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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE KANGONJO DE ANGOLA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONOMICAS JURIDICAS

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

DETERMINABILIDADE DE LUCROS CESSANTES


EM RESPONSABILIDADE CIVIL, EMERGENTE
DO ACIDENTE DE VIAÇÃO

3º Ano

Sala nº 07 Docente

Turno: Manhã __________________________

Curso: Direito

Luanda /2021
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE KANGONJO DE ANGOLA
DEPARTAMENTO DE CIENCIAS ECONOMICAS E JURIDICAS

DETERMINABILIDADE DE LUCROS CESSANTES


EM RESPONSABILIDADE CIVIL, EMERGENTE
DO ACIDENTE DE VIAÇÃO

INTEGRANTES DO GRUPO

 Celma da Silva
 Jandira Félix
 Natália Jambela
 Manuela Manuel
 Gercia dos Santos
 Ana E. José

Luanda /2021
AGRADECIMENTO

Agradecemos a todos que, diretamente ou indiretamente, participaram e possibilitaram a


realização e conclusão deste trabalho.

Igualmente, agradecemos as nossas famílias pela compreensão durante a nossa ausência


nesse período de elaboração do referido trabalho. Aos nossos queridos, que sempre
estiveram presentes oferecendo ajuda para o êxito do mesmo trabalho.
RESUMO

Os acidentes de viação são um flagelo nacional, atingindo todos os anos níveis de


sinistralidade elevados, com consequências muitas das vezes trágicas. De facto, são
reiteradas as ações de indemnização interpostas contra as concessionárias de
autoestradas por danos, pessoais ou patrimoniais, sofridos em consequência de
acidentes rodoviários, devido às mais diversas causas. Por responsabilidade civil, cita-se
a obrigação de alguém a ressarcir danos causados a outrem.

Deste modo, para que um veículo possa circular, a responsabilidade civil emergente da
circulação desse veículo, terá de ser, forçosamente, transferida para uma seguradora,
que irá satisfazer o direito de ressarcimento dos lesados com base nos prémios pagos
pelo tomador do seguro. Este contrato de seguro é, portanto, um contrato aleatório e
bilateral, recaindo sobre o tomador do seguro a obrigação de pagamento do prémio,
obrigação esta que é certa, e sobre a seguradora a obrigação de cobertura dos danos
causados a terceiros, enquanto obrigação futura e incerta.
SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
1.1.PROBLEMÁTICA DE ESTUDO .............................................................................. 2
1.2.OBJECTIVOS ............................................................................................................ 2
1.2.1.Objectivos Geral ...................................................................................................... 2
1.2.2.Objectivos Específicos ............................................................................................ 2
1.3.HIPÓTESE ................................................................................................................. 2
1.4.METODOLOGIA ....................................................................................................... 3
1.5.JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 3
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 4
2.NOÇÃO DE ACIDENTE DE VIAÇÃO ....................................................................... 4
2.1.Dano Emergente ......................................................................................................... 5
2.1.1.Responsabilidade Civil Objetiva ............................................................................. 5
2.1.2.Acidente de Viação no Caso do Comitente, Comissário em danos Patrimoniais ... 8
2.2.Responsabilidade civil objetiva por acidentes de viação............................................ 8
2.2.1.Lucros Cessantes ..................................................................................................... 9
2.3.CONCLUSÃO .......................................................................................................... 11
2.4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 12
1. INTRODUÇÃO

Devido ao fluxo crescente dos mais diversos veículos automotores trafegando ruas e
rodovias, com motorista em situações de extremo estresse e desatenção, decorrente da
rotina agitada vivida nos dias atuais, há um grande número de acidentes no trânsito
todos os dias. Acidentes são atos humanos que se tornam atos jurídicos, pois envolvem
pessoas que além de terem seus veículos danificados, também podem ser vítimas de
lesões e até mesmo ir a óbito. E geralmente, para obter do agente causador a
indenização pelo prejuízo sofrido, deve-se procurar pela tutela estatal, através do Poder
Judiciário. A temática da determinabilidade dos lucros cessantes na responsabilidade
civil, relacionada ao acidente de viação, advém da rápida evolução do setor industrial
automotivo, que aumentou significativamente esses automóveis circulando nas ruas. A
responsabilidade civil no campo dos acidentes de viação teve sua importância ampliada,
tendo em vista o crescimento dos setores da indústria automotiva, associada à demanda
urgente por meios de transporte cada vez mais seguros, eficientes e de baixo custo. São
carros de passeio, vans, ônibus, motocicletas, que abarrotam as avenidas das cidades e
circulam em meio a pedestres, motociclistas, sinaleiros, obstáculos.

Não bastasse a quantidade de informações a serem coordenadas pelo motorista ao


conduzir seu veículo num trânsito intenso, este ainda se vale de vias precárias, sem um
planejamento de tráfego viário adequado, o que gera situações jurídicas das mais
variadas e complexas. Por essas razões, o número de acidentes de trânsito, tanto nas
rodovias, quanto nas cidades de médio e grande porte é assustador.

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1.1. PROBLEMÁTICA DE ESTUDO
Mediante ao tema que nos propusemos investigar, levantou-se a seguinte problemática:

 Diante a um acidente de viação no caso do comissário, o comitente por sua vez,


tem obrigações em cobrir os danos?

1.2. OBJECTIVOS
1.2.1. Objectivos Geral

 Debruçar a determinabilidade de lucros cessantes em responsabilidade civil,


emergente do acidente de viação

1.2.2. Objectivos Específicos

Como forma de dar resposta ao problema formulado anteriormente, tendo em conta


o enquadramento teórico e a investigação de campo, definiram-se os seguintes
objectivos específicos:

 Caracterizar os Factores de Risco associados a um acidente.


 Analisar a Sinistralidade a nível Nacional.
 Identificar qual a preparação/formação que é dada por cada entidade
responsável pela formação do condutor.

1.3. HIPÓTESE

 H1: O dono do veículo só é responsável, solidariamente, pelos danos causados


pelo respectivos condutor quando se aleguem e provem factos que tipifiquem
uma relação de comissão, relação que não assenta no simples facto de alguém
conduzir um veículo por “conta de outrem” ou “sob a direcção e interesse de
outrem”, mas antes numa relação de dependência entre o comitente e o
comissário, em que este actue mediante ordens ou instruções daquele.

 H2: sempre que o comissário actuar fora das ordens do comitente e advir da sua
actuação danos a outrem ou ao seu património, este é responsabilizado nos
termos do nº 01 do artigo 503º do Código Civil.
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1.4. METODOLOGIA

 Pesquisa: exploratória;
 Tratamento de resultado: Qualitativo;
 Fonte: Secundárias;

1.5. JUSTIFICATIVA
Na linha do que nos propusemos investigar, constatou-se que em algumas
circunstâncias fica difícil determinar os lucros cessantes em um acidente de viação. Já
que as mais recentes alterações legislativas em matéria de responsabilidade civil
emergente de acidente de viação impõem que se revisitem as principais correntes

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2. NOÇÃO DE ACIDENTE DE VIAÇÃO

O acidente de viação é “a ocorrência na via pública ou que nela tenha originado


envolvendo pelo menos um veículo, do conhecimento das entidades fiscalizadoras e que
resulta vítimas e/ou danos materiais”. Para Monteiro (2009:16), “atribui-se
habitualmente ao acidente uma causa única, por exemplo a velocidade ou álcool. No
entanto o acidente é consequência de uma acumulação de pequenos elementos ou
factores [pavimento escorregadio, pneus gastos]”.

Ainda antes de avançar com a análise de algumas questões específicas que as normas
dos acidentes de viação suscitam, existe um quesito preliminar cujo estudo se impõe: o
de saber em que consiste um acidente de viação. Para tanto, será necessário indagar as
caraterísticas fundamentais que estão na base da verificação de um acidente em sentido
genérico, na medida em que para que uma certa conjuntura corresponda a um acidente
de viação terá de se traduzir, antes de mais, num verdadeiro acidente, pelo que só será
possível proceder a uma classificação de acidente como “de viação” após a
determinação das caraterísticas inerentes a todos os tipos de acidentes específicos.

A qualificação de uma situação como um verdadeiro acidente em sentido genérico


passará, em primeiro lugar, por uma delimitação negativa e, em segundo, por uma
positiva, na medida em que, para esta autora, os critérios positivos do conceito de
acidente, por si só, demonstram-se insuficientes para a respetiva delimitação, devendo
ser complementados por uma abordagem negativa que, vista de forma isolada, também
não vale por si só, pois não se poderá definir uma noção pelo que ela não é. A
abordagem negativa visa permitir o afastamento de certas conjunturas, pelo que neste
sentido encontra-se excluído do conceito de acidente todo o acontecimento que seja
natural, isto é, que se desenvolva ou produza naturalmente, assim como aquele que
advenha de um ato intencional.

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2.1. Dano Emergente

Conforme visto, dano material é o prejuízo patrimonial sofrido pela vítima, que pode ser
de duas naturezas: dano emergente e lucro cessante.

Dano emergencial diz respeito ao que o lesado efetivamente perdeu. Portanto, pode ser
mensurado financeiramente e indenizado. Há autores que defendem ser também
indenizável o dano indireto, que seria aquele decorrente não da conduta, mas do dano
direto. A ideia remete a uma cadeia de prejuízos, em que a vítima sofre um prejuízo
principal (dano direto) e, como consequência deste suporta outro, indireto.

O dano emergente pode ser ainda classificado como dano presente, ou dano futuro.
Parte da doutrina defende que por força do art. 403 do Código Civil, o ordenamento
jurídico pátrio só teria dotado o dano presente. D’outra banda, os defensores da
dicotomia argumentam que a ausência de previsão legal não seria óbice à indenização
de dano futuro, uma vez que só haveria exigência de dano decorrente de “efeito direto e
imediato”, pouco importando o momento em que se produz.

2.1.1. Responsabilidade Civil Objetiva

Como já tivemos a oportunidade de referir supra, a responsabilidade civil objetiva


caracteriza-se por contraposição com a responsabilidade subjetiva, partilhando os
respetivos requisitos com exceção do requisito da culpa (e da ilicitude). Precisamente
porque afirmámos que a culpa é o requisito da responsabilidade civil subjetiva que
permite estabelecer a ligação ou eixo de conexão entre a conduta do sujeito e um juízo
de censurabilidade jurídica dessa mesma conduta, percebemos que é através da culpa
que o sistema da responsabilidade civil subjetiva tem em conta o sujeito em concreto,
ou seja, o seu conhecimento das circunstâncias do facto no momento, as suas
características pessoais e todos os outros elementos que permitem alcançar o critério de
exigibilidade de comportamento. A culpa desempenha assim uma função pedagógico-
educativa que permite afastar o dano como prius metodológico da responsabilidade
civil. De forma totalmente oposta, a responsabilidade objetiva prescinde destas
considerações, afastando-se do arquétipo da responsabilidade dependente deste juízo de
censura e centrando-se na principal função da responsabilidade civil, isto é, a função
reparadora, com especial proteção do lesado.

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Um dos principais vetores da responsabilidade objetiva tem sido a noção de risco
inerente ao desenvolvimento de certas atividades tendencialmente provocadoras de
situações de perigo, de acidentes e, consequentemente, de danos. São bons exemplos do
que acabamos Especificando, um passageiro do sexo feminino sofre uma fratura na anca
na sequência de um acidente rodoviário, sendo previsível que, em caso de gravidez, esta
mesma lesão possa complicar seriamente a mobilidade da lesada e até impedir a
realização de parto normal.

Apesar de podermos afirmar que, em Portugal, a responsabilidade civil objetiva por


acidentes de viação não prescinde da verificação dos restantes requisitos da
responsabilidade civil subjetiva, para além da culpa e da ilicitude (facto humano
voluntário, dano e nexo de causalidade), a verdade é que a própria natureza do sistema
da responsabilidade civil objetiva em geral levanta algumas questões sobre a
consideração da ilicitude da conduta do sujeito. Nomeadamente, até que ponto deverá o
requisito da ilicitude ser afastado em todos os casos de responsabilidade pelo risco.
Estas hipóteses têm merecido especial atenção da Doutrina alemã, cfr. ALMEIDA
COSTA, Mário Júlio de, “Direito (…)”, op. cit., pág. 612. 80 Cfr. ANTUNES VARELA,
“Das Obrigações (…)”, op. cit., pág. 631.

Apesar de a responsabilidade civil objetiva prescindir do requisito da culpa e o


fundamento da inimputabilidade prevista no artigo 488.º, n.º 1 do CC ser o da
impossibilidade de averiguar o preenchimento deste requisito no âmbito da
responsabilidade civil subjetiva, o legislador considerou que mesmo prescindindo do
requisito da culpa, a responsabilidade civil objetiva deveria prever um regime específico
para os inimputáveis, tendo estipulado que estes responderão, igualmente, de acordo
com o previsto no artigo 489.º do CC (503.º, n.º 2 do CC). de referir a utilização de
animais, o recurso a equipamento produtor de radiações ionizantes e a condução
automóvel. Mas, tendo em conta o risco e o perigo criados por estas atividades,
questionamos qual a razão que justifica a persistência dos respetivos detentores e
utilizadores no seu desenvolvimento.

A justificação que procuramos é simples. Estas atividades, apesar do risco que


representam, são lucrativas, vantajosas, proporcionam comodidade, conforto, rapidez,
prazer emocional ou qualquer outro fator que as torna especialmente apelativas para

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quem delas usufrui. Simultaneamente, verificamos que, em grande medida, os riscos
criados por este tipo de atividades não são maioritariamente riscos que se representem
na esfera do sujeito que as desenvolve mas sim riscos que se manifestam na esfera de
terceiros. Recorrendo aos exemplos que utilizámos supra, aquele que utiliza um animal
criando um perigo especial por essa utilização poderá potencialmente produzir danos
em terceiros que com ele se cruzem; aquele que utiliza equipamentos que produzem
radiação ionizantes (v.g. ressonância magnética) poderá potencialmente produzir danos
num paciente que realiza exame médico de diagnóstico e aquele que conduz um
automóvel poderá potencialmente produzir danos aos restantes condutores e utilizadores
da via ou em propriedade alheia.

É deste raciocínio que surge, dentro dos moldes da responsabilidade objetiva, a


responsabilidade pelo risco, que prescindindo da culpa do lesante, o onera com a
responsabilidade de reparar o dano causado pelo facto de esse mesmo dano ter resultado
do exercício por parte do lesante de uma atividade que, sendo para o lesante vantajosa, é
potencialmente geradora de danos para terceiros. Assim, a responsabilidade civil
objetiva baseada na teoria do risco é usualmente descrita pela expressão “ubi commoda,
ibi incommoda”, transmitindo o conceito de que aquele que aproveita as vantagens do
risco deve suportar os encargos com os danos por este provocados.

Na realidade, ainda que essa representação não fosse maioritária, apenas a concretização
do risco em dano na esfera de terceiros seria relevante para a responsabilidade civil na
medida em que os danos que um sujeito provoca na sua própria esfera não lhe são
indemnizáveis (o que não significa que daí não possa resultar a obrigação de indemnizar
terceiros como resulta do artigo 495.º, n.º 1 do CC).

Sobre a aplicação original da teoria do risco no âmbito dos acidentes de viação, vide
ANTUNES VARELA, “Das Obrigações (…)”, op. cit., pp. 631 a 633. Associada à
responsabilidade pelo risco está a ideia de socialização do risco que se traduz na criação
de mecanismos que permitam garantir sempre a reparação do dano provocado no
lesado, ainda que o lesante não tenha capacidade para o fazer, preferivelmente onerando
todos aqueles que participam na criação do mesmo.

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A possibilidade de existir responsabilidade civil independentemente de culpa está
prevista no artigo 483.º, n.º 2 do CC (“[s]ó existe obrigação de indemnizar
independentemente de culpa nos casos especificados na lei”). Da leitura da disposição
legal retiramos a conclusão de que a responsabilidade objetiva está sujeita ao princípio
da tipicidade, ou seja, apenas existe responsabilidade civil objetiva nos casos
expressamente previstos na lei.

Dos casos de responsabilidade civil objetiva previsto no CC86, faremos especial


referência à responsabilidade civil objetiva do comitente (artigo 500.º, n.º 1 do CC) e
por acidentes causados por veículos de circulação terrestre (503.º, n.º 1 do CC), dada a
sua relação direta com o tema em análise.

2.1.2. Acidente de Viação no Caso do Comitente, Comissário em danos


Patrimoniais

Não se tendo provado que o condutor do veículo agia por conta do proprietário e
mediante ordens ou instruções daquele não se pode concluir que o condutor era
comissário e, assim, a presunção de culpa tem necessariamente de se afastar.

Afastada a culpa presumida e não permitindo os factos considerar verificada a culpa


efectiva do condutor do veículo, há que recorrer ao regime da responsabilidade pelo
risco, tal, como fundamento legal do direito à indemnização invocado pelo lesado deste
acidente.

2.2. Responsabilidade civil objetiva por acidentes de viação

a) Artigo 503.º, n.º 1 do CC

O artigo 503.º, n.º 1 do CC prevê a responsabilidade civil objetiva por acidentes


causados por veículos de circulação terrestre, afirmando que “[a]quele que tiver a
direção efetiva de qualquer veículo de circulação terrestre e o utilizar no seu próprio
interesse, ainda que por intermédio de comissário, responde pelos danos provenientes
dos riscos próprios do veículo, mesmo que este não se encontre em circulação”. Assim,
são dois os elementos previstos nesta disposição legal para a determinação ou
identificação do sujeito sobre o qual incide a responsabilidade civil objetiva por danos
causados por veículos de circulação terrestre: i) que o sujeito tenha a direção efetiva do

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veículo, ou seja, que o sujeito, independentemente do domínio jurídico do veículo,
tenha o domínio do veículo e dele usufrua, estando colocado numa situação em que se
apresenta como sendo a pessoa que se encontra na melhor posição para tomar todas as
providências necessárias a evitar que o veículo cause danos90 , e ii) que utilize o
veículo no seu próprio interesse, isto é, que tenha na utilização do veículo um interesse
económico ou puramente moral. São abrangidos pela responsabilidade prevista no
artigo 503.º, n.º 1 do CC o proprietário, o locatário, o comodatário, o autor de furto ou
roubo do veículo e até o sujeito que usa o veículo contra a vontade do seu detentor no
plano jurídico, entre outros, mas já não o comissário ou o proprietário em caso de
existência de comodato, locação , usufruto ou roubo ou furto, ou ainda o instruendo
durante as aulas práticas de condução,

2.2.1. Lucros Cessantes

Um lucro cessante é um lucro que deixou de existir com uma parada repentina de certa
atividade. Este conceito está relacionado com a ocorrência de danos que levam à
interrupção de certa atividade.

Neste caso, considera-se que os danos foram ocasionados por terceiros de forma dolosa.
Essa negligência faz com que a vítima deixe de ganhar ou adquirir os seus rendimentos
nos períodos posteriores.

Se for comprovada a negligência, deve existir uma reparação aos danos causados,
conhecidos como danos emergentes, e os lucros que deixam de existir enquanto os
danos são reparados.

Exemplo
 Um exemplo disso pode ocorrer quando um motorista de táxi ou uber é atingido
por outro veículo, por culpa deste último. A manutenção do veículo e os custos
com hospitalização são danos emergentes, enquanto os rendimentos que o
motorista deixa de ter são os lucros cessantes.

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Ilustrando, os lucros cessantes:

 O valor da reparação aos “taxistas e motoristas de aplicativos” deve refletir, com


o maior grau de exatidão possível, a quantia que deixou de receber no período
que não pode trabalhar [veículo parado para conserto], deduzidas as despesas
ordinárias de combustíveis, óleo e correlatas;

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2.3. CONCLUSÃO

O instituto da responsabilidade civil prevê a reparação daquele que foi vítima de um


prejuízo em decorrência de ato de outrem. Para que esteja configurada a necessidade de
indenizar, faz-se necessário que estejam presentes os seguintes elementos: a) a conduta,
seja comissiva ou omissiva; b) o dano, patrimonial ou extrapatrimonial; c) o nexo causal
entre a conduta e o dano; e apenas para os casos de responsabilidade civil subjetiva, d) a
culpa ou dolo.

Os civilistas costumam classificar os danos materiais em dano emergente e lucro


cessante. O primeiro seria tudo aquilo que se perdeu; o segundo, o que se deixou de
ganhar, dentre essas duas modalidades, alguns doutrinadores costumam citar a perda de
uma chance.

A indenização pela perda de uma chance consiste na necessidade de indenizar a vítima,


não por uma perda patrimonial, ou por ter deixado de auferir um ganho, mas pela perda
de uma oportunidade que poderia trazer uma situação financeira mais favorável. Apesar
da teoria guardar certo grau de incerteza quanto a possível vantagem, a chance deve ser
razoável, séria, com reais chances de ser atingida, não devendo ser indenizada meras
probabilidades.

O maior problema na aplicação da Teoria da Perda de uma chance está na definição do


valor da indenização. Como a chance é algo possível, mas incerto, a indenização não
deve corresponder exatamente ao que se deixou de ganhar. Tampouco deve ficar muito
aquém. Cabe ao julgador, num juízo de ponderação, fixar o valor, observando que
quanto mais provável a chance de êxito, mais próximo do valor do ganho perdido deve
ser arbitrada a indenização.

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2.4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRANTES GERALDES, António e ESPÍRITO SANTO, Luís Filipe,


“Responsabilidade Civil e Contrato de Seguro”, Coletânea de Jurisprudência, 2011.

ALBUQUERQUE MATOS, Filipe Miguel Cruz de, “O Fundo de Garantia Automóvel.


Um organismo com uma vocação eminentemente social”, in Estudos dedicados ao
Professor Doutor Luís Alberto Carvalho Fernandes, Vol. I, Direito e Justiça, 2011,
Universidade Católica Editora.

ALMEIDA COSTA, Mário Júlio de, “Direito das Obrigações”, 12.ª edição, Almedina,
2011.

ANTUNES VARELA, João de Matos e PIRES DE LIMA, António, “Código Civil


Anotado”, vol. I, 4.ª edição revista e atualizada, Coimbra Editora, 2011.

ANTUNES VARELA, João de Matos, “Das Obrigações em Geral”, I, 10.ª edição,


Almedina, 2010.

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