Você está na página 1de 3

13/12/2020 Bolsonaro, um presidente no diminutivo | Bernardo Mello Franco - O Globo

BERNARDO
MELLO
FRANCO

QUEM ESCREVE

Buscar neste blog

FINALZINHO DE PANDEMIA

Bolsonaro, um presidente no diminutivo


Por Bernardo Mello Franco • 13/12/2020 00:00

Jair Bolsonaro solta perdigotos em entrevista na porta do Alvorada | Joedson Alves/EFE

Em 20 de março, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não estava preocupado


com a Covid. O Brasil ainda registrava uma dezena de mortes, mas ele já havia sido
alertado sobre a gravidade da doença. “Depois da facada, não vai ser uma
gripezinha que vai me derrubar, tá ok?”, desdenhou.
https://blogs.oglobo.globo.com/bernardo-mello-franco/post/bolsonaro-um-presidente-no-diminutivo.html 1/3
g p
13/12/2020 q Bolsonaro, um presidente no diminutivo | Bernardo Mello Franco - O Globo

Nesta quinta-feira, o Capitão Corona disse que o país vive “um finalzinho de
pandemia”. Os números oficiais contam outra história. Das 27 unidades da
federação, 22 registram alta nas mortes. Mais de 30 mil pessoas estão internadas
com o vírus, e ao menos seis capitais já ultrapassam os 90% de lotação nas UTIs.

Entre as duas declarações presidenciais, passaram-se 265 dias e morreram mais de


179 mil brasileiros pela Covid. Confirmou-se o pior cenário projetado no início do
ano pelo ministro Luiz Henrique Mandetta. Ele tentou convencer Bolsonaro a levar
a pandemia a sério, mas foi demitido porque não se curvou ao negacionismo do
chefe.

Bolsonaro escolheu ficar sem ministro da Saúde na maior crise sanitária em um


século. Depois da breve passagem de Nelson Teich, entregou a pasta a Eduardo
Pazuello, aquele que “nem sabia o que era o SUS”. O general admitiu sua falta de
autonomia com a sutileza de um mamute: “Um manda e o outro obedece”. Agora
ficou claro que ele ainda não faz ideia de onde pisa.

Na terça-feira, Pazuello disse que a Anvisa levaria 60 dias para autorizar uma
vacina. Na quinta, passou a falar em liberação até o fim de dezembro. Na sexta,
ameaçou confiscar o imunizante do Instituto Butantan, ligado ao governo paulista.
O porta-voz da bravata foi o governador bolsonarista de Goiás, Ronaldo Caiado.

O vaivém mostrou o general como um soldado perdido, à espera de ordens que não
chegam. O Planalto não tem um plano contra a Covid. Sua única obsessão é
impedir que o tucano João Doria se apresente como vencedor da guerra das
vacinas. Se isso resultar em mais mortes, paciência. O presidente só se importa com
a própria reeleição.

https://blogs.oglobo.globo.com/bernardo-mello-franco/post/bolsonaro-um-presidente-no-diminutivo.html 2/3
13/12/2020 Bolsonaro, um presidente no diminutivo | Bernardo Mello Franco - O Globo

Desde o início da crise sanitária, o capitão aposta na desinformação para esconder


sua incompetência. Ele mentiu ao esconder o potencial do vírus. Agora volta a
mentir ao dizer que o perigo passou. As declarações sobre “gripezinha” e
“finalzinho de pandemia” expõem Bolsonaro como ele é: um político no
diminutivo, que nunca esteve à altura da Presidência.

Leia também: Na mira de Salles, Museu do Meio Ambiente recebeu investimento


de R$ 10 milhões

TAGS: Bolsonaro • Jair Bolsonaro • Eduardo Pazuello • Luiz Henrique Mandetta • Nelson Teich • Ministério da Saúde • Saúde •
Pandemia • Covid-19 • Coronavírus

Compartilhe: COMENTE

LEIA TAMBÉM

PUBLICIDADE

OUTRAS PÁGINAS

https://blogs.oglobo.globo.com/bernardo-mello-franco/post/bolsonaro-um-presidente-no-diminutivo.html 3/3

Você também pode gostar