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Giulio Massarani
Engo. Qímico, DSc.
Rio de Janeiro
Dezembro/2004
INTRODUÇÃO
Fluidodinâmica da Partícula
−0,83
µ c Re 2 −1,20 c Re 2
− 0,60
v= f k 1 D + D [14.1]
Dpρ f 24 k2
ρ f vD p
Re =
µf
4 ρ f (ρ s − ρ f ) bD p
3
2
c D Re = 2
3 µf
φ
k 1 = 0,843log10 e k 2 = 5,31 − 4,88φ .
0,065
574 Separação Sólido-Líquido
b=g [14.4]
2
b = ru θ [14.5]
Cabe ainda mencionar que o resultado expresso pela Eq. [14.1] encerra a bem
conhecida equação de Stokes,
(ρ s − ρ f ) bD p 2
v= [ 14.6]
18µ f
válida para o deslocamento lento de uma partícula esférica, quando o número de Reynolds
é menor que 0,5.
v n
= εf [14.7]
v∞
n 3,65 4,35 Re ∞
−0,03
4,45 Re ∞
−0 ,1
1,39
Exemplo 14.1
Estimativa do valor do diâmetro das menores partículas que são coletadas com
eficiência de 100% no ciclone esquematizado na Figura 14.1. Dados:
Dimensões do ciclone:
R = 25 mm, Ri/R = 0,3, Ro/R = 0,25 L/R = 10;
vazão de líquido na alimentação: Q = 2 m3/h;
intensidade média do campo centrífugo estimado em 15 g;
tR =
(
π R2 − Ro
2
)L , [14.8]
Q
2R
2Ri
2R0
Figura 14.1 – Trajetória da menor partícula separada com eficiência de 100% no ciclone
tR =
(
π R2 − Ro
2
)L = 2R i
. [14.9]
Q (ρ s − ρ f )bD p 2
18µ f
Portanto,
Tratamento de Minérios 4a Edição – CETEM 577
1
2
R
36µ f i Q
R
Dp = [14.10]
2 Ro L
2
πR 1 − R R (ρ s − ρ f )b
resultando para os dados do problema que Dp = 38,5 µm. Dentro das condições idealizadas,
conclui-se que partículas maiores que 38,5 µm são separadas completamente pelo ciclone
e que partículas menores que 38,5 µm são separadas com menor eficiência.
(ρ s − ρ f ) bD p 2 3,65
v= εf
18µ f
e o diâmetro crítico
1
2
R i
36µ f Q
R 1
Dp = . 1,83 . [14.11]
2 Ro L
2
εf
πR 1 − R R (ρ s − ρ f )b
100
1000 −
2,5
εf = = 0,96 ,
1000
Líquido
Líquido
z Meio poroso
Placa porosa
dPf
− = m − ρf g [14.12]
dz
dPs
− = −m − ε s (ρ s − ρ f ) g [14.13]
dz
onde Ps e Pf são, respectivamente, a pressão exercida sobre a fase sólida e a fase fluida, g
é a aceleração da gravidade e m é a força resistiva fluido-partícula (por unidade de volume
do sistema particulado), dada pela Eq. [14.14]:
µf
m= qf [14.14]
k
Tratamento de Minérios 4a Edição – CETEM 579
Qf
qf = [14.15]
A
k=
(D φ) (1 − ε
p
2
s )3
[14.16]
2
180 εs
ε s = f (Ps ) . [14.17]
dP dP
− f + s = −[ρ f + ε s (ρ s − ρ f )] g = −(ε f ρ f + ε s ρ s ) g = −ρ M g [14.18]
dz dz
εf = 1− εs .
evidenciando que:
b) a pressão sobre o sólido aumenta com a vazão de líquido Eqs. [14.12, 14.14 e
14.19].
ESPESSAMENTO
R e g iã o d e líq u id o c la r if ic a d o
R e g iã o d e s e d im e n t a ç ã o liv r e
R e g iã o d e c o m p a c t a ç ã o
Com o decorrer do teste são observadas variações na altura das regiões: as regiões de
líquido clarificado e de compactação tornam-se maiores devido ao desaparecimento da região
de sedimentação livre. Em seguida é atingido um ponto onde existe apenas uma região de
sólidos (compactação) e uma região de líquido clarificado. A partir desse ponto o processo de
sedimentação consiste numa compressão lenta dos sólidos, que expulsa o líquido existente
entre essas partículas para a região de líquido clarificado. A expulsão do líquido promove a
acomodação das partículas sólidas, que pode ser observado por meio de uma pequena
variação na altura da região de compactação.
Partículas esféricas ou com forma aproximada à esférica têm uma maior facilidade de
sedimentar do que partículas de mesmo peso com formato irregular. Comportamento
semelhante é observado na sedimentação de partículas de maior diâmetro, diante das muito
finas. Uma alternativa para fazer face às irregularidade e ao pequeno diâmetro de partículas é a
floculação, que promove a aglomeração das partículas resultando em unidades maiores e com
forma mais aproximada da esférica, implementando melhorias às características de
sedimentação da suspensão.
Efeito de Concentração
Pré-Tratamento
Tanque de Sedimentação
Tipos de Espessadores
industrialmente; maiores detalhes sobre a sua estrutura e mecanismos de operação podem ser
vistos na Figura 14.4
Espessador de Lamelas
ρ S Q a c *a = ρ s Qc * = ρ s Q e c *e [14.20]
que resulta em
L.c *
Ll = , [14.21]
c *e
ρ f Q f (1 − c * ) = ρ f Q f = ρ f Q e (1 − c *e ) . [14.22]
1 1
Q f = Q a c *a . * − * , [14.23]
c ce
Qf
v= e c = ρsc * ,
A
Qac a 1 1
A= − ; [14.24]
v c c*
Qa 1 v
= . , [14.25]
A ca 1 1
−
c ce
z0 ca z0
c= (14.26)
zi
zi zi − z
z0 v= (14.27)
θ
z z
z0 L z
= 0 (14.28)
A
proj θ min
z min
θ min tempo
H = H1 + H 2 + H 3 [14.26]
onde:
Tratamento de Minérios 4a Edição – CETEM 589
H1 é a altura da região de líquido clarificado, que pode variar entre 0,45 e 0,75 m;
4 L a c a t (ρ s − ρ f )
H2 = , [14.27]
3 Aρ s (ρ esp. − ρ f )
onde:
t é o tempo de residência da partícula sólida, calculado pelo método gráfico
mostrado na Figura 14.9;
ρesp. a densidade da espessado.
H 3 = 7,3.10 −2 D [14.28]
Exemplo 14.2
Com base nos dados da curva de sedimentação apresentados na Figura 14.10 foi
determinado o tempo de residência t = 100 min. Considerando H1 = 0,60 m e calculando H2 e H3
por meio das Eqs. [14.27] e [14.28], respectivamente, tem-se uma altura final para o
sedimentador de H = 1,4 m.
HIDROCICLONES
O hidrociclone é formado por uma seção cilíndrica acoplada a uma seção cônica. A
suspensão líquida de partículas é alimentada tangencialmente através de uma abertura
lateral localizada na parte superior da seção cilíndrica; a alimentação tangencial gera um
forte movimento em espiral da suspensão dentro do ciclone. Parte do líquido contendo as
partículas da fração fina é descarregada através de um tudo cilíndrico fixado no topo do
hidrociclone; este tubo apresenta um prolongamento exterior ao equipamento e é chamado
de coletor de overflow ou vortex finder. A fração grossa das partículas e o líquido
remanescente deixam a parte circular do equipamento em direção à seção cônica e,
posteriormente, para o orifício de underflow. A seção cônica dos hidrociclones tem como
principal finalidade a recuperação de energia cinética para manutenção dos níveis de
velocidade dentro do equipamento.
centrífuga. Se a ação da força centrífuga sobre a partícula excede a força de arraste, esta
se moverá radialmente para fora; se a força de arraste excede a força centrífuga, a partícula
se moverá radialmente para a parte interna do equipamento.
O Diâmetro de Corte
1
D* µ Dc 2
= K .f(R L ).g(c v ) , [14.29]
Dc Q(ρ s − ρ f )
onde:
Dc é o diâmetro da parte cilíndrica do ciclone;
K um parâmetro que depende da configuração do equipamento;
µ a viscosidade do líquido;
Q a vazão do fluido que alimentam o hidrociclone;
f é um fator de correção que considera que uma fração das partículas será
coletada no underflow pelo efeito “T”;
g é um fator que leva em conta a concentração volumétrica de sólidos na
alimentação, cv (Massarani, 2002).
ρs e ρf densidades do sólido e do líquido.
onde
C
D
R L = B. u . [14.31]
Dc
1
g(c v ) = . [14.32]
[4,8.(1 − c v)
2
− 3,8.(1 − c v ) ]
0,5
A Tabela 14.2 mostra alguns valores dos parâmetros para hidrociclones Bradley e
Rietema e as condições operacionais recomendadas.
Q D c uc ρ f
uc = 2
e Re = ,
Dc µ
π
4
5D
exp * − 1
D D
η * = . [14.33]
D exp 5D + 146
*
D
1
I= ∫ 0
η dx [14.34]
η = (1 − R L ) I + R L . [14.35]
X(D) = 1 − e − (D/D ) ,
' n
[14.36]
onde X é a fração em massa das partículas com diâmetro menor que D; D’ e n são
parâmetros do modelo RRB. A Eq. [14.34] pode ser integrada resultando em
1,13n
0,138 + n D'
I= *
. [14.37]
1,44 − 0,279n + D '
D
D*
− ∆p
β= 2
. [14.38]
ρ f uc
2
Figura 14.12 – Arranjo típico de hidrociclones AKW em série projetado para separação de
partículas ultra-finas
Torta
Meio filtrante
Filtrado Suspensão
z
Lm L(t)
o filtrado escoa através de dois meios porosos em série, a torta e o meio filtrante;
dt µ f α Vρ f c
= + Rm , [14.39]
dV A (∆p ) A
Tratamento de Minérios 4a Edição – CETEM 599
onde:
1 [14.40]
α= ,
ρ sε sk
onde:
α = f (∆p ) . [14.41]
t µ f α Vρ f c
= + Rm . [14.42]
V A (∆p ) 2A
ρf
εs = [14.43]
ρ f + (γ − 1)ρ s
O Filtro Prensa
O desempenho do filtro prensa pode ser expresso pelo volume de filtrado (Vf)
produzido no tempo total de um ciclo completo: tempo de filtração (tf), tempo de lavagem da
torta (tl ) e tempo de desmantelamento, limpeza e montagem do filtro (td).
Vf [14.44]
P= .
t f + tl + td
Tratamento de Minérios 4a Edição – CETEM 601
Como o filtro prensa conduz à formação de tortas espessas, da ordem de 2,5 cm, a
influência do meio filtrante será relevada na formulação que leva aos tempos de filtração e
de lavagem. O tempo de desmantelamento, limpeza e montagem depende de fatores
externos à teoria da filtração, como características mecânicas do filtro e aspectos
operacionais da instalação industrial.
Tempo de Filtração
O tempo consumido para que todo volume dos quadros seja ocupado pela torta –
tempo de filtração, tf – pode ser calculado combinando a equação da filtração com aquela
que permite correlacionar o volume de filtrado (Vf), a concentração da suspensão (c) e o
volume da torta (vt):
µ f α ρ f c Vf 2 [14.45]
tf =
2(∆p ) A
εs ρsvt [14.46]
c=
ρ f Vf
A [14.47]
vt = e
2
onde e é a espessura dos quadros, como pode ser observado na Figura 14.14.
Rearranjando as equações, tem-se:
22 2
1 µf α ε s ρ s e
tf = . [14.48]
8 ρ f c (∆p )
Nas Figuras 14.15 e 14.16 pode ser visualizado o esquema frequentemente utilizado
na lavagem da torta e que emprega as placas com três botões.
Seja o processo de lavagem conduzido sob a mesma pressão que na filtração. Neste
caso, levando em conta a configuração do escoamento do líquido de lavagem na torta
formada, resulta que a vazão de lavagem é
1 dV [14.49]
Ql = .
4 dt final da filtração
602 Separação Sólido-Líquido
Meio filtrante
Suspensão
Torta
Filtrado Filtrado
ρ f ct f
t l = 6β , [14.50]
εs ρs
Exemplo 14.3
Tabela 14.3 – Dados operacionais do filtro prensa para suspensão aquosa de talco, 5%.
∆p (atm) T (0C) <α> (cm/g) Rm (cm-1) <εs>
5 34,5 1,17.1010 4,01.109 0,47
8 41,0 2,00.1010 3,74.109 0,56
11 38,0 2,67.1010 4,58.109 0,63
12
10 p = 5 atm
∆ p = 8 atm
t/V (s/L)
8 p = 11 atm
4
0 5 10 15 20 25
V(L)
Figura 14.17 – Filtração de suspensão aquosa de talco 5% em peso. Área de filtração 670
cm2 (Massarani, 1985)
0,37
ε s = 0,259∆,
R m = 4,11.10 9 cm -1
604 Separação Sólido-Líquido
Exemplo 14.4
∆p=2,7 atm.
A lavagem deve ser efetuada com volume de água duas vezes maior que o volume
da torta: β=2.
t l = 0,884.t f [14.52]
Vf
A = 0,111 (m2) (Vf em m3; e em cm). [14.54]
e
Os dados apresentados na Tabela 14.4 mostram que quanto maior a espessura dos
quadros, maior será o tempo de um ciclo completo e maior a área de filtração requerida.
Tempos curtos podem ser incômodos na estratégia operacional da instalação.
Estão reunidos na Tabela 14.5 dados relativos à dimensão nominal dos elementos e
à área de filtração dos filtros Shriver (T. Shriver & Company, Harrison, N.J., Estados Unidos,
catálogo 59).
Dimensão nominal dos elementos (in) Área filtrante efetiva por quadro (m2)
Metal madeira
12 0,16 0,084
18 0,36 0,21
24 0,65 0,45
30 0,98 0,68
36 1,5 1,0
43 ¼ 2,1 1,4
48 2,7 1,8
56 - 2,6
Exemplo 14.5
O valor da capacidade do filtro pode ser estimado com base na equação da filtração,
Eq. [14.45]:
t µ f α Vρ f c
= + Rm ,
V A (∆p ) 2A
sendo:
c = 0,252.
Resulta:
0,73
Capacidade relativa ao filtrado, Pf = = 6,6 m 3 / h .
400
3600
εs ρsvt
c= ,
ρ f Vf
O projeto de um filtro rotativo à vácuo pode ser feito com base em experimentos em
filtro-folha de laboratório. Os dados obtidos permitem quantificar as operações de formação,
lavagem, drenagem e retirada de torta, sendo o scale up realizado essencialmente por meio
das relações entre área filtrante e capacidade do filtro.
Tratamento de Minérios 4a Edição – CETEM 609
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
3) DAHLSTROM, D.A. and FITCH, B. (1985) Thickenning. In: WEISS, N.L. SME
Mineral Processing Handbook, SME Editor, New York.
7) KING, D.L. (1980) Thickeners. In: MULLAR, A.L and BHAPPU, R.B. Mineral
Processing Plant Design. 2nd Edition. New York, SME, Cap. 27, pp. 541-577.
12) RICHARDSON, J.F., ZAKI, W.N. (1954), Sedimentation and Fluidization: Part I.
Trans. Instn. Chem. Engrs. Vol. 32, 35-42p.