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Em uma doença hereditária, o defeito genético está presente nos cromossomos de um dos
pais (ou em ambos) e é transmitido para o zigoto. Por outro lado, as alterações genéticas
que causam a maioria dos cânceres originam no DNA das células somáticas durante a
vida da pessoa afetada. Por causa dessas alterações genéticas, as células cancerosas se
proliferam incontrolavelmente, produzindo tumores malignos que invadem os tecidos
saudáveis próximos às células tumorais. Durante o tempo em que o tumor permanece
localizado, a doença pode ser tratada com drogas específicas ou curada por remoção
cirúrgica do tumor. Entretanto, os tumores malignos tendem a se disseminarem, cujo
processo é conhecido por metástase, onde grupos de células cancerosas “escapam” da
massa tumoral e atingem a circulação sangüínea ou linfática, e se espalham para outros
tecidos e órgãos, criando tumores secundários. A remoção cirúrgica desses tumores
metastáticos é extremamente difícil, muitas vezes sem sucesso.
Devido ao seu impacto na saúde e a esperança de que se pode desenvolver meios para a
cura dos cânceres, muitas pesquisas tem sido desenvolvidas ao longo de décadas.
Embora estes estudos tenham resultado em marcante conhecimento das bases celulares
e moleculares do câncer, o impacto dos seus benefícios ainda é pequeno, quer na
prevenção ou no aumento da sobrevida da maioria dos cânceres. Para se ter uma idéia
desse processo, foram realizadas pesquisas sobre os principais casos de cânceres e suas
relações com óbitos, durante todo o ano de 1997 nos Estados Unidos. Por meio desses
dados é possível observar que o tipo mais prevalente de câncer (próstata) é um dos que
menos causa a morte, onde a relação caso/óbito é de 7,73. Os cânceres mais graves cuja
relação caso/óbito é próxima de 1,0 são os que acometem o pâncreas, o cérebro e os
pulmões.
As informações sobre o comportamento das células cancerosas se baseiam em pesquisas
de crescimento celular “in vitro”, usando meios de cultura apropriados. Há grandes
diferenças entre os crescimentos de células normais e células tumorais. As células
normais crescem e se espalham dispostas numa simples camada de células. As células
tumorais crescem desordenadamente em agrupamentos. É, portanto, na disposição do
crescimento celular que se fundamenta a principal diferença entre as células normais e
cancerosas. Por outro lado, a capacidade de crescimento e divisão entre essas células
não é muito diferente. Apesar disso, é importante considerar que ao contrário das células
normais, as células malignas não respondem aos sinais de regulação para cessar o
crescimento e a divisão celular e, assim, se acumulam e transformam-se em tumores.
O FENÓTIPO DE UMA CÉLULA CANCEROSA
CAUSAS DE CÂNCER
A primeira observação de câncer relacionado com agentes ambientais foi feita em 1775
por Percival Pott, um médico inglês, em limpadores de chaminés que apresentavam altas
prevalências de câncer na cavidade nasal e na pele do saco escrotal devido à fuligem.
Posteriormente, com o desenvolvimento científico obteve-se o isolamento químico dos
vários componentes da fuligem, que, ao serem aplicados em animais de laboratórios,
mostraram ser carcinogênicos. Atualmente se sabe que há muitas substâncias químicas
potencialmente carcinogênicas, além de radiações ionizantes e uma variedade de vírus
capazes de estimular o desenvolvimento de câncer. Todos esses componentes tem
propriedades comuns que alteram o genoma.
Os vírus com material genético de ácido ribonucléico ou vírus – RNA têm estruturas
similares ao vírus HIV, e aqueles capazes de causarem câncer estão sempre relacionados
a doenças primárias, conforme mostra a tabela abaixo.
Doença primária do
Câncer relacionado
vírus
Vírus da hepatite B Câncer hepático
Câncer cervical e
Papiloma vírus
Câncer peniano
Vírus Epstein-Barr Linfoma de Burkitt
Vírus Herpético Sarcoma de Kaposi
Leucemia Linfocítica
Retrovírus HTLV-1
T
Os vírus tumorais (DNA ou RNA) podem transformar as células infectadas em células
cancerosas devido à liberação de proteínas virais que interferem nas atividades de
regulação celular relacionadas ao crescimento das células.
A relação entre composto químico e origem de câncer está bem exemplificada pela
aflotoxina B, uma proteína tóxica encontrada em nozes e amendoins, responsável por alta
incidência de câncer hepático em populações asiáticas que consomem este tipo de
alimento. O componente químico da aflatoxina B causa a substituição da base nitrogenada
guanina por timina (G ® T) no códon 249 que faz parte do gene supressor de tumor p53.
Tabela 2 - Genes supressores de tumores GST relacionados como causas de câncer e
síndromes herdadas.
Tumor
GST Síndrome Herdada
Primário
Polipose
APC Colo-retal adenomatosa
familiar
Câncer de mama
BRCA-1 Mama
familiar
Neurofibromatose
NF-1 Neurofibroma
tipo-1
Neurofibromatose
NF-2 Meningiomas
tipo-2
p16
Melanoma Melanoma familiar
(MTS1)
Sarcomas, Síndrome Li-
p53
linfomas, etc Fraumeni
Tabela 3 - Relação entre proto-oncogene, tipo de lesão e tipo de câncer.
Proto- Lesão não
Neoplasia
oncogene proto-oncogene
Leucemia mielóide
Abl Translocação
crônica
bcl-2 Translocação Linfoma de células-B
CYCD-1 Translocação Ca de mama
Myc Translocação Linfoma de Burkitt
Ca de ovário e glândula
gip Mutação de ponto
adrenal
Leucemias agudas, Ca
K-ras Mutação de ponto
de tireóide e melanoma
Ca de pulmão, mama e
myc Amplificação
cervix
L-myc Amplificação Ca de pulmão
N-myc Amplificaçào Neuroblastoma
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Pui CH, Behm FG, Christ WM: Clinical and biologic relevance of immunologia marker
Studies in childhood acute lymphoblastic leukemia. Blood 82:323, 1993.
Karp G: Cell and Molecular Biology, 2nd ed., John Wiley & Sons, Inc. New York, 1999.
Sandenberg A: The chromosomes in human leukemia. Semin Hemat 23: 301, 1996.
Stiene-Martin EA, Steininger CAL, Koepke JÁ: Clinical Hematology, 2nd ed, Lippincott,
New York, 1998.