Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
br/paideia
Visando a contextualização dos fenômenos, a co se torne pouco atraente e que seus resultados contri-
família se mostra para a psicologia como um objeto buam de fato para o desenvolvimento científico na área.
de pesquisa precioso nos estudos sobre desenvolvi- Pensar a família então, implica em considerar
mento humano, entendendo a família e a cultura como que o comportamento de cada um de seus membros
contextos essenciais para a compreensão do indiví- é interdependente do comportamento dos outros, as-
duo em sua singularidade. Focalizar a singularidade e sim, o grupo familiar é visto como um conjunto, como
a complexidade da rede relacional familiar permite uma totalidade cuja particularidade de um de seus
vislumbrar a família como um grupo específico em membros não basta para explicar o comportamento
desenvolvimento, inserido em um contexto cultural dos demais, de forma que a análise de uma família
também em desenvolvimento (Dessen & Silva Neto, não é a soma da análise de seus membros individu-
2000). ais. Nesse sentido, a unidade familiar é um sistema
composto por indivíduos que podem também ser con-
O enfoque sistêmico como possibilidade de siderados sistemas por si só e, ao mesmo tempo, uma
abordagem teórica na pesquisa com famílias parte de um sistema, ou seja, um subsistema. Essa
A respeito da transição paradigmática da ciên- unidade familiar também faz parte de um sistema fa-
cia e das implicações dessa na prática científica, miliar maior que se inclui em outros sistemas mais
muitos autores apontam que se trata de uma transi- amplos, como o sistema sociocultural e assim por di-
ção difícil e lenta e ressaltam a dificuldade da incor- ante (Cerveny, 2000).
poração efetiva de um novo paradigma. Nesse sentido, Assim, o pensamento sistêmico sugere que di-
afirmam que a reflexão epistemológica se mostra ante da diversidade de aspectos que envolvem o fe-
muito mais avançada e sofisticada que as práticas nômeno família, é fundamental levar em conta a
científicas, evidenciando, assim, uma fase de transi- complexidade, através da contextualização, social,
ção e insegurança (Cecchin, 1996; Esteves de histórica e cultural. Nesse sentido, a abordagem teó-
Vasconcellos, 2003; Morin, 1996; Sousa Santos, 2006). rica fundamentada na epistemologia sistêmica se
Esta fase de transição pode ser visualizada mostra bastante adequada no desenvolvimento de
no universo acadêmico onde, apesar da forte pre- pesquisas com famílias.
sença da ciência tradicional na prática científica, São várias as teorias sistêmicas que podem
muitos pesquisadores compartilham a respeito da contribuir para o embasamento teórico dos estu-
impossibilidade de, através de um estudo, se captu- dos com famílias, dentre elas: a compreensão do
rar uma realidade objetiva, entendendo que não existe ciclo de vida familiar (Carter & McGoldrick, 2001),
uma realidade “de fato”, mas representações de rea- e a teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano
lidades que são influenciadas por fatores, tais como: (Bronfenbrenner, 1999; Bronfenbrenner & Morris, 1998).
abordagem teórica e metodologia adotadas no estudo Carter e McGoldrick (2001) propuseram uma
e dados da biografia do próprio pesquisador, como: classificação de estágios do ciclo de vida familiar a
vivências; interesses, conhecimento, representações partir da idéia de que a família apresenta um proces-
(Biasoli-Alves, 1998; Cecconello & Koller, 2004; so central a ser negociado com relação à expansão,
Dessen & Murta, 1997; Dessen & Silva Neto, 2000; contração e realinhamento do sistema de relaciona-
Esteves de Vasconcellos, 2003; Flick, 2004). mentos, para suportar a entrada, saída e o desenvol-
A epistemologia do pensamento sistêmico ofe- vimento de seus membros da família. Segundo essas
rece pressupostos ao pesquisador que possibilitam o autoras, os estágios do ciclo de vida familiar são: (1)
estudo de fenômenos considerando a complexidade estágio em que os jovens solteiros saem de casa; (2)
dos mesmos e a intersubjetividade implicada no estu- a união de famílias no casamento: o novo casal; (3)
do. Contudo, os pesquisadores ainda encontram difi- famílias com filhos pequenos; (4) famílias com ado-
culdades referentes aos métodos de coleta de dados lescentes; (5) “lançando os filhos e seguindo em fren-
e principalmente, como relacionar as diferentes vari- te” e (6) famílias no estágio tardio da vida. As autoras
áveis a serem estudadas, sem que o relatório científi- fazem sugestões a respeito do processo de mudança
Böing, E., Crepaldi, M. A. & Moré, C. L. O. O. (2008). Planejando pesquisa com famílias 255
necessário, em cada estágio e nos momentos de tran- ram os processos proximais. No mesossistema ocor-
sições, que podem ser entendidas como “tarefas” a rem inter-relações de microsistemas (família-esco-
serem desempenhadas pela família como um todo e la). O exossistema diz respeito às inter-relações do(s)
por seus membros individualmente. microsistema(s) da criança com outro microsistema
Independente da temática a ser estudada é do qual ela não participa, mas sofre influência (esco-
muito importante que seja feita uma caracterização la-comunidade; família-local de trabalho dos pais). E
das famílias participantes incluindo o momento do ci- o macrossistema que se refere aos modelos
clo vital em que elas se encontram, isso porque, em institucionais de cultura (economia; leis; políticas pú-
função destes estágios, as famílias diferem muito en- blicas; religião; costumes) que estabelecem padrões
no micro, meso e exossistema.
tre si. E ainda, deve-se fazer uma adequação dos
participantes, em função do estágio do ciclo vital, aos O quarto elemento da teoria, o tempo, chama-
objetivos do estudo. do de “cronossistema” abrange as mudanças relaci-
onadas ao tempo no indivíduo e no ambiente em que
Historicamente, a implementação de pesqui-
vive. São as mudanças no ciclo de vida individual e
sas empíricas buscando a compreensão do indivíduo
familiar. É dividido em: microtempo (continuida-
no contexto “família” ocorreu basicamente após a
des/descontinuidades dentro dos episódios de pro-
publicação dos trabalhos de Urie Bronfrenbrenner,
cesso proximal); mesotempo (periodicidade dos
na década de 1970 (Dessen & Silva Neto, 2000). Este
episódios de processo proximal) e macrotempo
autor desenvolveu a Teoria Bioecológica do Desen-
(transgeracionalidade e mudanças na sociedade).
volvimento Humano, segundo esta teoria, o desen-
A teoria Bioecológica requer que um delinea-
volvimento humano se dá através de processos
mento de pesquisa inclua os seus quatro componen-
progressivamente mais complexos de interações re-
tes, demonstrando a interdependência deles. De
cíprocas e ativas, desenvolvendo o organismo huma-
acordo com Bronfenbrenner, a análise da influência
no biopsicológico e as pessoas, objetos e símbolos no
destes aspectos sobre o desenvolvimento humano só
meio imediato. Desta forma, o desenvolvimento é
é possível quando se emprega um modelo teórico-
compreendido como um fenômeno complexo que se
metodológico que permite sua observação (Cecconello
dá através da interação de quatro núcleos principais:
& Koller, 2004).
os processos proximais (interações que promovem
Esta breve apresentação da teoria Bioecológica
desenvolvimento); as características pessoais; o con-
permite visualizar sob a perspectiva da complexida-
texto e o tempo, denominado “Modelo PPCT”
de, a compreensão do desenvolvimento humano como
(Bronfenbrenner, 1999; Bronfenbrenner & Morris,
um processo que ocorre ao longo de toda a vida. Esta
1998).
teoria oferece ao pesquisador uma visão ampla das
Os processos proximais dizem respeito às situações, das pessoas e suas inter-relações nos di-
interações recíprocas e ativas com base regular e versos contextos, sendo, portanto, um referencial te-
períodos prolongados no ambiente imediato. Estas órico aconselhável quando se pretende uma
interações promovem o desenvolvimento de am- compreensão da complexidade do fenômeno família,
bos os participantes e podem produzir efeitos po- considerando todos os contextos com os quais ela se
sitivos ou negativos no processo de desenvolvimento relaciona.
(Bronfenbrenner, 1999). Através de revisões críticas de um conjunto
A pessoa, na teoria Bioecológica, é entendida de pesquisas, Bronfenbrenner (1986) afirma que a
como produtora e produto do desenvolvimento, que maior parte dos estudos concentrou-se nos proces-
apresenta características atuantes. O terceiro elemen- sos intrafamiliares de interações diádicas ou triádicas
to da teoria, o contexto, é analisado em quatro níveis. (pai/mãe-filho) e propõe a ampliação do foco através
O microssistema, onde a criança vive e interage face- de investigações de como os processos intrafamiliares
a-face seu meio imediato (família-escola), onde ope- são afetados pelas condições extrafamiliares.
256 Paidéia, 2008, 18(40), 251-266
A perspectiva sistêmica nos estudos com fa- afetiva em situação de doença crônica degenerativa
mílias trouxe implicações da ampliação do foco, mas na família; papel da mulher no contexto familiar; prá-
também de uma mudança de postura e visão das fa- ticas educativas, estilos parentais e abuso físico no
mílias. Muda-se da “visão negativa”, na qual o mun- contexto familiar; representação de jovens sobre os
do familiar tem como figura principal os desajustes, avós; resiliência individual e familiar.
conflitos, déficits e fracassos (considerando as pes- A revista Psicologia: Teoria e Pesquisa
soas nos seus aspectos mais redutores e ainda, mui- (2000) publicou a seção especial “Questões de famí-
tas vezes, culpabilizando os membros da família a lia e desenvolvimento” em três números (Silva Neto,
partir de uma lógica de causalidade linear) para 2000a; Silva Neto, 2000b; Silva Neto, 2000c), em que
focar, pesquisar, compreender e fortalecer, os re- podem ser encontradas pesquisas e artigos teóricos
cursos e o sucesso do grupo familiar, através do que abordam as seguintes temáticas: envolvimento
estudo de percepções de elementos das experiên- parental; a criança e a família; relação pais e filhos;
cias de vida, aspectos biológicos, de interações papéis sociais e envelhecimento sob perspectiva do
pessoais com o contexto, compreendidos na ótica curso de vida; inter-relação entre os subsistemas con-
sistêmica (contextualizada e intersubjetiva). jugal e parental; sensibilidade materna; separação
Dessen e Silva Neto (2000) afirmam que as conjugal; envolvimento do pai no cuidado de bebês;
questões sobre família vêm sendo apontadas como rede social de apoio nas transições familiares; papel
uma das tendências futuras nas pesquisas em psico- da mulher brasileira no século XX no contexto familiar.
logia. Citam o exemplo da revista American Em termos da produção de grupos de pesquisa
Psychologist, que dedicou, em janeiro de 2001, a sua dedicados à temática da família encontramos o Nú-
seção de “Perspectivas Internacionais” às questões cleo de Família e Comunidade do Programa de Estu-
de família. As autoras ressaltam ainda a necessidade dos Pós-Graduados em Psicologia Clínica da Pontifícia
de pesquisas na área de família, sob a perspectiva do Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), cujo
desenvolvimento humano, que consiste em estudar objeto de pesquisa é a família na realidade brasileira.
as fases de desenvolvimento humano considerando o Este grupo lançou em 2004 a coleção “Família e...”,
que acontece na família enquanto grupo. para divulgação dos estudos de docentes e discentes
Esta tendência pode ser visualizada nas uni- pertencentes ao Núcleo. O primeiro volume da cole-
versidades brasileiras, com os núcleos de pesquisa ção (Cerveny, 2004) aborda as seguintes questões:
que se dedicam aos estudos de famílias, e também família e comunicação; família e divórcio; família e
em livros e periódicos científicos que dedicaram vo- doença; família e bioética; família e drogadição; fa-
lumes e seções exclusivos a publicações de pesqui- mília e resiliência; família e religião; família e mudan-
sas e artigos teóricos sobre famílias. ça; família e deficiência; família e lei. O segundo
Zamberlan e Biasoli-Alves, em 1997, publica- volume, (Cerveny, 2006) aponta as seguintes
ram o livro Interações familiares: Teoria, pesquisa temáticas: narrativas; gênero; parentalidade; irmãos;
e subsídios à intervenção, que reúne diversas pes- filhos nos divórcios; genealogia; história; estrutura;
quisas com famílias brasileiras e apresenta também violência; intervenções sistêmicas com famílias e re-
sugestões de como investigar e intervir socialmente des sociais. No ano de 2007, foi lançada outra cole-
nesses contextos. As pesquisas apresentadas nesta ção organizada pela mesma autora, denominada
obra abordam, sobretudo, a temática dos fatores de “Família em movimento” (Cerveny, 2007) que foca
risco em famílias de baixa renda e programas pre- as transformações das famílias (da família tradicio-
ventivos e promotores do desenvolvimento familiar. nal à família moderna) e questões familiares ligadas
A revista Psicologia em Estudo (Boarini, 2003) à reprodução assistida; migração; meia-idade femini-
publicou em número especial apenas artigos sobre na, dentre outras.
famílias abordando diversas temáticas: casamento e Por sua vez, outro grupo de pesquisa do Labo-
família no século XXI; arranjos familiares de crian- ratório de Psicologia da Saúde, Família e Comunida-
ças em camadas populares; rede de apoio social e de (LABSFAC) do Departamento de Psicologia da
Böing, E., Crepaldi, M. A. & Moré, C. L. O. O. (2008). Planejando pesquisa com famílias 257
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) tam- O crescimento do número de pesquisas antro-
bém reúne diversas pesquisas com famílias abordan- pológicas, nas últimas décadas do século XX, mos-
do temas tais como: dependência química e trou que existe uma enorme diversidade de dinâmicas
funcionamento familiar (Orth, 2005; Orth & Moré, familiares, de forma que os pesquisadores corrobo-
2007); comunicação entre profissionais de saúde e ram a idéia de que não existe um padrão universal de
família (Marcon, 2003; Queiroz, Böing, Crepaldi, & “evolução familiar” (Cerveny, 2000; Coelho, 2005;
Wendt, 2005); doenças crônicas e hospitalização de Fonseca, 2004; Zamberlan & Biasoli-Alves, 1997).
crianças (Crepaldi, 1998a, 1998b, 1999; Crepaldi & Biasoli-Alves (1999, 2000) aponta evidências
Hackbarth, 2002; Crepaldi & Varella, 2000; Gabarra, de um forte impacto do intenso desenvolvimento
2005; Nieweglowski, 2004; Nieweglowski & Moré, tecnológico do século XX sobre a família, acarretan-
2008); comunicação em famílias com crianças e ado- do mudanças estruturais, funcionais e de relaciona-
lescentes com doenças crônicas (Rabuske, 2004); mento. Decréscimo na convivência da família nuclear
atendimento psicológico a pacientes internados e seus com a família extensa, sugerindo um distanciamento
familiares na fase de suspeita de diagnóstico de cân- gradativo dos jovens casais, de suas famílias de ori-
cer e/ou aids (Lima, 2003); doença crônica em ido- gem, em busca de melhores oportunidades de traba-
sos e cuidadores familiares (Schneider, 2005); lho e a conseqüente necessidade de adaptação e
dinâmica relacional de casais em estágio tardio estabelecimento de relações com as vizinhanças e
(Cardoso, 2006); luto e morte na família (Crepaldi & recursos da comunidade. Mudanças com relação ao
Lisboa, 2003; Lisboa, 2002); paternidade (Andreani, papel feminino, a perda do prestígio social da função
2006; Crepaldi, Andreani, Ristoff, Hammes, & Abreu,
de cuidar da casa e criar os filhos e a crescente in-
2006; Motta & Crepaldi, 2005); rede de apoio familiar
serção da mulher no mercado de trabalho; a redução
(Andreani, Custódio, & Crepaldi, 2006; Moré, 2005);
do índice de natalidade com o advento de métodos
adoção (Böing & Crepaldi, 2004; Frassão, 2000); o
anticoncepcionais mais efetivos; aumento do número
comportamento de cuidar em famílias em risco
de famílias chefiadas por mulheres. O aumento do
psicossocial (Abreu, 2003); famílias com pessoas
nível de escolaridade da população vem acompanha-
acometidas por transtorno mental (Pace, 2005); fato-
do pela escolarização precoce das crianças, passan-
res de risco e proteção para o desenvolvimento da
do a escola a preencher as necessidades das crianças
criança na transição para a parentalidade (Wendt,
de uma família em que os valores estão mudando.
2006); família e escolarização (Andrada, 2007); saú-
de e desenvolvimento infantil (Molinari, Silva, & São tantas as variáveis ambientais, sociais,
Crepaldi, 2005); atendimento psicológico a famílias econômicas, culturais, históricas, políticas ou religio-
na clínica e na comunidade (Crepaldi & Moré, 2004); sas que determinam as diferentes composições fami-
a criança na terapia familiar (Crepaldi, 2001); violên- liares que se mostra impossível a composição de uma
cia intrafamiliar (Barcelos, 2005); relações familia- definição completa e integradora do que seja família
res e desnutrição (Pedro, 2007); impacto da migração hoje no Brasil. Possíveis definições podem abarcar
no ciclo de vida da família (Moré & Queiroz, 2007). as dimensões de estrutura familiar (sua composição),
as relações estabelecidas entre seus membros e/ou
A definição do conceito de família as funções atribuídas às famílias.
No desenvolvimento de qualquer pesquisa ci- Fonseca (2005) ressalta ainda as variações de
entífica faz-se necessária a elaboração e adoção de concepção de família conforme a categoria social.
conceitos e definições do objeto de estudo, assim, a Em camadas médias, a noção de família é mais res-
pesquisa com famílias não pode prescindir desta ta- trita ao núcleo pais e filhos; nas camadas populares,
refa. Contudo, entendida como fenômeno complexo por sua vez, amplia-se para a rede extensa de paren-
e dinâmico, a família assume diferentes configura- tes. Nesse sentido, ao investigar grupos populares,
ções, sejam estruturais ou relacionais, que dificultam torna-se fundamental verificar como as atividades do
a elaboração de um conceito único que contemple as dia-a-dia envolvem uma rede que se estende no espaço
diferentes realidades das famílias. para outras casas e até mesmo para outros bairros.
258 Paidéia, 2008, 18(40), 251-266
Traçando as linhas de ajuda mútua, pode-se melhor refletir processo pessoal de desenvolvimento influenciado
sobre o que é, nessa instância, a “família” pertinente. pelas interações que estabelece com os participantes
Para cada estudo, deve-se adotar, ressignificar da pesquisa. O pesquisador deve estar disposto a se
e/ou construir um conceito que seja operativo e que integrar no contexto, se relacionando de maneira com-
contemple as características das realidades das famíli- prometida, ética e mais próxima possível dos partici-
as pesquisadas, e principalmente, que seja compatível pantes (Cecconello & Koller, 2003, 2004).
ao referencial teórico adotado. Entendidas como fenô- Os objetivos da pesquisa devem ser claros para
meno complexo, com funções multidimensionais, com- que os dados coletados sejam filtrados e eleitos a fim
plexas e variadas, as famílias devem ser estudadas a de responderem a estes. São os objetivos do estudo
partir de uma perspectiva cultural, histórica e que dirigem a investigação, focando um fenômeno e
intergeracional. Além disso, é imprescindível que a um sistema específico. Contudo, para que um estudo
abordagem teórica e as metodologias adotadas pelo adquira validade ecológica, deve considerar a influ-
pesquisador sejam amplas para abarcar a complexi- ência das características das pessoas entrevistadas,
dade da temática, e os instrumentos apropriados e do contexto no qual estão inseridas, do tempo em
sensíveis o suficiente para responder às questões em que estão vivendo e dos processos proximais ocor-
estudo. Sem contar com os atributos que compõem a ridos entre elas e, entre elas e o pesquisador. Assim,
definição de família, e que se tornam construtos im- entende-se que um estudo tem “validade ecológica”
portantes a serem definidos tais como: dinâmica, es- quando, em seu planejamento, estiverem contempla-
trutura, configuração, funcionamento, coesão, das, o máximo possível, investigações direcionadas a
diferenciação, harmonia, liderança, dentre outros, que todos os quatro elementos da teoria Bioecológica
devem ser conceituados antes de avaliados na pes- (Cecconello & Koller, 2003, 2004).
quisa, tendo em vista que dependendo da fundamen- Pesquisa participante e pesquisa-ação
tação teórico-epistemológica desta, adotar-se-á uma
ou outra definição. A pesquisa participante consiste na participa-
ção de pesquisadores/observadores no cotidiano da
Pesquisando famílias: métodos e instrumentos família. A diferença deste método em comparação à
Os estudos com famílias podem assumir deli- inserção ecológica está no pano de fundo teórico de
neamentos diversos, que serão aqui apontados, incluir ambos. Na pesquisa participante, o pesquisador/ob-
servador, embora inserido no contexto, não tem o
métodos considerados úteis nas pesquisas com famí-
compromisso de estabelecer uma interação próxima
lias (propostas que trabalham com a inserção de pes-
com os sujeitos (não estabelece processos proximais)
quisadores no campo de investigação), assim como,
nem o compromisso de permanecer atento aos as-
instrumentos e técnicas de coleta de dados e diferen-
pectos das pessoas, suas interações, do tempo e do
tes formas de análise, sem a pretensão de abarcá-los
contexto, que são exigências do método da inserção
integralmente.
ecológica, em função da teoria em que está funda-
Inserção ecológica mentado.
A pesquisa-ação vai além da simples inserção/
Cecconello e Koller (2003, 2004) referem
participação do pesquisador no contexto. Este méto-
a “Inserção Ecológica”, como proposta metodológica
do agrega diversas técnicas de pesquisa social, com
para pesquisas com famílias em ambiente natural, as quais se estabelece uma estrutura coletiva,
com base na Teoria Bioecológica do Desenvolvimento participativa e ativa no nível da captação da informa-
Humano através de um delineamento de pesquisa e ção, requer, portanto, a participação das pessoas en-
análise a partir de seus quatro elementos-chave volvidas no problema investigado. Para isso, deve-se
(PPCT). levar em consideração como os participantes questi-
Neste método o pesquisador deve fazer parte onam a situação, como a compreendem e o que que-
do contexto. Entende-se que este tem seu próprio rem mudar, despertando neles o desejo da mudança
Böing, E., Crepaldi, M. A. & Moré, C. L. O. O. (2008). Planejando pesquisa com famílias 259
e permitindo uma elaboração conjunta dos meios de Na mesma linha do ecomapa, está o mapa de
sua realização (Prati, De Paula Couto, Moura, Poletto, redes, proposto por Sluzki (1997), sendo também uti-
& Koller, 2008). lizado como instrumento de pesquisa, na linha da fa-
Instrumentos e técnicas de coleta de dados mília e suas redes significativas. Estes instrumentos,
que na prática clínica com famílias cumprem função
Os métodos de pesquisa em geral trazem con- diagnóstica e terapêutica, podem se tornar valiosos
sigo diferentes instrumentos e técnicas de coleta de instrumentos de coleta de dados nos estudos com fa-
dados que podem ser utilizados nos estudos com fa- mílias. Contudo, sua aplicação enquanto instrumento
mílias. Além destes, serão apresentados alguns ins- de pesquisa deve assumir caráter e função diferen-
trumentos e técnicas que não estão diretamente tes da clínica, o que requer muita precaução e habili-
vinculadas a uma metodologia específica, mas que se dade do pesquisador.
mostram bastante úteis. São instrumentos que pro- O genograma, em especial, ao ser construído
vêm da prática clínica de trabalho com famílias: o com as famílias, deflagra descobertas que podem ser
genograma familiar, linha de tempo familiar (LTF); agradáveis e instigantes, mas também, revelações e
ecomapa e mapa de redes.
acontecimentos de grande impacto emocional
O genograma, ou genetograma é uma repre- (Cerveny, 2000; Wendt & Crepaldi, 2008). Os auto-
sentação gráfica multigeracional da família que pres- res que tratam do genograma não se preocuparam
supõe, na sua elaboração, três níveis: o traçado da em descrever as condições em que este deve ser fei-
estrutura familiar (demografia); o registro informati- to, por se tratar de um instrumento utilizado original-
vo da família (dados da sua história); e a representa- mente no setting clínico, que por si só é continente de
ção das relações e funcionamento familiares. Desta efeitos de mobilização emocional. Para o uso em pes-
forma, o genograma se mostra um instrumento de quisas, este instrumento deve ser adaptado, sobretu-
pesquisa que se destaca por sua praticidade e organi-
do a entrevista que dá origem ao genograma, que é
zação na apresentação dos dados (Castoldi, Lopes,
uma entrevista aberta e bastante peculiar.
& Prati, 2006; McGoldrick & Gerson, 2001; Wendt,
2006). Para que o efeito mobilizador seja controlado
e minimizado, alguns pesquisadores utilizam o
Cerveny (2000) propõe o uso da Linha do Tem-
genograma apenas em seu primeiro nível, com o ob-
po Familiar junto com o genograma, trata-se de uma
jetivo de obter informações demográficas e da estru-
linha horizontal em que são registradas as datas e
fatos mais importantes da família, permitindo assim, tura familiar. Para os estudos em que o foco são as
a obtenção de um número maior de informações e relações familiares e que utilizam o instrumento por
uma disposição mais clara das mesmas. inteiro, são realizadas entrevistas para a confecção
do genograma, de forma a padronizar a aplicação
O ecomapa é um instrumento em forma de di-
deste instrumento com todas as famílias participan-
agrama que descreve as relações entre a família e a
tes e garantir uma investigação de cunho informati-
comunidade permitindo a visualização e avaliação das
vo, controlando, de certa forma, o envolvimento e
redes de apoio que a família dispõe, tanto afetivas
como as sociais, que são os recursos da comunidade impacto emocional da família (Orht, 2005; Pedro,
e rede institucional de apoio, ou seja, serviços gover- 2007; Wendt, 2006). Para o desenvolvimento desta
namentais ou não governamentais disponíveis na entrevista, Wendt (2006) apresenta uma adaptação
comunidade. Nesta representação gráfica tem-se o das intervenções a partir do sistema de categorias
genograma da família no centro envolto por um cír- desenvolvido por Crepaldi (1989) sobre o significado
culo, ao redor deste são distribuídas as pessoas ou da comunicação: categorias de incentivo à comuni-
instituições que compõem a rede, estes, por sua vez, cação; categorias de destaque e clarificação de con-
são ligados, por uma linha, a toda a família ou a mem- teúdos e categoria de apoio.
bros em particular, de acordo com a utilização dos re- Mesmo com tais cuidados e precauções, é pos-
cursos disponíveis (Rocha, Nascimento, & Lima, 2002). sível que o uso do genograma produza algum nível de
260 Paidéia, 2008, 18(40), 251-266
mobilização emocional na família, de forma que o dos fenômenos estudados, bem como captar diferen-
pesquisador, por questões éticas, deve ser um profis- tes significados de experiências vividas, falas e com-
sional habilitado ao manejo deste instrumento e a ofe- portamentos interligados ao contexto. Esta apreensão
recer apoio aos participantes, em qualquer momento se mostra delimitada pela abordagem teórica do pesqui-
do processo de pesquisa. sador, através de uma sistematização baseada na qua-
Outro instrumento valioso em termos de cole- lidade, sem a pretensão de atingir a representatividade
ta de dados que acompanha à incursão ecológica em (Biasoli-Alves, 1998; Flick, 2004).
campo é o diário de campo. No mesmo, o pesquisa- Embora a abordagem qualitativa permita maior
dor faz eminentemente, descrições do campo de pes- flexibilidade, deve ser salientado o rigor implícito que
quisa, paralelas à utilização de outro instrumento. coloca este método como o mais complexo e exigen-
Essas descrições se ancoram, por um lado, nos obje- te quanto à elaboração e cuidados do pesquisador,
tivos propostos no planejamento inicial da pesquisa, por não negar a subjetividade, mas trabalhar cuida-
assim como nos aspectos de intercorrências, deriva- dosamente com ela, contextualizando os fenômenos.
das do reconhecimento da imprevisibilidade do cam- Assim, o ato de pesquisar torna-se uma ação
po da pesquisa. Por outro lado, no diário de campo intersubjetiva no sentido de que o pesquisador é seu
são realizadas descrições sistemáticas das impres- próprio instrumento, seu próprio termômetro e uti-
sões do pesquisador, seja a respeito do campo, como liza sua mobilização para pesquisar. Com relação
do processo da pesquisa. Os dados do diário de cam- a esta intersubjetividade, Flick (2004) fala da
po se constituem em “dados integradores” relevan- reflexibilidade do pesquisador e da pesquisa, con-
tes para a análise dos outros instrumentos utilizados, siderando a comunicação do pesquisador com o
pois auxiliam tanto na compreensão, como na melhor campo e seus membros como parte explícita da pro-
contextualização da análise do campo de pesquisa. dução de conhecimento que são documentados em
diários de pesquisa ou em protocolos de contexto.
Análise dos dados Assim, considerando o ato de pesquisar como
Os dados coletados podem ser analisados se- uma ação intersubjetiva, a dita “neutralidade” do pes-
gundo uma abordagem quantitativa e/ou qualitativa. quisador, antes associada ao pressuposto da objetivi-
A análise quantitativa pode ser de duas formas: quan- dade, da ciência tradicional, passa a ser relacionada
titativa-descritiva e quantitativa-interpretativa, descri- à capacidade de o pesquisador promover a partici-
pação de todas as pessoas envolvidas com o fenô-
tas por Biasoli-Alves (1998).
meno estudado, dando voz às diferentes partes (Moré,
Há uma tendência de quantificação no estudo 2000; Moré & Macedo, 2006). Nesse sentido, no es-
com famílias através do uso de escalas para avaliar o tudo com famílias ressalta-se a necessidade da inclu-
funcionamento familiar. Dentre estas a FACES IV, são de diversos informantes, pois uma das grandes
tem sido muito utilizada em estudos internacionais dificuldades na avaliação das pesquisas com famílias
(Olson, Gorall, & Tiesel, 2007) e é a mais recente é a coleta de dados de um único membro, com exten-
versão para avaliar a coesão, flexibilidade e comuni- são dos resultados para a família como um todo. Esta
cação familiar. Tais escalas utilizam-se de análises perspectiva individual tomada como familiar, prejudi-
estatísticas diversificadas, são em grande número e ca a validade do estudo e a aplicabilidade dos resulta-
merecem um estudo à parte. dos de pesquisa.
Flick (2004) ressalta como um dos objetivos Cabe ressaltar ainda que, embora o método
da pesquisa qualitativa a demonstração da variedade quantitativo esteja ligado ao diretamente observável
das perspectivas dos participantes sobre o objeto, e mensurável e o qualitativo a um nível de inferência
partindo dos significados subjetivos e sociais a ele do pesquisador, tais métodos não se opõem, mas se
relacionados. Assim, a abordagem qualitativa mos- complementam na medida em que representam re-
tra-se bastante adequada aos estudos com família, cortes diferentes de expressão da realidade. Esta
pois permite apreensão do caráter multidimensional combinação pode ser de grande valor em uma pesqui-
Böing, E., Crepaldi, M. A. & Moré, C. L. O. O. (2008). Planejando pesquisa com famílias 261
sa, compondo a chamada “triangulação metodológica”, dinâmica familiar. Cabe ressaltar, entretanto, as difi-
que é a complementaridade das análises quantitati- culdades práticas de desenvolvimento de estudos
vas e qualitativas e dos dados observacionais e de longitudinais frente a grande mobilidade das famílias,
entrevista (Biasoli-Alves, s.d). que não permanecem por muito tempo residindo em um
mesmo local, sobretudo em classes menos favorecidas,
Considerações finais dificultando o acompanhamento das mesmas, e tam-
Neste artigo, a utilização de uma abordagem bém pela dificuldade de manutenção, a longo prazo,
teórica fundamentada na epistemologia sistêmica é de apoio financeiro a um projeto de pesquisa.
apontada como adequada ao desenvolvimento de pes- Estudar as famílias através da perspectiva
quisas com famílias. Isso não significa que seja a úni- sistêmica implica em uma atitude de contextualização
ca possível, o que se pretende ressaltar é que a das famílias estudadas e o reconhecimento da causa-
perspectiva sistêmica – através dos pressupostos lidade recursiva; entender a família em um processo
epistemológicos da complexidade, instabilidade e dinâmico; e reconhecer que não há uma “realidade”
intersubjetividade – permite ampliar a investigação e das famílias a ser descoberta, mas que a produção de
discussão acerca desta temática. conhecimento, como aponta Esteves de Vasconcellos
Com relação aos métodos utilizados nas pes- (2003), é uma construção social em espaços
quisas com famílias, como nos demais estudos cientí- consensuais, por diferentes sujeitos/observadores,
ficos, é imprescindível que se tenha em mente que admitindo assim, múltiplas versões da realidade, em
não existe uma estratégia de coleta ou de análise de diferentes domínios lingüísticos de explicações.
dados que seja “boa”, perfeita ou suficiente em si Embora se proponha, para as pesquisas com
mesma, essas qualidades dependem de sua adequa- famílias, a adoção da epistemologia sistêmica, dife-
ção ao problema de pesquisa e, sobretudo, da serie- rente da ciência tradicional, isso não significa, em
dade, rigor e competência da atuação do pesquisador absoluto, o abandono de métodos tradicionais, mas a
(Romanelli & Biasoli-Alves, 1998). necessidade do uso adequado e combinado de diferen-
tes abordagens e estratégias metodológicas, entenden-
Os instrumentos, conforme proposto por
do que os conhecimentos científicos representam
Bronfenbrenner (1999), devem ser capazes de cap-
recortes possíveis e necessários frente à complexi-
turar os segmentos da “realidade” em diferentes ní-
dade do fenômeno “famílias”.
veis. Estudar as interações e relações desenvolvidas
entre os diferentes subsistemas familiares; os con- Os estudos científicos com famílias têm, na atu-
alidade, grande relevância para a ciência, não apenas
textos histórico, social e econômico no qual as famíli-
psicológica, mas para diversos campos de conheci-
as estão inseridas e as famílias em diferentes contextos
mento. As famílias se constituem, portanto, um cam-
culturais.
po de estudo heterogêneo, dele se ocupando diferentes
Assim, para estudar famílias, os pesquisado- disciplinas, diferentes visões complementares cuja
res devem estar dispostos a se integrar no contexto, integração permite a análise de sua complexidade.
se relacionando da maneira mais comprometida, éti-
Além disso, as pesquisas científicas com famí-
ca e próxima possível dos participantes (Cecconello
lias assumem um importante papel social, uma vez
& Koller, 2004). Sobretudo quando o foco da investi-
que diversos setores públicos e privados têm seus tra-
gação for as relações familiares, há um grande risco balhos direcionados às famílias, dentre eles: saúde (as
de mobilizar emocionalmente a família e, portanto, o políticas públicas de saúde têm como foco a família
pesquisador deve ser um profissional capacitado para através da Estratégia de Saúde da Família), educa-
lidar com essas situações e deve estar disponível a ção, direito e social. A relevância social que se pre-
responder questões e fornecer apoio à família. tende destacar, corroborada pelas afirmações de
Dessen e Silva Neto (2000) afirmam que plane- Coelho (2005), reside, sobretudo, no fato de que os
jamentos longitudinais e abordagens multimetodológicas estudos científicos possibilitam a problematização te-
são mais adequados para capturar a complexidade da órica de vários aspectos e situações, permitindo o
262 Paidéia, 2008, 18(40), 251-266
Flick, U. (2004). Uma introdução à pesquisa qua- Marcon, C. (2003). A consulta pediátrica e os as-
litativa. Porto Alegre: Bookman. pectos comunicacionais entre o médico residen-
te, a criança e sua família. Dissertação de
Fonseca, C. (2004). Olhares antropológicos sobre a mestrado não-publicada, Universidade Federal de
família contemporânea. In C. R. Althoff, I. Elsen Santa Catarina, Florianópolis, SC.
& R. G. Nitscke (Orgs.), Pesquisando a famí-
lia: Olhares contemporâneos (pp. 55-68). Maturana, H., & Varela, F. (1995). A árvore do co-
nhecimento. São Paulo: Psy II.
Florianópolis: Papa-Livro.
McGoldrick, M., & Gerson, R. (2001). Genetograma e
Fonseca, C. (2005). Concepções de família e práti-
o ciclo de vida familiar. In B. Carter & M. McGoldrick
cas de intervenção: Uma contribuição antropoló-
(Orgs.), As mudanças no ciclo de vida familiar
gica. Saúde e Sociedade, 14(2), 50-59. (pp. 144-164). Porto Alegre: Artes Médicas.
Frassão, M. C. (2000). Devolução de crianças co- Molinari, J. S. O., Silva, M. F. M. C., & Crepaldi, M.
locadas em famílias substitutas: Uma compre- A. (2005). Saúde e desenvolvimento da criança:
ensão dos aspectos psicológicos através dos A família, os fatores de risco e as ações na aten-
procedimentos legais. Dissertação de mestrado ção básica. Revista Psicologia Argumento,
não-publicada, Universidade Federal de Santa 23(43), 17-26.
Catarina, Florianópolis, SC. Moré, C. L. O. O. (2000). Atendendo à demanda:
Gabarra, L. M. (2005). Crianças hospitalizadas com Proposta de um modelo de sistematização de
doenças crônicas: A compreensão da doença. intervenção psicológica junto a postos de saú-
Dissertação de mestrado não publicada, Universi- de comunitário. Tese de doutorado não-publicada,
dade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São
Paulo, SP.
Goolishian, H. A., & Anderson, H. (1996). Narrativa e
Moré, C. L. O. O. (2005). As redes pessoais signifi-
self: Alguns dilemas pós-modernos da psicoterapia.
cativas como instrumento de intervenção psicoló-
In D. F. Schnitman (Org.), Novos paradigmas,
gica. Paidéia (Ribeirão Preto), 15, 267-297.
cultura e subjetividade (pp. 191-200). Porto Ale-
gre: Artes Médicas. Moré, C. L. O. O., & Macedo, R. M. S. (2006). A
psicologia na comunidade: Uma proposta de
Grandesso, M. (2000). Sobre a reconstrução do sig- intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo.
nificado: Uma análise epistemológica e
Moré, C. L. O. O., & Queiroz, A. H. (2007). Migra-
hermenêutica da prática clínica. São Paulo:
ção, movimento e transformação: Irrupção do novo
Casa do Psicólogo.
nas relações familiares. In C. M. O. Cerveny
Lima, S. de (2003). Atendimento psicológico a pa- (Org), Família e movimento (pp. 54-68). São
cientes internados e seus familiares na fase de Paulo: Casa do Psicólogo.
suspeita de diagnóstico de Câncer e/ou AIDS. Morin, E. (1990). Introdução ao pensamento com-
Dissertação de mestrado não-publicada, Univer- plexo. Lisboa: Epistemologia e Sociedade.
sidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC.
Morin, E. (1996). Epistemologia da complexidade. In
Lisboa, M. L. (2002). Dizendo adeus: Efeitos D. F. Schnitman (Org.), Novos paradigmas, cul-
terapêuticos do ritual de despedida na eminên- tura e subjetividade (pp. 274-286). Porto Ale-
cia da morte, em familiares e paciente com prog- gre: Artes Médicas.
nóstico reservado. Dissertação de mestrado Motta, C. C. L. da, & Crepaldi, M. A. (2005). O pai
não-publicada, Universidade Federal de Santa no parto e apoio emocional: A perspectiva da par-
Catarina, Florianópolis, SC. turiente. Paidéia (Ribeirão Preto), 15, 105-118.
Böing, E., Crepaldi, M. A. & Moré, C. L. O. O. (2008). Planejando pesquisa com famílias 265
Olson, D. H., Gorall, D. M., & Tiesel, J. W. (2007). Romanelli, G., & Biasoli-Alves, Z. M. M. (Orgs.).
FACES IV & the circumplex model: Validation (1998). Diálogos metodológicos sobre a práti-
study. Journal of Family Therapy, 22, 144-167. ca de pesquisa. Ribeirão Preto, SP: Legis Summa.
Schneider, P. (2005). O enfrentamento do pro-
Orth, A. P. S. (2005). A dependência química e
cesso de demência de idosos portadores do
o funcionamento familiar à luz do pensamen-
tipo Alzheimer pelos familiares cuidadores
to sistêmico. Dissertação de mestrado não-
principais. Dissertação de mestrado não-
publicada, Universidade Federal de Santa
publicada, Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, SC.
Catarina, Florianópolis, SC.
Orth, A. P. S., & Moré, C. L. O. O. (2007). O funci-
Silva Neto, N. A. e (Ed.). (2000a). Psicologia:
onamento familiar com membros que estabelecem
Teoria e Pesquisa, 16(1).
uma relação de dependência com substâncias
psicoativas. Psicologia Argumento, 52, 24-38. Silva Neto, N. A. e (Ed.). (2000b). Psicologia:
Teoria e Pesquisa, 16(2).
Pace, S. E. H. (2005). Um futuro incerto: Projetos
e expectativas de familiares que convivem com Silva Neto, N. A. e (Ed.). (2000c). Psicologia:
pessoas acometidas por transtorno mental. Teoria e Pesquisa, 16(3).
Dissertação de mestrado não-publicada, Univer- Sluzki, C. E. (1997). As redes sociais na prática
sidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC. sistêmica. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Pedro, F. D. L. (2007). Reconhecendo a dinâmica Sousa Santos, B. (2006). Um discurso sobre as ci-
familiar da familia com filhos desnutridos. Dis- ências. São Paulo: Cortez.
sertação de mestrado não-publicada, Universida- Wendt, N. C. (2006). Fatores de risco e proteção
de Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC. para o desenvolvimento da criança durante a
Prati, L. E., De Paula Couto, M. C., Moura, A., transição para a parentalidade. Dissertação de
Poletto, M., & Koller, S. H. (2008). Revisando a mestrado não-publicada, Universidade Federal de
inserção ecológica: Uma proposta de sistema- Santa Catarina, Florianópolis, SC.
tização. Psicologia: Reflexão e Crítica, 22, Wendt, N. C., & Crepaldi, M. A. (2008). A utilização
160-169. do genograma como instrumento de coleta de da-
Queiroz, A. H., Böing, E., Crepaldi, M. A., & Wendt, dos em pesquisa qualitativa. Psicologia: Refle-
N. C. (2005). Reflexões sobre as representações xão e Crítica, 21, 302-310.
sociais da AIDS e do câncer e as interações Zamberlan, M. A. T., & Biasoli-Alves, Z. M. M.
entre pacientes, famílias e profissionais de saúde. (1997). Interações familiares: Teoria, pesquisa
Revista de Ciências Humanas, 37, 105-119. e subsídios à intervenção. Londrina: EdUEL.
266 Paidéia, 2008, 18(40), 251-266