Lucas Gabriel de Almeida Bispo, 3° ano Regência Coral
A estratégia utilizada pelos professores de regência foi juntar todas as matérias
que envolvem a disciplina (preparação de partituras, correpetição, fundamentos de regências e anos de regência coral e instrumental) num curso quinzenal, onde tivemos três aulas de cada professor: três de regência coral, três de orquestral e três de repertório lírico. Esse texto/reflexão nasce da necessidade de uma avaliação final e proposta dos professores de saber o que absorvemos nesse semestre sobre a disciplina para contar como avaliação total ou parcial (pois não sei se as frequências nos encontros síncronos também serão levadas em conta) das disciplinas, portanto ele apenas contém pensamentos e questionamentos meus. A ideia dos encontros se resumiam a estudar algumas músicas antes do encontro, marcando pontos interessantes, como a música era estruturada, como a harmonia dela funcionava, onde poderia dar problemas num ensaio, onde poderia dar problemas para a regência, como interpretaria tal trecho e o motivo dessa escolha, etc. O formato dos encontros foram bem planejados, pois fazer essa discussão é muito mais coerente com o momento atual do que fazer gravações do aluno regendo uma gravação específica, ou o professor treinar gestual com o aluno de maneira online, ou qualquer outra ideia que tentasse imitar o que seria na aula presencial. Entretanto ela não funcionou para mim. Eu olhei o material com antecedência, principalmente das aulas de reg. Coral, mas, no começo, era tudo muito mais difícil do que ano passado, como se eu tivesse congelado e perdido todos os conhecimentos musicais que eu tinha obtido ao longo dos dois primeiros anos. Mas com o decorrer do semestre eu vi que era algo muito mais profundo que isso, era um impedimento de foco com o “online”. Em duas aulas do Paulo eu estudei as músicas, sentei confiante para assistir a aula e perdi totalmente o foco e, mesmo com pontos a se comentar quando ele perguntava se alguém tinha estuda a música, eu não conseguia participar porque não sentia nem confiança e nem conforto em falar. Alguns momentos das aulas das três regências foram interessantes, como saber que tipo de música era performada na época que os professores estudavam, ou a parte de história e porquê existem certos elementos na ópera, ou quais músicas orquestras tocavam mais antigamente, mas nada a ponto de prender o meu foco durante as duas horas de aula. Até que chegou uma aula do Abel que ele começou a falar sobre o mercado musical e, mesmo que de uma forma desesperadora, aquilo me prendeu. Foi a única aula do curso até agora que eu estava 100% presente e entregue. E a partir daquele dia eu comecei a me perguntar: O que é realmente necessário a gente aprender e discutir em aula nesse ano caótico de 2020? Na verdade, essa pergunta se originou numa conversa/desabafo informal com o professor Paulo, porque como eu havia dito pra ele, não faz sentido pra mim estudar música nesse ano. Não faz sentido pra mim pensar nas questões técnicas/expressivas/teóricas de música, porque música é algo presencial e cooperativo. A gente pode imaginar possíveis dificuldades numa partitura e como resolve-las, mas a resposta só viria com o teste de que realmente deu certo (sem contar que, às vezes, acreditamos que um trecho que ia ser muito difícil sai com muita fluidez e facilidade pro grupo e outro trecho que julgávamos ser simples não sai de jeito nenhum). Mas fez total sentido usar a aula para levantar reflexões e questionamentos de coisas que vamos precisar saber a nossa carreira toda, porém que não é ensinada em nenhum momento do curso, como o mercado. Como funciona o mercado de regência? Como uma pessoa consegue ingressar nesse mercado? Como começar a pensar em organizar e estruturar um grupo musical? Como erguer esse grupo depois que a estrutura está pronta? Como precificar um trabalho como regente? E quais outras possibilidades de trabalho nossa (penso que copista seja algo muito válido, ou arquivista)? E mesmo que essas perguntas não tenham receita, ou respostas prontas, nós temos acesso a melhor “fonte”: professores que trabalham com isso há anos e que eram estudantes como nós. Eu sei que, talvez, eu tenha saído um pouco da proposta da atividade que era pra relatar sobre coisas vistas no curso ao longo do semestre, mas eu realmente termino o semestre com essas perguntas na esperança de que ano que vem, se essa pandemia caótica ainda continuar e as aulas online também, esses temas sejam abordados, porque, mais do que nunca, esse é o momento que todos devem estar preocupados não exatamente com a prática musical, mas sim com o que será do mercado musical quando as coisas “”””voltarem””””.