIMENTO
É uma ação puramente eleitoral, onde a diplomação, como última fase do processo
eleitoral, é requisito jurígeno constitucional, sendo o termo a quo do prazo legal de
propositura da ação,
Outrossim, vale ressaltar que, se antes da diplomação não houver qualquer
questionamento judicial sobre possíveis vícios de falsidade, fraude, coação ou
emprego de processo de propaganda ou captação de sufrágios por meios vedados
por lei (arts. 222, 299 e 315 do Código Eleitoral), acionados os dispositivos legais do
art. 22 da Lei das Inelegibilidades - Lei Complementam3 64, de 18 de maio de 1990
entende o Tribunal Superior Eleitoral que a diplomação não pode ser impugnada
522
A ção de Im pug n açã o ao M and ato E l e t iv o C a p ít u l o 1 8
com base, por exemplo, no inciso IV do art. 262 do Código Eleitoral (Processo
ne 183/93, Classe VII/39 - Recurso na 39, p. 10.546, procedência Juízo da 53a Zona
Eleitoral/RJ - Duas Barras, em 20.10.1993, ReL Juiz Jalcyr Sader).
Quando a ação de impugnação de mandato eletivo estiver assentada no art. 41-A
da Lei ne 9.504/97 (Lei das Eleições), o Egrégio Tribunal Superior Eleitoral está
exigindo que seja feita uma análise da potencialidade lesiva do ato no resultado
do pleito para impor a nulidade do diploma, por exemplo, de candidatos eleitos
aos mandatos de prefeito e vice-prefeito (Recursos Especiais Eleitorais números
28.420/SP e 28.594/SP).
Como se nota, os instrumentos jurídicos processuais a serem adotados para punir
a corrupção decorrente da compra de votos são os seguintes: a) ação de captação
ilícita de sufrágio; b) ação de impugnação ao mandato eletivo; c) recurso contra a
expedição do diploma; e d) ação penal eleitoral, em razão da tipificação do art. 299
do Código Eleitoral.
Somente em relação à ação de impugnação ao mandato eletivo (AIME) é que se
deve avaliar a existência de potencialidade lesiva do ato para influenciar no pleito.
Nesse sentido, o TSE, recentemente, decidiu que: A declaração de procedência da
AIME com fundamento em captação ilícita de sufrágio requer a demonstração da
potencialidade lesiva.
De fato, o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, antes exposto, vale para
o recurso contra a diplomação, mas não para a ação de impugnação ao mandato
eletivo, onde se discutem, de forma ampla, as provas (questões fáticas e de direito),
sejam supervenientes à diplomação ou intercorrentes entre o alistamento eleitoral
e as eleições, especialmente no período da propaganda político-eleitoral, quando
já superadas as questões preclusas no exame do pedido de registro de candidatos.
O cabimento é amplo, podendo discutir-se questões fáticas e jurídicas,
concernentes às inelegibilídades absolutas ou restritas, condições de elegibilidade,
suspensão e perda dos direitos políticos, abuso do poder econômico, desde que,
sobre determinados aspectos dessas questões, não tenha ocorrido a preclusão
temporal, lógica ou consumativa. Sobre a preclusão temporal, o parágrafo único do
art. 259 do Código Eleitoral diz expressamente que: "O recurso em que se discutir
matéria constitucional não poderá ser interposto fora do prazo. Perdido o prazo
numa fase própria, só em outra que se apresentar poderá ser interposto"; em
harmônico sentido, é o art. 223, §§ 1-, 2- e 3 S, do Código Eleitoral, in verbis:
Art. 223. A nulidade de qualquer ato, não decretada de ofício pela Junta,
só poderá ser arguida quando de sua prática, não mais podendo ser
alegada, salvo se a arguição se basear em motivo superveniente ou de
ordem constitucional.
§ l fi Se a nulidade ocorrer em fase na qual não possa ser alegada no ato,
poderá ser arguida na primeira oportunidade que para tanto se apresente.
523
M a r c o s R a m a yan a D ir e it o E l e it o r a l
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A ção de I m pug n açã o ao M an d ato E l e t iv o C a p ít u l o 1 8
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M arcos R a m a y a n a __________________ D ir e it o E l e it o r a l
526
A ção de I m pug n ação ao M a n dato E l e t iv o C a p ítu lo 1 8
18.4. O BJETIV O
Atingir a perda do mandato pelo reconhecimento judicial de fraude, corrupção,
abuso do poder econômico, produzindo ainda a declaração judicial da inelegibilidade,
segundo as lições doutrinárias de Pedro Henrique Távora Niess e Joel José Cândido,
com a aplicação do art. l s, inciso I, alínea d, da Lei Complementar n9 64, de 18 de
maio de 1990.
Todavia, o Tribunal Superior Eleitoral, em determinados casos, adota o
posicionamento que permite a declaração de inelegibilidade como um dos efeitos
que devem ser reconhecidos na procedência do pedido de ação de Impugnação ao
Mandato Eletivo. No entanto, em outras hipóteses, mais recentes, já decidiu:
Inelegibilidade: deve ser arguida em Impugnação ao pedido
de registro ou em recurso contra a expedição de diploma (Ag.
ne 12.363, limar Galvão, DJU de 7.4.1995). Ação de impugnação de
Mandato Eletivo (CF, art. 14, § 10): não substitui o recurso contra a
expedição de diploma (Ag. ne 12.363, limar Galvão, DJU de 7.4.1995;
RE n9 12.679, Diniz de Andrada, DJU de 1.3.1996). Recurso especial
conhecido e provido. (Acórdão n9 12.59 - Recurso Especial Eleitoral
ns 12.595. Assaí-PR. Relator Ministro Torquato Jardim, DJ de
29.3.1996.
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judicial eleitoral ainda não julgada não possui o condão de cassar o registro nessa
fase, existindo apenas o mecanismo jurídico do recurso contra a diplomação ou da
própria Ação de Impugnação ao Mandato Eletivo.
Portanto, ajuizada a impugnação ao mandato eletivo, o pedido subsume-se na
decretação da perda do mandato eletivo (arts. 14, §§ 10, e 55, inciso V, da Constituição
Federal). Todavia, essa perda decorre do reconhecimento da nuiidade dos votos atribuídos
ao infrator, existindo, necessariamente, um reconhecimento judicial na fundamentação da
sentença, relativo a uma hipótese de inelegibilidade (abuso do poder político, econômico,
corrupção ou fraude), inclusive, em determinados casos, não se pode fugir da análise de
eventuais crimes praticados, tais como os do a r t 299 e do a rt 315 do Código Eleitoral.
Outrossim, o art. 175, § 3 e, do Código Eleitoral afirma que: “serão nulos, para
todos os efeitos, os votos dados a candidatos inelegíveis ou não registrados". Assim,
a sentença na ação de impugnação ao mandato eletivo examina a inelegibilidade
e poderá decretá-la pelo prazo de três anos da data da eleição, sem que a decisão
seja restritiva dos direitos políticos passivos, como já expendido acima, cingindo-
se o acolhimento do pedido na decretação da perda do mandato eletivo que foi
conquistado por fraude, corrupção e abusos econômicos. Trata-se, na verdade, de
uma regra de compatibilização entre o art. 14, §§ 10 e 11, da Lei Maior e o art. 1 ,1, d,
da Lei das Inelegibilidades, ou melhor, de colmatação infra constitucional. Em suma:
pode o juiz decretar a perda do mandato eletivo e a inelegibilidade na mesma ação,
ou seja, na AIME ou em ações separadas reunidas pela conexão (AIME e IJE).
De fato, é recomendável, de leg e feren d a , que o legislador discipline o
reconhecimento da inelegibilidade na própria Ação Impugnativa ao Mandato
Eletivo, mas, enquanto não surge a lei específica, não vislumbramos outra solução
e corremos o risco permanente de decisões contraditórias, gerando descrédito
incomensurável à Justiça Eleitoral.
Por fim, cumpre registrar que tramita Projeto de Lei n9 3.781/97, do Senado
Federal, o PLS n9 88/97, dispondo sobre a ação de impugnação de mandato eletivo.
O projeto, em síntese, diz que a ação deverá ser julgada, em primeira e segunda
instância, no prazo de 150 dias, contados da propositura da petição inicial e,
transcorrido o prazo, o processo só poderá prosseguir com prévia licença do órgão
legislativo correspondente (Câmara dos Deputados, Senado Federal, Assembleia
Legislativa ou Câmara Municipal).
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Desta forma, o diplomado ficará no pleno exercício de seu mandato eletivo, acaso
venha a tomar posse na forma legal, até decisão final transitada em julgado, inclusive
do próprio Supremo Tribunal Federal, na hipótese de recurso extraordinário. Nesse
sentido:
Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (CF, art. 14, § 10). No silêncio
da lei, tem aplicação o art. 216 do Código Eleitoral, quanto aos efeitos
da decisão judicial. Precedentes: Ag. MC ne 15.216 e MS ns 2.362.
Agravo não provido. Relator: Ministro Marco Aurélio. D] de 1.3.1996.
Residiu a questão de fundo sobre se haveria a aplicação do art. 15 da Lei
Complementar ns 64/90, exigindo-se o trânsito em julgado da sentença para perda
do mandato, como entendia o Ministro Marco Aurélio, com o voto do Ministro
ílmar Galvão, ou, se para outra corrente (vencida), defendida pelo Ministro Carlos
Velloso, a aplicação era imediata, com base no parágrafo único do art. 257 do Código
Eleitoral.
Registramos, ainda, decisão do TSE sobre a não aplicação da regra do art. 216 na
Ação de Impugnação ao Mandato Eletivo, in verbis:
Medida cautelar em que se pleiteia efeito suspensivo a recurso especial
contra decisão de Tribunal Regional, que nega liminar para suspender
eficácia de decisão que julga procedente Ação de Impugnação de
Mandato Eletivo pela prática da conduta descrita no art. 41-A da Lei
nB 9.504, de 1997. São imediatos os efeitos da sentença que julga
procedente ação de impugnação de mandato eletivo pela prática da
conduta descrita no art. 41-A da Lei n2 9.504, de 1997. Pertinência da
jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral relativa às representações.
Situação em que não se aplica o art. 216 do Código Eleitoral. Embora
seja admitida a concessão de efeito suspensivo a recurso manifestado
contra tai decisão, o acórdão recorrido, examinando as circunstâncias
do caso concreto, não entendeu presentes os pressupostos necessários
ao deferimento de tal medida cautelar. Inviabilidade de, em novo juízo
cautelar, modificar essa decisão e suspender os efeitos da sentença.
Conveniência de evitarem-se sucessivas alterações no comando da
Administração Municipal. Cautelar indeferida. Acórdão n9 1.049, de
21.5.2002. Medida Cautelar ns 1.049 - Classe 15a/PB (Sousa). Relator:
Ministro Sálvio de Figueiredo. Redator designado: Ministro Fernando
Neves. Decisão: por maioria, em indeferir a cautelar, vencidos o
Ministro Relator Barros Monteiro e a Ministra EUen Gracie.
Em considerações finais sobre esta tormentosa questão, não deixo de trazer à
baila valiosa lição do Ministro Fernando Neves:
(...) Quanto à aplicação do art. 216 do Código Eleitoral às Ações de
impugnação de Mandato Eletivo, após refletir sobre o tema, provocado
pelas preocupações destacadas pelo eminente ministro relator em seu
voto, estou tendente a divergir dos últimos julgados sobre o assunto
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18.7, PRAZO
A partir da diplomação, possui o autor 15 dias para a propositura da Ação de
Impugnação ao Mandato Eletivo.
Segundo o doutrinador Pedro Henrique Távora Niess, o prazo é de natureza
decadencial, em razão da natureza constitutiva (o direito nasce junto com a ação),
citando as valiosas lições de Agnelo Amorim Filho e Câmara Leal.
Controvérsia: a) o termo final do prazo, se recair em dia não útil, é prorrogado,
aplicando-se a regra do a rt 184 do CPC, segundo entendimentos do STF e TSE, Ac.
ne 12.516 (Min. Ilmar Galvão), publicado no DJU de 26.5.1995; e b) deve a parte
despachar diretamente com juiz, mesmo fora do horário do expediente. A primeira
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portanto, cabe todo o exame instrutório, com ampla produção de provas, perícias
etc., servindo aos legitimados ativos como melhor opção, quando não possuírem
provas capazes de autorizar a interposição do recurso contra a diplomação, cuja
celeridade é muito mais eficaz, até porque, pelo calendário eleitoral, trazido nas
resoluções que minudenciam a lei anual eleitoral, o órgão jurisdicional (TRE ou
TSE) possui prazo peremptório para julgamento dos recursos.
Na verdade, questionamos a posição adotada pela jurisprudência, no que pertine
à exigência de prova pré-constituída para a interposição do recurso contra a
diplomação, pois, em reiteradas decisões, até por meio de embargos de declaração,
é possível a admissão de provas supervenientes e complementares, emergindo
verdadeiro contraditório em grau recursal.
Outrossim, a natureza jurídica do Recurso Contra a Diplomação não é, ao nosso
pensar, de um recurso, porque, de acordo com o art. 162 do Código de Processo Civil,
os atos do juiz, na verdade, são sentenças, decisões interlocutórias e despachos, que
fazem parte de uma categoria compreendida como atos decisórios, e nem todos
desafiam os recursos, como os despachos de mero expediente (art. 504 da Lei
Instrumental Civil).
Não conseguimos identificar o ato formal da diplomação, arts. 40 e 215 do
Código Eleitoral, consitente na confecção de um diploma ao candidato eleito, como
um ato decisório judicial, enquadrando-se na verdade como um ato administrativo
complexo, que desafia uma ação distinta, como, por exemplo, a Ação de impugnação
ao Mandato Eletivo.
Não resta dúvida de que a diplomação encerra a última fase do processo eleitoral,
mas, sendo um ato administrativo complexo, deveria apenas desafiar uma ação
própria, como a impugnativa do mandato eletivo.
Sendo o recurso, pela doutrina dominante, um desdobramento ou seqüência
natural do próprio direito de ação, exteriorizado no processo, nas valiosas lições
de Barbosa Moreira, Humberto Theodoro Júnior, Carnelutti, Ugo Rocco etc., resta
descaracterizada sua natureza jurídica recursal, porque inexiste, com o ato formal
da diplomação, uma lide ou um conflito de interesses.
Na verdade, a diplomação é apenas um marco, termo ad quem do processo
administrativo eleitoral, incapaz de conter conflitos ou discórdias. Trata-se de
ato certificatório formai, ou seja, apenas uma etapa admínistrativa-eleitoral. Em
idêntico sentido é a posição do doutrinador Adriano Soares da Costa.
Os vícios que maculam o processo eleitoral não estão contidos num processo
judicial de diplomação, mas durante a fase da propaganda eleitoral, da votação ou
da apuração dos votos, onde se fizeram presentes a corrupção, fraude ou abusos
políticos ou econômicos.
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7 MARQUES. José Frederico. Elementos de Direito Processual Penal. Editora Bookseller, volume lli, p. 78.
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18.16. COMPETÊNCIA
Aplica-se, quanto à regra de competência jurisdicional eleitoral, o art. 29,
parágrafo único, incisos I, II e III, da Lei Complementar n9 64, de 18 de maio de 1990
(Lei das Inelegibilidades), e arts. 40, inciso IV, e 215, ambos do Código Eleitoral.
Se for diplomado prefeito, vice-prefeito ou vereador, a ação deve ser ajuizada
perante o juiz eleitoral, designado pelo Tribunal Regional Eleitoral para presidir o
ato formal da diplomação ou, onde houver mais de uma junta eleitoral, a expedição
dos diplomas será feita pela que for presidida pelo juiz eleitoral mais antigo,
aplicando-se a regra do parágrafo único do a r t 40 do Código Eleitoral.
No caso de serem diplomados governador, vice-governador, senadores, deputados
federais, deputados estaduais e distritais, a competência é dos respectivos Tribunais
Regionais Eleitorais.
Na hipótese de serem diplomados presidente e vice-presidente da República, a
competência é do Tribunal Superior Eleitoral.
Por fim, por questões de simetria, perscruta-se que a divisão de competências
e atribuições é estabelecida pela jurisprudência, em consonância ao disposto para
as ações de impugnação ao pedido de registro de candidatos e representação por
abuso do poder econômico ou político.
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8 NIESS, Pedro Henrique Távora. Ação de Impugnação de Mandato Eletivo. Editora Edipro, p. 54.
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9 NIESS, Pedro Henrique Távora. Ação de Impugnação de Mandato Eletivo. Editora Edipro, p. 60.
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18.20. PROCEDIMENTO
0 rito processual adotado para a ação de impugnação ao mandato eletivo era o
ordinário do processo civil, segundo entendimento unânime do Tribunal Superior
Eleitoral e da majoritária doutrina.
Destaca-se:
A Ação de Impugnação de Mandato Eletivo, ressalvadas apenas as
peculiaridades inerentes à sua natureza e ao próprio processo eleitoral,
submete-se ao rito ordinário, sendo, portanto, de 15 dias, o prazo de
resposta. Precedentes. Recurso parcialmente provido. Acórdão na 4, de
17.3.1998 - Recurso Ordinário ns 4 - Classe 27a/DF (Brasília). Relator:
Ministro Maurício Corrêa.
Cumpre frisar que, de forma inovadora e expressiva de valiosos anseios
doutrinários e sociais, o Egrégio Tribunal Superior Eleitoral em recente decisão,
tendo por relator Sua Excelência o eminente Ministro Fernando Neves, entendeu
que o rito para a Ação de Impugnação ao Mandato Eletivo deve ser o mesmo da
Lei das Inelegibilidades, tendo como paradigma a aplicação subsidiária de processo
tipicamente eleitoral, ou seja, o rito será o da ação de impugnação ao registro de
candidaturas, Resolução nfi 21.634/04.
A referida decisão do Egrégio Tribunal Superior Eleitoral torna célere a
prestação jurisdicional sem violar a intangibilidade da plenitude da defesa, pois ela
estará cabalmente assegurada através da ritualidade especial prevista para a ação
de investigação judicial eleitoral por abuso do poder econômico e/ ou político. Na
verdade, a nova ritualidade atende aos postulados vigorosamente defendidos pelos
eminentes doutrinadores Pedro Henrique Távora Niess e Joel José Cândido.
Não restam dúvidas de que as decisões, nas ações de impugnação aos mandatos
eletivos, serão eficazes e cumprirão o disposto no art. 257, parágrafo único, do
Código Eleitoral. No entanto, o próprio Tribunal Superior Eleitoral tem precedente
sobre a questão atinente ao Poder Normativo e seus limites (arts. I a, parágrafo
único, e 23, IX, do Código Eleitoral, e 105 da Lei n9 9.504, de 30 de setembro de
1997), especialmente no brilhante voto do Ministro Sepúlveda Pertence ao analisar
tema referente à verticalização das coligações, in expressí verbis:
"(...) dispõe o art. 23, IX, do Código Eleitoral competir ao TSE expedir
as instruções que julgar convenientes à execução deste código. Cuida-
se de competência normativa, mas de hierarquia infralegal. 0 juízo
de conveniência, confiado ao TSE, tem por objeto a expedição ou
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18.22. R E C U R SO S
Sendo a decisão proferida por juiz eleitoral, nas hipóteses em que decretar a
perda do mandato eletivo de prefeito, vice-prefeito ou vereador, é cabível o recurso,
com o prazo do art, 258 do Código Eleitoral, ou seja, de três dias.
Parte da doutrina entende que o recurso cabível é o inominado, não havendo
controvérsias quanto ao prazo de três dias para interposição e razões. Nesse sentido:
Ação de impugnação de mandato. Recursos. Prazo. A aplicação
subsidiária do Código de Processo Civil, com a adoção do procedimento
ordinário nele previsto, não afasta a incidência do disposto no art. 258
do CE. O prazo para interposição de recursos será de três dias. Acórdão
n- 15.163, de 24.3.1998 - Recurso Especial Eleitoral ne 15.163 - Classe
22a/PR (14a Zona - Ponta Grossa). Relator: Ministro Eduardo Ribeiro.
Recorrente: Joselito Canto, Prefeito.
Cabe, ainda, contra decisões dos juizes eleitorais no julgamento das Ações de
impugnação de Mandato Eletivo: o recurso de agravo de instrumento na forma do
Código de Processo Civil, obedecendo, também ao prazo de três dias.
Quando a decisão é proferida no TRE, o recurso é o ordinário para o TSE, no
prazo de três dias, conforme preceitua o art. 276, § l fi, do Código Eleitoral.
São cabíveis os embargos de declaração, na moldura do art. 275, no prazo de
três dias e o agravo regimental, quando ocorrerem hipóteses em que o relator
monocraticamente decide sobre diligências, provas em geral e outras medidas.
Quando o TRE decidir sobre o recurso de apelação ou inominado interposto
contra a decisão do juiz eleitoral, portanto, cabível será o recurso especial, na forma
do art. 276, inciso I, alíneas a e b, do Código Eleitoral. Não sendo admitido pelo
presidente, caberá agravo de instrumento, na forma do art. 279 do Código Eleitoral.
No TSE, as decisões definitivas sobre a perda do mandato eletivo em ações de
impugnação desafiam o recurso extraordinário, na forma do art. 102, inciso III,
alíneas a, b e c , da Constituição Federal.
É cabível, também, o embargo de declaração, na linha do art. 275 do Código
Eleitoral, preservando-se o disposto no art. 15 da Lei das Inelegibilidades e no
art. 216 do Código Eleitoral.
18.23. EFEITO
O recurso contra a decisão que julgar procedente a Ação de Impugnação de
Mandato Eletivo tinha efeito suspensivo, podendo o titular do mandato exercê-lo
em toda sua plenitude, enquanto não transitada em julgado a decisão, segundo
as valiosas lições do doutrinador Joel José Cândido, dentre outros renomados
doutrinadores, e da antiga jurisprudência do TSE. Aplicava-se, aqui, o art. 216, e
não o art, 257, ambos do Código Eleitoral,
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Conclusão: da decisão que decreta a perda do mandato eletivo, cabe o recurso com
duplo efeito, respeitada a diplomação. Recibo no duplo efeito, ou seja, devolutivo e
suspensivo. Essa era a posição do TSE e da doutrina.
Admitia-se o cabimento de mandado de segurança ou de cautelar inominada para
garantir o efeito suspensivo, nas hipóteses de decretação de perda do mandato pelo
julgamento da procedência do pedido na Ação de Impugnação do Mandato Eletivo,
quando o órgão jurisdicional eleitoral executa a decisão, na forma do parágrafo
único do art. 257, sem aguardar o regular trânsito em julgado.
Por fim, em relação ao efeito suspensivo do diplomado infrator, a hodierna
jurisprudência caminha no sentido de adm itir o efeito imediato de nulificação
do diploma, sem que haja o trânsito em julgado. Nesse sentido, pedimos ao leitor
que consulte os com entários nos itens 16.6 e 16.21 deste capítulo. De certo que
a regra geral do art. 2 5 7 do Código Eleitoral (efeito imediato da nulidade do
diploma na ação de impugnação ao mandato eletivo) está prevalecendo de forma
correta em relação à regra excepcional do art. 2 1 6 da lei de regência, situando-se
este último nos lim ites do recurso contra a diplomação (art. 262, IV, do mesmo
diploma legal).
18.24. COMUNICAÇÕES
A decisão deve ser comunicada: I) Mesa da Casa respectiva - Parlamentar; II)
Congresso Nacional - presidente e vice-presidente; III) Assembleia Legislativa -
governador e vice-governador; e IV) Câmara Municipal - prefeito, vice-prefeito e
vereador.
18.25, CONSEQÜÊNCIAS
0 Código Eleitoral, em seu art. 175, § 3 S, determina que os votos atribuídos aos
candidatos inelegíveis sejam nulos.
Por outro lado, o art. 224 do Código Eleitoral dispõe que, se a nulidade atingir
mais da metade dos votos, por exemplo, nas eleições municipais, será marcada nova
eleição.
Em contrapartida, a declaração de inelegibilidade é personalíssima, não atingindo
os vices, na forma do art. 18 da Lei Complementar ne 64, de 18 de maio de 1990.
Entendemos que, se a nulidade não atingir mais da metade dos votos, ou seja, se o
diplomado infrator perder o mandato, em razão do reconhecimento de hipótese de
abuso do poder econômico, v.g., mas os votos nulos que se lhe atribuíram não forem
superiores à metade, aplica-se, in totum, a regra do art. 18 da Lei das Inelegibilídades,
assumindo o vice, eleito em chapa única e indivisível. Caso contrário, se a nulidade
for superior à metade, a regra incidente é a do art. 2 2 4 do Código Eleitoral.
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Por fira, registre-se que o TSE ainda não sedimentou posição, segundo a qual
sempre devam ser realizadas novas eleições, quando os votos nulos somarem mais
da metade dos votos apurados nas eleições, pouco importando a causa da nulidade
(absoluta - art. 220 - ou relativa - art. 221, ambos do CE).
Algumas premissas podem ser extraídas do tema proposto: a) a lei eleitoral deve
resguardar a aferição da vontade popular; b) se o vice concorreu para a prática
abusiva, seu mandato está contaminado pela inelegibilidade; c) o TSE, em alguns
julgados, entende que o art. 224 não se aplica à Ação de Impugnação ao Mandato
Eletivo e, em outros, que se aplica; d) entre o primeiro e segundo turnos, ainda não
existem diplomados, portanto não é possível a propositura de Ação de Impugnação
ao Mandato Eletivo; e) o art. 81 da Carta Magna trata da vacância e aplíca-se nas
hipóteses de chefes do Poder Executivo Estadual e Municipal. Ocorrendo a hipótese
de vacância dos cargos de prefeito e vice-prefeito, nos dois últimos anos do mandato,
aplica-se analogicamente a regra do § 1- do art. 81 da Carta Magna, com a realização
de novas eleições. Nesse sentido, Acórdão nQ2.133, de 6 de junho de 2000 do TSE;
f) a dupla vacância (art. 81 da CF) não é matéria propriamente afeta à Justiça
Eleitoral; ela decorre de falecimento, renúncia, desincompatibilização e cassação
do mandato pelo Poder Legislativo; g) os votos dados a candidatos inelegíveis são
nulos - art. 175, § 3 2, do CE; h) adotada a corrente majoritária da nulidade integral
da chapa - contaminação do vice, sem nenhuma participação efetiva do mesmo no
abuso do poder econômico, é forma de consagração do princípio da intranscendência
da pena e de responsabilidade objetiva; i) adotada a corrente minoritária de que a
regra do art. 18 da Lei da Inelegibilídades é manto protetor da capacidade eleitoral
passiva, ius honorum, restará fortalecida a segurança nas relações entre o cidadão
e o voto; j) o Enunciado n9 8 da Jurisprudência do TSE, publicado pelos ilustres
assessores do TSE, no livro Direito E leitoral Contem porâneo, Editora Del Rey, sob a
coordenação do Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, é claro ao afirmar que:
Nas eleições majoritárias, julgado procedente o pedido na ação proposta
com fundamento no art. 41-A da Lei ne 9.504/97 ou no art. 262 do
Código Eleitoral, caso o representado tenha sido eleito, com a cassação
do diploma, poder-se-á ter mais da metade dos votos nulos, aplicando-
se, aí, o disposto no art. 224 do Código Eleitoral, com a realização de
novo pleito.10
Registramos posição contrária à aplicação do art. 224:
Acórdão ns 3.030, de 6.8.2002. Agravo regimental no Mandado de
Segurança ne 3.030/PB. Relator: Ministro Luiz Carlos Madeira. Ementa:
Agravo regimental em mandado de segurança. Código Eleitoral,
art. 224. Inapíicabilidade. Ação de Impugnação de Mandato Eletivo. 1.
A Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (CF, art. 14, § 10) tem por
objeto a desconstituição do mandato, e não a anulação dos votos. 2. O
1 0 P á g in a 5 6 6 .
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ç-71
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1 2 Op. cit., p . 9 9 .
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exercerá, até o fim, a defesa contra abusos, corrupção e fraude. Se entender, ao final
do processo, que não existem provas, deverá pleitear a improcedência do pedido;
também poderá requerer o julgamento antecipado da lide, com a concordância da
defesa.
18.29. RESUMO
1) A ação de impugnação ao mandato eletivo é assentada no texto do art. 14, §§ 10
e 11 da Constituição Federal. Não existe lei específica sobre o tema.
2) O prazo de propositura é de 15 dias contados da diplomação.
3) A competência é a mesma da ação de investigação judicial eleitoral, ou seja, o
art. 2 e da Lei Complementar ne 64, de 18 de maio de 1990. Cabe ao juiz eleitoral
nas eleições de prefeito, vice-prefeito e vereador, ao Tribunal Regional Eleitoral
nas eleições de governador, vice-governador, senador, deputados federal, estadual
e distrital, e ao Tribunal Superior Eleitoral nas eleições de presidente e vice-
presidente da República.
4) O objetivo da ação é desconstituir o mandato eletivo que foi conquistado na
base da corrupção, fraude, abuso do poder econômico e, assim, a decisão anula
o diploma.
5) Os efeitos são: a perda do mandato eletivo e a inelegibilidade por 3 anos contados
da data da eleição (ver Súmula n2 19 do TSE e art. 22, XIV, da LC 64/90).
6) O rito processual era o ordinário, mas o Tribunal Superior Eleitoral, por intermédio
da Resolução nQ21.635/04 (eleições municipais), no art. 90, § l s, determinou o
mesmo rito da ação de impugnação ao pedido de registro de candidatos. A posição
já é pacifica.
7) O fundamento do pedido é a ocorrência do abuso do poder econômico, corrupção,
fraude e vícios.
8) O recurso da decisão tinha efeito suspensivo (art. 216 do Código Eleitoral),
ou seja, o eleito podia exercer o mandato eletivo. Todavia, o Tribunal Superior
Eleitoral, no art. 90, § 2- da Resolução n9 21.635/04, disciplinou sobre a não
aplicabilidade do art. 2 1 6 do Código Eleitoral. Desta forma, o diplomado sairá
do mandato, independentemente do trânsito em julgado da decisão que julgou
procedente o pedido impugnativo reconhecendo o abuso do poder. Adota-se
o disposto no art. 257, parágrafo único, do Código Eleitoral que versa sobre a
execução imediata das decisões eleitorais, sem que os recursos tenham efeito
suspensivo.
9) Por fim, lem bre-se que a m atéria constitucional está imune à preclusão ou
decadência de arguição, desde que ventilada dentro do recurso contra a diplomação
ou da ação de impugnação ao mandato eletivo (ver o art. 259 e parágrafo do Código
Eleitoral).
577
M a r c o s R am ayana D i r e i t o E l e it o r a l
578
A ç ã o dh I m p u g n a ç ã o a o M a n d a t o E l e t iv o C a p ít u l o 18
APÓS A ELEIÇÃO
1) A Justiça Eleitoral deverá analisar e julgar a prestação de contas de campanha
eleitoral. Neste sentido, destacamos os artigos da Lei ns 9.504/97:
DIPLOMAÇÃO
(data fixada pelo calendário eleitoral)
1) Ação de Impugnação ao Mandato Eletivo (art. 14, §§ 10 e 11, da CF). Prazo de 15
dias da diplomação. Não precisa de prova pré-constituída, mas recomenda-se usar
as provas da IJE ou de procedimentos referentes à aplicação de multas eleitorais.
2.) Recurso Contra a Diplomação. O cabimento encontra-se no art. 2 6 2 ,1, II, III e IV. 0
abuso deverá basear-se no inciso IV. O prazo é de três dias, contados da diplomação.
A ção
Ação de impugnação ao mandato eletivo
de
(Art. 14, § 10 e 11, CF)
I m pugnação
• Governadores e
vice-governadores
ao
• Senadores 4--------- 1
M
• Deputado Federal
andato
i Inpugnantes
■ Deputado Estadual
Inpugrtantes • M P-PG E
■ Deputado distrital
• M P-PRE ■ P. Político
E lbtívo
inpugnantes ]
MP - Promotor \
Partido Político í
Coligação |
________
Candidato !
Rito Processua
j (Art. 3fl até 14 da Lei Complementar na 64/90)
C
Marcos Ramayana • Direito Eleitoral 10a Edição • Capítulo 18 - Ação de Impugnação do mandato eletivo
apítulo
oo
18
C a p it u l o 19
V o ta çã o e A p u ração
I - ALISTAMENTO
1. Convenção para escolha dos pré-candidatos (art. 8 2 da Lei ns 9.504/97, entre
os dias 10 e 30 de junho do ano eleitoral).
2. Requerimento de Registro de Candidaturas (RRC, a rt 11 da Lei n9 9.504/97, período
até o dia 5 de julho do ano de eleição).
3. Propaganda Política Eleitoral (art. 36 da Lei n- 9.504/97, período oficial inicial
dia 6 de julho do ano de eleição).
II - VOTAÇÃO
Às 8 horas do primeiro domingo de outubro (dia da eleição) se inicia a votação
(Código Eleitoral, art. 144), Às 17 horas é o encerramento da votação (Código
Eleitoral, arts. 144 e 153). Depois das 17 horas se dá a emissão do boletim de
urna e início da apuração e da totalização dos resultados. Ver o art. I 2 da Lei
ne 9.504/97.
III - APURAÇÃO
4. Proclamação dos eleitos.
Lembramos a valiosa lição do eminente doutrinador Tito Costa, a saber: "A
proclamação é um ato que contempla todo o processo eleitoral, mas não comporta
qualquer tipo de recurso. Eventuais reclamações contra esse ato só poderão ser
M arcos R a m a y a n a __________________ D ir e it o E l e it o r a l
5. Prestação de contas das campanhas eleitorais (art. 29, incisos Iíí e IV da Lei
n2 9.504/97, encaminhamento até o trigésimo dia posterior à realização das
eleições.
IV - DIPLOMAÇÃO
Observa-se:. Os itens 1, 2, 3, 4 e 5 correspondem às subfases, que só existem com
as fases de votação, apuração e diplomação, ou seja, nos anos eleitorais. Nos anos
sem eleição, a regra é que a Justiça Eleitoral exerce mais propriamente a aplicação
rotineira da fase e elementos do alistamento eleitoral, competindo-lhe ainda o
julgamento das ações eleitorais defluentes da eleição que já ocorreu.
A competência da Justiça Eleitoral vai até a fase da diplomação dos candidatos e
prolonga-se no exame das ações propostas durante a fase do processo de propaganda
política eleitoral e votação, bem como em relação à ação de impugnação ao mandato
eletivo e ao recurso contra a diplomação.
0 ato da posse dos diplomados escapa à competência da Justiça Eleitoral, porque
demanda análise regimental e é de feição típica da esfera do Poder Executivo ou
Legislativo, controladores da atividade funcional do representante político. No
entanto, os atos de improbidade administrativa do mandatário político não estão
imunes ao controle jurisdicional, v.g., mandado de segurança, ação popular e ação
civil pública (Lei ne 8.429/92).
Como se percebe, o sistema de votação conjuga o voto por cédula e meio
eletrônico.
58 4
V otaçao e A pu ra ç ã o
C a p ít u l o 19
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V otação e A puração
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V o tação e A pu ração C a p ít u l o 19
0 presidente da mesa imprime a zerézima, que é assinada por ele e pelo primeiro
secretário, bem como pelos que desejarem, inclusive o fiscal do partido político.
Se o presidente não comparecer até às 7h e 30min, assumirá a presidência o
primeiro mesário; na sua falta ou impedimento, o segundo mesário, um dos
secretários ou suplente ( art. 123, § 2 q, do CE).
17. Qual o prazo de dispensa do serviço público ou particular, em relação aos
mesários, membros da Junta Eleitoral e pessoas que trabalharam nas eleições?
0 art. 98 da Lei ns 9.504/97 disciplina que não haverá prejuízo ao salário e a
dispensa é pelo dobro dos dias de convocação.
18. Qual o horário de início da votação?
O art. 1 4 4 do Código Eleitoral diz que o seu início é às 8h e término, às 17h,
sendo entregues senhas numeradas a todos os eleitores presentes, começando
pelo último da fila, sendo que os títulos ficam retidos.
Só podem votar os eleitores que estiverem liberados com os nomes no caderno
de votação da própria seção (Lei n9 9.504/97, art. 62).
19. Qual o procedimento de votação?
a) O eleitor posta-se na fila organizada pelo secretário.
b) O eleitor apresenta o título quando ingressa. Neste momento, o fiscal poderá
impugnar a identidade do mesmo, consígnando-se em ata.
c) Estando em ordem a conferência do nome com o número do título no caderno
de votação, o presidente da seção solicita que o eleitor aponha sua impressão
digital (analfabeto) ou assine.
d) Autoriza-se o eleitor a votar.
e) Observa-se na tela de votação o disposto no art. 59, § l s, da Lei n9 9.504/97,
ou seja, aparece a fotografia do candidato(a), a sigla do partido e o número do
mesmo.
f) É exibida na tela, primeiramente, o candidato da eleição proporcional e, em
seguida, da eleição majoritária (art. 59, § 3 2, da Lei n2 9.504/97).
20. Iniciada a votação, pode-se dar nova carga na urna?
Não, salvo se for urna de contingência.
21. Se a urna falhar durante a votação, o que deve ser feito?
0 presidente da mesa, à vista dos candidatos e fiscais, deve desligar e religar a
urna com chave própria.
Persistindo a falha, deve-se solicitar a presença de técnico da equipe do Tribunal
Regional Eleitoral, que deverá: a) desligar a um a e romper os lacres do disquete e
do cartão de memória da votação; b) abrir os compartimentos da urna eletrônica
e retirar o disquete e o cartão de memória com os dados da votação e inseri-los
na urna substituída (contingência).
Em seguida, liga-se a urna substituída, digitando-se o código de reinicio e
fechando-se os compartimentos.
Logo após, colocam-se os lacres pelo juiz eleitoral, componentes da mesa e fiscais
presentes.
589
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Por fim, lacra-se a urna defeituosa e rem ete-se a mesma à junta eleitoral.
22. E se falhar a urna de contingência?
A equipe técnica deverá: a) com a urna eletrônica desligada, recolocar o disquete
na urna original e substituir o cartão de memória de votação pelo cartão de
memória de contingência, verificando o envelope sem violações na presença de
fiscais e mesários; b) ligar a urna original, digitar o código de reinicio da votação
e, se operar corretamente, fechar os compartimentos com lacre previamente
assinado pelo juiz eleitoral ou, na impossibilidade, pelo presidente da seção
eleitoral com a presença de fiscais de partidos; c) colocação do cartão de
memória de votação danificado em envelope específico e inviolável, que deverá
ser lacrado e encaminhado à junta eleitoral; d) lacra-se a urna de contingência,
remetendo-se a mesma à junta eleitoral.
ATENÇÃO:-não tendo êxito os procedimentos de contingência, deve-se:
a) colocar o cartão de memória de votação original na urna defeituosa;
b) a urna eletrônica original deve ser lacrada e remetida, ao final da votação, à
junta eleitoral;
c) o presidente deverá seguir a votação por cédulas (sistema tradicional}. Este
sistema vai até a conclusão final dos trabalhos de votação na seção eleitoral;
d) a urna de contingência é lacrada e fica sob a guarda da equipe de técnicos;
e) o cartão de memória é colocado em envelope específico e remetido para a junta
eleitoral.
Observação: todo o incidente deverá ser registrado em ata.
23. Como se dá o voto do primeiro eleitor?
Ele é convidado a aguardar, junto à mesa receptora, que o segundo eleitor
conclua a votação. Se o eleitor não concluir o voto, ocorrendo falha impeditiva de
continuidade do sistema eletrônico, o primeiro eleitor votará por cédula, e o voto
eletrônico é considerado insubsistente.
24. E se falhar a urna eletrônica, faltando apenas um eleitor?
A votação será encerrada, entregando-se ao eleitor o comprovante de quitação e
o fato constará em ata.
25. Quais as regras quanto ao encerramento da votação?
a) Utiliza-se código próprio para encerrar a urna;
b) emissão do boletim de urna em cinco vias e um de justificativa;
c) assinatura de todos os boletins pelo primeiro secretário e por fiscais de partidos
políticos, estes últimos se estiverem presentes;
d) em issão de até dez cópias extras de Bus, entregando-se oito cópias aos
fiscais de partidos políticos, uma cópia para eventual jornalista e uma para o
representante do Ministério Público;
e) retirada do disquete da urna e relacre do compartimento do disquete, colocando
o mesmo numa embalagem própria;
f) desligar a chave da urna e a tomada;
590
V ota çã o e A pu ra ç ã o C a p ít u l o 19
59 1
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V ota çã o e A puração C a p ít u l o 19
19.3. VOTO.2 E S P É C IE S
19.3.1. Voto censitário
É espécie de voto que se baseia no statu s econômico do cidadão. No Brasil, no
século XIX, se exigia prova de renda mensal para votar.
Atualmente não é adotado.
593
M a r c o s R a m a y an a D ir e it o E l e it o r a l
3 Cf. vasto ensinamento resumido nas páginas 3.695-96 da Enciclopédia Mirador Intemacionai. São Paulo: Antonio
Houaiss (Editor), 1976.
5 94
V ota çã o e A pu ração C apítulo 19
-
posicionar o microterminal sobre a mesa do presidente;
-
posicionar o terminal do eleitor e a cabina sobre uma mesa, de tal forma que
seja resguardado o sigilo do voto;
- conectar a urna eletrônica na tomada da sala, independentemente da voltagem
do local, ou, se for o caso, conectá-la à bateria externa.
Para garantir o sigilo do voto, o primeiro eleitor a votar na seção deverá ser
convidado a permanecer no local até que o segundo eleitor conclua sua votação.
595
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
596
V otação e A pu ração C a p ít u l o 19
1 9 .4 . DAS S E Ç Õ E S ELEITORAIS
Disciplina o a rt. 1 1 7 do Código Eleitoral:
As seções eleitorais são os locais de votação. Não são órgãos da Justiça Eleitoral,
uma vez que o art. 118 da Carta Magna considera órgãos o Tribunal Superior
Eleitoral; os Tribunais Regionais Eleitorais; os juizes eleitorais e as juntas eleitorais.
6 Ibidem, p. 380.
597
M a r c o s R amayana D ir e it o E l e it o r a l
Segundo o art. 11, parágrafo único, da Lei n9 6.996, de 7 de junho de 1982: "Cada
seção eleitoral terá, no mínimo, duas cabinas.”
Compete ao juiz eleitoral titular da zona eleitoral dividi-la em seções eleitorais,
conforme preceitua o art. 35, inciso X, do Código Eleitoral. Somente o juiz eleitoral,
mediante prévio estudo das peculiaridades locais, poderá melhor avaliar a
aproximação do eleitor com a seção eleitoral levando em consideração a residência
ou moradia.
Dentre as competências administrativas do juiz eleitoral, encontra-se a
designação dos locais das seções eleitorais [CE art. 35, inciso XIII). 0 prazo fixado
para a publicação dessas designações é de 60 (sessenta) dias antes do pleito eleitoral
(primeiro turno).
Conforme visto anteriormente: “Cada Seção Eleitoral terá, no mínimo, duas
cabinas" (Lei n9 6.996/85, art. 11, parágrafo único).
O Código Eleitoral instituído pelo Decreto ns 21.076, de 24 de fevereiro de 1932,
no art. 64, tinha idêntica redação. Por mesa receptora entende-se o local em que o
eleitor vai votar, sendo formada pelo conjunto de servidores públicos temporários
da Justiça Eleitoral (mesários).
No dia da votação, às sete horas e trinta minutos, a mesa receptora de votos efetua
uma operação nas urnas eletrônicas, ou seja, a zerésima, emitindo um relatório.
Para este ato são convocados fiscais e delegados dos partidos e coligações. Com a
presença das partes envolvidas; caso alguma falha seja detectada, será apontada
através de apresentação de impugnação, propiciando a sua correção ou, até mesmo,
a substituição das urnas eletrônicas. Assim é o entendimento do Tribunal Superior
Eleitoral (Acórdão n9 2.943, de 22.11.2001. Agravo de Instrumento n~ 2.943/SP.
Relator: Ministro Fernando Neves).
598
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M a r c o s R am a yan a D ir e it o E l e it o r a l
O artigo adotou o prazo geral dos recursos eleitorais (art. 258 do Código
Eleitoral). O recurso é o inominado,
7 Ausência de comparecimento para compor mesa receptora de votos. Não configuração do crime previsto no art. 344do
Código Eleitoral, uma vez que prevista sanção administrativa, no art. 124 do mesmo código, sem ressalva da incidência
da norma de natureza penal. Entendimento reiativo ao crime de desobediência que também se aplica no caso, já que
constitui modalidade especial daquele. Acórdão n9 21, de 10.11.1998 - Recurso em Habeas Corpus 21 - Ciasse 23a/SP
(São Paulo). Relator: Ministro Eduardo Ribeiro. Recorrente: Dagmar de Oliveira. Advogados: Dr. Arnaldo Malheiros Filho
e outros. Recorrida: Procuradoria Regional Eleiíoral/SR Decisão: Unânime em dar provimento ao recurso.
600
V otação e A pu ra ç ã o
C a p ít u l o 1 9
Entendemos que o rol não é numerus clausus, pois tutela-se a lisura das eleições
e a igualdade de oportunidade nas campanhas eleitorais. A norma, primeiramente,
protege o princípio da igualdade material ou substancial. Assim, deve-se evitar a
instalação de seções eleitorais em igrejas, templos ou cultos que tenham celebrações
religiosas fomentadas por candidatos. Nesse sentido, destacamos:
Representação formulada pela Congregação Cristã do Brasil contra a
instalação em seus templos, de seções eleitorais. 0 Tribunal acolheu
a representação, determinando que os imóveis reservados a cultos
religiosos não sejam requisitados pela Justiça Eleitoral (TSE, Res.
ns 9.863, Peçanha Martins, BE 290, p. 430).
Atualmente a Lei n9 11.330/06, que alterou a Lei n9 9.504/97, expressamente,
no art. 24, inciso VIII, proibiu os partidos e candidatos de receber recursos ou
publicidade de "entidades beneficentes e religiosas".
Dessa forma, a localização de seção eleitoral em Igreja ou Templo de qualquer
culto, enseja a nuiidade da votação, pois é modalidade de vedação quanto à
aplicação de recursos nas campanhas eleitorais, considerando a inegável influência
do ambiente na diretriz do voto.
E ainda, significativa é a vedação do § 5 Qdo art. 135 do Código Eleitoral, confere-
se,
601
M a r c o s R a m a y an a D i r e i t o E leitoral
6 0 2
V ota çã o e A puração C a p ít u l o 1 9
603
M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a i
Com a nova regra não é restabelecido o voto chamado de 'em separado'. O art. 145
do Código Eleitoral permitia que determinados eleitores votassem em seções em
que não estivessem incluídos os seus nomes (voto em separado), por exemplo, o
Presidente da República poderia votar em qualquer seção eleitoral. Todavia, com o
surgimento da urna eletrônica inviabilizou-se esta possibilidade.
A nova determinação legal transfere ao C.TSE o poder regulamentar para
a expedição de resolução que contemple esta nova forma de voto que será
informatizada.
Na verdade, o voto em trânsito só é possível para as eleições de Presidente e
Vice-Presidente e desde que as urnas estejam instaladas nas capitais dos Estados.
Não contemplou a lei a possibilidade de seções no interior do Estado, assim, os
eleitores em trânsito devem estar habilitados nas respectivas urnas das Capitais.
A quantidade de eleitores que estarão em trânsito e exercerão o voto para
Presidente e Vice Presidente, só será previamente conhecida pela Justiça Eleitoral,
após a inseminação dos dados do eleitor nas urnas eletrônicas, até porque ocorrerão
ausências justificadas ou não nos dias das eleições (12 e 2 - turnos).
Esta nova modalidade de voto está vinculada à prévia habilitação do eleitor na
qualidade de eleitor em trânsito, o que significa que ele deverá procurar a Justiça
Eleitoral dentro do prazo fixado em lei (art. 91 da Lei das Eleições), transferindo
o seu título até 151 dias antes da eleição ( l e turno) para o cadastro especial do
Tribunal Regional Eleitoral em determinada Capital do Estado. Outro prazo
poderá ser fixado pelo TSE através de resolução específica. Cada Estado terá o seu
arquivo especial dos eleitores que se enquadram nesta qualidade. Não se trata de
transferência definitiva, mas provisória.
A finalidade da lei em permitir o voto para os eleitores em trânsito enseja
aprimoramentos na área da informática, mas dificilmente este tipo de voto poderá ser
verificado por sistema de batimento, porque mesmo que o eleitorvote em duas Capitais,
por exemplo, Rio de Janeiro e São Paulo, o voto não será desconsiderado, mas apenas
o eleitor poderá ser punido. Assim, torna-se mais adequada o sistema que programe a
prévia transferência do título para a seção da Capital criada especialmente para esta
finalidade, como se dá por similitude com a urna de justificação.
Não se trata propriamente do voto em separado, mas de um voto de circulação
tem porária que compreende uma tran sferên cia provisória do título p ara a urna
especial. Terminada a eleição, o eleitor retorna para a sua zona e seção eleitoral de
origem. Ele não abre mão de forma definitiva da sua inscrição na origem, mas apenas
por um período de tempo suficiente para exercer o voto fora de sua zona eleitoral.
Faculta-se ao eleitor, transferir o título temporariamente. 0 voto é obrigatório para
o eleitor neste tipo de transferência.
604
V ota çã o e A pu ração C a p ít u l o 1 9
Por fim, nada impede que o eleitor do Ceará que esteja em circulação pelo Rio
Grande do Norte possa votar na seção localizada na cidade de Natal, e ainda se
na véspera da eleição ele viajar para o Rio de Janeiro poderá apenas justificar a
ausência, mas não votar nesta última cidade, porque a transferência provisória
do título ocorreu dentro do calendário eleitoral (prazo legal) e em obediência às
normas expedidas pela Justiça Eleitoral.
Como se nota, a lei objetivou alcançar eleitores em circulação pelo País e que
por diversas razões apenas se limitavam a justificar a ausência no dia da eleição ou
em momento posterior. Agora, os novos eleitores viajantes ou temporários podem
votar, mas não é possível o exercício do voto sem a prévia previsão da transferência
do título ainda que em caráter estritamente provisório, pois só assim assegura-se o
sigilo do voto e o impedimento de fraudes com duplicidade de votação.
Para as eleições de 2010, o C. TSE expedi a Resolução n9 23.215, de 02 de março
de 2010, que estabeleceu o voto em trânsito para as eleições presidenciais, sendo
que, de 15 de julho até 15 de agosto o eleitor devera habilitar-se a qualquer cartório
eleitoral para votar em trânsito indicando a Capital do Estado onde estará presente
de passagem ou em deslocamento.
Diz a lei:
605
M a r c o s R am a y a n a D ir e it o E l e it o r a l
É oportuno lembrar, que já existiu nos idos de 2002, e foi extinto em 2004, o
sistema de voto impresso em razão dos seguintes argumentos: elevado custo da
impressão do voto; treinamento especial para os mesários; demora na votação;
defeitos nas urnas eletrônicas; trava do papel impresso na urna; desinteresse do
eleitor em verificar a autenticidade do processo de votação; saída do eleitor da
cabine de votação sem confirmar o voto; e falhas na correção do voto, além de
outros problemas apresentados.
Ressurge na nova lei, a ideia já abolida de que é possível alcançar pelo voto
impresso uma maior segurança contra as fraudes, além de se ter uma maior
transparência do processo eleitoral de votação e apuração. No entanto, restará aos
técnicos e especialistas em informática criarem novos programas e sistemas capazes
de enfrentar as dificuldades acima elencadas e manter a agilidade do processo
eleitoral, sob pena da demora e falhas, por si só, comprometerem a segurança já
existente na celeridade das informações da apuração e na lisura das eleições.
Registre-se que são raras ou inexistentes as informações sobre a apresentação de
números diferentes do boletim de votação com os dados armazenados na memória
das urnas eletrônicas.
O §4® do art. 5 9 da Lei acima referida, prevê um sorteio de dois por cento das
urnas eletrônicas de cada Zona Eleitoral "respeitado o lim ite mínimo de 3 (três)
máquinas p or município". Assim, o Município que tenha apenas uma zona eleitoral
sorteará três urnas para a realização da audiência pública com o comparecimento
dos representantes de partidos políticos interessados, membros do Ministério
Público, candidatos e representantes da Ordem dos Advogados do Brasil.
Na referida audiência pública será feita uma auditoria independente do softw are,
ou seja, do conteúdo dos votos armazenados na urna. Desta forma, cada zona eleitoral
terá que sortear dois por cento da quantidade total de suas urnas eletrônicas
objetivando a finalidade do novo diploma legal. Todavia, é inegável que esse fato
atrasará o processo final de apuração e a assinatura da ata de encerramento, até
606
V otação e A puração C a p ít u l o 1 9
porque já existe a previsão da emissão dos boletins de urna após a votação, bem
como da impressão da zerézima (comprovante de que na urna não tem votos) antes
do primeiro eleitor votar na urna eletrônica.
A nova medida legal se preocupa com a possibilidade de fraude durante o
processo de votação, quando verificada a falta de compatibilidade entre o número
de votantes com o de votos, mas mesmo que ocorra uma eventual falha, a nuiidade
se restringe a seção apurada (urna eletrônica), não tendo o condão de contaminar
todo o processo de votação, considerando ainda que pequenas divergências não
acarretam nulidades( art. 219 do Código Eleitoral),
A nuiidade pode ser decretada de ofício pela Junta Eleitoral e deve constar da
ata, sendo que as impugnações devem ser apresentadas no momento da apuração,
sob pena de preclusão (art. 223 do Código Eleitoral).
0 §59 do art. 5 Qda Lei n - 12.034/2009, ainda tratou da nova forma de identificação
do eleitor, ou seja, pela biometria. Significa a garantia da personalidade individual
do eleitor por características próprias com o uso da tecnologia moderna.
O armazenamento das informações biométricas dos eleitores será catalogado ao
longo de mais ou menos 10 (dez) anos, segundo atuais estimativas técnicas.
As imagens capturadas da impressão digital se constituem em valioso banco
de dados sigiloso da Justiça Eleitoral, que poderá servir de base para outros
órgãos públicos. Junta-se a impressão digital, por exemplo, com o reconhecimento
fotográfico e dos números do cadastro eleitoral.
A identificação pela impressão digital (biométrica) já foi pioneiramente utilizada
pelo C.TSE nas seguintes cidades: Colorado do Oeste-RO, Fátima do Sul-MS e em São
João Batista-SC, além de Armação de Búzios-RJ e outras.
Busca-se com a identificação biométrica evitar que um eleitor vote em nome de
outro, considerando a ausência da fotografia no atual título eleitoral. Objetiva-se a
redução da fraude na fase de votação (art. 309 do Código Eleitoral).
Durante o amplo período de tempo do novo tipo de cadastramento pela impressão
digital, os eleitores votarão pelo sistema atual.
O art. 91-A da Lei ns 9,504/97 (acrescido pela Lei n- 12.034/09) prevê a votação
com o uso da identidade oficial, além do próprio título. Aliás, deve-se aceitar a
identidade oficial com fotografia, pois tal medida evitará à prática de crime eleitoral
e a mudança fraudulenta do resultado real das eleições.
Cuida a nova lei de não aceitar a conexão entre a máquina de identificação
biométrica com a urna eletrônica, evitando a quebra do sigilo da votação pela
identificação do voto do eleitor. De fato, o comprometimento do sigilo do voto afeta a
garantia insculpida em cláusula pétrea (art. 60§4a, II, da Constituição Federal), além
de norma prevista no art. 103 do Código Eleitoral, implicando na nuiidade da eleição.
607
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
No entanto, verifica-se que não são raros os casos em que cabos eleitorais e
simpatizantes das campanhas dos candidatos formam grupos portando bandeiras
e utilizando vestuário padronizado e outros instrumentos de propaganda, gerando
uma evidente manifestação coletiva.
Verifica-se que o art. 39-A acima transcrito restringiu a utilização, pelo eleitor,
de determinados instrumentos e objetos, pois a lei utiliza a seguinte expressão:
revelada exclusivamente". Nesse sentido, o eleitor só pode utilizar bandeiras,
broches, dísticos e adesivos, não sendo contemplado o uso de camisas ou de
bonés, como estava disciplinado, por exemplo, no art. 70 da Resolução do TSE
n9 22.718/ 2008 (Eleições de 2008).
Outrossim, no art. 70 daquela resolução, permitia-se a utilização de adesivos
em veículos particulares, mas o atual texto legal permite o uso de adesivos, não
fazendo esta expressa menção. Todavia, quanto a este aspecto, é proibido usar
adesivos em veículos públicos, tais como ônibus, vans e táxis, considerando que são
concessionários e permissionários do serviço público, incidindo a regra do art. 24, III
da Lei n9 9.504/97, uma vez que é inequívoca a publicidade do candidato por meio
de fonte vedada. Cumpre salientar que o art. 39-A restringiu a utilização pelo eleitor
608
V otação e A pu ra ç ã o
C a p ít u l o 1 9
de certos objetos, e não autorizou o uso de camisas e bonés, o que é mais comum de
ser visto no dia da eleição. Não entendemos o propósito exato da lei, até porque as
bandeiras ostentadas pelos eleitores no dia da eleição, mesmo não caracterizada a
aglomeração, são formas de mais ampla divulgação do que a própria camisa ou boné.
No entanto, resta ao Tribunal Superior Eleitoral regulamentar esse fato, ou
seja, a utilização das camisas e bonés pelos eleitores no dia da eleição. Todavia,
se a resolução específica do TSE contemplar o uso da camisa e do boné no dia da
eleição, estará exercendo o seu poder normativo contra legem , pois foi intenção do
Legislador excluir qualquer outra forma de propaganda no próprio dia da eleição,
evitando a influência do eleitor por condutas de cabos eleitorais que os assediam.
Não se olvida de que o art. 105 da Lei n - 9.504/97 restringe o poder regulamentar
do Tribunal Superior Eleitoral apenas quando estabelecer s a n ç õ e s d istin ta s d a s
p r e v is ta s n e s ta lei, o que poderia ensejar interpretação favorável no sentido de
que o uso de bonés e camisetas é uma liberdade conferida ao eleitor, e não uma
forma de restrição à propaganda. Entretanto, embora não se trate de uma sanção
a ser fixada por resolução do TSE, o legislador, no art. 39-A fez questão de excluir,
ou seja, restringir, limitar o uso dos materiais ali, literalmente, descritos. Trata-se
de rol taxativo referente às formas permissivas de propaganda no dia da eleição,
até porque o art. 39, §5a, III da Lei ns 9.504/97 trata como crime "a divulgação
de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos".
Desta forma, o uso de camisas e bonés pelo eleitor será, a principio, uma conduta
penalmente típica, vez que não ressalvada pelo art. 39-A; mas o Colendo Tribunal
Superior Eleitoral, por jurisprudência e em razão do próprio art. 70 da Resolução
nQ22.718/2008, consagrou que a utilização do boné e camiseta, sem uma divulgação
mais ampla pelo eleitor, é uma forma legítima de exteriorização da vontade
individual do cidadão, ou seja, não é crime.
Em conclusão: embora o uso do boné e camiseta, no dia da eleição, não sejam
condutas amoldadas ao tipo penal do art. 39, § 5 S, III da Lei na 9.504/97, ao nosso
pensar, em razão da limitação imposta pela redação do art. 39-A da mesma lei,
sua utilização pelo eleitor é uma forma irregular de propaganda eleitoral, mas não
criminosa.
Todavia, se os simpatizantes políticos formarem uma aglomeração ou assediarem
o eleitor para uma boca de urna, restará configurado o crime do art. 39, §5a, II da
Lei ne 9.504/97.
Saliente-se que o legislador não estipulou uma sanção específica para a violação
ao art. 39-A em comento. Nessa linha de raciocínio, poderão ocorrer as seguintes
hipóteses: a) o caso enquadra-se numa hipótese penal do art. 39, §5- e seus
incisos; b) o eleitor estará praticando uma propaganda irregular sem sanção na
lei, mas, neste caso, o eleitor poderá ser notificado, previamente, pelo juiz eleitoral
responsável pela fiscalização da propaganda eleitoral para abster-se de utilizar a
forma irregular de propaganda, sob pena de incidir no crime do art. 347 do Código
609
M arcos R a m ayana D ir e it o E l e it o r a l
610
] Prefèrêricias '{Art; 143 §2°ce) : ! | * tftulo eleítoraí j
í ' carteira de Identidade ou í
W i I documento de valor idêntico |
IDÓtümentós^neceãsârio oficial de órgão público ou j
\ profissional !
^ . catteira de trabalho !
[Dúvidas quanto à identidade} | • modelo novo de carteira de |
j dò eleitor (Art; 147 cê ::: .; •V;_._ j | habilitação |
O art. 41-A alterou aspectos da tipicidade do crime do art. 299 do Código Eleitoral?
In verbis:
614
A ção de C a p t a ç ã o I l íc it a de S u f r á g io C a p ít u l o 20
2 COSTA, Adriano Soares da. Instituições de Direito Eleitoral. Editora Dei Rey, p. 483.
615
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Como se pode notar, a captação ilícita de sufrágio, trazida na redação do art. 41-A
da Lein9 9.504/97, está acarretando o efeito inverso ao desejado pelo legislador,
que era exatamente coibir a nefasta prática da compra de votos.
Assim, para caracterizar a captação de sufrágio, três elementos são
indispensáveis: (1) a prática de uma ação (doar, prometer, etc.), (2)
a existência de uma pessoa física (eleitor) e (3) o resultado a que se
propõe o agente (TSE, DJ de 22.2.2002).
Resta caracterizada a captação de sufrágio, prevista no art. 41-A da
Lei n9 9.504/97, quando o candidato praticar, participar ou, mesmo,
anuir explicitamente com as práticas abusivas e ilícitas capituladas
naquele artigo. Para a configuração do ilícito previsto no art. 22 da
LC ns 64/90, as condutas vedadas podem ter sido praticadas antes ou
após o registro da candidatura. Quanto à aferição do ilícito previsto
no art. 41-A, esta Corte já decidiu que o termo inicial é o pedido do
registro da candidatura (TSE. Recurso Especial Eieitoral n2 19.541/
MG, Rei. Min. Sálvio de Figueiredo, em 18.12.2001).
Vê-se que o conceito da captação ilícita de sufrágio foi ampliado para incluir
fatos da realidade das campanhas eleitorais, porque é cediço que os cabos eleitorais
e candidatos em alguns momentos praticam atos de violência ou de grave ameaça
contra a pessoa dos eleitores ou terceiros (familiares) objetivando o voto.
O art. 301 do Código Eleitoral trata do delito de coação eleitoral que é similar
como tipo penal a nova moldura do §2e do art. 41-A. Desta forma, a conduta do
corruptor poderá encontrar capitulação penal eleitoral, além do procedimento não
penal do art. 2 2 , 1 a XIII da Lei Complementar ns 64/90,
Na verdade, o legislador pune a vis com pulsiva (violência moral) e a vis absoluta
(violência física) como formas de obtenção do voto, seja para candidato ou partido
político. Trata-se de uma modalidade especial de constrangimento ilegal, quando o
eleitor é compelido for força bruta, armas e ameaças em votar ou deixar de votar em
determinado candidato ou partido político.
Por exemplo, cabos eleitorais ligados ao tráfico de drogas apoiam o candidato
X e coagem eleitores a votar por ameaça de emprego de arma de fogo. A violência
não precisa ser direta contra o próprio eleitor, mas poderá ser contra os parentes e
familiares.
No caso da violência ser física contra o eleitor coagido excluiu-se a tipicidade
deste, quanto ao delito do art. 299 do Código Eleitoral, pois ele não solicitou
benefícios para votar.
616
Ação de C a p t a ç a o I l íc it a de S u f r á g io C a p ít u l o 20
618
A ção de C a p t a ç ã o I l íc it a de S u f r á g io C a p ítu lo 2 0
3 THEODORO JÚNIOR. Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Volume i. 37a ed., Editora Forense, pp. 322-323.
619
M a r c o s R a m a y an a D ir e it o E l e it o r a l
Captação ilícita. Como fica a análise deste caso à luz do art. 41-A da Lei
n° 9.504/97?
O legitimado deverá cumular os pedidos, na petição inicial, da própria Ação de
Investigação Judicial Eleitoral. Se a ação for julgada procedente antes das eleições,
ela continuará tendo o seu natural dupío efeito, ou seja, cassar o registro e declarar
a inelegibilidade por três anos, contados da data da eleição.
620
A ção db C a pta çã o I l íc it a de S u f r á g io C a p ít u l o 20
4 COSTA, Adriano Soares da. Instituições de Direito Eleitoral. Editora Del Rey, p. 504.
5 CÂNDIDO, Joel José. inelegibilidades no Direito Brasileiro. Editora Edipro, p. 293.
621
M a r c o s R am ayana
622
A ção de C a p t a ç ã o I l íc it a de S u f r á g io C a p ít u l o 20
públicos políticos ancorados no próprio texto constitucional. Não há, a nosso ver,
nenhuma inconstitucionalidade material na aplicação do efeito imediato (art. 257,
parágrafo único, do Código Eleitoral).
Por fim, registramos que, no mês de maio de 2004, o Senador César Borges, do
PFL da Bahia, retirou projeto de lei de sua autoria que exigia o trânsito em julgado
para os efeitos do art. 41-A da Lei n- 9.504/97. Esta medida está a consagrar o
rumo seguro das recentes decisões do Egrégio Tribunal Superior Eleitoral sobre
esta tormentosa questão.
Concluindo: O diploma pode ser anulado (desconstituído) de forma imediata,
sem que sejam deflagrados o RCD ou AIME, mesmo quando a ação de captação
ilícita de sufrágio for julgada cumulativamente com a ação de investigação judicial
eleitoral. A única restrição deve ser quanto à declaração de inelegibilidade, pois esta
atinge a cidadania passiva e só pode ser prevista em lei de natureza complementar
(art. 14, § 9 e, da Constituição Federal): a Lei n9 9.840/99, que institui a captação
de sufrágio, é lei ordinária. Neste sentido, "Ao con trário do que acontece com as
decisões que declaram inelegibilidade, quando há que se aguardar o trânsito
em julgado, os efeitos da decisão que cassa diploma com base no art. 41-A da
Lei na 9 ,5 0 4 , de 1 9 9 7 , perm item execução im ediata (MC n- 9 9 4 - MT)".
Ê importante salientar que a pena de multa, a princípio, não se sujeita a prazo.
Todavia, entendemos que se sujeita à prescrição qüinqüenal, após o trânsito em
julgado. Nesse sentido, destaca-se:
“(...) captação ilícita de sufrágio. Procedência. Recurso prejudicado com
relação às penas de cassação do mandato e inelegibilidade. Cominação
de multa. (...) Findo o mandato, o recurso fica prejudicado com relação
às penas de cassação e de inelegibilidade por três anos, contados da
eleição para chefe do Poder Executivo Municipal. Subsiste, porém, a
pena de muita, que não está sujeita ao marco temporal. (...)" [NE: 0
acórdão se refere à multa prevista no art. 41-A da Lei n- 9.504/97 (Ac.
ne 21.726, de 30,6.2005, Rei. Min. Luiz Carlos Madeira.)".
623
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
6 Antinomia é “situação que se verifica entre duas normas incompatíveis, pertencentes ao mesmo ordenamento jurídico
e tendo o mesmo âmbito de validade” (BOBBIO, Norfaerto. Teoria do Ordenamento Jurídico, p. 88).
624
A ção de C apta çã o I l íc it a de S u f r á g io C a p ít u l o 2 0
62S
M arcos R a m a y a n a __________________ D ir e it o E l e it o r a l
626
A ção de C apta çã o I l íc it a de S u f r á g io C a p ít u l o 2 0
Desta feita, com uma simples análise do fato, pode-se, por diversas vezes,
concluir pela finalidade implícita, mas evidente, na finalidade perquirida com o
suposto ato de benevolência, no sentido de se estar objetivando angariar votos.
Assim, essa lei vem ao encontro da real necessidade para a qual deva incidir a sua
eficácia, albergando tanto os pedidos expressos de votos como os implícitos, que
não são menos lesivos do que aqueles. O conjunto da prova formará a convicção
adotando-se a regra de interpretação do art. 23 da Lei das Inelegibilidades, que
permite ao juiz investigar a notoriedade e indícios formadores de elos razoáveis
de prova.
Afasta-se a culpa na ação do agente, considerando a afirmação do dolo especial.
No entanto, a conduta penal do art. 299 do Código Eleitoral também não tratava
do crime culposo. Aqui, a punição não penal é vinculada a comprovação, por
exemplo, da doação do bem com fins eleitoreiros. Firma-se a posição já adotada
pelos Tribunais.
M a r c o s Ram ayana D ir e it o E l e it o r a l
628
A ção de C a p t a ç ã o I l íc it a de S u f r á g io C a p ít u l o 20
0 art. 262, incisos I, II, e III, do Código Eleitoral, trata de casos de cabimento
do Recurso contra a Diplomação, sendo o diploma anulado sem necessariamente
emergir uma hipótese de inelegibilidade. Outrossim, a Lei ns 9.504/97, nos arts. 73,
§ 5-, e 74, ao disciplinar a anulação do registro e diploma, não vincula o efeito do
abuso ao liame da inelegibilidade.
Como se nota, a ação de reclamação ou representação baseada em determinadas
condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas eleitorais (ver arts. 73 e 96
da Lei ne 9.504/97), em razão do disposto nos §§ e 59 do art. 73, tratam de
sanções do tipo: imediata suspensão da atividade; multa; cassação do registro ou do
diploma. Se houver uma conduta vedada que seja potencialmente lesiva para afetar a
normalidade e legitimidade das eleições (art. 14, § 9 9, da CRFB), neste caso, deve-se
coibir o abuso do poder econômico ou político por intermédio da representação ou
ação de investigação judicial eleitoral prevista no art. 22 da Lei das Inelegibilidades,
cujas conseqüências resultam na cassação do registro ou do diploma, observando-
se a regra dos incisos XIV e XV (AIME ou RCD).
Assim, na representação baseada no art. 96 da Lei n9 9.504/97 foi instituída por
lei ordinária a cassação do registro ou do diploma, quando a hipótese fática não for
abusiva, mas refletir uma conduta vedada tipificada nos incisos I, II, III, IV e VI do
art. 73, por força do § 5- (Lei das Eleições).
O exercício do mandato eletivo é preservado pela vontade popular manifestada
de forma livre e soberana, sem coação, fraude, abusos, captações ilícitas e condutas
vedadas.
Complementando a assertiva, o art. 15 da Lei Complementar n2 64, de 18 de maio
de 1990, permite que o diploma seja declarado nulo, por causas não relativas ao
evento factual da inelegibilidade. Por exemplo: por falta de condição de elegibilidade
ou superveniente suspensão dos direitos políticos.
Vê-se ainda que, na própria ação de impugnação do mandato eletivo (art. 14,
§§ 10 e 11, da Constituição da República Federativa do Brasil), o diploma pode
ser declarado nulo, sem que tenha sido a ação proposta com base numa questão
de abuso do poder econômico ou político, pois basta imaginarmos a declaração
de nuiidade do diploma com base nas causas de perda ou suspensão dos direitos
políticos (art. 15 da CRFB), quando incidentes no curso de uma eleição.
Destacamos as lições do Ministro Carlos Velloso no Agravo regimental em Recurso
Especial n2 21.312, Acórdão ns 21.312, de sua relatoría, de 2 de dezembro de 2003,
que explica a diferença entre a compra de votos e o abuso do poder econômico:
"Há que se distinguir captação ilícita de sufrágio e abuso do poder
econômico. Conforme a jurisprudência da Corte, a captação ilícita
de sufrágio, tipificada no art. 41-A da Lei ns 9.504/97, configura-se
por conduta isolada daquele que venha a doar, oferecer, prometer ou
entregar ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem
pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública.
629
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Como visto, a própria iei ressalva outras penalidades, dentre as quais se insere
a inelegibilidade emergente do abuso do poder econômico ou político nas eleições,
cuja coibição se desenvolve no âmbito da representação ou ação de investigação
judicial eleitoral com lastro na Lei Complementar n9 64, de 18 de maio de 1990 (Lei
das Inelegibilidades).
Como se nota, a cassação do diploma não está vinculada ao nexo da potencialidade
lesiva.
O Egrégio Tribunal Superior Eleitoral possui precedente sobre o assunto, in
expressi verbis:
Acórdão n9 24.739, de 28.10.2004 Recurso Especial Eleitoral
N9-24.739/SP. Relator: Ministro Francisco Peçanha Martins Ementa:
Recurso especial. Propaganda institucional. Período vedado. Afronta a
lei e dissídio. Configuração, Inconstitucionalidade. Afastada. Aplicação
de multa e cassação do registro de candidatura. Recurso provido. I - A
penalidade de cassação de registro ou de diploma prevista no § 5e do
art. 73 da Lei ns 9.504/97 não constitui hipótese de inelegibilidade.
Precedente. II - Na linha da atual jurisprudência é irrelevante a data em
que foi autorizada a publicidade institucional, pois a sua divulgação nos
três meses que antecedem o pleito é conduta vedada ao agente público,
ficando o responsável sujeito à pena de multa no valor de cinco a cem
mil Ufirs (art. 73, § 4-, da Lei n9 9.504/97) e o candidato beneficiado
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M a rc o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
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M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
E ainda:
"Recurso especial. Representação com base nos arts. 41-A e 73 da Lei
n9 9.504/97. (...) Oferta feita a membros da comunidade. A pluralidade
não desfigura a prática da ilicitude. (...)” NE: Candidato dava a entender
aos eleitores que obras públicas deveriam ser a ele creditadas (Ac.
n3 21,120, de 17.6.2003, Rei Min. Luiz Carlos Madeira)".
Desta feita, com a análise do fato, pode-se, por diversas vezes, concluir pela
finalidade implícita, mas evidente, na finalidade perquirida com o suposto ato de
benevolência, no sentido de se estar objetivando angariar votos. Assim, essa lei vem
ao encontro da real necessidade para a qual deva incidir a sua eficácia, albergando
tanto os pedidos expressos de votos como os implícitos, que não são menos lesivos
do que aqueles.
Afasta-se a culpa na ação do agente, considerando a afirmação do dolo especial.
No entanto, a conduta penal do art. 299 do Código Eleitoral também não tratava do
crime culposo. Aqui, a punição não penal é vinculada a comprovação, por exemplo, da
doação do bem com fins eleitoreiros. Firma-se a posição já adotada pelos Tribunais.
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A ção dh C a p t a ç ã o I l íc it a de S u f r á g io C a p ít u l o 20
sentido, não obstante a parte final do art. 41-A da Lei das Eleições
estabelecer que deva ser observado o procedimento previsto no art. 22
da LC ns 64/90, essa disposição é aplicada apenas ao rito. Nesse
entendimento, o Tribunal negou provimento ao agravo regimental.
Unânime.
Agravo Regimental na Ação Cautelar n9. 3.222/RS, rei Min. Arnaldo
Versiani, em 10.3.2009. (Noticiado no Informativo n9 6/09).
2 0 .5 . RESUMO
1) Os pedidos na ação são: cassação do registro ou do diploma e multa. Se julgada até
antes da eleição acarreta a cassação do registro e a aplicação da multa eleitoral;
se for julgada após enseja a cassação do diploma e multa. Não é necessário propor
o recurso contra a diplomação ou a ação de impugnação ao mandato eletivo.
Não se aplica o disposto nos incisos XIV e XV do art. 22 da Lei Complementar
ng 64/90, pois nesta ação não se discute conduta abusiva do poder econômico
ou político ensejadora de inelegibilidade, mas apenas a compra e venda de votos.
2) Se houver cumulação de pedidos numa mesma ação em que se pede o
reconhecimento do abuso do poder econômico e/oupolítico e a compra e venda
de votos, o autor deverá propor o recurso contra a diplomação ou a ação de
impugnação ao mandato eletivo, pois, neste caso ele pretende uma decisão de
inelegibilidade.
3) O rito processual é idêntico ao da ação de investigação judicial eleitoral, exceto
pela não incidência dos incisos XIV e XV do art. 22 da Lei Complementar ns 64/90.
Assim, a competência e legitimidade seguem a mesma orientação já expendida
era relação à lei das inelegibilídades.
4) O efeito da decisão é imediato (art 257, parágrafo único, do Código Eleitoral, não
sendo aplicável o disposto no art. 216 do mesmo diploma legal).
5) O Egrégio Tribunal Superior Eleitoral não tem admitido o reexame de matéria
probatória e fatos no âmbito do recurso especial. Aplica-se o teor do verbete
sumular n9 279 do Supremo Tribunal Federal (Agravo Regimental no Agravo de
Instrumento nQ 7.162/SP, Relator Ministro Caputo Bastos, Diário da ju stiça de
01.02.2007).
639
A ção
C de
aptação
I lícita
Julgamento
TRE
de
S ufrágio
__________________________________________________________
Rito Processual
(art. 22, incisos I a XI!I, Lei complementar ne 64/90)
Marcos Ramayana - Direito Eieitorai 10J Edição • Capítulo 20 - Ação de captação ilícita de sufrágio
C apítulo 21
21.1. B A SE LEGAL
A ação rescisória eleitoral está disciplinada na alínea j do art. 22, inciso 1, do
Código Eleitoral.
A alínea j foi introduzida pela Lei Complementar n9 86/96.
21.3. CABIMENTO
A Jurisprudência do TSE tem restringido a admissão da ação rescisória em âmbito
eleitoral. Só é cabível de acórdão oriundo do próprio Tribunal Superior Eleitoral
que tenha transitado em julgado e que verse sobre inelegibilidade. Nesse sentido:
"Ação rescisória. Hipótese de cabimento. Inexistência. No âmbito da Justiça
Eleitoral, a ação rescisória somente é cabível para desconstituir decisão
do Tribunal Superior Eleitoral e que, ademais, contenha declaração de
inelegibilidade (art. 22, l,j, CE), o que não ocorre na espécie. (...)"
(Ac. nfi 225, de 6.9,2005, rei. Min. Cesar Asfor Rocha; no mesmo sentido o Ac.
de 17.10.2006 no AgRgAR ne 250, do mesmo relator.)
Existe divergência doutrinária referente à abrangência do termo “inelegibilidade”
constante do art. 22, inciso I, alínea 'J' do Código Eleitoral, visto que, para alguns,
abrangeria, também, as condições de elegibilidade. Entretanto, esse entendimento
não encontra guarida na jurisprudência dos nossos Tribunais, conforme se pode
verificar abaixo:
"Ação rescisória. (...) Inelegibilidade. Cabimento. Não cabe rescisória de
acórdão que proclamou a elegibilidade de candidato."
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
644
A ç ã o R j e s c is õ r ia E l e it o r a l C a p ít u l o 21
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A ç ã o R e s c i s ó r i a E l e it o r a l C a p ít u l o 21
Conclui-se. desse modo, que o acórdão de que ora se reclama cuidou de matéria
de todo estranha à controvérsia examinada no julgamento da ADI 1.4-59/nF.
Rei. Min. SYDNEY SANCHES, e is que - insista-se - o Tribunal Superior Eleitoral,
ao p roced er à interpretação da regra legal mencionada, não dissentiu do juízo
afirm ativo de validade constitucional que esta Suprema Corte formulou a propósito
de referida norma legal.
Daí inexistir qualquer situação de conflito en tre o acórdão em anado do TSE,
objeto da presente reclamação, e o julgamento do Supremo Tribunal Federal, ora
invocado como paradigma de confronto, circunstância essa que desautoriza, por
completo, a utilização do instrumento constitucional da reclamação.
É im portante rem em orar, bem por isso, quando se tra ta r de alegação de
desrespeito à autoridade de decisão do Supremo Tribunal Federal, que os atos
em processo de reclamação, quaisquer que sejam, considerado
o respectivo contexto, hão de se aju star, com exatidão e p e r tinêmcia, aos
julgamentos desta Suprema Corte invocados como paradigmas de confronto, em
ordem a perm itir, pela análise comparativa, a verificação da conform idade, ou
não, da deliberação estatal impugnada em relação aos parâmetros de controle
em anados deste Tribunal (ADI 1.459/DF, n ojcaso), como reiterad am en te tem
advertido a jurisprudência desta Corte:
"C■■■) ~ ° s fitos qu estion ad os em qualquer reclam ação ~ nos ca so s em que
se sustenta d esresp eito à autoridade de decisão do Supremo Tribunal
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6S1
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
2 1 .4 . COMPETÊNCIA
A competência é exclusiva do Tribunal Superior Eleitoral (art. 2 2 , 1,j, do CE, c.c.
arts. 1 0 2 ,1, j, e 1 0 5 ,1, e, da CF).
A Corte Superior já pacificou o entendimento:
Ação rescisória. Sentença de primeiro grau. Indeferimento de registro
de candidatura. Trânsito em julgado. Não cabe ao TSE julgar ação
rescisória de sentença de primeiro grau, mas apenas de seus julgados.
A remessa dos autos ao Tribunal Regional não se justifica, pois esse
órgão não é competente para o julgamento desse tipo de ação, ainda
menos de sentença de primeiro grau. A Lei Complementar ne 86/96,
ao introduzir a ação rescisória no âmbito da Justiça Eleitoral, incumbiu
somente a esta Corte Superior o processo e julgamento. Agravo
regimental não provido. DJ de 20.4.2001. Agravo na Ação Rescisória
ne 89/MG. Relator: Ministro Garcia Vieira. E ainda: Acórdão ne 3.632,
de 17.12.2002. Agravo de Instrumento ns 3.632/SP. Relator: Ministro
Fernando Neves; Acórdão n2 144, de 20.9.2002. Ação Rescisória
ne 144/GO. Relator: Ministro Fernando Neves.
Em outro julgado:
Acórdão ns 53, de 6.9.2001. Agravo regimental na Ação Rescisória
ne 53/SE. Relator: Ministro Sepúlveda Pertence. Ementa: Ação
rescisória. Cassação de tutela antecipada e seguimento obstado por
manifesto confronto com jurisprudência dominante do TSE. RITSE,
art. 36, § 6 e, em consonância com a alteração do art. 557 do CPC pela
Lei ne 9.756/98. Alegações de ter o pedido sofrido duplo juízo de
admissibilidade nesta Corte e usurpação da competência do Plenário
para julgamento da matéria: improcedência. I - A aplicação da regra
da revogabilidade do juízo de admissibilidade não gera preclusão. II
- Pedido manifestamente inviável, em confronto com jurisprudência
dominante, no sentido de falecer ao TSE competência para apreciar
ação rescisória contra decisão com trânsito em julgado dos tribunais
regionais. Agravo regimental não provido. DJ de 15.10.2001.
2 1 .5 . PROCEDIMENTO
A ação é de competência do TSE, A petição inicial deve conter os requisitos legais
dispostos nos arts. 282/3 do Código de Processo Civil. 0 pedido deve estar em consonância
com o art. 4 8 8 ,1, do CPC. Outrossim, o indeferimento da inicial desafia o agravo regimental,
mas o prazo decadencial de 120 dias continua transcorrendo normalmente.
No TSE, destaca-se:
Direitos Processual e Eleitoral. Ação rescisória. Matéria não eleitoral.
Cabimento. Aplicação do Código de Processo Civil. Recurso a que se
dá provimento. Em matéria não eleitoral, admissível a ação rescisória
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A ç ã o R e s c is ó r ia E l e it o r a l C a p ítu lo 2 1
21.6. R E C U R SO S
Vige o princípio da irrecorribilidade das decisões do TSE. Admite-se, no entanto,
o recurso extraordinário, desde que preenchidos os seus pressupostos legais, no
prazo de três dias.
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M a r c o s R am ayana D i r e i t o E l e it o r a l
2 1 .8 . TUTELA ANTECIPADA
Quanto à tutela antecipada, decidiu o TSE que:
Ação rescisória. Questão de ordem. Tutela antecipada. Concessão.
Impossibilidade, ressalvados casos excepcionais. Não é admissível a
concessão de tutela antecipada em ação rescisória na Justiça Eleitoral,
salvo em situações teratológicas que causam dano grave e evidente,
de impossível reparação, ou nos casos em que pode ser comprometido
o processo eleitoral como um todo. Acórdão n2 60, DE 5.9.2000. Ação
Rescisória ne 60/PE. Relator: Ministro Fernando Neves. D] de 5.6.2001.
C apítulo 22
R ecurso c o n t r a a d iplo m a çã o
2 2 .1 . B A SE LEGAL
A base legal do Recurso Contra a Diplomação está no art. 262 do Código Eleitoral,
in v erbis:
2 2 .2 . CONCEITO
A diplomação é a última fase do processo eleitoral e, portanto, representa a
certificação ou declaração oficial da Justiça Eleitoral, outorgando aos proclamados
eleitos o respectivo documento formal em cerimônia revestida das solenidades
legais. O Recurso Contra a Diplomação é a forma jurídica destinada à anulação das
eleições, em razão de fraudes, abusos, captações e erros de quociente eleitoral.
2 2 .3 . NATUREZA JURÍDICA
A diplomação é vista pela doutrina como um ato certificatório e simplesmente
declaratório. Não há julgamento nem, tampouco, coisa julgada formal ou material. É
importante salientar que a diplomação não transita em julgado, mas apenas atesta
a conclusão da última etapa do processo eleitoral (alistamento, votação, apuração
e diplomação).
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R e c u r s o C o n t r a ,a D ip l o m a ç ã o C a p ít u l o 22
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R ec u r so C o n tr a a D ip l o m a ç ã o
C a p ít u l o 2 2
doutrinador Tito Costa enfatiza o teor da Súmula n5 276 do STF como fundamento,
in verbis: "Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de
recurso ou correição", assim como não cabe, a rigor, recurso nenhum, é possível a
propositura de mandado de segurança.4 0 disciplinamento do RCD está a merecer
urgente reforma, inclusive com a previsão expressa de recurso ao STE
Registramos controvérsia a respeito do cabimento, ou não, do recurso
extraordinário para o Supremo Tribunal Federal, em razão da diplomação do
presidente e vice-presidente da República. Uma primeira corrente entende incabível
a interposição deste recurso. 0 fundamento é do doutrinador Emerson Garcia, no
sentido de que "o ato de diplomação tem natureza eminentemente administrativa,
inexistindo causa para efeito de interposição do referido recurso (art. 102, 111, da
CR/88)".5
A segunda corrente é dos doutrinadores Joel José Cândido e Tito Costa, que
entendem cabível o recurso extraordinário.
Como se nota, o juiz eleitoral não julga o Recurso Contra a Diplomação. Por
força disto, reforça-se o argumento quanto à natureza jurídica do Recurso Contra
a Diplomação, pois não existe nenhuma relação processual precedente que
comporte reexame, exceto relações jurígenas como: propaganda eleitoral, fatos
supervenientes, abusos de poder, captação de sufrágios e matéria constitucional.
Outrossim, fincando a procedência desta afirmação, vê-se que o processo eleitoral
é falho, pois olvidou-se de um grau de jurisdição (supressão de instância),
transferindo a cognoscibilidade temática para o Tribunal Regional Eleitoral. Em
suma: o juiz eleitoral apenas diploma o prefeito, vice-prefeito, vereadores e seus
suplentes,6 sem contudo penetrar na análise de mérito processual sobre questões
constitucionais ou infra constitucionais que afetem a normalidade e legitimidade
das eleições. Cumpre, ao juiz eleitoral, uma tarefa puramente formal.
4 “TSE. Acórdão nS 19,851, de 20.8.2002. Agravo regimental no Recurso Especial Eleitoral n9 19.851/SR Relator Ministro
Fernando Neves. Ementa: Agravos Regimentais. Decisão que nega seguimento a recurso especiai. Fundamento
diverso daquele contido na inicia! do recurso contra a expedição de diploma. Nulidade. Não ocorrência. Prova pré
constituída. Exame na investigação judiciai. Nova análise. Desnecessidade. Pedido de imediata cassação de diplomas
por esta Corte Superior. Impossibilidade. 1. Compete ao juiz apontar a norma jurídica incidente sobre a espécie, além
de que os requeridos defendem-se dos íatos que ihes são imputados, e não de eventual qualificação jurídica, que pode
perfeitamente ser alterada nas instâncias ordinárias e especial. 2. Não tendo o Tribunal Regional apreciado a matéria de
fundo do Recurso Contra a Diplomação, impossível que esta Corte Superior proceda à imediata cassação dos diplomas
dos recorridos, ainda que as provas usadas já tenham sido examinadas por aquele Tribunal em investigação judicial,
visto que implicaria invasão de competência e supressão de instância. Agravos não providos. DJ de 8.11.2002”.
5 GARCIA, Emerson. Abuso de Poder nas Eleições. Editora Lumen Juris, 2000, p. 176.
6 “TSE. Acórdão ne 19.809, de 13.2.2003. Embargos de declaração no Recurso Especial Eleitoral n® 19.809/SR Relator:
Ministro Fernando Neves. Ementa: Embargos de declaração. Suplentes de vereador anteriormente diplomados. Acórdão
que determinou a diplomação de mais sete vereadores. Pedido de ingresso na lide. Utisconsórcio necessário. Não
caracterização. Assistência. Nulidade. Inexistência. 1. Não há como reconhecer a nulidade arguida petos embargantes,
ao fundamento de que não foram chamados nas instâncias ordinárias para integrar a relação processual, uma vez que
a presença deles não é obrigatória nem por disposição legal nem pela natureza da relação jurídica, podendo, contudo,
ser admitidos na condição de assistentes. Embargos acolhidos para prestar esclarecimentos. DJ de 28.2.2003”.
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2 2 .6 . LEGITIMADOS ATIVOS
Os partidos políticos, coligações, candidatos registrados especificamente para
a eleição e o Ministério Público (guardião do regime democrático e dos interesses
difusos eleitorais). Nada impede que o eleitor noticie argumentos favoráveis à
interposição do RCD. 0 doutrinador Emerson Garcia sustenta, em sua excelente
obra Abuso d e P oder nas Eleições, da Editora Lumen Juris, a legitimidade de lege
feren d a do eleitor.
2 2 .7 . LEGITIMADOS PA SSIV O S
Os candidatos diplomados, partidos políticos ou coligações.
Destacamos as valiosas lições de Adriano Soares da Costa quanto à natureza da
legitimidade dos partidos políticos, a saber:
Resumindo, temos duas possibilidades em tais casos: litisconsórcio
necessário passivo, nas hipóteses do art. 262, incs. II e III, do Código
Eleitoral; assistência litisconsorcial passiva, nas hipóteses do art. 262,
incs. 1 e IV, do Código Eleitoral.7
A diferença deve ser observada, não em razão da regra do art. 175, § 4S, do Código
Eleitoral, ou do sistema eleitoral (majoritário ou proporcional), mas, sim, em relação
à inelegibilidade do candidato recorrido (natureza subjetiva, pessoal). Quando o RCD
basear-se nos incisos I e IV, estará tratando de inelegibilidade e o interesse do partido
é secundário, porque os votos serão computados para a legenda. No entanto, quando
tiver arrimo nos incisos II e III, a questão envolve direto interesse do partido político,
pois perderá o mesmo votos da legenda cora alteração do quociente partidário,
ou seja, do número de cadeiras cabíveis ao partido prejudicado. Percebe-se que o
fato desloca-se da análise puramente individual de uma candidatura, para atingir o
próprio partido político. 0 tema é muito bem colocado na obra antes referida. De toda
sorte, seguimos a mesma posição do Professor Adriano Soares da Costa.
Por fim, destaca-se decisão do TSE sobre a necessidade de formação de
litisconsórcio necessário com o vice na chapa una e indivisível (eleição m ajoritária):
7 COSTA, Adriano Soares da. Instituições de Direito Eleitoral. 5a edição, Editora Dei Rey, p. 450.
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8 “(TSE.) O Recurso Contra a Diplomação pode, também, vir instruído com prova pré constituída, entendendo-se que
essa é a já formada em outros autos, sem que haja obrigatoriedade deter havido sobre ela pronunciamento judicial, ou
seja, a prova nâo tem que ter sido previamente julgada. Antè afalta de juízo definitivo por parte da Justiça Eleitoral sobre
as provas, essas podem ser analisadas nos autos do Recurso Contra a Diplomação. Precedente: Acórdão n9 19.506".
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22 .1 0 . CABIMENTO
a) Inelegibilidade.
As inelegibilidades podem decorrer de abusos do poder político ou econômico,
praticados durante a campanha eleitoral (propaganda político-eleitoral). Nesta
hipótese, incide o teor da Súmula n- 19 do Tribunal Superior Eleitoral, ou seja, o
candidato fica inelegível por três anos, contados da data da eleição (Ver o Capítulo 9).
9 (TSE). Acórdão n- 19.596, de 2.4.2002. Agravo regimental no Recurso Especial Eleitoral ne 19.596/MS. Relator:
Ministro Fernando Neves. Recurso Contra a Diplomação. Inciso IV do art. 262 do Código Eleitoral. Abuso do poder
econômico. Investigação judicial. Procedência Manutenção da sentença. Trânsito em julgado. Ausência. 1. Não é
necessário que a decisão proferida em investigação judicial tenha transitado em julgado para embasar recurso contra a
diplomação fundado no inciso IV do art. 262 do Código Eleitoral. 2 . 0 Recurso Contra a Diplomação pode vir instruído
com prova pré constituída, entendendo-se que essa é a já formada em outros autos, sem que haja obrigatoriedade de
ter havido sobre ela pronunciamento judicial ou trânsito em julgado. 3. A declaração de inelegibilidade com trânsito em
julgado somente será imprescindível no caso de o Recurso Contra a Diplomação vir fundado no inciso I do mencionado
art. 262 do Código Eleitoral, que cuida de inelegibilidade. Agravo regimental a que se negou provimento".
10 “(TSE). Acórdão n9 19.592, de 6.8.2002. Recurso Especial Eleitoral n2 19.592/P1. Relator: Ministro Fernando Neves.
Ementa: Recurso contra a diplomação. Prefeito candidato à reeleição. Abuso do poder. Distribuição de dinheiro a
eleitores, na véspera da eleição, pessoalmente, pelo prefeito, na sede da Prefeitura. Apreensão da quantia remanescente
pelo juiz eleitoral. Documentos. Juntada com a inicial. Provas não contestadas. Fatos incontroversos. Prova. Produção.
Possibilidade. Arts. 222 e 270 do Código Eleitoral. Redação. Alteração. Lei n&4.961/66.1. Possibilidade de apurarem-se
fatos no recurso contra a diplomação, desde que o recorrente apresente prova suficiente ou indique as que pretende
ver produzidas, nos termos do art. 270 do Código Eleitoral. 2. A Lei n9 4.961/66 alterou os arts. 222 e 270 do Código
Eleitoral, extinguindo a produção da prova e apuração de fatos em autos apartados, passando a permitir que isso se
faça nos próprios autos do recurso. DJ de 20.9.2002”.
11 “(TSE). Agravo regimental contra decisão que negou seguimento a agravo de instrumento. Investigação judicial sem
trânsito em julgado. Prova pré constituída. Admissão. Não procede a alegação de ofensa à ampla defesa, na medida
em que o agravante defendeu-se no curso da investigação judicial, na qual se reconheceu o abuso de poder e que foi
utilizada como prova pré constituída no Recurso Contra a Diplomação, não havendo que se falar em qualquer prejuízo.
Nesse entendimento, o Tribunal negou provimento ao agravo. Unânime. Agravo Regimental no Agravo de Instrumento
n9 3.356/MT, Rei. Min. Fernando Neves, em 3.9.2002. No mesmo sentido, Agravo Regimental no Agravo de Instrumento
n9 3.359/MT, Rei. Min. Fernando Neves, em 3.9.2002".
R ec u r so Con traa D ip l o m a ç ã o C a p ít u l o 22
b) Incom patibilidades.
A lei refere-se à falta de desincompatibilização nos prazos fixados pela Lei das
Inelegibilidades (Lei Complementar na 64, de 18 de maio de 1990). Os prazos variam
de três, quatro e seis meses. O afastamento ou desincompatibilização manifesta-se
pela licença, exoneração ou renúncia, dependendo dos cargos públicos, mandatos
eletivos ocupados ou funções especiais.
12 (TSE) “Recurso contra expedição de diploma. Art. 2 6 2 ,1, do Código Eleitoral. Faita de condição de elegibilidade.
Filiação partidária. Registro deferido sob condição. Decisão contra a quai não houve recurso. Duplicidade. Não
caracterização. Decisão com trânsito em julgado, anterior ao julgamento do recurso contra a expedição de diploma
Ofensa ao art. 5° XXXVI, da Constituição. O Recurso Contra a Diplomação, baseado no inciso I do art. 262 do Código
Eleitoral, exige trânsito em julgado da decisão que assentar a inelegibilidade ou a falta de condição de elegibilidade
do candidato. Nesse entendimento, o Tribunal conheceu do recurso e deu-lhe provimento. Unânime. Recurso Especial
Eleitoral n9 19.889/SP, Rei. Min. Fernando Neves, em 18.3.2003”.
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13 (TSE)' Acórdão nS 19.887, de 17.12,2002. Recurso Especial Eieitorai ne 19.887/SR Relator: Ministro Fernando Neves.
Ementa: Recurso contra expedição de diploma. Empate. Erro matéria! na certidão de nascimento apresentada no
momento do pedido de registro da candidatura. Não configuração de alguma das hipóteses do inciso Ilido art 262
do Código Eleitorai.1. O Recurso Contra a Diplomação, fundado no inciso III do art. 262 do Código Eleitoral, é cabível
contra o erro de direito ou de fato ocorrido na apuração do resultado final da eleição proporcional, o que pode alterar o
quociente eleitoral ou partidário, a contagem de votos e a classificação de candidato, ou a sua contemplação sob deter
minada legenda, não se prestando para corrigir eventual erro existente na documentação apresentada pelo candidato.
Recurso conhecido e provido. DJ de 7.2.2003.”
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R ec u r so C on tra a D ip l o m a ç ã o C a p ít u l o 2 2
Impugnações da urna
A impugnação de urna poderá ser feita até o momento de sua abertura, por motivo
de irregularidade havida junto à mesa receptora, durante a votação, de violação da
urna ou de rasuras nos documentos (ata e folha de votação).14
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2 2 .1 1 . EFEITO S
0 art. 216 do Código Eleitoral garante o diploma, posse e exercício do mandato
eletivo, enquanto não for provido o Recurso Contra a Diplomação. Significa que
o infrator poderá permanecer durante razoável período de tempo exercendo
o mandato eletivo. A norma obriga a adoção de um efeito suspensivo, ou seja, o
diplomado fica até o trânsito em julgado do recurso contra a sua diplomação. 0 RCD
só é recebido no efeito devolutivo. 0 art. 2 5 7 do Código Eleitoral, que é a regra geral,
disciplina que os recursos eleitorais não terão efeito suspensivo.
Cumpre destacar as valiosas lições de joel José Cândido, ao analisar o art. 15
da Lei das Inelegibilídades, que, na prática, é correlacionado aos efeitos do RCD, in
expressi v erbis:
Talvez não se trate de nulidade do diploma, mas sim de sua inexistência.15
0 art. 15 diz:
Salienta o renomado autor Joel José Cândido que o art. 15, por sua topografia
e direcionamento, está atrelado à ação de impugnação ao pedido de registro de
candidatos, não sendo aplicável ao Recurso Contra a Diplomação que tem regramento
diverso. Assiste razão ao autor.
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C a p ít u lo 23
Os crimes eleitorais estão disciplinados nos arts. 289 até 354 do Código Eleitoral
e em outras leis que integram a legislação eleitoral em sentido amplo, tais como: a
Lei ns 7.021, de 6 de setembro de 1982, que estabelece o modelo de cédula única;
Lei ns 6.091, de 15 de agosto de 1974, que disciplina o fornecimento gratuito de
transporte, em dias de eleições, a eleitores residentes em zonas rurais, e dá outras
providências; Lei n~ 6.996, de 7 de junho de 1982, que disciplina o processamento
eletrônico de dados nos serviços eleitorais; Lei Complementar n9 64, de 18 de maio
de 1990, que estabelece casos de inelegibilidade e disciplina outras matérias; e a
Lei n s 9.504, de 30 de setembro de 1997, que estabelece normas para as eleições.
Cai a lanço notar que, para cada eleição, seja de cunho nacional, estadual ou
municipal, existe uma lei especial disciplinadora. Esta lei trata de tipos penais, cuja
aplicação é temporária, seguindo o art. 16 da Constituição Federal, que disciplina o
princípio da anualidade em matéria eleitoral.
A Constituição Federal, em seu art. 16, consagra o princípio da anualidade
em matéria eleitoral, quando textualmente diz que: "A lei que alterar o processo
eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que
ocorra até um ano da data de sua vigência". A alteração foi operada pela redação da
Emenda Constitucional n9 4, de 14 de setem bro de 1993. A redação anterior era a
seguinte: "A lei que alterar o processo eleitoral só entrará em vigor um ano após sua
promulgação”.
Assim, as leis específicas para as eleições que ocorrem de dois em dois anos,
alternadamente, em observância ao princípio da periodicidade (art. 60, § 4 2, II, da
Lei Maior) para prefeito, vice-prefeito, vereadores, presidente da República, vice-
presidente, governador, vice-governador, senadores, deputados federais, distritais
e estaduais, são leis de natureza temporária.
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1 JARDIM, Torquato. Direito Eleitoral Positivo. Editora Brasília Jurídica, 1996, p. 98.
2 Acórdão n- 823. Rec. 1,943-RS, irai, Boletim Eieitorai, 13:16.
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C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r i m e s E l e it o r a is e
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Trata-se de regra desnecessária em razão dos arts. 327 do Código Penal, que
define funcionário público para fins penais, e 287 do Código Eleitoral, que trata,
ainda, da aplicação subsidiária do Código Penal. Outrossim, o art. 12 do Código Penal
remete à legislação especial as regras gerais do Código Penal. Por fim, o art. 337-D
do CP inclui nova modalidade típica, "funcionário público estrangeiro".
O artigo contempla os juizes designados em auxílio aos titulares das zonas
eleitorais. Para determinadas eleições, os Tribunais Regionais Eleitorais costumam
designar juizes para presidir juntas apuradoras, sendo que estes juizes não são os
titulares da zona eleitoral que as abrange.
Na Espanha, v.g., a Lei Orgânica ne 5/85, de 19 de junho, do Regime Eleitoral
Geral (BOE 147, de 20 de junho de 1985), no art. 135, número 1, define funcionário
público dizendo que são os definidos pela regra geral do Código Penal Espanhol,
acrescendo os que desempenhem alguma função pública relacionada com as
eleições, e particulariza o caso dos vogais das juntas eleitorais, os presidentes e
interventores de mesa.
Outrossim, na República Grega, v.g., o Decreto Presidencial na 92/94, "Codificação
em texto uniforme das disposições da Lei Eleitoral para a Assembleia da República"
(Diário do Governo, 6 9 a/1994), no art. 109, número 5, pune, com pena de prisão
entre 3 (três) meses e 3 (três) anos e pena de multa (ambas cumulativamente),
o funcionário público que dolosamente atuar antes das eleições a favor ou contra
candidato ou partido, além daquele que é utilizado como mandatário de qualquer
candidato ou partido.
O doutrinador Joel José Cândido entende que o dispositivo legal diz respeito
aos juizes classistas, ou seja, da classe dos advogados. É cediço que nos Tribunais
Regionais Eleitorais a composição é híbrida e envolve a nomeação pelo Presidente
da República de 2 (dois) advogados indicados pelo Tribunal de Justiça. Outrossim,
no Tribunal Superior Eleitoral, o Presidente da República também nomeia 2 (dois)
juizes eleitorais, após indicação do Supremo Tribunal Federal (CF arts. 118 a 121).
Assiste razão ao eminente doutrinador.
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Remissões:
CP, art. 327.
Lei ne 8.666/93 - Lei de Licitações Públicas - art. 84, § l e.
Art. 284. Sempre que este Código não indicar o grau mínimo, entende-se
que será ele de 15 (quinze) dias para a pena de detenção e de um ano
para a de reclusão.
Como bem lembrado por Joel José Cândido, o artigo não está tratando de
agravante ou atenuante. Na verdade, estamos diante de causa especial de aumento
ou de diminuição da pena. Subsidiariamente aplica-se o Código Penal.
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C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S o b r e os C r im e s El e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Remissão:
CP, arts. 59 e 68,
Trata-se de regra especial. Não incide o art. 49 do Código Penal; portanto, a multa
penal eleitoral é receita para o Tesouro Nacional. Todavia, transitada em julgado a multa
é considerada dívida de valor e se sujeita à incidência do art. 51 do Código Penal.
Outrossim, o juiz poderá valer-se da regra do art. 50 do CP, parcelando
mensalmente o pagamento.
Rem issão:
CP, art. 51.
679
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Art. 287. Aplicam-se aos fatos incriminados nesta Lei as regras gerais
do Código Penal.
Remissões:
CE, art. 364.
CP, art. 12.
Art 288. Nos crimes eleitorais cometidos por meio da imprensa, do rádio
ou da televisão, aplicam-se exclusivamente as normas deste Código e as
remissões a outra lei nele contempladas.
6 8 0
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S o b r e o s C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a i E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Como se vê, uma vez identificado o crime praticado pela imprensa como sendo
de natureza eleitoral, a tipicidade deverá ser subsumida nos delitos contra a honra
da legislação eleitoral. Os crimes ofensivos contra a honra estão nos arts. 323 a 327
do Código Eleitoral.
681
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Liberdade de Imprensa
Eleitoral. Recurso. Agravo. Direito de resposta (art. 5e, V, e X/CF e 58 da Lei
n9 9.504/97). Liberdade de imprensa (art. 2 2 O/CF). Matéria jornalística
em claro desabono a candidato. Coexistência dos dois valores que não
são exciudentes. Concessão do direito de resposta. Não há cogitar de
direitos absolutos quando confrontadas garantias fundamentais, não se
podendo deixar de reconhecer o direito à proteção da honra e da imagem,
e o próprio direito de resposta, ambos emberçados na Constituição, a
pretexto de dizê-los incompatíveis à liberdade de imprensa e informação.
Absolutizar a liberdade de imprensa, em detrimento de valores também
fundamentais do indivíduo, significa estabelecer um sobrepoder, acima
do bem e do mal, irresponsável por seus atos, com potencial, todavia, de
destruir, ou mitificar, homens e instituições. Concessão de resposta que se
justifica em face da conduta atribuída a candidato que confronta lídimos e
urgentes interesses da população. Precedentes do TSE. Agravo improvido.
Recurso Especial Eleitoral 20.944/BA. Relator: Ministro Barros Monteiro.
6 82
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is So b r e os C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 2 3
Remissões:
CE, arts. 243, § 3 5 e 364.
CP, art. 12.
Bem jurídico
A tutela penal reside na proteção relativa à fase do alistamento eleitoral.
O alistamento eleitoral se dá através da qualificação e inscrição do eleitor. Nesse
sentido, dispõe o art. 42 do Código Eleitoral. A Resolução TSE n9 21.538, de 14 de
outubro de 2003, disciplina o alistamento eleitoral.
Outrossim, o Requerimento de Alistamento Eleitoral - RAE deve ser preenchido
pelo interessado e servirá como documento de entrada de dados, cujo processamento
se dá por meios eletrônicos e informatizados.
O alistamento importa na aceitação do interessado dentro do rol de eleitores
de uma zona eleitoral. Com a emissão do título eleitoral, o alistado passa a ser
considerado cidadão; portanto, qualquer fraude referente à certificação dos dados
pessoais do alistado atinge a regularidade do cadastro de eleitores, afetando o
683
M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Sujeito ativo
É crime comum e de mão própria ou atuação pessoal. O pretenso eleitor não
pode pedir a terceiro que assine o Requerimento de Alistamento Eleitoral.
Sujeito passivo
0 Estado que é atingido na organização do eleitorado, Trata-se de crime principal,
porque independe da prática de outros.
Tipo objetivo
A inscrição ocorre com o preenchimento do Requerimento de Alistamento
Eleitoral, sendo que o agente ativo da empreitada delitiva preenche dados
falsos exigidos no formulário próprio do requerimento. Inserir é incluir dados e
informações não verdadeiras no documento.
Incrimina-se a inscrição fraudulenta. A fraude ocorre através do artifício ou
ardil, com o ilaqueamento da boa-fé do servidor público que recebe o requerimento
de alistamento eleitoral e da própria Justiça Eleitoral.
A elem entar normativa "fraudulentamente eleitor" exige juízo de valoração
jurídica da qualidade ou não do eleitor e da própria fraude. Geralmente a fraude é
praticada com a informação falsa do nome, filiação ou endereço da residência. Os
casos mais comuns dizem respeito à migração de eleitores de uma comarca contígua
para alistarem -se no local que não residem.
Pré-candidatos com a antevisão das eleições, e contando com o contingente de
possíveis eleitores de outras cidades, organizam verdadeiras caravanas e promovem
o auxílio material na execução do delito em comento.
O crime em comento ocorre com maior intensidade nas eleições municipais
(prefeitos, vice-prefeitos e vereadores). Em uma cidade do Rio de Janeiro, certa
feita, havia 220 eleitores residindo no endereço de um poste da via pública, pois,
fraudulentamente, informaram no requerimento de alistamento eleitoral endereço
fictício. Na hipótese, a Justiça Eleitoral e o Ministério Público conseguiram punir o
pré-candidato responsável, os cabos eleitorais e os próprios "eleitores",
Para a consumação do delito basta a inserção de dados e informações no
documento de forma fraudulenta, pois não é necessário que o juiz eleitoral, servidor
público eleitoral ou o promotor eleitoral verifiquem o local de residência informado
falsamente no documento. O crime é formal. Nesse sentido também é a posição da
eminente doutrinadora Suzana de Camargo Gomes, em sua obra Crimes E leitorais
6 8 4
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is So bre os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Tipo subjetivo
Dolo. Não há forma culposa.
Conflito a p a re n te de norm as
Reside controvérsia com o disposto no art. 350 do Código Eleitoral, ou seja, com
o crime de falsidade ideológica eleitoral, pois o agente faz inserir no documento
publico informação falsa.
O eminente doutrinador Joel José Cândido entende que a inscrição nova ou
a transferência com a inserção falsa de endereço é crime do art. 350 do Código
Eleitoral.
Em sentido contrário é a posição do doutrinador Tito Costa, entendendo que a
inscrição originária e o pedido de transferência de uma zona eleitoral para outra é
conduta tipificada no art. 289 do Código Eleitoral (Costa, 2002).
Não resta dúvida que o pedido de transferência feito de forma fraudulenta com
a indicação falsa do domicílio eleitoral (CE, art. 55) é delito tipificado no art. 289
do Código Eleitoral. Nesse sentido, TSE-RHC 200, Acórdão 13.224, Relator Ministro
Torquato Jardim, DJ 19.2.1993, p. 2.051.
685
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Providências
Os servidores da Justiça Eleitoral, juizes eleitorais e membros do Ministério
Público devem exigir provas de contas de luz, gás, telefone, locação e documentos
outros que possam identificar a residência no local. Outrossim, havendo suspeita de
que os requerentes foram conduzidos para o cartório eleitoral e declararam idêntico
endereço, caberá diligenciar no endereço para a confirmação da veracidade das
informações. Ver comentários aos arts. 42 e 55 do Código Eleitoral.
Jurisprudência
Recurso em habeas corpus - Transferência Fraudulenta - art* 289
do CE. Impossibilidade de exame das alegações de serem verídicas
as declarações por demandarem incursão aprofundada da matéria
probatória. Transferência que não se concretizou ~ Tentativa passível
de punição - art. 14, II do Código Penal. Precedentes TSE. Recurso não
provido. Recurso em habeas corpus - Acórdão 27 - SP 19.10.1999 -
art. 289 CE. José Eduardo Rangel de Alckmin: Relator designado. DJ ~
Diário de Justiça, 9.11.1999, p. 151.
Ação Penal pelo crime do art. 289 do Código Eleitoral. Falta de justa
causa. Em sendo certo o entendimento, na espécie, de que a alistanda
tinha mais de uma residência ou moradia, poderia ela, licitamente,
optar entre a capital e o interior, quando do seu alistamento eleitoral.
Recurso ordinário provido. Ação Penal - Acórdão 8-SE 5.8.1997 -
art. 289 CE. Relator Nilson Vital Naves. Relator designado. DJ - Diário
de Justiça, 22.8.1997, p. 38.864. RJTSE ~ Revista de jurisprudência do
TSE, v. 9, t. 3, p. 11.
Rem issões:
CE, arts. 4 2 -6 1 ; 2 8 4 ; 350,
Lei ns 6.996/82 - Dispõe sobre a utilização de processamento eletrônico de
dados nos serviços eleitorais.
Lei ns 7.444/85 - Dispõe sobre a implantação do processamento eletrônico de
dados no alistamento eleitoral e a revisão do eleitorado.
Res.TSE n- 2 1 .5 3 8 /0 3 .
686
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r i m e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l ________ __________________ C a p ít u l o 23
Bem jurídico
Tutela-se o alistamento eleitoral.
Sujeito ativo
Crime comum. Qualquer pessoa pode praticar o delito. Admite-se a conduta do
servidor público.
Sujeito passivo
0 Estado atingido na organização do cadastro eleitoral.
Tipo objetivo
0 legislador adotou uma exceção pluralista à teoria monista ou unitária do
concurso de pessoas. A conduta é punida como forma de participação, pois, na
verdade, quem induz outrem a inscrever-se fraudulentamente deveria ser punido
pelo crime do art. 289 do CE c/c art. 29 do CP. No entanto, preferiu-se destacar a
figura da participação moral elevando-a à categoria de infração penal autônoma.
0 intérprete deve estar atento ao fato de que se o agente leva o eleitor
até a zona eleitoral, não estará sim plesm ente induzindo-o a inscrever-se
fraudulentam ente, mas sim auxiliando-o. A participação m aterial é conduta
subsumida no artigo an terior (CE, art. 2 8 9 ). Outrosssim, na análise da adequação
típica de subordinação im ediata deve o intérprete verificar se ocorreu coautoria
do candidato ou de cabos eleitorais, pois na m aioria dos casos estes não se
limitam a apenas auxiliar o pretenso eleitor, mas a fornecer-lhe todos os meios
para fraudar o alistam ento, v.g., atribuindo certificados de residência nos bairros
abrangidos pela zona eleitoral.
Tipo subjetivo
Crime doloso. Não há modalidade culposa. Ocorrendo culpa, o fato é atípico em
razão do princípio da excepcionalidade do crime culposo.
687
M arcos R amayana D ir e it o E l e it o r a l
Jurisprudência
Recurso Especial - Crime eleitoral - Induzimento à transferência
fraudulenta - Decisão regional que assentou que a conduta não se
subsume à figura típica prevista no art. 290 do CE - Recurso conhecido
e provido. Relator josé Eduardo Rangel de Alckmin. Relator designado.
DJ - Diário de Justiça, 21.5.1999, p. 107.
A jurisprudência da Corte é no sentido de que a expressão “inscrição'',
contida no art. 290 do Código Eleitoral, e gênero do qual a “transferência"
e espécie. Recurso Especial Eleitoral - Acórdão 15.321/RS.l 1.05.1999
- art. 290 CE.
Ementa: Recurso Especial. Pressupostos. Transgressão à norma
eleitoral: Induzimento. Inscrição eleitoral: Transferência. Tipicidade:
arts. 284 e 290, CE. 1. Não se conhece de recurso especial que não
indica o preceito legal que reputa violado ou a divergência de julgados.
2. Induzimento de terceiros para transferência de título eleitoral, sob
promessa de vantagens. Arts. 289 e 290, CE. 2.1. A jurisprudência da
Corte é no sentido de que a expressão "inscrição", contida no art. 290 do
Código Eleitoral, é gênero do qual a "transferência" é espécie. Tipicidade
da conduta. 2.2. A ação típica de induzir corresponde à caracterização
de crime unissubsistente, de modo que a prática dessa conduta, por
si só, é capaz de acarretar a sua consumação, independentemente do
fato de ter sido deferida a inscrição ou transferência. Relator Maurício
José Corrêa. Relator designado. DJ - Diário de Justiça, 22.5.1998, p. 72.
RJTSE - Revista de Jurisprudência do TSE, v. 10, t. 1, p. 241. Recurso
Especial - Acórdão 15.177/RN2 16.4.1998 - arts. 284 e 290 CE.
Recurso especial não conhecido. Recurso Especial - Acórdão 12.485/
SC. 30.9.1997 - art. 290 CE. Relator José Eduardo Rangel de Alckmin.
Relator designado. DJ - Diário de Justiça, 17.10.1997, p. 52.583. RJTSE
- Revista de Jurisprudência do TSE, v. 9, t. 4, p. 101.
Ementa. Recurso Especial - Criminal ~ art 290, do Código Eleitoral -
Crime que se consuma com o induzimento à inscrição ou transferência
eleitoral fraudulenta ~ Recurso não conhecido. Habeas corpus. Acórdão
298/MG 18.6.1996-art. 290 CE. Relator José Eduardo Rangel de Alckmin.
Relator designado. Publicação. RJTSE ~ Revista de jurisprudência do TSE,
v. 8, t. 2, p. 56. DJ ~ Diário de Justiça, data 1.7.1996, p. 23.963.
Ementa. Habeas corpus. Induzimento de transferência de eleitor
com infração à lei. Pretensão de trancamento da ação penal com
fundamento no art. 8 e, III, da Lei n9 6.996/82. Ordem denegada. O fato
de a transferência do título de eleitor se dar pela declaração, feita pelo
próprio interessado, sob as penas da lei, de estar no novo domicílio
por mais de três meses, não impede a caracterização do crime eleitoral
de induzimento de transferência de eleitor com infração à lei (CE,
art. 290). Ordem denegada.
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o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 2 3
Remissões:
CE, art. 284.
Nesta edição, Res.TSE n9 21.538/03.
CP, arts. 29-31.
Bem jurídico
O dispositivo legal protege o alistamento eleitoral.
Sujeito ativo
É um crime próprio que exige uma condição jurídica especial, ou seja, ser juiz
eleitoral investido na titularidade temporária de uma zona ou cartório eleitoral,
sendo ainda o responsável para assinar os títulos eleitorais e promover a inscrição
do alistando. Trata-se de crime personalíssimo. No entanto, admite-se que o crime
seja praticado por juiz eleitoral designado. Nesse sentido é a posição da eminente
doutrinadora Suzana de Camargo Gomes, que fundamenta corretamente o tema,
com base na interpretação sistêmica, com o art. 283,1, do Código Eleitoral.
Admite-se a comunicabilidade da elementar “juiz" aos participantes, desde que
tenham ingressado na esfera de seu conhecimento. O partícipe deve conhecer a
qualidade pessoal do autor "juiz eleitoral". A elementar só se comunica se integra o dolo
do partícipe. Aplica-se, subsidiariamente, a regra do a r t 30 do Código Penal. Se o agente
desconhece a qualidade pessoal, poderá praticar os delitos dos arts. 289 ou 290.
689
M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Sujeito passivo
0 Estado e o alistando que age de boa-fé.
Tipo objetivo
A elem entar normativa do tipo "fraudulentamente" exige o ardil, o engano ou
a iiaqueação da boa-fé. 0 crime só é punido se o juiz, agindo por conta própria ou
em concurso com terceiros, extran eu s ou intraneus, insere nome ou dados falsos,
inexistentes ou inverídicos no cadastro dos eleitores da zona eleitoral.
Admite-se a tentativa, pois não é necessária a expedição do título eleitoral. É
crime formal.
Tipo subjetivo
0 dolo. Não há forma culposa.
Rem issões:
CE, arts. 4 2-61; 284; 350.
Lei n e 6.996/82 - Dispõe sobre a utilização de processamento eletrônico de
dados nos serviços eleitorais.
Lei ne 7.444/85 - Dispõe sobre a implantação do processamento eletrônico de
dados no alistamento eleitoral e a revisão do eleitorado.
Bem jurídico
Tutela-se o cadastro eleitoral. Trata-se de crime contra a fase do alistamento
eleitoral.
Sujeito ativo
É crime próprio e personalíssimo. Só a autoridade judiciária é a responsável pela
negativa ou retardamento. Aplica-se a regra do art. 30 do Código Penal, conforme
comentários ao tipo anterior. Outrossim, é possível que o delito possa ser praticado
por juiz do Tribunal Regional ou Tribunal Superior Eleitoral, quando ocorra a
interposição de recurso (Lei n9 6.996/82, art. 7 a).
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Sujeito passivo
0 alistamento eleitoral é feito em todo o território brasileiro, através de regras
da Lei n 9 7.444/85 e da Resolução do TSE n- 21.538, de 14 de outubro de 2003;
portanto, o delito afeta diretamente o Estado e o alistando, pois nega-se ou retarda-
se a inscrição e, consequentemente, protela-se o exercício legítimo do direito de
voto e da cidadania.
Tipo objetivo
A legislação eleitoral indica quais documentos o alistando deve apresentar: prova
da nacionalidade brasileira (Lei na 7.444/85, art. 5 a, § 2 9); carteira de identidade
ou outra emitida por órgão de categoria profissional; certificado de quitação com o
serviço militar; e certidão de nascimento ou casamento. A negativa ou retardamento
são condutas que prejudicam a regular emissão do título eleitoral e o pleno exercício
do voto pelo alistando interessado.
Outrossim, é facultado o alistamento, no ano das eleições, ao menor que completar
16 (dezesseis) anos até a data do pleito, mas o título emitido só surtirá efeitos com o
implemento da idade de 16 (dezesseis) anos. Nesse sentido, Res.-TSE na 19.465/96.
Tipo subjetivo
0 dolo. Não admite forma culposa.
Rem issões
CE, arts. 4 2-61.
Lei ne 6.996/ 82 - Dispõe sobre a utilização de processamento eletrônico de
dados nos serviços eleitorais.
Lei n9 7.444/85 - Dispõe sobre a implantação do processamento eletrônico de
dados no alistamento eleitoral e a revisão do eleitorado.
Bem jurídico
Tutela-se o alistamento eleitoral.
691
M arcos R amayana D ir e i t o E l e it o r a l
Sujeito ativo
É crime comum. Admite-se o concurso com servidores públicos.
Sujeito passivo
0 Estado e o alistando.
Tipo objetivo
A perturbação ou o impedimento devem ocorrer em qualquer das efetivas etapas do
processo de alistamento eleitoral. Primeiramente, o alistando preenche o requerimento
de alistamento eleitoral com a ajuda do servidor público da zona eleitoral que digitará
as informações e, depois do documento assinado, o servidor ainda preencherá outros
dados nos espaços que lhe são reservados para submeter ao juiz eleitoral o pedido.
Assim, qualquer ato que possa atentar contra o bom funcionamento desta formalização
do alistamento eleitoral caracterizará o crime. Vê-se, portanto, que o delito é formal.
Admite-se tentativa em ambas as modalidades (perturbar ou impedir).
0 crime também incide nos pedidos de transferência, revisão, segunda via e
restabelecimento da inscrição cancelada.
Os partidos políticos, por seus delegados, podem fiscalizar os pedidos de
alistamento, transferência, revisão e segunda via, mas não podem os agentes
perturbar ou impedir o atendimento nas filas das zonas eleitorais e em relação aos
documentos relativos a estes pedidos.
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissões:
CE, arts. 4 2 -6 1 ; 296.
Lei ns 6.996/82 - Dispõe sobre a utilização de processamento eletrônico de
dados nos serviços eleitorais.
Lei ne 7.444/85 - Dispõe sobre a implantação do processamento eletrônico de
dados no alistamento eleitoral e a revisão do eleitorado.
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Bem jurídico
Tutela-se o legítimo exercício do direito de voto. O tipo penal protege a fase da votação.
Sujeito ativo
Trata-se de crime comum. Admite-se a prática do delito pelo mesário ou servidor
requisitado pela Justiça Eleitoral para atender nas filas e na seleção dos eleitores
aptos a votar, inclusive nos cartórios e zonas eleitorais. Nesta última hipótese
emerge um conflito aparente de normas com o delito do art. 91, parágrafo único, da
Lei ns 9.S04/97 (Lei das Eleições):
Sujeito passivo
O Estado. A democracia.
Tipo objetivo
A retenção é ato criminoso, exceto se ocorrer fundada suspeita de falsidade
do título eleitoral apresentado ao mesário ou servidor apto a habilitar o eleitor a
votar. O juiz eleitoral de forma fundamentada poderá apreender o título eleitoral
falsificado e encaminhar ao promotor eleitoral para a adoção das providências
legais cabíveis, como oferecer denúncia, ou instaurar inquérito. Aplica-se a regra do
art. 40 do Código de Processo Penal.
É delito formal que independe da produção de resultado naturalístico tenha ou
não o eleitor conseguido votar. O delito é de lesão ou mera conduta, pois basta o ato
de retenção para afetar e colocar em risco a liberdade de voto e o pleno exercício da
cidadania. A questão referente ao fato do eleitor ter conseguido votar pelo seu nome
693
M arcos R amayana D ir e it o E l e it o r a l
constar na lista de eleitores e por ele ter exibido um outro documento de identificação
não desautoriza a incidência da norma penal do art. 91, parágrafo único, da Lei
n2 9.504/97. A lei presume ju re e t de ju re que, se o agente retiver o título, o eleitor ficará
impossibilitado de votar ou apresentará dificuldades em exercer o direito de voto.
O crime não é qualificado como do tipo acessório; portanto, não fica na
dependência do exercício efetivo do voto.
Tipo subjetivo
O dolo.
Rem issões:
CE, arts. 114, parágrafo único; 146, V; 147; 148.
Lei ne 9.504/97 art. 91, parágrafo único.
Lei ne 5.553/68 - Dispõe sobre a apresentação e uso de documentos de
identificação pessoal.
Lei n5 9.049/95 - Faculta o registro, nos documentos pessoais de identificação,
das informações que especifica.
Decreto-Lei na 3.688/41 - LCP - art. 68.
Bem jurídico
A conduta ativa atinge os regulares serviços eleitorais. Trata-se de delito que
afeta a higidez e a segurança das relações entre partidos, coligações, candidatos,
membros do Ministério Público, eleitores e a Justiça Eleitoral.
Sujeito ativo
É crime comum.
Sujeito passivo
O Estado e as pessoas envolvidas nos trabalhos eleitorais. Pode ser considerado
delito de dupla subjetividade passiva.
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Tipo objetivo
A desordem deve prejudicar os trabalhos realizados na fase do alistamento,
votação, apuração ou diplomação dos eleitos, inclusive nas etapas da propaganda
política partidária ou eleitoral, registro de candidatos, prestação de contas, direito
de resposta e pesquisas eleitorais.
0 crime é absorvido pelos delitos dos arts. 39, § 5 S; e 72 da Lei ns 9.504/97.
Tipo subjetivo
O dolo.
Rem issões:
CE, art. 293.
Decreto-Lei n- 3.688/41 - LCP - arts. 4 2 ; 62; 65.
Bem jurídico
Tutela-se a plena liberdade de votar. É delito referente à fase da votação.
Sujeito ativo
É crime comum.
Sujeito passivo
A conduta afeta o Estado, a democracia e o eleitor.
Tipo objetivo
0 impedimento pode ocorrer através de ações concretas voltadas à manutenção
do eleitor em cárcere privado, seqüestro, tortura etc. É possível o concurso de
crim es nestas hipóteses. Ocorrendo violência ou grave ameaça direcionada a
votar ou não votar em candidato específico, o delito será o do art. 301 do Código
Eleitoral.
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Remissão:
CE, arts. 234; 301.
Bem jurídico
A conduta atinge a liberdade de votação. 0 sufrágio é direito público subjetivo
tutelado por norma constitucional (CF, art. 14).
Sujeito ativo
O crime é próprio. Não se deve admitir a prática por não autoridades, ou seja,
pessoas comuns do povo que podem deter um eleitor fora das hipóteses de flagrante
delito. Nesta hipótese, faz-se necessária a comprovação da coautoria ou participação
com as autoridades, porque o tipo penal em comento é remissivo e integrado pela
norma do art. 236 do próprio Código Eleitoral. Ora, se o particular detém o eleitor,
poderá responder por seqüestro ou cárcere privado do Código Penal, ou, ainda, o
deíito do art, 297 do Código Eleitoral.
A remissão ao art. 236 limita o sujeito ativo às autoridades (juizes, delegados de
polícia, agentes da Polícia Federal, Civil ou Militar) responsáveis pela prisão dos eleitores.
Trata-se de crime funcional denominado delicta in officio. A ausência da elementar
remitida “autoridade" poderá acarretar a atipicidade relativa para o delito de cárcere
privado ou seqüestro do Código Penal, ou, ainda, a atipicidade absoluta; portanto, o
crime pode ser tanto funcional impróprio como propriamente funcional.
A autoridade responsável pela prisão pode ou não estar exercendo funções
eleitorais. Pune-se, inclusive, as autoridades militares. Não há crime similar no
Código Penal Militar, assim, a tipicidade está afeta ao Código Eleitoral e enseja o
julgamento pela Justiça Eleitoral.
As autoridades, em regra, são processadas e julgadas pelo juiz eleitoral investido
na função eleitoral da zona correspondente ao local da prática do crime. Aplica-se a
regra do locus crim inis delicti. Todavia, ressalva-se as autoridades que tenham foro
por prerrogativa de função.
0 juiz e o promotor de Justiça são processados e julgados por crimes eleitorais
no Tribunal Regional Eleitoral. Incide a regra do art. 29, X, c/c art. 96, III, em
atendimento ao princípio da simetria; natureza da matéria eleitoral; especialidade;
697
M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Sujeito passivo
0 Estado e o eleitor preso ou detido por ação abusiva da autoridade.
Tipo objetivo
Vê-se que a hipótese poderá desafiar um conflito aparente de normas com o
disposto no art. 4 9 da Lei nQ4.898/65: "Constitui também abuso de autoridade: a)
ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades
legais ou com abuso de poder;"
Sobre o assunto, destacamos tema enfrentado no livro Abuso d e A utoridade e
Tortura ( R a m a y a n a , 2 0 0 3 , p . 1 1 2 ) .
Conflito com os incisos do parágrafo único do art. 350 do Código Penal. Relevante
questão.
Emerge ainda controvérsia pertinente ao art. 350 do Código Penal. Sobre o
assunto, trazemos à baila os ensinamentos de Cezar Roberto Bitencourt, in expressi
verbis:
São duas correntes que se digladiam, cada uma delas se posicionando
da seguinte forma: 1} Entendem que ocorreu ab-rogação, com a
revogação completa do art. 350 do CP pela Lei n9 4.898/65, arts. 39
e 4 e. Gilberto Passos de Freitas e Vladimir Passos de Freitas, Abuso
de autoridade, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1993, pp. 35-6. Na
jurisprudência, ver RT, 489:354, 504:379, 520:466, 394:267 e 556:322.
2) Defendem a existência de derrogação, com a revogação do art. 350,
caput e inciso III, pelo art. 4 a, a e b, da Lei ne-4.898/65: Damásio E.
de Jesus, Código Penal anotado, pp. 846-7; Paulo José da Costa Jr.,
Direito Penal objetivo, São Paulo, Forense Universitária, 1989, p. 710.
Na jurisprudência ver: RT, 592:344, 472:392 e 537:299; RTj, 54:304,
56:131 e 62:266; JTACrimSP, 81:182. Segundo esclarece Rui Stoco, a
tendência jurisprudencial é no sentido de que o art. 350 está absorvido
pela Lei ne 4.898/65 (Código Penal e sua interpretação jurisprudencial
São Paulo, Revista dos Tribunais, 1995, t. 2, p. 48) ( B i t e n c o u r t , 2002,
pp. 1.155-1.156).
Sustentando a revogação total do art. 350 do Código Penal são os ensinamentos
de Guilherme de Souza Nucci que, seguindo posição majoritária, entende que a Lei
de Abuso de Autoridade engloba todos os subtipos do art. 350 do Código Penal. 0
6 9 8
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
inciso I está envolto no art. 4 2, a; o inciso II, no art. 4 e, i; o inciso III, no art. 4 S, b; e o
inciso IV se amolda caso a caso diante das hipóteses da Lei de Abuso de Autoridade,
uma vez que a generalidade disposta no tipo do art. 350, por si só, é inaplicável.
Impende assinalar ainda, por necessário, que o entendimento do doutrinador
Damásio Evangelista de Jesus é no sentido de vigência dos incisos I, II e IV, do
parágrafo único, do art. 350 do Código Penal. Na hipótese do inciso I, leciona o mestre
que não basta receber o preso, mas, sim, recolhê-lo à prisão sem as formalidades
legais, v.g., ausência de carta de guia ou de mandado de prisão. O inciso II trata do
prolongamento ilegal da execução da medida privativa de liberdade e, por fim, o
inciso IV, de natureza mais ampla, espelha qualquer diligência abusiva. Diante do
caráter genérico do inciso IV, ousamos discordar apenas dá manutenção ainda em
vigência desse inciso, pois o abuso de poder, em qualquer diligência, encontrará
âncora típica na Lei de Abuso de Autoridade ou nos incisos I e III, do parágrafo único,
do art. 350 do Código Penal; portanto, entendemos que ainda estão em vigência os
incisos I e II.
Impende frisar que o delito do art. 298 é especial, além de exigir, dentro do prazo
do calendário eleitoral, um momento de incidência específica. Trata-se, portanto, de
norma temporária e que possui ultra-atividade.
6 99
M arcos R a m ayana D ir e it o E l e it o r a l
Críticas
0 art. 2 98 do Código Eleitoral, ao rem eter ao art. 236, trata de tipicidade remetida
e que deixa margem à insegurança jurídica.
Outrossim, os prazos para prisão dos eleitores e candidatos são exagerados e
acarretam situações práticas geradoras de impunidade.
Salvo-conduto
0 art. 647 do Código de Processo Penal diz textualmente que: "Dar-se-á h a b ea s
corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ha iminência de sofrer violência ou
coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.’'
Consagra o dispositivo duas formas de h a b e a s corpus:
a) o remediativo ou liberatório, tendo por finalidade a cessação de uma violência
ou coação ilegal exercida contra determinada pessoa; e
b) o preventivo, que visa impedir a consumação da violência ou coação. Neste caso,
a tutela serve para salvaguardar a ameaça da liberdade, e o pedido deve pleitear
a expedição de “salvo-conduto" quando detectado o perigo iminente para a
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C o n s id e r a ç õ e s G e r a is So bre os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 2 3
Tipo subjetivo
Dolo. Não admite forma culposa. Princípio da excepcionalidade do crime culposo,
art. 18, parágrafo único, do Código Penal. A imprudência ou negligência, portanto,
acarretam a atipicidade da conduta.
Remissões:
CE, art. 284.
CF, art. 5 Ô, LVIH, LXI, LXIX.
Lei n- 6.015/73 - Lei dos Registros Públicos.
Decreto-Lei n- 3.688/41 - LCP - art. 68.
Bem jurídico
Tutela-se o livre exercício do voto afastando-se o comércio ilícito eleitoral.
Sujeito ativo
É crime comum. O delito pode ser praticado por: cabos eleitorais, pré-candidatos,
eleitores, pessoas comuns do povo, autoridades, servidores públicos etc. Admite-se
a coautoria e participação em todas as modalidades.
Sujeito passivo
0 Estado e o cidadão-eleitor. É delito de dupla subjetividade passiva.
701
M arcos R a m ayana D ir e it o E l e it o r a l
Tipo objetivo
0 delito é apontado pelos doutrinadores Nelson Hungria, Tito Costa, Joel José
Cândido, Pedro Henrique Távora Niess e Suzana de Camargo Gomes com o nome
iuris de "corrupção eleitoral".
Pune-se no mesmo tipo as corrupções ativa (dar, oferecer e prometer) e passiva
(solicitar ou receber),
A promessa de abstenção é delito formal.
702
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
0 eleitoralista Tito Costa (2002, pp. 5 5 -5 6 ) leciona que o art. 41-A não tem
conotação na esfera penal eleitoral, mas apenas no aspecto do registro e do diploma
do candidato.
Assiste razão à doutrina.
O tipo do art. 299 do Código Eleitoral não retrata uma norma penal em branco,
ou seja, não é carecedor de complemento normativo da mesma fonte legislativa
(normas penais em branco em sentido amplo), nem tampouco de fonte legislativa
diversa (norma penal em branco em sentido restrito).
Não partilhamos de eventual posição sobre o entendimento de que o art. 299 do
Código Eleitoral seja uma norma penal em branco em sentido amplo, e, portanto, o
art. 41-A lhe colmataria aspectos jurídico-eleitorais.
Na verdade, o tipo do art. 2 9 9 do Código Eleitoral contém elementos objetivos
normativos que são preenchidos por juízo de valoração, v.g., "outra vantagem", "e
prometer abstenção", além de elementos objetivos como "oferecer", "prometer" etc.
Âs formas em que se apresentam os elementos normativos se fazem sobre os
injustos ou termos jurídicos. Vê-se que não estamos, e podemos afirmar sem receio
de errar, diante de norma penal em branco em sentido amplo.
Assim sendo, não há complementação do a r t 299 do Código Eleitoral pela
norma do art. 41-A da Lei ne 9.504/97, mas apenas duplicidade de incidência sobre
as hipóteses de captação de sufrágio, com reflexos na esfera penal e não penal
(puramente eleitoral).
O crime do art. 299 é similar ao tipificado no art. 334 do Código Eleitoral.
O art. 3 3 4 do CE vincula a distribuição de mercadorias aos sorteios, bingos,
rifas e outras práticas de jogos, pois é, na verdade, um tipo especial de corrupção
eleitoral cujas elementares normativas "distribuição de mercadorias, prêmios e
sorteios” estão interligadas.
Tipo subjetivo
O delito só pode ser praticado por dolo.
Rem issões:
CE, arts. 284; 334.
CF, art. 14, §§ 1 0 ,1 1 .
LC ne 64/90 - Lei das Inelegibilídades - art. 22.
Lei ne 9.504/ 97, art. 41-A.
CP, arts. 317; 333.
703
M arcos R am ay an a D ir e it o E l e it o r a l
Bem jurídico
Liberdade de voto.
Sujeito ativo
Trata-se de crime próprio. Delicta in officio que pode ser ou não praticado por
servidor público dos quadros da Justiça Eleitoral (CE, art, 283). Qualquer servidor
público poderá praticar o delito, mesmo que particularmente não esteja envolvido
com funções afetas ao serviço eleitoral.
Por fim, como já foi feita menção em com entários anteriores, os crim es
tipificados na Lei de Abuso de Autoridade são crim es funcionais próprios, d elicta
in o fficio , o servidor age invocando a função pública ou na m anifestação fática
de exteriorização dessa função. O crim e funcional próprio ou propriam ente
funcional significa que a elem entar “funcionário público", se for retirada, opera
a atipicidade absoluta (exemplo da prevaricação). O crime funcional impróprio,
im propriam ente funcional ou m isto, acarreta na inoperância da elem entar
"funcionário público" a atipicidade relativa (exemplo: o peculato x apropriação
indébita).
Na Espanha, Grécia e Alemanha acolhe-se similar tipo penal, evitando-se a prática
do voto coagido ou da coação eleitoral.
Sujeito passivo
O Estado e a vítima coagida. Delito de dupla subjetividade passiva.
Tipo objetivo
A doutrinadora Suzana de Camargo Gomes exemplifica o delito de coação, como
nas hipóteses em que um servidor público hierarquicamente superior ameaça com
pena de demissão o inferior para que o mesmo vote ou não em determinado candidato.
É delito subsidiário do art. 301 do Código Eleitoral.
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C o n s i d e r a ç õ e s G e r a i s S o b r e o s C r im e s E l e i t o r a i s e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissões:
CE, art. 103.
CF, art. 60, § 4 9, II.
Lei n2 4.898/65 - Lei de Abuso de Autoridade - a r t 5 Q, g.
Bem jurídico
Liberdade de voto.
Sujeito ativo
É crime comum.
Sujeito passivo
0 Estado e o coato (vítima). Delito de dupla subjetividade passiva.
Tipo objetivo
A violência ou grave ameaça referidas no tipo penal podem se dar: de forma
física, vis a bsolu ta ou moralmente, vis com pulsiva. O agente, usando de força física,
brutalidade, por exemplo, é relacionado ao especial fim de agir, ou seja, obrigar a
votar ou evitar votar em determinado candidato ou legenda.
705
M arcos R a m a y a n a D ir e it o E l e it o r a l
Tipo subjetivo
Dolo.
Rem issão:
CE, arts. 284; 302.
706
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r i m e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 2 3
Bem jurídico
Liberdade de voto.
Sujeito ativo
Crime comum.
Sujeito passivo
0 Estado.
Tipo objetivo
A coação e o aliciamento estão previstos no art. 39, § 5 9, II, da Lei ne 9.504/97.
Outrossim, o uso de violência ou grave ameaça é crime tipificado no art. 301 do
Código Eleitoral.
Entendemos que, se houver o simples impedimento, o delito será o do art. 297
do CE, desde que não seja o dia da eleição, pois, se o for, o delito do art. 302 é mais
especial e, portanto, prevalece no conflito aparente de normas.
A conduta de em baraçar m erece enquadramento neste tipo penal, assim como a
fraude (engano, ardil ou artifício) ao exercício do voto. Todavia, a concentração de
eleitores é fato previsto no art. 39, § 5 9, II, sob o manto do aliciamento. Assim, dentro
desse tipo múltiplo alternativo, esta última conduta foi revogada tacitamente.
Outrossim, no que pertine ao delito de fornecimento de alimentos e transporte,
o artigo foi revogado tacitam ente pelo disposto no art. 11, II, da Lei n9 6.091/74. A
norma é mais ampla e especial neste aspecto, além de poder coexistir com o delito de
corrupção eleitoral (CE, art. 299), ambos na forma do concurso material de crimes,
mas dependerá da hipótese concreta. Sustenta a revogabilidade, o doutrinador Joel
José Cândido.
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissões:
CE, arts. 297; 301.
Lei ne 6.091/74, arts. 10; 11, III.
CP, art. 29.
707
M arcos R amayana D ir e it o E l e it o r a l
Bem jurídico
A tutela reside sobre as relações de consumo de natureza eleitoral. Não é crime
tipificado no Gódigo de Defesa do Consumidor, mas não deixa, de atender aspectos
relativos ao consumidor em geral.
Sujeito ativo
É crime próprio. Somente os comerciantes podem praticar o delito. Admite-se o
concurso de pessoas.
Sujeito passivo
0 Estado e o consumidor. Delito de dupla subjetividade passiva.
Tipo objetivo
É um delito formal. Nesse sentido, Suzana de Camargo Gomes. A majoração dos
preços e serviços é crime de mera conduta ou lesão, pois mesmo que o consumidor
pague pelos aumentos abusivos já haverá o rebaixamento do nível de igualdade nas
relações de consumo.
Se o agente aumenta o preço do transporte, atinge não apenas o eleitor, mas
todos os envolvidos na relação de consumo.
O doutrinador Fávila Ribeiro diz que o crime reprime a exploração econômica.
É comum o aumento dos preços nas gráficas destinadas a imprimir santinhos,
folhetos e material de propaganda. Nesse aspecto, o candidato e os partidos são
sujeitos passivos deste crime.
Tipo subjetivo
Dolo.
Rem issões:
CE, art. 299.
7 08
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S o br je os C r i m e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 2 3
Bem jurídico
Relações de consumo no dia da eleição.
Sujeito ativo
É crime próprio. Somente os comerciantes podem praticar o delito. Admite-se o
concurso de pessoas.
Sujeito passivo
0 Estado e o consumidor. Delito de dupla subjetividade passiva.
Tipo objetivo
A elementar "açam barcar” diz respeito a chamar para si, monopolizar es serviços
na relação de consumo.
O agente responde pelo delito, independentemente da obtenção da vantagem
econômica, profissional ou de emprego. Nesse sentido o crime é formal.
O autor do crime, na verdade, é um corruptor passivo, porque, de certa forma,
receberá uma vantagem qualquer para praticar esta conduta. Poderá ocorrer o
concurso material com o delito do art. 299 do Código Eleitoral.
É possível o concurso de crimes com o delito do art. 59 da Lei ne 6.091/74.
Tipo subjetivo
Dolo.
709
M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Remissão:
Nesta edição, Lei n- 6.091/74 - Dispõe sobre o fornecimento gratuito de
transporte, em dias de eleição, a eleitores residentes nas zonas rurais.
Bem jurídico
Tutela-se a regularidade do processo de votação.
Sujeito ativo
Crime próprio. Somente a "autoridade estranha” é agente ativo da empreitada
delitiva. Admite-se a comunicabilidade da elementar normativa (CP, art. 30} e,
assim, o concurso de pessoas. 0 particular que intervém estará sujeito aos crimes
dos arts. 296 ou 297 do Código Eleitoral.
Sujeito passivo
O Estado.
Tipo objetivo
O legislador usa o verbo intervir A intervenção se dá verbalmente ou por escrito
e através de atos concretos (ações intencionais). Não basta o agente perguntar ou
indagar sobre o funcionamento, o tipo exige a intervenção, ou seja, atrapalhar os
trabalhos da mesa receptora que são conduzidos pelo juiz eleitoral titular da zona
eleitoral ou designados para determinada zona eleitoral, bem como os mesários e
secretários. Ver as regras contidas nas resoluções eleitorais expedidas pelo TSE, de
acordo com o art, 105 da Lei ne 9.504/97, para cada eleição. Poder normativo (CE,
art. 1-, parágrafo único). Conferir a regra do art. 127 do Código Eleitoral.
A Força armada não pode intervir (CE, art. 141). Distância mínima de 100 (cem)
metros da seção eleitoral.
O juiz eleitoral de outra zona eleitoral poderá ser sujeito ativo, assim como os
promotores eleitorais não designados, defensores públicos, militares e policiais em geral.
710
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r i m e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissão:
CE, arts. 139; 140, §§; 284.
Art. 306 Não observar a ordem em que os eleitores devem ser chamados
a votar:
Pena: pagamento de 15 (quinze) a 30 (trinta) dias-multa.
Bem jurídico
Tutela-se o salutar desenvolvimento dos trabalhos da fase de votação.
Sujeito ativo
Crime próprio. Somente os mesários ou secretários podem praticar o crime. Não
se aplica aos fiscais de partido nem a outras autoridades, exceto o juiz eleitoral
investido da competência eleitoral, que poderá dar ordem inversa. Admite~se o
concurso de pessoas.
Sujeito passivo
O Estado e o cidadão-eleitor. É crime de dupla subjetividade passiva.
Tipo objetivo
0 tipo faz menção à ordem de votação. Na prática, este crime é de diminuta
aplicabilidade, porque durante a votação costuma-se, pelo calor dos acontecimentos,
de forma culposa ignorar a ordem de preferência.
A ordem de preferência é elem entar normativa e de valoração jurídica eleitoral;
portanto, caberá ao intérprete consultar os arts. 143 e 146 do Código Eleitoral e
resolução específica do Tribunal Superior Eleitoral (norma penal em branco).
711
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissão:
CE, arts. 1 4 6 ,1-XIV; 284.
Bem jurídico
Resguarda-se a higidez do processo de votação. Assegura-se ao eleitor o sigilo da
votação (CE art. 103). Conferir a regra do art. 60, § 4 S, II, da Carta Magna.
Sujeito ativo
É crime comum. Um particular poderá ter subtraído uma cédula e, posteriormente,
fornecê-la ao eleitor visando a deflagração do voto formiguinha ou carreirinha.
Todavia, em sua essência, o crime é próprio. Trata-se de delicta in officio, porque
somente o juiz, mesário e servidor público eleitoral, a princípio, têm acesso à cédula
oficial. Admite-se, de toda sorte, a coautoria ou participação.
Com a adoção do sistema informatizado, qualquer alteração ou fraude encontra
tipicidade no art. 72 da Lei n- 9.504/97. Nesse sentido, também é a posição da
renomada doutrinadora Suzana de Camargo Gomes.
712
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is So bre os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 2 3
A cédula não oficial fornecida ao eleitor é fato atípico eleitoral. Pode-se operar a
atipicidade relativa para o delito de estelionato (CP, art. 171).
Sujeito passivo
0 Estado e, secundariamente, o eleitor prejudicado por não ter legitimamente
votado em candidato ou legenda de sua preferência. 0 interesse maior não é do
eleitor, mas da guarda do regime democrático e regularidade da votação.
Tipo objetivo
É crime material de resultado naturalístico. 0 fornecimento significa entregara cédula
verdadeira, oficial, ao eleitor, além de estar previamente assinalada pelo fraudador.
A cédula falsa não preenchida por terceiros poderá ser crime do art. 171 do
Código Penal, ou do art. 297 do Código Eleitoral, ou ainda do art. 308 do CE.
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissão:
CE, arts. 1 0 3 ,1, III; 104; 2 8 4 ; 350.
Bem jurídico
Tutela-se a regularidade do processo de votação.
Sujeito ativo
Ver comentários ao crime anterior.
Sujeito passivo
Ver comentários ao crime anterior.
713
M a r c o s R a m a y a n a __________________ D ir e ito E le ito r a l
Tipo objetivo
0 tipo é diferente daquele do art. 307, que trata do fornecimento de cédula
marcada. Aqui, o delito é do fornecimento de cédula marcada ou não ao eleitor fora
do momento reservado para o ato formal da entrega.
0 Tribunal Superior Eleitoral costuma redigir manuais específicos para os
mesários, sendo este o último, in expressi verbis:
Os mesários deverão votar no decorrer da votação, após o voto dos
eleitores que estiverem presentes no momento da abertura dos
trabalhos.
Identificação do eleitor
0 eleitor será identificado com a apresentação do título eleitoral
ou de documento público de identificação (carteira de identidade,
identidade funcional, carteira profissional - OAB, CRM etc. carteira de
trabalho, certificado de alistamento militar, certificado de reservista,
carteira nacional de habilitação ou outro documento que comprove sua
identidade).
Mesmo sem a apresentação do título, o eleitor poderá votar, desde que
apresente documento que comprove sua identidade e seu nome conste
do caderno de folhas de votação e da urna eletrônica.
Não poderá votar o eleitor cujo nome não conste do caderno de folhas
de votação nem da urna eletrônica. Neste caso, o título apresentado,
se for daquela zona e seção, deverá ser retido, e o eleitor, orientado a
procurar o cartório eleitoral, no prazo de até 60 dias, para regularizar
sua situação.
Haverá, no fim do caderno de foihas de votação, lista dos eleitores
impedidos de votar.
Em caso de dúvida quanto à identidade do eleitor, o presidente da
mesa deverá solicitar a apresentação de outro documento público de
identificação. Na falta deste, irá interrogá-lo sobre os dados constantes
do título ou da folha de votação e confrontar a assinatura do documento
com aquela feita pelo eleitor na presença do presidente.
Impugnação à identidade do eleitor
A impugnação à identidade do eleitor será aceita quando persistir
dúvida quanto à sua identificação. Essa impugnação poderá ser
apresentada por mesários, fiscais, delegados, candidatos ou qualquer
eleitor, verbalmente ou por escrito, antes de o eleitor ser habilitado a
votar. Então, o eleitor será convidado a aguardar até que o juiz eleitoral
compareça à seção para decidir sobre o problema. Enquanto isso, a
votação prosseguirá normalmente.
Registrar em ata o número de impugnações, os motivos alegados e as
decisões tomadas.
714
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S o b r e os C r i m e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Fiscalização
Poderão fiscalizar a votação:
- candidatos registrados e seus advogados, desde que estes estejam
portando procuração;
- delegados: dois de cada partido ou coligação por município, os quais
deverão se identificar pela credencial do partido ou da coligação,
atuando um de cada vez, podendo ser substituídos. Quando o município
abranger mais de uma zona eleitoral, poderão ser nomeados dois
delegados para cada uma delas;
- fiscais: dois de cada partido ou coligação por mesa receptora, os
quais deverão se identificar pela credencial do partido ou da coligação,
atuando um de cada vez, podendo ser substituídos. Os fiscais poderão
atuar em mais de uma seção do mesmo local de votação.
Propaganda eleitoral no recinto da seção
- Aos mesários é proibido o uso de vestuário ou objeto que contenha
qualquer propaganda de partido, coligação ou candidato.
- Aos delegados e fiscais só é permitido, nas vestes utilizadas, trazer o
nome e sigla do partido ou da coligação a que sirvam.
- Aos eleitores somente é permitida a manifestação individual e
silenciosa da preferência por partido, coligação ou candidato, inclusive
a contida no próprio vestuário e em bandeira, flâmula ou objeto de que
tenha posse.
Polícia dos trabalhos eleitorais
Cabe ao presidente da mesa receptora e ao juiz eleitoral a polícia dos
trabalhos eleitorais, não podendo nenhuma autoridade estranha à
mesa intervir, sob pretexto algum, no seu funcionamento.
O presidente da mesa, durante os trabalhos, é a autoridade superior,
podendo retirar do recinto ou do edifício quem não aguardar a ordem
e a compostura devidas ou estiver praticando qualquer ato atentatório
à liberdade eleitoral.
Somente podem permanecer na seção os componentes da mesa, os
candidatos, seus advogados, um fiscal e um delegado por partido
ou coligação e o eleitor durante o tempo necessário à votação ou à
justificação.
A força pública ficará a cem metros da seção eleitoral, não podendo
se aproximar do lugar de votação ou nele ingressar sem ordem do
presidente da mesa.
0 eleitor não poderá ingressar na seção com telefone celular ou
equipamento de radio-comunicação ligado.
Fluxo de votação (passo a passo)
71S
M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Tipo subjetivo
Dolo.
Rem issão:
CE, arts. 103, III; 284; 307.
Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem:
Pena: reclusão até três anos.
Bem jurídico
A lei protege a fase da votação e a democracia.
716
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Sujeito ativo
Qualquer pessoa. Crime comum. Admite-se a participação de terceiros, mas não
a coautoria. Trata-se de crime de mão própria ou de atuação pessoal.
Sujeito passivo
O Estado.
Tipo objetivo
0 delito é classificado como do tipo de atentado, pois a pena da tentativa é
idêntica à do crime consumado.
Questionam-se os delitos de atentado no Direito Penal hodierno, pois a igualdade
de tratamento punitivo entre a conduta tentada e consumada viola o princípio da
individualização da pena, culpabilidade e razoabilidade. Imagine-se que a tentativa
imperfeita terá a mesma sanção do que a conduta consumada.
0 agente poderá praticar o delito do art. 311 do Código Eleitoral.
0 tipo evita o voto múltiplo ou familiar, ou seja, procura-se criminalizar formas
já adotadas no direito pátrio e alienígena referentes ao sufrágio desigual ou
iniqualitário.
Votar em lugar de outrem. Este tipo penal proíbe que o mesário possa habilitar
outro eleitor para votar durante o processo de votação no lugar de outrem. No último
pleito eleitoral, um mesário, por descuido, habilitou o eleitor José Maria no lugar do
eleitor José Mário. Assim, no momento em que chegou o eleitor José Mário para
votar, já constava como se tivesse votado. Nestes casos, mediante autorização do
juiz eleitoral, recomenda-se que o eleitor José Mário vote por último, habilitando-
se no lugar de eleitor faltoso, Mas, para que esta providência possa ser efetivada, o
eleitor José Mário deverá aguardar até o término da votação dos demais eleitores.
Tipo subjetivo
Dolo, Não poderá o mesário ser penalmente responsabilizado por descuido na
habilitação do eleitor em lugar de outrem.
Remissão:
CE, arts. 103, II; 1 1 7 ; 131; 142; 146; 284.
717
M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Bem jurídico
Tutela-se a fase da votação.
Sujeito ativo
Crime comum. Os mesários podem praticar ou tolerar a prática de terceiros.
Admite-se a coautoria ou participação.
Sujeito passivo
O Estado e o regime democrático.
Tipo objetivo
0 delito é material. Exige-se a anulação da votação. Significa que a conduta
praticada pelo agente deverá estar correlacionada com a causa de anulabilidade
dos votos na seção eleitoral.
Cumpre ao intérprete examinar se o mesário, v.g., agiu deliberadamente com a
finalidade de causar a anulação dos votos. A anulação deverá ser decretada por
decisão da Junta Eleitoral, mas a responsabilidade penal do mesário ou terceiros é
decorrente de processo e julgamento perante o juiz eleitoral (juízo monocrático).
Vê-se que o órgão julgador é diverso e a anulação da votação, por si só, não é causa
que faz emergir a tipicidade, ilicitude ou culpabilidade na conduta do agente. É
necessário investigar se o acusado agiu dolosamente, além de verificar-se o nexo de
causalidade entre a ação e o resultado naturalístíco.
0 art. 171 do Código Eleitoral exige a formulação de impugnação perante a Junta
para o conhecimento do recurso contra a apuração. Percebe-se que as causas de
anulação da eleição devem ser restritivas, até porque vige o princípio da legitimidade
da votação e das eleições,
O art. 175 do CE enumera hipóteses de nulidade das cédulas eleitorais.
Alguns casos ensejam a anulação: defeito proposital na urna eletrônica que não
é substituída e impossibilita os eleitores de votar; fraudes na votação; abandono da
seção pelos mesários; permissão de invasão de cabos eleitorais etc.
71«
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S o b r e os C r i m e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
O crime do art. 310 poderá estar correlacionado com outros crimes, como os dos
arts. 297, 300 e 301.
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissão:
CE, arts. 119-121; 124; 125; 127; 130; 284.
Art. 311. Votar em seção eleitoral em que não está inscrito, salvo
nos casos expressamente previstos, e permitir o presidente da mesa
receptora, que o voto seja admitido:
Pena: detenção até 1 (um) mês ou pagamento de 5 (cinco) a 15 (quinze)
dias-multa para o eleitor e de 20 (vinte) a 30 (trinta) dias-multa para
o presidente da mesa.
Bem jurídico
Resguarda-se o processo de votação.
Sujeito ativo
0 crime é de natureza mista. Comum em relação à conduta do eleitor que vota em
local em que não está inscrito, e funcional em relação ao presidente da seção que se
omite e permite o voto ilícito.
Sujeito passivo
O Estado.
Tipo objetivo
A lei protege a fidelidade da lista dos eleitores de uma determinada seção
eleitoral e, assim, o cadastro eleitoral, ou seja, a relação de eleitores.
0 doutrinador Joel José Cândido ensina que, se o mesário admite o voto em
separado, não haverá crime, porque o voto nestes casos é legalmente permitido
pela legislação eleitoral.
0 voto em separado permanece em .relação à votação que não segue a urna
eletrônica, porque o art. 62 da Lei ne 9.504/97 diz que:
719
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Art. 62. Nas Seções em que for adotada a urna eletrônica, somente
poderão votar eleitores cujos nomes estiverem nas respectivas folhas
de votação, não se aplicando a ressalva a que se refere o art. 148, § l 9,
da Lei n9 4.737, de 15 de julho de 1965 (Código Eleitoral).
Assim, se o mesário permite que um eleitor seja habilitado sem que o nome dele
conste da folha de votação, estará praticando a conduta delituosa, desde que tenha
agido dolosamente.
0 art. 309 do CE poderá ocorrer em concurso material com o delito em comento.
Nesse sentido, Joel José Cândido.
Tipo subjetivo
Dolo
Remissão:
CE, arts. 145, parágrafo único, incisos; 284.
Bem jurídico
Tutela-se o sigilo do voto e sua liberdade. 0 art. 60, § 4 e, da CF (cláusula pétrea)
garante o sigilo do voto. O art. 103 do Código Eleitoral diz quais as formas de
proteção ao sigilo.
Sujeito ativo
É crime comum. Os eleitores ou não eleitores podem praticar o delito, inclusive
os mesários e funcionários públicos em geral.
Sujeito passivo
O Estado e o regime democrático. Atinge-se a lisura do processo eleitoral de
votação.
Tipo objetivo
A elem entar normativa de valoração jurídica é complementada pelo art. 103 do
Código Eleitoral.
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is So bre os C r i m e s E l e it o r a is e
o P ro cesso P en al E le ito r a l C a p ít u l o 23
Se, por exemplo, o eleitor estiver votando e a cabine de votação não for colocada
de forma a proteger o sigilo do voto, podemos estar diante da figura típica eleitoral,
desde que tenha havido dolo do agente.
Os mesários rotineiram ente são chamados pelos eleitores para explicar como
votar na urna eletrônica. As explicações não podem atingir o sigilo do voto. Desta
forma, não pode o mesário penetrar no interior da cabine de votação, sob pena de
violar o tipo penal.
Não há que se aduzir em erro de proibição invencível, pois todas as instruções
são fornecidas em reuniões dos juizes eleitorais com os mesários.
Questiona-se o delito em comento como sendo flagrantemente violador do
princípio da individualização da pena ou culpabilidade, pois nivela a conduta de
ampliação temporal da figura típica (tentativa) ao mesmo patamar dosimétrico da
consumação. Trata-se de crime de atentado em que a pena da tentativa é igual à do
crime consumado.
0 doutrinador Joel José Cândido entende que a divulgação do voto é conduta
atípica.
De fato, a divulgação do voto pelo próprio votante é conduta atípica, mas a
divulgação feita por terceiros, sem a prévia divulgação do titular, é exaurimento do
delito, pois, nesta hipótese, o sigilo foi quebrado e ainda foi o voto divulgado.
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissões:
CE, arts. 103; 175; 284.
CF, art. 60, § 4 e, II.
721
M a rc o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Bem jurídico
Tutela-se a regularidade dos trabalhos de apuração dos votos. A fase protegida
é a da apuração.
Sujeito ativo
Trata-se de d elicta in officio. Crime próprio e personalíssimo. O juiz e os membros
da Junta Eleitoral é que respondem penalmente. Admite-se a comunicabilidade da
elementar (CP art. 30).
Sujeito passivo
0 Estado e o regime democrático.
Tipo objetivo
0 artigo consagra um princípio de ordem pública eleitoral, como bem assinalou
a doutrinadora Suzana de Camargo Gomes, ou seja, não é possível apurar uma urna
sem a finalização da apuração da urna anterior.
0 art. 68 da Lei ne 9.504/97 refere-se ao boletim de urna que segue o modelo
aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral. O boletim original é a prova do vestígio
material da infração penal (CPP, arts. 158; 167).
Outrossim, o art. 68, §§ 1- e 2 e, da Lei ne 9.504/97, tipifica como crime a conduta
do presidente da mesa receptora que deixa de entregar cópia do boletim de urna.
Vê-se que o doutrinador Tito Costa está pleno de razão quando faz menção à
incriminação de condutas administrativas eleitorais, O legislador, visando garantir
a lisura do processo eleitoral, passou a tipificar condutas de natureza administrativa
eleitoral, excedendo-se nos tipos penais.
Convém ponderar que a seleção dos bens jurídicos com a proteção do Direito Penal
em matéria eleitoral deve ser consentânea aos princípios da intervenção mínima
e adequação social. A fragmentaridade na escolha dos tipos penais eleitorais seria
reservada a condutas especialmente perigosas, pois as multas administrativas e a
punição não penal servem na maioria dos casos como sanções proporcionais e razoáveis.
O delito é omissivo. É crime material. Não se admite a tentativa.
Tipo subjetivo
DoJo.
Remissões;
CE, arts. 179, §§; 187; 196.
Lei n a 9.504/97, art. 68, § l 9.
722
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Bem Jurídico
A norma protege o sigilo do voto e os serviços relativos à apuração. A tutela reside na
preservação do resultado oficial das eleições para fins de eventual recontagem de votos.
Sujeito ativo
O delito é funcional. Crime próprio dos membros da junta eleitoral e do juiz.
Admite-se a comunicabilidade da elem entar funcional (CP art. 30) desde que tenha
ingressado na esfera de conhecimento do extraneus.
Sujeito passivo
O Estado e o regime democrático.
Tipo objetivo
A lei protege a apuração pelo sistema tradicional. 0 tipo não incide no sistema
informatizado. Nesse sentido é a lição de Suzana de Camargo Gomes.
Ver comentários anteriores, inclusive ao art. 68 da Lei ne 9.504/97.
Resguarda-se a fidedignidade dos votos apurados em determinada urna
convencionai. Ver o art. 72 da Lei ne 9.504/97.
Tipo subjetivo
Doio.
Remissão:
CE, arts. 183, parágrafo único; 284.
M a r c o s R am ayana D ir e it o E ie it o r a l
Art. 315. Alterar nos mapas ou nos boletins de apuração a votação obtida
por qualquer candidato ou lançar nesses documentos votação que não
corresponda às cédulas apuradas:
Pena: reclusão até 5 (cinco) anos e pagamento de 5 (cinco) a 15 (quinze)
dias-multa.
Bem jurídico
Tutela-se a regularidade do processo de votação e apuração dos votos,
especialmente o valor original dos votos contabilizados pela Justiça Eleitoral.
Sujeito ativo
Crime comum. Em regra o delito exige uma qualidade especial do agente, ou seja,
geralmente quem pratica mapismo é o escrutinador ou membros da junta eleitoral
e os servidores da Justiça Eleitoral.
Sujeito passivo
0 Estado e o candidato, partido político ou coligação atingidos pela fraude. Trata-
se de delito de dupla subjetividade passiva.
Tipo objetivo
0 delito refere-se ao sistema convencional por cédulas. Se a fraude ocorrer
através da urna eletrônica, o delito será o do art. 72 da Lei n- 9.504/97. O tipo do
art. 315 fez menção às “cédulas"; portanto, quando os votos são decorrentes da
urna eletrônica, aplica-se a lei posterior, já de acordo com a elem entar normativa do
tipo penal. Nesse sentido é a posição correta da doutrinadora Suzana de Camargo
Gomes.
Os mapas pelo sistema tradicional são preenchidos após a confecção dos
boletins de urna, que resumem os votos totais de cada seção e da zona eleitoral. A
alteração se dá pela inserção inverídica de votos para outra legenda ou candidato,
mas também pode ocorrer pelo aumento do número de votos em branco ou nulos.
Percebe-se que o delito é uma espécie de falsidade ideológica em que se altera o
conteúdo do documento oficial. No confronto com o delito do art. 350 do Código
Eleitoral prevalece a regra especial do art. 315.
O conjunto total da urna eletrônica é constituído pelo terminal do eleitor e pelo
microterminal.
724
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is So bre os C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Tipo subjetivo
Dolo.
Rem issões:
CE, arts. 158; 218; 284; 299.
Lei n9 6.996/82 art. 15.
Lei ng 9.504/97 a r t 72.
Bem jurídico
Tutela-se o regular exercício do direito de fiscalização em relação às fases de
votação e apuração das eleições. 0 Ministério Público, partidos políticos, coligações
e candidatos podem fiscalizar todo o processo eleitoral. A norma resguarda também
a fiel observância e autenticidade das atas eleitorais.
Sujeito ativo
É crime próprio, d elicta in officio . Somente os mesários, membros das Juntas
Eleitorais e juizes eleitorais podem praticar esta conduta. Admite-se o concurso de
pessoas, como na hipótese de o servidor não rem eter os autos à instância superior.
Sujeito passivo
O Estado e o candidato, eleitor, partido político ou coligação que foram cerceados
em suas irresignações, pois não consignados os protestos legais.
Tipo objetivo
O art. 70 da Lei ns 9.504/ 97 diz que:
72S
M a rc o s Ram ayana D ir e it o E l e it o r a l
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissão:
CE, arts. 132; 171; 186, § I a, IV.
Bem jurídico
Preserva-se a liberdade de voto e a sua autenticidade. 0 sigilo do voto tem
assento constitucional (CF, art. 60, § 4 Q, II).
Sujeito ativo
Crime comum. Admite-se a coautoria com servidores da zona eleitoral ou dos
Tribunais Regionais Eleitorais (CP, art. 30).
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S obre os C r i m e s E l e i t o r a is e
o P ro c e s s o P e n a l E le ito r a l C a p ít u l o 23
Sujeito passivo
0 Estado. Reflexamente, o candidato, partido político ou coligação que são
devassados com a quebra do sigilo.
Tipo objetivo
0 art. 312 assegura o sigilo da votação. O art. 317 trata do sigilo das informações
contidas na urna convencional, porque se a devassa se der na urna eletrônica o
crime será o do art. 72 da Lei ns 9.504/97.
É delito de atentado. Ver comentários ao art. 312 do Código Eleitoral.
A urna de lona é protegida por um lacre que, se for rompido, permite ao criminoso
o acesso aos votos.
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissão
CE, arts. 156; 163-165; 168; 185; 284.
Art. 318. Efetuar a mesa receptora a contagem dos votos da urna quando
qualquer eleitor houver votado sob impugnação (art. 190):
Pena: detenção até 1 (um) mês ou pagamento de 30 (trinta) a 60
(sessenta) días-multa.
Bem jurídico
Tutela-se a regularidade da prestação dos serviços eleitorais na fase da apuração
dos votos.
Sujeito ativo
Os mesários. Admite-se a participação de terceiros (CP, art. 30).
Sujeito passivo
O Estado.
727
M a rc o s R am ayana D ir e it o E ie it o r a l
Tipo objetivo
O tipo penal é remetido (CE, art. 190). É possível a contagem dos votos pela mesa
receptora. É necessária norma eleitoral (resolução do Tribunal Superior Eleitoral
normatizando a contagem). Ver ainda o art. 188 do CE.
A ordem, ou melhor, a seqüência dos trabalhos de apuração é tratada como norma
supervalorativa de proteção penal. Entendemos que há um exagero neste elenco
de bens penalmente protegidos, o que desmerece a razão de ser da sanção penal
prevista no preceito secundário da norma incriminadora. Deve-se descobrir formas
não típicas para a sanação destas questões administrativas eleitorais evitando-se a
fomentação legiferante de tipos penais incriminadores eleitorais.
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissão
CE, art. 284.
Bem jurídico
Resguarda-se a organização dos partidos políticos. A norma é de direito partidário
e, portanto, rege-se pelos princípios elencados na Lei ne 9.096/95.
Sujeito ativo
Crime comum. 0 eleitor. Trata-se de crime de atuação pessoal ou de mão própria,
pois somente o eleitor poderá subscrever a ficha de registro de um determinado
partido. Se terceiros subscrevem ao invés do eleitor, o delito será o de falsidade
ideológica eleitoral (CE, art. 350).
O agente que colhe a assinatura do que subscreve responde pelo delito do art. 321
do Código Eleitoral. Adota-se a exceção pluralista à teoria monista ou unitária do
concurso de agentes.
728
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r im .e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 2 3
Sujeito passivo
O Estado e os partidos políticos em sua auto-organização legal. É delito de dupla
subjetividade passiva.
Tipo objetivo
A Lei n- 9.096/95 trata os partidos políticos como pessoas jurídicas de direito
privado e, no art. 8 S, faz menção expressa à subscrição dos fundadores, em número
nunca inferior a 101, com domicílio eleitoral em, no mínimo, 1/3 (um terço) dos
Estados, ou seja, 9 (nove) Estados, englobando na contagem o Distrito Federal.
O tipo procura evitar que um mesmo eíeitor assine como se fosse fundador de
2 (dois) ou mais partidos políticos, pois esta farsa ou fraude atinge diretamente a
regularidade formal de constituição dessas pessoas jurídicas. Na verdade, o delito é
uma espécie de falsidade ideológica (CE, art. 350).
0 crime é material. Admite-se singularmente a tentativa.
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissão:
CE, art. 284.
Bem jurídico
Tutela-se o controle pela Justiça Eleitoral da condição de elegibilidade manifesta
na filiação partidária. Ver arts. 14, § 3-, V, da CF; 9 a da Lei n- 9.504/97; e 18 da Lei
ne 9.096/95.
Sujeito ativo
É crime de atuação pessoal ou de mão própria. O eíeitor poderá ser ou não titular
de mandato eletivo, candidato ou pré-candidato.
729
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Sujeito passivo
O Estado e os partidos políticos.
Tipo objetivo
O tipo penal exige a simultaneidade. A simultaneidade é a filiação no mesmo dia.
Nesse sentido é a posição correta de Joel José Cândido. O doutrinador Tito Costa
lembra que deve existir a coincidência temporal.
A doutrinadora Suzana de Camargo Gomes entende que a consumação do crime
se dá com a segunda filiação sem que o filiado opere o desligamento anterior.
Impende frisar que assiste razão à doutrinadora Suzana de Camargo Gomes.
A intenção do legislador foi criminalizar conduta administrativa eleitoral. Dessa
forma, se o agente dolosamente agir com a caracterização da duplicidade de filiação,
responderá pelo delito do art. 320 do Código Eleitoral.
A responsabilidade enseja incidência em duas esferas diferenciadas: uma
administrativa eleitoral, com conseqüências na prova da condição de elegibilidade
constitucional; outra de natureza penal.
O legislador procurou evitar a figura do filiado de aluguel ou do fraudador da
filiação partidária.
Impende observar que, por descuido ou má-fé, o nome de um dos filiados pode
não ser encaminhado à Justiça Eleitoral. Nessa hipótese, o interessado poderá
basear seus argumentos na Súmula na 20 do TSE, in verbis:
Súmula ne 20-A falta do nome do filiado ao partido na lista por este
encaminhada à justiça Eleitoral, nos termos do art. 19 da Lei ne 9.096,
de 19.9.1995, pode ser suprida por outros elementos de prova de
oportuna filiação.
Os outros elementos de prova referidos na Súmula 20 podem ser os
registros cartorários dotados de fé pública. Quanto ao nome em uma
das listas anteriores (abril/outubro) e ainda, cópia da ficha de filiação
partidária do recorrido como documento idôneo para comprovar a
filiação partidária, o TSE já se manifestou em sentido oposto, "Ademais,
se assim não fosse, a ficha de filiação partidária (fl. 19) e o requerimento
do Partido à Justiça Eleitoral, para inclusão do nome do candidato na
relação de filiação anteriormente enviada (fl. 15), não são documentos
aptos a comprovar filiação partidária. Com efeito, o art. 24, III, da Res.
TSE ne 20.993/02 exige certidão expedida pelo escrivão eleitoral, o
que não consta dos autos. Nesse sentido, anotou o subprocurador-
730
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S obre os C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
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M arcos R amayana D ir e it o E l e it o r a l
Tipo subjetivo
Dolo. A culpa (negligência na informação correta da desfiliação acarreta efeitos
em relação ao pedido de registro de candidatura ou ingresso e permanência no
serviço público ou o exercício de atribuições de natureza eleitoral).
Remissão:
Lei ne 9.096/95 ~ Lei dos Partidos Políticos - art. 22, parágrafo único.
Bem jurídico
Resguarda-se a auto-organização dos partidos políticos.
Sujeito ativo
Crime comum.
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C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Sujeito passivo
0 Estado e os partidos políticos, É crime de dupla subjetividade passiva.
Tipo objetivo
0 delito é uma forma de participação material ou autoria do crime do art. 319
do Código Eleitoral. 0 legislador adotou técnica confusa separando a conduta do
partícipe e do autor.
Pune-se o agente coletor da assinatura do eleitor.
Topograficamente, o legislador deveria ter inserido o artigo após o art. 319 do
Código Eleitoral ou como parágrafo único.
Tipo subjetivo
Doío.
Remissões:
CE, art. 284.
Lei n9 9.096/95 - Lei dos Partidos Políticos - art. 8 e.
Bem jurídico
Tutela-se a verdade dos fatos divulgados durante a propaganda. 0 doutrinador
Joel José Cândido ensina que o tipo protege a honra e a ética na propaganda. A
doutrinadora Suzana de Camargo Gomes diz que o tipo tutela a veracidade e a
autenticidade da propaganda eleitoral.
733
M arcos R a m ayana D ir e it o E l e it o r a l
Sujeito ativo
Crime comum. Os candidatos, cabos eleitorais, partidos políticos e coligações
através de seus representantes legais, o eleitor e qualquer pessoa do povo.
Sujeito passivo
0 Estado e indiretamente o candidato, partido político, coligação, pré-candidatos
e qualquer pessoa que tenha pretensões futuras para lançar determinada
candidatura. Admite-se a coautoria e participação dos jornalistas e terceiros.
Tipo objetivo
Ensina a doutrinadora Suzana de Camargo Gomes que
é possível precisar, no mínimo, três diferentes espécies de propaganda
eleitoral, sendo a primeira a chamada de "propaganda eleitoral
partidária", a segunda a denominada “propaganda pré-eleitoral ou
intrapartidária”, e, por fim, a terceira, que compreende a propaganda
eleitoral propriamente dita, ou seja, a propaganda stricto sensu ( G o m e s ,
2000, p. 149).
Diferentemente dos delitos contra a honra (calúnia, difamação e injúria
eleitorais), entendemos que o crime em comento aplica-se em relação às três
espécies de propaganda política (partidária, intrapartidária e eleitoral), pois o
legislador utilizou a elem entar "propaganda" em sentido amplo.
Cai a lanço notar a amplitude do alcance da norma penal eleitoral, pois atinge
indubitavelmente a propaganda política partidária com arrimo na Lei n2 9.096/95.
0 agente ativo valendo-se do horário eleitoral gratuito ou através da imprensa
escrita ou panfletagem poderá propalar fatos inverídicos capazes de exercer
influência perante o eleitorado. Ora, o eleitorado existe e se faz presente de forma
difusa ou transindividual dentro ou fora do tempo do calendário eleitoral reservado
à propaganda política eleitoral.
A propaganda política partidária deve ser reservada para: difundir programas
partidários; transm itir mensagens aos filiados; tratar da execução de programas;
informar sobre eventos; informar sobre as atividades congressuais do partido
político e divulgar a posição do partido quanto aos temas políticos da atualidade.
Nesse sentido é a norma expressa do art. 45 da Lei n2 9.096/95.
É vedada na propaganda política partidária a "divulgação da propaganda
de candidatos a cargos eletivos e a defesa de interesses pessoais ou de outros
partidos" (Lei dos Partidos Políticos, art. 45, § l ô, III). Vê-se, portanto, que,
além do impedimento da utilização do horário eleitoral gratuito para difundir
inverdades capazes de exercer influência no eleitorado, é proibido o uso egoístico
ou personalista deste horário.
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C o n s id e r a ç õ e s G e r a is So bre os C r jm .e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Tipo subjetivo
Dolo.
Rem issão:
Lei ne 5.250/67 - Lei de Imprensa - arts. 15; 16.
735
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Bem jurídico
Tutela-se a honra objetiva. A proteção é em relação à reputação pessoal ou
conceito que o indivíduo usufrui dentro da sociedade, especialmente perante o
eleitorado.
Sujeito ativo
Crime comum. Candidatos, terceiros, cabos eleitorais, pessoas comuns do povo.
Admite a legislação a prática do crime pela pessoa jurídica (partido político), ver
o art. 336 do Código Eleitoral.
Sujeito passivo
Estado, candidatos, partidos políticos, coligações, terceiros, inclusive doentes
mentais e menores. Admite-se a calúnia contra os mortos, v.g., na hipótese de
um candidato atingir a honra objetiva de outro candidato fazendo menção a um
parente já falecido. No entanto, o artigo em comento não possui regra similar ao art.
138, § 2 e, do Código Penal. Todavia, a hipótese seria de uma calúnia reflexa cujos
parentes vivos é que são ofendidos.
O crime é de dupla subjetividade passiva, pois o legislador consagrou o princípio
do interesse público e da verdade dos fatos durante as campanhas eleitorais.
Assim, o Estado é o sujeito passivo imediato, e a pessoa física ou jurídica, o sujeito
passivo mediato. Existe forte controvérsia na jurisprudência e doutrina quanto à
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C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r i m e s E l e it o r a is e
Tipo objetivo
A redação do tipo eleitoral é similar ao do crime de calúnia do art. 138 do Código
Penal. A imputação falsa se dá através de inculpação, incriminação ou arguição.
O termo "falsamente" deve ser referente a crime (eleitoral ou não), desde que
decorrente de lei em plena vigência ou que possua ultra-atividade (leis penais
temporárias).
A propagação ou divulgação (§ l 9) refere-se ao espalhar, assoalhar, difundir
ou apregoar. A doutrina entende que é suficiente que apenas uma pessoa tome
conhecimento da ofensa, pois já teria ocorrido o verbo "divulgar"
O crime de calúnia se dá em relação ao fato ou à autoria falsa do crime imputado.
Esta imputação deve ser falsa e outra pessoa sem ser o ofendido precisa saber.
Trata-se de crime comissivo. Pode o delito ser praticado por cartas, imprensa,
documentos, internet, verbalmente ou por qualquer outro meio.
Sustentamos a posição de que o delito só pode se aplicar aos crimes praticados
durante a propaganda política eleitoral. 0 elemento normativo do tipo "propaganda
eleitoral” refere-se à espécie, e não ao gênero "propaganda política ou simplesmente
propaganda", até porque o regramento penal eleitoral tem um propósito específico
que é a eleição (ver comentários ao tipo anterior).
Com efeito, a Lei n- 9.096/95, no art. 45, § 1-, 01, diz que a propaganda não
pode ser para divulgar interesses pessoais ou de outros partidos, nem tampouco
promover candidatos. Assim, o desvirtuamento da propaganda política partidária
encontra assento em norma de Direito Partidário, e não de Direito Penal Eleitoral.
Registramos posição da eminente doutrinadora Suzana de Camargo Gomes em
que admite que a calúnia eleitoral ocorra em qualquer tipo das três propagandas.
O STJ (CC 3.619-PR, ano 1992, 3a Seção, Relator Ministro José Dantas, julgado em
22.10.1992, p, 2 1 .0 8 5 ) entendeu pela não aplicação da calúnia eleitoral em período
diverso do calendário eleitoral, ou seja, no sentido anteriormente afirmado.
Acresça-se, além do já expendido, o fato de que durante a propaganda política
eleitoral, que se inicia a partir do dia 5 de julho do ano eleitoral (Lei ne 9.504/97
art. 36), os juizes eleitorais são designados para conhecer e processar as questões
referentes a propaganda irregular e conhecem, por extensão, os feitos de natureza
penal. Ora, a competência em primeiro grau de jurisdição é definida dentro do
calendário eleitoral. Terminada a propaganda política eleitoral, cessa a competência
dos juizes designados. Pergunta-se: quem julgaria os casos de calúnia na propaganda
737
M a r c o s R a m a w ja D ir e it o E l e it o r a l
Exceção da verdade
Significa que o autor da calúnia poderá provar o que alegou (imputou).
O doutrinador Magalhães Noronha (2000, p. 118) leciona que não é possível
na exceção da verdade que se "... devasse, esquadrinhe ou vasculhe toda a vida do
ofendido...".
738
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is So bre os C r i m e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
739
M a rc o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Questão processual
O Código Eleitoral, no art. 364, admite a aplicação subsidiária do Código de
Processo Penal. Trata-se de matéria de com petência quando o querelante tenha
foro por prerrogativa de função. Por exemplo, Zeca afirma falsamente no horário
eleitoral gratuito, durante o período da propaganda política eleitoral, que Ubaldo,
Deputado Federal, é corrupto, pois no dia 10 de maio de 2 0 0 5 desviou verba
pública destinada à construção de escolas municipais. Ubaldo provoca por notícia
criminal o promotor eleitoral com atribuições na zona eleitoral do iocal do fato
(CPP, art. 70) para denunciar Zeca. Zeca é denunciado (CE, a r t 355, ação penal
pública por crime eleitoral de calúnia), e a denúncia é recebida pelo juiz eleitoral
do local do fato (CPP, art. 70). Zeca poderá propor a exceção da verdade, que será
julgada pelo Tribunal Regional Eleitoral (órgão jurisdicional competente para
julgar deputado estadual por crime eleitoral, art. 96, III, da CF, embora o crime
imputado não seja de natureza eleitoral. Pode-se admitir, inclusive, posições no
sentido de que a exceção deveria ser julgada pelo Tribunal de Justiça). Todavia,
o Tribunal com petente é apenas para o julgamento (ver a regra do art. 102, I, b,
da CF). Dessa forma, o processamento da exceção e o juízo de admissibilidade
da mesma são do juiz eleitoral que está processando a denúncia recebida do
promotor eleitoral. Nesse sentido é o entendimento do STF e do STJ em julgados
não eleitorais, mas que ao nosso pensar são aplicáveis à hipótese (exceção da
verdade 541/DF, Rei. Ministro Sepúlveda Pertence, plenário 22.10.1992, DJU de
2.4.1993 - RTJ 151/17 e STJ, 5 a T., HC 3.458-1 PE, Rei. Ministro Assis Toledo, DJU
de 25 de setem bro de 1 9 9 5 , p. 3 1 .0 5 7 ).
Ainda quanto ao processamento, quando o acusado for responder a ação penal
(art. 359 do Código Eleitoral, após o interrogatório), deverá apresentar a exceção
de verdade. A apresentação ocorre nos autos principais e dentro de 2 (dois) dias
é oferecida a resposta do excepto (CPP, art. 523), e cabe ao excipiente a prova dos
fatos, seguindo o processo o seu rito. Observe-se que, se não for feita a prova, a
exceção é rejeitada. Nesse sentido, recairá uma presunção ju ris tantum quanto ao
delito de calúnia (STF, RTJ 145/546).
A exceção da verdade julgada procedente é causa de exclusão da tipicidade.
7 4 0
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is So bre os C r i m e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Tipo subjetivo
Dolo. O agente deve ter o propósito de ofender.
Jurisprudência
Habeas corpus - Acórdão 473 - Duas Estradas-PB 06.11.2003 - art. 324
CA. Relator Francisco Peçanha Martins. Relator designado. DJ - Diário de
Justiça, v. I, 28.11.2003, p. 139. Emente: Habeas corpus. Calúnia. Eleição
2000. Denúncia. Competência. Justíça eleitoral. Ordem denegada. Para
caracterização do delito previsto no art. 324 do Código Eleitoral, não se
impõe que o registro de candidatura tenha sido definitivamente deferido.
Habeas corpus ~ Acórdão 386. Porto Alegre-RS 28.3.2000 - art. 324
CA. Relator Maurício José Corrêa. Relator designado. DJ - Diário
de Justiça, 12.5.2000, p. 87. Ementa: Habeas corpus. Veiculação
de publicidade caluniosa. Delito tipificado no art. 324 do Código
Eleitoral. Materialidade. Autoria. Comprovação. 1. 0 rito especial do
habeas corpus não comporta revolvimento de fatos que, analisados
durante a fase instrutória, comprovaram a materialidade e autoria do
delito. 2. Esta corte é incompetente para apreciar questão relativa a
exacerbação da pena, que não foi debatida pelo tribunal a quo. Habeas
corpus parcialmente conhecido e, nesta parte, indeferido.
Agravo de Instrumento. Acórdão 1.251/MS 20.4.1999 - art. 324 CA.
Relator Eduardo Andrade Ribeiro de Oliveira. Relator designado. DJ -
Diário de Justiça, 14.5.1999, p. 132. Ementa: Crime Eleitoral. Calúnia.
Divulgação. Constatando da denúncia que o acusado procedeu à
distribuição de publicação, atribuindo falsamente a prática de crime à
vítima, justifica-se a condenação com base no art. 324, § I a do Código
Eleitoral, embora não demonstrado que tivesse ele providenciado a
feitura dos impressos, como também consignado na inicial. Incidência
do disposto no caput do art. 384 do Código de Processo Penal.
Remissões:
CP, art. 138.
Lei ne 5.250/67, art. 20.
Lei ns 7.170/83, art. 26.
Lei n- 8.429/92, art. 19,
741
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Bem jurídico
Tutela-se a honra objetiva, a reputação do sujeito no meio político, social e
familiar.
Sujeito ativo
Crime comum. Candidatos, terceiros, cabos eleitorais, pessoas comuns do povo.
Admite a legislação a prática do crime pela pessoa jurídica (partido político), ver
o art. 336 do Código Eleitoral.
Sujeito passivo
Ver comentários ao delito da calúnia. A pessoa jurídica é sujeito passivo na
medida em que goza de reputação. Assim, os partidos políticos podem ser atingidos.
Na hipótese de coligação são ofendidos todos os partidos que a integram.
Tipo objetivo
Imputar tem o significado de atribuir. É importante verificar que o fato imputado
pode ser falso ou verdadeiro. 0 crime não exige a falsidade da imputação como no
caso da calúnia.
A doutrina e jurisprudência admitem a imputação ofensiva referente à infração
penal, consequentemente, englobando a contravenção. Nesse sentido, Luiz Regis
Prado.
Quanto à propaganda, ver comentários ao delito anterior (calúnia).
Tipo subjetivo
Dolo. Exige-se a finalidade propagandista eleitoral e o anim us diffam andi.
Exceção da verdade
0 parágrafo único admite a exceção quando se tratar de funcionário público. O
conceito de funcionário público é atribuído pelos arts. 327 do Código Penal e 283
do Código Eleitoral (ver comentários ao art. 283).
742
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S obre os C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Rem issões:
CP, art. 139.
Lei n- 5.250/67, art. 21.
Lei ne 7.170/83, art. 26.
Rem issão:
CE, art. 284.
Bem jurídico
Tutela-se a honra subjetiva, a dignidade do indivíduo. O conceito que o indivíduo
faz de si mesmo é atingido pelo ofensor.
Sujeito ativo
Crime comum. Candidatos, terceiros, cabos eleitorais, pessoas comuns do povo.
Admite a legislação a prática do crime pela pessoa jurídica (partido político), ver
o art. 336 do Código Eleitoral.
Sujeito passivo
Somente a pessoa física. A ofensa contra os partidos ou coligações é reputada
como sendo feita em relação ao presidente, delegado ou representante do comitê
partidário, ou seja, quem representa o partido político ou a coligação.
Tipo objetivo
A dignidade é a estima individual. É o valor social ou moral que o indivíduo
conquistou dentro do partido político, coligação, sociedade e família. O decoro é o
respeito.
Tipo subjetivo
Dolo de menosprezar. Dolo específico segundo a doutrina tradicional.
Perdão judicial
No § 1-, I, existe um revide à ofensa. Luiz Regis Prado diz que a razão de ser do
dispositivo é a justa causa. A provocação deve ser direta (na frente do agente) e
reprovável, ou seja, censurável.
O § 1-, II, trata da retorsão. O agente ofendido replica, retorna ou retruca a ofensa
por outra ofensa injuriosa, A doutrina não admite a reciprocidade de injúrias.
Destaca-se:
7 4 4
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o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 2 3
745
M a r c o s Ram ayana D ir e it o E l e it o r a l
Não há como adotar o concurso entre a injúria do capu t ou a real e mais o crime de
injúria real do Código Penal, sob pena de bis in idem, nem tampouco sugestionar-se
pela atipicidade da conduta se subsiste na ordem jurídica outro bem jurídico moral
diretamente violentado pela conduta discriminatória. De toda sorte, a competência
para o processo e julgamento do caso concreto não será da Justiça Eleitoral.
Rem issões:
CP, art. 140.
Art. 327. As penas cominadas nos arts. 324, 325 e 326 aumentam-se de
1/3 (um terço), se qualquer dos crimes é cometido:
I. contra o presidente da Republica ou chefe de governo estrangeiro;
7 4 6
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S o bre os C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 2 3
O legislador faz menção à ofensa que foi propalada para um número indeterminado
de pessoas. Trata-se de tipicidade porosa, pois o alcance da elementar "várias
pessoas" é de ampla subjetividade.
Com esta causa de aumento de pena, tutela a lei o fato de a ofensa causar maior
dano social ao interessado na disputa do pleito eleitoral.
A causa especial de aumento de pena aplica-se aos crimes cometidos por qualquer
meio de comunicação, inclusive Internet.
O artigo é inaplicável diante da revogação dos arts. 328 e 329 pelo art. 107 da Lei
ne 9.504, de 30 de setembro de 1997.
Bem jurídico
Tutela-se a igualdade e equilíbrio da exteriorização da propaganda.
747
M arcos R am ayana
D ir e it o E l e it o r a l
Sujeito ativo
Crime comum. Os candidatos, pré-candidatos, eleitores, servidores públicos
eleitorais ou não. Ver o art. 283 do Código Eleitoral.
Sujeito passivo
0 Estado, candidatos, pré-candidatos, partidos políticos ou coligações, inclusive
terceiros contratados para confeccionar ou produzir os elementos necessários ao
acondicionamento ou fabricação dos produtos empregados na propaganda.
Se um empresário responsável pela exploração e aluguel de espaços de ou tdoors
aluga para um partido político seu painel, a eventual inutilização do m esm o acarreta
a responsabilidade civil contra o infrator causador do dano.
Tipo objetivo
0 crime é uma espécie de dano especial eleitoral, pois além de ser violada a
propaganda legal empregada (a propaganda irregular não é tutelada pela norma), o
agente inutiliza ou altera o meio empregado, ou melhor escolhido para a divulgação
da propaganda. 0 meio empregado poder ser: outdoors, painéis eletrônicos, cartazes,
faixas, tabuletas, fitas de vídeo etc.
0 verbo "perturbar" atinge mais a propaganda sonora, usada através de alto-
falantes, microfones e em comícios.
A inutilização ou alteração podem ocorrer por pichação ou qualquer forma que
inviabilize a divulgação da propaganda.
A elem entar "propaganda" refere-se à propaganda política partidária,
intrapartidária ou política eleitoral. Ver o art. 36 da Lei n~ 9.504/97 (início do prazo
da propaganda política eleitoral).
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissão:
CE, art. 284.
74 8
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S obre os C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ítu lo 23
Bem jurídico
Tutela-se a igualdade e equilíbrio da exteriorização da propaganda.
Sujeito ativo
Crime comum. Os candidatos, pré-candidatos, eleitores, servidores públicos
eleitorais ou não. Ver o art. 283 do Código Eleitoral.
Sujeito passivo
É idêntico ao tipo anterior.
Tipo objetivo
O impedimento é um embaraço, oposição, tolhimento, vedação, obstrução ou
proibição da propaganda.
A propaganda referida no tipo penal está no sentido amplo, genérico e, portanto,
abrange a partidária, intrapartidária e eleitoral.
O art. 41 da Lei nfi 9.504/97 veda a aplicação de multa ou o cerceamento da
propaganda, sob a alegação do poder de polícia. Ambos os dispositivos devem ser
interpretados de forma sistêmica, pois a propaganda irregular não pode ser tolerada
ou admitida, especialmente a propaganda criminosa.
O poder de polícia deve ser exteriorizado para impedir a propaganda irregular
ou criminosa, muitas vezes camuflada sob o manto da legalidade e plena liberdade
de vinculação.
O poder de polícia eleitoral cabe aos juizes da propaganda eleitoral, aos mesários
e ao promotor eleitoral.
A propaganda não pode ser abusiva do poder econômico ou político, nem
tampouco refletir captação ilícita de sufrágio. Tenha-se presente que no âmbito
do processo eleitoral contencioso os legitimados (Ministério Público, partidos
políticos, coligações e candidatos) podem valer-se da ação de investigação judicial
eleitoral, da ação de captação de sufrágio, das representações e reclamações, do
direito de resposta e medidas cautelares.
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissões:
CE, art. 284.
Lei nQ9.504/97, art. 41.
749
M arcos R a m a y a n a __________________ D ir e it o E l e it o r a l
Bem jurídico
Tutela-se a igualdade na propaganda política partidária, intrapartidária ou
eleitoral. A proteção se dá em relação à propaganda lícita com a preservação da
lisura eleitoral
Sujeito ativo
Trata-se de crime comum. Candidatos, pré-candidatos, aspirantes ao pleito
eleitoral, pessoas comuns do povo, empresários etc.
Sujeito passivo
Estado, eleitor, partido político, coligação ou o candidato.
Tipo objetivo
A utilização é o aproveitamento, o lucro significa levar uma vantagem ou ganhar
alguma coisa.
A organização comercial de vendas abrange as entidades filantrópicas,
assistenciais, fundações, desde que realizem a captação ilícita de votos através da
distribuição de mercadorias (rádios de pilha, brindes diversos, ventilador, material
de construção), prêmios e sorteios diversos. A hipótese mais comum é promoção
de bingos em cidades, quando os candidatos distribuem números aos eleitores
e, em seguida, sorteiam os números distribuindo as mercadorias e prometendo
melhorias de vida e condições sociais. Nesta conduta, o candidato poderá ainda ser
responsabilizado pelo abuso do poder econômico (LC ne 64/90, art. 22).
Reconheceu-se o delito nos seguintes casos: distribuição de cupons para
sorteio de cesta de alimentos (TRE/SP-RC 103.855, Rei. Maurício Ferreira Leite);
distribuição de bicicletas (TRE/SP-RC 111.150, Rei. Celso Pimentel em 7.11.1991);
e distribuição de camisetas para motociclistas com o custeio de combustível (TRE/
SP-RC 117.779, Rei. Ney de Mello Almada).
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C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S obre os C r i m e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P en a l E l e it o r a l C a p ítu lo 23
0 delito tem correlação direta com a captação ilícita de sufrágio (Lei n° 9.504/97,
art. 41-A) e enseja as sanções administrativas eleitorais como a multa, cassação do
registro e diploma, na forma legal.
Se as empresas doarem aos candidatos mercadorias para a realização de um
bingo, estarão contribuindo para a prática do ilícito penal e sujeitando-se às sanções
da Lei Complementar n9 64, de 18 de maio de 1990 (art. 22 e ss.), além de o fato
caracterizar irregularidade na prestação de contas da campanha e constituir-se em
ato de improbidade administrativa eleitoral.
O delito tem correlação com o crime do art. 299 do Código Eleitoral. Poderá
haver concurso material ou formal de crimes quando o agente, além de promover
o bingo, distribui a mercadoria em troca do voto. O delito do art. 334 é de lesão
ou mera conduta, bastando a realização do evento para a sua consumação, pois o
tipo prevê a modalidade de aliciar. Se o agente alicia as pessoas para o bingo e,
depois, ainda distribui a mercadoria, responde também pelo delito do art. 299 do
Código Eleitoral, pois captou sufrágio de forma ilícita em troca de votos. Todavia,
pode-se entender que o delito do art, 334, na modalidade de distribuir, absorveria o
delito do art. 299. No entanto, apenas a hipótese concreta propiciará o exame mais
adequado da tipicidade.
Tipo subjetivo
Dolo. O erro de proibição invencível poderá excluir a culpabilidade pela ausência
da potencial consciência da ilicitude.
Transação penal
Quanto à aplicação do instituto despenalizador da transação penal para este
crime eleitoral que possui sistema punitivo diferenciado e especial, destacamos o
respeitável acórdão do Ministro Sálvio de Figueiredo,
751
M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
752
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S obre os C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C apítulo 2 3
753
M arcos R am ayan a D ir e it o E l e it o r a l
Percebe-se pelas lições acima expendidas que no delito do art. 334 do Cóáigo
Eleitoral, mesmo sendo delito de menor potencial ofensivo, não é cabível a transação
penal, porque adotou o legislador eleitoral a regra da cumulatividade com a pena
de cassação do registro; portanto, ao contrário da Lei de Abuso de Autoridade,
o sistema punitivo especial deste tipo eleitoral obriga a imposição da norma. O
questionamento pode residir na seara da violação dos princípios da razoabilidade
ou proporcionalidade e da culpabilidade.
A pena de cassação do registro é sanção obtida no âmbito das ações de impugnação
ao registro (LC n- 6 4 /9 0 , art. 3 e); ação de captação de sufrágio (Lei n~ 9.504/97,
art. 41-A); e na ação de investigação judicial eleitoral (LC ne 64/90 art. 22). Ou seja,
nas ações não penais eleitorais, podendo coexistir interdependências de provas
comuns, resvalando-se a questão para a seara das prejudiciais, com a aplicação da
regra do art. 92 do Código de Processo Penal.
Em conclusão: é incabível a transação penal em relação ao delito do art. 334
do Código Eleitoral, pois, embora seja dotado de sistema punitivo especial e este
fato, por si só, não seja um óbice intransponível à aplicação da transação penal
nos moldes legais, resvala-se para a cumulação da pena privativa de liberdade "e”
cassação do registro.
Jurisprudência
Acórdão 317 - Habeas corpus 317 - Jateí/MS. DJ de 22.5.1998. Relator
Ministro Maurício Corrêa. Impetrante Alice Teruya Marques. Pacientes
José Dias e outros. Órgão coator - Tribunal Regional Eleitoral/MS.
Ementa: Habeas corpus. Lei n9 9.099/95, art. 89: suspensão condicional
do processo. Lex mitior. Retroatividade. 1. A norma do art. 89 da Lei
ne 9.099/95 introduziu no sistema jurídico a suspensão condicional do
processo, instituto que se traduz na utilização da providência de ordem
processual que pode conduzir à conseqüência penal material - extinção
da punibilidade. 2. Eventual conseqüência faz surgir a configuração
de superveniência da lex mitior, aplicável retroativamente ao agente
7S4
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r i m e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C apítulo 2 3
Remissões:
CE, art. 299.
Lei n9 9.504/97, art. 41-A.
Art. 335. Fazer propaganda, qualquer que seja a sua forma, em língua
estrangeira:
Pena: detenção de 3 (três) a 6 (seis) meses e pagamento de 30 (trinta)
a 60 (sessenta) dias-multa.
Parágrafo único. Além da pena cominada, a infração ao presente artigo
importa na apreensão e perda do material utilizado na propaganda.
755
M arcos R amayana D ir e it o E l e it o r a l
Bem jurídico
Tutela-se a soberania nacional. Nesse sentido, dispõe o art. I 9,1, da CF:
Sujeito ativo
Qualquer pessoa, não apenas o estrangeiro (CF, art. 14, § 29 - o estrangeiro não
pode alistar-se). É crime comum.
Sujeito passivo
Estado e os partidos políticos, coligações e candidatos atingidos pelo
desvirtuamento do uso da língua nacional (CF, art. 13): além do perigo existente
quanto ao financiamento estrangeiro nas campanhas eleitorais.
Tipo objetivo
Os eminentes doutrinadores Fávila Ribeiro J o e l José Cândido e Suzana de Camargo
Gomes entendem que o delito atinge a soberania nacional e a independência do país.
Na verdade, o delito é uma modalidade especial de crime político, e não de crime
eleitoral, pois sua tipicidade deveria ser subsumida na Lei de Segurança Nacional
(Lei dos crimes políticos no Brasil), Lei n9 7.170/83, pois o art. I 9 diz: "Esta Lei
prevê os crimes que lesam ou expõem a perigo de lesão: I. a integridade territorial
e a soberania nacional; (...)" Como se vê, a legislação penal eleitoral disposta no
Código Eleitoral é anterior ao diploma tipificador dos crimes políticos, e reflete
uma época histórica em que a construção pátria de uma teoria diferenciadora entre
delito político e eleitoral era extremamente tênue. Dessa forma, permanece na lei
eleitoral como fato ilícito de atentado contra a propaganda política, intrapartidária
ou eleitoral o crime do art. 335.
Prevê a lei como sanção penal cumulativa a perda do material usado. Trata-se,
nesta hipótese, de delito não transeunte (que deixa vestígios) e enseja o exame de
corpo de delito, com base no art. 158 do Código de Processo Penal.
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o P r o c e s s o P en a l E l e it o r a l C apítulo 2 3
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissão:
Lei n- 6.815/80 - Estatuto do Estrangeiro.
757
M a r c o s R am ayana D ir e i t o E l e it o r a l
Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela infração de qualquer
dos arts. 322, 323, 324, 325, 326, 328, 329, 331, 332, 333, 334 e 335,
deve o juiz verificar, de acordo com o seu livre convencimento, se o
Diretório local do partido, por qualquer dos seus membros, concorreu
para a prática de delito, ou dela se beneficiou conscientemente.
Parágrafo único. Nesse caso, imporá o juiz ao Diretório responsável
pena de suspensão de sua atividade eleitoral, por prazo de 6 (seis) a 12
(doze) meses, agravada até o dobro nas reincidências.
A regra adotada foi bem analisada pela doutrinadora Suzana de Camargo Gomes
(2000, pp. 183-185). Destacou a autora que o legislador criou uma responsabilidade
penal da pessoa jurídica, ressaltando que o Código Eleitoral "nasceu avançado para
a época, pois, em 1965, ao entrar em vigor, já continha em seu bojo uma hipótese
de responsabilidade penal da pessoa jurídica, fato esse que em outras áreas conta,
ainda hoje, com uma resistência quanto à sua aceitação”
O eminente doutrinador Édis Milaré (2001), ao tratar da responsabilidade penal da
pessoa jurídica, salienta que outros países admitem esta responsabilidade: Austrália,
Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia e Venezuela. Refere-se o autor aos crimes contra
o meio ambiente ou ambientais. A CF foi expressa (art. 225, § 39) e a Lei n- 9.605/98
tratou, inclusive, das espécies de sanção penal, como multa e interdição das atividades.
Cumpre enfatizar que, ao admitir-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica
(partido político), esta não se estende à coligação partidária, mas apenas a cada partido
integrante da coligação, sob pena de exegese extensiva, vedada em matéria penal.
Outrossim, a responsabilidade da pessoa jurídica deve emergir da constatação
da vantagem obtida pela mesma, pois a lei condiciona esta responsabilidade ao
benefício consciente. Ora, se ficar provado que o partido político cuja amplitude
é de nível nacional (Lei nQ 9.096/95, art. 5 9) não foi beneficiado, a pena só
poderá ser individualizada em relação aos membros do Diretório, porque a mens
legislatoris, certamente, foi a de atingir a responsabilidade do partido político,
e não, simplesmente, a do órgão do partido, ou seja, o Diretório. Dessa forma, o
delito deverá satisfazer o interesse do partido político globalmente considerado,
separando-se o benefício individualmente auferido pela pessoa física (autora
do crime) e pela pessoa jurídica (autora do crime), sob pena de admitir-se uma
coautoria lastreada em pura responsabilidade penal objetiva com a violação do
princípio da culpabilidade, pois é impossível a aplicação de pena em relação a
associação meramente causai. O resultado imputado ao agente deve ser consectário
de dolo ou culpa, o que a atmosfera da responsabilidade penal da pessoa jurídica,
por si só, não abrange. Assim, frisamos renomados autores que não admitem a
responsabilidade penal da pessoa jurídica, a saber: Rogério Greco, René Ariel Dotti,
758
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S o b r h os C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P en a l E l e it o r a l C a p ítu lo 23
Nilo Batista e Heleno Fragoso. Contra: Édis Milaré e Gilberto Passos de Freitas (em
relação aos crimes ambientais).
A admissão da regra da responsabilidade penal dos partidos políticos tornou-se,
ao nosso entender, de rarefeita sustentação, especialmente diante do disposto no
art. 90, § l 9, da Lei n9 9 .5 0 4 /9 7 : "Para os efeitos desta Lei, respondem penalmente
pelos partidos e coligações os seus representantes legais". Portanto, o legislador, em
norma posterior, tratou de individualizar a responsabilidade penal, adequando-a ao
princípio da culpabilidade. Dentro de uma interpretação sistêmica, não podemos
conviver com a antinomia "situação que se verifica entre duas normas incompatíveis,
pertencentes ao mesmo ordenamento jurídico e tendo o mesmo âmbito de validade"
(Bobbio, 1983, p. 88). Assim sendo, a opção trilha pela revogação do artigo quanto à
regra da responsabilidade penal da pessoa jurídica.
Remissões:
Lei ns 9.096/95 - Lei dos Partidos Políticos - art. 28, § 3 e.
Lei nB 9.504/97, art. 107.
Remissões:
CE, art. 284.
Leins 6.815/80, art. 107.
Bem jurídico
Tutela-se os direitos públicos políticos subjetivos passivos e a lisura da
propaganda.
759
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Sujeito ativo
Candidatos, pré-candidatos e inclusive os estrangeiros que não estão no gozo
dos direitos políticos. Ver comentários ao art. 335.
Sujeito passivo
Estado e a soberania nacional. Ver art. 335.
Tipo objetivo
A participação empregada no tipo penal não é no sentido da ampliação temporal
da figura típica (partícipe). Impõe-se o "tomar parte". Isso significa ter uma
ingerência direta nos comícios, atividades partidárias e na propaganda partidária,
intrapartidária ou eleitoral.
Aos estrangeiros é vedada a participação política, conforme norma do art. 107
referida nos comentários ao art. 335. Outrossim, o português que goze de
reciprocidade, na forma do art. 12, § l e, da CF, não será sujeito ativo.
A doutrinadora Suzana de Camargo Gomes lembra que a incapacidade civil
absoluta decorrente de inimputabilidade (CP, art. 2 6), sendo uma causa de suspensão
dos direitos políticos, poderá ter reflexos na órbita penal.
De fato, se o agente teve a interdição decretada em decisão transitada em
julgado pelo juízo da Vara de Família e, posteriormente, envolveu-se em atividades
partidárias, comícios e atos de propaganda, deverá ser declarado inlmputável
ou semí-imputável com as conseqüências penais relativas à causa excludente de
culpabilidade.
É sobremodo importante assinalar que a base legal das causas de perda e
suspensão dos direitos políticos estão subsumidas no art. 15 da Carta Magna. No
entanto, o legislador usou a elementar normativa "gozo dos direitos políticos"
ensejando a amplitude do alcance das hipóteses de perda e suspensão. Nesse
sentido, o eminente doutrinador Joel José Cândido, que considera abrangidas as
causas de inelegibilidade. Tem razão o respeitável autor, e, na verdade, são ainda
abrangidos os casos da inabilitação (a pena de perda do cargo ou função pública
e da inabilitação não são penas acessórias, pois hodiernamente passaram a ser
consideradas efeitos da condenação, conforme art. 9 2 ,1, do Código Penal).
Alegislação vigente a consagra nos seguintes dispositivos legais: art. 52, parágrafo
único, da Constituição Federal; arts. 104 e 106 do Código Penal Militar; art. 4 Ô da
Lei ne 7.106, de 28.6.1983; arts. 2^, 31, 33 e 34 da Lei n9 1.079, de 10.4.1950; art.
29 da Lei n^ 3.528, de 3.1.1959 e art. I 9, § 2 a, do Decreto-Lei ns 201, de 27.2.1967.
Qual a natureza jurídica da inabilitação? a) Para Dalmo de Abreu Dalari, é
suspensão dos direitos políticos; b) para Godofredo da Silva Teles, é perda dos direitos
políticos; c) para Antônio Carlos Mendes, é inelegibilidade; e d) a inabilitação não
760
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ítu lo 23
gera, pela maioria da doutrina, a suspensão nem a perda dos direitos políticos, pois
estas hipóteses estão no art. 15 da Constituição Federal. Outrossim, a inabilitação
não se confunde com a inelegibilidade, segundo Joel José Cândido, porque não está
prevista no art. 14 da Constituição Federal. Para o doutrinador, é um impedimento
ou restrição especial, de natureza administrativa, que só impossibilita o exercício
de qualquer cargo, emprego ou função pública, não eletiva. Ainda, segundo ele,
o presidente da República, governador e prefeito podem ser candidatos, mesmo
julgados inabilitados, porque a inabilitação não é instituto de Direito Eleitoral,
mas de Direito Administrativo. Mas o autor admite que, na hipótese do prefeito, o
Decreto-Lei n9 201/67 veda a eleição por 5 (cinco) anos e, portanto, a inabilitação é
confundida com a inelegibilidade, sendo nesse ponto bem controvertida a matéria.
Para Joel Cândido, o inabilitado pode votar e ser votado.
O Presidente Fernando Affonso Collor de Mello foi inabilitado pelo
Senado Federal em 30.12.1992, por 8 anos, sua sanção política para
o exercício do novo mandato terminará em 29.12.2000. Qualquer
mandato que se iniciar após 29.12.2000 não lhe será mais vedado.
A inabilitação, no caso, foi aplicada pela Resolução ne 101, de 1992,
do Senado Federal, publicada no Diário do Congresso Nacional de
30.12.1992, p. 2.934.
O STF decidiu:
A inabilitação para o exercício de função pública, decorrente da perda
do cargo de presidente da República por crime de responsabilidade (CF,
art. 52, parágrafo único), compreende o exercício de cargo ou mandato
eletivo. Com esse entendimento, a turma manteve o acórdão da tese
que julgou procedente a impugnação do pedido de registro do ex-
Presidente Fernando Collor (Relator Ministro Otávio Gallotti, Decisão
l 9 de setembro de 1998 - Informativo STF 121, setembro de 1998).
Com o entendimento do Egrégio Supremo Tribunal Federal, podemos sustentar
que a inabilitação é restrição de cunho não meramente administrativo, mas de
natureza política e atinge o íushonorum , ou direito de ser votado (capacidade eleitoral
passiva). Trata-se de medida de natureza mista e multifária, compreendendo o
âmbito das restrições estatutárias de cunho administrativo e as políticas pertinentes
ao direito de ser votado.
Por fim, o tipo faz menção a atividades partidárias. É necessário que o agente se
integre, tome parte destas atividades que compreendem: participar com votos em
reuniões, organizar passeatas, falar em comícios, exteriorizar rotineiramente uma
militância partidária etc.
Tipo subjetivo
Dolo.
761
M a r c o s R am ayana D ir e i t o E l e it o r a l
Bem jurídico
Tutela-se a isonomia da propaganda política eleitoral entre os partidos políticos.
Sujeito ativo
Crime próprio. O funcionário dos Correios e Telégrafos e as pessoas que prestam
serviços por delegação. Neste sentido, Suzana de Camargo Gomes.
Sujeito passivo
Estado e os partidos políticos durante a propaganda política eleitoral.
Tipo objetivo
Ensina Suzana de Camargo Gomes que "visa assegurar recepção do material de
propaganda pelo seu destinatário em tempo hábil, ou seja, antes da realização das
eleições, daí porque determina ao funcionário postal dê prioridade nessa remessa"
( G o m e s , 2000, p. 132).
A prioridade postal tem tempo certo para ocorrer, ou seja, 60 (sessenta) dias
antes do primeiro domingo de outubro do ano das eleições, pois, caso incida o
segundo turno, o intervalo de tempo será menor.
O elemento temporal do tipo faz com que a norma seja ultra-ativa e aplique-se ao
servidor da Empresa de Correios e Telégrafos.
É possível a alegação do erro de proibição inevitável como causa excludente de
culpabilidade, ou ainda, o evitável como fator de redução da dosimetria punitiva.
Cabe ao diretor ou responsável pela empresa informar aos carteiros sobre a norma,
inclusive aos agentes que prestam serviços por delegação.
A prioridade não poderá impor gastos superiores à empresa, sob pena de
inviabilizar-se os serviços. A norma deve ser compatível com os critérios de
economicidade.
A tipicidade adotada é do tipo remetida expressa (CE, art. 239).
Tipo subjetivo
Dolo.
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S o b r e os C r i m e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P enal E l e it o r a l C a p ít u l o 2 3
Bem jurídico
Tutela-se o direito público subjetivo ativo instrumentalizado pelo voto. Joel José
Cândido e Suzana de Camargo Gomes referem-se à incolumidade das urnas.
Sujeito ativo
Crime comum. Candidatos, servidores públicos, cidadãos e pessoas em geral.
Sujeito passivo
Estado.
Tipo objetivo
0 delito deve ser compatibilizado com o do art. 72, III, da Lei n- 9.504/97, pois
entendemos que está revogado parcialmente por este dispositivo legal.
O art. 72 diz: "causar, propositadamente, dano físico ao equipamento usado na
votação ou na totalização dos votos ou a suas partes"; portanto, englobou a norma
posterior o dano especial aos disquetes, flash cards, memórias de computador e
periféricos, inclusive os votos acondicionados nas urnas eletrônicas.
Todavia, o delito do art. 339 subsiste ainda em relação às urnas eletrônicas
na modalidade do verbo "ocultar", ou seja, uma espécie de receptação própria de
natureza permanente; e, ainda, em relação à votação manual.
O parágrafo único faz menção ao agravamento da pena. Leia-se: causa especial de
aumento de pena que deverá seguir a regra contida nas Disposições Preliminares,
art. 285 do Código Eleitoral.
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissões:
CE, arts. 133; 134.
M a r c o s R am ayan a D ir e it o E l e it o r a l
Lei n9 7.021/82 - Estabelece o modelo da cédula oficial única a ser usada nas
eleições de 15 de novembro de 1982.
Bem jurídico
Tutela-se os bens da Justiça Eleitoral. A norma protege o conjunto patrimonial que
fica sob a responsabilidade da Justiça Eleitoral, conferindo a lisura e legitimidade
das eleições.
Sujeito ativo
Crime comum. Candidatos, pessoas em geral, estrangeiros, servidores públicos.
Sujeito passivo
0 Estado.
Tipo objetivo
0 tipo refere-se ao fabricar, cujo sentido é de produzir, engendrar, maquinar,
forjar ou urdir. Adotou o legislador outros verbos típicos. Trata-se de tipo múltiplo
alternativo.
Pune-se o fornecimento gratuito que pode advir de fabricantes ou empresários
em geral, inclusive sob a forma de doação para determinada candidatura.
A subtração da urna manual ou eletrônica é crime de competência da Justiça
Eleitoral.
A lei sanciona a guarda do material (urnas, papéis etc.). A guarda punida como
crime é a irregular, ou seja, não se pune a guarda do material dentro do recinto das
zonas eleitorais e das edificações forenses, nem tampouco a guarda do material que
é entregue ao mesário às vésperas do pleito eleitoral com base em instruções do
próprio Tribunal Superior Eleitoral. Na modalidade de guarda o crime é permanente.
764
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S o b r e os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l
C a p ít u l o 2 3
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissões:
CE, arts. 129, parágrafo único; 284.
CP, art. 155.
Lei ne 7.021/82 ~ Estabelece o modelo da cédula oficial única a ser usada nas
eleições de 15 de novembro de 1982.
Bem jurídico
Tutela-se a regularidade dos serviços da Justiça Eleitoral. O retardamento atinge
o princípio da celeridade processual eleitoral.
Sujeito ativo
Trata-se de delito próprio. Diretor ou funcionário da imprensa oficial responsável
pela edição dos avisos, editais e intimações da Justiça Eleitoral. Pode-se admitir
765
M a r c o s R am ayana D ir b i t o E l e it o r a l
Sujeito passivo
0 Estado. Poder Judiciário Eleitoral.
Tipo objetivo
0 verbo "retardar" é no sentido de demorar, adiar, diferir ou procrastinar. Pune-
se a não publicação. 0 delito é do tipo omissivo impróprio, pois os sujeitos passivos
são aqueles que têm o dever legal e contratual de publicar as citações e intimações.
É crime formal.
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissão:
CE, art. 284.
Bem jurídico
Protege-se o bom andamento dos serviços eleitorais.
Sujefto ativo
0 delito é crime próprio, funcional e personalíssimo, pois somente os membros
do Ministério Público designados legalmente para o exercício das atribuições
eleitorais podem ser sujeitos ativos.
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o P r o c e s s o P en a l E l e it o r a l C a p ít u l o 2 3
Sujeito passivo
O Estado.
Tipo objetivo
Sustentamos que o tipo penal é inconstitucional, porque atinge diretamente
a independência funcional dos membros do Ministério Público com atribuições
eleitorais.
A independência funcional é princípio de ordem constitucional e inerente aos
atributos finais da preservação da cidadania. Na CF está subsumido no art. 127,
§ 2~. Na Lei n9 8.625/93 é previsto no art. I 9, parágrafo único. Na Carta Estadual
do Rio de Janeiro, consagra-se no art. 170, § I a. 0 art. 4 Q da Lei Complementar
ne 75/93, também agasalha o princípio e várias leis orgânicas estaduais.
767
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
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o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 2 3
Tipo subjetivo
Dolo,
Remissão:
CE, arts. 284; 357-363.
Bem jurídico
Protege-se o bom andamento dos serviços eleitorais.
Sujeito ativo
O delito é crime próprio, funcional e personalíssimo, pois somente os membros
do Poder Judiciário legalmente investidos para o exercício das atribuições eleitorais
podem ser sujeitos ativos.
Sujeito passivo
O Estado.
Tipo objetivo
O artigo em comento é eivado de inconstitucionalidade, considerando os motivos
elencados nos comentários anteriores, pois o delito é acessório ou parasitário do
delito do art. 342.
Vislumbramos ainda a inconstitucionalidade em razão da violação ao princípio
da imparcialidade que:
é inseparável do órgão da jurisdição. O juiz coloca-se entre as partes e
acima delas: esta é a primeira condição para que o juiz possa exercer
sua função dentro do processo. A imparcialidade do juiz é pressuposto
para que a relação processual se instaure validamente ( C i n t r a ;
G r i n o v e r ; D i n a m a r c o , 1993, p. 38).
769
M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissão:
CE, art. 284.
Bem jurídico
Tutela-se a regularidade da prestação dos serviços eleitorais, especialmente
durante a fase de votação. Resguarda-se a Administração Pública Eleitoral.
Sujeito ativo
Crime próprio. As pessoas incumbidas do serviço eleitoral são os servidores
públicos elencados no a r t 283 do Código Eleitoral. O delito é muito praticado por
mesários e nas eleições manuais pelos escrutinadores.
770
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S o b r e o s C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C apítulo 2 3
Sujeito passivo
0 Estado, que é afetado pela regular e eficaz prestação do serviço eleitoral.
Tipo objetivo
A recusa tem o mesmo significado que a rejeição, oposição, negativa ou repulsa.
0 abandonar é desproteger, desprezar, largar ou deixar os serviços eleitorais.
0 agente deve ter o dever jurídico de prestar os serviços recusados ou
abandonados. Em um primeiro momento, o servidor é designado, investido ou
lotado na função de prestador de serviços eleitorais e, posteriormente, em conduta
omissiva, deixa de lado os deveres assumidos. Trata-se de delito comissivo por
omissão.
Neste crime o servidor público viola uma norma mandamental (norma de
comando e imperativa), causando danos à Administração Pública Eleitoral com a
não realização do dever funcional.
A justa causa é elemento normativo que enseja exame de possível causa de
justificação. Dessa forma, se o agente age com justa causa a conduta é atípica por
ser elementar do tipo.
As hipóteses de justa causa podem ser: dificuldade de acesso aos meios de
transporte; doença própria, ou em pessoa da família; caso fortuito ou força maior.
Não se admite a tentativa, porque se o agente recusa ou abandona o serviço,
omite-se; o crime está consumado. Não omitindo-se, ele realiza o mandamento legal
que lhe foi imposto como dever funcional, não praticando crime.
Reconheceu-se o crime no comparecimento tardio à mesa receptora de votos
(TRE/SP-RC 107.826).
Se o empregador constrange o empregado a não comparecer, além do delito do
art. 146 do CP, poderá ainda responder como partícipe deste crime.
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissão:
CE, arts. 120, § 4®; 122; 134; 189; 284; 313; 379, §§.
771
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Bem Jurídico
Tutela-se a regularidade da prestação dos serviços processuais e cartorários
afetos à Justiça Eleitoral. Resguarda-se a Administração Pública Eleitoral.
Sujeito ativo
Crime próprio. Os servidores e os juizes das zonas eleitorais, Tribunais Regionais
Eleitorais e do Tribunal Superior Eleitoral.
Sujeito passivo
0 Estado e a prestação de serviços da Justiça Eleitoral.
Tipo objetivo
O delito enseja tipicidade porosa e exagerada, pois pune criminalmente a falta de
um dever funcional. Trata-se de flagrante violação aos princípios da culpabilidade,
intervenção mínima, razoabilidade e proporcionalidade. Ver comentários anteriores
que têm certa correlação (CE, arts. 342 e 343).
Sobre o assunto, ver ainda a regra do art. 94 da Lei ns 9.504/97 (norma com
tipicidade penal suicida, pois remete a tipo inexistente na ordem jurídica vigente
“crime de responsabilidade").
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissões:
CE, art. 30.
Lei n2 9.504/97, arts. 58, § 7 9; 94.
Lei n9 4.410/64, art. 2K
772
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r im e s E l e it o r a is e
o P ro c e sso P e n a l E le ito r a l C a p ít u l o 2 3
Bem jurídico
Resguarda-se a probidade administrativa eleitoral.
Sujeito ativo
Crime comum. Candidatos, aspirantes a candidatos, pessoas comuns do povo,
eleitores, empresários, políticos e servidores públicos em geral.
Sujeito passivo
O Estado e a Administração Pública Eleitoral.
Tipo objetivo
0 artigo adotou a técnica da tipicidade remetida que preenche no art. 377 o
preceito primário da norma incriminadora.
0 tipo penal é norma em branco em sentido amplo, pois o complemento é da
mesma fonte homogênea (Código Eleitoral).
Tutela-se os desvios e abusos do poder em favorecimento de determinado
partido político ou candidatura, pois o agente serve-se dos serviços públicos (sedes
de repartições ou prédios, máquinas, servidores públicos e bens em geral) para
direcionar o uso da máquina administrativa em seu favor.
Aconduta é bifronte, porque reflete-se nas normas dos arts. 73 a 78 da Lei n- 9.504/97 -
"Condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas eleitorais". Dessa forma, o agente
poderá ser alvo de ações de investigação judicial eleitoral; captação ilícita de sufrágio;
impugnação ao pedido de registro de candidatura; reclamação; impugnação ao mandato
eletivo ou recurso contra a diplomação, pois o fato enseja a análise da improbidade
administrativa eleitoral. Por fira, o agente ainda poderá ser responsabilizado pela Lei
ne 8.625/93 (Lei de Improbidade Administrativa) com as conseqüências e sanções legais,
tais como: ressarcimento ao erário, perda do cargo público, indisponibilidade dos bens e,
inclusive, a suspensão dos direitos políticos (CF art. 15, V).
Ensina Joel José Cândido que o crime é espécie de corrupção eleitoral.
Suzana de Camargo Gomes salienta que o delito atinge a moralidade administrativa
e o patrimônio público, aduzindo que: "o benefício referido no tipo penal pode ser de
qualquer ordem, material ou moral, dotado de expressão econômica ou meramente
aferível em termos de prestígio, de melhor posicionamento no meio social" ( G o m e s ,
2000, p. 134).
773
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissões:
CE, art. 284.
LC n9 101/00 - Finanças públicas.
Decreto-Lei nB 201/67 ~ Crime de Prefeitos.
Bem jurídico
Resguarda-se a autoridade da Justiça Eleitoral e a Administração Pública Eleitoral.
Sujeito ativo
É crime comum. Candidatos, eleitores e não eleitores.
Quanto ao funcionário público, citamos as lições expendidas pelo doutrinador
Damásio Evangelista de Jesus.
Há três correntes: I a) pode ser sujeito ativo de desobediência: RT,
418:249, 656:334 e 726:600; 2â) não pode: RT, 487:289 e 395:315;
JTACrimSP, 83:143; STJ, RHC 4.546, 5a T., DJU, 5 jun 1995, p. 16.675;
3a) se o funcionário desobedece a ordem como particular; se dentro
de suas funções: não há crime de desobediência, podendo existir
prevaricação (RTJ, 103:139 e 92:1095; RT567:397,519:417 e 527:408;
JTACrimSP, 78:386 e 12:96) (J e s u s , 2002, p. 997).
Sujeito passivo
O Estado e a Administração da Justiça Eleitoral.
Incide o princípio da inevitabilidade da jurisdição, ou seja:
significa que a autoridade dos órgãos jurisdicionais é uma emanação
do próprio poder estatal soberano, impõe-se por si mesma,
independentemente da vontade das partes ou de eventual pacto para
774
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is So bre os C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l Capítulo 23
Tipo objetivo
O delito aplica-se a todas as fases do processo eleitoral: alistamento; propaganda
política partidária; propaganda intrapartidária; registro de candidatos; propaganda
política eleitoral; votação; apuração e diplomação.
A recusa é a própria rejeição, denegação ou repulsa. Recusar é negar, total ou
parcialmente, a determinação das ordens legalmente emanadas da Justiça Eleitoral.
O tipo não apenas refere-se à recusa propriamente dita, mas também ao embaraço
à execução das ordens. 0 embaraço caracteriza-se pelo incômodo, a complicação,
as dificuldades colocadas pelo sujeito ativo, ou seja, tolher de qualquer forma o
exercício da jurisdição.
O delito é uma modalidade de desobediência eleitoral.
Se a ordem não estiver relacionada com a matéria eleitoral, o crime poderá ser
o de desobediência do art. 330 do Código Penal ou de prevaricação (CP, art. 319).
Ocorrendo violência, através da resistência, o delito será o do art. 329 do CP. E,
ainda, tratando-se de decisão judicial desobedecida (suspensão de direitos), ver
a r t 359 do CP.
Consuma-se o crime no momento em que o sujeito ativo deveria agir em razão
da ordem recebida ou, ainda, tolhe de alguma forma o completo exercício da ordem
legalmente expedida pela autoridade (juizes eleitorais, TRE, TSE e STF).
O tipo exige a ordem. Não pratica o crime quem não atende a uma solicitação.
O tipo penal é norma penal em branco em sentido restrito, cuja fonte de
colmatação é heterogênea, portanto, as instruções do Tribunal Superior Eleitoral,
na verdade, preenchem o vazio da ordem. Admite-se até que as ordens estejam em
portarias do Secretário de Segurança Pública, como no caso da proibição de venda
de bebidas alcoólicas na véspera e no dia da eleição. Particularmente, entendemos
que estas portarias não podem colmatar o tipo penal, exceto se foram expedidas
pela própria Justiça Eleitoral. Impõe-se o reconhecimento da atipicidade, podendo
o bêbado responder pelo delito do art. 297 do Código Eleitoral e a contravenção
penal do art. 62 da LCP.
De toda sorte, a ordem deve ser direta e revestir-se de legalidade formalística e
substancial, sendo o agente mandante da ordem Juiz Eleitoral ou servidor público
eleitoral.
A ordem genérica não é típica.
775
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Tipo subjetivo
Dolo.
jurisprudência
AERP - Agravo Regimental em Embargos de Declaração em
Representação. Acórdão 439 Brasília-DF 19.9.2002, art. 347 CA. Relator
Carlos Edüardo Caputo Bastos. Relator designado. Publicação: PSBSS -
Publicado em Sessão, data 19.9.2002. Ementa: Representação. Agravo.
Veiculação de propaganda eleitoral sem identificação do partido ou
coligação. Sanção. Inexistência. Aplicação do nullum crimen, nulla poena,
sine lege. Advertência. Verificando-se, na propaganda eleitoral gratuita,
que o partido político ou a coligação não observa o que prescreve o
art. 242 do Código Eleitoral ou o que determina o § 2a do art. 6e da Lei
ne 9.504/97, deve o julgador - à falta de norma sancionadora ~ advertir
o autor da conduta ilícita, pena de desobediência (CE art, 347).
Propaganda eleitoral. Horário gratuito. Utilização. Montagem.
Trucagem. Uso de recurso eletrônico que importe em alteração
de material videográfico. Desde que a utilização dos recursos de
montagem e trucagem não importe em degradação ou ridicularização
de candidato, partido político ou coligação, a simples inexatidão do
original não se presta a configurar a hipótese vedada no inciso I do art. 45
da Lei ne 9.504/97, inviabilizada a aplicação da sanção estabelecida
no parágrafo único do art. 55 do mesmo diploma legal. Agravo a
que se dá provimento. - Agravo de Instrumento - Acórdão n9 3.384
Brasília-DF 25.6.2002 - art. 347 CA. Relatora: Ellen Gracie Northfleet.
Relator designado José Paulo Sepúlveda Pertence. Publicação: DJ ~
Diário de Justiça, v. 1, Data 6.9.2002, p. 206. Ementa: Crime eleitoral:
desobediência à ordem de remoção de propaganda eleitoral: fluxo do
prazo prescricional desde a omissão do cumprimento do mandado
judicial. 0 crime de desobediência à ordem judicial de remoção de
propaganda eleitoral julgada irregular não tem por objetividade
jurídica as regras que a disciplinam, mas, sim, a autoridade das decisões
judiciais. Não se trata, pois, de crime permanente, mas de delito cuja
consumação se exaure com a ação proibida ou com a omissão do ato
determinado pelo mandado judicial, não a elidindo a sua observância
extemporânea. Corre, em conseqüência, o prazo prescricional do
momento de sua consumação instantânea.
776
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S o b r e os C r i m e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l Capítulo 23
777
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Remissões:
Lei n9 6.091/74, art. 11.
Lei ns 1.079/50 - Crimes de responsabilidade - art. 1 2 ,1.
Lei n9 6.815/80 - Estatuto do Estrangeiro - art. 125.
Lei n- 7.716/89 - Preconceito racial - art. 20, § l s.
778
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S o b r e os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P en a l E l e it o r a l Capítulo 23
Bem jurídico
Protege-se a fé pública eleitoral.
Sujeito ativo
Crime comum. Eleitores, não eleitores, candidatos ou cabos eleitorais. Se o
agente for servidor público eleitoral ou não eleitoral, a pena é aumentada. Quanto
ao aumento, ver o art. 285 do Código Eleitoral.
Sujeito passivo
Estado e, secundariamente, a pessoa prejudicada pela falsificação (eleitor ou não
eleitor).
Tipo objetivo
A falsificação pode ser total ou parcial do documento público. Trata-se da
contrafação.
Quanto à alteração, o agente transforma ou modifica letras ou sinais característicos
do documento.
Entende-se que se a falsificação for visível prim o occuli, não haverá o crime em
razão da carência de potencial lesivo.
É crime não transeunte e, portanto, exige prova pericial (CPP, art. 158).
Os documentos mais falsificados para fins eleitorais são as carteiras de identidade
ou certidões de nascimento. Nesse sentido, não se aplica o art. 297 do Código Penal
quando o agente visa, por exemplo, alistar-se eleitoralmente. Sobre o alistamento
eleitoral, ver a Res.-TSE n9 21.538/03. Poderá haver concurso material com o delito
dos arts. 289 e 290 do Código Eleitoral diante da diversidade de bens jurídicos
(fé pública e alistamento eleitoral).
0 objeto material deste crime é o próprio documento falsificado ou alterado.
779
M a r c o s R am ayana D ir jb it o E l e it o r a l
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissão:
CP, arts. 297; 337-A ~ Documento previdenciário.
Bem jurídico
Tutela-se a fé pública eleitoral.
Sujeito ativo
Crime comum.
Sujeito passivo
O Estado e, secundariamente, a pessoa prejudicada pela falsificação (eleitor ou
não eleitor).
Tipo objetivo
Acresça-se, além do expendido aos comentários ao art. 348 do Código Eleitoral,
que o objeto material deste crime é o documento caracterizado como particular.
O documento deve ser em regra geral: escrito; ter autor determinado; conter
manifestação volitiva; e possuir relevância jurídica. Para fins eleitorais, o art. 351
equiparou a fotografia, filme, disco e fita de ditafone. Vê-se que o legislador foi além
da conceituação legal de documento, inclusive ao contrário do disposto no art. 298
do Código Penai.
780
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o P r o c e s s o P en a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissões:
CE, art. 284.
CP, art. 349.
Bem jurídico
Fé pública eleitoral.
Sujeito ativo
Crime comum.
Sujeito passivo
0 Estado e, secundariamente, a pessoa prejudicada pela falsificação (eleitor ou
não eleitor).
Tipo objetivo
A falsidade ideológica ou intelectual é aquela definida por Puglia (Manual
de Direito Penal, v. 2, p. 218) como não revelada por sinais exteriores, porém
concernente ao seu conteúdo, assim exemplificada: a) atestar como verdadeiros e
781
M arcos R am ayan a D ir e it o E l e it o r a l
Tipo subjetivo
Dolo.
Jurisprudência
Agravo de instrumento-Acórdão 1.913 Bragança Paulista/SP 22.2.2000
- art. 350 CE. Relator Edson Carvalho Vidigal. Relator designado. DJ -
Diário de Justiça, 7.4.2000, p. 125. RJTSE - Revista de Jurisprudência do
TSE, v. 12,1.1, p. 120. Ementa: Agravo de instrumento. Matéria de direito.
Provimento. Recurso Especial Eleitoral. Lei n9 9.099/95, art. 89. Código
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C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S obre os C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P en a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Remissões:
CE, art. 284.
CP, art. 299.
783
M arcos R am ayan a D ir e it o E l e it o r a l
Bem jurídico
Tutela-se a falsidade ideológica eleitoral.
Sujeito ativo
Crime próprio. Funcionário público no exercício da função de reconhecimento de
firmas (escreventes, tabelião e oficial de registro civil).
Sujeito passivo
0 Estado e, indiretamente, a pessoa atingida pelo falso reconhecimento.
Tipo objetivo
0 reconhecimento ocorre na firma da pessoa. Assim, o escrevente, v>gA>verifica se
a assinatura é verdadeira. Não há crime na conduta negligente.
Tipo subjetivo
Dolo. Não há punição por culpa. O agente poderá pleitear a responsabilidade civil.
Remissão:
CP, art. 300.
Bem jurídico
Tutela-se a fé pública eleitoral.
784
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S o b r e os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Sujeito ativo
Crime comum.
Sujeito passivo
0 Estado e, indiretamente, a pessoa eventualmente atingida.
Tipo objetivo
0 verbo "usar" deve ser entendido como empregar, exercer ou aplicar o documento.
A conduta usar é punida de forma comissiva.
0 agente pode usar na vida pessoal, privada ou exibir em repartições públicas.
A jurisprudência não tem admitido o crime quando o agente usa o documento
xerocopiado (STJ, RHC 1.499, DJU, 4 de maio de 1992).
0 delito consuma-se com o uso e não é exigível a produção do resultado.
Se o agente exibe o documento em razão de determinação da autoridade,
emergem duas correntes: I a) não há crime (RT, 579: 302); e 2a) é crime (STJ, Respe.
4.655, 5 a T., DJU, 22 de outubro de 1990).
Qüando o agente falsifica, existem três correntes: I a) É concurso material (STF,
RTJ 72:672; 2a) é apenas o crime de falsidade (RT 530: 395); e 3a) o agente pratica
apenas o crime de uso (RT, 4 8 1:310). Assiste razão para a segunda corrente, pois
o uso atinge o mesmo bem jurídico tutelado pelo falso. Evita-se a duplicidade de
punição quanto ao mesmo bem jurídico.
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissão:
CP, art. 304.
Bem jurídico
Tutela-se a fé pública eleitoral.
785
M a r c o s R am a yan a D ir e it o E l e it o r a l
Sujeito ativo
Crime comum.
Sujeito passivo
0 Estado e, secundariamente, a pessoa atingida.
Tipo objetivo
A obtenção é conduta comissiva simiiar ao adquirir, apanhar, lograr ou conseguir.
A obtenção é própria ou para terceiros. Na verdade, o agente apodera-se do
documento e o usa ludibriando a Justiça Eleitoral. A lei pune o assenhorear~se dos
documentos públicos e particulares analisados nos tipos penais anteriores.
0 legislador criou uma exceção pluralista à teoria monista do concurso de
pessoas, porque, na verdade, o agente deveria responder pelo uso (CE, art. 353).
Tipo subjetivo
Dolo.
Art. 355. As infrações penais definidas neste Código são de ação pública.
786
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S obre os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Crítica
Nos crimes que ofendem a honra de candidatos e partidos políticos, como é
o caso da calúnia, difamação e injúria eleitorais, cumpre ponderar que, embora
exista o interesse do Estado e, portanto, do órgão da persecutio criminis eleitorais
(Ministério Público) na apuração destes delitos que ofendem interesses soberanos
da democracia e da higidez das campanhas eleitorais, não resta dúvida que são
delitos dotados de dupla subjetividade passiva, sendo as pessoas físicas e jurídicas
igualmente ofendidas. Nesses casos, então, o Estado devia condicionar o seu poder
repressivo à manifestação volitiva do ofendido e, ante essa situação, as ações seriam
públicas condicionadas, evitando-se a pecha ou insinuação de que o Ministério
Público seria partidário, quando sua atuação no processo eleitoral é suprapartidária
e voltada para a defesa dos interesses indisponíveis da cidadania.
Admite-se a ação penal privada subsidiária da pública (CF, art. 59, LIX) quando
o Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo de 10 (dez) dias, segundo
a regra especial do art. 357 do Código Eleitoral. Trata-se de prazo genérico, seja
para acusado preso ou solto, assim como é o prazo, v.g., fixado na Lei n- 9.099/95.
A regra especial não enseja aplicação subsidiária (posição em sentido contrário
encontramos nas lições da doutrinadora Suzana de Camargo Gomes, que entende
que o prazo para denúncia de acusado preso por crime eleitoral é de 15 dias).
Considerando os crimes eleitorais que permitem a ação privada do ofendido,
apenas indicamos os seguintes: arts. 292, 295, 298, 299, 300, 301, 303, 304, 323,
324, 325, 326, 331, 332 e 334 do Código Eleitoral; porque podemos verificar de
alguma forma ofendidos secundários (pessoas físicas ou jurídicas). Nos demais
delitos eleitorais do Código Eleitoral, não vislumbramos a possibilidade da
787
M arcos R amayana D ir e it o E l e it o r a l
788
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S obre os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Remissões:
CF, art. LIX.
CPP, art. 24.
Art. 356. Todo cidadão que tiver conhecimento de infração penal deste
Código deverá comunicá-la ao juiz eleitoral da zona onde a mesma se
verificou.
§ l s Quando a comunicação for verbal, mandará a autoridade judicial
reduzi-la a termo, assinado pelo apresentante e por duas testemunhas,
e a remeterá ao órgão do Ministério Público local, que procederá na
forma deste Código.
§ 2 9 Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos e
documentos complementares ou outros elementos de convicção, deverá
requisitá-los diretamente de quaisquer autoridades ou funcionários que
possam fornecê-los.
789
M a r c o s R am ayan a D ir e it o E l e it o r a l
cidadão. A notícia da infração penal pode se dar por cognição imediata (decorrente
das atividades de investigação da polícia e do Ministério Público); mediata (quando
qualquer pessoa do povo leva ao conhecimento da autoridade a notícia do crime
eleitoral) e por coerção (nas hipóteses de prisão).
0 caput traduz, de certa maneira, uma regra de competência em razão do local,
porque, ao obrigar a comunicação da notitia criminis ao juiz da zona eleitoral em que
se verificou, procurou o legislador adotar a competência territorial (CPP, art. 70),
ressalvando-se a regra do foro por prerrogativa de função e as hipóteses de conexão.
Outrossim, no a r t 5 9, § 3 â, do Código de Processo Penal é prevista a delatio
criminis, quando qualquer pessoa poderá levar ao conhecimento da autoridade
policial a comunicação de crime. Trata-se de mera faculdade do eleitor ou não eleitor.
No entanto, poderá o agente ter o dever de comunicar e praticar contravenção penal
do art. 66 da LCP, nas hipóteses em que teve conhecimento no exercício da função
pública eleitoral ou não eleitoral (CE, art. 283).
0 § l 9 trata da remessa pelo juiz da notícia criminal ao Ministério Público. Não é o
caso do ofício requisitório (CPP, art, 39, § 4 S), porque não se trata de representação.
Quanto ao § 2 e, caberá ao órgão do Ministério Público com atribuições eleitorais,
(promotor eleitoral, procurador regional eleitoral ou procurador-geral eleitoral -
PGR) verificar os elementos mínimos e indispensáveis para formular a exteriorização
da opinio delicti.
790
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S o b r e os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P en a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Nesse sentido:
"Ementa:
Recurso Criminal. Foro especial por prerrogativa de função. Vereador.
Constituição Estadual. Pretensão punitiva. Prescrição. Recebimento
da denúncia. Interrupção. Sentença. Art. 332 do Código Eleitoral
Condenação. Substituição da pena. Multa. 1 - Deve-se aplicar o
dispositivo da Constituição Estadual que contempla o foro especial
por prerrogativa de função aos vereadores, somente _jqQ_que diz
respeito aos crimes comuns, em processo e julgamento q.u.e.jntão
sejam de competência da justiça da União, ou seja, da Justiça Federal,
Justiça Eleitoral e Auditoria Militar Federal; 2 - 0 recebimento da
denúncia interrompe o prazo prescricíonal e reabre para o juiz prazo
para oferecer a prestação jurisdicional; 3 - No mérito, a conduta
dos recorrentes subsume-se ao tipo penal incriminador do art. 332
do Código Eleitoral, razão pela qual deve-se-lhes aplicar o preceito
secundário da norma em questão, que estatui pena de detenção de até
seis meses; 4 - Não há qualquer erro na quantidade de dias-multa fixada
pelo juiz, já que a pena de multa aplicada pelo magistrado nada tem a
ver com a multa prevista no art. 332 do Código Eleitoral, e sim com a
substituição prevista no art. 44, § 2-, do Código Penal, e quantificada
pelo art. 49 do mesmo diploma. Recurso improvido (TRE/PI, Acórdão
36C Padre Marcos - PI 10.06.2005, Rei. Bernardo de Sampaio Pereira,
DJE - DIÁRIO DEJUSTIÇA DO ESTADO DO PIAUÍ, vol. 5427, 23.06.2005,
p. 22).
E ainda:
Verifica-se que mesmo os Ministros que entendem ser
constitucional a criação de foro por prerrogativa de função por
Constituição de Estado-membro, afirmam que não prevalece o foro
especial em causas de competência da Justiça Federal, vez que não
pode a Constituição do Estado derrogar a competência atribuída pela
Constituição Federal aos Juizes Federais,
O Ministério Público traz à colação arestos do STJ (HC ne 11939/RJ.
Rei. Min. Gilson Dipp, DJ 23/10/2000) e do próprio Tribunal de Justiça
do Estado do Rio de Janeiro (HC proc. n9 2000.059.02382 Rei2. Desa.
Fátima Clemente, j. 19/09/2000), no sentido da inconstitucíonalidade
do art. 158, IV, letra “d" da Constituição deste Estado.
Ademais, já tendo sido procedida a quebra do sigilo bancário requerida,
e colhidas as informações requeridas nestes autos, exauridas estão
as diligências, devendo ser acolhido o pleito para remessa dos autos
ao Juízo de I a instância onde tramita o inquérito policial destinado
a averiguar a possível ocorrência de infração penal (3a Vara Federal
Criminal de Teresópolis).
791
M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
792
C o n s i d e r a ç õ e s G e r a i s S o b r e o s C r im e s E l e i t o r a i s e
o P r o c e s s o P en a l E l e it o r a l C a p it u l o 23
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M a r c o s R am ayan a D ir e it o E l e it o r a l
7Q A
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o P r o c e s s o P en a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
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M arcos R amayana D ir e it o E l e it o r a l
Remissões:
CP, art. 269.
CPP, arts. 27; 40.
796
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S o b r e os C r i m e s E l e it o r a is e
o P ro c e sso P en al E le ito r a l C a p ít u l o 2 3
Leis especiais
Outras leis especiais fixara prazos diferenciados e não se utiliza a regra da
aplicação subsidiária do CPP como, por exemplo, nos crimes de abuso de autoridade
(48 horas), art, 13 da Lei n9 4.898/65.
Contravenção
Não há contravenção penal eleitoral. 0 eminente doutrinador Frederico Marques
salienta que as infrações penais eleitorais sancionadas apenas por multa são
contravenções penais. Na verdade, o prazo é único e o rito idêntico.
A lei eleitoral federal da Alemanha (Bundeswahlgeset - BWahlG), no art. 49-A,
trata de contravenções penais eleitorais.
Um exemplo é o caso do mesário faltoso ou de qualquer agente de cargo honorífico.
No Brasil, esta conduta é tipificada como crime no art. 344 do Código Eleitoral.
Na Espanha, v.g., toda infração às normas obrigatórias estabelecidas pela legislação
eleitoral que não constitua crime é sancionada pela Junta Eleitoral competente
(art. 153 da Lei Orgânica n9 5/85, de 19 de Junho do Regimento Eleitoral Geral).
797
M a r c o s R a m a y an a D ir e it o E l e it o r a l
Assim, o arquivamento requerido pelo Promotor Eleitoral e não aceito pelo Juízo
Eleitoral, era submetido à apreciação do Procurador Regional Eleitoral para decisão
definitiva sobre a questão.
Ocorre que, recentemente, a 2a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério
Público Federal, especializada em matéria penal deliberou emitir o Enunciado 29,
a seguir transcrito:
Enunciado ng 29: Compete à 2a Câmara de Coordenação e Revisão do
Ministério Púbiico Federal manifestar-se nas hipóteses em que o Juiz
Eleitoral considerar improcedentes as razões invocadas pelo Promotor
Eleitoral ao requerer o arquivamento de inquérito policial ou de peças
de informação, derrogado o art. 357, § l 9 do Código Eleitoral pelo
art. 62, inc. IV da Lei Complementar ns 75/93.
Com isso, a opinião definitiva sobre o arquivamento caberá à Câmara de
Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, e não mais a Procuradoria
Regional Eleitoral. Conforme entendimento da Instituição Federal o art. 357,
§ 1- do Código Eleitoral (acima transcrito) restará derrogado pelo art. 62, IV da Lei
Complementar ne 75/93, verbis:
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o P r o c e s s o P e n a i E l e it o r a l C a p ít u l o 23
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M a r c o s R am ayan a D ir e it o E l e it o r a l
Remissão:
CPP, art. 28.
Remissão:
CPP, art. 41.
8 0 0
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o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Remissões:
Ver comentários ao art. 342 do Código Eleitoral.
801
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802
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
"Art. 394.
(...)
§ 5a Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário
e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário”.
803
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8 0 4
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S obre os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Ocorre que o art. 358 e seu parágrafo único, do Código Eleitoral, não foram
expressamente revogados, o que pode suscitar dúvidas sobre se tal disciplina teria
sido ou não tacitamente revogada.
O que se pode perceber é que o parágrafo único do art. 395 do CPP (lei nova) não
foi vetado, mas surgiu nesta lei nova como já tendo sido revogado, sendo que, de
fato, nunca existiu.
É necessário frisar que as hipóteses de rejeição da denúncia eram tratadas pelo
art. 43, e não pelo art. 395, que tem um parágrafo único que já surgiu como revogado.
Com isso, verifica-se que o parágrafo único do art. 358 do Código Eleitoral, a
princípio, também teria sido revogado tacitamente pela Lei ne 11.719/08. Todavia, a
lei nova errou ao fazer menção ao parágrafo único do art. 395 do CPP. Desta forma, não
é possível ampliar um equívoco do legislador de forma a atingir o dispositivo do Código
Eleitoral, até porque ele contém normas inerentes à teoria geral do processo, quando
permite que satisfeita uma condição da ação o processo seja aproveitado. Não subsiste
nenhum sentido na revogação desta regra já imanente na prática do processo penal.
Todavia, há de se considerar que tal dispositivo faz menção ao antigo inciso III,
que trata da ilegitimidade da parte ou da falta de uma condição da ação, e estas
hipóteses já estão previstas no inciso II do atual art. 395. Assim, não obstante deva
ser tal regra ainda aplicável, não subsiste nenhuma razão para manutenção da
referência contida no parágrafo único do art. 358 do atual Código Eleitoral.
Desta forma, podemos concluir que o art. 3 5 8 e seu parágrafo único estão
revogados tacitam ente pela nova moldura processual penal adotada no
M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
art. 3 9 5 da lei nova. Entretanto, isso não significa que o seu teor não incida nos
casos atuais, pois, como dito acima, é imanente à teoria geral do processo.
O novo perfil da Defesa Prévia ou Alegação Prelim inar
No que concerne áo procedimento específico do processo penal eleitoral, há de
se acrescentar um novo perfil para a defesa prévia ou alegação prelim inar.
A defesa prévia ou alegação preliminar não deverá estar restrita ao arrolamento
de testemunhas, simples requerimento de diligências ou mera indicação da
inocência do réu. Caberá ao advogado de defesa abordar "prelim inares e tudo o
que in teresse à defesa do seu clien te" (art. 396-A do CPP), ou seja, mérito.
Antes da alteração legislativa, a defesa prévia não se prestava a argumentações
profundas de teses defensivas, pois estas eram reservadas para as alegações finais,
como tática defensiva.
Agora, em razão da possibilidade de absolvição sumária, surge um novo sistema
defensivo nas alegações preliminares, quando compete, nos moldes do processo
moderno, a adoção da ampla defesa e de todas as teses possíveis, inclusive da
contrainvestigação que poderá obstaculizar a acusação penal levando à absolvição
sumária do acusado.
Assim, o juiz da causa terá três momentos para a absolvição do réu: com a
rejeição da denúncia, com a absolvição sumária prevista no art. 397 do CPP, e com a
sentença final, após o término do procedimento em I a instância.
A ju stificação, nos moldes do processo civil (art. 861 do CPC), poderá ser
utilizada na defesa prévia, quando o acusado terá a oportunidade de protestar
por documentos essenciais, provas emprestadas e oitiva de testemunhas. Tudo no
intuito de impedir o seguimento da ação penal e objetivar a absolvição su m ária.
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A redação anterior era: "Recebida a denúncia e citado o infrator, terá este o prazo
de 10 (dez) dias para contestá-la, podendo juntar documentos que ilidam a acusação
e arrolar as testemunhas que tiver". A Lei nQ 10.732, de 5 de setembro de 2003,
tratou do interrogatório do acusado, embora faça menção ao depoimento pessoal.
O Supremo Tribunal Federal já havia decidido quanto à desnecessidade de
interrogatório no processo eleitoral, pois com a contestação estava assegurado o
princípio da ampla defesa.
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810
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partes interessadas podem pedir para consignar em ata seus protestos e perguntas,
considerando que o interrogatório é meio de prova e de defesa.
Outrossim, cabe ao juiz eleitoral indagar ao promotor eleitoral se ele tem
perguntas e, por último, à defesa, pois a inversão da ordem, ao nosso entender,
não pode ser adotada, considerando que a defesa sempre será exercida com maior
amplitude quando tiver uma visão completa do panorama probatório apresentado.
No entanto, a inversão da ordem de perguntas é causa, apenas, de nulidade relativa
do ato processual
0 interrogatório continua sendo um ato personalíssimo, no sentido de que só o
acusado pode ser interrogado, mas a judicialidade foi mitigada ou temperada pela
participação das partes na formulação de perguntas.
Outrossim, a presença do defensor ou advogado é obrigatória, sob pena de
nulidade absoluta do feito (aplicação dos princípios do contraditório e ampla
defesa).
Por fim, quando existirem corréus, os mesmos devem ser interrogados
separadamente, devendo o juiz eleitoral tomar o cuidado de evitara intercomunicação
entre os acusados após serem os mesmos devidamente interrogados (CPP, a r t 191).
A Lei ns 10.732, de 5 de setembro de 2003, que introduziu o interrogatório no
processo penal especial eleitoral é anterior à Lei n9 10.792, de l 9 de dezembro
de 2003, que modificou as regras anteriores do Código de Processo Penal sobre o
mesmo; portanto, não há dúvidas de que se aplica subsidiariamente todo o novo
disciplinamento.
Jurisprudência
Nulidade processual. Processo penal eleitoral. Citação. A citação há
de se fazer com obediência das determinações constantes do CPP,
consignando-se no mandado o prazo para defesa de que cuida o art.
359 do CE. Acórdão 12.658, de 30.6.1998 - Recurso Especial Eleitoral
12.658 - Classe 22a/RJ (54a Zona - Mangaratiba). Relator: Ministro
Eduardo Ribeiro.
Acórdão 286 - Habeas corpus 286 - São Paulo-SP. Relator: Ministro
Antonio de Pádua Ribeiro. Impetrante: Antonio Carlos Braga de Araújo.
* Paciente Manoel Pereira de Araújo. Impetrado Tribunal Regional
Eleitoral/SP. DJ de 10.05.1996. Ementa: Processual penal eleitoral.
Interrogatório do acusado. Desnecessidade. Inocorrência de ofensa
aos princípios do contraditório e da ampla defesa. I. Interrogatório
não é previsto no processo eleitoral (Código Eleitoral, art. 359), não
I implicando a sua ausência ofensa aos princípios do contraditório ou
| da ampla defesa. Precedentes. II. Habeas corpus indeferido, com a
cassação da liminar concedida.
811
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
812
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a i E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Quando a lei faz menção ao prazo decorrido, refere-se ao prazo das alegações
finais. 0 servidor eleitoral deverá levar os autos conclusos ao juiz eleitoral no prazo
de 48 (quarenta e oito) horas e o juiz decidirá em 10 (dez) dias.
813
M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a i
Remissão:
Ver comentários ao art. 357 do Código Eleitoral.
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C o n s id e r a ç õ e s G e r a is So bre os C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P en a l E l e it o r a l C a p ít u l o 2 3
815
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
julgamento, se houver corréu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer
a hipótese do art. 461" (CPP, art, 79, § 29). 0 art. 461 trata das recusas dos jurados,
A exceção às regras de competência do Tribunal do Júri deve ter base
constitucional. Destacamos:
Gozando o autor de crime doloso contra a vida de foro por prerrogativa
de função estabelecido na Constituição Federal, a competência para
processá-lo e julgá-lo será deste foro especial e não do júri, já que a própria
Carta Magna estabelece a exceção à competência do Tribunal Popular.
Entretanto, se o foro especial for estabelecido pela Constituição estadual,
por lei processual ou de organização judiciária, o autor do crime doloso
contra a vida deve ser submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri uma
vez que tais preceitos jurídicos não podem exduír a competência do Juízo
instituído pela Carta Magna (M ir a b e t e , 2001, p. 188-189).
Por fim, qualquer alteração de regra de competência do Tribunal do Júri (CF,
art. 52, XXXVIII) afeta diretamente os direitos e garantias individuais, não sendo
nem admitida modificação por emenda constitucional (CF, art. 60, § 4 9, IV). Trata-se
de cláusula pétrea ou núcleo imodificável.
Conexão:
a) intersubjetiva por simultaneidade (CPP, art. 7 6 ,1);
b) intersubjetiva por concurso (CPP, art. 7 6 ,1, 2a parte);
c) intersubjetiva por reciprocidade (CPP, art. 7 6 ,1, última parte);
d) conexão material, lógica ou teleológica (CPP, art. 76, II);
e) conexão probatória ou instrumental (CPP, art. 76, III).
A continência não foi referida no artigo em comento (CPP, art. 77). No entanto,
é consectário legal que, se o agente pratica o crime com concurso de pessoas ou
ocorrendo ainda concurso de crimes (formal, material e continuado), os fatos devem
ser julgados num simultaneus processus, sendo a Justiça Eleitoral o forum attractionis.
Remissões:
CE, art. 288.
CP, art. 12.
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C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S obre os C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Bem jurídico
A esfera de proteção da norma jurídica é de alta relevância, pois quaisquer
informações inverídicas durante as pesquisas de intenção de votos afetam o resultado
da eleição, especialmente quando os candidatos disputam mandatos eletivos pelo
sistema majoritário (prefeito, governador, senador e presidente da República).
0 desenvolvimento de técnicas cada vez mais sofisticadas de sedução e
persuasão define o famoso sentido do "marketing eleitoral" como o conjunto de
meios publicitários efetivados na divulgação das mensagens e intenções de voto
mediante pesquisas que reflitam a verdadeira vontade popular.
O bem jurídico afetado é a propaganda política eleitoral.
Sujeito ativo
Trata-se de crime comum. A princípio, o agente é responsável pela elaboração
de uma pesquisa nos moldes imperativos fixados no capu t e parágrafos do art. 33;
não é o agente ativo. No entanto, se os dados foram manipulados com a finalidade
817
M a rc o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Sujeito passivo
0 delito é de plurissubjetividade passiva, pois atinge o eleitor, os candidatos
contrários ao beneficiado pela pesquisa fraudulenta, os partidos políticos e a
democracia.
Tipo objetivo
0 crime pode ser classificado como de impressão, porque causa alteração na
vontade do eleitor redirecionando a opinião pública eleitoral e violando o hígido
direito de informação.
Pode o delito ter o caráter plurilocal, pois, dentro do mesmo país ou circunscrição
eleitoral, a conduta de divulgação é realizada em um Estado e a produção do
resultado se dá em outro Estado ou Município.
A hipótese é de delito transeunte, porque deixa vestígios formais contidos em
documento específico cujo conteúdo é ideologicamente falso. Trata-se de documento
fraudulento que ganha publicidade em dimensões pulverizadas.
A violação atinge o verdadeiro direito de informação cujo arrimo está em
norma constitucional (art. 5 Q, inciso XIV, da CR/88); além de afetar a igualdade dos
candidatos perante as normas de propaganda política eleitoral.
Como se nota, o crime só pode ser praticado na fase da propaganda política
eleitoral. Não se aplica à propaganda política partidária. No entanto, a pesquisa
fraudulenta pode ocorrer em período pretérito ao do dia oficial de início da
propaganda (art. 36 da Lei ne 9.504/97).
As pesquisas eleitorais devem informar, por intermédio das empresas
especializadas, qual foi a empresa ou pessoa física que contratou os serviços, o
valor pago e a metodologia, que geralmente consiste em entrevistas pessoais com
a aplicação de questionários estruturados e padronizados junto a uma amostra
representativa do eleitorado.
Um dos dados fundamentais é o plano amostrai, que consiste em identificar o
público pesquisado, ou seja, o Município ou Estado, até mesmo bairro ou região
de pesquisa; o tipo de amostra em relação a sexo, idade, função e posição social
ocupada pelo eleitor entrevistado.
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C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 2 3
Tipo subjetivo
A conduta de divulgar fatos pesquisados de forma fraudada ou a própria
divulgação sem lastro ou idoneidade pressupõe o dolo. Não há modalidade culposa.
Havendo erro ou culpa, o agente responde apenas pela sanção de multa fixada no
§ 3- do art, 34.
Remissões:
Vide Lei nQ 11.300, de 10 de maio de 2006, art. 3 5 -A, que veda a divulgação de
pesquisas 15 dias antes do dia anterior ao dia da eleição.
23.5.2. Art. 34
819
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Bem jurídico
O delito atinge o controle sobre os atos administrativos de organização da
Justiça Eleitoral, bem como o direito de fiscalização pelos partidos políticos das
informações sobre pesquisas eleitorais.
Sujeito ativo
O crime é comum. Não se exige uma qualidade especial do agente ativo da
infração penal, embora o art. 35 inclua na responsabilidade penal os representantes
das empresas ou entidades de pesquisas e dos órgãos de veiculação.
Sujeito passivo
0 delito é vago, pois atinge o público eleitor e a sociedade em geral, mas o tipo
penal incluiu apenas os partidos políticos, deixando de fazer menção a coligações
e candidatos. Se um partido político estiver coligado não terá legitimidade para
agir sem toda a coligação nas questões eleitorais não penais. No âmbito penal
cabe ao partido político atingido noticiar o fato ao Ministério Público (promotor
eleitoral, procurador regional eleitoral ou procurador-geral eleitoral) visando à
exteriorização da opinio deücti pelo órgão.
Tipo objetivo
O trecho "O não cumprimento do disposto neste artigo” estava condicionado ao
caput do artigo. No entanto, considerando o veto atribuído ao dispositivo legal, ele
perdeu sua incidência jurídica penal.
Como se nota, a figura penal restringe-se a punir atos retardatários, impeditivos
ou dificultosos da atividade essencial de fiscalização pelos partidos políticos.
A título de exemplificação, nas eleições de 2006, o Egrégio Tribunal Superior
Eleitoral expediu a instrução/Resolução ne 22.143/2006 sobre pesquisas eleitorais,
assim disciplinando o tema:
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o P r o c e s s o P en a l E l e it o r a l C a p ít u l o 2 3
Bem Jurídico
Como se nota, o tipo penal em vigor protege o livre acesso dos partidos políticos
às pesquisas e à origem verdadeira dos dados para que sejam comprovados os fatos.
O delito é de menor potencial ofensivo se for aplicada a transação penal prevista
na Lei nQ9.099/95 em razão do disposto na Lein2 10.259/2001, e o sursis processual.
A competência deve ser firmada no local onde se deu o retardamento ou embaraço
que dificultou o acesso aos dados da pesquisa, não sendo necessariamente o mesmo
local de coleta dos elementos pesquisados.
821
M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Confronto
Se existe precedente ordem judicial descumprida, o fato desloca-se para a
incidência do tipo do a r t 347 do Código Eleitoral.
Durante a fase de votação pode incidir o tipo especial do a r t 87, § 4 - da Lei
n9 9.504/97, quando o agente (mesário) não faz a entrega da via do boletim de urna
ao fiscal do partido, ou não é observada a distância mínima para a fiscalização dos
votos em apuração pela Junta Eleitoral.
Tentativa
A tentativa não é possível, pois o agente que dificulta já incide na prática delitiva,
não sendo necessário o impedimento, considerando que pode se dar a figura do
obstáculo parcial ao acesso das fontes e dos dados reais que nutriram o campo
pesquisado.
Tipo subjetivo
O delito só pode ocorrer dolosamente. O agente deve manifestar em gestos,
atos ou por escrito uma forma de dificuldade ou impedimento ao amplo direito de
fiscalização pelos partidos políticos.
Remissões:
Arts. 347 do Código Eleitoral e 87, § 4- da Lei n9 9,504/97.
23.5.3. Art. 35
Art. 35. Pelos crimes definidos nos arts. 33, § 4e e 34, §§ 2- e 3e, podem
ser responsabilizados penalmente os representantes legais da empresa
ou entidade de pesquisa e do órgão veiculador.
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C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P enal E l e it o r a l C a p ít u l o 2 3
23.5.4. Art. 39
23.5.5. Art. 40
Bem Jurídico
A norma protege contra a prática da improbidade administrativa.
A base legal constitucional está no art. 37 da Constituição Federal, especialmente
nos princípios da impessoalidade e moralidade pública.
823
M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Sujeito ativo
É crime comum, a princípio qualquer pessoa poderá praticar o delito utilizando
o bem imaterial (símbolo, frase ou imagem), mas admite-se a participação ou
coautoria com o candidato infrator.
O servidor público poderá praticar o crime em concurso de pessoas com os
representantes dos partidos políticos.
Sujeito passivo
O Estado, a Administração Pública direta ou indireta da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios.
Tipo objetivo
A norma penal evita condutas ilícitas de agentes públicos em campanhas
eleitorais. Trata-se de uma especialidade penal do rol das condutas vedadas do
art. 73 e incisos da Lei n9 9.504/97, bem como uma forma de preservação da
igualdade nas campanhas eleitorais.
Protege-se a propaganda política eleitoral dos desvios e da lavagem de dinheiro
público, pois não se admite que o candidato se locuplete direta ou indiretamente do
valor pago com recursos públicos a artistas, criadores, publicitários e "marketeiros”
políticos.
824
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825
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Tipo subjetivo.
Crime doloso.
Remissões:
Ver art. 37 da CF, Lei ns 8.429/92 e art. 73, inciso II, e 74 da Lei n9 9.504/97.
826
CONSIDERAÇOES GERAIS SOBRE OS CRIMES ELEITORAIS E
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 2 3
23.5.6. Art. 58
As regras são remissívas aos crimes tipificados nos arts. 345 e 347 do Código
Eleitoral.
23.5.7. Art. 68
827
M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Bem Jurídico
0 Estado. Tutela-se a fé pública do resultado das eleições, 0 tipo protege a
autenticidade ou fidedignidade da votação nos partidos políticos e candidatos
especificamente votados naquela eleição.
Sujeito ativo
0 crime é próprio. Trata-se de crime funcional, ou delicta in officio praticado pelo
presidente da mesa ou mesários, mas como a lei eleitoral permite a nomeação de
mesário ad h oc entre eleitores que estejam aptos a votar, na falta do coraparecimento
do mesário oficial é possível a extensão para esses mesários temporários, que se
investem plenamente da função em razão da urgente necessidade de composição
da seção eleitoral.
É crime que é processado e punido no âmbito da competência do juiz eleitoral
responsável pela seção eleitoral. Aplica-se o critério territorial do art. 70 do CPP, de
forma subsidiária.
Punem-se os agentes honoríficos que exercem funções de mesários, mas somente
a título de dolo.
Sujeito passivo
Os partidos políticos, coligações e candidatos, que não recebem o boletim
expedido.
Tipo objetivo
A Justiça Eleitoral, por resolução temporária, expede regras cautelosas sobre o
processo de votação e apuração, as quais servem de compreensão sistemática do
exame do tipo penal, que é uma norma penal em branco.
Exemplificando o assunto, destacamos parte do teor da Res. TSE n- 22.154/06,
que nas eleições de 2006 regulou o assunto, Como a questão se repete para as
demais eleições, com apenas específicas alterações, cumpre ao aplicador da lei
utilizar estas regras para colmatar o assunto.
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M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Tipo subjetivo
0 dolo. Não há crime culposo. Se o mesário esqueceu-se de entregar a via, o fato
é atípico. Durante a fase de votação e seu regular encerramento podem ocorrer
fatores externos imprevisíveis, que impliquem na não entrega da via, até porque
não solicitada.
De toda sorte, cumpre ao mesário ou presidente da seção levar em envelope
o material fornecido pela Justiça Eleitoral até a sede da zona eleitoral prestando
contas das vias de boletim de urna e outros documentos.
Remissões:
Ver o crime de mapismo previsto no art. 315 do Código Eleitoral e o delito
do art. 72 da Lei ne 9.504/97, bem como as resoluções temporárias do TSE que
disciplinam o processo de votação e apuração dos votos.
23.5.8. Art. 70
0 tipo penal é de remissão aos arts. 87 da Lei n- 9.504/97, 316 e 347 do Código
Eleitoral.
Em complemento ao tema, verifica-se que a hipótese é de rara aplicação, pois,
com o sistema eletrônico de votação se preserva a transparência e ampla fiscalização
das aplicações, inserções e inseminações de dados nas urnas eletrônicas; e, além
de tudo, no próprio processo de transmissão de dados pelas zonas eleitorais aos
Tribunais Regionais Eleitorais e destes ao Tribunal Superior Eleitoral existe a
obrigação da fiscalização do Ministério Público e de fiscais (delegados) de partidos
políticos.
No voto manual ou no "cantado” - quando não se consegue extrair da urna
eletrônica o seu conteúdo, e os servidores da Justiça Eleitoral com base no boletim
de urna impresso passam para outra urna os dados de votação para posterior
transmissão - é possível incidir o tipo penal.
O tipo é mais remissivo ao art, 87 da Lei n- 9.504/97.
830
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S o b r e os C r im .e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ítu lo 2 3
23.5.9. Art. 72
Bem jurídico
A conduta atinge a regular Administração Eleitoral, a fé pública das eleições,
além de, no inciso III, caracterizar um dano (bem material) ao patrimônio da Justiça
Eleitoral. Trata-se de tipo penal de múltipla lesão, porque ainda pode ofender a
paz pública das eleições na proteção de bens imateriais informatizados que possui
componentes intangíveis, como o softw are.
Sujeito ativo
É crime comum, porque permite sua prática por qualquer pessoa, mas é inegável
que o agente ativo tenha uma especial condição profissional na modalidade dos
incisos I e II do artigo, sendo classificado como um h ach er (expressão designativa de
estudantes de computação que pesquisam em laboratórios de informática). Trata-
se de um especialista do computador. Existe ainda, o hacher ético que se diferencia
do cracher, que é um não ético. Fala-se ainda em guru, que é na escala hierárquica
de informática um ser supremo do conhecimento informatizado. Temos ainda
outros adjetivos, tais como: carders (fraudadores de cartões de crédito usando a
informática); Òlack hats (utilizam a informática para o crime) e p h rea k er (utilizam
o sistema eletrônico e telefônico),
O agente especialista pode con tar com outros partícipes ou coautores que não
tenham conhecimento de informática, inclusive na formação do delito de quadrilha
(art. 288 do Código Penal); neste caso, o delito comum é julgado pela Justiça Eleitoral
(art. 35, inciso II, do Código Eleitoral).
831
M arcos R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Sujeito passivo
0 Estado. A Administração da Justiça Eleitoral 0 bem imaterial ou material
da União e o eleitor, bem como o sistema eleitoral. Trata-se de delito de múltipla
subjetividade passiva, especialmente nos casos dos incisos I e II.
A conduta lesa a credibilidade do sistema eleitoral de votação e apuração dos
votos, causando uma demonstração de ineficiência dos serviços públicos e atingindo
o sentimento de proteção social e fidedignidade das eleições.
A pena é elevada em função da diversidade de lesões causadas não apenas ao
erário público, ao eleitor, à Administração da Justiça Eleitoral, mas principalmente
ao sistema eleitoral cuja confiabilidade foi depositada ao Estado.
Tipo objetivo
A ação envolve dois tipos básicos de lesões: uma ao hardw are (que são coisas
alheias móveis, ou seja, equipamentos que ensejam a prática de ações, por exemplo,
o monitor, o mouse etc.); e outra, ao softw are, que é o programa de dados da Justiça
Eleitoral na medida em que o agente altera a apuração e contagem dos votos
eletrônicos, pois o tipo se difere, por exemplo, do crime de mapismo do art. 315 do
Código Eleitoral.
0 softw are é uma criação intelectual, um bem imaterial. Trata-se de uma obra de
natureza intelectual que incide a proteção do Direito Autoral.
Como se nota, o tipo penal é subdividido em três espécies, a saber: no inciso
I, o agente consegue o acesso, a senha e os códigos, e invade o sistema privativo
de criação do Egrégio Tribunal Superior Eleitoral. 0 objetivo do agente ativo da
empreitada criminosa é delineado no tipo penal, ou seja, alterar a apuração (fase
específica) ou a contagem dos votos.
0 acesso pode ter sido obtido por corrupção do servidor ou de agente da empresa
responsável pela senha e códigos. Outra forma de acesso se dá pela manipulação dos
comandos e meios técnicos. É uma espécie de furto ou estelionato, quando a pessoa
responsável pela guarda e proteção do sistema é enganada e o delinqüente invade o
sistema. 0 infrator ultrapassa as limitações impostas pelo equipamento e senhas. É
uma verdadeira manipulação oculta, que pode ou não contar com a colaboração de
terceiros integrantes do próprio sistema operacional.
0 autor do delito é um verdadeiro "pirata" da informática, e ofende o direito
pelo abuso das técnicas. Há invasão de privacidade do sistema eletrônico com o
monitoramento do tráfego de informações, alterando a quantidade dos votos e
modificando a apuração. Ao final, elege-se ilicitamente um mandatário político, que
é o responsável pela engenharia criminosa.
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Tipo subjetivo
Dolo especial de agir. Não há previsão culposa.
Remissões:
Vide arts. 5 9, inciso X, da CF; 155, § 3 do Código Penal; e Lei n2 9.296/96
(Interceptação telefônica).
23.5.10. Art. 87
Art, 87. Na apuração, será garantido aos fiscais e delegados dos partidos
e coligações o direito de observar diretamente, à distância não superior
a um metro da mesa, a abertura da urna, a abertura e a contagem das
cédulas e o preenchimento do boletim.
§ l 2 0 não atendimento ao disposto no caput enseja a impugnação do
resultado da urna, desde que apresentada antes da divulgação do boletim.
§ 2a Ao final da transcrição dos resultados apurados no boletim, o
presidente da Junta Eleitoral é obrigado a entregar cópia deste aos
partidos e coligações concorrentes ao pleito cujos representantes o
requeiram até uma hora após sua expedição.
§ 3e Para os fins do disposto no parágrafo anterior, cada partido ou
coligação poderá credenciar até 3 (três) fiscais perante a Junta Eleitoral,
funcionando um de cada vez.
§ 4 e 0 descumprimento de qualquer das disposições deste artigo
constitui crime, punível com detenção de 1 (um) a 3 (três) meses, com a
alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período
e multa, no valor de 1.000 (um mil) a 5.000 (cinco mil) UFÍFL
Bem jurídico
O Estado. Tutela-se a fé pública das fases de votação e apuração.
Sujeito ativo
Trata-se de crime próprio. É ainda crime funcional, ou delicta in officio praticado
pelos membros da Junta Eleitoral (arts. 36 a 41 do Código Eleitoral) que exercem
abuso de autoridade, impedindo ou diminuindo as chances de igualdade de
fiscalização do processo de votação e apuração.
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Sujeito passivo
Os partidos políticos, coligações e candidatos, que são impedidos de fiscalizar
as eleições (votação ou apuração dos votos), sendo obstaculizados no acesso,
observação e verificação em geral da abertura das urnas de lona ou eletrônicas (estas
por mecanismos e ferramentas informatizadas), a fiel contagem dos votos, inclusive
os chamados "cantados" e a digitação ou lançamento do resultado verdadeiro nos
boletins de urna.
0 delito é de dupla subjetividade passiva. 0 Estado Democrático e os atores e
participantes do processo eleitoral, especialmente quando estes são fiscais, tais
como: o próprio Ministério Público, delegados de partidos políticos, fiscais de
partidos, candidatos (fiscais naturais da própria eleição) e os representantes das
alianças políticas (coligações).
Tipo objetivo
Na cabeça do art. 87, é assegurado ao fiscal a observância direta, sem a utilização
de instrumentos manuais ou informatizados, da abertura da urna, contagem das
cédulas e preenchimento do boletim.
A visualização é direta e deve respeitar a distância da junta Apuradora “não
superior a um metro".
0 tipo penal é remissivo, pois sua completude está no art. 70 da Lei n9 9.504/97.
O § l s consagra a impugnação ao cerceamento do direito de fiscalização, mas não
se pode utilizar esta defesa como tentativa fraudulenta de anulação das eleições.
A regra não é absolutamente cogente se a metragem superar em centímetros a
distância mínima de um metro. Veda-se, na verdade, a essência da fiscalização, e
apenas a fotografia da cena fática local será capaz de moldar a correta incidência da
norma penal.
Já o § 2 a consagra a entrega do boletim de urna aos partidos políticos, por
intermédio de seus representantes. Se a entrega foi feita ao representante ou fiscal
eleito por todos os partidos naquela zona eleitoral, ou em determinadas seções, o
fato será atípico.
O ato é bilateral, pois cumpre ao representante solicitar o boletim, o que é fato
raro de ocorrer.
0 § 3 - prevê o credenciamento de fiscais, que é ato de atribuição dos
próprios partidos políticos, pois a justiça Eleitoral não está obrigada a fazer este
credenciamento, mas apenas lhe compete a conferência dos nomes de acordo com a
relação fornecida pela própria agremiação política (art. 65, § 2 S, da Lei ns 9.S04/97).
835
M arcos R am ayan a D ir h t o E l e it o r a l
Tipo subjetivo
0 tipo penal só ocorre por dolo. Em razão do princípio da excepcionalidade
do crime culposo; não prevê a lei a punição por negligência ou imprudência nas
atitudes e atos dos membros da Junta Eleitoral.
Remissões:
Arts. 36 a 41 do Código Eleitoral, e 65, § 2-, e 70 da Lei n- 9.504/97.
Disposições Finais
2 3 .5 .1 1 . Art. 90
Art. 90. Aos crimes definidos nesta Lei, aplica-se o disposto nos arts. 287
e 355 a 364 da Lei n9 4.737, de 15 de julho de 1965 (Código Eleitoral).
§ l e Para os efeitos desta Lei, respondem penalmente pelos partidos e
coligações os seus representantes legais.
§ 2e Nos casos de reincidência, as penas pecuniárias previstas nesta Lei
aplicam-se em dobro.
836
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is S o b r e os C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ítu lo 2 3
CAPÍTULO í
AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA.
Art. I 9 Nos crimes de ação penal pública, o Ministério Público terá o
prazo de 15 (quinze) dias para oferecer denúncia ou pedir arquivamento
do inquérito ou das peças informativas. (...)
Art. 4 e Apresentada a denúncia ou a queixa ao Tribunal, far-se-á a
notificação do acusado para oferecer resposta no prazo de quinze dias.
(...)
Art. 69 A seguir, o relator pedirá dia para que o Tribunal delibere sobre
o recebimento, a rejeição da denúncia ou da queixa, ou a improcedência
da acusação, se a decisão não depender de outras provas. (...)
Art. 1- Recebida a denúncia ou a queixa, o relator designará dia e hora
para o interrogatório, mandando citar o acusado ou querelado e intimar
o órgão do Ministério Público, bem como o querelante ou o assistente,
se for o caso.
Art. 89 O prazo para defesa prévia será de 5 (cinco) dias, contado do
interrogatório ou da intimação do defensor dativo.
837
M arcos R amayana D ir e it o E l e it o r a l
Os crimes eleitorais não são delitos contra a ordem política, mas delitos que
atentam contra as eleições e a normalidade das etapas e fases do Direito Eleitoral.
Não se pode confundir os agentes ativos e passivos da infração penal e os bens
jurídicos atingidos, e por via direta ampliar-se para os delitos eleitorais uma natureza
própria dos delitos políticos, quando as sistemáticas legislativas e constitucionais
fazem a diferença axiológica entre ambos os bens valorados.
838
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a pít u l o 2 3
Os delitos políticos atingem uma natureza mista que é formada pelo elemento
subjetivo (intenção de subversão do regime político) e o elemento real, objetivo,
que a própria lesão à pessoa ou bem material do Estado, conforme exegese do art.
2 - da lei acima referida.
Em conclusão: os delitos eleitorais acarretam a reincidência.
Dessa forma, se o réu foi condenado agindo em nome do partido político, e a
sentença transitou em julgado, estará durante cinco anos sujeito à reincidência; e
voltando a delinquir, a pena abstrata eventualmente prevista no novo tipo penal
praticado será contada em dobro para aquele réu reincidente, sendo a contagem
feita concretamente no preceito secundário da nova norma incriminadora, mas
exclusivamente sobre a sanção de multa.
No cálculo da pena abstrata, o juiz deverá levar em conta o preceito abstrato,
e, em uma segunda operação, aplicará a multa concreta e a elevará ao dobro em
razão desta regra, alcançando a pena pecuniária definitiva, que serve de elemento
de inibição, pois o réu agiu se valendo da condição de confiança depositada pelo
partido político.
23.5.12. Art. 91
Bem jurídico
O alistamento eleitoral e a fase de votação.
Sujeito ativo
A princípio será o servidor da Justiça Eleitoral. Crime próprio, mas admite-se
que um extraneus pratique o crime.
Sujeito passivo
O Estado. A Democracia. O cidadão, alistando ou eleitor.
839
M arcos R am ayan a D ir e it o E l e it o r a l
Tipo objetivo
Neste aspecto pedimos ao prezado leitor que consulte os comentários ao art. 295
do Código Eleitoral, na parte dos CRIMES ELEITORAIS TIPIFICADOS NO CÓDIGO
ELEITORAL, quando abordamos a questão do bem jurídico e os demais itens do
crime aqui tratado, indicando a revogação do art. 295 pela norma do art. 91.
23.5.13. Art. 94
Bem jurídico
0 Estado. A Justiça Eleitoral e o processo de registro de candidatos, propaganda
política eleitoral e votação.
Sujeito ativo
Crime próprio. Trata-se de delito de qualidade ativa especial.
Sujeito Passivo
A Justiça Eleitoral e a qualidade célere da prestação jurisdicional.
Tipo objetivo
0 tipo penal é norma em branco, que exige complementação com a Resolução do
Calendário das Eleições.
0 art. 11 da Lei n9 9.504/97 dispõe que o dia 5 de julho do ano de eleição é
a data limite para o requerimento de registro de candidatos; a partir desta data
começa a contagem do prazo, que se prolonga no tempo até o dia das eleições, ou
seja, primeiro turno, no primeiro domingo de outubro, e se houver o segundo turno,
o último domingo de outubro.
8 4 0
C o n s id e r a ç õ e s G e r a is Sobre os C r im e s E l e it o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissões:
A Lei n^ 4.410, de 24 de setembro de 1964 está revogada pelo artigo em comento.
PRIMEIRA LEI.
Lei ne 6.091, de 15 de agosto de 1974.
(Dispõe sobre o fornecimento gratuito de transporte, em dias
de eleição, a eleitores residentes nas zonas rurais e dá outras
providências)
Art. 11. Constitui crime eleitoral:
I - descumprir, o responsável por órgão, repartição ou unidade do
serviço público, o dever imposto no art. 3e, ou prestar informações
inexatas que visem a elidir, total ou parcialmente, a contribuição de
que ele trata:
Pena: detenção de quinze dias a seis meses e pagamento de 60 a 100
dias-multa.
841
M a r c o s R am ayana D ir e i t o E l e it o r a l
Bem jurídico
A Administração Pública da Justiça Eleitoral.
Sujeito ativo
É crime especial ou próprio. Quem desobedece a ordem é o responsável pela
cedência dos veículos ou da correta prestação de informação.
Sujeito passivo
0 Estado. A organização da Justiça Eleitoral.
Tipo objetivo
0 bem jurídico protegido é a organização da Justiça Eleitoral, porque sem os
veículos necessários ao transporte das urnas e mesários, simplesmente não haverá
a própria eleição.
Se o infrator omite informações ou as falseia, o tipo consagra uma espécie da
falsidade ideológica, inclusive podendo ocorrer a incidência do art. 350 do Código
Eleitoral.
Trata-se de um crime de desobediência especial, que no conflito aparente de
normas prevalece sobre o tipo penal do art. 347 do Código Eleitoral.
0 descumprimento é o próprio desatendimento total ou parcial da ordem do
juiz eleitoral da zona eleitoral, ou dos próprios juizes dos Tribunais, inclusive do
presidente do TSE.
0 agente pratica o crime se informa um número insuficiente de veículos para
atender os serviços eleitorais.
O tipo penal permite a transação penai. Assim, no caso de desobediência, não
cabe prisão em flagrante delito, mas apenas a lavratura de termo circunstanciado
na Polícia Federal.
Tipo subjetivo
Não se admite a modalidade culposa. Dolo.
Remissões:
Vide arts. 347 do Código Eleitoral e 330 do Código Penal.
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C o n s id e r a ç õ e s G e r a is So b r e os C r im e s E l e i t o r a is e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Bem Jurídico
A Administração Pública da Justiça Eleitoral.
Sujeito ativo
É crime especial ou próprio. Quem desobedece a ordem é o responsável pela
cedência dos veículos ou da correta prestação de informação. Admite-se a conduta
do particular, p.ex., o proprietário do veículo.
Sujeito passivo
0 Estado. A organização da Justiça Eleitoral.
Tipo objetivo
Trata-se de tipo similar e remissivo ao do inciso I. Aqui, a norma prolonga a
punição até o agente que é empresário, proprietário comum ou particular dos
veículos, incluindo as embarcações.
Tipo subjetivo
Dolo.
Rem issões
Vide arts. 347 do Código Eleitoral e 330 do Código Penal.
Sujeito ativo
Qualquer pessoa. Crime comum. A lei pune o agente que utiliza veículos
particulares ou públicos para obter vantagem eleitoral transportando eleitores
para as seções eleitorais, seja no trajeto de ida ou volta do locaí da votação.
Pode haver coautoria com o candidato e incidência em concurso de crimes como
o crime de corrupção eleitoral (art. 299 do Código Eleitoral].
843
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Sujeito passivo
0 Estado. 0 eleitor. É delito pluriofensivo.
Tipo objetivo. Como se nota, o tipo pune diversas condutas pela técnica da
remissão. Mão é apenas um crime, mas vários que podem acarretar a incidência
do concurso formal ou material. Não se trata de tipo múltiplo alternativo, mas de
condutas individuais e autônomas.
0 agente pode violar os arts. 5 9, 8 e ou 10 da lei em comento.
Na espécie, vê-se que, no art. 5-, o infrator age dolosamente utilizando seu
veículo; veículo público: embarcações, carroças e qualquer tipo de locomoção para
transporte de eleitores, inclusive trens e outros. Não precisa ser veículo automotor.
A lei impõe um limite temporal: o dia anterior ao domingo de outubro e o
posterior à eleição. Trata-se de um delito especial de corrupção eleitoral, porque
não se fornecem mercadorias, mas veículos.
Na hipótese do art. 8 5, se o candidato fornece alimentos, refeições, ele estará
sujeito a esta sanção, ressalvando-se os alimentos dados aos membros do próprio
partido político. A "boca de urna" é crime, não se justificando o fornecimento de
alimentos nos Comitês, pois seria um simulacro de estímulo aos infratores que vão
panfletar e se alimentar, com o apoio financeiro e ilícito do candidato ou do próprio
partido político. É possível cumular-se o tipo com o art. 299 do Código Eleitoral,
quando na hipótese factual for adequada a cumulação.
No caso do art. 10, a norma consagra uma tipicidade especial para as zonas
rurais. Quando a localização for urbana, o tipo desloca-se para o do art. 299 do
Código Eleitoral.
Se o agente em plena área urbana transporta eleitores estará sujeito as penas do
artigo em comento. Se ele ainda fornece alimentos, incidirá cumulativamente o tipo
do art. 299 do Código Eleitoral.
Multiplicam-se os casos em eleições municipais, quando o candidato contrata o
transporte de veículos, como vans, para transportar eleitores. Cabe aqui a prisão em
flagrante delito.
Impossibilidade de aplicação do art. 89 da Lei ne 9.099/95. Incabível a transação
penal.
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissões:
Vide art. 299 do Código Eleitoral.
8 4 4
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o P r o c e s s o P e n a i E l e it o r a l C a p ít u l o 23
Bem jurídico
A Administração Pública da Justiça Eleitoral.
Sujeito ativo
Qualquer pessoa. Crime comum. Pode ser praticado pelo eleitor, cabo-eleitoral
e candidato, incide o concurso de pessoas, bem como o delito de formação de
quadrilha (art. 288 do Código Penal). Ver art. 35, inciso II, do Código Eleitoral.
Sujeito passivo
0 Estado. 0 eleitor. É delito pluriofensivo.
Tipo objetivo
0 tipo nos remete aos arts. 4 - e 8-. 0 art. 4 - disciplina o trajeto ou quadro geral
de percursos das urnas eletrônicas no itinerário de ida e volta das zonas eleitorais,
ou dos locais de guarda e armazenamento.
O material necessário à votação deve ser transportado, sendo que os partidos
políticos e candidatos devem saber o itinerário, inclusive podem formular protestos
ou reclamações em relação ao quadro definitivo dos percursos.
Se o agente obsta a prestação do serviço, impedindo o transporte do material de
votação, inclusive dos mesários, incide no tipo penal. A ação é dolosa.
Trata-se de crime de obstáculo parcial ou total.
Pune-se ainda conduta do agente que obsta parcial ou totalmente o fornecimento
de alimentos pela Justiça Eleitoral aos eleitores quando imprescindível ao bom
exercício do voto nas comunidades distantes das seções eleitorais.
É um crime de impedimento.
Impossibilidade de aplicação do art. 89 da Lei n9 9.099/95. Incabível a transação penal.
Tipo subjetivo
Dolo.
Remissões:
Vide art. 299 do Código Eleitoral.
845
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Bem jurídico
A Administração Pública da Justiça Eleitoral,
Sujeito ativo
Especial. O candidato ou pessoa responsável pela guarda do veículo. Admite-se a
coautoria com cabos eleitores.
Sujeito passivo
0 Estado. O eleitor. É delito pluriofensivo.
Tipo objetivo
A lei protege o patrimônio público. 0 agente pratica o crime, porque se vale de
bens públicos móveis, veículos e embarcações pertencentes ao patrimônio da União,
Estados ou Municípios, inclusive as autarquias e sociedades de economia mista,
A utilização dos veículos é para transporte próprio ou de eleitores, visando a fins
eleitorais.
É uma conduta similar a atos de improbidade administrativa e enseja sanções
no âmbito da Lei n9 8.429/92; além de ser conduta vedada ao agente público em
campanha eleitoral, art. 73, inciso i, da Lei n~ 9.504/97. É modalidade de abuso do
poder político, que pode acarretar a cassação do registro, diploma e inelegibilidade.
0 delito prevê pena de cassação do registro ou diploma. Trata-se de modalidade
especial de sanção restritiva de direitos, que independe da ação de representação por
abuso do poder econômico ou político, art. 22 da Lei Complementar n2 64/90, bem como
da própria ação de impugnação ao mandato eletivo, art. 14, §§ 10 e 11 da Constituição
Federal, ou Recurso Contra a Diplomação, art. 262, inciso IV, do Código Eleitoral.
A sanção prevista no preceito secundário da norma incriminadora é autônoma
das sanções administrativas civis eleitorais. Não há inconstitucionalidade ou
ilegalidade neste regramento legal.
8 4 6
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Tipo subjetivo
Dolo especial.
Remissões:
Lei n- 8.429/92 e art. 15, inciso III, da CF.
23 .7 . LEI COMPLEMENTAR N® 64
23.7.1, Art. 25 Impugnações temerárias
SEGUNDA LEI.
Lei Complementar n9 64, de 18 de maio de 1990.
Lei das Inelegibilidades
Art. 25. Constitui crime eleitoral a arguição de inelegibilidade, ou a
impugnação de registro de candidato feito por interferência do poder
econômico, desvio ou abuso do poder de autoridade, deduzida de forma
temerária ou de manifesta má-fé:
Pena: detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa de 20 (vinte)
a 50 (cinqüenta) vezes o valor do Bônus do Tesouro Nacional (BTN) e,
no caso de sua extinção, de título público que o substitua.
Bem jurídico
Tutela-se a Administração da Justiça Eleitoral.
847
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
Sujeito ativo
Crime próprio. Somente os legitimados para as ações eleitorais, tais como: candidatos,
representantes dos partidos políticos, das coligações e do Ministério Público.
As ações são: de representação ou investigação judicial eleitoral (art, 22 da Lei
Complementar n9 64, de 18 de maio de 1990); de recurso contra a diplomação
(art. 262 do Código Eleitoral); de impugnação ao mandato eletivo (art. 14, §§ 10 e
11, da CF); e de impugnação ao requerimento de registro de candidatos (art. 3 - da
Lei Complementar nfi 64, de 18 de maio de 1990).
Sujeito passivo
O Estado. A Justiça Eleitoral e, secundariamente, o ofendido que pode ser o pré-
candidato, candidato, diplomado eleito ou qualquer pessoa que tenha contribuído
para a prática do abuso do poder econômico (a rt 22, inciso XIV da Lei das
inelegibilidades).
Tipo objetivo
A lei tutela a Administração da Justiça Eleitoral. A conduta se dá pela arguição.
Trata-se da propositura das ações judiciais acima referidas ou da alegação no
processo judicial eleitoral.
O tipo penal é natimorto, ou suicida, porque exige para sua completude a
condenação na forma do art. 18 do Código de Processo Civil do litigante de má-fé. A
condenação é conditio sine qua non para a deflagração de eventual ação penal.
Na verdade, a litigância de má-fé no âmbito das sanções processuais já é eficaz de
repressão, pois não são necessários a investigação criminal ou o processo criminal.
Adota-se, nesse campo, o princípio da intervenção mínima, até a condenação na
litigância de má-fé no âmbito não penal por já demandar juízo da valoração subjetiva,
que dificulta a análise do tipo penal.
A norma é de rara aplicação.
0 eleitor poderá ser partícipe na modalidade de instigação ou induzimento,
aplicando-se o art. 29 do Código Penal.
Tipo subjetivo
Exige-se dolo especialíssimo do ânimo do agente ativo.
A imprudência ou negligência não são punidas criminalmente.
Remissões:
Vide o art. 18 do CPC; Lei Complementar n9 64/90 e art. 14, §§ l 9 e 11 da
Constituição Federal.
8 4 8
C o n s i d e r a ç õ e s G e r a i s S o b r e o s C r im e s E l e i t o r a i s e
o P r o c e s s o P e n a l E l e it o r a l C a p ít u l o 23
TERCEIRA LEI.
Lei ne 6.996, de 7 de junho de 1982
[Dispõe sobre a utilização de processamento eletrônico de dados nos
serviços eleitorais e dá outras providências)
Art, 15. Incorrerá nas penas do art. 315 do Código Eleitoral quem, no
processamento eletrônico das cédulas, alterar resultados, qualquer que
seja o método utilizado.
QUARTA LEI.
Lei ne 7.021, de 06 de setembro de 1982
(Estabelece o modelo da cédula oficial única a ser usada nas eleições
de 15 de novembro de 1982 e dá outras providências)
Art. 5e, Constitui crime eleitoral destruir, suprimir ou, de qualquer modo,
danificar relação de candidatos afixada na cabina indevassável.
Pena - detenção, até seis meses, e pagamento de sessenta a cem dias-multa.
Bem jurídico
O Estado. A Justiça Eleitoral. O direito de informação ao eleitor.
Sujeito ativo
É crime comum. Pode ser praticado pelo eleitor, cabo-eleitoral, candidato e
qualquer pessoa interessada em danificar a lista que possui a relação dos candidatos.
Sujeito passivo
A Justiça Eleitoral. 0 Estado. E secundariamente o(s) candidato(s) atingido(s)
pela supressão do seu nome da relação de candidatos.
849
M arcos R am ayan a D ir e it o E l e it o r a l
Tipo objetivo
A norma protege o acesso do eleitor às informações relativas aos nomes e
números de candidatos, bem como dados referentes ao partido político.
Não importa se o eleitor já tinha previamente anotado o nome ou número do
candidato, mas o que é penalmente relevante é o fato do agente ativo violar o acesso
fidedigno da informação sobre a qualificação dos dados do candidato.
A norma penal aplica-se para todo o tipo de eleição popular, não estando restrita
ao âmbito das eleições de 1982.
Vide norma do art. 129 do Código Eleitoral que trata da preservação das listas de
candidatos afixadas dentro das cabines de votação.
A lista oficial é propaganda essencial. Assim, sua destruição, mesmo que parcial,
é forma de atentado ao eleitor e ao lídimo exercício do voto.
De fato, muitos eleitores precisam consultar as listas para saberem o número
correto dos seus candidatos, o que evita o voto nulo.
0 crime permite a aplicação da transação penal e da suspensão condicional do
processo na forma da Lei ne 9.099/95.
Pode existir concurso material ou formal com os crimes dos arts. 297 e 339 do
Código Eleitoral, bem como com o do art. 72 da Lei n9 9-504/97.
Tipo subjetivo
Dolo. Se o eleitor culposamente rasgou a lista de forma total ou parcial, ou se ela
sofreu danificação por fatores externos, o fato é atípico.
Remissões:
Ver o s arts. 129, 297 e 339 do Código Eleitoral.
850
o
P rocesso
Possibilidade de absolvição
P ehal E leitoral
Crime sumária e extinção do processo
| Oitiva de Testemunhas |
Investigação j {Acusação e Defesa) I
Juiz recebe a denúncia j e Divergências j
e notifica para a defesa
em 10 dias
Inquérito Policial ou
Termo Circunstanciado Alegações Finais do
Ministério Público
e Defesa
Não sendo caso de
Transação Penaí
Polícia Federal é oferecida a denúncia
_________________________________________________________
(RES. TSE. 22.376/2006)
j Sentença
; Sendo delito de
| Remessa ao Juiz Eleitoral | Menor Potencial i Recurso para TRE
Promotor
| da Zona Eleitoral do -*■{ ofensivo é proposta
Eleitoral
í íocaí do fato i a Transação Penai
00
........................................................................................................................................
H* Marcos Ramayana • Direito Eleitora! 10a Edição •Capítulo 23 - Considerações gefais sobre crimes eleitorais e processo penai eleitoral
C apítulo 24
24.1, R EC U R SO S
1 - A Carta Magna disciplina os recursos em matéria eleitoral no art. 121, §§ 3 S e
4 9. Destacam-se, para o tema, as exceções recursais das decisões do Tribunal
Superior Eleitoral, que, em regra geral, são irrecorríveis. A doutrina caracteriza
o dispositivo legal, como princípio da irrecorribilidade. Na prática, o princípio
sofre mitigações.
Os recursos eleitorais são tratados no Título III, Capítulos I, II, III e IV, arts. 257 a
282 do Código Eleitoral. 0 Capítulo I trata das "Disposições preliminares" atinentes
aos recursos; o Capítulo II disciplina os recursos perante as juntas e os juízos
eleitorais; o Capítulo III, os recursos nos Tribunais Regionais; e o Capítulo IV, os
recursos no Tribunal Superior.
Os dispositivos legais não esgotam o tema recursal, porque nada impede que
as leis disciplinadoras das eleições criem outros mecanismos recursais específicos,
em razão do poder normativo do Tribunal Superior Eleitoral, desde que não haja
alteração das regras do próprio Código Eleitoral.
Impende observar ainda que doutrina e jurisprudência são unânimes em admitir
a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil e Código de Processo Penal, para
os recursos eleitorais.
Algumas regras básicas incidem sobre o disciplinamento dos recursos eleitorais:
a) o prazo comum dos recursos é de três dias (interposição com razões), como
determina o art. 258 do Código Eleitoral, sendo que, no período eleitoral, estipulado
na Lei das Eleições e na resolução do Tribunal Superior Eleitoral, os prazos
correm aos sábados, domingos e feriados (art. 16 da Lei Complementar n9 64/90);
b) outrossim, os recursos eleitorais não possuem efeito suspensivo, o que significa
dizer que as decisões são aplicáveis desde já, tendo ampla executoriedade, até
porque o parágrafo único do art. 257 reza que: "A execução de qualquer acórdão
será feita im ediatam ente (...}''
M arcos R amayana D ir e it o E l e it o r a l
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R e c u r s o s E l e it o r a is C a p ítu lo 2 4
855
M arcos R amayana D ir e it o E l e it o r a l
Esse recurso é cabível, quando a matéria não for penal, porque, para as questões
penais, as previsões recursais encontram-se na apelação, recurso em sentido estrito,
h a b ea s corpus e mandado de segurança criminal.
0 Ministério Público sempre terá vista dos autos, possuindo o prazo de 48 horas
para parecer ou promoção.
2- Nas lições da doutrina, especialmente de Joel José Cândido, e da jurisprudência,
o cabimento do recurso inominado dá-se nas seguintes matérias:
decisões que julgam inelegibilídades, tais como ações de impugnação
ao pedido de registro, investigação judicial eleitoral e impugnação
ao mandato eletivo; decisão que julgar impugnação à designação de
escrutinadores e auxiliares (art. 39 do CE); decisão que julgar pedido
de inscrição eleitoral processada pelo Código Eleitoral (CE, art. 45,
§ 7S); decisão que julgar pedido de inscrição eleitoral processado
pela Lei ne 6.996, de 7.6.1982 (art 7-, § l e); decisão que julgar pedido
de transferência de domicílio eleitoral (CE, art. 57, § 29); decisão
que julgar impugnação à indicação de preparador (CE, art. 62, § 4e);
decisão que julgar pedido de cancelamento de inscrição e/ou exclusão
do eleitor (CE, art. 80); decisão que julgar ligação de impedimento de
mesário para o serviço eleitoral (CE, art. 120, § 4e); decisão que julgar
reclamação à designação de mesário (art. 121, § l s, do CE); e decisão
que julgar reclamação à designação das seções eleitorais (CE, art. 135,
§ 82), dentre outras.
856
R e c u r so s E l e it o r a is C a p ít u l o 2 4
857
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859
M a r c o s R am ayana D ir e it o E l e it o r a l
24.2.1. Resoluções
Na interpretação dos artigos acima mencionados, vê~se a menção expressa ao
termo resoluções, pois estas podem gerar efeitos concretos e desafiar os recursos
legais cabíveis. Neste sentido, por exemplo, tivemos o caso Mira Estrela que
normatizou o número de vereadores, e ensejou a seguinte ementa do Pretório
Excelso:
Resolução do TSE e Fixação do Número de Vereadores. 0 Tribunal,
por maioria, julgou improcedentes os pedidos formulados em duas
ações diretas de inconstitucionalidade propostas pelo Partido
Progressista - PP (ADI 3345/DF) e pelo Partido Democrático
Trabalhista - PDT (ADI 3365/DF) em face da Resolução 21.702/04,
editada pelo Tribunal Superior Eleitoral - TSE, que estabeleceu
instruções sobre o número de vereadores a eleger segundo a
população de cada município. Inicialmente, reconheceu-se inexistir,
em relação aos Ministros Sepúlveda Pertence, Carlos Velloso e
Ellen Gracie, que subscreveram, no TSE, o ato impugnado, qualquer
hipótese de impedimento ou suspeição para julgamento das ações
diretas em questão, haja vista o entendimento predominante do
Supremo no sentido de não se aplicarem, em regra, ao processo
de controle normativo abstrato, os institutos do impedimento e da
suspeição. Em seguida, rejeitando a preliminar de não conhecimento
da ação, suscitada pelo procurador-geral da República, reputou-
se dotada de suficiente densidade normativa a Resolução em
causa, revelando-se, assim, suscetível de fiscalização abstrata de
constitucionalidade. ADI 3345/DF e ADI 3365/DF, rei. Min. Celso de
Mello, 25.8.2005 (ADI-3345) (ADI-3365)”
8 6 0
R e c u r s o s E l e it o r a is C a p ít u l o 24
1 TSE. “Agravo regimental. Representação. Duplo grau de jurisdição plenamente observado pela Res.-TSE n2 20.951.0
fato de o mesmo juiz auxiliar, que decidiu monocraticamente a representação, levar a Plenário o agravo como reiator não
contraria o dispositivo constitucional. Nesse entendimento, o Tribunal negou provimento ao agravo regimental. Unânime.
Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n5 3.675/SP, Re!3. Mina. Ellen Gracie, em 10.10.2002”.
861
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24.2.3. Prazos
Os prazos recursais são peremptórios e decorrem do princípio da celeridade.
O art. 97 da Lei n2 9.504/97 prevê a representação em face do órgão jurisdicional
que descumprir prazos processuais, e o art. 94 da mesma lei, estipula uma
prioridade de participação dos juizes e membros do Ministério Público para fins de
processamento dos feitos eleitorais.
O TSE já decidiu que o prazo exíguo de 24 horas, previsto no art. 96 da Lei
ne 9.504/97 justifica-se pela solução imediata da lide (Ac. n- 3.055, de 5.2.2002,
Rei. Min. Fernando Neves).
O Ministério Público, como já visto no capítulo específico, deve ser intimado
pessoalmente, inclusive nos casos que julgam ações atinentes às multas eleitorais
sobre propaganda eleitoral e o prazo só passa a fluir de sua efetiva intimação. Neste
sentido (Acórdão TSE 15.750/99, Rei. Min. Edson Vidigal e no mesmo sentido,
Acórdão TSE 16.412/01, de 15.5.2001. Rei. Min. Costa Porto).
Em matéria de prazos recursais, ainda podemos destacar: É de três dias, na forma
do art. 276, § l 2, do CE, o prazo do recurso especial contra a representação que julga
o descumprimento da Lei n- 9.504/97, segundo TSE, Acórdão 1.386, de 27.4.1999,
Rei. Min. Eduardo Alckmin; no mesmo sentido os Acórdãos nas 2.022, de 21.10.1999
e 1.619, de 13.4.1999, Rei. Min. Nelson Jobim.
O art. 258 do Código Eleitoral fixa o prazo de três dias como regra genérica para
os recursos eleitorais. As exceções defluem de outras normas expressas, como é
o caso do art. 96, § 8 9, da Lei ns 9.504/97, que prevê o prazo de 24 horas para o
recurso da decisão nas ações de reclamação em face da propaganda política eleitoral
irregular (decisões sobre multas eleitorais). Neste sentido:
Representação. Propaganda eleitoral antecipada. Recurso eleitoral.
Prazo. Art. 96, § 8e, da Lei ne 9.504/97. Observância. As representações
por descumprimento da Lei nfi 9.504/97 regulam-se pelo procedimento
3 TSE. Recurso em mandado de segurança. Promotores eleitorais. Rodízio. Justiça Eleitoral. Competência. Ao Tribuna)
Superior Eleitoral não cabe examinar a legalidade de atos do procurador-geral de Justiça e do procurador regional
eleitoral que adotavam sistema de rodfeio de promotores eleitorais. Nesse entendimento, o Tribunal não conheceu do
recurso. Unânime. Recurso em Mandado de Segurança n® 234/MG, Re!. Min. Fernando Neves, em 10.9.2002.
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d eclare a ineiegibilidade p elo abu so d o poder eco n ô m ico. Neste caso, o réu B, p od erá
recorrer da decisão que acolheu os embargos, pois lhe é pior do ponto de vista legal
e para sua futura possibilidade de eleição. Haverá a complementaridade do recurso.
Quanto aos efeitos dos recursos eleitorais, o art. 257 do Código Eleitoral trata
da regra genérica, ou seja, os recursos não têm efeito suspensivo. A matéria foi
enfatizada no Capitulo 2, item 2.3.4 "Princípio da devoiutividade dos recursos”.
Cumpre ressaltar o disposto no art. 15 da Lei Complementar n9 64, de 18 de
maio de 1990. A regra aplicável ao registro de candidatos implica o cancelamento
do mesmo, ou do diploma, quando houver o trânsito em julgado da decisão
impugnativa do aludido registro. Assim, o recurso da parte (candidato), enquanto
pender decisão definitiva, permite a participação dele nas eleições, inclusive sua
diplomação e posse. Trata-se de uma exceção ao efeito devolutivo, pois na verdade
o recurso passa a ter, neste caso, o efeito suspensivo. Sobre o assunto, conferir o
item 13.5: decisão na ação de impugnação ao pedido de registro de candidatura,
no Capítulo 13 sobre a ação de impugnação ao pedido de registro de candidatura,
neste livro.
O art. 362 do Código Eleitoral prevê o recurso de apelação criminal eleitoral,
sendo pacífico na doutrina e jurisprudência que o seu efeito é suspensivo, pois
no silêncio da lei eleitoral aplica-se de forma subsidiária o art. 594 do Código de
Processo Penal.
Por fim, o art. 216 do Código Eleitoral abriga o efeito suspensivo da decisão do
juiz ou Tribunal, quando for interposto o recurso contra a expedição do diploma nos
moldes do art. 262 do mesmo diploma legal. Sobre o assunto, pedimos ao estimado
leitor a consulta ao item 20.11, efeitos referentes ao recurso contra a diplomação.
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Por exemplo, se a junta eleitoral anulou os votos por determinado defeito da urna
eletrônica, e outras juntas adotaram o mesmo procedimento anulatório, todos os
casos devem ser distribuídos ao mesmo relator por prevenção.
0 art. 21, § 2-, do CE, complementa a eficiência da regra, quando dispõe:
"As decisões, com os esclarecimentos necessários ao seu cumprimento, serão
comunicadas, de uma só vez, ao juiz eleitoral ou ao presidente do Tribunal Regional
Eleitoral", ou seja, o TSE ou TREs darão cumprimento imediato.
A regra da prevenção especial está em perfeita consonância com os princípios da
celeridade e eficiência da prestação jurisdicional (art. 5S, LXXVII1, da Carta Magna).
24.2.5. Consultas
As consultas estão previstas nos arts. 23, XII, e 30, VIII, do Código Eleitoral.
Trata-se de instituto jurídico de alta relevância, porque permite aos consulentes
uma prévia resposta sobre tema relevante na disciplina eleitoral.
O consulente poderá indagar sobre matéria eleitoral, inclusive atinente às
questões sobre plebiscito4 e referendo.
É importante frisar que os Tribunais não têm admitido pedidos de consultas
durante o processo eleitoral. Neste sentido podemos entender que o processo se
inicia com as convenções, art. 8 a da Lei n9 9.504/97, e finda com a diplomação dos
candidatos.3
As consultas são encaminhadas aos presidentes dos Tribunais, e, não sendo
matéria afeta às decisões da presidência, vice-presidência ou corregedoria, devem
ser distribuídas a um relator.6
Nos ensina o eminente jurista Torquato Jardim que as consultas atendem à
celeridade eleitoral e à redução de conflitos, sem antecipação de julgamento
ou supressão de grau de jurisdição. Nesta linha, de forma regimental, não se
admite a sustentação oral nos pedidos de consultas, além da possibilidade de não
conhecimento por decisão liminar do relator, quando for formulada por parte
ilegítima ou versar sobre caso concreto.
4 Mandado de segurança. Consulta plebiscitária. Emancipação de distrito. Decisão regionai que indeferiu a realização
de plebiscito, inobservância dos requisitos previstos em lei complementar estadual. Ordem denegada.
Compete à Justiça Eleitoral, diante de processo administrativo visando à emancipação de distrito, perquirir a observância
dos requisitos constitucionais e iegais indispensáveis a tanto. Precedentes do TSE.
Acórdão n2 2.776, de 14.9.99- Mandado de Segurança n2 2.776 - Classe 14a/SG (Rorianópolis).
Relator: Ministro Eduardo Aickmin. Impetrante: Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, por seu presidente.
5 Consulta, não conhecimento. Existe óbice ao conhecimento de consuita formulada no transcurso do período
de realização das convenções partidárias para a escolha de candidatos e deliberação sobre coligações. Nesse
entendimento, o Tribuna! não conheceu da consulta. Unânime. Consulta n° 812/DF, rei. Min. Barros Monteiro, em
27.6.2002.
6 Consulta. Possibilidade de instalação de seções eleitorais especiais em estabelecimentos penitenciários a fim de
que os presos provisórios tenham assegurado o direito de voto. Consulta respondida afirmativamente. Resoiução
ne 20.471, de 14.9.99 - Processo Administrativo n9 18.352 - Classe ISVCE (Fortaleza). Relator: Ministro Eduardo
Aickmin. interessado: Tribunal Regional Eleitcral/CE. Decisão: Unânime em responder afirmativamente à consulta.
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2 4 .2 .6 . R ecla m a çõ e s
A reclamação (correição parcial) ou representação como sucedâneo de recurso
pode ser utilizada para enfrentar as seguintes questões: i) violação de regras
de competência, ou melhor, usurpação; ii) restabelecer o controle de prazos;
iii) avocar recursos não encaminhados à instância superior; iv) cassar decisão
exorbitante de juiz eleitoral em face de decisão de Tribunal Superior; v) determinar
a preservação da jurisdição do Tribunal; e vi) corrigir a inversão tumultuária do
processo.
Na verdade, como bem salientou Tito Costa, a reclamação anda junta com o
direito de petição, visando coibir abusos. Todavia, a reclamação não é extensível ao
cidadão na condição de legitimado, pois as regras regimentais dos Tribunais não
outorgam esta legitimidade.
Segundo leciona Léon Duguit em seu ( Traité de Droit Constitutionnel, vol II, 1911,
p. 95), o Direito de petição é o que autoriza qualquer indivíduo a dirigir aos órgãos
públicos ou agentes do poder público um escrito no qual exponha opiniões, pedidos
ou queixas. É uma conseqüência da liberdade individual, em geral, e de opinião,
em particular. Cada um tem o direito de expor o que pensa a respeito dos negócios
públicos e o de não ser vítima silenciosa e resignada de atos arbitrários de agentes
de autoridade.
A origem do direito de petição é focalizada na Declaração de Direitos, BiU o f
rights, Inglaterra, em 1688.
A base constitucional do direito de petição está no art. 5e, XXXIV, alínea a , da
Carta Magna. Sobre o assunto ver, ainda, a Lei n9 4,898/65, art, 1-.
"0 direito de petição, presente em todas as Constituições brasileiras,
qualifica-se como importante prerrogativa de caráter democrático.
Trata-se de instrumento jurídico-constitucional posto à disposição de
qualquer interessado - mesmo aqueles destituídos de personalidade
jurídica - com a explícita finalidade de viabilizar a defesa, perante
as instituições estatais, de direitos ou valores revestidos tanto de
natureza penal quanto de significação coletiva" (STR Min. Celso Mello,
1995, ADIN 1,247-PA, Medida Cautelar).
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7 Acórdão ne 286, de 9.12.2004. Agravo regimental no recurso em Mandado de Segurança n9 286/RR. Relator:
Ministro Carlos Velloso. Ementa: Mandado de segurança Recurso ordinário. Acórdão ns 323, de 23.11.2004. recurso
em Mandado de Segurança ne 323/RJ. Relator: Ministro Francisco Peçanha Martins. Ementa: Recurso em mandado
de segurança. Intempestividade. Decisão de relator. Não cabimento do recurso ordinário. É intempestivo o recurso
interposto quando já ultrapassado o tríduo legal. Demais disso, contra decisão monocrática de relator, em mandado de
segurança impetrado no TRE, íncabívei recurso ordinário para o TSE. DJ de 4.2.2005.
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legais e regimentais. Ver a regra do art. 276, § 1-, do Código Eleitoral. E ainda, no
caso de recurso contra a diplomação, o prazo conta-se a partir da sessão solene de
diplomação.
Com a juntada das razões do recorrido, os autos são encaminhados ao Egrégio
Tribunal Superior Eleitoral, na forma do art, 277, parágrafo único, do Código Eleitoral.
Mesmo sem a apresentação das contrarrazões, os autos serão encaminhados ao TSE.
A letra a do art. 276 trata da decisão que versar sobre inelegibilidade, conforme
nova redação do art. 121, § 4 fi, III, da Constituição Federal.
A inelegibilidade referida na alínea a não é defluente de eleições municipais, pois
o Egrégio Tribunal Superior Eleitoral firmou precedentes no sentido de fazer uma
distinção. Assim, quando as eleições forem referentes aos mandatos de prefeitos,
vice-prefeitos e vereadores, o recurso cabível será o especial. O recurso ordinário
destina-se para as eleições de governadores, vice-govemadores, senadores,
deputados federais, estaduais e distritais.
Como se nota, a lei limita o cabimento do recurso ordinário aos mandatos
processados e julgados pelo Tribunais Regionais Eleitorais (ver o art. 29 da Lei
Complementar na 64, de 18 de maio de 1990). Em relação aos mandatos municipais,
o recurso será o especial. Todavia, na prática forense eleitoral se perscruta diversos
erros de interposição do recurso ordinário, quando seria caso do especial.
Em relação à admissibilidade do recurso ordinário como especial, o Egrégio
Tribunal Superior Eleitoral nem sempre segue o princípio da fungibilidade . Neste
sentido;
"(...) II ~ Inaplicável o princípio da fungibilidade quando das razões do
apelo não se pode aferir alegação de violação a norma nem dissídio
jurisprudencial” (Acórdão n2 814, Recurso Ordinário n9 814, rei.
Ministro Francisco Peçanha Martins, de 31.8.2004.)
E ainda, diz a jurisprudência da Egrégia Corte Eleitoral (TSE):
(...) III - A não demonstração de violação a preceito legal impede o
conhecimento do recurso especial fundado no art. 276, a, CE. IV ~ A
divergência, para se configurar, requer a realização de confronto
analítico entre as teses do acórdão impugnado e dos paradigmas.
(...) II - A divergência, para se configurar, requer a demonstração da
similitude fática entre os paradigmas e a tese albergada pelo acórdão
recorrido. III - Não se presta o recurso especial para promover reexame
de matéria fática, a teor das súmulas números 279/ STF e 7/STJ. Neste
sentido TSE. Processo n9 Ag 4.242/MG, rei. Min. Francisco Peçanha
Martins, DJ 17.10.2003. 2 TSE. Processo ne Ag 4.375/MG, ReL Min.
Francisco Peçanha Martins, DJ 21.11,2003.
De fato, um dos requisitos para a incidência do princípio da fungibilidade é o
da dúvida objetiva. Nos ensina Nelson Nery Júnior que a dúvida objetiva surge
por conflitos de pensamentos da jurisprudência e doutrina (fundamento destas
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0 art. 2 7 6 ,1, a foi alterado pelo art. 121, § 4 S, I, da Constituição Federal, in verbis:
"forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou da lei”. 0 inciso
II, do art. 121, § 4-, é idêntico ao disposto na alínea b, do inciso I, do art. 276 em
comento.
É importante frisar que o processo e julgamento dos recursos eleitorais,
inclusive do recurso especial, deve obedecer à legislação eleitoral que engloba as
resoluções do Tribunal Superior Eleitoral e o regimento interno. Os doutrinadores
Pinto Ferreira e Tito Costa lembram que as resoluções eleitorais têm força de lei
ordinária e desafiam recurso especial quando forem violadas em decisões dos
Tribunais Regionais Eleitorais.
0 prazo de interposição e razões é de 3 (três) dias. Idêntico prazo é o das
contrarrazões, com a preservação dos princípios da igualdade e ampla defesa. Nesse
sentido é a regra do art. 278, § 2-, do Código Eleitoral. Destaca-se:
Acórdão ne 4.046, de 4.9.2003. Agravo Regimental no Agravo de Instru
mento ns 4.046/PA. Relator: Ministro Carlos Velloso. Ementa: Eleitoral.
Agravo regimental em agravo de instrumento. Intempestividade do
recurso especial. 1. O prazo recursal começa a fluir do julgamento
quando o acórdão é publicado em sessão e, para efeito de contagem,
exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do vencimento, prorrogando-
se para o primeiro dia útil subsequente quando findo em dia feriado. 2.
Agravo regimental a que se nega provimento.
O processamento segue o disposto no art. 278 do Código Eleitoral.
OTribunal Superior Eleitoral admite o cabimento de recurso especial concernente
à matéria que não seja estritamente administrativa.
Servidor público da Justiça Eleitoral. Recurso contra resolução de TRE.
Filiação partidária. Impossibilidade. Pedido indeferido. O apelo não
pode ser apreciado por este Tribunal, uma vez não ser cabível o recurso
interposto, fundado no art. 107 da Lei n- 8.112/90, contra resolução
regional que trata da matéria administrativa. Contra resolução regional,
em matéria que não seja estritamente administrativa, cabe recurso
especial (Respe. 11.310/MG, Rei. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ
6.10.1995, e Ag. 8.723/PB, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 11.3.1994).
Entretanto, esta Corte já assentou sobre o tema na Resolução 20.921/
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R ecursos E leitorais
| •recurso especia! j
i •recurso ordinário j
I•embargos de declaração j
|•contra a diplomação |
[•agravo de instrumento |
_________ C
apítulo
j •recurso extraordinário
I * recurso ordinário
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