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Índice
1.1.1 – Leis de Newton ............................................................................................................................... 7
1.1.2 – Leis de Newton e a Vibração .......................................................................................................... 8
1.2 – Definição de Vibração ..................................................................................................................... 10
1.3 – Tipos de Movimentos e a Importância para a Vibração .................................................................. 10
1.4 – O que é?: Amplitude, Frequência e Intensidade. ............................................................................ 11
1.5 – Vibração: Uma Grandeza Vetorial .................................................................................................. 12
1.6– Sistemas de Coordenadas para Vibração de Corpo Inteiro .............................................................. 13
1.7– Sistemas de coordenadas para Vibração de Braços e Mãos ............................................................. 15
1.8– Aceleração como referência para quantificar a vibração.................................................................. 16
1.9– Conceitos de Aceleração de acordo com os parâmetros técnicos estabelecidos .............................. 18
1.10 – Metodologias de avaliação para Vibração Ocupacional................................................................ 23
1.10.1 – Vibrações de Corpo Inteiro ........................................................................................................ 23
1.10.2 – Vibrações de Braços e Mãos ...................................................................................................... 27
1.11 – Riscos à saúde: Exposição à Vibração Ocupacional ..................................................................... 33
1.11.1 – Doenças Relacionadas à exposição prolongada à Vibração de Corpo Inteiro ........................... 33
1.11.2 – Doenças relacionadas à exposição prolongada à vibração de braços e mãos ............................. 37
1.12 – Configurações básicas do equipamento e posicionamento............................................................ 44
1.12.1 – Configurações Básicas para mediçãoe posicionamento: WBV .................................................. 44
1.12.2 – Configurações Básicas para mediçãoe posicionamento: HAV .................................................. 45
1.13 – Acessórios e equipamentos para monitoramento de vibrações: HAV / WBV .............................. 46
1.13.1 – Montagem do sistema para monitoramento de Vibração HAV ................................................. 48
1.13.2 – Montagem do Sistema com o adaptador tipo “t” ........................................................................ 49
1.13.3 – Montagem do Sistema com o adaptador tipo “bloco” ................................................................ 50
1.13.4 – Montagem do Sistema com o adaptador tipo “barra”................................................................ 51
1.13.5 – Montagem do Sistema com o adaptador tipo “palma da mão” .................................................. 52
1.13.6 – Posicionamento do acelerômetro tri-axial de acordo com as coordenadas ................................ 53
1.14 – Montagem do sistema para monitoramento de vibração WBV ..................................................... 53
1.15 – Curvas de ponderação – Vibração WBV e HAV .......................................................................... 54
1.16 – Cálculos de exposição diária às VMB segundo a ISO 5349 - 2 .................................................... 55
1.16.1– Monitoramento de operação de ferramenta vibratória em longo prazo....................................... 55
1.16.2– Monitoramento de operação intermitente de ferramenta em longo prazo .................................. 56
3
1.16.3– Monitoramento de operação intermitente de ferramenta vibratória em curto
período ...................................................................................................................................................... 57
1.16.4 – Monitoramento de vibração onde mais de uma ferramenta está sendo utilizada ...................... 58
1.17 – Informações gerais para elaborar um relatório de vibração .......................................................... 60
1.18 – Medidas de controle....................................................................................................................... 63
1.18.1 – Medidas de controle para Vibração de Corpo Inteiro................................................................. 63
1.18.2 – Medidas de controle para vibração de braços e mãos ................................................................ 64
1.19– A exposição da Vibração Ocupacional e a Gestão do Risco .......................................................... 66
1.20– Estudos de caso ............................................................................................................................... 71
1.21 – Legislações atualizadas (Anexo I) ................................................................................................. 75
1.22 – Definições e Simbologias: ISO 8041/ISO 2041 (ANEXO II) ....................................................... 82
1.23 - Bibliografia .................................................................................................................................... 85
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Prefácio
Este projeto está sendo conduzido pela RTX Ambiental LTDA, uma empresa criada com o objetivo de
oferecer consultoria em Saúde, Segurança do Trabalho e Higiene Ocupacional além de locação de
instrumentos de alta qualidade aos clientes, tendo como principal intuito:
As aulas serão conduzidas pelo profº Rosemberg Silva Lopes da Rocha, formado em Engenharia de
Produção pela Universidade Veiga de Almeida, Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro, especialista em Higiene Ocupacional formado pela Faculdade de Ciências
Médicas de Minas Gerais.
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1 – Agentes Físicos – Vibração
No século XVII, mais precisamente em 1687, o físico Isaac Newton definiu em seu trabalho intitulado de
Philosophiae Naturales Principia, as três leis fundamentais da estática e da dinâmica de uma partícula. A
importância do entendimento destas três leis é fundamental para a interpretação de inúmeros problemas
relacionados à física e a engenharia, dentre eles os de vibração ocupacional.
1ª Lei – Princípio da Inércia: Uma partícula se mantém em repouso ou continua se movendo com
velocidade uniforme (em linha reta com velocidade constante), desde que não haja nenhuma força de
desbalanceamento agindo sobre ela;
3ª Lei – Princípio da Ação e Reação: A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: ou
as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos e são
colineares.
Resumindo as três leis, podemos entender que a primeira lei de Newton nos diz que para todo corpo que
está em repouso ou em M.R.U (Movimento Retilíneo Uniforme), tende a permanecer nesses estados
quando estiver livre da ação de forças ou sem uma força resultante. Já a segunda lei de Newton nos diz
que toda força resultante gera uma aceleração do movimento de um corpo de massa “m”, sendo a força e
a aceleração grandezas vetoriais diretamente proporcionais e dependentes da inércia, ou seja, da massa
“m”. E na terceira lei de Newton, temos que para toda força de ação, haverá uma força de reação, ou seja,
estas forças surgem simultaneamente, corpo “A” empurra “B” e corpo “B” empurra “A”.
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A segunda lei de Newton é a responsável por formar a base de muitas análises da dinâmica, também
conhecida como o Princípio Fundamental da Mecânica. Para uma partícula de massa m sujeita a uma
força resultante F, a lei pode ser definida basicamente como:
F m a
A vibração é um movimento repetitivo e oscilatório, que faz com que um corpo ganhe movimento quando
há aplicação de uma determinada força e com isso, simultaneamente, o corpo ganha aceleração. Este
conceito pode ser entendido a partir do conceito da 2ª lei de Newton, também chamada de princípio
fundamental da dinâmica ou princípio fundamental da Mecânica. Esta lei afirma que a força resultante em
uma partícula é igual a razão do tempo de mudança do seu momento linear p em um sistema de
referência inercial:
dp d (mv )
F
dt dt
Equação 1.1.2: Princípio da 2ª lei de Newton
Conforme demonstrada na equação 1.1.2 esta lei tem validade geral, contudo, para sistemas onde a
massa é uma constante esta grandeza pode ser retirada da derivada, o que resulta na conhecida expressão
já muito difundida.
dv
F m ma
dt
Equação 1.1.3: Princípio da 2ª lei de Newton (utilização geral)
Na equação 1.1.3 F é a força resultante aplicada, m é a massa (constante) do corpo e a é a aceleração do
corpo. A força resultante aplicada a um corpo produz uma aceleração a ela diretamente proporcional.
Então, podemos considerar que um corpo que possui movimento direcionado de um determinado ponto
ao outro repetidamente está em vibração.
Se um objeto está em movimento, significa que há um deslocamento em função do tempo e que há uma
variação da posição do objeto na unidade de tempo. Para esta medida damos o nome de velocidade.
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A velocidade é a medida da rapidez com a qual o corpo altera sua posição e é a razão entre um
deslocamento e o intervalo de tempo levado para efetuar esse deslocamento.
ds
dv
dt
Quando um objeto se move de forma repetitiva e oscilatória, nos interessa saber a taxa de variação da
velocidade em função do tempo, esta razão dá-se o nome de aceleração.
Podemos dizer então que a aceleração é a rapidez com a qual a velocidade do corpo varia em função do
tempo. É uma grandeza vetorial de dimensão comprimento/tempo².
dv
da
dt
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1.2 – Definição de Vibração
Segundo IIDA, I; 2005, a vibração é qualquer movimento que o corpo executa em torno de um ponto
fixo. Esse movimento pode ser regular, do tipo senoidal ou irregular, quando não segue nenhum
movimento determinado, como no sacolejar de um carro andando em uma estrada de terra.
Já para Griffin M.J. (1990), a vibração é a oscilação de movimento de um corpo. Por definição, o
movimento não é constante e sim alternado entre maior e menor em relação a alguma média. A extensão
dessa oscilação determina a magnitude da vibração e a taxa de repetição dos ciclos de oscilação determina
a frequência da vibração.
Quando um corpo está em deslocamento, existem duas formas de este movimento acontecer: translação e
rotação.
Em vibração ocupacional, é importante ter atenção para a vibração translacional que terá a aceleração
como a mudança no movimento da translação, sendo medido em m/s².
A vibração rotacional terá a aceleração como a mudança no movimento da rotação, sendo medido em
rad/s².
Mas para que este movimento seja considerado nocivo à saúde é necessário que haja três itens:
Amplitude;
Frequência;
Intensidade;
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1.4 – O que é?: Amplitude, Frequência e Intensidade.
A amplitude é uma medida escalar negativa e positiva da magnitude de oscilação de uma onda.
A frequência (f) representa o número completo de ciclos de oscilação que um corpo faz em 1 segundo.
Por exemplo, um objeto sofre 10 ciclos completos de oscilação em 1 segundo, isto significa que este
objeto possui uma frequência de 10 ciclos/segundos, ou 10 Hz. O período de oscilação é dado por:
1
t f
1
f t
Onde:
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Em física, a intensidade de uma fonte mede a variação do fluxo de energia no tempo, basicamente quanto
maior a intensidade maior o fluxo de energia pelo espaço.
Além destes itens, é necessário observar a duração da exposição durante as atividades executadas e a
exposição cumulativa ao longo da execução das tarefas pela função com exposição à vibrações de corpo
inteiro ou de braços e mãos.
A vibração é uma grandeza vetorial que demonstra a aceleração do movimento em três eixos no plano
espacial.
Sendo uma grandeza vetorial, necessita ter unidade, direção e sentido definidos no plano espacial, como:
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1.6 – Sistemas de Coordenadas para Vibração de Corpo Inteiro
As normas ISO 2631-1 para vibrações de corpo inteiro e ISO 5349 -1 para vibração de braços e mãos
definem os sistemas de coordenadas dos eixos ortogonais, de forma que esta definição serve como uma
orientação para o posicionamento dos acelerômetros no momento do monitoramento, assim como a
direção e sentido da maior incidência de vibração ao qual um indivíduo possa estar exposto.
A figura 3 e 4 demonstram o sistema de coordenadas biodinâmico para as exposições à vibrações de
corpo inteiro, conforme definido pela norma ISO 2631-1 (1997).
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Figura – 5: Sistema de coordenadas para vibração de corpo inteiro para pessoa sentada
Segundo Griffin, M.J (1990) o sistema de coordenadas na cabeça pode ser definido através do ponto de
origem como sendo o ponto médio da linha entre o canal auditivo direito e esquerdo passando pelo
crânio, conforme demonstrado na figura 5.
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A orientação dos eixos está da seguinte forma:
O sistema basicêntrico é um sistema que demonstra a rotação dos eixos do plano “y” para o plano “z”,
onde o eixo “y” é paralelo ao eixo do punho.
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Eixos de Coordenadas Biodinâmico Eixos de Coordenadas Basicêntrico
Como já visto no início desde capítulo, que quando um objeto se move de forma repetitiva e oscilatória,
pode-se dizer que há uma taxa de variação da velocidade em função do tempo e para esta razão dá-se o
nome de aceleração.
Na verdade, a aceleração é a rapidez com a qual a velocidade do corpo varia em função do tempo e é
considerada uma grandeza vetorial de dimensão comprimento/tempo².
Através do conceito de aceleração proposto por Isaac Newton, pode se compreender melhor os conceitos
definidos nas normas da FUNDACENTRO e das normas ISO que falam sobre vibração ocupacional.
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1.9 – Conceitos de Aceleração de acordo com os parâmetros técnicos estabelecidos
O parâmetro de maior interesse para utilização na área ocupacional é a aceleração que pode ser
quantificada pelo método de nível de vibração da raiz média quadrática (R.M.S), que demonstra o
resultado da sensação que o corpo terá à uma determinada vibração que se expõe em razão da menor
intensidade vibratória que o pode-se se sentir, chamada de aceleraçãode referência (A0).
Este método está baseado na lei de Weber Fechner, ou seja, a vibração é um fenônemo de energia física,
portanto um fenômeno de energia natural e como já vimos no capítulo anterior, todo fenômeno físico de
energia natural possui um comportamento natural de forma que este comportamento pode ser expresso
em uma razão logaritmica, tendo então o seu resultado expresso em dB, conforme demonstrado abaixo:
a
dB( Z ) 20 log
a0
Sendo:
a= Aceleração de interesse;
Existem medidores de nível de pressão sonora com filtros de banda de oitava e 1/3 de oitava capazes de
fornecer resultados de aceleração quando acoplados à um filtro de conversão de sinal de forma que o
resultado fornecido será em dB na curva Z (antiga curva L).
Como exemplo, temos que uma determinada medição forneceu o resultado de 120 dB (Z) e como
resultado de aceleração, já convertida, forneceu o valor de 1 m/s².
A 120 A A
120 20 log log 6 6 log 6 A 10 6 10 6 A 10 0 1m / s ²
10 6 20 10 10
As normas ISO 2631 e ISO 5349 trabalham com os resultados já em m/s², não necessitando haver este
tipo de conversão, por isso, os termos a seguir serão todos baseados nestas normas e também nas NHO 09
e 10 da FUNDACENTRO.
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a j (t )
1.9.1 - Aceleração Instantânea
am j (t )
1.9.2 - Aceleração Média
É a raiz média quadrática dos diversos valores da aceleração instantânea ocorridos em um período de
medição, expressa em m/s², na direção “j”, sendo que “j” corresponde aos eixos ortogonais “x”, “y” ou
“z”.
1
1 T 2 2
am j (t ) a j t dt
t 2 t1 0
a j (t ) a x (t ) , a y (t ) , a z (t )
Sendo que corresponde aos valores em m/s², segundo os eixos ortogonais
É a raiz média quadrática da soma dos quadrados das acelerações médias, medidas segundo os três eixos
ortogonais “x”, “y” e “z”, definida pela expressão que segue:
amr k x2 amx
2
k y2 amy
2
k z2 amz
2
Onde:
a mx a my a mz
, , são as acelerações ponderadas dos respectivos eixos ortogonais x, y e z,
respectivamente;
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kx , ky , k z são fatores multiplicadores ( k x e k y 1,4
e k z 1,0 ) estabelecidos pela
kx , ky , k z são fatores multiplicadores ( k x , ky
e k z 1,0 ) estabelecidos pela ISO 5349
1 s
arepi amrik
s k 1
Equação 1.9.4 – Equação da aceleração resultante de exposição parcial
amrik é a aceleração média resultante relativa à késima amostra selecionada dentre as repetições
da componente de exposição “i”;
S= número de amostras da componente de exposição “i” que foram mensuradas.
1 s
are
T
n arep 2 i Ti
k 1 i
20
Onde:
arepi é a aceleração resultante parcial;
ni é o número de repetições da componente de exposição “i” ao longo da jornada de trabalho;
Ti é o tempo em duração da componente de exposição “i”;
s é o número de componentes de exposição que compõem a exposição diária;
T é o tempo de duração da jornada diária de trabalho.
É a aceleração resultante da exposição ocupacional ( are ) convertida para uma jornada diária padrão
de 8 horas, determinada pela seguinte expressão:
TE
aren are
T0
VDV j
1.9.7 - Valor da Dose de Vibração ( )
É o valor obtido a partir do método de dose de vibração à quarta potência determinado na direção “j”,
1, 75
sendo que “j” corresponde aos eixos ortogonais “x”,”y” e “z”, expresso em m / s , definido pela
expressão que segue:
a
t
VDV j 4
4
j (t ) dt m / s1,75
0
21
1.9.8 - Valor da Dose de Vibração Resultante ( VDVR )
am j
É o módulo da razão entre o máximo valor de pico do valor de , ambas ponderadas em frequência.
O valor de pico deve ser determinado durante o período de medição. O fator de crista pode ser utilizado
para investigar se o método de avaliação de base é adequado para descrever a severidade da vibração em
relação aos seus efeitos sobre o ser humano. Por vibração com fatores de crista inferior ou igual a 9, o
método de avaliação de base é normalmente suficiente.
O método de dose de vibração é mais sensível aos picos do que o método de avaliação de base, usando a
quarta potência em vez da segunda potência de aceleração como a base para o cálculo da média. O VDV
utiliza a quarta potência e fornece o resultado em metros por segundo ao 1,75.
aceleração pico
FC
aceleração r.m.s
Equação 1.9.9 – Equação do fator de Crista
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1.10 – Metodologias de avaliação para Vibração Ocupacional
O sistema ainda pode ser dotado de filtro de bandas para selecionar frequências específicas. A aceleração
será determinada em três direções mutuamente ortogonais, definida pelo sistema de coordenadas com sua
origem no centro do tronco. A avaliação da vibração será feita para cada direção (X, Y, Z) expressa em
raiz
média quadrática (RMS), integrando linearmente as vibrações de duração extremamente curtas ou que
variam substancialmente no tempo. O acelerômetro converte movimento vibratório em sinal elétrico.
A ACGIH, em seu anexo de TLV’s para agentes físicos, traz uma referência de limites de tolerância para
vibrações de corpo inteiro, porém estes limites são uma adaptação da ISO 2631-1 de 1985, norma que já
foi revisada em 1997.
Algumas considerações são importantes sobre a aplicação dos limites de tolerância para vibração de
corpo inteiro dados pela ACGIH, e a verificação da real aplicabilidade desses limites se torna algo
importante em um monitoramento de vibração.
Para cada ponto de medição é necessário obter o valor de aceleração RMS contínua e simultânea nos três
eixos, tendo como tempo de registro pelo menos 1 minuto de forma a registrar o sinal de vibração nos três
eixos biodinâmicos simultaneamente, utilizando um acelerômetro piezoresistivo acoplado à um disco de
borracha rígida.
É necessário efetuar, para cada eixo, uma análise de Fourier ou análise espectral em bandas de 1/3 de
oitava com faixas de frequências definidas de 1 à 80 Hz para posterior comparação com as curvas dadas
pela ACGIH, conforme tabela 1.
A aceleração total RMS ponderada para cada eixo pode ser calculada utilizando a equação abaixo:
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Onde:
W fx = Fator de ponderação para o eixo x em cada faixa de frequência da banda de 1/3 de oitava indo de 1
à 80 Hz (analogamente para y e z);
A fx = Valor de aceleração RMS para o eixo x em cada faixa de frequência da banda de 1/3 de oitava indo
de 1 à 80 Hz (analogamente para y e z);
Se a aceleração nos eixos de vibração tiver magnitudes similares, quando determinada pela equação
expressa anteriormente, o movimento combinado dos três eixos poderá ser maior que qualquer um dos
componentes e possivelmente afetaria o desempenho do operador do veículo, por exemplo. Cada um dos
resultados das componentes definidas pelas equações 3.9.1 podem ser utilizadas na equação 3.9.1.1 como
forma de encontrar a resultante, na qual será considerada como a aceleração ponderada RMS total, Awt :
A ACGIH permite que se compare o valor resultante encontrado com o valor de 0,5 m/s² dado pelo
Diretiva Européia nº 44/2002 que é recomendado como valor de nível de ação para uma jornada de oito
horas.
Em relação aos limites de tolerância previstos na ACGIH, pode se concluir que foram baseados em
métodos aplicados pela norma ISO 2631-1 (1985), edição que foi revogada e por consequência teve
alterações na forma de verificação dos dados frente aos métodos adotados pela ACGIH, de forma que não
se torna adequado a aplicação deste método, pois além de revogado por uma edição mais atual ISO 2631-
1 (1985), o mesmo demonstra uma forma mais complexa de verificação dos dados quando comparado
com os métodos atuais.
Outro fator relevante é que a ACGIH leva em consideração a possibilidade de comparação com os valores
de referência estipulados pela Diretiva Europeia nº 2002/44/CE de 25 de junho de 2002
Esta Diretiva é aplicada em todos os países da Comunidade Europeia e tem se demonstrado mais efetiva
do que os critérios adotados anteriormente, pois além de trazer um valor de tolerância, traz ainda um valor
de nível de ação.
A Diretiva Européia nº 2002/44/CE de 25 de junho de 2002, que traz limites de tolerância mais restritivos
do que os apresentados na ACGIH.
Segundo a seção 1, artigo 3, item 2 da Diretiva Européia nº 2002/44:
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O valor-limite de exposição diária normalizada, correspondente a um
período de referência de 8 horas, é fixado em 1,15 m/s2 ou, à escolha do
Estado-Membro, num valor de dose de vibrações de 21 m/s1,75;
O valor de exposição diária normalizada, correspondente a um período de
referência de 8 horas, que desencadeia a ação é fixado em 0,5 m/s2 ou, à
escolha do Estado-Membro, num valor de dose de vibrações de 9,1 m/s1,75.
Como critérios mais atuais e restritivos, nota-se que a Diretiva demonstra estar mais atual do que os
parâmetros técnico legais estabelecidos até o momento, de forma que grande parte dos principais
equipamentos de monitoramento de vibração ocupacional trabalham com os parâmetros estabelecidos na
norma europeia.
Entretanto, em 2012 a FUNDACENTRO lançou a NHO 09 que trata dos critérios técnicos para
monitoramento de vibração de corpo inteiro e ainda estabelece limites de tolerância para a realização da
comparação com os monitoramentos realizados. A NHO 09 recomenda como limite de exposição para
uma jornada de oito horas o valor de 1,1 m/s² e o valor que será comparado com este limite será o valor
encontrado como resultante RMS para a jornada. Essa norma ainda traz o limite de 21,0 VDV (Valor de
Dose de Vibração).
No caso de vibração de corpo inteiro, de acordo com o anexo B, ponto1 desta norma diz o seguinte:
De acordo com a ISO 2631-1 (1997) a aceleração RMS ponderada é expressa em metros por segundo ao
quadrado (m/s2) para vibração de translação e em radianos por segundo ao quadrado (rad/s 2) para
vibração rotacional. A aceleração RMS ponderada é calculada de acordo com a equação abaixo ou dos
seus equivalentes no domínio da freqüência.
1
1 T 2 2
a w a w t dt
T 0
Equação 1.10.1.2 – Ace1eração Root Mean Square
Fonte: ISO 2631-1:1997
Onde:
a w t = É a aceleração ponderada (translacional ou rotacional) como uma função do tempo, em metros
por segundo ao quadrado (m/s2) ou radianos por segundo ao quadrado (rad/s2), respectivamente;
T = É a duração da medição em segundos.
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Correlacionando-se esta equação com a exposição diária equivalente para um período de 8 horas ( A8 ),
temos:
TE
A8 a w
T0
Equação 1.9.1.3 – Aceleração Ponderada para uma jornada de trabalho de oito horas
Fonte: ISO 2631-1:1997
Onde:
a w = É o vetor soma expressado em metros por segundo ao quadrado;
TE = É o tempo de exposição;
T0 = É o tempo, em minutos, equivalente a um período de 8 horas.
O vetor soma apresentado na fórmula abaixo, é a combinação da aceleração ponderada de cada eixo
ortogonal (X, Y e Z). Geralmente é utilizado sempre que há mais de um vetor cujo valor apresenta a
mesma ordem de grandeza.
av k x2 a wx
2
k y2 a wy
2
k z2 a wz
2
Equação 1.10.1.4– Vetor soma para compor a resultante da aceleração de corpo inteiro
Fonte: ISO 2631-1:1997
Onde:
a wx , a wy , a wz = São as acelerações ponderadas dos respectivos eixos ortogonais x, y e z,
respectivamente;
kx , ky , k z = São fatores multiplicadores ( k x 1,4 e
k y 1,4
e k z 1,0 ) estabelecidos pela
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1.10.2 – Vibrações de Braços e Mãos
O método de amostragem para avaliação de vibração de braços e mãos é através do sistema composto por
sensor de vibração (acelerômetro), amplificador e um integrador ou diferenciador que permite a
transformação da medida em sinal elétrico.
O sistema ainda pode ser dotado de filtro de bandas para selecionar frequências específicas.
A aceleração será determinada em três direções mutuamente ortogonais, definida pelo sistema de
coordenadas com sua origem no centro do tronco. A avaliação da vibração será feita para cada direção (X,
Y, Z) expressa em raiz média quadrática (RMS), integrando linearmente as vibrações de duração
extremamente curtas ou que variam substancialmente no tempo. O acelerômetro converte movimento
vibratório em sinal elétrico.
A ISO 5349 -1: 2001, não traz limites de tolerância para a vibração de braços e mãos, devido a muitos
fatores que variam com cada tipo de ambiente e de aplicação.
Entretanto, a ISO 5349 -1: 2001, no anexo C: Relação entre a exposição da vibração e os efeitos a saúde,
traz informações dos possíveis efeitos a saúde considerando um determinado tempo de exposição, mas
isto não é considerado como limite de tolerância.
1, 06
Dy A(8)
31,8
years m / s²
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Através da expressão da figura 10, podemos realizar a comparação com o gráfico a seguir e verificar o
tempo (em anos) para o possível aparecimento de doença dos dedos brancos em pelo menos 10% da
população exposta.
A ACGIH, em seu anexo de TLV´s para agentes físicos, traz uma referência de limites de tolerância para
vibrações de braços e mãos. Atualmente, a ISO 5349 em sua revisão de 2001, não apresenta limite de
tolerância, mas sim um modelo de predição, em anos, para o aparecimento de dedos brancos em 10% da
população exposta. Para fins de elaboração do PPRA, respeitando-se o contido no item 9.3.5.1.c. da NR-9,
uma vez que não há limites estabelecidos no anexo nº 8 da NR-15, tampouco pela norma ISO 5349, a
solução é a utilização dos limites da ACGIH ou aqueles que venham à ser mais restritivos desde que
firmados em acordos coletivos.
Os limites de tolerância da ACGIH foram baseados nos parâmetros estabelecidos pela ISO 5349:1986,
estabelecendo o tempo máximo permissível de acordo com a aceleração ponderada, conforme descrito na
tabela 01.
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Tabela 01 - Limites para exposição da mão em qualquer das direções Xh, Yh ou Zh
Fonte: ACGIH 2011
Limites para exposição da mão em qualquer das direções Xh, Yh ou Zh
Valores do componente de aceleração dominante
a
Duração Total da Exposição Diária b
, RMS, freqüência ponderada, que não devem
ser excedidos a K ( a K eq ) m/s²
4 horas e menos de 8 4
2 horas e menos de 4 6
1 hora e menos de 2 8
Menos de 1 hora 12
(a) O tempo total em que a vibração entra na mão por dia, seja contínua, seja intermitente.
(b) Usualmente, um dos eixos é dominante sobre os demais. Se um ou mais dos eixos de vibração
exceder a exposição total diária, então o TLV estará excedido.
Um ponto que deve ser destacado é que a ACGIH define até hoje estes limites como referência e estes
foram baseados na ISO 5349:1986, norma que foi revisada e atualmente utiliza-se os padrões referidos na
edição de 2001.
A ISO 5349:2001 não define limites de exposição, de forma que assim como na vibração de corpo inteiro,
os critérios e ponderações adotados pela grande parte dos equipamentos de vibração ocupacional seguem
aos critérios de limites de exposição adotados pela Comunidade Européia.
Entretanto, em 2012 a FUNDACENTRO lançou a NHO 10 que trata dos critérios técnicos para
monitoramento de vibração de corpo inteiro e ainda estabelece limites de tolerância para a realização da
comparação com os monitoramentos realizados. A NHO 10 recomenda como limite de exposição para
uma jornada de oito horas o valor de 5,0 m/s² e o valor que será comparado com este limite será o valor
encontrado como resultante RMS para a jornada.
29
De acordo a Diretiva Européia nº 2002/44/CE, em seu anexo A, ponto 1:
De acordo com a ISO 5349-1 a aceleração RMS ponderada é expressa em metros por segundo ao
quadrado (m/s2) para vibração de translação e em radianos por segundo ao quadrado (rad/s2) para
vibração rotacional. A aceleração RMS ponderada é calculada de acordo com a equação abaixo ou dos
seus equivalentes no domínio da freqüência.
1
1 T 2
a w a w2 t dt
T 0
Correlacionando-se esta equação com a exposição diária equivalente para um período de 8 horas ( A8 ),
temos:
TE
A8 a w
T0
aw
= É o vetor soma expressado em metros por segundo ao quadrado;
TE = É o tempo de exposição;
30
O vetor soma é a resultante dos três eixos ortogonais globais ponderados e geralmente é utilizado sempre
que há mais de um vetor cujo valor apresenta a mesma ordem de grandeza.
av k x2 a wx
2
k y2 a wy
2
k z2 a wz
2
Equação 1.10.2.4 –– Vetor soma para compor a resultante da aceleração de braços e mãos
A ISO 5349 – 2: 2001 informa que quando temos exposição à vibração em diferentes níveis de
aceleração, é necessário obter a aceleração equivalente AEQ, conforme equação abaixo:
2
a wx t1 a wy
2
t1 a wz
2
t3
AEQ
t1 t 2 t 3 .....t n
31
32
1.11 – Riscos à saúde: Exposição à Vibração Ocupacional
Na opinião de IIDA, I. (2005) as vertebras estão classificadas em cinco grupos, conforme figura 11:
33
Sendo a coluna uma parte muito delicada do corpo humano, está sujeita a diversas deformações, que
podem ser congênitas (existem desde o nascimento) ou adquiridas durante a vida, por diversas causas,
como:
Segundo Saliba, T.M (2013) os estudos epidemiológicos indicam que existe risco elevado para a coluna
vertebral dos trabalhadores expostos por vários anos a intensas vibrações de corpo inteiro, além de
provocar incômodos lombares.
O aumento dessa exposição, associada com as condições de trabalho em que um trabalhador está
submetido pode potencializar os incômodos de forma que como consequência, poderá haver uma
alteração degenerativa das vértebras e dos discos intervertebrais.
Segundo estudos realizados pela OIT e publicados na Enciclopédia de saúde e segurança do trabalho,
parte VI, capítulo 50, 1998, detectaram riscos sensivelmente maiores de deslocamento dos discos
intervertebrais em indivíduos expostos à vibração de corpo inteiro, o que demonstra que este tipo de
exposição potencializa o dano sobre a região lombar.
Existem duas respostas mecânicas que melhor descrevem o que a vibração produz no organismo humano,
que são a: Transmissibilidade e Impedância.
Na opinião de Helmut, S. e Griffin, M. (1998) a transmissibilidade indica qual a fração de vibração que se
transmite ao corpo, por exemplo, dos pés à cabeça. A transmissibilidade do corpo depende diretamente da
frequência de vibração associada com a postura do corpo. Por exemplo, a vibração vertical de um assento
provoca vibrações em todos os eixos da cabeça e a transmissibilidade pode alcançar o máximo valor de
ressonância em frequências que variam de 3 à 10 Hz.
34
No caso da impedância Helmut, S. e Griffin, M. (1998) afirmam que esta é a indicação da força requerida
para que um corpo se mova em cada frequência. Mesmo que a impedância dependa da massa corpórea, a
impedância vertical do corpo humano somente apresenta ressonância em frequências a partir de 5 Hz. A
impedância mecânica de um corpo, incluindo esta frequência de ressonância, incide consideravelmente na
forma em que ser transmite vibração através dos assentos.
Embora os principais efeitos da vibração de corpo inteiro incidam sobre a coluna vertebral, existem
outros fatores que também devem ser levados em consideração, tais como:
As exposições às vibrações de corpo inteiro podem impactar diretamente sobre a captação da informação
feita pelo organismo humano, por exemplo, pela captação dos olhos à uma determinada informação
quando estamos expostos à vibração. Podem impactar também na resposta de saída do corpo humano, por
exemplo, movimentos dos pés e das mãos. Além disso, estas exposições podem impactar nos processos
centrais complexos que envolvem entrada e saída de informação pelo organismo humano, por exemplo,
na forma de aprendizagem, nas tomadas de decisão, na memória, etc.
Os efeitos da vibração sobre os olhos junto com o controle manual das mãos são causados principalmente
pelas partes do corpo afetadas, ou seja, descer os olhos para a posição das mãos enquanto há movimentos
que expõem o corpo inteiro à vibração.
35
É fundamental que haja uma interação entre o higienista ocupacional e o ergonomista para a verificação
das particularidades envolvidas em atividades executadas que possam vir a colocar o indivíduo exposto à
vibração, de forma que se possam estudar formas tangíveis de controlar a exposição e diminuir ou até
mesmo eliminar as interferências causadas nas atividades executadas.
Indivíduos que estejam expostos à vibração de corpo inteiro podem trazer como consequência alterações
nas funções fisiológicas, como por exemplo o aumento da frequência cardíaca, porém estas alterações
variam de indivíduo para indivíduo de forma que o reconhecimento de campo detalhado associado à uma
anamnese médica detalhada podem dar um direcionamento mais adequado sobre as possíveis alterações
das funções fisiológicas. Outros fatores que devem ser observados e que atuam de forma significativa são:
Elevada tensão mental que pode gerar estresse e o ruído gerado associado com substâncias químicas são
exemplos de fatores relevantes.
Os movimentos repetitivos e oscilatórios causados pelas vibrações de corpo inteiro podem provocar
alterações cardiovasculares, como o aumento da frequência cardíaca, aumento da pressão arterial e
aumento da taxa de consumo de oxigênio pelo organismo. Este aumento de consumo de oxigênio causa o
aumento da ventilação pulmonar e também a oscilação do ar dentro do sistema respiratório. Estas
alterações respiratórias e consequentemente as alterações metabólicas podem não estar de acordo com a
normalidade do indivíduo exposto à vibração, de forma que isto pode gerar uma perturbação nos
mecanismos de controle da respiração.
Os movimentos repetitivos e oscilatórios gerados pela exposição às vibrações de corpo inteiro podem
causar danos cerebrais em indivíduos suscetíveis a estes movimentos. Além disso, estes tipos de
movimentos podem causar alterações no aparelho vestibular localizado no sistema auditivo. O vestíbulo é
responsável pelo equilíbrio e quando este se encontra em desequilíbrio tem como consequência a
percepção de equilíbrio, causando com isso uma doença chamada de labirintite. As alterações sobre o
sistema nervoso central podem causar dificuldades de concentração para execução de determinada tarefa
e até mesmo tirar a motivação para a execução da mesma.
As vibrações de corpo inteiro produzem um movimento artificial passivo do corpo humano, sendo esta
uma condição que difere essencialmente das condições de movimentos naturais do organismo. As
vibrações de corpo inteiro acontecem em uma faixa de frequência que varia ente 0,5 à 100 Hz, sendo mais
danosas na faixa que vai de 1 à 80 Hz, quando comparada com as faixas de frequência dos movimentos
naturais e voluntários, que vão de 2 à 8 Hz e inferiores à 4 Hz para a locomoção, pode se perceber que as
vibrações de corpo inteiro podem de fato afetar nos movimentos do corpo humano de forma significativa.
36
1.11.2 – Doenças relacionadas à exposição prolongada à vibração de braços e mãos
De acordo com Bovenzzi, M. (1998) a expressão síndrome de vibrações de braços e mãos se utiliza como
referência aos sintomas associados com a exposição a vibrações transmitidas às mãos, sendo as mais
comuns as seguintes:
Transtornos vasculares;
Transtornos neurológicos periféricos;
Transtornos nos ossos e articulações;
Transtornos musculares;
Outros tipos de transtornos.
A tabela 02 traz uma lista dos fatores mais importantes que contribuem para as possíveis causas das
lesões nas extremidades superiores dos indivíduos expostos à vibração.
37
Tabela 02 – Alguns fatores potencialmente relacionados com efeitos lesivos durante as
exposições à vibrações transmitidas as mãos
Fonte: OIT - Enciclopédia de saúde e segurança do trabalho, parte VI, capítulo 50, 1998
CARACTERÍSTICAS DA VIBRAÇÃO
Magnitude (eficaz, pico, com ponderação, sem ponderação);
Frequência (espectros, frequências dominantes);
Direção (vetores x, y, z)
FERRAMENTAS E PROCESSOS
Desenho da ferramenta (portáteis, fixas)
Tipo de Ferramenta (percussão, rotativa, perfuro cortante)
Condições Gerais
Formas de manuseio
Tipo de material que se trabalha
CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO
Duração (Exposições diárias, semanais, mensais, anuais)
Forma de Exposição (Contínua, Intermitente, Intradia, Interdia, Períodos para
descanso)
Duração da exposição acumulada
CONDIÇÕES AMBIENTAIS
Temperatura Ambiente
Fluxo de Ar
Umidade Relativa
Ruído
Resposta dinâmica do sistema dedo-mão-braços
Impedância Mecânica
Transmissibilidade da Vibração
Energia Absorvida
CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS
Método de trabalho
Força de preensão
Força para empurrar
Postura das mãos e braços
Posição do corpo
Condições de saúde
Destreza na execução das tarefas
Frequência de execução de tarefas
Escolaridade
38
1.11.2.1 – Transtornos Vasculares
A exposição às vibrações localizadas, particularmente da mão, podem desencadear vaso espasmos, que
reduzem o diâmetro das artérias até a completa obstrução, impedindo o fluxo sanguíneo para as áreas
supridas por estes vasos, com visível branqueamento destas regiões, conforme demonstrado na figura 12
No ano de 1911, um médico italiano chamado Giovanni Loriga comunicou pela primeira vez que os
trabalhadores que utilizavam marteletes pneumáticos para quebrar blocos de mármore e pedras em
algumas marmorarias de Roma, sofriam ataques de “branqueamento dos dedos” semelhantes às
respostas vasoespáticas causadas pelo frio ou por estresse emocional que foram sintomas descritos pela
primeira vez em 1862 pelo médico francês Maurice Raynaud. Em 1918, nos EUA, a Drª Alice Hamilton
realizou estudos e observações das atividades dos cortadores de pedra aonde constatou os mesmos
sintomas já descritos.
Existem várias terminologias que podem descrever os transtornos vasculares induzidos pela vibração, tais
como:
Para este último, a caracterização clínica se dá pela constatação de dedos brancos ou pálidos causados
pela vasoconstrição periférica das artérias dos dedos. Os ataques podem ser potencializados pelo frio e
duram de 5 à 30 minutos, mas isso depende de cada indivíduo e durante um ataque pode se sentir a perda
completa do tato. A recuperação pode ser realizada de forma mais acelerada com massagens locais e pelo
39
calor na região atingida, porém podem aparecer vermelhidões dos dedos afetados em função de um
aumento reativo de fluxo sanguíneo na região vascular.
Na opinião de Bovenzzi, M. (1998) a exposição contínua às vibrações não somente podem diminuir a
percepção dos receptores da pele e também induzir alterações patológicas nos nervos dos dedos, podendo
ainda causar fibrose e perda de fibras nervosas da região atingida.
As atividades que exigem um esforço físico intenso com uma força de preensão elevada e outros fatores
biomecânicos podem ser as maiores causas da aparição de lesões esqueléticas encontradas em
trabalhadores que fazem utilização de ferramentas vibratórias. As dores, os inchaços, a rigidez e
deformidades das articulações podem ser vistos em resultados radiológicos que podem mostrar a
degeneração óssea e das articulações.
40
Figura 13 – Projeção dos vetores de força de tração, força de compressão e força muscular gerados
pelas atividades com ferramentas pesadas e geradoras de vibração.
Fonte: OIT - Enciclopédia de saúde e segurança do trabalho, parte I, capítulo 06, 1998
2
Segundo a opinião do Drº Dráuzio Varella , a Síndrome do túnel do carpo é uma neuropatia resultante
da compressão do nervo mediano no canal do carpo, estrutura anatômica que se localiza entre a mão e o
antebraço. Através desse túnel rígido, além do nervo mediano, passam os tendões flexores que são
revestidos pelo tecido sinovial. Qualquer situação que aumente a pressão dentro do canal provoca
compressão do nervo mediano e a síndrome do túnel do carpo .
41
A exposição à vibrações localizadas, associada com os movimentos repetitivos e tensão sobre a região
carpal pode ser uma das causas da Síndrome do Túnel do Carpo, que gera com isso a LER (Lesão por
3
Esforço Repetitivo). A figura 14 demonstra a localização do túnel do carpo de forma que
2
Disponível em: http://drauziovarella.com.br/letras/s/sindrome-do-tunel-do-carpo/. Acesso em
17/10/2013.
3
Disponível em: http://fisioterapiaquintana.blogspot.com.br/2013/06/o-tratamento-para-sindrome-do-
tunel-do.html. Acesso em 17/10/2013.
42
43
1.12 – Configurações básicas do equipamento e posicionamento
Os medidores a serem utilizados para avaliação da exposição ocupacional às vibrações de corpo inteiro e
de braços e mãos devem atender aos requisitos constantes da Norma ISO 8041 (2005) ou de suas futuras
revisões e complementações e estarem ajustados de forma a atender aos seguintes parâmetros:
A seleção do acelerômetro deve ser feita considerando-se o tipo de montagem necessária para o devido
posicionamento e fixação do transdutor e as características do sinal a ser medido, tais como: frequências,
amplitudes, ocorrência de picos elevados (ex: movimentação de veículos em pisos irregulares ou
esburacados ou medições em plataformas vibrantes).
Para realização de monitoramento de vibração de corpo inteiro para a investigação de efeitos à saúde, a
norma ISO 2631-1: 1997 define as curvas de ponderação e seus respectivos fatores de multiplicação
conforme descrito abaixo:
Para exposição ocupacional as vibrações transmitidas por assentos, devem ser utilizados acelerômetros de
assento construídos especificamente para esta finalidade.
A localização e fixação do acelerômetro é um importante procedimento que deve ser observado. Deve
respeitar o posicionamento correto do sistema de coordenadas ortogonais, de forma que possam ser
obtidos os resultados de forma simultânea.
As medições devem ser feitas no ponto de medição selecionado de forma que os resultados sejam
representativos da exposição ocupacional.
Em determinadas situações de trabalho, nas quais as atividades são realizadas de pé, as medições deverão
ser feitas com acelerômetros fixados no piso.
44
z
x
y
A seleção do acelerômetro deve ser feita considerando-se o tipo de montagem necessária para o devido
posicionamento e fixação do transdutor e as características do sinal a se medido, tais como: frequências,
amplitudes, ocorrência de picos elevados (ex: ferramentas de percussão).
Para realização de monitoramento de vibração de corpo inteiro para a investigação de efeitos à saúde, a
norma ISO 5349, partes 1 e 2: 2001 define as curvas de ponderação e seus respectivos fatores de
multiplicação conforme descrito abaixo:
A localização e fixação do acelerômetro é um importante procedimento que deve ser observado. Deve
respeitar o posicionamento correto do sistema de coordenadas ortogonais, de forma que possam ser
obtidos os resultados de forma simultânea.
45
No caso de utilização de ferramentas vibratórias, as medições devem ser feitas em cada mão no ponto de
medição selecionado de forma que os resultados sejam representativos da exposição ocupacional. O
NIOSH através do Criteria for Recommended Standard: Occupational Exposure to Hand Arm
Vibration, 1989, recomenda o posicionamento do acelerômetro nas ferramentas geradoras de vibração em
cada parte onde a mão tenha contato, conforme demonstrado na figura 16.
O monitoramento de vibração é realizado pelo conjunto de acessórios e equipamentos que juntos são
denominados de Monitor de Vibração Ocupacional. Este medidor é formado pelos seguintes
equipamentos e acessórios:
Monitor de dados através de computador de bordo e memória de dados (Hardware);
Gestão dos dados gerados e armazenados no monitor (Software);
Adaptadores para posicionamento do equipamento nas mãos ou ferramentas;
Conjunto de fios para conexão entre o monitor e transdutores;
Transdutores conversores de sinais mecânicos em elétricos, chamados de acelerômetros.
46
O acelerômetro é responsável por transformar o movimento da vibração em um sinal elétrico
proporcional à aceleração. De acordo com a segunda lei de Newton, é possível entender o princípio do
acelerômetro. Este transdutor tem como finalidade verificar a oscilação do movimento gerado por uma
determinada força de deslocamento, de forma que quanto maior for a força de deslocamento, maior será a
oscilação do movimento. O acelerômetro mede a oscilação destes movimentos de forma que o ângulo que
o movimento de oscilação forma em relação ao seu estado original é o que irá fornecer o sinal mecânico
no transdutor que será convertido em um sinal elétrico para ser enviado para o monitor de forma a
demonstrar o resultado da aceleração do movimento para visualização em tela e registro de dados. O
equipamento para monitoramento de vibração é o instrumento responsável pelo processamento dos dados
captados pelo acelerômetro e deve atender às especificações técnicas descritas na ISO 8041, sendo o
equipamento do tipo 1 ou tipo 2. Os transdutores ou acelerômetros mais comuns para o monitoramento
ocupacional são os piezoelétricos (ver Fig. 17), com sistema eletrônico integrado que medem a aceleração
absoluta da vibração e têm características gerais superiores às de qualquer outro tipo de transdutor de
vibrações. Uma massa inercial sob aceleração causa compressão ou cisalhamento de um cristal
piezoelétrico e a Diferença de Potencial (DDP) gerada pelo cristal piezoelétrico é diretamente
proporcional à aceleração.
47
Para o monitoramento de vibração de corpo inteiro o acelerômetro utilizado é o tri-axial com um
adaptador de assento, conforme mostrado na figura 18. O posicionamento do acelerômetro deve ser feito
no ponto de transmissão da superfície do corpo.
De acordo com a ISO 5349 – 2:2001, os sistemas de montagem fixa são os utilizados na maior parte das
vezes, porém pode não ser possível o seu uso quando o operador “cobre” toda a superfície de contato.
Sistemas de montagem portáteis dependem da força de preensão do operador para manter o sistema no
local. Entrentanto, muitas vezes é aconselhável manter o adaptador na posição sobre a superfície
vibratória com fita elástica
Para superfícies de dificil acesso, os adaptadores podem ser moldados para cada tipo de ferramenta. Estes
adaptadores utilizam um material de modelagem que é fabricado sobre a forma de disco eliptica na qual é
moldavel à superficie sobre a face inferior e para a palma da mão sobre a sua face superior, encaixando
confortavelmente entre a superficie de trabalho e a mão .
48
Para realizar o monitoramento de vibração ocupacional, é necessário realizar um estudo detalhado para
escolher o tipo de acelerômetro e os respectivos adaptadores.
Para a realização de monitoramento de vibração de braços e mãos, o acelerômetro tri-axial deverá ser
montado de acordo com o tipo de ferramenta e atividade à ser executada, permitindo que o sinal do
movimento seja captado sem que haja qualquer tipo de interferência.
Figura 20 - Adpatdor de Mão Simples – Tipo Figura 21 - Adpatdor de Mão Moldável – Tipo
“Barra” “Palma da Mão”
Fonte: SVANTEK
49
A utilização do adaptador tipo “T” será realizada quando o avaliador verificar que a fonte de vibração
tenha espaço entre a mão do trabalhador exposto e a máquina geradora de energia vibratória.
A figura 23 demonstra que o acelerômetro tri-axial não tem contato com a mão da pessoa avaliada, o que
mostra a importância do adaptador. Essa importância se deve ao fato da não interferência da massa da
mão da pessoa avaliada sobre o acelerômetro, pois caso tivesse o contato direto da mão com o
equipamento, isto poderia causar uma interferência direta no resultado final.
50
Figura 25 - Instalação do Adaptador tipo “Bloco” na superfície vibratória
A figura 25 demonstra que o acelerômetro tri-axial não tem contato com a mão da pessoa avaliada, o que
mostra a importância do adaptador. Essa importância se deve ao fato da não interferência da massa da
mão da pessoa avaliada sobre o acelerômetro, pois caso tivesse o contato direto da mão com o
equipamento, isto poderia causar uma interferência direta no resultado final.
Fonte: SVANTEK
51
1.13.5 – Montagem do Sistema com o adaptador tipo “palma da mão”
A montagem do acelerômetro no adaptador tipo “Palma da Mão” consiste em fixar o acelerômetro tri-
axial no adaptador através de fixação na almofada e instalação do cabo de conexão do acelerômetro ao
analisador de dados.
Fonte: SVANTEK
De acordo com a ISO 5349-2:2001, para superficies de dificil acesso, os adaptadores devem ser colocados
de forma que a face inferior fique fixado no equipamento e a face superior fique fixado na mão. Esta
instalção pode ser observada na figura 29.
52
1.13.6 – Posicionamento do acelerômetro tri-axial de acordo com as coordenadas
Como podemos ver na figura 30, o monitoramento da vibração de braços e mãos deve ser realizado
através da orientação do sistema de coordenadas descrita na ISO 5349 – 1: 2001 .
A ISO 2631 – 1: 1997 define três áreas principais para uma pessoa que tenha exposição na posição
sentado:
O acelerômetro tri-axial deve ser instalado no local onde haja a vibração entre a interface do corpo
humano e o local da fonte vibratória. A vibração que é transmitida para o corpo através de uma superfície
não rígida ou com material resiliente (ex: encosto de assento) deve ser monitorada com o acelerômetro
tri-axial interposto entre a pessoa e a principal área de contato.
A montagem não deverá alterar a distribuição de pressão na superfície do material. Para monitoramento
em superfícies não rígidas, a pessoa deverá adotar uma posição normal para a execução de suas tarefas.
53
Figura 31 - Instalação do Acelerômetro sobre a superfície de interface de contato entre o
corpo humano e a fonte de vibração
De acordo com a ISO 2631-1:1997, as curvas de ponderação estão divididas em: curvas principais e
curvas adicionais.
54
De acordo com a ISO 5349-1:2001 a curva de ponderação principal para todos os eixos “x”, “y” e “z” é a
curva “Wh” para verificação de efeitos à saúde.
Neste caso, as medições da magnitude da vibração podem ser feitas durante longos períodos, no qual
fornece valores representativos e o tempo de exposição é o tempo para o qual a ferramenta geradora de
vibração foi utilizada. Como exemplo, verifica-se a utilização de cortadores de grama e placas vibratórias
para polimento de peças e áreas.
Exemplo 1:
Durante um dia de trabalho, uma máquina de polir é utilizada durante 2,5 horas e não há utilização de
outras ferramentas vibratórias. O tempo de exposição a vibração é similar durante os dias da semana e a
resultante dos eixos ortogonais traz o valor total de vibração de 7,4 m/s².
1) Duração da medição;
2) Tempo de execução da tarefa (= tempo de exposição);
3) Tempo;
4) a hv é vetor soma.
TE 2,5
A8 a w A8 7,4 4,1m / s ²
T0 8
55
1.16.2– Monitoramento de operação intermitente de ferramenta em longo prazo
Para muitas ferramentas vibratórias, as mãos são sempre a via de contato direto com a ferramenta ou parte
da ferramenta que gera vibração durante a execução de determinada tarefa. Exemplos deste tipo de
operação incluem a utilização de moedores, motosseras e marteletes.Se as ferramentas vibratórias estão
sendo operadas para a maioria das tarefas, algumas opções são as seguintes:
Realizar uma medição a longo prazo da magnitude da vibração durante um período de tempo
representativo de utilização;
Verificar ser o tempo de exposição é o tempo efetivo de utilização da ferramenta que está sendo
utilizada durante o dia de trabalho.
Exemplo 2:
Um esmeril é utilizado para desbaste de peças metálicas. Os registros de trabalho mostram uma média de
100 desbastes realizados por dia e para cada desbaste, o operador realiza o esmerilhamento das peças em
movimentos circulares e em movimentos de baixo para cima para realizar a conformidade da peça. O
tempo de exposição é similar durante todo o dia de trabalho. A vibração média encontrada durante um
determinado período de um ciclo é de 3,6 m/s².
Cada ciclo leva em média 2 minutos para se completar. Tendo uma taxa média 100 desbates realizados
por dia, a exposição total será de 200 minutos ou 3 horas e 20 minutos. A aceleração média global para a
jornada de oito horas será de:
4) a hv é vetor soma.
TE 200
A8 a w A8 3,6 =2,3m/s²
T0 480
56
1.16.3– Monitoramento de operação intermitente de ferramenta vibratória em curto período
Este tipo de monitoramento é indicado quando uma determinada tarefa com ferramenta gera vibração,
mas não de forma contínua (tendo longas paradas de utilização) ou quando as mãos não possuem contato
direto com a ferramenta. Exemplos deste tipo de operação incluem a utilização de esmeril, marteletes,
motosserras, escova de serra, etc.
Exemplo 3:
Um esmeril é utilizado para desbaste de peças metálicas. Os registros de trabalho mostram uma média de
100 desbastes realizados por dia, e para cada desbaste o operador realiza o esmerilhamento das peças em
movimentos circulares e em movimentos de baixo para cima para realizar a conformidade da peça. O
tempo de exposição é similar durante todo o dia de trabalho. Cada ciclo leva em média 2 minutos para se
completar e é composto de três períodos de utilização:
Desta forma, constata-se que o esmeril é utilizado durante 100 segundos em cada ciclo de trabalho, ou
seja, 1 minuto e 40 segundos dos 2 minutos do ciclo. Tendo uma taxa média 100 desbastes realizados por
dia, a exposição total será de 167 minutos ou 2 horas e 47 minutos (2,78 horas). A aceleração média
global para a jornada de oito horas será de 3,9 m/s² :
4) a hv é vetor soma.
TE 2,78
A8 a w A8 3,9 =2,3m/s²
T0 8
57
1.16.4 – Monitoramento de vibração onde mais de uma ferramenta está sendo utilizada
Quando mais de uma ferramenta vibratória está sendo utilizada ou o processo contribui para a exposição
diária da vibração, é necessária a aplicação de métodos apropriados para determinar a exposição parcial
da vibração para cada ferramenta ou processo.
Ferramentas vibratórias com mais de um modo de operação, onde cada modo expoem o operador
a diferentes níveis de vibração.
É importante lembrar que quando mais de uma ferramenta vibratória, processo ou modo de operação está
envolvido, é comum utilizar a combinação das avaliações.
Exemplo 4:
1) Duração da medição;
2) Tempo de execução da tarefa (= tempo de exposição);
3) Tempo;
4) a hv é vetor soma.
n 2
A8 a w
TE
T0
e A8 A (8)
i 1
i
58
59
1.17 – Informações gerais para elaborar um relatório de vibração
a) Informações Gerais
Nome da empresa;
Data da avaliação;
Local da medição;
Temperatura;
Umidade;
Ruído;
60
e) Instrumentação
Rastreabilidade de calibração;
Postura das mãos e dos braços, quando for vibração de braços e mãos;
Informação da aceleração ponderada por cada eixo ortogonal “x”, “y” e “z”;
Duração da medição;
h) Medidas de Controle
61
62
1.18 – Medidas de controle
As medidas de controle para vibração seguem aos mesmos princípios adotados pela higiene ocupacional
para outros agentes, tendo ação direta sobre a Fonte, Trajetória e Indivíduo. Desta forma, as medidas de
controle podem ser de ordem administrativa, de engenharia ou de organização do trabalho, podem
acontecer em conjunto ou de forma isolada, devendo cada situação ser analisada de forma criteriosa
através de ferramentas de gestão de controle dos riscos.
Dar preferência a veículos que produzam uma menor intensidade vibratória, que possuam
assentos com suspensão a ar, descanso para os braços, apoio lombar e ajuste de assento, além de
apoio para as costas, e que tenha um bom desempenho à tarefa exercida;
Para trabalhos embarcados em navios, plataformas entre outros, estabelecer período mínimo de
dias para adaptação do organismo aos movimentos de balanço que podem causar enjoos;
Exames médicos
Realizar os exames médicos admissionais com o objetivo de verificar se há indivíduos possam
ter pré-disposição a desenvolver algum tipo de enfermidade relacionada a vibrações, mesmo sem
ter exposições ocupacionais;
63
Exames de verificação das condições ortopédicas;
Práticas de trabalho
Programação de paradas periódicas das ferramentas vibratórias, sempre que necessário, afim de
garantir que as ferramentas estejam sempre lubrificadas e ajustadas;
Selecionar ferramentas que produzam uma menor intensidade vibratória e que tenha uma boa
performance à tarefa exercida;
Desenvolver boas práticas ergonômicas, a fim de minimizar o estresse causado pela vibração.
Implantação de luvas anti- vibração em vaqueta, com revestimento interno na palma e polegar
com polímero (poliuretano em baixa densidade), forro interno na palma e dedos em tecido de
malha, punho com ajuste elástico e fecho em velcro. É fundamental observar se este tipo de luva
possui C.A (Certificado de Aprovação), pois em geral são importadas e não são fáceis de serem
encontradas no mercado brasileiro;
Exames médicos
Realizar os exames médicos admissionais com o objetivo de verificar se há indivíduos possam
ter pré-disposição a desenvolver algum tipo de enfermidade relacionada a vibrações, mesmo sem
ter exposições ocupacionais;
64
65
1.19– A exposição da Vibração Ocupacional e a Gestão do Risco
O PDCA é aplicado principalmente nas normas de sistemas de gestão e deve ser utilizado em qualquer
empresa de forma a garantir o sucesso nos negócios, independentemente da área ou departamento (
vendas, compras , engenharia , higiene ocupacional, segurança do trabalho, ergonomia, etc...)
O ciclo começa pelo planejamento, em seguida a ação ou conjunto de ações planejadas são executadas,
checa-se o que foi feito, se estava de acordo com o planejado, constantemente e repetidamente
(ciclicamente) e toma-se uma ação para eliminar ou ao menos mitigar defeitos no produto ou na execução
das tarefas ou em processos.
66
Os 4 Passos do PDCA podem ser descritos como:
Act (ação) : Agir de acordo com o avaliado e de acordo com os relatórios, eventualmente
determinar e confeccionar novos planos de ação, de forma a melhorar a qualidade, eficiência e
eficácia , aprimorando a execução e corrigindo eventuais falha.
Uma maneira de entender o que se solicita na Portaria nº 1297/14 do MTE é que as novas formas de
enxergar as exposições ocupacionais aos riscos ambientais e/ou de processos, no caso em específico as
vibrações ocupacionais, é que a cada dia se estreita o conceito da realização de gestão de SSO (Segurança
e Saúde Ocupacional) definido pela norma OHSAS (Occupational Health and Safety Assessment System),
que define a gestão dos riscos de SSO como:
67
Fonte: OHSAS 18001/99
Segundo o item 2.1 do Anexo I da Portaria nº 1297/14 do MTE, pode ser perceber que há um alinhamento
conceitual entre esta Portaria e a norma OHSAS 18001, conforme segue:
Para cumprir este e vários outros itens do Anexo I, os empregadores deverão ter uma visão sistêmica que
é proposta pela norma OHSAS 18001.
Deve existir uma política de Segurança e Saúde Ocupacional, autorizada pela alta administração da
organização, que estabeleça claramente os objetivos globais de segurança e saúde e o comprometimento
para melhorar o desempenho da SSO.
A política deve:
e) ser comunicada a todos os funcionários, com o objetivo de que eles tenham conhecimento de suas
obrigações individuais em relação a SSO;
g) seja periodicamente analisada criticamente, para assegurar que ela permanece pertinente e apropriada à
organização.
68
Dentro dos critérios trabalhistas legais, estes conceitos de políticas de SSO podem ser verificados de
forma ampla e clara, conforme descrito no subitem 9.3.1 da NR – 9 (Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais). O PPRA deve estar articulado com as demais Normas Regulamentadoras, em especial com
o PCMSO (Programa Médico de Saúde Ocupacional).
Segundo Saliba, M.T (2013) os dados de availação quantitativa e qualitativa são a base para o médico
coordenador estabelecer o controle médico dos trabalhadores, conforme determina a NR-7 (Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional), sem contar que os exames médicos ocupacionais funcionam
como um critério importante na avaliação da eficácia das medidas de controle adotadas pelo PPRA.
Assim como no PPRA, para a caracterização das vibrações ocupacionais como um risco a ponto de gerar
a concessão do adicional de insalubridade e da aposentadoria especial, é necessário seguir a todos os
critérios e métodos definidos nas NHO 09 e 10 da FUNDACENTRO, normas técnicas que tem como
referência as normas internacionais ISO, em especial as:
69
70
1.20– Estudos de caso
1) Em uma avaliação de vibração, o Técnico informou o resultado da aceleração global para oito horas e o
valor do vetor soma, mas esqueceu de informar o valor do tempo de medição (exposição). Com base nos
dados, informe o Texp.
2) Em uma avaliação de vibração, o avaliador verificou que estava faltando o valor do eixo x. Com base
nos dados abaixo, descubra qual o valor deste eixo através de cálculos.
3) Em um trabalho de extração de árvores para uma indústria de celulose, um trabalhador utiliza uma
roçadeira à gasolina para realizar a limpeza da área onde serão cortadas as árvores, e para esta tarefa o
trabalhador gasta duas horas. Na segunda tarefa o trabalhador utiliza uma motosserra, onde as árvores são
primeiramente derrubadas e depois os troncos são despidos das raízes. Uma média de trinta árvores por
dia são cortadas e para cada árvore gasta-se em média dois minutos e a atividade de despir os troncos leva
em média quatro minutos.
O monitoramento foi realizado separadamente para cada atividade e obteve os seguintes resultados:
71
4) Um operador de martelete pneumático está exposto a vibrações de braços e mãos em uma atividade de
realização de furos na rocha para a colocação de explosivos, a qual é considerada habitual e intermitente,
com jornada de 8 horas diárias e exposição de 30 minutos a cada vez que executa a tarefa, com uma
repetição total de quatro vezes ao dia. Foi feita uma avaliação quantitativa durante a sua atividade e os
valores encontrados foram os seguintes:
Vetor x – 1,5 m/s ²
Vetor y- 3,00 m/s ²
Vetor z - 4,95 m/s ²
5) Demonstre como a equação abaixo conseguirá se transformar em vetor soma e aceleração ponderada
para oito horas.
72
6) O relatório abaixo traz as informações sobre um monitoramento de vibração WBV realizado com um
operador de trator. Analise todos os dados e informe qual o Aeqk resultante (soma) e o A(8).
7) O relatório abaixo traz as informações sobre um monitoramento de vibração WBV realizado com um
operador de empilhadeira. Analise todos os dados e informe qual o Aeqk resultante (soma) e o A(8).
73
8) O relatório abaixo traz as informações sobre um monitoramento de vibração HAV realizado com um
operador de lixadeira. Analise todos os dados e informe quais os valores de A(1) à A(8).
74
1.21 – Legislações atualizadas (Anexo I)
O MINISTRO DE ESTADO DO TRABALHO E EMPREGO, no uso das atribuições que lhe conferem
o inciso II do parágrafo único do art. 87 da Constituição Federal, os arts. 155 e 200 da Consolidação
das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943 e o inciso
XXI, alínea "f", do art. 27 da Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003, resolve:
Art. 3º O item 2.3 do Anexo 1 - Vibração - da NR9 – PPRA somente será válido para ferramentas
fabricadas um ano após a publicação deste anexo, sem prejuízo das obrigações já estabelecidas em
outras normas oficiais vigentes.
MANOEL DIAS
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ANEXO I
ANEXO 1 - Vibração
Sumário:
1. Objetivos
2. Disposições Gerais
3. Avaliação Preliminar da Exposição
4. Avaliação Quantitativa da Exposição
5. Medidas Preventivas e Corretivas
6. Parâmetros utilizados na avaliação da exposição (Item suprimido pela Portaria nº 1.471/2014 - DOU
25/09/2014)
1. Objetivos
1.1 Definir critérios para prevenção de doenças e distúrbios decorrentes da exposição ocupacional às
Vibrações em Mãos e Braços - VMB e às Vibrações de Corpo Inteiro - VCI, no âmbito do Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais.
2. Disposições Gerais
2.2 O empregador deve comprovar, no âmbito das ações de manutenção preventiva e corretiva de
veículos, máquinas, equipamentos e ferramentas, a adoção de medidas efetivas que visem o controle e a
redução da exposição a vibrações.
2.3 As ferramentas manuais vibratórias que produzam acelerações superiores a 2,5 m/s2 nas mãos dos
operadores devem informar junto às suas especificações técnicas a vibração emitida pelas mesmas,
indicando as normas de ensaio que foram utilizadas para a medição.
76
3. Avaliação Preliminar da Exposição
3.1 Deve ser realizada avaliação preliminar da exposição às VMB e VCI, no contexto do
reconhecimento e da avaliação dos riscos, considerando-se também os seguintes aspectos:
3.3 Se a avaliação preliminar não for suficiente para permitir a tomada de decisão quanto à necessidade
de implantação de medidas preventivas e corretivas, deve-se proceder à avaliação quantitativa.
4.1 A avaliação quantitativa deve ser representativa da exposição, abrangendo aspectos organizacionais
e ambientais que envolvam o trabalhador no exercício de suas funções.
4.1.1 Os procedimentos de avaliação quantitativa para VCI e VMB, a serem adotados no âmbito deste
anexo, são aqueles estabelecidos nas Normas de Higiene Ocupacional publicadas pela
FUNDACENTRO.
77
4.2 Avaliação quantitativa da exposição dos trabalhadores às VMB
4.2.1 A avaliação da exposição ocupacional à vibração em mãos e braços deve ser feita utilizando-se
sistemas de medição que permitam a obtenção da aceleração resultante de exposição normalizada
(aren), parâmetro representativo da exposição diária do trabalhador.
4.2.2 O nível de ação para a avaliação da exposição ocupacional diária à vibração em mãos e braços
corresponde a um valor de aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 2,5 m/s2.
4.2.3 O limite de exposição ocupacional diária à vibração em mãos e braços corresponde a um valor de
aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 5 m/s2.
4.3.1 A avaliação da exposição ocupacional à vibração de corpo inteiro deve ser feita utilizando-se
sistemas de medição que permitam a determinação da aceleração resultante de exposição normalizada
(aren) e do valor da dose de vibração resultante (VDVR), parâmetros representativos da exposição
diária do trabalhador.
4.3.2 O nível de ação para a avaliação da exposição ocupacional diária à vibração de corpo inteiro
corresponde a um valor da aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 0,5m/s2, ou ao
valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 9,1m/s1,75.
4.3.3 O limite de exposição ocupacional diária à vibração de corpo inteiro corresponde ao: valor da
aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 1,1 m/s2; ou valor da dose de vibração
resultante (VDVR) de 21,0 m/s1,75.
4.3.3.1 Para fins de caracterização da exposição, o empregador deve comprovar a avaliação dos dois
parâmetros acima descritos.
4.3.4 As situações de exposição ocupacional superiores ao nível de ação implicam obrigatória adoção
de medidas de caráter preventivo, sem prejuízo do disposto no item 9.3.5.1 da NR9.
78
4.3.5 As situações de exposição ocupacional superiores ao limite de exposição ocupacional implicam
obrigatória adoção de medidas de caráter corretivo, sem prejuízo do disposto no item 9.3.5.1 da NR9.
5.1.1 As medidas de caráter preventivo descritas neste item não excluem outras medidas que possam
ser consideradas necessárias ou recomendáveis em função das particularidades de cada condição de
trabalho.
5.2 As medidas corretivas devem contemplar, no mínimo, uma das medidas abaixo, obedecida a
hierarquia prevista na NR9:
d) Alternância de atividades ou operações que gerem exposições a níveis mais elevados de vibração
com outras que não apresentem exposições ou impliquem exposições a menores níveis.
5.2.1 As medidas de caráter corretivo mencionadas não excluem outras medidas que possam ser
consideradas necessárias ou recomendáveis em função das particularidades de cada condição de
trabalho.
79
ANEXO II
ANEXO 8 – Vibração
Sumário:
1. Objetivos
2. Caracterização e classificação da insalubridade
1. Objetivos
1.1 Estabelecer critérios para caracterização da condição de trabalho insalubre decorrente da exposição
às Vibrações de Mãos e Braços (VMB) e Vibrações de Corpo Inteiro (VCI).
1.2 Os procedimentos técnicos para a avaliação quantitativa das VCI e VMB são os estabelecidos nas
Normas de Higiene Ocupacional da FUNDACENTRO.
2.1 Caracteriza-se a condição insalubre caso seja superado o limite de exposição ocupacional diária a
VMB correspondente a um valor de aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 5 m/s2.
2.2 Caracteriza-se a condição insalubre caso sejam superados quaisquer dos limites de exposição
ocupacional diária a VCI:
2.2.1 Para fins de caracterização da condição insalubre, o empregador deve comprovar a avaliação dos
dois parâmetros acima descritos.
2.3 As situações de exposição a VMB e VCI superiores aos limites de exposição ocupacional são
caracterizadas como insalubres em grau médio.
2.4 A avaliação quantitativa deve ser representativa da exposição, abrangendo aspectos organizacionais
e ambientais que envolvam o trabalhador no exercício de suas funções.
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2.5 A caracterização da exposição deve ser objeto de laudo técnico que contemple, no mínimo, os
seguintes itens:
g) Descrição das medidas preventivas e corretivas eventualmente existentes e indicação das necessárias,
bem como a comprovação de sua eficácia;
h) Conclusão.
81
1.22 – Definições e Simbologias: ISO 8041/ISO 2041 (ANEXO III)
Componente de Aceleração, onde os eixos de medição são definidos conforme os padrões da ISO.
Componente de uma ponderação de frequência definida pelos filtros de banda de baixa e alta frequência.
Escalas de frequências ponderadas definidas por um componente limitador de banda de uma ponderação
de frequência.
Escala de frequência de interesse definidas para monitoramento das vibrações conforme os padrões ISO.
Aceleração da vibração em RMS e com frequência ponderada para um determinado eixo a w , expresso em
metros por segundo ao quadrado ou em radianos por segundo ao quadrado, sendo definida pela equação:
1
1 T 2 2
aw aw d
T 0
Aceleração da vibração em RMS e com frequência ponderada para um determinado eixo a w , expresso em
decibel (dB)
aw
Lw 20 log
a0
aw Definida em 1.20.5.1;
a0 = Aceleração de referência, tendo como valor 106 ( ISO 1683)
82
1.22.5.4 –Valor Máximo de Vibração Transiente (Maximum transient vibration value – MTVV)
Valor máximo de aceleração de vibração RMS quando o período de integração for igual a 1 segundo.
1.22.5.5 – Valor de Dose para Movimentos de Enjoo (Motion Sickness Dose Value – MSDV)
1
2 2
MSDV aw d
0
1/ 4
4
VDV aw ( )d
0
Período total (diário) no qual uma exposição possa ocorrer;
OBS1: O VDV é um método mais sensível para detecção de picos do que o método RMS.
Valor de vibração combinada nos três eixos ortogonais e que demonstram a aceleração da vibração
translacional, conforme definido na equação:
amr k x2 amx
2
k y2 amy
2
k z2 amz
2
respectivamente, e
kx , ky , k z são fatores multiplicadores.
Módulo máximo dos valores instantâneos de pico (negativo e positivo) da aceleração ponderada em
frequência.
Parâmetro de medição para um determinado período, obtido através do valor de pico de vibração dividido
pelo valor de aceleração RMS, ambos os valores tendo a mesma frequência de ponderação.
83
1.22.5.10 – Escala de Operação Linear (Linear Operation Range)
É a escala que representa entre o menor e o maior valor da “fronteira” na qual a linearidade dos erros
estará dentro das tolerâncias especificadas pelos padrões das normas ISO.
Condição que ocorre quando a “fronteira” superior da escala linear de operação é ultrapassada.
Condição que ocorre quando os valores de vibração estão abaixo da “fronteira” da escala linear de
operação.
Periodicidades especificadas pelos padrões das normas ISO para a realização da checagem da
sensibilidade do instrumento e seus acessórios.
Combinação de transdutores de vibração, processador de sinal e display, podendo ser uma aparelhagem
única ou um conjunto de instrumentos, nos quais são capazes de medir os parâmetros relacionados as
respostas da vibração ocupacional.
84
1.23 - Bibliografia
ISO 2631 -1: Mechanical vibration and shock – Evaluation of human exposure to whole body
vibration, 1997;
ISO 5349 – 2: Mechanical vibration – Measurement and evaluation of human exposure to hand-
transmitted vibration – Practical Guidance for Measurement in Workplace, 2001;
ISO 1683: Acoustics - Preferred reference values for acoustical and vibratory levels, 2008;
ISO 2041: Mechanical Vibration, Shock and Condition Monitoring — Vocabulary, 2009;
Instrução Normativa, n° 45 de 06 de Agosto de 2010, Ministério da Previdência Social, 2010;
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